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A lei da oferta e da demanda Vamos entender agora o que é oferta e demanda, abordando os seus conceitos. Antes, porém, cabe deixar aqui uma informação relevante: todas as vezes que eu tratar de demanda, estarei me referindo à procura. A interação entre os agentes econômicos (pessoas e empresas) apresenta basicamente dois grupos: os que vendem as mercadorias são ofertantes, e os que compram as mercadorias são os demandantes. Os primeiros (ofertantes) disponibilizam no mercado um conjunto de mercadorias que chamamos de quantidade ofertada, ao passo que, o conjunto de mercadorias que os compradores têm desejo de adquirir é chamado de quantidade demandada. Vou enfatizar outra coisa muito importante: demanda não é consumo, mas sim o desejo de adquirir determinado bem ou serviço. “BEM” no sentido econômico é “tudo o que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade ou suprir uma carência”. Voltando à questão da oferta e da procura, cabe lembrar que a quantidade ofertada e a quantidade demandada estão sujeitas a uma série de fatores, sendo um dos mais importantes o preço. Quando o preço de uma mercadoria sobe, a quantidade procurada da mesma tende a diminuir. Vejamos a equação a seguir: QD = QD (P) Em que; QD é a quantidade demandada; e, P é o preço. Observe que a quantidade demandada é em função do preço, ou seja, cada vez que o preço da mercadoria subir, o consumidor será inibido a comprar e acabará estimulado a economizar o uso desta mercadoria. Por sua vez, a quantidade ofertada aumenta quando o preço da mercadoria sobe, pois com o preço elevado, os produtores/vendedores se sentem estimulados para aumentarem a produção porque sabem que poderão lucrar mais com as vendas da mercadoria a preços maiores. A interação entre o preço e a quantidade ofertada, bem como a interação entre o preço e a quantidade demandada são apresentadas pelas curvas da oferta e demanda representadas no gráfico a seguir: Em que; P = preço P1= preço de equilíbrio Q = quantidade demandada Q1= quantidade de equilíbrio O = oferta D = demanda E = ponto de equilíbrio No gráfico, que analisaremos a partir de agora, a linha da letra “O” (oferta) é crescente. A oferta diz respeito ao produtor. Imagine que você é administrador de uma empresa que fabrica calçados. Para você, quanto maior for o preço dos calçados que ela fabrica maior também será o seu lucro. Mas agora imagine que você não é um ofertante, mas sim consumidor de. Já vimos na explicação anterior que quanto menor o preço, mas unidades de produtos você demandará. O que é isso? É simplesmente o que chamamos de Lei da Oferta e da Procura de mercado. Veja as setas que partem do eixo do preço e relacione-as sempre com o da quantidade. Observe que “O” (ofertante) tem a seta para cima, ou seja, para o ofertante, quanto mais o preço subir, melhor. Mas para o consumidor que deseja adquirir mercadorias (demandante), a seta está para baixo, ou seja, quanto mais o preço desce, melhor. Por isso a necessidade do ponto de equilíbrio, pois o ofertante quer uma coisa (preço alto), mas o demandante quer outra. No gráfico 1, o ponto “E” representa o PONTO DE EQUILÍBRIO. Neste ponto, o preço P1 e a quantidade Q1 informam que tanto o ofertante quanto o demandante encontraram o preço e a quantidade que satisfaça a ambos. Se ocorrer dos preços ficarem abaixo do ponto de equilíbrio (P1), significa que há uma tendência à escassez de produtos no mercado. Por quê? Para explicar isso você deverá pensar mais uma vez como um empresário do setor calçadista, ok? Raciocine comigo: O demandante está disposto a pagar o preço de equilíbrio (P1) e você como ofertante de calçados está disposto a vender também pelo preço de equilíbrio (P1). Mas a partir do momento em que o preço fica abaixo do preço de equilíbrio, já não é interessante para você vender os seus calçados, pois o lucro não é satisfatório e você não ofertará mais calçados, parando de fabricá-lo, ou reduzindo a produção ou ainda não colocando o produto no mercado, deixando-o estocado para forçar o aumento do preço. Preço de equilíbrio (P1) A este preço os ofertantes estão dispostos a vender demandantes estão dispostos a pagar pelo calçados. Quantidade de equilíbrio (Q1) Esta quantidade contenta tanto aos ofertastes quanto aos demandantes. Abaixo de P1 Escassez de produtos no mercado. Insatisfação por parte dos ofertantes de calçados. Acima de P1 Excedente de produtos no mercado. Insatisfação por parte dos demandantes calçados. Qualquer uma destas decisões que você tomar fará com que a quantidade de sapatos no mercado fique escassa e fará com que os demandantes se disponham a pagar um preço maior pelo produto. Por outro lado, se os preços ficarem acima do preço de equilíbrio (P1), a tendência é que haja um excesso de oferta. Você saberia explicar o porquê? O raciocínio é o mesmo, mas agora analise a situação não mais como fabricante de calçados, mas sim como parte do conjunto de consumidores que desejam adquirir este produto. Ora, se o preço que os consumidores estão dispostos a pagar é (P1) e o sapato passa a custar (P3), já não se torna interessante para eles comprar o calçado. Esta decisão dos agentes consumidores desencadeará uma queda no consumo de calçados, fazendo com que os ofertantes não consigam vender calçados, gerando um excedente do produto nas fábricas. Esta situação fará com que os ofertantes de calçados se disponham a vendê-los por um preço abaixo de (P3) e assim por diante. Você pode observar que nas duas situações se apresenta uma tendência para que o preço de equilíbrio seja sempre alcançado, pois neste preço, a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada que é, na verdade, a quantidade de equilíbrio como mostra a equação a seguir: ESTRUTURAS DE MERCADO A Concorrência Perfeita A concorrência perfeita, concorrência pura, ou mercado perfeitamente competitivo é uma estrutura de mercado cujas características dificilmente serão identificadas na realidade das firmas. No máximo, o que podemos achar são aproximações, mas nenhuma apresenta todas as características exigidas por esta estrutura. Veja quais são estas características: • Existência de grande número de vendedores, incapazes de forçar a baixa nos preços por não poder fornecer uma quantidade maior de produtos do que os demais; • Existência de muitos compradores, nenhum deles capaz de variar o volume de suas compras a ponto de influir nos preços. Diante de tamanha quantidade de compradores e vendedores este mercado é chamado de atomizado; • Informação completa sobre preços e locais de venda; • Todos os compradores e vendedores possuem total conhecimento dos preços e disponibilidades do mercado local e de outras praças. Destaque-se que o preço é totalmente estabelecido pela interação das forças de mercado (oferta e procura) isentas de quaisquer manobras e influências. • Inexistência de significativas economias de escala, de modo a nenhum vendedor poder crescer a ponto de dominar o mercado; • Inexistência de barreiras à livre movimentação dos fatores de produção e dos empresários, por isso não há possibilidades de haver coalizão entre produtores e compradores; • Nenhum problema de locomoção; • Homogeneidade do produto, ou seja, é indiferente comprar de um ou de outro vendedor. Entenda o produto homogêneo como um produto que é perfeitamente substituível por outro a ponto de nenhum produtor ou vendedor poder diferenciá-lo em relação aos dos seus concorrentes. Nesta estrutura de mercado, todo o produtor atuaria com o mais alto grau de eficiência, seu produto teria o mais baixo custo e seu lucro seria o mínimo necessário para manter o mínimo de produtores. A maioria dos economistas aceita a concorrência perfeitaapenas como referência para analisar as demais estruturas de mercado, pois ela não existe na realidade. O caso mais próximo, aceito por alguns economistas, por causa da proximidade das condições requeridas pela concorrência perfeita, seria o das feiras livres como, por exemplo, a de São Joaquim. A Teoria Neoclássica da Economia rejeita também intervenção do Estado, portanto, neste mercado de concorrência perfeita não há influências por parte do governo. A concorrência perfeita serve para mostrar a condição ideal na qual um mercado deveria operar. Ela harmoniza os interesses privados dos produtores e vendedores com os dos consumidores; concilia os interesses privados e os benefícios sociais; efetua a ótima alocação dos recursos escassos da economia, fazendo com que as firmas funcionem com eficiência e com nível máximo de desempenho, alcançando total eficácia. O gráfico a seguir ilustra a formação do preço, demanda e oferta do mercado de concorrência perfeita. A interação das forças de mercado estabelece o preço ideal que é o preço de equilíbrio. O Monopólio O monopólio é a estrutura de mercado que seria o extremo oposto da concorrência perfeita. Nesta estrutura, como seu próprio prefixo sugere apenas uma única firma domina a oferta de determinado produto ou serviço, logo, estes produtos e serviços não apresentam substitutos. Você deve ter lembrança de algumas situações semelhantes a esta. Basta se lembrar da COELBA e da EMABSA.. Quando o mercado é dominado por uma firma monopolista, a entrada de outras no setor é barrada (barreiras à entrada) por causa da dificuldade dos novos entrantes em obter custos de produção competitivos como o da empresa que detém o monopólio e também pela dificuldade de colocarem os seus produtos no mercado consumidor. Em razão da sua posição a firma monopolista pode adotar práticas que restrinjam a concorrência, pois detém o poder para fixar preços que lhe dêem maiores lucros. A este tipo de preço os economistas chamam de preços de monopólio. A firma monopolista pode aumentar seus preços a seu bel-prazer infinitamente? A resposta é Não! Embora tenha maior margem para aumentar os seus preços e pelo fato da elasticidade da demandade uma firma monopolista ser muito baixa - quase inelástica - pelo fato dos agentes não terem alternativas, o monopolista tem um limite para aumentos de preços, pois caso contrário os agentes compradores, simplesmente, não suportariam pagar mais e mais indefinidamente, levando a uma queda na receita. Os monopólios são, caracteristicamente, detentores de grande poder de mercado, o que lhes permite decidir, por exemplo, as quantidades de produtos a serem vendidas, bem como, o seu preço de venda. Tipos de Monopólio Agora que você já está craque em monopólio vou abordar aqui de maneira muito sucinta os tipos específicos desta estrutura de mercado. • Monopólio natural - Lembra o que falei sobre a COLEBA e a EMBASA anteriormente? Pois é! Estas duas empresas estão inseridas neste tipo específico de monopólio. Aqui, a instalação e produção de uma empresa seriam suficientes para atender a todo o mercado, havendo espaço para apenas uma companhia. O monopólio natural existe sempre que a demanda é pequena o bastante para ser totalmente coberta por apenas uma firma, com produção que reduza os custos através de economias de escala. • Se outra empresa entrar em concorrência por um mercado restrito, os custos para as duas empresas seriam muito elevados. A que já estivesse no mercado poderia como já foi explicado, impedir a entrada da outra através de artifícios monopolistas, como preços artificialmente baixos (dumping) e limitar a distribuição dos produtos da concorrente. • Monopólio estatal - Monopólio criado através de lei e que confere ao Estado à exclusividade no desenvolvimento de determinadas atividades como as do setor energético e telecomunicações. A Concorrência Monopolística A concorrência monopolística apresenta características comuns à concorrência perfeita e ao monopólio. Aliás, isso fica claro pelo próprio nome desta estrutura de mercado. Vamos começar caracterizando a concorrência monopolística. Primeiro, ela possui uma grande quantidade de empresas que dominam pequenas fatias do mercado. Segundo, os produtos das firmas são semelhantes, considerados, assim, substitutos próximos. Os produtos são semelhantes e não iguais. Digamos que você tenha um restaurante de comida italiana em uma rua, onde haja, pelo menos, mais cem restaurantes de comida italiana, mas o fato é que você tem cem concorrentes vendendo comida na mesma região. Daí vem a pergunta: como sobreviver a tamanha concorrência? É claro que você tem que bolar alguma coisa, porque senão você será apenas mais um comerciante nesta rua a vender comida. Então, você elabora um molho muito delicioso que dá um toque especial na comida do seu restaurante. Isto é, você diferencia o seu produto. É claro que você continua vendendo comida, bem como os seus concorrentes, porém, o fato é que embora todos vendam um produto semelhante (comida) e com substitutos próximos (os outros restaurantes vendem diversas) você acrescentou às refeições algo que só poderá ser degustado em seu restaurante. Quem quiser experimentar, só o poderá fazer no seu restaurante e ponto final. O molho é tão bom e tão especial que depois do uso dele nas refeições há fila na porta do seu estabelecimento. Agora uma pergunta: você vai passar a receita deste molho para os concorrentes? Claro que não! Cada um que faça o seu. Sendo assim, eu posso afirmar que, em meio a tantos concorrentes, seu restaurante é o único (tem o MONOPÓLIO) que vende refeição com este molho, pois só você tem a fórmula e só você sabe preparar da maneira certa e por isso o consumidor irá premiar o seu estabelecimento, ou seja, ele paga o que os economistas chamam de preço- prêmio, que é um preço mais alto do que a média do mercado pelo produto diferenciado. Com base nisso, você pode estabelecer o seu próprio preço baseado na diferenciação do seu produto cobrando um valor acima do dos seus concorrentes. Uma grande vantagem da concorrência monopolística é a contínua necessidade de inovação e diferenciação dos produtos, mostrando que este mercado é significativamente dinâmico. O Oligopólio Neste tipo de estrutura, poucas empresas capturam o controle da maior parte do mercado. Posso afirmar para você que nenhuma outra estrutura é tão característica do capitalismo como o oligopólio, pois é tremendamente concentradora e a propriedade de vultosas quantidades de capital fica a mercê de poucas companhias de grande porte. Verifica-se também uma disposição a fusões, incorporação e até a extinção por compra, dumping e outros métodos de restrição às pequenas empresas. O oligopólio assumiu tamanha importância dentre as estruturas de mercado que grandes pensadores se debruçaram sobre o seu estudo. Por sua vez, os que defendem esta forma de estrutura de mercado aduzem que por causa do grande porte das corporações oligopolistas, estas apresentariam mais envergadura para promover investimentos em pesquisa de novos e melhores produtos e, por causa das economias de escala, poderia proporcionar preços mais baixos, mais eis aí uma das mais severas contradições a respeito deste pensamento: raramente nesta estrutura de mercado há reduções de preços, pois o oligopolista tem consciência de que será prontamente seguido pelos seus concorrentes, o que fará com que continue com a mesma parcela do mercado e, devido à redução dos preços dos seus produtos, com lucros ainda menores. Consequentemente, não interessa ao oligopólio estabelecer a chamada guerra de preços, embora este tipo de ação não esteja descartada. Outra característica do oligopólio são as barreiras à entrada de novosconcorrentes. Mas por que elas existem? Há situações em que estas barreiras são naturais. Um bom exemplo disso é a posse de patentes de tecnologia necessária para a produção de um produto por parte das empresas, o amparo legal do direito autoral que permite a apenas uma empresa vender livros, softwares e músicas e também o regime de concessão estatal para serviços públicos como o de transportes, comunicações e energia. Todas estas características permitem que, no longo prazo, o oligopólio aufira Os fatores de produção Quadro 1 - Fatores de produção e suas respectivas remunerações Fatores ou recursos de produção Remuneração dos fatores ou recursos de produção Trabalho ou mão de obra Salário Capital Juros Recursos naturais ou Terra Aluguel Capacidade empresarial Lucros Tecnologia Royalties A Política Fiscal: os gastos e a arrecadação do Governo Esta política está ligada ao manejo orçamentário do governo, tanto do lado dos gastos como do lado da arrecadação. As deliberações do governo sobre o quanto gastar através de consumo, investimentos, subsídios e transferências de renda, sobre o quanto tributar e também sobre que agentes e que tipos de transações os tributos devem incidir, formam os instrumentos fiscais. Portanto, Política Fiscal, não trata de fiscalização do governo sobre isto ou aquilo, mas sim sobre os gastos do governo e a arrecadação de impostos que financiem estes gastos. Com estes instrumentos fiscais (este termo é sinônimo de fisco), os gestores da Política Macroeconômica podem exercer controles sobre o comportamento geral da economia. Os gastos do governo, de consumo e investimentos, são dois importantes elementos da demanda agregada e o aumento ou diminuição do consumo ou dos investimentos do governo contribuem para sustentar o PIB e as taxas de emprego no sentido macroeconômico. Os gastos do governo realizados através das transferências de renda se somam à Renda Disponível das famílias fazendo com que estas possam consumir mais ou poupar. A contrapartida dos gastos do governo é a cobrança de impostos diretos e indiretos. Se os gastos exercem um efeito de expansão sobre o produto, renda e emprego, o aumento da cobrança de impostos exerce efeitos contracionistas ou restritivos, isto é, há uma retração no produto, renda e emprego quando o governo aumenta os impostos. Por quê? Ora! Se há aumento de impostos, diminui, a Renda Disponível da sociedade e esta fica menos propensa a consumir e a poupar porque tem menos dinheiro disponível em mãos. Se a poupança diminui, consequentemente diminui o investimento por parte dos agentes privados que também sofrem maior tributação e o resultado deste efeito da tributação é a redução do emprego de mão de obra. A Política Fiscal pode ser realizada também através dos déficits ou superávits do orçamento, sobre os quais falarei ainda neste tópico. As transações com o resto do mundo - também podem ser atingidas pelos instrumentos de políticas fiscais, quando então o governo pode influir no saldo das exportações ao aumentar os gastos com importações de mercadorias e serviços, bem como cobrar mais impostos sobre bens e serviços externos quando quiser proteger o produtor nacional ou também diminuir os tributos para também favorecer a estes produtores. Portanto, a maneira como o governo aplica a sua Política Fiscal dependerá do momento. Política fiscal expansionista Explicadas as bases da Política Fiscal, vou voltar um pouquinho no tempo e quero que você me acompanhe nesta viagem para recordarmos de algumas ações que o governo federal tomou durante a crise econômica de 2008, para que possamos, finalmente, classificar a Política Fiscal. Lembra que houve uma redução do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI - para automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção? Pois é. Naquela ocasião o governo aumentou os seus gastos. Quando o governo diminuiu o IPI, ele estava deixando mais dinheiro nas mãos das pessoas, não é mesmo? Se ele retira menos dinheiro das pessoas através dos impostos, logo, a Renda Disponível fica maior e lhes possibilita comprar mais ou poupar mais como já foi informado aqui. Agora olhe as coisas pelo seguinte ângulo: o governo está colocando um dinheiro que é dele, por direito, diretamente na economia. Aquela grana que deveria ir para os cofres públicos não vai mais, pois o governo está gastando esse dinheiro antes mesmo dele chegar aos seus cofres, é simplesmente isso. O governo tinha dinheiro certo para receber e ele, simplesmente, gastou antes de pegar este dinheiro, pois abriu mão através da redução dos impostos. A arrecadação era 1.000.000 e o governo, por conta própria, decidiu arrecadar 1.000.000 – 500.000. logo, 500.000 é exatamente o que ele estava disposto, por exemplo, a gastar diretamente para manter a economia aquecida durante a crise americana que abalou o mundo em 2008. Ficou mais claro agora, não é mesmo? De posse de todas estas informações, posso afirmar que o governo expandiu os seus gastos ou executou uma Política Fiscal Expansionista. Vamos ver se realmente essa Política Fiscal afetou a renda, o produto e o emprego? As pessoas continuaram comprando carro, eletrodomésticos e materiais de construção, logo, estes setores continuaram produzindo e mantendo os empregos nas lojas. Ora! Se o setor terciário continua vendendo, logo o setor secundário também ficará aquecido em função das vendas do comércio e continuará fabricando mais produtos. Em consequência da atividade dos dois setores citados, o setor primário será estimulando e continuará a produzir e fornecer matéria-prima (insumos) para a fabricação de bens e serviços. Além disso, não se pode desconsiderar que o governo também é um agente ofertante e demandante de bens e serviços cujo impacto é relevante na demanda e oferta agregadas. Não se esqueça que o governo é, na maioria das vezes, o ofertante de serviços de educação, segurança e saúde, além de demandar por bens de consumo como veículos, material de escritório dentre outros. Assim, vemos que a Política Fiscal Expansionista do governo ajuda a gerar emprego, aumentar a renda e a expandir o produto (PIB). Política Fiscal contracionista ou restritiva Muito bem! Você já sabe o que é a Política Fiscal Expansionista e não é difícil então deduzir do que trata a Política Fiscal Contracionista também chamada de Restritiva. Esta diz respeito à redução dos gastos do governo e do aumento dos tributos cobrados pelo mesmo, e como a expansionista, tem reflexos no emprego, renda e produto. Uma vez que o governo reduz os seus gastos, ele acaba diminuindo a demanda agregada, impactando no setor produtivo como um todo. No caso do aumento de tributos, ele diminui a Renda Disponível fazendo com que a sociedade retenha menos dinheiro para poupar o que ajuda a reduzir os investimentos, além de fazer com que a mesma reduza o consumo. Agora, imagine o efeito cascata na economia: as famílias consomem menos, desestimulando o comércio que, passando a vender menos, diminui a quantidade de pedidos ao setor industrial. Este último, por sua vez, diminui a produção e requer menos do setor primário. Perceba que a Política Fiscal Contracionista tem um impacto significativo na economia e por isso se constitui num mecanismo poderoso para combater o boom de consumo e também para amenizar os gastos do governo que, se forem exagerados, poderão trazer sérios desequilíbrios para a economia, e é o que veremos no subtópico a seguir. O Equilíbrio Fiscal Como exemplo, imagine a seguinte situação: Um pai de família que ganha um salário mínimo, gasta exatamente este salário para pagar todas as suas contas e despesas. No final do mês, ele pode ficar zerado, contudo, não fica devendo nada para ninguém. Porém, por algum motivo, este pai de família, em um determinado mês,acaba efetuando despesas maiores do que a sua capacidade de pagar com o que ganha mensalmente. O que ele fará então? Há três possibilidades que vou apresentar agora: ou ele dá um calote, ou corta os gastos necessários para honrar os compromissos adquiridos ou simplesmente procura tomar dinheiro emprestado. Caso ele dê um calote, cai em descrédito na praça e, dificilmente, obterá confiança novamente para comprar a prazo, crediário e outros. Então, o ideal é que ele corte os gastos, ainda que tenha que se empenhar em um tremendo sacrifício, mas que consiga pagar o que deve. Entretanto, há a terceira possibilidade que é o empréstimo, o que fará com que ele honre uma dívida agora e adquira outra para ser paga no futuro, com um agravante: ele terá que pagar juros por causa da aquisição desta dívida. Esta situação também ocorre com o governo. Quando este gasta somente o que arrecada dizemos que há um equilíbrio fiscal, se a arrecadação for maior que as despesas (arrecadação maior que despesas) dizemos que há superávit nas contas do setor público. Isso significa que há poupança para efetuar investimentos nas diversas áreas sob a responsabilidade do setor público. Mas, quando nos casos em que o governo acaba gastando mais do que arrecada (despesas maiores que arrecadação) chamamos de déficit público, que pode ser equacionado de três formas: o governo deve cortar gastos para chegar ao equilíbrio fiscal, emitir moeda, porém sob o risco de gerar inflação ou, simplesmente, tomar dinheiro emprestado junto à sociedade e junto ao resto do mundo. Digamos que a arrecadação de impostos pelo governo foi de R$1 trilhão, mas as despesas foram da ordem de 1,5 trilhões. O que foi que houve aqui? Um déficit público (gasto do governo maior que arrecadação de impostos) de R$500 bilhões. Para fechar as contas, ele toma dinheiro emprestado através da emissão de títulos públicos que são “ativos de renda fixa que possuem a finalidade primordial de captar recursos para o financiamento da dívida pública, bem como para financiar atividades do governo”. Com esses títulos, o governo apresenta para os seus possíveis compradores o seguinte argumento: emprestem-me R$500 bilhões. Tomem como garantia deste empréstimo este título do Tesouro Nacional que é muito seguro. Daqui a algum tempo eu recompro este título de vocês e devolvo o dinheiro acrescido de uma taxa de juros que pode chegar a 10%. Você sabe que pode confiar em mim, porque eu sou o governo, não dou calote. Então, a sociedade e também o resto do mundo emprestam dinheiro ao governo, ou seja, financiam o déficit público. Mas veja bem a que preço. No nosso exemplo, para convencer os agentes econômicos a comprarem os títulos do Tesouro Nacional, o governo teve que propor pagar uma taxa de juros significativamente elevada de 10%, ou seja, para honrar os seus compromissos de hoje, o governo adquiriu uma dívida para ser paga no futuro com juros altos. O grande problema deste tipo de desequilíbrio fiscal é que a solução de hoje se torna o problema de amanhã, pois a continuidade do déficit público favorece, em longo prazo, o endividamento do país e a necessidade contínua do pagamento de juros para os agentes que compram títulos públicos. A partir daí, o governo é obrigado, ano após ano, a fazer uma poupança que infelizmente não será usada para investir na construção e melhoria de estradas, ferrovias, portos, aeroportos, segurança nacional educação e saúde, mas sim para honrar os compromissos da dívida pública. A poupança feita para este fim chama-se de Superávit Primário, que é o resultado alcançado sem considerar os juros da dívida pública de períodos anteriores. Aliás, o superávit primário é perseguido, justamente para pagar os juros da dívida pública. Os Instrumentos de Política Monetária e a Taxa de Juros O alvo desta Política Macroeconômica é o controle da oferta de moeda que determina o grau de liquidez da economia como um todo. Ao lado do controle da oferta monetária, efetua-se também a imposição de limites às operações de crédito para os agentes econômicos, cujos efeitos se propagam sobre a quantidade de moeda. Todos estes elementos, por sua vez, sofrem os efeitos da taxa de juros. Certamente, todos os objetivos de Políticas Macroeconômicas sofrem os efeitos da provisão de moeda, da oferta de crédito e do patamar em que se encontra a taxa de juros. A diminuição do quantitativo de moeda circulando na economia pode provocar a redução do consumo e dos investimentos por parte dos agentes privados, impactando diretamente nos preços. No sentido contrário, o aumento da quantidade de moeda circulando na economia estimula o aumento do crédito, e consequentemente, eleva o consumo agregado interno e externo dos agentes econômicos privados trazendo impactos significativos sobre o produto (PIB) e agindo também sobre os níveis do emprego agregado. Portanto, a Política Monetária deve atuar sobre a composição da base monetária, regulação da liquidez real, do controle de crédito e da administração da taxa de juros. A Taxa de Juros A taxa de juros está presente em todas as operações de controle monetário e, num sentido abrangente, juro é o preço do dinheiro. Quando os bancos ou demais agentes do sistema financeiro emprestam dinheiro, eles cobram juros, pois, o dinheiro é o lado visível da moeda sendo ela mesma uma mercadoria e, como tal, pode ser negociada. É com base na taxa de juros que o governo remunera alguns dos seus títulos públicos, regula a quantidade de moeda a ser ofertada na economia, dentre outras coisas. Enfim, a taxa de juros é um instrumento poderoso usado na Política Monetária, atuando diretamente no grau de liquidez da economia e costumamos subdividí-la em taxa de juros real e nominal. A taxa de juros real é obtida pela subtração da taxa de inflação da taxa de juros nominal, portanto na elaboração da taxa de juros nominal não se desconsidera as perdas resultantes da inflação. A Política Monetária Expansionista e Contracionista /Restritiva Uma Política Monetária será considerada Expansionista quando houver um aumento na quantidade de moeda no meio circulante e uma Política Monetária será considerada Contracionista ou Restritiva quando ocorrer uma redução na quantidade de moeda no meio circulante. Com este efeito, o BACEN também influencia o consumo e investimento e, consequentemente, a demanda agregada, o produto agregado (PIB) e as taxas de emprego. A taxa de juros atua juntamente com os instrumentos de controle monetário aumentando ou diminuindo os custos dos empréstimos bancários, o valor da remuneração dos títulos públicos do governo e de títulos privados do sistema financeiro representados por papéis vendidos pelos bancos como o CDB. Ela é um instrumento poderoso que influencia no crescimento econômico de um país, pois quando está muito elevada encarece o crédito no sistema financeiro, inviabilizando o investimento e o consumo por parte dos agentes privados. Inflação A inflação é um fenômeno universal, comum a todos os países e, entre as principais categorias de variação do valor da moeda, a inflação é a predominante. Observe bem a adjetivação e a ênfase que apliquei a três características da inflação: continuidade, persistência e generalidade. O aumento contínuo de preços nos processos inflacionários mostra que se trata de um fenômeno dinâmico de preços em alta e não uma condição estática de preços altos, ou seja, os preços não sobem e se estabilizam, mas sobem ininterruptamente. Aliás, em situações de inflação, os índices de preços variam em algumas situações, quase que diariamente. Se você comprou cinco pães por $ 1 unidade monetária hoje, amanha terá que ter, por exemplo, $ 1,5 unidade monetária para comprar a mesma quantidade de pães, e assim sucessivamente. Já a persistência do processoinflacionário se explica pelo fato de que, embora se tomem muitas medidas para freá-lo, os preços prosseguem em sua trajetória de alta, mostrando que conter tal processo é extremamente difícil se tais medidas não forem adotadas com muito critério. Quanto à generalidade, o processo inflacionário nunca é um aumento de preços isolados de bens e serviços. Uma vez instalada, a inflação atinge todos os produtos e serviços, ainda que seja com intensidades variadas. Para alguns economistas, se a inflação chegar a um patamar de 50% ao mês e com viés de crescimento, ela passa a ser chamada de hiperinflação. Inflação de Demanda - Causada pelo aumento da demanda agregada por bens e serviços e diante da incapacidade do setor produtivo de atender a essa procura. Na verdade, ela aponta para um desequilíbrio na Lei da Oferta e da Demanda. Se a oferta é maior que a demanda, os preços tendem a cair e se a demanda é maior do que a oferta, os preços tendem a subir. Mas este não é o único motivo. Colabora para isso também o aumento da quantidade de moeda circulando na economia e é muitíssimo fácil entender o porquê! Ora! Se há muito dinheiro na economia, logo haverá facilidades para se aumentar a demanda agregada, só que a oferta agregada não acompanha o crescimento rápido da demanda, porque o empresário teria que investir em máquinas e equipamentos, contratar e treinar a mão de obra, importar, em alguns casos, insumos para serem usados na produção, dentre outras coisas. Enquanto isso, o dinheiro à disposição da população estimula a demanda por parte de agentes prontos para consumir. Mas, sem a contrapartida do lado da oferta, os preços sobem. Inflação de Custos - Um dos motivos que causa esse tipo de inflação é o aumento dos custos dos ofertantes por causa da elevação dos custos dos fatores de produção. Ou seja, os aumentos salariais, por exemplo, representam um aumento dos custos das empresas. Se uma cultura como a do trigo sofrer impactos negativos do clima, fará com que o preço desse produto suba por causa das perdas dos produtores e, consequentemente, todos os derivados do trigo na indústria de alimentos sofrerão um aumento. Outras fontes para o surgimento da inflação de custos são os aumentos dos lucros de empresas que compõem determinadas estruturas de mercado como os monopólios e oligopólios. De uma maneira geral, o aumento dos custos dos fatores de produção será repassado para os preços dos bens e serviços, gerando inflação. Inflação Inercial - É uma inflação tipicamente brasileira. Ela é causada pela permanência da memória inflacionária oriunda da indexação, que é quando as obrigações monetárias têm seus valores corrigidos com base em índices oficializados pelo governo, isto é, o governo usa índices de preços (índices que medem a inflação de um determinado período) para reajustar todos os preços da economia. Neste tipo, a inflação passada é usada para corrigir os preços presentes e continua sendo lançada para o futuro. Vamos ver um exemplo: O preço de uma cesta de mercadoria com 50 itens em um determinado período é de $ 100,00, sendo a correção monetária autorizada pelo governo feita pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ou seja, a correção dos preços dessa cesta (por causa das perdas com a inflação) está INDEXADA pelo IPCA. Para facilitar o cálculo, façamos com percentuais de 10%. Período 1 - $ 100,00 + IPCA de 10% do período = $ 110,00 Período 2 - $ 110,00 + IPCA de 10% do período = $ 121,00 Período 3 - $ 121,00 + IPCA de 10% do período = $ 133,10 Período 4 - $ 133,10 + IPCA de 10% do período = $ 146,41 Período 5 - $ 146,41 + IPCA de 10% do período = $ 161,05 O que aconteceu aqui? Observe que no primeiro período o ofertante teve perda de 10% com a inflação, por isso ele corrige os preços da sua cesta de produtos com 10% sobre $ 100,00, que era o valor da cesta, que passa a ser de $ 110,00. Entretanto, no período seguinte, o ofertante não retira o aumento dos 10% anteriores ($ 121 - $ 10). Ele usa o preço do período anterior, já inflacionado, e joga sobre este preço mais 10% de inflação. No período 3, ele usa os preços já inflacionados do período 1 e 2 e lança mais 10%,,ou seja, ele conserva a inflação passada e a lança para o futuro. Assim, a inflação se reproduz permanentemente. Detalhe: nos tempos do Brasil pré-Plano Real, essa situação era permitida e incentivada pelo governo na tentativa desesperada de ressarcir os setor produtivo e os trabalhadores pelas perdas causadas pela inflação galopante. Dessa forma, nunca se conseguia acabar com a inflação, pois ela se reproduzia no tempo e não era causada pelo excesso de demanda e nem pelo aumento dos custos dos fatores de produção, nem pelo lucro exacerbado das empresas (caso dos oligopólios), mas sim por causa da indexação. Todas as medidas usadas para conter a inflação não davam resultados porque sempre procuravam combater somente a demanda, os lucros extraordinários ou os custos das empresas. Os males causados pela inflação A inflação compromete a economia da seguinte forma: Se os preços sobem sempre e a renda da sociedade não acompanha esses aumentos, ela comprará menos bens e serviços. Se comprar menos, os empresários no médio e longo prazo tendem a produzir menos, ou mesmo deixam de produzir bens e serviços, uma vez que os consumidores não possuem renda para adquirir tais produtos por causa da perda do poder de compra da moeda. Se os empresários vendem menos, geram menos empregos ou mesmo demitem a mão de obra, dependendo da situação. Se houver perda de empregos pela população, teremos menos pessoas recebendo salários - que já era também corroído pela inflação - e, consequentemente, consumindo menos. Dessa forma, perceba que a geração de empregos, a capacidade de produção das firmas e o consumo ficam comprometidos por causa do fenômeno inflacionário. Se a moeda que é o ativo de perfeita liquidez (ou seja, o meio de pagamento que pode, sem nenhuma dificuldade, comprar bens e serviços) perde o seu valor, toda a economia é prejudicada. É dessa forma que o crescimento econômico é comprometido. Não há nenhuma vantagem em processos inflacionários descontrolados. Agora imagine a cesta com 50 itens de produtos que hoje você pode comprar com $ 100. No mês X1, com os mesmos $ 100, você só consegue comprar 40 itens. No mês X2, apenas 32. Em X3, apenas 25 itens. Era isso que a inflação fazia antes do Plano Real, corroia o poder de compra da moeda com os aumentos contínuos e generalizados dos preços. Observe que, com a mesma quantia em dinheiro, as pessoas não compravam as mesmas quantidades de itens da cesta mês a mês. Do lado do empresário, este deixava de vender por causa da necessidade que ele tinha de aumentar os preços dos bens da cesta de produtos, porque o preço subia também para ele junto aos fornecedores. Era um efeito em cadeia terrível para toda a sociedade. A Política Cambial A Política Cambial é um instrumento das relações comerciais e financeiras entre um país com o resto do mundo. É nesse tipo de política que se estabelecem os regimes cambiais que influenciam a economia, determinando o nível de importação e exportação de um país, a quantidade de reservas internacionais, dentre outras coisas. Basicamente, aqui falarei para você sobre os regimes cambiais, que são as formas como se executam as políticas estabelecidas pelas autoridades para as trocas entre as moedas nacionais e estrangeiras, através do que chamamos de taxa de câmbio. Esta é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. A taxa de câmbio é, portanto, uma variável econômica muito importante, pois faz a intermediação das transações entre residentes e não residentes de uma nação, ou seja, todas as contas do Balanço de Pagamentos sofrem influência da taxa de câmbio, cujas alteraçõesafetam as importações, exportações, entradas de capitais estrangeiros, rentabilidade de aplicações no exterior etc. Em relação aos efeitos da inflação, as taxas de câmbio podem ser: • Taxa de câmbio nominal: é a taxa de câmbio que tem embutida em si a inflação interna (do país) e externa, isto é, a inflação da moeda pela qual se quer realizar a troca. • Taxa de câmbio real: é a taxa de câmbio nominal, retirada a influência da inflação interna e inflação externa. Há, basicamente, dois tipos de arranjos cambiais: o regime cambial fixo e o flexível ou flutuante. No regime cambial fixo, o BACEN estabelece o preço de uma moeda estrangeira em relação à moeda nacional e vice-versa. Já no câmbio flexível ou flutuante, o BACEN permite que o mercado estabeleça o preço da moeda estrangeira, fazendo com que a Lei da Oferta e da Demanda determine o preço das divisas estrangeiras. Quando efetivamente o BACEN estabelece o câmbio flexível sem intervenções de qualquer espécie, dizemos que há flutuações cambiais limpas, mas isso geralmente não ocorre pelo fato de haver uma estreita ligação entre a Política Cambial e Monetária. Se o BACEN permitir total liberdade no câmbio flutuante, certamente perderá o controle da Política Monetária. Vou explicar isso para você. Quando um agente estrangeiro, por exemplo, compra ações de alguma empresa na bolsa de valores brasileira (BOVESPA - Bolsa de Valores de São Paulo), certamente ele virá trazendo dólares, que é a moeda reserva mundial, ou seja, é a moeda que todos os países usam, normalmente, para realizar as suas transações internacionais. Contudo, esse agente não pode realizar dentro do território brasileiro nenhuma transação com moeda estrangeira, mesmo que seja com o dólar. É porque a moeda de curso forçado no Brasil é o Real, portanto esse agente interessado em adquirir papéis na bolsa de valores terá que deixar seus dólares no Banco Central, que lhe dará o equivalente em reais para que possa comprar ações na BOVESPA. Mas observe o seguinte: o BACEN terá que disponibilizar mais moeda brasileira no meio circulante para atender à demanda por reais do aplicador estrangeiro e, quando isso ocorre, automaticamente, afeta a Política Monetária brasileira. Por isso, é comum que os bancos centrais intervenham no mercado cambial quando o preço da moeda estrangeira se afasta muito do valor que o governo ache conveniente para a economia nacional. Se em um regime de câmbio abertamente flutuante houver uma intervenção da autoridade monetária, ele passa a ser chamado de regime cambial de flutuações sujas. Há, ainda dentro do câmbio flutuante, o regime de bandas cambiais, em que o governo estabelece um valor mínimo e um valor máximo entre os quais o preço da moeda nacional pode flutuar. Por exemplo: o preço de US$ 1,00 dólar pode variar entre R$ 1,50 e R$ 2,50, em que R$ 1,50 é o preço mínimo e R$ 2,50 é o preço máximo. Se a taxa de câmbio ficar fora de um desses dois limites, a autoridade monetária intervém no mercado comprando, caso o preço da moeda estrangeira caia muito (abaixo do valor mínimo), ou vendendo, caso o preço da moeda estrangeira suba muito (acima do valor mínimo), mantendo, assim, o equilíbrio no mercado de câmbio.
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