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multiplos sentidos das drogas nas escolas para professores do ensino fundamental

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FACULDADE SÃO BENTO DA BAHIA 
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA E AÇÃO SOCIAL 
OS MÚLTIPLOS SENTIDOS DA PRESENÇA DAS DROGAS NAS ESCOLAS PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL 
Salvador
2014
ALEXANDRA MARQUES DE SANTANA DOS REIS
EDVANIA DANTAS SANTOS
MARIA EDITE 
MARIA LUIZA RABELO DIAS TRINDADE
QUEZIA BORGES BISPO PEREIRA
OS MÚLTIPLOS SENTIDOS DA PRESENÇA DAS DROGAS NAS ESCOLAS PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL 
Trabalho Acadêmico apresentado ao Curso de pós-graduação em Psicologia e Ação Social, da Faculdade São Bento da Bahia, como requisito parcial para aprovação na disciplina Processos grupais no contexto institucional e comunitário
Orientadora: Profª. Dra. Denise Vieira
Salvador
2014
INTRODUÇÃO 
A presente atividade trata de um tema que se encontra em bastante evidencia: o uso de drogas por adolescentes. Essa questão traz preocupação não apenas para os pais e familiares, mas também para toda a sociedade, pois o envolvimento de jovens cada vez mais cedo com drogas produz efeitos além de prematuro, também sucessivos que acabam por afetar diretamente a todos.
Inúmeros fatores ilustram a complexidade do fenômeno e se associam ao consumo de drogas entre escolares. Características das famílias, religiosidade e relações entre amigos são alguns deles. Jovens expostos a desvantagens sociais ou que têm histórico de familiares que fazem uso de drogas, têm maior chance de iniciar o uso de substâncias em idade precoce. O estudante pode deixar a escola, comprometendo o seu futuro, passar a ser agressivo com os familiares, começar a roubar em casa para sustentar o vício, passa a praticar assaltos que podem resultar em latrocínio e, algumas vezes, são presos ou mortos pelos próprios traficantes, ou morrem de overdose.
O álcool, uma droga lícita, também é responsável por grandes consumo que envolve adolescentes. As drogas lícitas ou ilícitas trazem situações de conflito envolvendo principalmente os jovens, portanto, faz-se necessário que a sociedade em geral, incluindo a escola, que vem ampliando seu papel enquanto mecanismo de inclusão, já que promove desde a infância a inserção dos indivíduos em grupos de convívio mais prolongado dentro do espaço escolar e também familiares e amigos se mobilizem-se com o objetivo de buscar uma redução das consequências que as drogas trazem para as vidas dos jovens.
TEMA: A presença das substancias psicoativas nas escolas 
O uso de drogas tem aumentado nos diversos meios sociais. Atualmente é muito fácil conhecer alguém que já tenha feito uso de alguma substância psicoativa ou conversar com pessoas que tenham um familiar dependente de drogas de diversos tipos.
A parcela mais suscetível ao seu uso são os adolescentes, e infelizmente, em idade cada vez menor, tem tido contato direto com as drogas, inclusive dentro ou nos arredores do local onde mais deveriam estar protegidos: a escola. Esse tem sido um motivo de desafio e preocupação dos profissionais que conhecem essa realidade e lidam com esses adolescentes. 
Em algumas situações, o consumo não acontece exatamente dentro do espaço escolar, porém interfere na vida do aluno trazendo diversas mudanças no comportamento, no cognitivo e nas relações deste com a família e com a própria escola.
O outro fator que causa grande inquietação é que essa descoberta e o uso de drogas vem chegado mais cedo, em faixas etárias menores. Tem sido cada vez mais precoce essa curiosidade pelo desconhecido, crianças e adolescentes tem buscado descobrir um mundo paralelo que os faça fugir de sua realidade. 
O presente trabalho está voltado para a questão das drogas na sociedade contemporânea e privilegia o estudo das relações dos professores com as práticas desenvolvidas pelos estudantes que estão envolvidos com substancias psicoativas, dando ênfase à possibilidade de prevenção, no âmbito educacional, pois os primeiros contatos com as drogas costumam ocorrer em ambientes conhecidos, com pessoas dos círculos de relacionamento, sendo a escola um ambiente com potencial para investimentos em termos de promoção de saúde.
JUSTIFICATIVA 
As questões em torno das drogas no ensino fundamental, mobiliza a todos do grupo e, na perspectiva de Pichon, com isso, o grupo poderá construir conhecimento a partir do que foi eleito como tema. O presente estudo visa descobrir quais são os temas que emergem do grupo e qual a implicação que poderia haver desses assuntos que surgem quanto à mudança da realidade vivenciada por cada um dos participantes, no entanto, mudar o jeito de pensar, de ver as pessoas, implica em uma atitude complexa, onde as verdades do outro e nossas próprias verdades surgem e se misturam, de forma subjetiva, além disso, investigar esse tema é importante para que haja uma quebra na barreira que surge quando o assunto é droga.
A relevância de um campo-tema se dá pela crescente presença de drogas no ensino fundamental I e II em escolas particulares e públicas e para nos localizarmos mais próximo das partes e lugares mais densos das múltiplas interfaces críticas da presença das drogas nas escolas, buscou-se com professores do ensino fundamental, por meio de questões que paulatinamente levaram a presença das drogas na escola em que o mesmo ensina, suas respostas foram tomadas como processos sociais e intersubjetivos que os levaram a refletir sobre suas práticas, bem como às diversas opções de engajamento e de possibilidades de diálogo que ocorrem em seu contexto escolar. Nesse sentido emerge a questão: Quais as percepções, as atitudes e opiniões dos professores de escolas particulares e públicas do ensino fundamental I e II em relação a presença das drogas no contexto escolar? 
OBJETIVO GERAL
Tendo em vista que a psicologia social também preocupa-se em compreender as possibilidades de ação em um lugar ou contexto específico, mas que não são necessariamente generalizáveis além desse horizonte e visando responder a esta questão busca-se articular as concepções dos professores sobre as drogas para compreender como poderiam contribuir de uma maneira efetiva, para uma atuação do professor, como agente de prevenção ao uso de drogas nas escolas da sociedade contemporânea. Nesse sentido, busca-se investigar como os professores dos Ensinos Fundamental I e II da cidade de Salvador e Camaçari percebem, agem e discursam em relação à presença das drogas e aos seus usuários na escola, levando-se em conta suas percepções, as suas atitudes e suas opiniões sobre o referido tema.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar estratégias de enfrentamento desenvolvidas por professores do ensino fundamental I e II em relação à presença das drogas nas escolas. 
Identificar elementos que contribuam para a emergência das estratégias na prevenção do uso de drogas nas escola 
O que se busca na pesquisa empírica, com o grupo de professores, é localizar-se mais próximo das partes e lugares mais densos das múltiplas interfaces da presença das drogas nas escolas, conhecer como estes professores se posicionam quando se defrontam com alunos que estão envolvidos com drogas, pois diferentes práticas e opções de engajamento são confrontadas e, ao se confrontar, se tornam mais reconhecíveis. Assim investiga as concepções de três professores de escolas públicas, situadas em distintos do municípios do Estado da Bahia. 
A análise, a partir do referencial teórico de grupo operativo de Pichon Riviere e da pesquisa empírica, das categorias construídas por meio da análise de conteúdo de Bardin(1997), e o tratamento dos dados, visam apontar as concepção dos professores diante da presença das drogas nas escolas, uma vez que estas incidem na possibilidade de se estabelecer a construção de uma concepção de escola que favoreça uma ampliação do seu papel no processo educacional, ao se identificar potencialidades que sinalizem caminhos que ao facilitar a modificação das práticas docentes possibilite a inclusão do professor enquanto agente de prevenção ao abuso de substancias psicoativas.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
DROGAS NA ESCOLA: A NECESSIDADE DE UMA PREVENÇÃO EFETIVA 
No discurso do uso de substâncias ilícitas muitas controvérsias são apresentadas na relação das causas que promoveram o início do uso de drogas bem como a manutenção deste uso. Assim, há uma multiplicidade de enfoques nas teorias que buscam uma explicação deste fenômeno, uma vez que, a forma de compreensão da gênese do uso destas pode ser considerada como um guia para as ações não apenas de prevenção, mas também de tratamento e inclusão social. Mesmo com o extremo impacto social das dependência química e dos transtornos mentais que podem ser associados ao uso de substancias psicoativas, as estratégias de prevenção e tratamento e as políticas públicas em vários locais do mundo são ainda pouco eficientes, o que também ocorre no Brasil, além disso há uma lacuna entre o que é eficaz e o que de fato se realiza em relação às políticas de prevenção e controle social. Tais lacunas necessitam ser vencidas para que os serviços e projetos de prevenção e intervenção ao uso nocivo das substancias psicoativas possam articular, cientistas, elaboradores e provedores de políticas públicas com os usuários e as comunidades.
Pesquisas de cunho quantitativo que mostram a realidade do consumo de drogas no Brasil, bem como pesquisas que possibilitem analises das políticas saúde e de segurança sobre drogas em nosso país, serão citadas com o objetivo de mostrar a relevância do tema.
No Brasil, o centro brasileiro de informações sobre drogas psicotrópicas (CEBRID), fez desde 1987 uma série de estudos sobre o consumo de drogas entre estudantes de 12 a 18 anos, o estudo de 2004 foi realizado em 27 capitais brasileiras e mostrou que :o primeiro uso das drogas ocorrem em média para o álcool 12, 5 anos, a maconha 13,9 e a cocaína 14,4 anos. Ainda no mesmo estudo 22,5% dos estudantes já fizeram uso na vida de drogas. No que se refere à faixa etária 12,7% dos estudantes brasileiros entre 10 e 12 anos já usaram drogas ao menos uma vez. (GALDUROZ, 2011, p 50-52).
Os estudantes amostrados nas 27 capitais que fazem usos frequente das diversas drogas são em média: solventes 15,6%, álcool 11,7%, tabaco 4,6%, maconha 5,9%, cocaína 2% e quanto aos medicamentos fazem uso frequente de: ansiolíticos 4,1% e anfetamínicos 3,7%. (GALDUROZ, 2011, p 50-52) Pesquisas realizadas mais recentemente indicam que a escolha dos tipos de drogas continuam, a exemplo do estudo realizado por Figueiredo(2013) para determinar o perfil sociodemográfico e o uso de drogas lícitas e ilícitas de escolares matriculados em instituições públicas e privadas de ensino médio, localizadas no município de Picos no Piauí, mostrou que quanto ao consumo, as drogas as lícitas mais utilizadas são álcool e tabaco para as ilícitas tranquilizantes e maconha.
A sociedade contemporânea embora se mostre fragmentada e diversificada também encontra-se repleta de dispositivos que reforçam sua reprodução de maneira cada vez mais acelerada, proporcionando a intensificação dos lucros do capitalismo, nesse sentido o tráfico de drogas se constitui em um dos mais lucrativos segmentos, para tal, pode-se considerar que se constituem como suportes, para “estilos de vida” e de morte para os jovens principalmente de camadas populares, mas que também seduz jovens de camadas média e alta da sociedade pela abundância de produtos e serviços que privilegiam o consumo, a intensificação de uso, e a distinção social. No entanto Os fatores de risco em relação ao uso de drogas são variados.
Os conceitos de droga e de sujeito são, dois exemplos de como sentidos podem, no decorrer do tempo concentrarem inúmeros significados e assim adquirem uma ambiguidade que leva ao acréscimo de novas qualidades e no caso das drogas na história, se associa às mais variadas atividades, dentre as quais se incluem: atividades religiosas, ritualísticas, festivas, lúdicas, higiênicas, entre outras, que creditaram ao uso de drogas um status de fenômeno multicultural da sociabilidade humana, deseja-se apenas destacar que, mediante a riqueza desses fenômenos, um conceito jamais será capaz de abarcar suas infinitas possibilidades de manifestação, seja em relação à história ou, ao porvir desse. 
A pesquisa realizada por Queiroz(2004), com a família, a escola e com estudantes revelou que dentre os diversos fatores de riscos em relação as drogas na sociedade contemporânea foram destacados: a violência, as amizades e também a defasagem de aprendizagem trazida das séries anteriores. Quando o início do consumo ocorre em etapas iniciais do desenvolvimento, aumenta a probabilidade de ocorrência de desempenho fraco na escola, histórico de comportamentos impulsivos e afiliação a grupos com histórico de delinquência.
Países com consumo elevado de maconha relataram que a ordenação temporal de iniciação de uso se dá inicialmente pelo uso de álcool e tabaco, seguido pelo uso de maconha, e, posteriormente, por outras drogas ilícitas. Esta sequência não é homogênea para todos os países. As análises de tendência temporal em estudos com alunos de escolas públicas nas capitais brasileiras mostram um crescente relato do consumo de maconha e cocaína. (QUEIROZ, 2004) 
Deste modo evidencia-se a necessidade e a importância de se estabelecer políticas públicas que visam estratégias de controle de uso e comercialização de substâncias ilícitas. Sendo importante considerar o papel desempenhando pelos professores frente às arquiteturas que perpassam as práticas de políticas públicas que envolvem o uso de drogas. Considerando que estes profissionais desempenham um papel de destaque em relação à busca de promoção, prevenção, redução de danos uma vez que, o seu cotidiano de trabalho está envolvido por grupos alvos do uso destas substâncias psicoativas. 
O consumo de álcool, tabaco e outras drogas podem, por meio de estratégias de prevenção, pode ser impedido ou retardado e assim diminuir a gravidade e intensidade das consequências decorrente desses usos. (CAMPOS, 2011, p.481)
Os programas de prevenção podem partir de perspectivas distintas. Alguns visam reforçar a determinação do sujeito para recusar o uso, seja experimental, recreacional ou frequente também conhecido como “modelo proibicionista” (enfoque da guerra as drogas) e outros procuram contribuir para a inibição de comportamentos autodestrutivos, diminuindo os riscos de exposição da pessoa a situações que perpetuem o uso (enfoque da redução de riscos). (CAMPOS, p482, 2011). 
A tendência atual dos programas de prevenção é atuar de maneira multifatorial, assim além do individual, outros domínios também recebem atenção preventiva (família, escola, comunidade, trabalho, lazer). Assim, a prevenção do uso de substância deverá ser composta por estratégias que envolvam uma equipe multiprofissional, programas de mudanças individuais, com o apoio da mídia e da comunidade, programas com abordagens políticas e regulatórias. Dessa forma, a vigilância epidemiológica irá atuar no fornecimento de um banco de dados com valores, que irão permitir a avalição de futuras intervenções. 
Os programas no entanto necessitam estar sensíveis à cultura e normas da comunidade de pessoas envolvidas e isso inclui que seus facilitadores tenham uma visão cultural sobre as drogas e políticas públicas.
Os programas de prevenção focado o ambiente escolar destacam como estratégia, além de estratégias de treinamento de professores, o desenvolvimento de habilidades sociais que tem um importante papel, pois contribui para um dos relevantes fatores de proteção que é o de manter a alta expectativa dos professores em relação aos alunos. (CAMPOS, 2011, p.487) 
Visando delimitar o campo desse estudo são importante os conceitos relativos à constituição da questão das drogas na sociedade contemporânea e sua expressão no contexto educacional. 
Atualmente se constata que um número cada vez maior de adolescentes está recorrendo ao uso de drogas, e que isso começa cada vez mais cedo. As perguntas que surgem no sentido de descobrir as possíveis causastêm, muitas vezes que estudar esta relação para compreender os símbolos estabelecidos na crescente presença das substancias psicoativas que participam na cultura material e imaterial da sociedade contemporânea e portanto incide também nas atitudes das diferentes subjetividades diante da presença das drogas nas escolas. Nesse sentido, a teoria dos grupos operativos de Pichon - Riviere, tendo por base os textos da disciplina processos grupais e também MOTTA(2007), possibilita a articulação entre o mental, interpessoal e o mundo.
 TEORIA DOS GRUPOS OPERATIVOS 
Pichon delineia uma subjetividade construída socialmente, por seres contextualizados e históricos, ao pensar o homem como um sistema aberto, incompleto, que “faz sistema com o mundo”. Este homem aprende constantemente, imerso em uma trama vincular. Nesta concepção o sujeito expressa o modo particular de ser de cada indivíduo, segundo a relação com o outro/mundo, e daí advém a intersubjetividade na qual o que é particular de cada indivíduo se conecta e transforma-se com outro. Essa oscilação lembra que a autonomia total é tão ilusória quanto a fusão grupal. Ser sujeito e, ao mesmo tempo, assujeitado são características próprias do sujeito que se constitui na relação. 
Num grupo, para Pichon, as pessoas se vinculam e interagem, no sentido de atingir um objetivo comum. O grupo é especialmente vida ou processo. Os participantes, cada um à sua maneira, nomeiam os processos que emergem no grupo segundo seus saberes singulares ou os constituídos no grupo. O psicoterapeuta de grupo observa, nomeia e dá visibilidade às relações do grupo, auxilia no sentido de que o sujeito compreenda seu processo e o do grupo.
A teoria do grupo operativo trata de uma abordagem pluridimensional que inclui: Teoria de campo de Kurt Levin, Psicanálise, teoria da comunicação e interação e materialismo dialético.
O autor define como princípios organizadores de um grupo operativo o Vínculo e a Tarefa. 
Vínculo é uma estrutura psíquica complexa, é um processo motivado que tem direção e sentido e implica numa mútua representação interna. Sendo que as pessoas se relacionam de acordo com seus modelos inaugurais de vinculação, de acordo com suas matrizes de aprendizagem, e tendem a repetir padrões estereotipados, enquanto que a tarefa é a trajetória que o grupo percorre para atingir suas metas, refere-se ao modo pelo qual, cada integrante interage a partir de suas próprias necessidades em torno de objetivos comuns. A tarefa pode ser o aprendizado de um conteúdo, a fabricação de um produto, a prestação de um serviço, ou mesmo um tratamento. Para o autor o importante é abordar através do grupo, centrado na tarefa, os problemas da tarefa, do aprendizado e problemas pessoais relacionados com a tarefa. 
No momento da tarefa há, não apenas, a abordagem e elaboração de ansiedades, mas também a emergência de uma posição depressiva básica, na qual o objeto de conhecimento se faz possível de conhecer devido a ruptura de uma pauta dissociativa e estereotipada, que funcionou como fator de estancamento no aprendizado da realidade e de deterioração da rede de comunicação.
Dentre as interferências no desenvolvimento do grupo tem-se o “como se” apresenta-se na forma de realizações “pragmáticas”, como havia sido enunciado pela tarefa inicial do grupo e ainda não se obtém os efeitos de elaboração psíquica que o autor liga à realização da tarefa”.
Pichon-Rivière afirma que o grupo está em tarefa quando ambas a tarefa explícita e a implícita estiverem em andamento. Através da tarefa proposta cadeias associativas, conteúdos psíquicos, emoções, enfim, processos e formações psíquicas se compõem ou se opõem mutuamente, formando essa dinâmica entre as forças que empurram para a realização da tarefa e as forças que resistem a essa realização.
A tarefa adquire um status psíquico para o grupo. É possível compreendê-la também como objeto de desejo, medo, fantasias etc. Ao se operar sobre a relação do grupo com a tarefa opera-se sobre todos estes aspectos.
A articulação entre o fato específico com os conceitos universais é realizada a partir do ECRO (esquema conceitual referencial operativo) que instrumentaliza a apreensão da realidade orientando-se para a aprendizagem e a realização da tarefa.
A ECRO possibilita a compreensão da contribuição individual (nível vertical) e os encadeamentos das contribuições individuais (nível horizontal). A tarefa perfeita ajusta ambas os níveis no espaço e no tempo.
Para o referido autor os elementos que possibilitam a avaliação dos grupos operativos, são os seguintes: afiliação, pertença, comunicação, aprendizagem, pertinência, cooperação e tele. 
AFILIAÇÃO. É um primeiro grau, pertinência de identificação que os integrantes têm com a tarefa e com os demais integrantes. O integrante se aproxima, com certo distanciamento, não se envolve de corpo inteiro. 
PERTENÇA. Há um maior grau de identificação e integração grupal permitindo a elaboração da tarefa. Pode ser vista no grupo pelo grau de responsabilidade com o qual os integrantes assumem o desenvolvimento da tarefa. 
COOPERAÇÃO. É a contribuição de cada um dos integrantes para com a tarefa e para com os outros integrantes. 
PERTINÊNCIA, é o centramento na tarefa e a qualidade da intervenção de cada um no grupo é a realização de esforço útil do indivíduo no cumprimento da tarefa
COMUNICAÇÃO, que pode ocorrer por distintas vias: verbal, gestual, por atitudes comportamentais, afetivas e emocionais. Possibilita que o grupo construa um esquema conceitual, ao qual seus integrantes se referenciam operativamente. 
APRENDIZAGEM que se desenvolve a partir das informações, em saltos de qualidade que incluem a tese, antítese e síntese. Implica criatividade, elaboração de ansiedades, e uma adaptação ativa à realidade. Aprender em grupo significa uma leitura crítica da realidade, uma apropriação ativa desta realidade. Uma atitude investigadora, na qual cada resposta obtida se transforma, imediatamente, numa nova pergunta. Aprender na teoria pichoneana é sinônimo de mudança. 
TELE, o clima em que se desenvolve o grupo. São sentimentos de atração ou rejeição, e portanto tele positiva ou negativa. Significa que toda situação de encontro, é por sua vez, um reencontro com figuras do mundo interno, da história dos integrantes, as quais se reeditam na nova situação.
Há vários papéis a serem desempenhados pelos participantes de um grupo operativo: o papel de líder, o papel de bode expiatório, do sabotador, do impostor e do emergente grupal. A alternância entre os diferentes papeis contribuirão para o efetivo domínio da tarefa pelo grupo uma vez que através desses papéis, os participantes se apresentam para o grupo e o faz operar articulando os níveis vertical e horizontal.
As forças motivacionais, a princípio não podem ser medidas de forma automática, mas podem ser avaliadas por um observador humano que terá no grupo essa atribuição.
Cabe ao coordenador do grupo fazer as interpretações relacionadas com a tarefa e de outros emergentes atendo-se ao presente e relacionadas ao grupo. 
METODOLOGIA 
Abordagem qualitativa foi utilizada visto que esta permite a identificação dos valores, das crenças, das opiniões e dos comportamentos dos entrevistados. Este método de pesquisa permite compreender, em profundidade, a visão dos professores do ensino fundamental I e II sobre o tema “drogas na escola”.
Foi resumido três relatos de professoras do ensino fundamental, duas membros do grupo X e Y. Os relatos foram realizados durante a elaboração do trabalho na aula do dia 30 de agosto e na reunião no sábado seguinte, e o relato de Z uma professora de Camaçari, foi coletado por um dos membros da equipe. 
Os relatos foram analisadas com base na técnica de análise de dados qualitativos, análise de conteúdo proposta por Bardin (1997), cuja técnica consiste dos seguintes passos: leituras flutuantes que permitem o contato com o material e o estabelecimento de impressões sobre o fenômeno estudado; preparação do material, que consiste no desmembramentodos relatos por temas e o reagrupamento das respostas conforme o tópico de que trata. Teve como instrumento ouvir e anotar o relato de professores de ensino fundamental sobre a presença das drogas em suas escolas. 
ANÁLISE DOS DADOS 
Dados sociodemográficos, os professores foram caracterizados como: faixa etária entre os 40 e os 52 anos; tempo de atuação como professor, variando entre 8 e 10 anos; dois são trabalhadores das escolas públicas e um professor de escola particular; as três são casadas e do gênero feminino. Duas católicas e uma protestante.
RELATO DE X, UM DOS MEMBROS DA EQUIPE
Refere-se à uma situação em que um aluno se envolve com o uso e tráfico de drogas em Camaçari. 
Acompanhei de perto a trajetória de um aluno que estudou na escola em que atuo como professora. Aluno tranquilo, comunicativo, que apresentava um "bom comportamento", cercado de atenção, de família de classe média, aparentemente, um pouco provável candidato a experimentar drogas ilícitas. No entanto, depois de concluir o ciclo de Ensino Fundamental I, esse aluno mudou de escola e dentro de pouco tempo tivemos a notícia sobre um possível envolvimento desse aluno com drogas e já de imediato, as consequências que esse envolvimento trouxe para ele e seus familiares: mudanças de escolas, queda de sua capacidade cognitiva, repetição de séries escolares, mudanças de hábitos e afastamento dos família. Era perceptível a qualquer um que o conhecia que as coisas estavam tomando um rumo diferente, o menino que antes era educado, atencioso com todos, responsável com suas atividades, tornou-se desligado, retraído, ausente da realidade, no entanto, para a escola e a família, era como se fosse uma fase, de repente, as coisas iriam voltar ao normal. 
Quando chegou ao ponto de ser levado pela polícia por denúncia de uso e tráfico de drogas, a situação tomou um rumo diferente, foi um momento culminante na vida desse adolescente. A escola posicionou-se, alertou a família, para que a mesma se posicionasse e acompanhasse mais de perto o aluno. Percebemos que houve uma mobilização de todos os familiares, juntos reuniram esforços na tentativa de mudar o foco do adolescente, ocupando o seu tempo ocioso com atividades físicas, envolvendo nos trabalhos e responsabilidades do dia a dia, ele passou a acompanhar os pais nas suas rotinas de trabalho, foi acompanhado por psicólogas e educadores voltados para esse tipo de acompanhamento, oferecendo-lhe uma outra perspectiva de lidar com as emoções e necessidades de adolescência. 
Esse relato, mesmo sendo recente, está dando certo. Como esse ex-aluno aluno reside nas proximidades da escola e tem parentes que ainda estudam lá, de certa forma temos acompanhado o fato e percebemos uma mudança no comportamento, nas atitudes do mesmo. Está aos poucos voltando as características que o identificava anteriormente. Isso nos dá uma crença de que da mesma forma que o espaço escolar venha a ser o local onde um aluno possa conhecer ou uso algum tipo de droga, como também ser um aliado da família na luta pelo combate ao uso da mesma. 
RELATO DE Y, UM DOS MEMBROS DA EQUIPE 
Relata o uso de drogas em uma escola pública em Jacobina. Trata-se de uma professora com graduação em pedagogia, tempo de docência de 8 anos, casada de religião católica. Relata a experiência no colégio municipal de Jacobina (COMUJA), no ensino: fundamental e médio, nos turnos matutino e noturno. Sua formação é magistério, com cinco anos de experiência docente até 2001.
Trata-se de uma Escola de grande porte com biblioteca, área de esportes com cerca de 3000 alunos. A localização e as instalações são marcantes e os docentes e discentes sentem orgulho da instituição, que é muito ampla e equipada
Localiza-se num bairro afastado do centro da cidade de Jacobina. Próximo a conjuntos residenciais pertencente a mineradora. Há policiamento principalmente no início do turno noturno, fazem ronda no trecho da entrada principal da escola. A docente mostra os pontos positivos da instituição em relação a instalações e a localização, ao acesso fácil,
Os funcionários que permanecem nos corredores garantem que os estudantes, permaneçam nas salas. No turno diurno há maior número de crianças e jovens e no noturno a faixa etária é de adultos jovens. 
A escola tem uma fanfarra que se apresenta em cidades vizinhas, participam de campeonatos esportivos. Conta com merenda escolar nos três turnos e os professores também tem merenda. 
Considera que o tráfico de drogas é um meio de enriquecimento ilícito as custas do sofrimento dos viciados e dos familiares e relata que ao redor da escola, o tráfico encontra-se presente, e mesmo que entre a entrada e saída “alguns alunos tratam aa drogas com normalidade”, principalmente maconha, mas também há uso de álcool e cigarro.
Considera que a presença das drogas nas escolas ocorre principalmente porque “a escola é um meio de formar o cidadão e por isto serve de isca para os traficantes comercializarem o produto, pois são crianças e jovens em formação, tentam induzir ao vício aqueles que ainda não sabem dizer não e acompanham o modismo. “
A escola não oferece alternativas no sentido de” investir na qualidade e aperfeiçoamento dos professores, incluindo os temas relativos às drogas e também em programas que enfatizem atividades culturais e lúdicas “
Admite que a escola poderia adotar as seguintes estratégias para reduzir o uso de drogas:
Promover um estilo de vida saudável, aos alunos, educar para a prevenção, intervir antes que o consumo de drogas ocorra, promover encontros com a família para discutir questões relativas ao consumo de drogas e os modos de consumo. 
RELATO DE Z UMA PROFESSORA DE CAMAÇARI 
Graduada em Pedagogia, tem 10 anos de experiência docente, casada e de religião protestante. A professora que fez o relato a um dos membros do grupo, não quis se identificar nem mesmo dizer o nome da escola 
Considera que a presença das drogas nas escolas atualmente é uma grande ameaça não apenas a aprendizagem, pois são um empecilho para o desenvolvimento cognitivo do aluno, mas também afetam as relações estabelecidas dentro do contexto escolar, entre os estudantes e os docentes e também no contexto extra escolar. 
Atribui o atual uso de drogas na escola ao envolvimento cada vez mais precoce de crianças “recrutadas pelo submundo das drogas”. Considera que as drogas mais encontradas são a maconha e o crack por serem “mais acessíveis financeiramente” 
O tráfico é um fator preocupante, pois apresenta riscos tanto “para quem está envolvido, como desestrutura toda sociedade.”
Diz que implicitamente percebe-se sinais de alunos com envolvimento nas drogas.
As saídas para minimizar a presença das drogas nas escolas seriam “atividades esportivas, escola em tempo integral, escolas abertas aos finais de semana com atividades culturais, e atividades de movimentos sociais” 
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
Inicialmente irá se fazer considerações em relação à teoria do grupo operativo e o grupo constituído na disciplina e depois quanto ao conteúdo dos relatos dos professores, alguns do grupo e apenas um não pertence ao grupo.
TEORIA GRUPO OPERATIVO DOS GRUPOS OPERATIVOS
Tendo por referência os textos da disciplina processos grupais e de Abduch(1999) estamos considerando que o grupo de professores embora não sejam um grupo operativo típico podemos considerar que a estruturação de um grupo para lidar com esta complexa questão das drogas exigiria um processo específico de inserção para debater na escola este tema de relevância para toda a comunidade, como uma tarefa complexa e de longa duração envolvendo diferentes membros do grupo em que há necessidade de se vincular e interagir, no sentido de atingir o objetivo comum. Encontra-se em tal grupo, os princípios organizadores segundo Pichon, de um grupo operativo o Vínculo e a Tarefa. 
O vínculo pode ser representado pelas diversos maneiras que os componentes do grupo interagiram entre si e que depende de seus referenciais internos. No grupo observado na aula da disciplina nodia 30/08/2014, em relação aos membros da equipe, houve confusão, em relação a tarefa quanto a necessidade de efetuar o trabalho de campo, prendeu-se ao tema, justificativa e preocupação com o material teórico, foi necessário um e-mail para esclarecer. Neste caso as posições mostraram-se estereotipadas e fixadas.
Segundo a teoria dos grupos operativos, a tarefa grupal consiste no processo de compartilhar necessidades em torno de objetivos comuns. A tarefa é a trajetória que o grupo percorre para atingir suas metas.
O líder do grupo entende que tem o papel de obter os relatos dos professores do ensino fundamental e reitera, por e-mail, a necessidade de apoio dos membros para conseguir tal intento e aponta ao desamparo que poderá ocorrer se não conseguirem contatar com maior número de professores para prosseguir com a tarefa. 
Em relação ao enquadre grupal este encontra-se consolidado, o grupo sabe as normas básicas de funcionamento do grupo. Local e horários das reuniões. 
Comparando-se com o ponto de vista formal, um grupo operativo é constituído pelos seus integrantes. Um coordenador e um observador, que têm papeis assimétricos em relação aos integrantes. No presente grupo da disciplina o número é de cinco membros. 
Nas reuniões foram observadas a temática, relacionada aos interesses e dos participantes do grupo, busca do referencial teórico para a tarefa e relato dos professores do interior, dos membros presentes (apenas dois tinham experiências com o ensino fundamental, assim considerando que para ser grupo teria que haver mais um ou dois relatos). 
A duração do grupo, sua periodicidade e o tempo de cada seção devem ser estabelecidos, a priori, pela equipe de coordenação, conforme as metas a serem atingidas. Esses limites constituem-se no enquadre, dentro dos quais o grupo deve operar. 
Neste caso as reuniões, durante a aula da disciplina processos grupais e no sábado seguinte, duraram cerca de duas horas, mantivemos esses limites, e houve condições de comunicação e diálogo. 
Podemos pensar em líder como sendo alguém que compreende e congrega diversos interesses implícitos e ocupa uma posição de comando. Neste grupo podemos considerar que o líder é o coordenador dos trabalhos do grupo 
O grupo operativo está centrado na tarefa. Compreender e avaliar a operatividade de um grupo é algo complexo, por seu caráter subjetivo, pondo em risco sua validade. Para superarmos o risco se dispõe de categorias de avaliação, que são fenômenos universais, isto é, ocorrem em qualquer grupo. São sete os vetores de avaliação. 
O primeiro vetor, inclui os fenômenos de Afiliação. É um primeiro grau de identificação que os integrantes têm com a tarefa e com os demais integrantes. O integrante se aproxima, com certo distanciamento, não se envolve de corpo inteiro. Podemos considerar dois membros do grupo como afiliados, sejam por permanecer em silencio e apenas enviar material por e-mail. 
O segundo vetor é a Pertença. Na medida em que o grupo se desenvolve, o vetor afiliação vai-se transformando em pertença. Há um maior grau de identificação e integração grupal permitindo a elaboração da tarefa. É quando os integrantes superam as distâncias e "vestem a camisa". Percebem que o projeto lhes pertence, deixam de ser espectadores e passam a ser seus protagonistas. Pode ser vista no grupo pelo grau de responsabilidade com o qual os integrantes assumem o desenvolvimento da tarefa. No grupo três membros dividem e desincumbem-se das atividades.
O terceiro vetor, a Cooperação é uma contribuição ainda silenciosa à tarefa grupal. É a possibilidade dos integrantes assumirem e desempenharem papéis diferenciados. Essa complementariedade consiste na capacidade de desenvolver papéis, não em uma superposição ou atropelamento competitivo, mas em uma complementação mútua, intercambiável. Há uma verdadeira rotação de papeis no interjogo grupal. É a contribuição de cada um dos integrantes para com a tarefa e para com os outros integrantes. Cada um contribui com o que sabe e com o que pode. Ocorreu pouco com este grupo, houve baixa rotatividade de papeis. 
A Pertinência, o quarto vetor, é o centramento na tarefa. A pertinência é positiva. Não centrar-se na tarefa pode ser uma impertinência, quando ocorre a impostura (falar uma coisa e fazer outra) ou sabotamento (usar um subterfúgio para sair da tarefa). É uma situação distinta da pré-tarefa, que, ainda que não seja tarefa, está a caminho dela e do projeto. Na pré-tarefa , o grupo trabalha as resistências à mudança; na tarefa vai trabalhar os medos básicos que alicerçam as resistências. Quando os integrantes fogem disso não há pertinência à tarefa, e se instala um "como se" estivessem em tarefa, andam em círculos viciosos, são as ditas situações dilemáticas ou ficam discutindo falsos problemas, de solução impossível, pelo menos naquele âmbito. 
Neste grupo houve resistências, pois inicialmente se pensou que seria um projeto de pesquisa e não para efetuar um trabalho de campo, e como fazer um trabalho de campo com professores de ensino fundamental, com os membros da equipe residindo em diferentes cidades, além de um dos membros do grupo ter ficado com o pé imobilizado, e a insegurança de coordenar um grupo, buscar articular as vivencias deste grupo da disciplina processos grupais com a teoria de grupos operativos de Pichon. Dentre os professores contatados, o de Serrinha não se predispôs a falar sobre o tema drogas. 
O vetor fundamental de interação grupal é a Comunicação, que pode ocorrer por distintas vias: verbal, gestual, por atitudes comportamentais, afetivas e emocionais. A comunicação pode-se instalar de várias formas: 
- De um para todos, quando somente um fala e os demais ficam ouvindo passivamente. No grupo houve predominância da fala do coordenador, embora também se encontrasse presente, principalmente ao se relatar a violência do tráfico e sua presença nas escolas, nesses momentos a comunicação - Entre todos, quando o que é falado é escutado pelos demais, e a comunicação se torna fluida entre todos. 
O sexto vetor de avaliação da operatividade de um grupo é a Aprendizagem que se desenvolve a partir das informações, em saltos de qualidade que incluem a tese, antítese e síntese. As fragmentações e as integrações. Mudanças quantitativas que preparam mudanças qualitativas e estruturais. Implica criatividade, elaboração de ansiedades, e uma adaptação ativa à realidade. O que ocorreu no grupo quando os membros do grupo apontaram em seus relatos e suas espirações de mudanças e explicitação das maneiras que estas poderiam ocorrem envolvendo não apenas transformações nas atividades oferecidas pela escola, mas também uma modificação na formação e atitudes dos professores diante da questão das drogas. Mesmo com a predominância de concepções do senso comum, observa-se a presença da necessidade de prevenção e o reconhecimento da escola como lugar que deve ser atuante, junto à família e comunidade. 
O sétimo vetor é a Tele, o clima em que se desenvolve o grupo. É a disposição positiva ou negativa para trabalhar a tarefa grupal (Moreno); é a aceitação ou rejeição que os integrantes têm espontaneamente em relação aos demais. São sentimentos de atração ou rejeição, e portanto tele positiva ou negativa. Significa que toda situação de encontro, é por sua vez, um reencontro com figuras do mundo interno, da história dos integrantes, as quais se reeditam na nova situação. 
Parece haver uma tele positiva para com alguns membros do grupo e aparece uma tele negativa na forma de silencio e também de falas estereotipadas. 
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS QUANTO AO CONTEUDO 
A análise do conteúdo dos discursos, sobre a presença das drogas nas escolas atribuem à vulnerabilidade da criança e do adolescente, bem com o existência de conflitos familiares e ao tráfico. Quanto a presença das drogas na escola em que ensinam revelam que encontram sinais nos estudantes que são usuários e em uma escola a presença do tráfico fez com que a direção da escola não permita a divulgação do nome da escolaa professora não se identificou. 
Drogas lícitas são menos perigosas que as ilícitas. Os professores embora citassem as drogas lícitas, parecem considerar as drogas lícitas menos perigosas do que as ilícitas, atribuindo a estas últimas um maior potencial deletério ao organismo e a convivência social. 
Os fatores de risco para o início do uso de drogas parecem ter a influência quase exclusiva do meio. Tal concepção pode levar os professores a isentarem o usuário das suas responsabilidades, já que, predomina a visão de que este indivíduo age por meio de influências indiretas que vêm de experiências externas, principalmente da facilidade de acesso. Isto resulta em considerar que os estudantes usuários são indivíduos com pouca autonomia para tomarem as suas próprias decisões e, dizer não às drogas. A visão de usuários tendo as suas ações sempre determinadas pelo meio social na fala dos professores estes relacionam a experiências negativas(conflitos), como a desestruturação familiar e a instabilidade emocional da adolescência.
A dimensão multifatorial que influencia o consumo de drogas não aparece na fala dos professores, detendo-se, quase que exclusivamente, no papel dos fatores externos ao adolescente, pouco citando fatores internos que interferem na sua decisão de consumir. E isto traz um “fator surpresa” quando se depara com um adolescente de classe média se envolver com o tráfico. Conforme estudos vistos anteriormente, há um consenso de que o uso e o abuso de substâncias psicotrópicas é multifatorial (dimensão biopsicossocial), e que os principais fatores envolvidos são: a curiosidade, a obtenção de prazer, a influência do grupo, a pressão social, o isolamento social, a baixa autoestima e a dinâmica familiar, assim a associação com os jovens pobres e o tráfico tende a se sobrepor aos demais fatores. 
Posição do professor quanto ao uso de drogas pelos alunos. Quanto à informação sobre o tema, verificou-se haver uma baixa percepção sobre o risco associado às drogas lícitas. Sugerem que os programas de prevenção destinados ao ambiente escolar sejam voltados para uma maior presença dos alunos na escola, além da capacitação dos professores para lidar com o tema. 
A observação de indícios do uso de drogas pelos alunos resulta em posturas variadas por parte dos professores. Há aqueles que não fazem nada, pois têm receio de abordar o tema, não sabem como lidar com o assunto 
A maneira como cada professor trata o tema é peculiar. Essa distinção deve ser observada, sobretudo para que não se continue implementando programas de prevenção, cuja aplicação seja idealizada para ocorrer de maneira idêntica nas diferentes escolas, de diferentes bairros e classes sociais, e para ter a sua forma igualmente reproduzida por diferentes professores. A participação destes no projeto de execução, discussão e avaliação dos programas é fundamental.
A prevenção na escola. O caráter de socialização da escola, torna possível o contato do jovem com realidades diferentes da sua e, a partir daí, estes podem incorporar ideias, comportamentos e atitudes frente a determinadas situações. Pois consideram que na escola as pessoas se tornam informadas e constroem as suas opiniões sobre determinados assuntos, o que, segundo os professores, não poderia ser diferente em relação ao tema drogas. Os professores sugerem alternativas nas quais a escola se torne mais presente na vida dos estudantes, seja por meio do turno integral, atividades esportivas, lúdicas.
Possíveis modelos de prevenção na escola. A maioria crê que seria prioritária a implementação de modelos que transmitissem informações científicas sobre o feito das drogas no organismo, assim como sobre as consequências do uso destas substâncias. Não citaram a possibilidade de redução de danos e sim uma visão em eliminação das drogas.
O presente trabalho trouxe à tona esta lacuna, ou seja, de que os professores estão conscientes da presença das drogas na escola, da falta de informação dos alunos sobre o tema e, também, de que a escola é um importante meio para proporcionar o debate e a aplicação de estratégias preventivas. Porém percebem a necessidade de envolver na prevenção as diversas redes sociais, como a escola, a família, a comunidade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Limitações em ambos métodos devem ser levadas em consideração. A metodologia qualitativa, utilizando-se de amostra intencional, não-aleatória apenas dois encontros, a não possibilidade de gravação, acabou por limitar as conclusões bem como a pouca experiência em condução de grupos, além de ouvir os relatos, também estávamos elaborando esta atividade da disciplina, então muitas nuances e oportunidades de aprofundamento foram perdidas. 
Nos relatos observam-se visões em relação ao tema drogas e aos seus usuários, baseadas no senso comum ou em alguns seminários pontuais de capacitação, alguns membros trouxeram material didático de capacitações anteriores.
Os professores acreditam que a escola, devido ao seu caráter socializador, é o meio fundamental para a execução de programas de prevenção, além de ser o local onde os jovens podem ser formados e informados em relação ao tema. 
A abordagem do tema em sala de aula traz medo aos professores, pois além de passarem a informação para os seus alunos (tarefa para a qual eles já têm inúmeras dificuldades por conta da falta de conhecimento sobre o assunto), têm de avaliar a melhor forma de como a transmitir.
A atual política nacional sobre drogas enfatiza que a prevenção ao uso de drogas deve basear-se na responsabilidade compartilhada. Não adiantaria apenas capacitar professores para lidarem com a temática na sala de aula, mas sim capacitá-los para pensarem programas que envolvam as diversas instâncias sociais.
Os programas de prevenção, mesmo quando alocados nas escolas, exigem o envolvimento da família, da comunidade vizinha, da mídia, do governo, dos professores, dos funcionários e dos alunos, permitindo que cada segmento acione a sua rede social, oferecendo não apenas informação, mas recursos e atividades que permitam que o jovem tenha alternativas ao consumo de drogas. 
REFERENCIAS 
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QUEIROZ, Lucileide Domingos (2004) Um estudo sobre a evasão escolar: para se pensar na inclusão escola. Disponível em: <www.anped.org.br.> Acesso em: 22 set. 2014

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