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Caderno Sistematizado I e II Direito Constitucional 2016

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Direito Constitucional 2016
 CADERNO SISTEMATIZADO (CERS + LFG + DAMÁSIO) - 2016
TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. 
DIREITO CONSTITUCIONAL: “É a ciência encarregada de estudar a Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados.” (BULOS, 2010 p. 56). O direito constitucional é dividido pela doutrina em 03 grandes ramos: 1) DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO – é a disciplina que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta em vigor de um Estado determinado; 2) DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO – seu objetivo é fazer comparações entre normas e princípios de várias Constituições, vigentes ou não; 3) DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL – a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser encontrados em várias Constituições, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário.
É o ramo de estudo da constituição que visa algumas perguntas básicas do direito constitucional (ex: o que é constituição?). 
A Constituição é um produto cultural, vale dizer, é fruto da criação do homem. A Constituição derivou de um movimento denominado Constitucionalismo.
Sentimento constitucional é aquilo que alguém entende por ser Constituição- Karl Loewenstein. 
No Brasil, Luiz Roberto Barroso entende como sentimento constitucional “o resultado útil do entranhamento da Constituição na vivência diária dos cidadãos, criando uma consciência comunitária de respeito e preservação da Constituição como símbolo maior de valor afetivo e pragmático”.
Mesmo que alguém não saiba o conceito de Constituição, todos nós temos o sentimento constitucional. A pessoa que pertence à nossa sociedade tem um sentimento do que seja a Constituição. Esse sentimento inclui a ideia de Constituição formal (documento escrito), que é fruto do Constitucionalismo.
Constitucionalismo é uma palavra plurívoca, admitindo vários significados.
Na doutrina, André Ramos Tavares identifica 4 (quatro) sentidos diferentes do Constitucionalismo:
Como se pode observar, há uma íntima conexão entre constitucionalismo, história, direitos humanos etc. Por tal motivo o professor CANOTILHO diz o seguinte: “O constitucionalismo é uma teoria normativa da política”, vale dizer, através da Constituição escrita a decisão política transformou-se por escrito em norma jurídica mais importante do sistema. O constitucionalismo é o repositório das decisões políticas fundamentais.
SÍNTESE DO CONCEITO DE CONSTITUCIONALISMO: Movimento histórico-cultural de natureza jurídica, política, filosófica e social, com vista à limitação do poder e à garantia de direitos, que levou à adoção de constituições pelos Estados.
Todo Estado possui Constituição?
A resposta a este questionamento dependerá da visão que o leitor possui acerca da Constituição. Se falarmos de Constituição em sentido material (conjunto de normas e de regras escritas ou costumeiras que tratam das instituições conformadoras do Estado em uma dada ordem jurídico-política, em um determinado momento histórico), todo o Estado sempre teve um Constituição, vale dizer, todo o Estado, ainda que minimamente organizado em termos políticos, possui regras de organização, e estas regras ainda que não escritas compões a Constituição no sentido material ou histórico. Mas Constituição em sentido formal nem todo o Estado teve no decorrer da história, e ainda hoje há Estados que não possuem Constituição em sentido formal. O sentimento constitucional de outras sociedades pode não corresponder à nossa, a exemplo do que ocorre nos Estados teocráticos, em que a Constituição está ligada a um documento religioso.
		
CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO (surgiu no século XIX por Carl Schmitt) não corresponde a nenhum movimento concreto, e abrange três elementos (de acordo com Canotilho):
Documento escrito (formal)
Garantia das liberdades (previsão de direitos fundamentais) e da participação política do povo (participação popular no parlamento)
Limitação do Poder (separação de poderes) por meio de programas constitucionais – ex.: Freios e contra pesos. 
CONSTITUCIONALISMO Dois sentidos:
Amplo: o constitucionalismo está ligado à existência de uma Constituição nos Estados. Todo Estado precisa ter Constituição. Não existe Estado sem Constituição (organiza, estrutura o Estado), norma escrita ou consuetudinária.
Estrito (mais usual): o constitucionalismo está ligado a duas idéias básicas:
Separação dos poderes: limitação dos poderes um pelos outros. Poderes de fiscalização, sistema de freios e contra-pesos. Se contrapõe a ideia de absolutismo. (Constitucionalismo X Absolutismo). Constitucionalismo como a busca do homem pela limitação do poder político.
Garantia dos direitos: Qual a finalidade da limitação dos poderes? Para que os direitos dos cidadãos sejam assegurados.
Poder deve ser limitado para que os direitos sejam assegurados.
Art. 16, da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão só se pode falar em Constituição se limitar o poder do estado e assegurar os direitos do cidadão, sob pena de ser apenas Constituição formal e não material e legitimada.
FASES DO CONSTITUCIONALISMO
FASE 1: CONSTITUCIONALISMO MODERNO – final do Séc. XVIII (Revolução liberais – Francesa e Norte Americana) até o fim da 2 GM (1945): 
- foi a partir do Sec. XVIII que surgiram as primeiras constituições escritas, formais e rígidas. Antes eram Constituições baseadas em costumes, Inglaterra (Magna Carta, Bil of rights, constituição consetudinária, documentos esparsos). 
- A partir do Séc XVIII. Surge a ideia de rigidez constitucional, documento com elaboração mais solene que as leis ordinárias. Antes não havia distinção entre elaboração de leis e Constituição.
Dentro do Constitucionalismo Moderno há duas subfases:
SUBFASE 1: Constituições Liberais / constitucionalismo liberal: valor central a liberdade. Não existem direitos dados pelo Estado, os direitos são conquistados pela sociedade. Até o final do Séc XVIII, os Estados não eram Estados de Direito, eram Estados Absolutistas, todo poder se concentrava na mão do Soberano. As Revoluções liberais (burguesia) pretenderam romper esse poder ilimitado para ocorrer o respeito das liberdades.
Constituições Liberais consagraram os direitos ligados à liberdade 1º GERAÇÃO / dimensão dos direitos fundamentais. Consagraram direitos civis (vida, propriedade, religiosa, igualdade do aspecto formal). Característica:
Direitos civis direitos de defesa do indivíduo contra o arbítrio do Estado.
CARATER NEGATIVO direitos de defesa exigem conduta negativa do Estado abstenção.
A própria ideia de Estado liberal é de Estado Abstencionista.
Direitos Políticos Direitos de participação do indivíduo na vida política do Estado.
Geração Associação entre o lema da revolução francesa com o surgimento dos direitos fundamentais ao longo da história, aqui no Brasil mencionada por Bobbio e Bonavides. 
Duas experiências que influenciam até hoje o constitucionalismo contemporânea (contribuições principais):
Experiência dos EUA:
Criação da PRIMEIRA Constituição Escrita da história (1787, que até hoje está em vigor!!!) Sofreu muito menos alteração que a CF/88. É modelo de CF Liberal e Clássica, pois consagra apenas os temas constitucionais = estrutura do Estado, organização dos poderes e direitos fundamentais. Constituição Sintética.
	A CF/88 é analítica, vai além... prevê Administração pública, ordem social, sistema tributário...
Criação do CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE (pode ser exercido por qualquer julgador). Bases teóricas estabelecidas pela decisão de Marchall no caso Marbury X Madison (1803). Até hoje não existe previsão expressa do controle de constitucionalidade, lá nos EUA o controle é fruto de criação jurisprudencial.
Criação do SISTEMA PRESIDENCIALISTA e a adoção da FORMA FEDERATIVA DO ESTADO. Antes existia Monarquia Parlamentarista. Quando as 13 colônias britânicas se uniram substituíram a figura do monarca dentro da separação dos poderes. Sistema presidencialistaé uma adaptação da figura do Monarca para o Estado de Direito. 
Foi com os EUA que o federalismo passou a ser vista como Estado. 
Nos EUA desde sempre a CF era reconhecida como documento normativo. Essa visão não era a predominante na Europa e na França. A Europa prevaleceu por muito tempo a Constituição como documento essencialmente político (até metade do século XX) e não como documento essencialmente jurídico de caráter vinculante para os poderes públicos, principalmente para o Poder Legislativo. Apenas em Março de 2010 foi implementado o sistema de controle repressivo, pois lá até pouco tempo prevalecia o parlamento.
Experiência da França:
Constituição prolixa. Primeira Constituição Francesa, 1791, logo após a Revolução Francesa. Segunda em 1793.
Ideia de PODER CONSTITUINTE. A formulação teórica do Poder Constituinte até hoje se baseia em Abade Sieyes.
SUBFASE 2: Constituições sociais / constitucionalismo social – 1917, logo após o fim da 1GM - 1914: O Estado liberal entrou em crise com a crise econômica do fim da 1GM. Consagraram direitos civis, políticos e sociais. Exigiam do Estado postura de abstenção (caráter negativo) e de intervenção (caráter positivo – prestação materiais e jurídicas, para reduzir as desigualdades). 
Constituição Mexicana de 1917
Constituição de Weimar (Alemã) de 1919, até hoje muito influente.
Constituições sociais consagraram os direitos ligados ao social 2º GERAÇÃO / dimensão dos direitos fundamentais. Consagraram direitos sociais (sociais, econômicos, culturais, igualdade do aspecto MATERIAL). Característica:
Direitos Sociais direitos prestacionais
CARATER POSITIVO exigência de prestação materiais e jurídicas do Estado.
FASE 2: CONSTITUCIONALISMO CONTEMPORÂNEO – fim da 2GM. Alguns designam como neoconstitucionalismo (uma das acepções desse termo). Luis Roberto Barroso (texto do neoconstitucionalismo). 
É percebido pelos doutrinadores o constitucionalismo contemporâneo como amálgama das duas constituições influentes do constitucionalismo moderno da primeira fase Constituição dos EUA e Francesa.
Características marcantes:
Reconhecimento definitivo da FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO – (nos EUA desde o início tinha). [Konrad Hesse – Livro - Força Normativa da Constituição traduzido por Gilmar Mendes]. Constituição deixasse ser vista como documento eminentemente político e passasse a ser vista como documento jurídico com força jurídica. 
Antes, até a metade do Sec. XX não eram vistas as Declarações de Direitos Fundamentais como vinculantes lá na Europa, porque a visão era idealista do Parlamento, sem necessidade de vincular o Poder Legislativo. Existiam as normas programáticas = diretrizes / conselhos programas de ação que não vinculavam o legislador. Após a metade do séc. XX alterou-se o cenário com grande contribuição do Konrad.
No Brasil demorou esse reconhecimento da força da CF/88, pelos anos 2000 chegou aqui concepção da força normativa vinculante da CF, de que as normas programáticas não são meras diretrizes. HOJE TODOS OS DISPOSITIVOS CONTIDOS NA CONSTITUIÇAO SÃO VINCULANTES E OBRIGATÓRIOS!
REMATERIALIZAÇÃO das constituições (França): significa que as Constituições passaram a consagrar em seu texto normas que anteriormente estavam contempladas no âmbito infraconstitucional. Passaram a ter como exemplo a constituição analítica francesa. Hoje dificilmente se encontra uma Constituição sintética. Causa experiências autoritárias fascismo na Itália, ditaduras militares na América Latina... Houve a necessidade de dar proteção qualificada a determinados assuntos, para não deixar a cargo do legislador.
As constituições do pós guerra consagram os direitos fundamentais de 3 GERAÇÃO – Fraternidade / Solidariedade.
Segundo Paulo Bonavides, os direitos de 3 geração são (rol exemplificativo):
Direito ao progresso ou ao desenvolvimento – um dos princípios que regem as relações internacionais, art. 4, CF
Direito ao meio ambiente.
Direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade
Autodeterminação dos povos - um dos princípios que regem as relações internacionais, art. 4, CF
Direito de comunicação
Outros direitos difusos são citados por outros autores como:
Direitos do consumidor
Direitos dos idosos e das crianças
Dentro dessa rematerialização também foram consagrados os direitos de 4 GERAÇÃO, que segundo Paulo Bonavides seriam (vem sendo cobrado nas provas do CESPE):
Direitos à democracia: No sentido da evolução da democracia no Brasil.
até dec 30 as mulheres não votavam. Antes disso somente homens com renda. Universalização do direito ao sufrágio é uma conquista relativamente recente.
Mecanismos de participação popular direta: referendo, plebiscito.
Antes era apenas no aspecto formal vontade da maioria. Hoje é conceito superado. Democracia tem aspecto formal e material vontade da maioria + proteção de direitos básicos, inclusive das minorias, que não conseguem se fazer representar de modo igualitário. É por isso que se diz que o Poder Judiciário tem poder contramajoritário, porque é quem deve asseguras os direitos básicos de todos
Direito à informação: direito a informar, ser informado e se informar.
Direito ao pluralismo: um dos fundamentos – art. 1, CF. (Cuidado! Não é só o pluralismo político partidário)
Pluralismo Abrange: Pluralismo político partidário, cultural, ideológico, religioso... O Estado tem que respeitar as diferenças, diferentes concepções, visões de mundo... resquício de combate à 2GM.
“Temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza (igualdade material – prestação positiva do Estado); temos direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza (respeito às diferenças – prestação negativa do Estado)” (Sociólogo Português Boaventura de Souza Santos). Paralelo do direito à igualdade e direito à diferença.
OBS: Até a 2 geração há consenso. Na 3 uma divergência doutrinária e depois na 4 geração é uma bagunça e 5 nem se fala.
FUNDAMENTOS da República Federativa do Brasil (art. 1) ≠ Objetivos fundamentais (art.3) ≠ Princípios que regem o Brasil nas relações internacionais (art. 4) 
FUNDAMENTOS (inerentes ao Estado Brasileiro) da República Federativa do Brasil (art. 1) normas que servem de alicerce / base da estrutura do Estado Brasileiro 
Objetivos fundamentais (art.3) não são inerentes ao Estado Brasileiro, são objetivos, metas que os poderes públicos devem alcançar dependem de políticas públicas
Princípios que regem o Brasil nas relações internacionais (art. 4) 
Dentro dessa rematerialização também foi consagrado o direito de 5 GERAÇÃO, segundo Paulo Bonavides, Direito à paz
CENTRALIDADE DA CONSTITUIÇÃO E DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS = CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO (termo para designar esse fenômeno): Esse fenômeno pode ser dissecado em 3 aspectos:
Consagração de normas de outros ramos do direito no texto da Constituição: Princípios gerais e por vezes até mesmo regras específicas consagradas na CF. 
Ex: Art. 5 com princípios processuais civis e penais, direitos civis, garantias penais. Art. 7 (direito trabalhista). Art. 37, CF. (direito administrativo) Art. 150 (tributário), Ordem social (normas de direito previdenciário).
Filtragem constitucional – interpretação conforme a CF (será estudado no controle de constitucionalidade): consiste na interpretação das normas de outros ramos do direito a luz da Constituição. (óculos constitucionais). Passar os dispositivos da lei pelo filtro da constituição, para retirar o sentido mais harmônico com a Constituição. 
Ex1: ADPF 54, interpretação da antecipação terapêutica de parto de feto anencéfalo não é crime de aborto do CP/1940.
Ex 2: ADI reconhecimento dos direitos das uniões heteros para as uniões homos. Interpretação ao art. 1.723, CC, com base nos princípios da isonomia, não discriminação, dignidade da pessoa humana, pluralismo.
A eficácia horizontal dos direitos fundamentais (será estudado nos direitos fundamentais): quando foram consagrados os direitos fundamentais nas primeiras constituições liberais eramapenas de eficácia vertical, apenas oponíveis ao Estado, não eram oponíveis a outros particulares. Na Constituição Americana apenas faz referência ao respeito do Poder Público. Com o passar do tempo se percebeu que a opressão ao particular vinha também de outros particulares. Evoluiu no sentido que os direitos fundamentais se aplicam nas relações entre particulares (mesmo nível jurídico, ausência de subordinação). 
Constituições Liberais				Neoconstitucionalismo
Estado						Particular Particular
 
Particular
FORTALECIMENTO DO PODER JUDICIÁRIO E DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL = JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E DAS RELAÇÕES SOCIAIS (termo para designar esse fenômeno): a consequências das 3 características acima é o fortalecimento do PJ. Questões que eram resolvidas no âmbito político agora são resolvidas pelo PJ. Antes questões internacorporis o STF não analisava, agora se afrontam direitos fundamentais podem-devem ser analisadas pelo STF Ex: Lei da Ficha Limpa, nepotismo.... Atualmente quando se perde na arena política a oposição recorre ao STF. 
 O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO? Do ponto de vista jurídico, a Constituição é o documento que estabelece e disciplina o conjunto de elementos essenciais ao Estado. Se o Estado vai ser constituído, será necessário tratar de seus elementos (humano – povo, físico – território e político – soberania ou governo; há doutrinadores que acrescentam um 4º elemento que é a finalidade (Mazzuoli)), que serão tratados pela CONSTITUIÇÃO.
A doutrina aponta que Abade de Sieyès foi o formulador do conceito moderno de Constituição (através da publicação do livro “O que é o Terceiro Estado?”). Destaca-se, em seu pensamento, o deslocamento de eixo de legitimidade do poder político – antes calcado em bases teocráticas – para um substrato de legitimidade alicerçado na soberania da nação.
A partir do Séc. XIX, teve início o que se chamou de CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO), segundo o qual toda nação deveria ter uma constituição, que, por sua vez, deveria ter 03 elementos: 1) Sistema de garantias da liberdade (implementado a partir da existência de direitos individuais e da participação popular no parlamento); 2) Princípio da separação dos poderes (Montesquieu) e 3) Forma escrita.
Já no Séc. XX, surgiu a ideia da RACIONALIZAÇÃO DO PODER: já não basta a previsão dos direitos fundamentais, é preciso garantir condições mínimas para que um poder democrático possa subsistir.
OBJETO DA CONSTITUIÇÃO: é a disciplina dos elementos constitutivos do Estado (meios de aquisição do poder, sistema de governo, forma de governo). Questão é saber se o objeto é DINÂMICO ou ESTÁTICO. É sempre dinâmico, porque a sociedade humana está sempre em evolução, sempre se modificando.
CONCEPÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O QUE É A CONSTITUIÇÃO: são 03: 1) CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA - Ferdinand Lassale - a Constituição é, em essência, a soma dos fatores reais de poder que regem um determinado Estado, a Constituição não é um mero produto da razão, algo inventado pelo homem, mas sim o resultado concreto do relacionamento entre as forças sociais. Características do enfoque sociológico: 1) a Constituição é vista mais como fato do que como norma, prioriza-se a perspectiva do ser e não a do dever-ser; 2) a Constituição não está sustentada numa normatividade superior transcendente (como seria o direito natural), está baseada nas práticas desenvolvidas na sociedade. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade, p. 26); 2) CONCEPÇÃO POLÍTICA - Carl Schmitt - a Constituição significaria a decisão política fundamental. Para Schmitt, há diferença entre Constituição e lei constitucional. A Constituição resulta da manifestação de um poder constituinte que, por intermédio de uma decisão política fundamental, crie e organize o Estado. Assim, o conteúdo próprio da Constituição é simplesmente aquilo que diga respeito à estrutura básica do Estado, à sua conformação fundamental. A Constituição limitar-se-ia, portanto, a disciplinar a forma de Estado, a forma de governo, o Sistema de governo, o regime de governo, a organização e divisão dos poderes, o rol de direitos individuais. As leis constitucionais, por sua vez, são todas aquelas normas inscritas na Constituição mas que não têm a natureza de decisão política fundamental. Estas normas só se tornam constitucionais em virtude do documento em que estão inseridas. A matéria de que tratam poderia muito bem ser relegada à legislação ordinária; 3) CONCEPÇÃO JURÍDICA (KELSEN, no livro TEORIA PURA DO DIREITO) – a constituição é norma pura é um dever ser, não há fundamento sociológico ou político, é pura norma. O Kelsen dá 02 sentidos à palavra constituição: 1) JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas inferiores e superiores). No topo da pirâmide há uma norma suprema que impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO; 2) LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico.[1: 	A concepção jurídica da Constituição tem em Hans Kelsen seu principal representante. Neste sentido a Constituição é vista essencialmente como norma jurídica, norma fundamental ou lei fundamental de organização do Estado e da vida jurídica de um país. – A Constituição é considerada como norma pura, puro dever-ser, completamente desligada da sociologia, da política, da filosofia ou da moral. A Teoria Pura do Direito de Kelsen visa exatamente tornar puro o objeto de estudo da ciência jurídica (as normas jurídicas) livrando-o de qualquer juízo de valor moral ou político, social ou filosófico. – Constituição em Kelsen tem dois sentidos: 1) sentido lógico-jurídico: Constituição = norma hipotética fundamental. Como Kelsen não admite que o direito se fundamente em qualquer elemento sociológico, político ou filosófico, ele teve que cogitar de uma norma fundamental, meramente hipotética, que existe apenas como pressuposto lógico da validade da própria Constituição. O teor desta norma hipotética fundamental seria mais ou menos este: “obedeça a tudo o que está na Constituição”. 2) sentido jurídico-positivo: é a Constituição positiva. É a norma positiva suprema; conjunto de normas que regulam a criação de outras normas. É a Constituição que confere a unidade ao ordenamento jurídico de um Estado. Com efeito, no ápice do ordenamento jurídico está a Constituição. – Esta é o fundamento de validade de todas as outras normas jurídicas. É da Constituição que se extrai a validade de todas as outras normas infra-constitucionais em qualquer órbita: federal, estadual ou municipal. – Consideração sobre Hans Kelsen: elogia-se a grande racionalidade e a lógica que Kelsen imprimiu à ciência do direito. A grande objeção é que seu intento de purificar o direito, livrando-o da moral, da ética, da política não pode ser de todo satisfeito. Isto porque se é correto e aceitável que todas as normas infra-constitucionais devam buscar na Constituição seu fundamento de validade; é altamente arriscado e diria até inaceitável que o fundamento de validade da própria Constituição seja simplesmente uma suposta norma hipotética fundamental. A construção teórica genial de Kelsen, se não estiver ligada a uma concepção filosófica, política, respeitadora dos direitos humanos, pode ser utilizada tanto pelos Estados mais democráticos e justos quanto pelos mais injustos e autoritários. Não se poderia aceitar, por exemplo, uma norma constitucional que estabelecesse como um dos objetivos do Estado exterminar uma parcela da população. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Aplicabilidade; e MICHEL TEMER).][2: 	BONAVIDES: O formalismo de Kelsen ao fazer válido todo conteúdo constitucional, desde que devidamente observado o modus faciendi legal respectivo,fez coincidir em termos absolutos os conceitos de legalidade e legitimidade, tornando assim tacitamente legítima toda espécie de ordenamento estatal ou jurídico ... até o Estado nacional-socialista de Hitler fora Estado de Direito.]
CONCEPÇÕES MODERNAS: Além dessas 03 concepções clássicas, existem outras 03 concepções ou teorias, mais modernas: 1) TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - KONRAD HESSE – é uma resposta ao Lassale. A constituição escrita NÃO necessariamente será a parte mais fraca no embate, pode ser que a constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais de poder, ela pode modificar o conjunto de forças da sociedade, modificando a sociedade; não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos; 2) CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA - MARCELO NEVES - a utilização da norma constitucional como símbolo, o legislador constituinte quando elabora o texto, tinha a real intenção de concretizar o que escrevia ou a intenção era somente entregar um símbolo à sociedade. Será que a constituição é para ser efetiva ou é para ser um símbolo. Nas constituições ditatoriais, também existe rol de direitos fundamentais, que não ocorrem no mundo dos fatos; 3) CONSTITUIÇÃO ABERTA - PAULO BONAVIDES e CARLOS ROBERTO CIRQUEIRA CASTRO – o objeto da constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não será enclausurado em si mesmo. As necessidades sociais vão se espalhar por outros ramos, sob pena de ficar ultrapassada e ser condenada à morte. Está repleta de conceitos abertos.[3: 	A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição tem uma força normativa, não sendo somente uma folha de papel (LASSALLE). As questões jurídicas somente serão convertidas em questões de poder, caso não haja a satisfação de determinados pressupostos. O autor reconhece a existência de uma VONTADE DA CONSTITUIÇÃO, não só há a vontade do poder, há também a vontade da própria constituição. Deve ser reconhecida a força normativa da Constituição, sob pena de ser confundida com a Sociologia ou a Ciência Política. Não pode haver o isolamento entre a norma e a realidade, como propõe o positivismo. A constituição jurídica e a constituição real complementam-se, condicionam-se mutuamente, mas não dependem, pura e simplesmente, uma da outra.]
Classificação das Constituições 
A doutrina apresenta várias classificações distintas: 1) QUANTO AO CONTEÚDO: 1.1) MATERIAIS – “são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais” (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 44). 1.2) FORMAIS – documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. Estabelece o peculiar modo de existir do Estado. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 45). As normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, possuem supremacia em relação à lei ordinária; 2) QUANTO À FORMA: 2.1) ESCRITAS ou DOGMÁTICAS – fruto de um trabalho racional ou sistemático, aplicando-se racionalmente os dogmas da sociedade; 2.2) CODIFICADA – um único texto; 2.3) NÃO-CODIFICADA (ESPARSA/LEGAL) – dois ou mais textos; 2.4) NÃO-ESCRITAS ou COSTUMEIRAS ou CONSUETUDINÁRIAS ou HISTÓRICAS – é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia nos costumes e na jurisprudência, também pode ter texto escrito, especificamente no caso da constituição inglesa há texto escrito, tratam-se de textos históricos que se incorporam à constituição; 3) QUANTO À ORIGEM: 3.1) DEMOCRÁTICAS ou POPULARES ou PROMULGADAS – são as elaboradas por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma assembleia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, são: 1891, 1934, 1946 e 1988; 3.2) OUTORGADAS ou IMPOSTAS – impostas pela força, sem participação popular. No Brasil, são: 1824, 1937, 1967 (foi aprovada pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e soberana, além de que o congresso não foi eleito para fazer uma constituição, ou seja, não existia outorga do poder pelo povo para a elaboração de constituição) e 1969 (há discussão se se trata até mesmo de constituição); 3.3) PACTUADAS – quando o poder constituinte NÃO está na mão do seu titular o povo. Mas quando houver a divisão entre os dois (o povo e o poder constituinte), a constituição será pactuada; 3.4) CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS – consulta popular depois que o texto esteja escrito, na verdade é um referendo e não um plebiscito, que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto; 4) QUANTO À ESTABILIDADE: 4.1) RÍGIDAS – nessas constituições, os processos de elaboração das emendas são diferentes dos processos de elaboração da lei. Na CF (art. 60), dois turnos. São pilares do direito constitucional: SUPREMACIA CONSTITUCIONAL, RIGIDEZ, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, somente se pode falar em controle se há supremacia e rigidez; 4.2) FLEXÍVEIS – a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não há divergência entre os procedimentos de uma e outra; 4.3) SEMI-RÍGIDAS – parte é rígida e parte é flexível; 5) QUANTO À EXTENSÃO: 5.1) CONCISAS ou BREVES ou CURTAS ou SINTÉTICAS: preveem somente princípios e normas gerais, não vão se preocupar em definir todos os efeitos. São típicas do estado liberal; 5.2) LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é bastante ampla. São típicas do estado de bem estar social; 6) QUANTO À FINALIDADE: 6.1) NEGATIVAS ou GARANTIA: equivalem às concisas; 6.2) DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus direitos, equivalem às constituições longas; 6.3) CONSTITUIÇÕES BALANÇO: De conotação socialista, representa um estágio no desenvolvimento das forças produtivas, porque são essas forças econômicas que moldam o arcabouço jurídico. Inspirada na teoria dos “fatores reais de poder”, de Lassale, ela deve registrar a organização estabelecida em determinado momento histórico.
Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEWENSTEIN. Ele vai cotejar a constituição com o processo político: 1) NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou seja, a constituição que se impõe ao processo político; 2) NOMINAL – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele; 3) SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao povo.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES: 1) Constituição expansiva – sinônimo de Constituição analítica; 2) Constituição contratual ou pactual – resultado da aliança entre o rei e o Poder Legislativo; 3) Constituição semântica – é aquela que só serve para legitimar os interesses da classe dominante, sem que seus fundamentos tenham eficácia; 4) Constituição garantia – seu objetivo é de assegurar a liberdade, limitando para isso o poder estatal através da separação de poderes; 5) Constituição legal – é a que se apresenta esparsa ou fragmentada em vários textos; 6) Constituição total – refere-se àquela que engloba os vários tipos de perspectivas constitucionais, como o político, o sociológico, o normativo. É a visão da lei maior em sua integralidade; 7) Constituição oral - é a que não está sedimentada em um determinado texto escrito; 8) Constituição compromissória – é a que se originou de um compromisso constitucional, fruto de uma ampla composição entre as várias classes sociais.
OBSERVAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: FORMAL, ESCRITA, DOGMÁTICA, PROMULGADA, RÍGIDA E ANALÍTICA.
Poder Constituinte
ORIGINÁRIO E DERIVADO. É o poder que cria a norma constitucional, tornando-a exigível, cria e põe em vigor a norma constitucional (Estrutura do Estado, Divisão dos Poderes e outros). Visa a criar a Constituição, a estabelecer a estrutura do Estado. Ele se manifesta em momentos de crise (não necessariamente violenta), porque instaura uma Nova Ordem Constitucional (crises jurídica, econômica, social e política). O Poder Constituinte legitima a estruturado Poder. Inicialmente, Sieyes pensava no Poder Constituinte tendo como titular a nação, o que foi depois evoluído para povo.
Teoria do Poder Constituinte
 O marco foi a Teoria de SIEYÈS, com o livro “O que é o Terceiro Estado” (A Constituinte Burguesa). A manifestação deve ser feita pelos representantes do Povo, materialização do Poder, no conceito de representatividade. Exercício da soberania popular. Distinguiu: O Poder Constituinte (poder de elaborar a estrutura do Estado e dividir os Poderes) do Poder Constituído (Poderes reconhecidos pela constituição são: o Legislativo, Executivo e Judiciário).
Natureza do Poder Constituinte
A natureza do Poder Constituinte é jurídica ou extrajurídica? Existem duas correntes doutrinárias que procuram impor suas posições: 1) JUSPOSITIVAS (KELSEN): o poder constituinte é um poder histórico, ele simplesmente existe, ou seja, é assim, não se funda em uma ordem jurídica superior, ele inaugura toda a normatização jurídica, ele é um fato, não deriva de outro direito superior, o poder que antecede a norma, sendo um Poder Político. No Brasil, essa é a posição adotada; 2) JUSNATURALISTAS (TOMÁS DE AQUINO): o fundamento de validade do poder constituinte está no direito natural, que é superior hierarquicamente ao poder constituinte, ou seja, ele existe por força do sistema de direito natural; os adeptos reconhecem no Poder Constituinte a natureza extrajurídica, já que o Direito não é só norma.[4: 	Poder político (governo): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie institucionalizada (organizado e permanente) de poder social: possibilidade de alguém (Estado) impor sua vontade sobre os outros e exigir o cumprimento de suas ordens (leis). É preciso ressaltar que o poder político não é exclusivo: permite a existência de outros poderes paralelos (poder econômico, poder social, poder sindical etc.) mas está acima de todos eles. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: capacidade de editar normas jurídicas e de fazê-las cumprir. (CELSO BASTOS, cap. II).]
Titularidade do Poder Constituinte 
Titularidade do Poder Constituinte: Quem é o titular do Poder Constituinte? Para Sieyès, é a nação, mas hoje o titular é o povo. Nação é identidade de língua, cultura e raça. Povo é parte da nação que habita determinado território. Titular do poder constituinte é o POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos da CF (artigo 1o., CF/88). Os exercentes do poder constituinte são os REPRESENTANTES DO POVO. Manifestação do Poder Constituinte: 1) Referendos constitucionais (Democracia direta) e 2) Representantes do povo (Democracia representativa)[5: Povo é o conjunto de pessoas que têm a mesma nacionalidade, ou seja, ligação jurídica a um determinado Estado (povo é um conceito jurídico). Difere da idéia de população (conceito demográfico), que é a expressão numérica dos habitantes de um Estado (inclui os estrangeiros residentes) e difere da idéia de nação (conceito sociológico, cultural), que é o conjunto de pessoas que têm em comum fatores culturais, étnicos, históricos e/ou lingüísticos. OBS: Povo mas não nação: cidadãos da antiga Iugoslávia. Nação mas não povo: os palestinos (já que a Palestina não é um Estado) e os curdos (pode-se falar em nação curda mas não em povo curdo, já que não há um Estado Curdo).]
Poder Constituinte Originário 
Poder que cria uma nova ordem constitucional. É o capaz de fazer nascer uma nova constituição, é o poder que o povo tem de escrever uma nova constituição para conduzir os seus destinos. Tem a natureza jurídica política (pré-jurídico), não é norma é fato social, antecede a formação. A sua manifestação ocorre em um momento de ruptura da sociedade, quando uma nova ordem constitucional precisa ser escrita. Essa ruptura pode ser: 1) revolução, que pressupõe o uso da força, que se legitima pelas injustiças da ordem anterior, é a tomada do poder por quem não está no poder; 2) golpe de Estado, é a tomada de poder por quem já está em exercício de uma parcela de poder; 3) transição constitucional, ocorre quando uma colônia tem a sua independência preparada pelo colonizador, foi o que ocorreu no Brasil, com a ruptura do regime ditatorial para um regime democrático, por um amadurecimento político houve o surgimento de uma nova constituição. [6: Há um direito à revolução, quando o povo esteja sendo oprimido pelas instituições jurídico-políticas. ]
 Característica do Poder Constituinte Originário 
À luz da corrente juspositivista, o poder constituinte originário é: 1) Inicial – não existe nem poder de fato e nem direito acima dele; inicia toda a normatividade jurídica; 2) Autônomo – não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia; só o soberano, o titular, pode dizer o seu conteúdo; 3) Incondicionado – não se sujeita a nenhuma outra norma jurídica; 4) Ilimitado – nenhum limite de espécie alguma, muito menos imposto pela ordem jurídica anterior. Não tem que respeitar ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido. Mas a Constituição – para relativizar ou desconstituir os institutos do ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido – deve ser EXPRESSA, não basta a omissão, os dispositivos constitucionais devem ser claros e expressos para desconstituir essas garantias constitucionais. A nova constituição tem dois fenômenos em nome da segurança jurídica: RECEPÇÃO de toda a legislação que não a contrariam e RECEPÇÃO de todo ato jurídico perfeito, coisa julgada ou direito adquirido que não a contrarie. Juridicamente, NÃO há limites, mas, as relações humanas não são ditadas apenas por normas jurídicas, assim, a assembleia nacional constituinte tem limites metajurídicos (sociologia, história, cultura), que estão fora do direito, mas presentes nas relações sociais estabelecidas e reconhecidas historicamente. JORGE MIRANDA classifica essas limitações (há outras tantas propostas) em: 1) Ideológicas – baseadas na opinião pública, no pensamento predominante; 2) Institucionais – ligadas a instituições arraigadas na sociedade; 3) Substanciais – divididas em 03 grupos: a) Transcendentes: valores éticos superiores, uma consciência ética coletiva, direitos fundamentais ligados à dignidade do homem, isso está fora do direito positivo; b) Imanentes: dizem respeito à história do Estado; c) Heterônomas: dizem respeito ao direito internacional, nenhum Estado pode mais tentar ser isolado dos problemas do planeta, que por sinal são comuns de todos os estados.
Positivação do Poder Constituinte Originário 
O momento da POSITIVAÇÃO ocorre quando a nova Constituição deixa de ser um PROJETO DE CONSTITUIÇÃO e passa a ser uma nova constituição. A positivação pode ser por: 1) OUTORGA (ato de força do poder totalitário); 2) PROMULGAÇÃO (último ato da assembleia constituinte) ou 3) REFERENDO (aprovação posterior pelo povo).
Poder Constituinte Derivado ou Secundário 
 As constituições obedecem ao princípio da IMUTABILIDADE RELATIVA, ou seja, não são eternas, mas, por outro lado, não podem ser modificadas de forma contumaz. Essas modificações não podem ferir o espírito da constituição, só quem pode fazer isso é o poder originário, mediante um processo de ruptura. Essas alterações podem ser: 1) FORMAIS – há Estados que não diferenciam as emendas da revisão, no Brasil, não há essa nítida distinção, já que a previsão de revisão foi pontual. a) Emenda – será uma revisão pontual; b) Revisão – será uma revisão total; c) Tratados equivalentes à emenda (EC/45); 2) INFORMAIS – são as que modificam a CF sem alterar o seu texto; ocorrem por meio de: interpretação evolutiva, jurisprudência, doutrina, aplicação de conceitos jurídicos indeterminados. A isso se dá o nome de MUTAÇÃO, que a doutrina admite. Neste ponto, destaca-se o que parte da doutrina chama de “Poder Constituinte Difuso”.
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL não ofende o texto da lei, a sua literalidade (artigo 5o., XI, CF).
MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL (artigo 102, § 2o., CF) – as decisões definitivas de mérito admitem efeito vinculante, mas, por meio de decisão do STF admitiu-seo efeito vinculante da decisão liminar, com nítida ofensa à literalidade da constituição; dizer que a liminar tem efeito vinculante viola-se a literalidade da CF, sem mudar o texto.
As mutações informais são fruto de um “PODER CONSTITUINTE DIFUSO” (JELLINEK).
Características do Poder Constituinte Derivado ou Secundário 
Estão mais relacionadas aos mecanismos formais: 1) Derivado: decorre do poder constituinte originário e da constituição; 2) Subordinado: hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do poder constituinte originário; 3) Condicionado ou Limitado: só pode ser exercitado nos casos previstos pelo poder constituinte originário, que estabelece regras que determinam a contenção do seu exercício. É o poder para alterar uma ordem constitucional pré-existente; além das limitações metajurídicas terá também limitações jurídicas.
Espécie de Poder Constituinte Derivado ou Secundário
Ele pode ser de duas espécies: 1) Decorrente (Poder de estabelecer uma nova constituição em um segundo nível – Estadual). Art. 11, ADCT; 2) Reformador ou de revisão: poder de alterar a própria constituição. Há quem negue a existência do poder constituinte derivado, somente existindo o poder constituinte originário. A reforma da constituição seria um PODER CONSTITUÍDO (MIN CARLOS AYRES DE BRITO). Não é possível imaginar o poder de constituir o estado sem imaginar o correlato poder de DESCONSTITUIR o estado anterior, ou seja, o PODER DESCONSTITUINTE. Enquanto, é escrito algo novo, a ordem antiga é apagada. Somente quem tem esse poder de desconstituir o estado anterior é o poder constituinte originário. O que classicamente se chama de poder constituinte reformador não tem a força de desconstituir o Estado anterior, assim, muitos doutrinadores defendem que somente é poder constituinte o originário, que tem essa capacidade correlata de desconstituir a ordem posta. Há quem diga também que somente é poder constituinte uma única espécie de poder: PODER FUNDACIONAL, qual seja, aquele que faz a primeira constituição do Estado. 
Limites do Poder Constituinte Reformador 
Na CF/88, os limites do poder constituinte derivado reformador estão fixados no art. 60.
Limite Temporal
Esse limite consiste no estabelecimento de prazo. A Constituição Federal de 1988 não tem. A Constituição Federal de 1824 tinha.
Limite Circunstancial
A Constituição não pode ser alterada em algumas circunstâncias, sob o fundamento legitimador de que o ânimus do legislador estará alterado: estado de defesa; estado de sítio e intervenção federal (§ 1o.). Esse limite é absoluto, mas provisório; a emenda pode ser proposta, mas, se for discutir, há divergência doutrinária; agora a partir de votar não pode. A emenda pode ser até discutida.
Limite Material
Por força desse limite, excluem determinada matéria do Poder Constituinte derivado reformador, por ser superior no ordenamento nacional. Os limites materiais podem ser: EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS:
Limite Expresso
Limitação material expressa. PROPOSTA de emenda tendente a abolir. O limite expresso trata das cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas (art. 60, § 4º ). 
Não será objeto de DELIBERAÇÃO, ou seja, o processo sequer pode chegar ao final, o vício é anterior à deliberação da emenda, hipótese de controle de constitucionalidade preventivo e judicial, cabimento de MS impetrado por parlamentar (STF). O voto obrigatório NÃO é cláusula pétrea, ele existe na CF, mas, pode ser abandonado por emenda, adotando-se voto facultativo.
Quanto aos direitos e garantias individuais há uma discussão sobre qual a interpretação que deve ser utilizada. Assim, dependendo da interpretação, haverá consequências distintas em relação à aplicação da limitação prevista no dispositivo. Se a INTERPRETAÇÃO for: 1) LITERAL: ficam afastados os direitos sociais, difusos, coletivos; sendo objeto de proteção somente os direitos e garantias puramente individuais. O STF ainda não foi decisivo quanto a isso, mas, já entendeu que existem cláusulas pétreas fora do artigo 5o; 2) TELEOLÓGICA OU SISTEMÁTICA: é uma posição mais moderna, por meio da qual, deve-se entender como objeto da proteção do artigo todos os DIREITOS FUNDAMENTAIS. O inciso IV, do § 4o, deve ser interpretado ampliativamente, para restringir a emenda. Deve ser entendido que os DIREITOS FUNDAMENTAIS são cláusulas pétreas, sejam individuais, coletivos, difusos ou sociais. Há direitos fundamentais que são FORMALMENTE FUNDAMENTAIS, mas não têm substância de direitos fundamentais, assim, não são cláusulas pétreas, somente os que têm substância de direito fundamental não poderão ser abolidos, sem os quais não há vida humana digna. Fazendo interpretação sistemática e teleológica, o STF entendeu que medida provisória pode tratar de matéria penal, desde que seja para beneficiar o réu. (RE 254818/PR, julgado em 08/11/2000)
Limite Implícito
Redução de cláusula pétrea e a titularidade do Poder Constituinte Originário (não pode existir emenda que restrinja a titularidade do poder constituinte originário); emenda modificando o exercente do poder reformador; as limitações metajurídicas; modificação do processo de emendas futuras, facilitando ou dificultando (há quem diga que pode dificultar) os processos de emenda, se permitir que dificulte, o reformador está limitando a si próprio o que não é possível juridicamente. Pode haver uma nova revisão constitucional como foi em 1993? Está relacionado com a possibilidade de poder facilitar a revisão constitucional; o rol de cláusulas pétreas, o conteúdo é fluido no tempo, a questão é saber se pode ou não modificar o rol, há quem diga que pode aumentar (ROBÉRIO acha que não, mesmo motivo acima), a possibilidade de reduzir traz a discussão de possibilidade de DUPLA REVISÃO. JORGE MIRANDA afirma que existem 03 posições: 1) insuperáveis, não podem ser reduzidas; 2) ilegítimas, há quem diga que não pode existir porque o povo de hoje não pode condicionar o povo do futuro, a geração atual não pode criar amarras para as gerações futuras; 3) Legítimas, mas superáveis, pela DUPLA REVISÃO = 1a. emenda para retirar do rol de cláusulas pétreas que está incomodando; 2a. modificar realmente. APROFUNDAR seria falar em plebiscito ou referendo. A República e o Presidencialismo são cláusulas pétreas? Houve a possibilidade de modificação em revisão. Há quem diga que a república é uma cláusula implícita, porque dentro da ideia de forma federativa de Estado, a proteção do voto periódico também, protegeria a república. ROBÉRIO: são limitações implícitas, mas especiais (artigo 2o., ADCT), o povo decidiu assim não pode haver emenda contra a vontade, mas pode ser superada por meio de uma outra consulta direta ao povo. Artigo 127, CF o MP é instituição permanente, pode ser extinto por emenda? Pode ter suas atribuições extintas por emenda? MP é cláusula pétrea ou instituição permanente? HUGO NIGRO MAZZILLI é cláusula pétrea. Forças armadas, polícia federal, rodoviária e ferroviária também são instituições permanentes.
Limite Processual ou Formal
INCISOS I a III – limitações formais, no inciso I, troca-se o OU pelo E. O STF não se posicionou sobre a possibilidade de iniciativa popular para proposta de emenda, mas pode-se defender isso, a maioria dos autores não aceita.
Graus de Legitimidade das Constituições
A Constituição promulgada é mais legítima que a Constituição que foi outorgada. A constituição será mais legítima, quanto mais atender aos procedimentos da assembleia constituinte. O procedimento constituinte é imposto pela própria assembleia constituinte, mas, se na hora de julgar, não obedecer a alguns procedimentos, não faz diferença porque a assembleia constituinte não está obrigada por ela própria, seus procedimentos NÃO emanam de uma ordem superior. A violação aos procedimentos não é jurídica, assim, a sua autolimitação pode ser revista a qualquer momento. LEGITIMIDADE é diferente de LEGALIDADE, EXEMPLO: o ato revolucionário é ILEGAL, por sua natureza, mas NÃO é ilegítimo. Obedecer ao procedimento aproxima a constituição da legitimidade,mas, sozinho não quer dizer nada. A participação do povo legitima a constituição, quanto maior a participação, maior a legitimidade. Outro critério é o critério do CONSENSUS, será legítima a Constituição que atendeu a posição da maioria. É um critério que também é sedutor, quanto mais atender ao que o povo pensa, mais legítima é. Mas, sozinho não serve, porque por trás da ideia de atender à maioria não pode desrespeitar os direitos da minoria, porque deve ser a constituição de todos e não da maioria. Outro critério é o do EXERCÍCIO CONFORME OS INTERESSES DO TITULAR do poder constituinte, quando mais o exercente atue no interesse do titular, mais legítima será a constituição. Esse critério sozinho é insuficiente, porque há um pluralismo reinante, que faz parte do jogo democrático. A constituição pode ser legítima ou não a partir da análise de todos os critérios, nenhum é suficiente sozinho, devem ser conjugados. A constituição pode começar legítima e depois deixar de ser, quando passe a ser instrumento de exercício de poder da classe dominante. O contrário também pode ocorrer, ou seja, pode uma constituição ser outorgada e com o passar do tempo tornar-se legítima.[7: LEGALIDADE E LEGITIMIDADE: (PAULO BONAVIDES, Ciência política)LEGALIDADELEGITIMIDADEConceito formal, observância à leiConceito substancial, consonância do poder com a vontade popularNoção jurídicaNoção ideológicaConformação a um texto constitucional precedenteConformação aos princípios da nova ordem jurídica proclamadaLEGAL E ILEGÍTIMO: poder conquistado segundo as regras vigentes mas desvirtuado por aquele que o exerce.ILEGAL E LEGÍTIMO: movimentos revolucionários (rompem com a ordem vigente) que traduzam os anseios populares.]
Fenômeno do Direito Constitucional Intertemporal
A partir das relações da nova constituição com a ordem infraconstitucional é que se podem observar os fenômenos: 1) RECEPÇÃO – a nova constituição recebe a legislação inferior, que não lhe é materialmente ofensiva. Observe-se que a compatibilidade é MATERIAL. Do ponto de vista formal, não há que se indagar se a lei anterior é ou não conforme a nova constituição. Se no momento em que a lei surge é de acordo com a constituição vigente ela é válida. *Obs: A partir do julgamento da ADPF 130 (Lei de Imprensa), julgada em abril de 2009, o STF passou a entender que norma anterior incompatível com a nova ordem constitucional é tida como não-recepcionada, abanando a nomenclatura outrora empregada (revogação). *Obs: lei anterior não pode ser objeto de ADIN, mas, a ADPF pode ter por objeto lei anterior à CF. Pode ser protelado para o futuro o momento em que a legislação anterior contrária permaneça vigendo, isso deve ser expresso, EXEMPLO: artigo 25, ADCT. Inclusive com a utilização do termo: REVOGADO; 2) REPRISTINAÇÃO – pode se aplicar no momento de sucessão de constituições no tempo, a repristinação só é válida quando expressa; 3) DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO – o normal é que quando surge uma nova Constituição a anterior será completamente apagada, mas, por esse fenômeno, ao invés de descartar a CF anterior, pode permanecer no ordenamento jurídico como lei ordinária, isso pode ocorrer quando se tem uma CF longa e pretende-se ter uma norma breve. Há o fenômeno pelo qual a CF permite que sejam aplicadas normas da CF anterior, EX. art. 27 e 29, ADCT. Esse fenômeno não se confunde com a desconstitucionalização. 
Mutação Constitucional 
Permite a alteração da constituição sem alteração do texto constitucional, adequação da constituição à realidade social. O fundamento de validade para a mutação constitucional está na Teoria dos Poderes Implícitos (poderes necessários para dar cumprimento às suas competências, aos seus objetivos e aos seus deveres). A mutação demonstra um resquício do Poder Constituinte na atuação do judiciário. Pode ocorrer a mutação pelas seguintes técnicas: 1) Interpretação - posição do STF que se modifica no tempo; 2) Construção Constitucional - trata-se de uma teoria norte-americana, que consiste em conjugar dois preceitos constitucionais para extrair o sentido do preceito. Alguns autores afirmam que isso na verdade é interpretação sistemática; 3) Prática Constitucional - utilização reiterada do costume de uma determinada sociedade, pode estabelecer o conteúdo do texto constitucional; 4) Prática Inconstitucional: mesmo que o anterior, mas ofende a constituição, é método ilegítimo e não pode ser reconhecido. A mutação constitucional pode ocorrer por intermédio do Poder Legislativo, quando ele pretende regulamentar algum preceito constitucional, e depois modificar a lei que tenha anteriormente feito. Por outro lado, o Poder Judiciário também pode ser responsável por mutação, quando determina os limites do alcance da norma constitucional.
Revisão Constitucional
Estava prevista no artigo 3o, do ADCT, e submetida a um LIMITE TEMPORAL – 05 anos depois de promulgada a constituição; LIMITE FORMAL – unicameral por voto de maioria absoluta. É cabível o controle de constitucionalidade das emendas de revisão constitucional.
Tratados Internacionais 
 Atualmente, há nova forma de alteração formal do texto constitucional, nos termos do novo § 3o., do artigo 5o., CF. Alguns defendem a inconstitucionalidade do dispositivo, porque teria dificultado a absorção dos tratados de direitos humanos, que já poderiam ingressar no ordenamento com menos exigência, a teor do § 2o. O STF não confere status constitucional ao tratado que ingressou na forma do art. 5 º do § 2 º, da CF. Há quem diga que, havendo maioria simples, os tratados ingressariam como lei ordinária. O dispositivo somente cria uma nova possibilidade de emenda constitucional. O STF, em 03.12.08 (RE 466.343-SP e HC 87.585-TO), atribuiu status supralegal para os tratados de direitos humanos não aprovados com o quorum qualificado previsto no art. 5º, § 3º, da CF (tese vencedora do Min. Gilmar Mendes). Para Celso de Mello, vencido, ingressariam no ordenamento jurídico brasileiro ou como norma constitucional (posição da doutrina avalizada pelo Min. Celso de Mello – HC 87.585-TO, seja em relação aos tratados aprovados com quorum qualificado, seja em relação aos tratados de direitos humanos vigentes no Brasil antes da EC 45/2004
Poder Constituinte Derivado Decorrente
É com base nesse poder que são elaboradas as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais. Há, na doutrina, quem discorde de que as leis orgânicas são expressão do poder constituinte derivado decorrente, já que os Municípios são entidades federadas. Esse poder possui as mesmas características do poder reformador. As normas derivadas do poder decorrente podem ser: 1) NORMAS PRÓPRIAS – são as imaginadas e discutidas pelo poder decorrente dentro de sua competência; 2) NORMAS REPETIDAS – há correspondente na constituição. Aqui, há ainda outra divisão: a) Normas de repetição obrigatórias: normas centrais federais, de comando obrigatório, que alcançam os estados membros de forma obrigatória. Tais normas limitam a autonomia organizativa dos estados membros. Integram o ordenamento jurídico dos Estados-membros independente de repetição dessas normas na Constituição dos Estados-membros, cabendo ao Poder Constituinte Decorrente apenas complementar a obra do Constituinte Federal; b) Normas de repetição facultativas – o legislador estadual ou municipal pode repetir ou não, mas, se repetir deve obedecer à simetria. A distinção entre norma de repetição obrigatória e facultativa desperta interesse em sede de controle de constitucionalidade de leis estaduais, pois se a norma impugnada em sede de ADI Estadual for de repetição obrigatória há a possibilidade de interposição de recurso extraordinário para o STF, visualizando-se, assim, uma espécie de transformação de controle concreto para abstrato, que é a regra em sede de ADI (à exceção de ADI interventiva, onde se constata um controle concentrado e concreto).[8: Classificação doutrinária tradicional (e suponho que majoritária) reduz o poder constituinte derivado decorrente ao poder constituinte dos Estados-membros,não incluindo o poder de os municípios elaborarem suas próprias Leis Orgânicas. ]
SELEÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA: Ao Poder Legislativo Federal ou Estadual não está aberta a possibilidade de nova revisão constitucional, como disposto no ADCT. (ADI 1722 MC/TO); Viola a separação dos poderes a norma de Constituição que proíbe a realização de prova oral nos concurso públicos em geral, notadamente na magistratura e MP. (ADI 1080 MC/PR, Julgamento: 29/06/1994) Autonomia do Estado membro, impossibilidade de EMENDA proibir a prova oral, separação de poderes; Na ADI 425/TO (2002) o STF assentou que os Estados-membros podem editar medidas provisórias em face do princípio da simetria, obedecidas as regras básicas do processo legislativo no âmbito da União (CF, artigo 62). 2. Constitui forma de restrição não prevista no vigente sistema constitucional pátrio (CF, § 1º do artigo 25) qualquer limitação imposta às unidades federadas para a edição de medidas provisórias. Legitimidade e facultatividade de sua adoção pelos Estados-membros, a exemplo da União Federal
Direitos Humanos
O que são direitos humanos. Direitos humanos e direitos fundamentais.
Numa primeira abordagem, é possível definir direitos humanos como conjunto de direitos que materializam a dignidade humana; direitos básicos, imprescindíveis para a concretização da dignidade humana. É extremamente comum utilizar também a expressão “direitos fundamentais” para se referir aos direitos que materializam a dignidade humana, cabendo perquirir se haveria, entre os direitos humanos e os direitos fundamentais, alguma diferença. Em essência, não há basicamente diferença: direitos humanos e direitos fundamentais representam, muitas vezes, os mesmos direitos. Entretanto, construiu-se uma diferenciação quanto ao plano de positivação; a expressão “direitos fundamentais” ficou reservada aos direitos positivados na ordem jurídica interna do Estado, enquanto a expressão “direitos humanos” passou a ser utilizada para referir aos direitos positivados na ordem internacional. É possível haver direito humano que não seja consagrado como direito fundamental e vice-versa; basta que um tratado internacional preveja um direito não previsto na ordem jurídica interna do Estado ou que ocorra o contrário. De todo modo, essa não é a regra, pois, atualmente, a maioria dos direitos previstos nas constituições têm previsão, outrossim, em documentos internacionais.
 Centralidade dos Direitos Humanos. Por que Direitos Humanos São Tão Importantes?
Os direitos humanos constituem ponto central nos Estados Constitucionais, sendo inerentes à ideia de Estado Democrático de Direito, e a razão é simples. Um Estado no qual as pessoas não tenham liberdades básicas reconhecidas é um Estado arbitrário e, como bem demonstra a História, onde há arbitrariedade estatal, não há vida harmônica em sociedade, mas sim temor, perseguição e desrespeito ao ser humano. O Estado Brasileiro adota a dignidade humana como um dos seus fundamentos, conforme positivado no art. 1º, III, CF, a denotar um comprometimento com a afirmação dos direitos humanos.
Quais São os Direitos Humanos. Tipos de Direitos 
A relação de direitos que materializam a dignidade humana é bastante ampla, abrangendo vida, liberdade, igualdade, saúde, educação, acesso à cultura, proteção ao ambiente, e tantos outros. Os diversos direitos estão “agrupados” sob a seguinte rubrica:• Direitos civis; • Direitos políticos; • Direitos sociais; • Direitos econômicos; • Direitos culturais; • Direitos difusos. Esses direitos foram sendo reconhecidos gradativamente no curso da História, tendo sido institucionalizados em diferentes momentos históricos, daí surgindo a teoria das gerações, que será analisada mais adiante.
 Direitos e Garantias. Tipos de Garantias 
Um direito representa um determinado bem em si, atrelado ao valor nele existente, enquanto que as garantias representam bens de caráter instrumental, bens que estão atrelados a outro valor, visando protegê-los, sendo as garantias instrumentos de proteção de direitos. Existem garantias da constituição, visando preservá-la de situações que coloquem em risco sua supremacia e a normalidade constitucional, podendo ser citadas a rigidez constitucional, a jurisdição constitucional e os mecanismos de legalidade extraordinária (estados de defesa e sítio); garantias institucionais, que constituem verdadeiras prerrogativas das Instituições; e garantias de direitos subjetivos, que constituem instrumentos de proteção de direitos subjetivos, extremamente importantes na busca da efetivação dos mesmos, pois de nada adiantaria reconhecer direitos se não houvesse instrumentos capazes de torná-los efetivos e protegê-los de atuações arbitrárias. Algumas das garantias de direitos subjetivos possuem feição típica de ação processual e, bem por isso, são conhecidas como ações constitucionais. São: 1) habeas corpus - uma garantia do direito à liberdade de locomoção; 2) habeas data - garantia do direito à liberdade de informação de caráter pessoal; 3) mandado de segurança - garantia de direitos em geral; 4) mandado de injunção - garantia de direitos inviabilizados por falta de regulamentação; 5) ação popular – garantia do direito de proteção ao patrimônio público.
Características dos Direitos Humanos 
Costuma-se indicar, no plano de uma teoria geral, características que seriam inerentes aos direitos humanos como um todo. Essas características gerais são: • Historicidade;• Universalidade;• Relatividade;• Irrenunciabilidade;• Inalienabilidade;• Imprescritibilidade;• Unidade, indivisibilidade e interdependência.
Hermenêutica Constitucional 
Toda a hermenêutica constitucional procura a CONCRETIZAÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL, considera, além do objeto do texto, os fatos do mundo real, ou seja, deve ser levada em consideração a realidade concreta do mundo. A tarefa de hermenêutica constitucional trará consequências para toda a sociedade. Para evitar que a interpretação seja desarrazoada, há o estabelecimento de regras, métodos e princípios de hermenêutica, que permitirão um certo controle sobre a atividade interpretativa, garantindo uma certa uniformidade, ou seja, alguns pontos comuns estarão presentes na atividade interpretativa, busca do EQUILÍBRIO. A liberdade do operador existe, mas não é absoluta, já que se encontra limitada por determinadas regras.
 Características da Hermenêutica Constitucional
	CARACTERÍSTICAS DA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
	PREÂMBULO
	Mesmo que o STF não o reconheça como norma constitucional, é regra interpretativa
	PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
	São decididos antes da elaboração do texto, no momento de construção das normas, deve-se lembrar dos conceitos – VETORES INTERPRETATIVOS QUE IMPRIMEM COESÃO, HARMONIA E UNIDADE AO SISTEMA
	UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO
	A Constituição é um sistema único, não pode ser uma colcha de retalhos
	INTERPRETAÇÃO INTRÍNSECA
	A Constituição será interpretada dentro dos parâmetros positivos da constituição, a Constituição não pode ser interpretada à luz da lei ordinária. A lei ordinária que é interpretada a partir da constituição – NEOCONSTITUCIONALISMO – CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO
Espécies de Interpretação Constitucional 
Interpretação Judicial 
Irá produzir uma NORMA DE DECISÃO, concretizando a constituição no caso concreto. O STF é um legislador negativo, na medida em que retira do ordenamento as normas inconstitucionais. Entendendo-se a norma como resultado da interpretação, não há como afastar a noção de que o Judiciário produz norma (PRODUZ A NORMA DO CASO CONCRETO). O limite da norma de decisão é o STF, a partir da interpretação do STF, não há nada que se possa fazer, senão a REVOLUÇÃO, para que surja uma nova ordem constitucional;
Interpretação Administrativa 
Quando o chefe do executivo entende que a lei é inconstitucional, ele pode deixar de dar cumprimento a lei. *Obs: o STF ainda não se manifestou sobre tal possibilidade; [9: LUIS ROBERTO BARROSO (O Controle de constitucionalidade..., P. 70) informa que: “No Brasil,anteriormente à Constituição de 1988, a doutrina e a jurisprudência haviam se consolidado no sentido de ser legítimo o Chefe do Executivo deixar de aplicar uma lei que considerasse inconstitucional, bem como expedir determinação àqueles submetidos a seu poder hierárquico para que procedessem da mesma forma”. Após a CF/88 este poder passou a ser questionado, visto que, com a ampliação do rol dos legitimados à propositura de ADI´s, os Chefes do Executivo poderiam agora ajuizar eles mesmo a ação direta de inconstitucionalidade, devendo aplicar as leis até que a inconstitucionalidade das mesmas fosse reconhecida. Contra este último argumento objeta-se que a referida legitimidade não inclui os Prefeitos Municipais (em relação à CF). Além disso, alega-se que obrigar o Poder Executivo a cumprir uma lei que ele entenda inconstitucional seria ferir o princípio maior da supremacacia da Constituição. Após a CF/88, o STJ (Resp 23221) já se manifestou pela possibilidade de o Executivo deixar de aplicar lei que entenda inconstitucional. O STF, contudo, ainda não se manifestou expressamente sobre o tema após a CF/88. A nova redação conferida ao art. 102, par. 2º da CF/88, pela EC 3/93 e posteriormente pela EC 45/04, previu que as ADI´s e ADC´s teriam efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Com isso, BARROSO argumenta que: “ao estabelecer que a declaração de constitucionalidade vincula o Executivo, o dispositivo pressupõe que até que ela ocorra poderia ele considerar a norma inconstitucional.]
Intepretação Doutrinária 
Pode servir para a interpretação de algum conceito aberto; 4) INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA – é questão dividida na doutrina: a) entendem que sim, por meio de emendas constitucionais; b) entendem que não existe a interpretação autêntica, porque quem faz a CF é o poder constituinte originário, assim, a emenda não é da mesma fonte criadora (POSIÇÃO MAJORITÁRIA). No Brasil, isso não tem consequência prática, porque, a utilidade dessa interpretação é a retroatividade da lei nova em relação à lei interpretada, o que não pode ocorrer com as emendas constitucionais, que não têm efeitos retroativos.
Métodos de Hermenêutica Constitucional 
Os métodos de interpretação são caminhos que não se excluem, podem ser usados ao mesmo tempo, no processo de interpretação constitucional. Métodos clássicos: gramatical ou literal; histórico; sistemático; lógico; teleológico.
Método Tópico - Problemático
O intérprete deve preferir a verificação da finalidade prática da interpretação para resolver um problema prático. Ou seja, valoriza a solução de um determinado problema. Isto é, o intérprete quer discutir o problema que está posto diante de si para solucioná-lo, está ligado à ideia de constituição aberta. É a PRIMAZIA DO PROBLEMA (MPF). O método tópico foi desenvolvido pelos juristas alemães THEODOR VIEHWEG e JOSEF ESSER. A principal crítica feita ao método tópico é a de que "além de poder conduzir a um casuísmo sem limites, a interpretação não deve partir do problema para a norma, mas desta para os problemas." Com a tópica, a norma e o sistema perdem o primado: são rebaixados à condição de meros pontos de vista ou "tópoi", cedendo lugar à hegemonia do problema.
 Método Integrativo ou Científico-Espiritual
Na doutrina de RUDOLF SMEND, a base de valoração, vale dizer, os valores expressos e tutelados pela Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais) operam como valores de interpretação coletivos dos cidadãos e, destarte, devem ser compreendidos e aplicados. Como acentua PAULO BONAVIDES: "A concepção de Smend é precursoramente sistêmica e espiritualista: vê na Constituição um conjunto de distintos fatores integrativos com distintos graus de legitimidade. Esses fatores são a parte fundamental do sistema, tanto quanto o território é a sua parte mais concreta. O intérprete constitucional deve prender-se sempre à realidade da vida, à "concretude" da existência, compreendida esta sobretudo pelo que tem de espiritual, enquanto processo unitário e renovador da própria realidade, submetida à lei de sua integração."
Método Concretizador ou Método Concretista - Concretismo Interpretativo
O intérprete sempre deve ter uma noção de que a interpretação é a concretização da Constituição pela importância que se deve dar aos fatos reais. Ou seja, o intérprete deve ter uma compreensão prévia da constituição para permitir a concretização em uma determinada ambiência histórica. O método concretista foi desenvolvido por três juristas alemães Konrad Hesse, Friedrich Müller e Peter Häberle. Cada um deles ofereceu valiosas contribuições para o desenvolvimento desse método, gravita em torno de três elementos essenciais: a norma que vai concretizar, a compreensão prévia do intérprete e o problema concreto a solucionar. Como salienta Paulo Bonavides: "Os intérpretes concretistas têm da Constituição normativa uma concepção diferente daquela esposada pelos adeptos de outros métodos, porquanto não consideram a Constituição um sistema hierárquico-axiológico, como os partidários da interpretação integrativa ou científico-espiritual, nem como um sistema lógico-sistemático, como os positivistas mais modernos. Ao contrário, rejeitam o emprego da ideia de sistema e unidade da Constituição normativa, aplicando um "procedimento tópico" de interpretação, que busca orientações, pontos de vista ou critérios-chaves, adotados consoante a norma e o problema a ser objeto de concretização. É uma espécie de metodologia positivista, de teor empírico e casuístico, que aplica as categorias constitucionais à solução direta dos problemas, sempre atenta a uma realidade concreta, impossível de conter-se em formalismos meramente abstratos ou explicar-se pela fundamentação lógica e clássica dos silogismos jurídicos".
	MÉTODO CONCRETISTA DE 
KONRAD HESSE
	MÉTODO CONCRETISTA DE 
FRIEDRICH MÜLLER
	MÉTODO CONCRETISTA DE 
PETER HÄBERLE
	
O teor da norma só se completa no ato interpretativo. A concretização da norma pelo intérprete pressupõe uma compreensão desta; essa compreensão pressupõe uma pré-compreensão. A concretização e a compreensão só são possíveis em face do problema concreto, de forma que a determinação do sentido da norma constitucional e a sua aplicação ao caso concreto constituem um processo unitário. A interpretação adequada é aquela que consegue concretizar, de forma excelente, o sentido da proposição normativa dentro das condições reais dominantes numa determina da situação.
Não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos.
	
Tem sua base medular ou inspiração maior na tópica, a que ele faz alguns reparos, modificando-a em diversos pontos para poder chegar aos resultados da metodologia proposta. O texto de um preceito jurídico positivo é apenas a parte descoberta do iceberg normativo. Além do texto, a norma constitucional compreende também um domínio normativo, isto é, pedaço da realidade concreta, que o programa normativo só parcialmente contempla. A norma constitucional não se confunde com o texto da norma. Ela é mais que isso: é formada pelo programa normativo e pelo domínio normativo. A normatividade constitucional consiste no efeito global da norma com seus dois componentes (programa normativo e domínio normativo), no processo de concretização, que só se completa quando se chega à norma de decisão, isto é, à norma aplicável ao caso concreto
	A construção teórica de Häberle parece desdobrar-se através de três pontos principais: a) o alargamento do círculo de intérprete da Constituição; b) o conceito de interpretação como um processo aberto e público; c) a referência desse conceito à Constituição mesma, como realidade constituída Propõe-se: no processo de interpretação constitucional estão potencialmente vinculados todos os órgãos estatais, todas as potências públicas, todos os cidadãos e grupos, não sendo possível estabelecer-se um elenco cerrado ou fixado com numerusclausus de intérpretes da Constituição. Interpretação constitucional coisa de uma sociedade fechada. Dela tomam parte apenas os intérpretes jurídicos "vinculados às corporações" e aqueles participantes formais do processo constitucional. A interpretação constitucional é, em realidade, mais um elemento da sociedade aberta. Todas as potências públicas, participantes materiais do processo social, estão nela envolvidas, sendo ela, a um só tempo, elemento resultante da sociedade aberta e um elemento formador ou constituinte dessa sociedade. Os critérios de interpretação constitucional hão de ser tanto mais abertos quanto mais pluralista for a sociedade. 
Princípios de Hermenêutica Constitucional
Sendo a hermenêutica constitucional uma hermenêutica de princípios, é inegável que o ponto de partida do intérprete há de ser os princípios constitucionais, que são o conjunto de normas que espelham a ideologia da Constituição, seus postulados básicos e seus fins. LUÍS ROBERTO BARROSO assinala ainda que "a dogmática moderna avaliza o entendimento de que as normas jurídicas, em geral, e as normas constitucionais, em particular, podem ser enquadradas em duas categorias diversas: as normas-princípio e as normas-disposição." As normas-princípio (ou simplesmente princípios) distinguem-se das normas-disposição (também referidas como regras) pelo seu maior grau de abstração e por sua posição mais destacada dentro do ordenamento. São formuladas de maneira vaga e indeterminada, constituindo espaços livres para a complementação e desenvolvimento do sistema, por não se limitarem a aplicar-se a situações determinadas, podendo concretizar-se num sem número de hipóteses. As normas-disposição, por sua vez, comparativamente às normas-princípio, apresentam um grau de abstração reduzido e têm eficácia restrita às situações específicas às quais se destinam.
PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL ELABORADOS POR CANOTILHO: 1) PRINCÍPIO DA UNIDADE – as normas constitucionais pertencem a um todo único, as normas constitucionais têm que ser interpretadas tendo em vista a noção globalizada da CF; a CF é um sistema; o princípio da unidade da Constituição, segundo o ilustre constitucionalista português, conduz à rejeição de duas teses ainda presentes na doutrina do direito constitucional: a tese das antinomias normativas e a tese das normas constitucionais inconstitucionais; 2) PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR – na interpretação da CF, devem ser utilizados critérios que reforcem a integração política e social da sociedade, ou seja, pretende-se a integração política e social da sociedade; por força desse princípio NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE AS NORMAS CONSTITUCIONAIS; 3) PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA – será atribuído à constituição sempre que possível o maior grau de eficácia. Existindo dois caminhos interpretativos, o intérprete, sempre que possível, deverá optar pela interpretação que garanta mais efetividade à norma constitucional; 4) PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA ou DA HARMONIZAÇÃO – na tarefa da interpretação constitucional, o intérprete tentará fazer com que os princípios constitucionais não se excluam mutuamente, ou seja, os princípios devem estar harmonizados; no choque entre dois princípios deve-se buscar a harmonia entre ambos e não a exclusão de um pelo outro. PONDERAÇÃO DE INTERESSES. O princípio da concordância prática ou da harmonização parte da noção de que não há diferença hierárquica ou de valor entre os bens constitucionais; 5) PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO – quando há um embate entre a CF e a soma das forças reais de poder, a CF pode sair vencedora. Também formulado por Konrad Hesse, esse princípio estabelece que, na interpretação constitucional, deve-se dar primazia às soluções ou pontos de vista que, levando em conta os limites e pressupostos do texto constitucional, possibilitem a atualização de suas normas, garantindo-lhes eficácia e permanência; 6) PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO – é também uma técnica de controle de constitucionalidade (CONSTITUCIONALIDADE SEM REDUÇÃO DE TEXTO e outros); A aplicação do princípio da interpretação conforme à Constituição só é possível quando, em face de normas infraconstitucionais polissêmicas ou plurissignificativas, existem diferentes alternativas de interpretação, umas em desconformidade e outras de acordo com a Constituição, sendo que estas devem ser preferidas àquelas. Entretanto, na hipótese de se chegar a uma interpretação manifestamente contrária à Constituição, impõe-se que a norma seja declarada inconstitucional; 7) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE – trata-se de norma essencial para a proteção dos direitos fundamentais, porque estabelece critérios para a delimitação desses direitos. O princípio da proporcionalidade desdobra-se em três aspectos fundamentais: a) Adequação: significa que o intérprete deve identificar o meio adequado para a consecução dos objetivos pretendidos; b) Necessidade (ou exigibilidade): o meio escolhido não deve exceder os limites indispensáveis à conservação dos fins desejados e c) Proporcionalidade em sentido estrito: o meio escolhido, no caso específico, deve se mostrar como o mais vantajoso para a promoção do conjunto de valores em jogo.
Regras de Interpretação Constitucional
1) A interpretação é OBJETIVA, buscando a vontade da lei e não do legislador; 2) a interpretação é INTRÍNSECA, porque se move dentro dos padrões constitucionais; 3) inadmissibilidade da interpretação autêntica, porque EC não é derivada do poder constituinte originário; 4) exclusão da interpretação a partir da lei, ou seja, é a interpretação conforme dita de outra maneira.
 Moderna Hermenêutica Constitucional
Esse movimento doutrinário diz que toda a tarefa de interpretação da CF deve estar voltada para um único objetivo: CONCRETIZAR os direitos fundamentais. O movimento constitucionalista cresce junto com o movimento de concretização dos direitos fundamentais, ou seja, constituição e direitos fundamentais são a mesma coisa, assim, toda a tarefa de interpretação deve estar voltada para a concretização dos direitos fundamentais. Concretização dos direitos fundamentais é toda a função da moderna hermenêutica.
Modernas Técnicas de Interpretação Constitucional
Dentre as modernas técnicas de interpretação constitucional existentes, destacam-se: a) declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia da nulidade; b) declaração de inconstitucionalidade com apelo ao legislador; c) interpretação conforme à Constituição.
Declaração de Inconstitucionalidade sem a Pronúncia de Nulidade
Encontra suas raízes na jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. Nessa técnica de interpretação, "o Tribunal rejeita a arguição de inconstitucionalidade, anunciando, todavia, uma possível conversão dessa situação ainda constitucional ("noch verfassungsgemass") num estado de inconstitucionalidade."(48) Essa técnica de interpretação constitucional pode ser admitida desde que a norma em exame não seja integralmente inconstitucional, isto é, inconstitucional em todas as hipóteses interpretativas que admitir. A declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade contém um juízo de desvalor em relação à norma questionada, obrigando o legislador a empreender a medida requerida para a supressão do estado de inconstitucionalidade, bastando para tanto apenas alguma alteração fática.
Declaração de Inconstitucionalidade com Apelo ao Legislador
Também tem origem na jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal alemão. Nessa técnica de interpretação, "busca-se não declarar a inconstitucionalidade da norma sem antes fazer um apelo vinculado a "diretivas" para obter do legislador uma atividade subseqüente que torne a regra inconstitucional harmônica com a Carta Maior. Incumbe-se ao legislador a difícil tarefa de regular determinada matéria, de acordo com o que preceitua a própria Constituição."(49)
Interpretação Conforme a Constituição 
A interpretação conforme à Constituição, na qual o órgão jurisdicional declara qual

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