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Aula 05 Direito Penal p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015 (com videoaulas) Professor: Renan Araujo 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 59 AULA 05: EFEITOS DA CONDENAÇÃO E REABILITAÇÃO. PENA DE MULTA. AÇÃO PENAL NO CP. SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I ± Aspectos Gerais da Teoria da Pena 02 II ± Penas em Espécie: A pena de MULTA 06 III ± Efeitos da Condenação e reabilitação 11 IV ± Da Ação Penal no Código Penal 23 Questões para praticar 34 Questões comentadas 42 Gabarito 59 Olá, meus amigos concurseiros! Hoje é dia de VDLUPRV�GD�³7HRULD�*HUDO�GR�'HOLWR´�H�HQWUDUPRV� QD�³7HRULD�*HUDO�GD�3HQD´� Veremos, conforme prevê o edital passado, a pena de multa, os efeitos da condenação e da reabilitação, bem como a ação penal no CP. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 59 I ± ASEPECTOS GERAIS DA TEORIA DA PENA Se a conduta incriminada pelo tipo penal incriminador é um preceito primário, a pena (sanção penal) a ele cominada (prevista) é o que se pode chamar de preceito secundário. A pena possui como pressuposto de sua aplicação a culpabilidade do agente (para parte da Doutrina, a culpabilidade é pressuposto de aplicação da pena, para outra parte, embora também o seja, é parte integrante do conceito analítico de crime). Já as medidas de segurança não possuem a culpabilidade como pressuposto de sua aplicação (até porque o agente não é plenamente imputável, não possuindo, portanto, culpabilidade), mas sim a periculosidade. Isto é importante! A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade dá ao indivíduo que transgride a ordem jurídico-penal estabelecida, e consiste na privação ou restrição de um bem jurídico do condenado (liberdade, patrimônio, etc.), de forma a castigá-lo e reeducá-lo. Alguns princípios norteiam a Teoria Geral da Pena: a) Reserva legal ou legalidade estrita ± Somente a Lei (em sentido HVWULWR�� SRGH� FRPLQDU� SHQDV�� ³1XOOD� SRHQD� VLQH� OHJH´�� (VWi� SUHYLVWR� QR� art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1° do CP; b) Anterioridade ± A Lei que prevê a pena para a conduta deve ser anterior à prática do crime: ³1XOOD�SRHQD�VLQH�SUDHYLD�OHJH´. Também está previsto no art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1° do CP, sendo, juntamente com o princípio da reserva legal, subprincípios do princípio da LEGALIDADE; c) Intranscendência da pena ± A pena deve ser cumprida somente pelo condenado, não podendo, em caso de morte deste, ser transferida aos seus familiares, salvo a obrigação de reparar o dano e o perdimento de 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 59 bens, que podem ser cobrados dos sucessores até o limite do patrimônio transferido pelo condenado falecido. CUIDADO: A pena de multa, embora patrimonial, não pode ser cobrada dos sucessores! d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena ± Presentes os requisitos para a condenação, a pena não pode deixar de ser imposta e cumprida. É mitigado, atualmente, por institutos como o sursis, o livramento condicional, etc.; e) Princípio da humanidade ou humanização das penas ± A pena não pode desrespeitar os direitos fundamentais do indivíduo, violando sua integridade física ou moral, e também não pode ser de índole cruel, desumano ou degradante (art. 5°, XLIX e XLVII da Constituição); f) Princípio da proporcionalidade ± A sanção aplicada pelo Estado deve ser proporcional à gravidade da infração cometida e também deve ser suficiente para promover a punição ao infrator e sua reeducação social; g) Princípio da individualização da pena ± A pena deve ser aplicada de maneira individualizada para cada infrator em cada caso específico. Essa individualização se dá em três fases distintas: a) cominação: O legislador deve prever um raio de atuação para o Juiz aplicar a pena no caso concreto, estabelecendo penas mínimas e máximas, de forma que o Juiz possa aplicar a quantidade de pena que achar conveniente no caso concreto; b) aplicação: Saindo da esfera legislativa, passamos à esfera judicial, segunda etapa, que consiste na efetiva aplicação individualizada da pena, que será imposta conforme as circunstâncias do crime e os antecedentes do réu, de acordo com a margem estabelecida pelo legislador; c) Na terceira e última fase temos a aplicação deste princípio da na execução da pena (esfera administrativa), de forma que o cumprimento da pena, progressão de regime, concessão de benefícios devem ser analisados no caso concreto, e não abstratamente, pois entende-VH� TXH� ³FDGD� FDVR� p� XP� FDVR´�� H� QmR� FDEH� DR� OHJLVODGRU� retirar do Juiz a possibilidade de analisá-lo e proceder da forma que 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 59 melhor atenda aos anseios da sociedade. Está previsto no art. 5°, XLVI da Constituição da República. Quanto à finalidade da pena, três teorias surgiram: a) Teoria absoluta e sua finalidade retributiva ± Pune-se o agente simplesmente porque ele cometeu uma transgressão à ordem estabelecida e deve ser castigado por isso. Não há nenhuma finalidade educacional de reinserção do indivíduo à vida social. A pena é mero instrumento para a realização da vingança estatal; b) Teoria relativa e sua finalidade preventiva ± Pune-se o agente não para castigá-lo, mas para prevenir a prática de novos crimes. Essa prevenção pode ser: b1) Prevenção Geral ± Busca controlar a violência social, de forma a despertar na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode ser negativa, quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei penal, ou positiva, quando simplesmente se busca reafirmar a vigência da Lei penal; b2) Prevenção especial ± Não se destina à sociedade, mas ao infrator, de forma a prevenir a prática da reincidência. Também pode ser negativa, quando busca intimidar o condenado, de forma a que ele não cometa novos delitos por medo, ou positiva, quando a preocupação está voltada à ressocialização do condenado (Infelizmente, não há uma preocupação com isto na prática); c) Teoria Mista (unificadora ou eclética ou unitária) e sua dupla finalidade ± Aqui, entende-se que a pena deve servir como castigo (punição) ao infrator, mas também como medida de prevenção, tanto em relação à sociedade quanto ao próprio infrator (prevenção geral e especial). Foi a adotada pelo art. 59 do CP, que diz: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujowww.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 59 consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Quanto à cominação, as penas podem ser cominadas: a) Isoladamente ± A Lei prevê a aplicabilidade de apenas uma espécie de pena. Exemplo: art. 121 do CP ± Pena de reclusão; b) Cumulativamente ± A Lei prevê a aplicabilidade conjunta de duas espécies de penas. Exemplo: art. 155 do CP ± Pena de reclusão e multa; c) Alternativamente ± A Lei comina, alternativamente, duas espécies de pena. Exemplo: art. 331 do CP: Detenção ou multa; Quanto às espécies, as penas podem ser: a) Privativas de liberdade ± Retiram do condenado o direito à liberdade de locomoção, por determinado período (é vedada pena de caráter perpétuo, art. 5°, XLVII, b da Constituição). Máximo de 30 anos para crimes (art. 75 do CP) e de 05 anos para contravenções penais (art. 10 da Lei de Contravenções Penais); b) Restritivas de direitos ± Em substituição à pena privativa de liberdade, limitam (restringem) o exercício de algum direito do condenado. Estão previstas no art. 43 do CP e em alguns dispositivos da Legislação Especial; c) Pena de multa ± Recai sobre o patrimônio financeiro do condenado; d) Restritiva de liberdade ± Restringem, mas não retiram o direito de locomoção do condenado. Na verdade, trata-se de uma espécie de 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 59 pena restritiva de direitos. Exemplo: Proibir o marido de se aproximar da casa da ex-esposa no caso de violência doméstica; e) Penas corporais ± Trata-se de castigos aplicados ao corpo do indivíduo. É espécie de pena vedada pela Constituição Federal (art. 5°, XLVII, e). O CP previu, em seu art. 32, as penas privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa. Este quadro esquemático vai ajudar na compreensão de vocês: II ± PENAS EM ESPÉCIE: A PENA DE MULTA A pena de multa pode ser conceituada como a pena (sanção penal) consistente no pagamento de determinada quantia em dinheiro e destinada ao Fundo Penitenciário Nacional. Nos termos do art. 49, e seus §§, do CP: Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de PENAS MULTA RESTRITIVA DE DIREITOS PRIVATIVA DE LIBERDADE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA PERDA DE BENS E VALORES PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDA DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS LIMITAÇÃO DE FINAL DE SEMANA RECLUSÃO DETENÇÃO PRISÃO SIMPLES (SOMENTE NO CASO DE CONTRAVEN ÇÃO PENAL) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 59 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O critério utilizado para a fixação da pena de multa é o do dia- PXOWD��2�YDORU�GR�³dia-multa´�VHUi�DUELWUDGR�SHOR�-XL]��HP�PRQWDQWH�TXH� varie entre 1/30 (um trigésimo) e 5 vezes o valor do maior salário mínimo vigente À ÉPOCA DO FATO! Perceba, caro aluno, que a aplicação da pena de multa obedece a um sistema BIFÁSICO, no qual o Juiz: a) Primeiro fixa a quantidade de dias-multa. b) Depois, fixa o valor de cada dia multa. O produto da multiplicação do número de dias multa pelo valor de cada dia multa será o montante total da condenação. EXEMPLO: Imagine que um réu é condenado ao pagamento de 10 dias- multa, considerando-se cada dia multa como 1/30 do maior salário mínimo vigente (exemplificativamente, R$ 600,00). Assim, 1/30 de R$ 600,00 igual a R$ 20,00. Desta forma, o valor total da condenação será de 10 (quantidade de dias-multa) x R$ 20,00 (valor do dia-multa). Logo, a pena de multa será fixada em R$ 200,00 (Duzentos reais). Este critério possibilita o exercício do princípio da individualização da pena, pois confere ao Juiz uma amplitude enorme na fixação do valor da pena de multa. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 59 A Doutrina entende que: A quantidade de dias-multa é calculada com base no fato criminoso e na personalidade do agente (circunstâncias do art. 59 do CP). O valor de cada dia-multa é fixado com base na situação econômica do infrator. O art. 60 do CP prevê que a pena de multa deve ser fixada levando- se em conta a situação econômica do réu, entretanto, essa fixação com base na situação econômica do réu se refere à fixação do valor do dia- multa. Além disso, seu § 1° permite a majoração da pena de multa em até três vezes, caso mesmo sendo aplicada ao máximo, o Juiz considere que ela ainda é insuficiente. Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Ressalto a vocês que esse sistema de aplicação da pena de multa é genérico, ou subsidiário. Assim, nada impede que a Legislação Especial, e até mesmo o CP, prevejam situações especiais nas quais o critério para a aplicação da pena de multa seja outro. O pagamento da pena de multa deve se dar em até 10 dias a contar do trânsito em julgado da sentença, podendo o Juiz, considerando as circunstâncias e a requerimento do condenado, permitir o parcelamento do seu pagamento (art. 50 do CP). O CP permite, ainda, que a pena de multa seja descontada diretamente na remuneração do condenado, salvo na hipótese de ter sido aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade (§ 1° do art. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 59 50 do CP), E NÃO PODE INCIDIR SOBRE RECURSOS QUE SEJAM INDISPENSÁVEIS AO SUSTENTO DO INFRATOR E DE SUA FAMÍLIA (§ 2° do art. 50 do CP). Conforme já havia adiantado a vocês, não cumprida espontaneamente a pena de multa, não pode haver conversão em pena privativa de liberdade, muito menos reconversão (porque nunca houve conversão). Nesse caso, a multa será considerada como dívida de valor e executada pelo procedimento de cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública (ExecuçãoFiscal). Nos termos do art. 51 do CP: Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) A Doutrina e a Jurisprudência entendem, em razão disso, que embora o não cumprimento da pena de multa não possa gerar a conversão em pena privativa de liberdade, isto não lhe retira seu caráter de pena. Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do infrator, estará extinta a punibilidade, nos termos do art. 107, I do CP, já que não se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do infrator, por força do art. 5°, XLV da Constituição, que ressalvou apenas a obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens. Esta é a posição majoritária (esmagadora), embora existam alguns julgados no STJ entendendo que a multa, nesse caso, passou a ter caráter extrapenal (ultraminoritário esse entendimento). 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 59 Não confundam a pena de multa que estudamos (pena autônoma, que pode ser aplicada cumulativamente ou isoladamente da pena privativa de liberdade) com a pena de multa substitutiva ou vicariante. Esta última é uma espécie de pena alternativa, que pode ser aplicada em substituição às penas privativas de liberdade em determinados casos. Está prevista no art. 60, § 2° do CP: § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A Doutrina e a Jurisprudência entendem que, mesmo nesse caso (NO QUAL ESTAMOS DIANTE DE UMA PENA SUBSTITUTIVA), não há possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade, pois entendem que a conversão só pode ocorrer nas hipóteses previstas no art. 44, § 4° do CP, que trata das penas restritivas de direitos, não incluindo, portanto, a pena de multa. Por fim, o art. 52 do CP prevê que, sobrevindo doença mental ao condenado, ficará suspensa a pena de multa: Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Vocês, entretanto, não podem confundir a MULTA com a pena de prestação pecuniária. Trata-se de uma modalidade de pena restritiva de direitos, e difere da multa em diversos aspectos. Vejamos: DIFERENÇAS ENTRE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA E MULTA a) Destinação - A pena de prestação pecuniária é destinada à vítima, seus dependentes ou entidade pública ou privada (com destinação social); A multa, por sua vez, é destinada ao Fundo Penitenciário 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 59 Nacional; b) Quantidade ± A prestação pecuniária é fixada entre 01 e 360 salários mínimos, enquanto a pena de multa é fixada entre 10 e 360 dias-multa (veremos mais sobre isso quando analisarmos a pena de multa); c) Consequências do não-cumprimento ± Não cumprida a pena de prestação pecuniária, haverá a reconversão obrigatória. Não cumprida a pena de multa, deverá ser executada como dívida de valor III ± EFEITOS DA CONDENAÇÃO A sentença penal condenatória possui efeitos penais e extrapenais. Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal (óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou secundários. B.1) Efeitos da sentença penal condenatória A sentença penal condenatória possui efeitos penais e extrapenais. Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal (óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou secundários. O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a imposição de pena criminal, eis que este é o objetivo básico e principal da condenação. Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais secundários aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurídico- 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 59 PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como efeito penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas consequências) caso o condenado seja novamente condenado dentro de um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos culpados (após o trânsito em julgado, sempre). Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por afetarem diversas outras áreas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por sua vez, dividem-se em genéricos e específicos. Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer condenação, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: Obrigação de reparar o dano e confisco: Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 59 Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de ser expressamente declarados pelo Juiz na sentença. EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o dano causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse efeito, pois é decorrência natural e automática da sentença. Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo constar na sentença condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está previsto no § único do art. 92 do CP: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 59 Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, resumidamente: EFEITOS DA CONDENAÇÃO GERAIS ESPECÍFICOS x Obrigação de reparar o dano x Perda em favor da União dos instrumentos do crime (se seu porte for ilícito) e dos produtos ou proveitos do crime. x São AUTOMÁTICOS x Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (a)nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública ± pena igual ou superior a 01 ano; b) Nos demais casos ± pena superior a 04 anos. x Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. x Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. x Não são automáticos. 1) Efeitos genéricos Obrigação de reparar o dano Embora as esferas cível e criminal sejam independentes, a sentença criminal condenatória possui o condão de fazer coisa julgada na seara cível, tornando certa e indiscutível (naquela 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 59 esfera) o dever de reparar o dano. Porém, o valor poderá ser discutido na esfera cível. A ocorrência de abolitio criminis ou anistia, embora seja fato que gere a rescisão da sentença condenatória, extinguindo-se a punibilidade, NÃO ALTERA OS REFLEXOS CIVIS DA CONDENAÇÃO. Nos termos do art. 2° do CP: Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Essa obrigação de reparar o dano pode, inclusive, ser cobrada dos herdeiros do falecido1, até o limite do patrimônio a eles transferido, por força do art. 5°, XLV da Constituição. Confisco O confisco é a perda de bens de natureza ilícita em favor da União. O confisco recai apenas sobre os instrumentos e sobre o produto do crime. O instrumento do crime (instrumenta sceleris) é aquilo de que se valeu o agente para praticar o delito. Só poderão ser confiscados se se tratarem de coisas cuja, fabricação, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito. Assim, um carro utilizado para a prática de um homicídio doloso por atropelamento não pode ser confiscado, por ao ser objeto de natureza ilícita. Entretanto, uma arma de fogo sem registro, com a numeração raspada e cujo possuidor não possua autorização para tal, deverá ser objeto de confisco. O produto do crime (producta sceleris) é a vantagem direta auferida pelo infrator em decorrência da prática do crime. 1 Não confundir com a MULTA, que é PENA, e não pode ser cobrada dos herdeiros, nem mesmo se o falecido tiver deixado patrimônio. Com a morte do condenado, extingue-se a punibilidade da PENA de MULTA. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 59 O proveito do crime, por sua vez, é a vantagem indireta obtida pelo agente através da especificação do produto do crime (transformação do ouro roubado em joia), da alienação do produto do crime (dinheiro decorrente da venda do produto do crime) ou preço do crime (crime encomendado, por exemplo). O confisco do produto ou do proveito do crime em prol da União possui natureza subsidiária, pois, em regra, o produto ou proveito crime será restituído à vítima, sendo efetuado em prol da União apenas no caso de ser desconhecida a vítima ou não ser reclamado seu valor. 2) Efeitos específicos Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo Está previsto no art. 92, I do CP: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) Como já disse a vocês, estes não são efeitos automáticos, devendo estar expressos na sentença. EXEMPLO: se um funcionário público é condenado à pena privativa de liberdade de 03 anos, pelo crime de peculato, a perda do cargo público não decorre automaticamente da sentença condenatória, devendo o Juiz se manifestar expressamente neste sentido. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 59 Na primeira hipótese (alínea a), o agente comete o crime contra a administração pública, valendo-se da sua condição de funcionário público (crime funcional). Nesse caso, a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo ocorrerá se for aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano. Na segunda hipótese, trata-se de perda de cargo, função pública ou mandato eletivo em razão da prática de qualquer crime, desde que a pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. CUIDADO! A pena deve ser superior a quatro anos, e não DE QUATRO ANOS. Incapacidade para exercício do pátrio poder, tutela ou curatela Trata-se de mais um efeito específico da condenação, pois só poderá ocorrer na hipótese de prática de crime doloso sujeito à pena de reclusão, praticado contra filho, tutelado ou curatelado. Assim, além da necessidade de expressa previsão na sentença condenatória, outros três são os requisitos para a ocorrência desse efeito: O crime deve ser doloso Deve ser apenado com reclusão Deve ter sido praticado contra filho, tutelado ou curatelado A sua aplicação, obviamente, não é obrigatória, pois, como vimos, trata-se de um efeito não-automático da condenação, devendo estar expressamente consignadana sentença a ocorrência deste efeito. A perda do pátrio poder, tutela ou curatela se dá de duas formas diferentes: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 59 Em relação à vítima do delito ± Em caráter permanente (nunca mais o infrator poderá ter o pátrio poder em relação àquela pessoa); Em relação a outros filhos, tutelados ou curatelados ± Em caráter provisório. Ocorrendo a reabilitação, poderá o infrator restabelecer o pátrio poder, a tutela ou curatela em relação aos demais filhos, tutelados ou curatelados. EXEMPLO: Imagine um caso de estupro, no qual o pai estupra a filha menor de idade. Condenado, o pai perderá o poder familiar (pátrio poder) em relação a todos os filhos. No entanto, se posteriormente ele se reabilitar, poderá recuperar o poder familiar em relação aos demais filhos, mas nunca mais poderá recuperar este poder em relação à vítima do crime (Pode parecer mentira, mas é verdade /). Inabilitação para dirigir veículo O art. 92, III do CP diz o seguinte: Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Portanto, são dois os requisitos: Trate-se de crime doloso; O veículo tenha sido usado como meio para a prática do crime 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 59 3RU� ³PHLR´� GHYH-VH� HQWHQGHU� ³PHLR� GLUHWR´�� DTXHOH� TXH� SURGX]� efetivamente o resultado delituoso. EXEMPLO: Se Andressa mata Bruno, atropelando-o com seu Honda Civic, o veículo foi utilizado como meio do crime. No entanto, se Andressa pega seu Honda Civic e se dirige até a casa de Bruno, esperando-o chegar do trabalho e, quando o vê, o esfaqueia por trás, o veículo não foi utilizado como meio para a prática do crime, mas como meio de transporte. Temos, abaixo, um quadro esquemático para melhor compreensão do assunto. QUADRO ESQUEMÁTICO 3) REABILITAÇÃO A reabilitação é o instituto que visa à reinserção social do condenado, através do sigilo referente às suas anotações criminais, bem como a EFEITOS DA CONDENAÇÃO PENAIS EXTRAPENAIS PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS GENÉRICOS (AUTOMÁTICOS) ESPECÍFICOS (NÃO- AUTOMÁTICOS) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 59 suspensão condicional de determinados efeitos secundários da condenação, de natureza extrapenal. Nos termos do art. 93 e seu § único do CP: Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) CUIDADO! Não se trata de causa de extinção da punibilidade! A) Sigilo das condenações O primeiro dos objetivos da reabilitação é promover o sigilo referente às anotações criminais do reabilitado. Em regra, cumprida ou extinta a pena, naturalmente são retiradas da folha de antecedentes criminais do acusado, somente podendo ser acessadas por QUALQUER AUTORIDADE JUDICIÁRIA, pelo membro do MP ou por autoridade policial (Delegado de Polícia). No entanto, o sigilo promovido pela reabilitação é bem mais amplo, pois somente pode ser quebrado mediante requisição do JUIZ CRIMINAL (e não de qualquer Juiz!). B) Efeitos secundários extrapenais da condenação Com relação a esta finalidade, a reabilitação promove a suspensão dos efeitos extrapenais secundários da condenação. Assim, por exemplo, se o condenado perdeu o poder familiar em relação aos filhos, em razão 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 59 de ter cometido crime doloso punido com reclusão contra qualquer filho (art. 92, II do CP), se for REABILITADO, poderá recuperar o poder familiar em relação AOS DEMAIS FILHOS QUE NÃO SOFRERAM O CRIME, pois o poder familiar em relação ao filho que sofreu o crime NUNCA MAIS SERÁ RECUPERADO (art. 93, § único do CP). C) Pressupostos e requisitos para a Reabilitação O pressuposto é apenas um: Que haja sentença condenatória transitada em julgado, independentemente de qual pena foi aplicada (privativa de liberdade, multa, etc.). Os requisitos são diversos. O art. 94 nos traz tais requisitos. Vejamos: Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) x Requisitos objetivos ± a) A extinção da pena (Pelo cumprimento ou por outra forma) deve ter se dado há mais de dois anos; b) Deve o condenado ter reparado o dano, ou provar que não pode fazê-lo ou que a vítima renunciou a este direito; 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 59 x Requisitos subjetivos ± a) Domicílio no país ± O condenado deve ter residido no Brasil no período de dois anos após a extinção da pena; b) Bom comportamento público e privado ± O condenado deve ter apresentado, neste período de dois anos, um bom comportamento social. CUIDADO! O pedido de reabilitação é PRIVATIVO DO CONDENADO, não se estendendo aos sucessores. Assim, se o condenado faleceu sem requerer a habilitação, nada poderá ser feito pelos sucessores. Caso a reabilitação tenha sido negada, nada impede que o condenado a requeira novamente, a qualquer tempo, desde que traga fatos novos à apreciação do Juiz. É o que a Doutrina chama de caráter REBUS SIC STANTIBUS. Nos termos do art. 94, § único do CP: Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá serrequerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A reabilitação pode ser revogada, ainda, caso o reabilitado seja condenado, COMO REINCIDENTE, por decisão IRRECORRÍVEL, à pena que NÃO SEJA DE MULTA. Assim, três são os requisitos para a revogação: x Condenação posterior x À pena que não seja de multa x Desde que o condenado seja reincidente 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 59 Assim, se já tiver ocorrido o período DEPURADOR (período de cinco anos que provoca a decadência da reincidência), o reabilitado pode ser condenado que não será revogada a reabilitação concedida, pois não será condenado como reincidente. IV ± DA AÇÃO PENAL NO CÓDIGO PENAL Quando alguém pratica um fato criminoso, surge para o Estado o poder-dever de punir o infrator. Esse poder-dever, esse direito, é chamado de ius puniendi. Entretanto, o Estado, para que exerça validamente e legitimamente o seu ius puniendi, deve fazê-lo mediante a utilização de um mecanismo que possibilite a busca pela verdade material (não meramente a verdade formal), mas que ao mesmo tempo respeite os direitos e garantias fundamentais do indivíduo. Esse mecanismo é chamado de Processo Penal. Mas, professor, onde entra a Ação Penal nisso? A ação penal é, nada mais nada menos, que o ato inicial desse mecanismo todo chamado processo penal. A) Espécies de Ação Penal A ação penal pode ser pública incondicionada, condicionada, ou privada. Nos termos do art. 100 do Código Penal: Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 59 § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A regra é a de que a ação penal seja pública, nos termos do caput do art. 100 do CP, só sendo privada quando a lei expressamente assim disser. Conforme o esquemático, para facilitar a compreensão de vocês: Assim pode se resumir, graficamente, as espécies de ação penal previstas no Código Penal e no Código de Processo Penal - CPP. A Doutrina cita, ainda, a ação penal popular, prevista na Lei 1.079/50, mas essa espécie é polêmica e não possui previsão nem no CP, nem no CPP, motivo pelo qual, não será objeto do nosso estudo. Vamos estudar, agora, cada uma das seis espécies de ação penal: AÇÃO PENAL PÚBLICA PRIVADA INCONDICIONADA CONDICIONADA REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA EXCLUSIVA PERSONALÍSSIMA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 59 A) Ação penal pública incondicionada É a regra no ordenamento processual penal brasileiro. Sua titularidade pertence ao Ministério Público, de forma privativa, nos termos do art. 129, I da Constituição da República. Além disso, o próprio § 1° do art. 100 do CP estabelece ser do MP a atribuição para o ajuizamento da ação penal pública. O art. 101 do CP traz uma regra inócua, desnecessária, mas que vocês devem saber: Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Trata-se da ação penal no crime complexo, que é o crime formado pela junção de dois outros tipos penas. Exemplo: Roubo = furto + lesão corporal ou ameaça. Assim, se um dos crimes for de ação penal pública incondicionada, ainda que o outro não o seja, caberá ação penal pública. B) Ação penal pública condicionada (à representação do ofendido e à requisição do Ministro da Justiça) Tratam-se de duas hipóteses pertencentes à mesma categoria de ação penal, a ação penal pública condicionada. Aplica-se a esta espécie de ação penal tudo o que foi dito a respeito da ação penal pública, havendo, no entanto, alguns pontos especiais. Aqui, para que o MP (titular da ação penal) possa exercer legitimamente o seu direito de ajuizar a ação penal pública, deverá estar presente uma condição de procedibilidade, que é a representação do 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 59 ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, a depender do caso. Frise-se que, em regra, a ação penal é pública e incondicionada. Somente será condicionada se a lei expressamente dispuser neste sentido. Para facilitar o estudo de vocês, elaborei os seguintes quadros com as peculiaridades da ação penal pública condicionada, tanto no caso de condicionamento à representação do ofendido quanto no caso de requisição do Ministro da Justiça: AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO ¾ Trata-se de condição imprescindível, nos termos do art. 24 do CPP; ¾ É representação admite retratação, mas somente até o oferecimento da denúncia (cuidado! Costumam colocar em provas de concurso que a retratação pode ocorrer até o recebimento da denúncia. Isto está errado! É uma pegadinha! No vocabulário internetês��³e�XPD�FLODGD��%LQR�´�± risos). Isso está no art. 102 do CP e 25 do CPP; ¾ Caso ajuizada a ação penal sem a representação, esta nulidade processual pode ser sanada posteriormente, caso a vítima a apresente em Juízo (desde que realizada dentro do prazo de seis meses que a vítima possui para representar, nos termos do art. 38 do CPP); ¾ Não se exige forma específica para a representação, bastando que seja escrita e descreva claramente a intenção de ver o infrator ser processado. A jurisprudência admite que o simples registro de ocorrência em sede policial, desde que conste informação de que a vítima pretende ver o infrator punido, PODE ser considerada como representação; ¾ A representação não pode ser dividida quanto aos autores do fato. Ou se representa em face de todos eles, ou não há representação, 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentadosProf. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 59 pois esta não se refere propriamente aos agentes que praticaram o delito, mas ao fato. Quando a vítima representa, está manifestando seu desejo em ver o fato ser objeto de ação penal para que sejam punidos os responsáveis. Entretanto, embora não possa haver fracionamento da representação, isso não impede que o MP denuncie apenas um ou alguns dos infratores, pois um dos princípios da ação penal pública é a divisibilidade, lembram- se? ¾ A legitimidade para oferecer a representação é do ofendido, se maior de 18 anos e capaz (art. 34 do CP). Embora o dispositivo legal estabeleça que se o ofendido tiver mais de 18 e menos de 21 anos tanto ele quanto seu representante legal possam apresentar a representação, este artigo perdeu o sentido com o advento do Novo Código Civil em 2002, que estabeleceu a maioridade civil em 18 anos. ¾ Se ofendido falecer, aplica-se a ordem de legitimação prevista no art. 24, § 1° do CPP: § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993). É importante lembrar que essa ordem deve ser observada. Assim, havendo cônjuge, e este resolvendo não representar, não poderá o pai do falecido representar. A Doutrina equipara o companheiro ao cônjuge; O prazo para representação está no art. 38 do CPP e também no art. 103 do CP: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia (...)Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 59 denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ¾ Se o ofendido for menor de idade, o prazo, para ele, só começa a fluir quando este completar 18 anos; ¾ Se a vítima vier a falecer, o prazo começa a correr para os legitimados (cônjuge, ascendente, etc.) quando tomarem conhecimento do fato ou de sua autoria (art. 38, § único do CPP); ¾ A representação pode ser oferecida perante o MP, a autoridade policial ou mesmo perante o Juiz; Já quanto à ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA ¾ Trata-se de crimes nos quais existe um juízo político acerca da conveniência em vê-los apurados ou não. São poucas as hipóteses, citando, como exemplo, o crime cometido contra a honra do Presidente da República (art. 141, I, c/c art. 145, § único, do CP); ¾ Diferentemente do que ocorre com a representação, não há prazo decadencial para o oferecimento da requisição, podendo esta ocorrer enquanto não estiver extinta a punibilidade do crime; ¾ A maioria da Doutrina entende que não cabe retratação dessa requisição, ao contrário do que ocorre com a representação do ofendido, por não haver previsão legal e por se tratar a requisição, de um ato administrativo; ¾ O destinatário da requisição é o MP, que não está vinculado à requisição, podendo deixar de ajuizar a ação penal; 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 59 C) Ação penal privada exclusiva É a modalidade de ação penal privada clássica. É aquela na qual a Lei entende que a vontade do ofendido em ver ou não o crime apurado e o infrator processado são superiores ao interesse público em apurar o fato. O prazo para ajuizamento da ação penal (queixa) é decadencial de seis meses, e começa a fluir da data em que o ofendido tomou ciência de quem foi o autor do delito. Isto está previsto no art. 103 do CP e no art. 38 do CPP. O STF e o STJ entendem que se a queixa foi ajuizada dentro do prazo legal, mas perante juízo incompetente, mesmo assim terá sido interrompido o prazo decadencial, pois o ofendido não ficou inerte. O ofendido pode ainda, renunciar ao direito de ajuizar a ação (queixa), e se o fizer somente a um dos infratores, a todos se estenderá, por força do art. 49 do CPP: Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Frise-se que esta renúncia pode ser expressa ou tácita. Nos termos do art. 104 e seu § único, do CP: Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 59 A renúncia só pode ocorrer antes do ajuizamento da demanda e pode ser expressa ou tácita. Após o ajuizamento da demanda o que poderá ocorrer é o perdão do ofendido. Nos termos do art. 51 do CPP: Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. A utilização do termo querelado denota que só pode ocorrer o perdão depois de ajuizada a queixa, pois só após este momento há querelante (ofendido) e querelado (autor do crime). Além disso, o art. 105 do CP IDOD�HP�³REVWDU�R�SURVVHJXLPHQWR�GD� DomR�SHQDO´��'Dt�VH�FRQFOXL�TXH�HVWD�GHYH�WHU�VLGR�DMXL]DGD� Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O perdão, à semelhança do que ocorre com a renúncia ao direito de queixa, também pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, é simples, decorre de manifestação expressa do querelante no sentido de que perdoa o infrator. No segundo caso, decorre da prática de algum ato incompatível com a intenção de processar o infrator (ex.: Casar-se com o infrator). Nos termos do art. 106 e seu § 1° do CP: Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) § 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujoʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 59 O perdão do ofendido deve também deve seguir às seguintes regras: x Deve ser oferecido, no máximo, até o trânsito em julgado da sentença condenatória; x Se concedido a um dos querelados, a todos se estende; x Se um dos ofendidos o conceder, isto não prejudica o direito dos demais ofendidos; x Só produz efeitos em relação ao querelado que o aceitar (trata- se, portanto, de ato bilateral: oferecimento + aceitação) Estas regras estão previstas no art. 106, I, II e III, e seu § 2° do CP: Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - se o querelado o recusa, não produz efeito. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) D) Ação penal privada subsidiária da pública Trata-se de hipótese na qual a ação penal é, na verdade, pública, ou seja, o seu titular é o MP. No entanto, em razão da inércia do MP em oferecer a denúncia no prazo legal (em regra, 15 dias se réu solto, ou 05 dias se réu preso), a lei confere ao ofendido o direito de ajuizar 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 59 uma ação penal privada (queixa) que substitui a ação penal pública. Esta previsão está contida no art. 29 do CPP: Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Há previsão, ainda, no art. 100, §3º do CP: Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) CUIDADO! O STJ entende que se o MP ajuíza a ação penal somente em face de alguns dos acusados, e silencia a respeito dos outros, não há possibilidade de manejo da ação penal privada subsidiária da pública. Por fim, não é admissível o perdão do ofendido na ação penal privada subsidiária da pública, pois se trata de ação originariamente pública, na qual só se admitiu o manejo da ação privada em razão de uma circunstância temporal. Tanto é assim que o art. 105 do CP estabelece que: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 59 Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. 2UD�� VH� R� DUWLJR� IDOD� HP� ³FULPHV� HP� TXH� somente se procede mediante queixa´��H[FOXL�GHVWD�OLVWD�D�DomR�SHQDO�SULYDGD�VXEVLGLiULD�GD� pública. Na verdade, nenhum dos institutos exclusivos da ação penal privada são admitidos na ação penal privada subsidiária da pública (renúncia, perdão, perempção, etc.), pois aqui temos uma verdadeira ação penal pública, cuja titularidade foi conferida excepcionalmente ao ofendido. E) Ação penal personalíssima Trata-se de modalidade de ação penal privada exclusiva, cuja única diferença é que, nesta hipótese, somente o ofendido (mais ninguém, em hipótese nenhuma!) poderá ajuizar ação. Assim, se o ofendido falecer, nada mais haverá a ser feito, estando extinta a punibilidade, pois a legitimidade não se estende aos sucessores, como acontece nos demais crimes de ação privada. Além disso, se o ofendido é menor, o seu representante não pode ajuizar a demanda. Assim, deve o ofendido aguardar a maioridade para ajuizar a ação penal privada. A única hipótese ainda existente no nosso ordenamento é o crime previsto no art. 236 do CP: Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 59 Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. Bons estudos! Prof. Renan Araujo LISTA DAS QUESTÕES 01 - (FCC ± 2010 ± TRE/RS ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA JUDICIÁRIA) Sobre a pena de MULTA prevista no Código Penal, é INCORRETO afirmar que A) deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois do trânsito em julgado da sentença. B) se converte em pena de detenção, quando o condenado solvente deixa de pagá-la ou frustra a sua execução. C) sua cobrança pode ser efetuada mediante desconto no salário do condenado, quando aplicada isoladamente. D) sua execução será suspensa se sobrevém ao condenado doença mental. E) se cobrada mediante desconto no salário, não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. 02 - (FCC ± 2009 ± MPE/SE ± ANALISTA DO MP ± ESPECIALIDADE DIREITO) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 59 A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da pena privativa de liberdade se esta for de até A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do mesmo crime e a medida for socialmente recomendável. E) dois anos, independentemente de reincidência. 03 - (FCC ± 2010 ± TRF 4 ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA JUDICIÁRIA) A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da pena privativa de liberdade se esta for de até A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do mesmo crime e a medida for socialmente recomendável. E) dois anos, independentemente de reincidência. 04 - (FCC ± 2008 ± TCE/AL ± PROCURADOR) A perda de função pública constitui efeito da condenação quando aplicada pena privativa de liberdadeigual ou superior a A) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, independentemente de motivação na sentença. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 59 B) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente a necessária motivação. C) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente a necessária motivação. D) um ano, para qualquer crime, desde que a sentença apresente a necessária motivação. E) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, independentemente de motivação na sentença. 05 - (FCC ± 2011 ± TRE/TO ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA JUDICIÁRIA) Nos termos do Código Penal, é efeito automático da condenação, não sendo necessário ser declarado na sentença: A) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos em qualquer crime, salvo nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. B) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública. C) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. D) A incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 59 E) A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. 06 - (FCC ± 2010 ± TJ/PI ± ASSESSOR JURÍDICO) Constitui, dentre outros, efeito penal secundário da condenação A) a inscrição do nome do condenado no rol dos culpados. B) a reparação do dano resultante do crime. C) o confisco dos instrumentos do crime, na forma prevista em lei. D) a incapacidade para o exercício do pátrio poder, nos casos previstos em lei. E) inabilitação para dirigir veículos, nos casos previstos em lei. 07 - (FCC ± 2009 ± TJ/SE ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA JUDICIÁRIA) Os efeitos extrapenais da condenação, previstos no art. 92 do Código Penal brasileiro, são: A) não específicos e genéricos. B) automáticos e secundários. C) específicos e não automáticos. D) primários e não automáticos. E) genéricos e específicos. 08 - (VUNESP ± 2013 ± TJ-RJ ± JUIZ) O principal efeito da sentença criminal condenatória é a ____________ . A legislação penal brasileira, porém, prevê também efeitos secundários da condenação, tanto de natureza penal quanto extrapenal. Os efeitos secundários de natureza _____________ se dividem em genéricos e 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 59 específicos. ____________ é exemplo de efeito secundário ______________da decisão criminal condenatória transitada em julgado. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, a frase. a) medida dH�VHJXUDQoD��QXQFD�D�SHQD�«�SHQDO�«�5HLQFLGrQFLD�«�SHQDO� específico E�� VDQomR�SHQDO� �SHQD�RX�PHGLGD�GH� VHJXUDQoD��«�SHQDO�«�$�SHUGD�GH� função pública quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo VXSHULRU�D�TXDWUR�DQRV�«�H[WUDSHQDO c) sanção peQDO� �SHQD� RX� PHGLGD� GH� VHJXUDQoD�� «� H[WUDSHQDO� «� 5HLQFLGrQFLD�«�SHQDO G�� SHQD�� QXQFD� D� PHGLGD� GH� VHJXUDQoD� «� H[WUDSHQDO� «� 7RUQDU� FHUWD� D� REULJDomR�GH�LQGHQL]DU�R�GDQR�FDXVDGR�SHOR�FULPH�«�H[WUDSHQDO�JHQpULFR. 09 - (FGV ± IX EXAME UNIFICADO DA OAB) Guilherme praticou, em 18/02/2009, contravenção penal de vias de fato (Art. 21 do Decreto Lei n. 3.688/41), tendo sido condenado à pena de multa. A sentença transitou definitivamente em julgado no dia 15/03/2010, mas Guilherme não pagou a multa. No dia 10/07/2010, Guilherme praticou crime de ato obsceno (Art. 233 do CP). Com base na situação descrita e na legislação, assinale a afirmativa correta. A) Guilherme não pode ser considerado reincidente por conta de uma omissão legislativa. B) Guilherme deve ter a pena de multa não paga da primeira condenação convertida em pena privativa de liberdade. C) Guilherme é reincidente, pois praticou novo crime após condenação transitada em julgado. D) A pena de multa não gera reincidência. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 59 10 ± (CESPE ± 2002 ± SENADO ± CONSULTOR LEGISLATIVO) Quanto às penas e às medidas de segurança e socioeducativas, julgue o item seguinte. O funcionário público condenado pela prática de crime que implique violação de dever para com a administração pública sofrerá, como efeito automático da condenação, a perda do cargo ou função pública. 11 ± (CESPE ± 2002 ± SEFAZ-AL ± CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO) Caso atue de forma incorreta, quem trabalha para o Estado ou com ele se relaciona pode incidir na prática de crimes com tipos específicos, previstos na legislação penal brasileira. Nesse contexto, julgue o item abaixo. Considere a seguinte situação hipotética. Determinado servidor praticou crime de concussão e, com o valor arrecadado, adquiriu um automóvel. Tendo sido descoberto, ele foi julgado e condenado a cinco anos de reclusão em decorrência desse crime. Nessa situação, como conseqüência da condenação, o servidor não perderá o cargo, exceto se o juiz assim o determinar motivadamente na sentença. 12 - (CESPE ± 2010 ± AGU ± PROCURADOR FEDERAL) No que se refere à parte geral do Código Penal, julgue o item subsequente. A proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública pode ter caráter temporário, com natureza de pena de interdição temporária de 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 59 direitos, mas pode também ter caráter permanente, se for efeito da condenação. 13 - (CESPE ± 2012 ± AGU ± ADVOGADO DA UNIÃO) Julgue o item subsecutivo, a respeito dos efeitos da condenação criminal e de crimes contra a administração pública. Considera-se efeito genérico e automático da condenação a restrição ao exercício de cargo público. 14 ± (CESPE ± 2009 ± AGU ± ADVOGADO DA UNIÃO) No que se refere a efeitos da condenação e reabilitação, julgue o item subsequente. Nos termos do Código Penal,a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo ocorrerá quando, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública, for aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano. 15 - (CESPE ± 2013 ± POLÍCIA FEDERAL ± DELEGADO) A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser executada em face do espólio, quando o réu vem a óbito no curso da execução da pena, respeitando - se o limite das forças da herança. 16 - (CESPE ± 2013 ± TJDF ± ANALISTA JUDICIÁRIO) Em 15/10/2005, nas dependências do banco Y, Carlos, com o objetivo de prejudicar direitos da instituição financeira, preencheu e assinou declaração falsa na qual se autodenominava Maurício. No mesmo dia, foi 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 59 até outra agência do mesmo banco e, agindo da mesma forma, declarou falsamente chamar-se Alexandre. Em 1/5/2010, Carlos foi denunciado, tendo a denúncia sido recebida em 24/5/2010. Após o devido processo legal, em sentença proferida em 23/8/2012, o acusado foi condenado a um ano e dois meses de reclusão, em regime inicialmente aberto, e ao pagamento de doze dias-multa, no valor unitário mínimo legal. A pena privativa de liberdade foi substituída por uma pena restritiva de direitos e multa. O MP não apelou da sentença condenatória. Com relação à situação hipotética acima, julgue os itens seguintes. O pagamento da pena de multa deverá ser revertido à instituição financeira lesada pelo delito. 17 - (CESPE ± 2014 ± TJ/CE ± AJAJ ± ADAPTADA) A respeito da aplicação das penas, das medidas de segurança e dos benefícios penais do condenado, assinale a opção correta. A reabilitação do condenado poderá ser requerida após a decorrência do prazo de cinco anos, contado do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 59 QUESTÕES COMENTADAS 01 - (FCC ± 2010 ± TRE/RS ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA JUDICIÁRIA) Sobre a pena de MULTA prevista no Código Penal, é INCORRETO afirmar que A) deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois do trânsito em julgado da sentença. CORRETA: Esta é a previsão do art. 50 do CP; B) se converte em pena de detenção, quando o condenado solvente deixa de pagá-la ou frustra a sua execução. ERRADA: A pena de multa, quando não paga, não se converte em pena privativa de liberdade, passando a ser considerada mera dívida de valor a ser cobrada mediante execução fiscal. Nos termos do art. 51 do CP: Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996). A Doutrina e a Jurisprudência entendem, em razão disso, que embora o não cumprimento da pena de multa não possa gerar a conversão em pena privativa de liberdade, isto não lhe retira seu caráter de pena. Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do infrator, estará extinta a punibilidade, nos termos do art. 107, I do CP, já que não se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do infrator, por força do art. 5°, XLV da Constituição, que ressalvou apenas a obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens. Esta é a posição majoritária (esmagadora), embora existam alguns julgados no 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 59 STJ entendendo que a multa, nesse caso, passou a ter caráter extrapenal (ultraminoritário esse entendimento). C) sua cobrança pode ser efetuada mediante desconto no salário do condenado, quando aplicada isoladamente. CORRETA: Esta é a previsão do art. 50, § 1°, a do CP. D) sua execução será suspensa se sobrevém ao condenado doença mental. CORRETA: Sobrevindo ao condenado doença mental, ficará suspensa a execução da pena de multa, nos termos do art. 52 do CP; E) se cobrada mediante desconto no salário, não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. CORRETA: Os descontos efetuados no salário do condenado, de forma a garantir o pagamento da pena de multa, não podem prejudicar o seu sustento e o de sua família, nos termos do art. 50, § 2° do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 02 - (FCC ± 2009 ± MPE/SE ± ANALISTA DO MP ± ESPECIALIDADE DIREITO) A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da pena privativa de liberdade se esta for de até A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do mesmo crime e a medida for socialmente recomendável. E) dois anos, independentemente de reincidência. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 59 COMENTÁRIOS: A pena de multa pode ser uma modalidade de pena autônoma (regra) ou ser aplicada de maneira substitutiva a uma pena privativa de liberdade previamente aplicada (multa vicariante). Nessa última hipótese, a pena de multa poderá ser aplicada quando a pena privativa de liberdade for igual ou inferior a um ano, ainda que o réu seja reincidente, desde que, nesta hipótese, não se trate de reincidência específica e a medida seja aconselhável. Esta é a inteligência do art. 44, §§ 2° e 3° do CP. PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 03 - (FCC ± 2010 ± TRF 4 ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA JUDICIÁRIA) A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da pena privativa de liberdade se esta for de até A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do mesmo crime e a medida for socialmente recomendável. E) dois anos, independentemente de reincidência. COMENTÁRIOS: Perceba que a banca, aqui, repetiu, em anos diferentes, a mesma questão (Idêntica à anterior), de forma que se aplicam a esta questão os comentários feitos àquela. Podemos extrair, ainda, a lição de que este WHPD� p� PXLWR� ³TXHULGR´� SHOD� %DQFD�� $VVLP�� YDOH� UHIRUoDU� R� estudo nele. PORTANTO, ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05
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