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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA DE METODOLOGIA CIENTÍFICA Profa. Dra. Simone Pfeiffer GUILHERME QUEIROZ FONSECA 201405233 JOÃO PAULO GOMES CAIXETA 201406781 LUCAS ROCHA SANTOS SILVA 201403438 MURILLO MARTINS HANNUM 201403443 ESTUDO DE CASO EM MELHORAMENTO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES: New Options for Rapid and Easy Construction of Embankments on Soft Soils (NoRecess) Goiânia 2016 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 2 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 3 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ……………………………………………..…..……….. 3 2.2 EXEMPLO DE OBRAS DE ATERRO ..……………………………………..…………. 4 2.2.1 Barragens de terra ……………………………………………………………………....... 4 2.2.2 Construção de estradas …………………………………………………………………... 6 2.2.3 Aterros sanitários ……………………………………………………………………........ 7 2.2.4 Construção de taludes ……………………………………………………………………. 8 2.2 COMPACTAÇÃO DE SOLOS ...……...…………………………………………..…….. 9 2.3.1 Compactação em laboratório …………………………………………………………….. 9 2.3.2 Compactação “in situ” ...................................................................................................... 13 3 PROJETO DE PESQUISA ............................................................................................ 19 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 19 3.2 CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO …………………………………………………... 20 3.3 MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO ………………………………………………………. 23 3.3.1 Aterro com dreno préfabricado ………………………………………………………… 23 3.3.2 Aterro com utilização de colunas de areia encamisadas com geotêxtil ……………..….. 24 4 RESULTADOS …………………………………………..……………………………. 25 5 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 29 2 1 INTRODUÇÃO O seguinte projeto de pesquisa visa apresentar alguns dos principais tipos de obras de aterro, tanto estruturais quanto não estruturais, tais como: barragens de terra, aterros sanitários, construções de estradas e construção de taludes. Para isso, fezse um estudo das principais técnicas empregadas nas construções de aterros, assim como, a compactação dos solos, in situ (em campo); e em laboratório, abordando o ensaio de Proctor, ensaio que busca o valor de ponto ótimo de compactação obtido através do peso específico seco máximo. Finalmente, foi feito um estudo de caso da análise de um aterro experimental no qual era preciso um melhoramento do solo mole da região, tornandoo próprio para a utilização na obra. Este aterro foi desenvolvido para a construção de uma ferrovia que ligaria Bruxelas à Amsterdã. Com isso, estudouse dois dos cinco métodos empíricos utilizados na construção desta obra: melhoramento por drenos convencionais préfabricados; e por colunas de areias encamisadas com geotêxtil. 3 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Definição de aterro: Local onde se faz uma deposição organizada, geralmente em camadas, de resíduos sólidos. Ação ou efeito de aterrar; terraplanagem. Terra ou entulho com que se nivela ou alteia um terreno, ou se tornar seco um lugar alagadiço. (MICHAELIS, 2000) A construção de aterros está condicionada a inúmeros processos e etapas a serem seguidas. Dentre esses processos, podem ser citados: estudos geotécnicos e de prospecção, para conhecimento das características do solo e recolha de amostras para ensaios; realização de ensaios “in situ” e em laboratório; estudos de estabilidade e mecânica dos solos; avaliação técnicoeconômica da obra, ou seja, se a obra é viável ou não; preparo do terreno; e a compactação do solo, etapa que caracteriza uma obra de aterro. Os aterros, de um modo geral, são elementos essenciais nas obras onde estão inseridos, sendo a sua importância redobrada, quando assumem um papel estrutural. Nesta situação constituem uma estrutura geotécnica. Temse assim aterros estruturais e não estruturais. Alguns exemplos de aterros estruturais são: fundações de edifícios, vias de comunicação, barragens. Os aterros não estruturais mesmo não sendo tão exigidos como os aterros estruturais, carecem de dimensionamento e de técnicas construtivas específicas, além disso, alguns deles necessitam de serem compactados e controlada a sua construção. Alguns exemplos de aterros do tipo não estrutural são: modelações paisagísticas, aterro de resíduos sólidos urbanos, aterros temporários de précarregamento, dentre outros. (MARQUES, 2013) 4 Parte importante da construção de um aterro, seja ele de qual tipo for, é a escolha dos materiais rochosos utilizados no aterramento e o local de onde esse material será extraído. Esse processo é realizado sempre levando em conta as características mecânicas de cada material e sua disponibilidade nas proximidades do aterramento, minimizando assim os custos com transporte e melhorando o andamento da obra. Os solos utilizados no aterramento devem ter resistências suficientes para suportar a carga prevista, possuindo características adequadas para garantir essa exigência. Em obras de aterro em geral, a preferêcia é sempre utilizar materiais argiloarenosos, pois possuem maior compressibilidade e quando ficam secos se tornam muito rígidos. Em obras de aterramento, geralmente não estruturais, utilizamse sedimentos depositados próximo ao local de construção, pois não são necessários materiais de alta resistência mecânica ou com propriedades específicas. Já em aterros estruturais, onde os materiais utilizados devem cumprir funções específicas como, suportar carga de alta intensidade, função impermeabilizante, de filtragem etc., esses são extraídos de jazidas específicas de cada material, se tornando assim obras cara e de complexa realização. 2.2 EXEMPLOS DE OBRAS DE ATERRO Nesse tópico será abordado alguns dos principais tipos de obras de aterro. 2.2.1 Barragens de terra As barragens são estruturas construídas em vales e destinadas a fechálos transversalmente, proporcionando assim um represamento de água. A água acumulada por uma barragem é utilizada para as três seguintes finalidades principais: abastecimento de cidades, suprimento à irrigação e produção deenergia elétrica. As barragens podem ser classificadas em dois tipos, as barragens de acumulação, como o nome sugere, acumulam a água no local de construção e as barragens de derivação, que se destinam ao desvio dos cursos d’água. 5 Inúmeros fatores influenciam na escolha do local de construção de uma barragem. É importante um planejamento que envolva todos eles: Condições geológicas da região somadas a questões hidráulicas, hidrelétricas e inclusive políticoeconômicas. (MARAGON, 2006) Antes de iniciar a construção de uma barragem é preciso fazer algumas investigações, como: levantamento topográfico da região delineandose assim a sua bacia de acumulação; investigações hidrológicas, visando conhecer o regime de águas da região; além de geológicas. Devem ser tomadas algumas precauções, como: evitar o uso de solos com material orgânico ou pedras, pois impedem a compactação adequada e pode fornecer rotas de infiltração (tubulação); realizar a construção durante a estação seca, para garantir a umidade ideal solo a ser compactado; desviar o rio bloqueandoo com uma baixa represa temporária, ou desviálo através de um bueiro (que poderia tornarse parte das obras de saída ou vertedouro posteriores). Figura 1 Barragem de terra em Marzagão GO. 6 2.2.2 Construção de estradas Para que sejam asseguradas as condições de conforto, segurança e economia na construção de uma rodovia, além das condicionantes geométricas de traçado, há que se proceder as investigações de natureza geológica e geotécnica da região a atravessar, as quais constituem os fundamentos dos estudos de drenagem e de estabilidade dos cortes e túneis, aterros e seus terrenos de suporte, fundações de obras de arte e dimensionamento dos pavimentos. A geologia local pode ser fator determinante para a inviabilização (econômica) de determinados traçados inicialmente idealizados. (MARAGON, 2006) O processo da construção de uma estrada passa por várias etapas, sendo o plano diretor a primeira delas. Nessa etapa é coletado dados do local escolhido para a construção da estrada, e onde buscase alternativas para a intervenção no meio natural. Logo em seguida é realizado o anteprojeto, ou fase preliminar, que é basicamente a etapa em que se faz o reconhecimento e a coleta de todos os dados; análise de fotos do plano diretor; investigação de campo, como define o antigo DNER (Departamento Nacional de Estrada de Rodagem), a fim de interpretar as fotografias e permitir a execução do plano de sondagem; além de estudos geológicosgeotécnicos, ambientais, de viabilidade e de traçado. O projeto básico é a fase seguinte, nessa etapa do projeto são elaborados os documentos, tais como: cronogramas, custos, resultados de pesquisas e estudos; nessa altura, é feito análises mais detalhadas das sondagens e dos ensaios em laboratórios; é tambem nessa fase que se realiza o contrato de execução do empreendimento. Por fim, o projeto de execução, também chamado de projeto final, é a etapa na qual se aborda todos os dados, normas e especificações que definem detalhadamente a obra em seus diversos aspectos. Com o projeto final estabelecido, é dado início aos processos construtivos, tais como, cortes no terreno, compactação do solo, implementação de materiais rochosos e betuminosos, dentre outros. Após a finalização dos processos construtivos a estrada deve passar por reparos durante sua vida útil, a manutenção é feita pelo governo em suas esferas municipal, estadual ou federal a depender 7 do local de implantação ou até mesmo de empresas privadas, por isso por isso a qualidade da estrada e o custo de manutenção variam muito de acordo com o relevo do local e com os processos envolvidos na construção. Figura 2 Construção de estrada em Ibatiba ES. 2.2.3 Aterros sanitários Aterro sanitário é um método de deposição de resíduos sólidos que utiliza princípios de engenharia para compactar esses resíduos à menor área e volume possíveis, cobrindoos com uma camada de terra, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais (IPT, 1995). O início de qualquer obra de terra se dá por estudos do solo onde será realizada a obra, do mesmo modo é a construção de aterros sanitários. Realizase a escolha do local de disposição e execução das investigações geológicas, geotécnicas e hidrogeológicas, investigando a garantía de estabilidade do local, a migração dos contaminantes, através do perfil de relevo, dentre outros fatores. A “construção” do aterro sanitário ocorre com a deposição diária dos resíduos sólidos no solo, seguido de camadas de terra e processos de compressão. Mas antes da deposição de resíduos se 8 faz necessário uma preparação do terreno, onde será feito, basicamente, a impermeabilização e o nivelamento do terreno; obras de drenagem, para captação do chorume proveniente dos resíduos, e conduzílo ao tratamento; além das vias de circulação. Figura 3 Aterro Sanitário Municipal de Trindade GO. 2.2.4 Construção de taludes Taludes são caracterizados por superfícies inclinadas de maciços terrosos, rochosos ou mistos, esses podem ser artificiais ou naturais, que também são chamados de encostas, aqui serão abordados os taludes artificiais, por serem criados pelo processo de aterramento. Quando se constrói um talude é de extrema importância manter a estabilidade destes, por isso há vários métodos para conter o movimento de terra, que pode ser ocasionado por vários fatores. O material utilizado na construção é quase sempre homogêneo e por isso mais fácil de se calcular o coeficiente de segurança e garantir assim a estabilidade do mesmo. Sabese que os deslizamentos dos taludes ocorrem devido a uma redução da resistência interna do solo ou pelo acréscimo de esforços que solicitem essa resistência. Os movimentos de terra são classificados em três grupos segundo a sua velocidade, são eles: desmoronamento, escorregamento, rastejos. Para estabilização de taludes utilizase atualmente a abordagem de equilíbrio limite, em que admite a hipótese de que existe uma linha de escorregamento de forma conhecida. Essas técnicas 9 são mais empregadas em taludes naturais, pois esses são os que mais apresentam movimentaçãode terras. O que gera grande riscos de acidentes graves quando ocorrem em cidades. Figura 4 Talude em Ouro Branco MG 2.3 COMPACTAÇÃO DE SOLOS A compactação é um método de estabilização de solos que se dá por aplicação de alguma forma de energia (impacto, vibração, compressão estática ou dinâmica). Seu efeito confere ao solo um aumento de seu peso específico e resistência ao cisalhamento, e uma diminuição do índice de vazios, permeabilidade e compressibilidade. (MANTELLI, 201?) Para realização de qualquer obra de aterro são necessários dois processos principais, um ensaio de compactação realizada em laboratório, e a compactação da obra em si, “in situ” (em campo). 2.3.1 Compactação em laboratório Em fins da década de 1930, Porter, da California Division of Highways, EUA, desenvolveu um método para a determinação do ponto ótimo de compactação dos solos o ponto de máxima compactação. Para ele, o resultado da compactação era a redução do volume de ar dos vazios, concluindo que ela era uma função da umidade dos solos. 10 Assim, a quantidade de água, considerada através da umidade, é parâmetro decisivo na compactação, ao lado da energia de compactação. O seu método era empírico e consistia em compactar uma porção de solo em laboratório, com uma certa energia de compactação, variando a umidade. A curva peso específico seco (γs), em função da umidade (w), tinha a forma de um sino e permitia definir um ponto ótimo de compactação. Tinhase, assim, um peso específico seco máximo (γsmáx), e uma umidade ótima (wot). Foi Proctor quem padronizou o ensaio, por volta de 1933, divulgando o fato. Por isso, não só o ensaio de compactação leva o seu nome Ensaio de Proctor como também a curva da Figura 2 é denominada Curva de Proctor, e o desenho, Diagrama de Proctor. No Brasil o ensaio foi padronizado pela ABNT (NBR 7182/86). (MASSAD, 2010) Na realização do ensaio primeiramente são retiradas algumas amostras de solo no campo. A amostra deve ser previamente seca ao ar e destorroada. Iniciase o ensaio, acrescentandose água até que o solo fique com cerca de 5% de umidade abaixo da umidade ótima. Com a umidade bem uniformizada, uma porção de solo é colocada em um cilindro padrão (10 cm de diâmetro, altura de 12,73 cm, volume de 1000 cm3) e submetida a 26 golpes de um soquete com massa de 2,5 kg e caindo de 30,5 cm. A porção de solo deve ocupar cerca de um terço da altura do cilindro. O processo é repetido duas vezes, atingindo a altura do cilindro. A Figura 1 mostra o equipamento de compactação. 11 (a) Soquete (b) Molde cilíndrico Figura 5 Equipamentos do ensaio de compactação Proctor. Determinase a massa específica do corpo de prova obtido. Com uma amostra do seu interior determinase a umidade. Com esses valores calculase o peso específico seco, pela equação: s / (1 )γ = γ +w A amostra é destorroada, umidade aumentada (cerca de 2%), nova compactação é feita, e novo par de valores umidade peso específico seco obtido. A operação e refeita até que se perceba que o peso específico seco, após ter subido, tenha caído em duas ou três operações. Com os dados obtidos, desenhase a curva de compactação, que consiste na representação do peso específico seco em função da umidade, como se mostra na Figura 2. Geralmente, associase uma reta aos pontos ascendentes do ramo seco, e outra aos pontos descendentes do ramo úmido e unemse as duas por uma curva parabólica. Como se justificou anteriormente, a curva define uma densidade seca máxima, à qual corresponde uma umidade ótima (PINTO, 2006). 12 Figura 6 Curva de compactação, ou de Proctor. No ramo seco, o baixo teor de umidade faz com que os grãos do solo entrem em atrito em excesso e esse fator dificulta o rearranjo das partículas e a saída do ar para que o solo fique compacto já que a atração entre as partículas não é vencida pela energia de compactação. Com a adição de água os grãos deslocamse com muito mais facilidade devido a diminuição do atrito, por consequência o ar é expelido do solo sem maiores dificuldades e a compactação ocorre como o desejado. No ramo úmido, depois que a umidade ótima já foi atingida,a repulsão entre as partículas aumentam e a energia de compactação guia sua organização. Entretanto, a partir de certo ponto acréscimo de água já não é capaz de expulsar o ar restante e assim a água adicionada a partir desse momento apenas faz com que a densidade do solo diminua e já não contribui com a compactação. Além disso é interessante notar que os valores extremos de γs e w são características inerentes a uma classe específica de solo, o que facilita na obtenção dos valores de umidade e peso específico seco próximos dos valores extremos, como nos seguintes casos: solos argilosos: wót = 25 a 30% e γsmáx = 14 a 15 kN/m³; solos siltosos: valores baixos para γsmáx e curvas bem abatidas; 13 areias com pedregulhos: wót = 9 a 10% e γsmáx = 20 a 21 kN/m³; areias finas argilosas: wót = 12 a 14% e γsmáx ≈ 19 kN/m³. 2.3.2 Compactação “in situ” A compactação consiste em diminuir os espaços vazios do solo através de técnicas que possibilitam um melhor agrupamento das partículas formadoras do solo. Aumentando assim a sua densidade. Esse processo é de fundamental importância em qualquer tipo de construção. Um solo bem compactado diminui a infiltração de água, aumenta a sua resistência à carga e evita recalque no solo. O processo de compactação pode ser dividido em quatro subtipos, diferenciando entre si pelo esforço de compactação empregado, que são: por vibração, impacto ou pressão. As diferenças nos esforços têm a ver com a forma como a energia é transmitida ao solo para o adensar, como visto na Figura 3. Em obra, esta energia é aplicada de modo diferente consoante o tipo de equipamento e processo construtivo (peso do equipamento e número de passagens) empregado. Estes diferentes tipos de esforço são encontrados nos dois tipos principais de força de compactação: estático e vibratório. Força estática é simplesmente o peso próprio da máquina aplicando força para baixo sobre a superfície do solo, comprimindo as partículasdo solo. A única maneira de modificar a força efetiva de compactação é pela adição ou subtração do peso da máquina. A compactação estática é restrita a camadas superiores do solo e é limitada a determinada profundidade. Força vibratória usa um mecanismo, normalmente motorizado, para criar uma força descendente em acréscimo ao peso estático da máquina. Os compactadores produzem uma sucessão rápida de pancadas (impactos) na superfície, afetando assim as camadas superficiais bem como também as camadas mais profundas. (MULTIQUIP, 2004) 14 Figura 7 Tipos de esforços de compactação. A compactação em campo é a verificação se a compactação está alcançando os valores desejados e previstos em laboratório. Através de algumas técnicas é possível verificar o grau de compactação do solo. Com isso é possível identificar se é necessário continuar o processo de compactação ou se o resultado desejado já foi obtido. As especificações modernas de compactação diferem bastante das antigas, porque estas estabeleciam minuciosamente os parâmetros, fixando o tipo de equipamento a ser usado, a espessura da camada, o número de passadas, etc. Atualmente, fixase apenas o peso específico a ser atingido no campo, deixandose todos os fatores já citados a critério do executor e da fiscalização da obra. Assim, terão estes ampla liberdade de testar os equipamentos disponíveis no solo existente, somente ajustando os diversos parâmetros no sentido de se conseguir a compactação bem feita e de maneira econômica. Chamase Grau de Compactação (GC) à relação: C (γd campo)/(γd máx) x 100%G = Na qual: γdCampo = peso específico aparente seco “in situ” (no aterro executado). γdMáx = peso específico aparente seco máximo obtido no ensaio de Proctor, no laboratório, com a energia de compactação especificada. 15 São frequentes, também, as especificações que se referem ao grau de compactação em relação aos ensaios do Proctor Normal, já mencionados e estabelecendose os valores de GC a 95% ou 100% do peso específico aparente seco máximo obtido naquele ensaio. Para determinar o grau de compactação é necessário medir o peso específico aparente seco em campo. Alguns métodos foram criados para realizar essa medição, os mais utilizados são: Método do óleo: Executase um furo de 10 cm de diâmetro por 15 a 20 cm de altura, retirandose cuidadosamente o solo, e determinase o peso úmido (W) do material que ocupava o volume (V) do furo, que não se conhece. Para o cálculo do peso específico natural (γ), resta a determinação deste volume. Basta colocar numa proveta certa quantidade de óleo de motor (SAE 30), cujo o peso específico (γóleo) é ensaiada previamente no laboratório, pesandose o conjunto tara + óleo (W’). Em seguida enchese o furo até que o óleo ocupe o volume V, em sua totalidade, e novamente pesase a tara + óleo (W’’). Com isso é possível determinar o peso específico aparente seco do solo. Método da areia: O processo é bem semelhante ao método anterior, ocorrendo apenas a substituição de óleo por areia. Método do com material radioativo (Nuclear Moisture DensityMeter): O processo baseiase na emissão de um material radioativo (rádioDberílio) que envia raios gama e nêutrons ao solo, onde são parcialmente absorvidos e refletidos. Os raios gama refletidos são detectados por tubos GeigerMueller, lendose diretamente numa escala a densidade do material. Cada tipo de solo se comporta de uma forma com respeito à densidade máxima e umidade ótima, eles são classificados pelo tamanho dos grãos que o constituem, são eles: coesivos, granulares e orgânicos (não será abordado nesse estudo). Solos coesivos: formado por argila e silte que são partículas pequenas, são compactados e firmemente agregados por atração molecular. Esse solo necessita de uma força de impacto ou pressão para ser compactado. 16 Solos granulares: formado por partículas maiores. Não necessitam de muita água para alcançar a densidade máxima. Para se atingir a compactação exigida para a construção da obra é necessário usar o compactador adequado para o tipo de solo em que esta trabalhando. Para os solos coesivos é necessário um máquina com uma alta força de impacto para golpear o solo e agrupar melhor as partículas, um compactador de percussão ou um compactador de rolo vibratório pé de carneiro. Para os solos granulares em que suas partículas não são coesivas, suas partículas requerem uma agitação ou vibração pra se mover, placas vibratórias (unidirecionais) é a maquina mais apropriada. Os solos são compactados pelo efeito de um dos seguintes esforços: pressão (compressão), amassamento, impacto e vibração; ou pela combinação de dois ou mais esforços. A compressão consiste na aplicação de uma força (pressão) vertical, oriunda do elevado peso próprio do equipamento, obtendose a compactação pelos esforços de compressão gerados na massa superficial do solo. A compressão é obtida pelos rolos compressores de rodas metálicas, dotadas de grande peso próprio, e cuja superfície de contato é bastante pequena, gerandose, por consequência, pressões de contato elevadas que produzem adensamento. O amassamento é o processo que combina a força vertical com uma componente horizontal, oriunda de efeitos dinâmicos de movimento do equipamento ou eixos oscilantes. A resultante das duas forças conjugadas provoca uma compactação mais rápida, com menor número de passadas. A compactação por amassamento é obtida pelos rolos pneumáticos com rodas oscilantes ou pelos rolos pédecarneiro, especialmente ou auto propelidos em que a tração se faz através do tambor e nos quais se faz presente a conjugação dos esforços verticais e horizontais. A vibração consiste numa força vertical aplicada de maneira repetida, com frequências elevadas, superiores a 500 golpes por minuto. Isto significa que à força vertical se soma uma aceleração produzida por uma massa excêntrica que gira com determinada frequência. A compactação por vibração é obtida com os rolos vibratórios dos mais diversos tipos, trabalhando na faixa de frequência de 900 a 2000 golpes por minuto e com determinada amplitude de oscilação do material constituinte do terreno e a frequência utilizada é dita frequência de ressonância. 17 O impactoresulta de uma ação semelhante à da vibração, diferenciandose, apenas, pela baixa frequência da aplicação dos golpes. A compactação por impacto se faz ocasionalmente, quando não se podem utilizar outros equipamentos, empregandose a energia proveniente da queda do aparelho de uma determinada altura, como, por exemplo, o “sapo mecânico”. Grandes pesos (10 a 40 toneladas) levantados por guindastes e deixados cair de uma altura de 10 a 20 m, são utilizados para compactar aterros ou camadas naturais de grandes espessuras (5 a 15 m). A Figura 8 ilustra alguns tipos de equipamentos mais usados na compactação. Figura 8: Equipamentos recomendados para cada tipo de solo. (a) rolo compactador liso (b) rolo compactador pédecarneiro. 18 (a) rolo compactador pneumático (b) sapo mecânico. Figura 9: Equipamentos mais utilizados na compactação de solos. Portanto, para se compactar o solo de maneira adequada se deve utilizar para cada tipo de solo equipamentos que realizam os esforços necessários e relevantes para adquirir o grau de compactação desejado. 19 3 PROJETO DE PESQUISA The proposed construction of a new highspeed rail link between Amsterdam and Brussels involves construction of embankments overlying soft clay and peat deposits with very stringent requirements on the time frame of construction and allowable settlements. A field program of instrumented test embankments, referred to as NoRecess, has compared the performance of five schemes for stabilizing the soft ground behavior. This paper summarizes the NoRecess project and compares the measured performance for an unimproved embankment using finite element analysis, and two tecniques from the project. The results confirm the benefits of geotextile encased sand columns as a practical technique for stiffening underlying soft soils, accelerating consolidation and reducing settlements. (BATISTA, 1999) 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O projeto nomeado “New Options for Rapid and Easy Construction of Embankments on Soft Soils” é relativo à construção de cinco aterros testes, dentre os quais, dois serão abordados posteriormente. Para que esses novos aterros tivessem um desempenho superior foram aplicadas novas técnicas construtivas para aprimorar as características do solo. O estudo é centrado na avaliação das técnicas, para concluir qual delas é mais adequada na estabilização de um solo mole. Sobre o qual seria construído uma linha ferroviária de alta velocidade entre as cidades de Amsterdã e Bruxelas. Essa pesquisa se fez necessária uma vez que era preciso que um solo mole se tornasse resistente a grandes esforços mecânicos, oferecesse segurança para trens viajassem em alta velocidade e também para que a execução em um curto espaço de tempo fosse possível. Será feita uma análise relativa ao desempenho e a viabilidade dos aterros feitos a partir do dreno préfabricado e colunas de areia encamisadas com geotêxtil. A partir dos dados obtidos será possível destacar os pontos positivos de cada uma dessas técnicas entre si e em relação ao aterro executado sem o uso de técnicas de melhoramento. 20 3.2 CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO A região de The Hoeksche Waard, na Holanda, onde estão inseridos os aterros experimentais, se resume numa área de 400 x 125 m, na qual temos um nível de terreno de cota de 0,75 m. Figura 10 The Hoeksche Waard, em Amsterdã na Holanda. Cada aterro foi executado com uma parte mais elevada, 5 metros acima do nível do terreno, e outra mais baixa, apenas 1 metro acima do nível do terreno. Os aterros experimentais foram desenvolvidos para ter um formato longitudinal com uma região mais elevada e outra mais baixa, dada uma determinada inclinação previamente determinada, além de uma zona de transição de 10 metros no final da parte alta. 21 Figura 11 Planta da região de construção dos aterros testes. O solo trabalhado é composto de 9,7 metros de solo mole, seguido por uma camada de areia. A parte mole é composta por 4 subdivisões, sendo a primeira argila siltosa cinza com lâminas de areia com uma espessura média de 3,1 metros, já na segunda temos cerca de 2 metros de turfa pouco argilosa com fragmentos de madeira, na terceira com espessura média de 3 metros encontrase argila acinzentada, extremamente siltosa, moderadamente orgânica, com traços de turfa e fragmentos de madeira, já na última subdivisão da camada mole de solo há 1,6 metros de turfa muito orgânica amarronzada com lâminas de areia. 22 Figura 12 Perfil do solo na região dos aterros. Cada um dos aterros foram construídos a partir da exigência técnica de serem executados dentro de um período de 18 meses, seguido por um período de 6 meses necessários para que a construção dos trilhos fosse iniciada. Os recalques residuais após 24 meses do início da construção devem ser inferiores a 30 mm num período de 30 anos, assim como o esperado. 23 3.3 MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO 3.3.1 Aterro com dreno pré fabricados O aterro com drenos préfabricados foi construído em etapas dentro de um período de 6 meses. Na parte baixa houve uma sobrecarga de 1,8 metros de areia, já na parte mais elevada esse valor foi de 2,5 metros. Em ambos os casos os drenos verticais foram instalados 1 metro acima da camada de areia subjacente ao solo mole, sendo projetados em uma malha triangular de 1 metro. Figura 13 Esquema de utilização dos drenos. O adensamento primário da parte mole do solo pode demorar um tempo considerável em função do ritmo da drenagem. No terreno no qual as linhas ferroviárias serão construídas foi aferido que a altura de drenagem é de 5,55 metros. Assim serão necessário oito anos e oito meses para que o fim do adensamento primário seja alcançado. Notouse que em solos estratificados, quando a permeabilidade horizontal é maior que a vertical os drenos funcionam de maneira mais eficaz. 24 3.3.2 Aterro com utilização de colunas de areia encamisadas com geotêxtil O aterro executado com a utilização de colunas de areia encamisadas com geotêxtil houve uma produção média de 40 colunas por dia. O aterro fabricado através dessa técnica ficou pronto em 6 semanas.A profundidade das colunas citadas anteriormente foi de 9 metros abaixo do nível do terreno, ou seja, um pouco acima da camada de areia em uma malha triangular com um espaçamento entre 2,4 e 3,4 metros na parte menos elevada e entre 2 e 2,4 metros na parte mais elevada. Na parte mais baixa foi necessário o uso de 1 metro de areia para sobrecarga, enquanto que na região mais elevada não foi preciso o uso de sobrecarga. Figura 14 Esquema da utilização da colunas de areia com geotêxtil. Tiveram como motivação central a estabilização do solo mole compressível e a minimização dos recalques a longo prazo. O geotêxtil isola a areia do terreno circundante o que faz com que sua atuação seja semelhante a um filtro, uma vez que evita que a coluna de areia se misture com o solo argiloso vizinho. Além disso o geotêxtil garante rigidez necessária para que as colunas de areia não se danifiquem. Com isso as colunas de areia agem como estacas, reduzindo dramaticamente o recalque e as deformações oriundas de esforços dinâmicos. Vale ressaltar que o curto espaço de tempo necessário para a construção desse tipo de aterro é um dos seus maiores pontos positivos. Houve um claro aumento da capacidade de carga para estruturas de 25 revestimento, o que acelerou o processo de adensamento e assim melhorou as características de cargarecalque das fundações. Com as colunas o caminho para a drenagem do solo ficou reduzido, e assim a dissipação da pressão neutra em excesso ocorreu mais rapidamente. A instalação dessas colunas por meio da técnica de deslocamento pode reduzir a permeabilidade do solo, mas ainda assim a dissipação poropressão pode ser rápida. Um dos fatores mais importantes é a relação entre a rigidez da coluna de areia comparada com o solo circundante. 3.4 RESULTADOS No aterro construído sem nenhuma técnica de melhorar foi possível observar um índice elevado de poropressão. Além disso foi aferido que o recalque após a construção foi de 1,04 metros, e após a fase de adensamento esse valor chegou a 1,62 metros. Esse aumento significativo ocorreu devido a dissipação de todo o excesso de poro pressão que ainda estava presente quando a obra havia terminado, e assim grande parcela do recalque ocorreu durante a fase de adensamento. Figura 16 Deslocamento horizontal na lateral do aterro sem técnica de melhoramento de solo – 0,62 m. 26 Figura 15 Recalque total no aterro sem técnica de melhoramento de solo. Figura 17 Excesso de poropressão no fim da construção no aterro sem técnica de melhoramento de solo. No aterro que utilizou os drenos verticais o deslocamento vertical total foi de 2,15 metros. O recalque ocorreu dentro do previsto, sendo que grande parte aconteceu durante os 4 meses iniciais devido a ação dos drenos que proporcionaram uma dissipação poropressão acelerada, e assim o recalque ocorreu mais rapidamente. Pode observar que o deslocamento horizontal não ficou exatamente dentro do previsto, e os valores encontrados estiveram acima do esperado. Figura 10 Recalque total (2,15m em 4 meses) e deslocamento horizontal na lateral do aterro com drenos verticais (0,27m). 27 Já nos aterros feitos a partir de colunas de areia encamisadas com geotêxtil não houve uma dissipação poro pressão tão elevado, isso devido a rigidez das colunas de areia. O deslocamento vertical na parte mais elevada foi 1,05 metros abaixo da parte mais alta do aterro feito a partir dos drenos préfabricados. Esse menor recalque ocorreu devido a limitação de movimento que o geotêxtil provém para a areia, o que a deixa mais rígida que o solo circundante e assim permite a transferência de carga para camadas mais resistentes. Observouse também que o recalque encontrado em campo foi próximo do valor esperado. Já no deslocamento horizontal houve uma pequena divergência, uma vez que o deslocamento foi mais acentuado do que era previsto. Esse resultado ocorreu provavelmente em função da maior rigidez que o solo apresentou com as colunas de areia inseridas. Figura 11 Recalque total no fim da construção (1,1m) e deslocamento horizontal na lateral do aterro com colunas de areia encamisadas com geotêxtil (0,23m). 28 4 CONCLUSÕES O objetivo do trabalho foi apresentar os principais tipos de aterro, que vimos que têm a mais variada gama de objetivos como barragens de terra para represar e/ou alterar o fluxo da água; aterros para construção de rodovias, muito importante, principalmente no Brasil onde a frota rodoviária é imensa; aterros sanitários para depositar resíduos sólidos que o homem produz protegendo a saúde pública e a segurança da população; e por fim contrução de taludes para gerar segurança em encosta e morros. Todos eles exigem, além do estudo geotecnico e hidrologico do local , os testes de compactação que são dois: um em laboratório para definir um ponto ótimo de compactação e o outro “in situ” (no próprio local). O estudo de caso discorre sobre técnicas de melhoramento de solo e sua influência em relação ao recalque (tanto no nivel quanto na velocidade), deslocamento horizontal e nivel de poropressão. Concluimos em termos mais práticos: quando não se usa nenhum metodo de melhoramento de solo o custo da obra diminui inicialmente porém o custo de manutenção é elevado, devido a lenta dissipação de poropressão, consequentemente o recalque acontece majoritariamente na fase adensamento. Quando se usa drenos verticais o recalque é rapido e o custo de manutenção cai bastante, o que é interessante economicamente, porém uma vantagem de se usar coluna de areias (apear de o recalque ser um pouco mais lento) é a de o aterro suportar maior carga, inclusive cargas dinamicas, sendo interessante para um viaduto, por exemplo. Essa maior resistência é devida ao geotextil garantir uma maior integridade para as colunas de areia, economiza por acelerar o recalque e ao mesmo tempo garantir uma boa resistência. Construção de aterros é uma área da engenharia totalmente atrelada a estudos do solo, portanto o engenheiro precisa ter conhecimentos de geotecnia e de mecânicas do solo. Estudar bem o localda obra e acompanhar todas as etapas para garantir um serviço de qualidade. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARANGON, M. Tópicos em Geotecnia e Obras de Terra. Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Engenharia, Departamento de Transportes e Geotecnia, Apostila de Curso, 2006. MARQUES, F. CUIDADOS NA CONSTRUÇÃO DE ATERROS E VIAS DE COMUNICAÇÃO. Workshop Práticas e Intervenções a Evitar em Engenharia Civil e Geologia da Engenharia. Laboratório Regional de Engenharia Civil, Ponta Delgada, 6 de dezembro de 2013. MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Reader’s Digest; São Paulo: Melhoramentos, 2000. MANTELLI, F.E.A. Ensaio de Compactação de Solos. Universidade Campinas, Faculdade de Tecnologia, Apostila de Curso, 201?. MULTIQUIP, do Brasil. 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