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Biodireito (1)

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biodireito
Professor: Diogo Leonardo Machado de Melo
14.08.2015
Introdução
Biodireito é diferente de bioética. O biodireito analisa leis específicas sobre determinadas matérias, CF e precedentes. A situação jurídica que será avaliada serão os desenvolvimentos científicos, tecnológicos, e inclusive a relação médico-paciente. Estuda o desenvolvimento tecnológico aplicado ao ser humano, analisando as repercussões científicas com fundamento no ordenamento jurídico (Jurisprudência, Doutrina, Leis, etc). Enquanto a bioética estuda os valores e a moral no desenvolvimento tecnológico aplicado ao ser humano.
Situações persistentes são aquelas que são discutidas há anos (eutanásia), já as situações emergentes são aquelas pensadas recentemente (manipulação genética).
21.08.2015
Princípios do biodireito
Belmont Report (1978): Plano feito nos EUA sobre desenvolvimento científico e tecnológico e como isso poderia ser aplicado aos seres humanos. Dessa forma, uma comissão organizou um plano mínimo sobre valores éticos envolvendo esses avanços tecnológicos.
Convenção sobre biomedicina (1996): este foi o primeiro programa programático (regulamento principiológico) sobre a pesquisa científica em seres humanos. A Comissão Europeia promulgou essa Convenção, enaltecendo alguns princípios do Biodireito.
Res. 1931/09 – CFM: conselho federal de medicina. No Brasil, a principal norma sobre biodireito é a Resolução 1931 do Conselho Federal de Medicina. 
Princípios
Princípio base (art. 1°, III, CF) – Esse princípio defende a preservação da dignidade da pessoa humana no biodireito. A principal ideia é que os avanços tecnológicos para a pessoa humana não podem ser desenvolvidos usando a pessoa humana como um objeto de estudo/inanimado.
Princípio da Autonomia: o médico ou o pesquisador precisam respeitar a autonomia do paciente, como valores culturais, morais, etc. Por essa razão, pouco importa se ele está mais ou menos sensível (quadro clínico), ele possui liberdade de fazer escolhas.
Contudo, essa ideia traz alguns conflitos na prática, como transfusão de sangue forçada ou adotar um procedimento que pode salvar a vida da pessoa, mesmo ela não concordando com o processo.
No biodireito, por estarmos diante de “Situação existencial” em que os pacientes estão sofrendo ou podem morrer, existe um abrandamento das disposições do negócio jurídico, dos erros do negócio jurídico e de outros conceitos de Direito Civil (Ex: capacidade civil, licitude do objeto, etc). Isso acontece porque muitas das disposições foram criadas para ter como objeto jurídico o “patrimônio” e não “direitos indisponíveis”.
Princípio da Beneficência/Não Maleficência: o médico precisa adotar o procedimento mais vantajoso para o paciente. Assim, caso existam dois procedimentos existentes para tratar uma mesma causa, o médico deve adotar aquela que causa menor desconforto ao indivíduo. Por essa razão, não existe disposição em contrário para que os médicos adotem procedimentos alternativos e terapias que amenizem o sofrimento da pessoa. Contudo, o paciente deve estar suficientemente informado sobre os tratamentos possíveis e sobre as intenções do médico.
Alteridade: o paciente precisa ser visto como uma outra pessoa humana, fazendo com que o médico pense nele como semelhante antes de adotar um procedimento ou escolher uma cirurgia. É uma consequência da dignidade da pessoa humana.
Justiça: a ideia que o atendimento médico e desenvolvimento científico é para a coletividade, por isso todos possuem o direito à saúde e à atendimentos. Esse princípio de política pública, pois uma terapia que beneficia várias deve prevalecer sobre uma pesquisa que beneficiará poucas pessoas.
Por uma nova capacidade de consentir? (lei 13146/15) Estatuto do deficiente, que revoga o artigo 3º e altera o artigo 4º do CC.
28.08.2015
Lei de biossegurança e os direitos de personalidade
Lei 11.105/05: é a lei que autorizou, por exemplo, a pesquisa sobre as células tronco embrionárias. Para estudar essa lei é preciso entender os direitos de personalidade: integridade física (moral e intelectual – lei 9279/96). A pessoa deve ser vista como indivíduo único e exclusivo.
Quando se inicia a personalidade? Há divergência na doutrina. Uns dizem que é quando existe um fluxo vital, e outros dizem que é a partir do momento em que existe vida (óvulo + espermatozoide).
Adin 3510: Ente natalista – há personalidade quando há nascimento com vida (expulsão do nascituro do ventre materno, com respiração). O nascituro tem expectativa de direitos, e não tem personalidade mas tem direitos art. 130, CC. Ente conceptualista – o nascituro tem personalidade e tem direito próprio para receber direitos, e se ele se utiliza de outras pessoas para lutar por seus direitos, é apenas uma representação. Existem conceptualistas que defendem a personalidade só no ambiente intrauterino, e outros o momento óvulo + espermatozoide também extrauterino.
Lei de alimentos gravídicos (lei 11.804/08): alimentos civis tem o objetivo de manter o padrão de vida, enquanto os alimentos necessários são os indispensáveis para a sobrevivência. Os alimentos gravídicos servem para que a mãe tenha uma gravidez saudável, mas como esta lei trata o tempo todo da mãe, e não do nascituro, não alterou em nada a polêmica dos entes natalistas e conceptualistas.
A lei de biossegurança pede autorização e utiliza apenas embriões que sobram para pesquisas, pois tirar embrião apenas para realizar pesquisa não é permitido. Então a lei não utilizou nenhuma das duas correntes, foi entendido que na lei de alimentos gravídicos não é levada em consideração a personalidade, pois é tratado da mãe não do bebê. O Supremo entende que a lei é constitucional, e permite pesquisas desde que respeitados os requisitos.
04.09.2015
Doação de órgãos
	
Lei 9434/97
Alterações 10.211/01
Conceito: a doação de órgãos pode ser definida como negócio jurídico extrapatrimonial, pois o objeto está fora do comércio, em que uma pessoa em vida ou pos mortem através do exercício de sua autonomia destina parte do seu corpo humano a alguém com o objetivo de manutenção da vida deste destinatário (benefício a saúde de outrem).
A ideia do legislador foi criar a presunção do consentimento de doação, para encontrar o máximo de doadores, mas isso não é assim hoje em dia. A lei original sofreu muitas críticas, e por isso em 2001 ela foi alterada. Então hoje para existir doação de órgãos deverá ter consentimento para doação, preferencialmente por escrito, então nenhum documento que diga que você é doador de órgãos é válido. Na dúvida não vai se fazer a doação.
Espécies: Post Mortem e Inter Vivos.
Post mortem
Morte encefálica: sem a morte encefálica ainda não é possível doar órgãos pelo post mortem (pessoa não possui mais sentidos vitais).
Autorização: os parentes devem concordar (até colateral de 2º grau); e se estes não aceitarem não poderá doar, inclusive se o de cujus tivesse deixado autorização para doar.
Incapaz (ambos)
Indigente: não pode ser doador de órgãos mas pode ser cedido para pesquisa em faculdades.
Destino: lista única
Inter vivos
Autonomia
Destino: família
Outros: judicial
Menor: não pode doar órgãos (exceto medula) + judicial
Gravidez: não pode doar órgãos (exceto medula).

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