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Direito Penal aula 05 v1

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Aula 05
Direito Penal p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015 (com videoaulas)
Professor: Renan Araujo
22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA
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AULA 05: EFEITOS DA CONDENAÇÃO E 
REABILITAÇÃO. PENA DE MULTA. AÇÃO PENAL 
NO CP. 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação da aula e sumário 01 
I ± Aspectos Gerais da Teoria da Pena 02 
II ± Penas em Espécie: A pena de MULTA 06 
III ± Efeitos da Condenação e reabilitação 11 
IV ± Da Ação Penal no Código Penal 23 
Questões para praticar 34 
Questões comentadas 42 
Gabarito 59 
 
Olá, meus amigos concurseiros! 
 
Hoje é dia de VDLUPRV�GD�³7HRULD�*HUDO�GR�'HOLWR´�H�HQWUDUPRV�
QD�³7HRULD�*HUDO�GD�3HQD´� 
Veremos, conforme prevê o edital passado, a pena de multa, os 
efeitos da condenação e da reabilitação, bem como a ação penal no CP. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
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I ± ASEPECTOS GERAIS DA TEORIA DA PENA 
 
Se a conduta incriminada pelo tipo penal incriminador é um preceito 
primário, a pena (sanção penal) a ele cominada (prevista) é o que se 
pode chamar de preceito secundário. 
A pena possui como pressuposto de sua aplicação a 
culpabilidade do agente (para parte da Doutrina, a culpabilidade é 
pressuposto de aplicação da pena, para outra parte, embora também o 
seja, é parte integrante do conceito analítico de crime). Já as medidas 
de segurança não possuem a culpabilidade como pressuposto de sua 
aplicação (até porque o agente não é plenamente imputável, não 
possuindo, portanto, culpabilidade), mas sim a periculosidade. Isto é 
importante! 
A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade dá 
ao indivíduo que transgride a ordem jurídico-penal estabelecida, e 
consiste na privação ou restrição de um bem jurídico do condenado 
(liberdade, patrimônio, etc.), de forma a castigá-lo e reeducá-lo. 
Alguns princípios norteiam a Teoria Geral da Pena: 
a) Reserva legal ou legalidade estrita ± Somente a Lei (em sentido 
HVWULWR�� SRGH� FRPLQDU� SHQDV�� ³1XOOD� SRHQD� VLQH� OHJH´�� (VWi� SUHYLVWR� QR�
art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1° do CP; 
b) Anterioridade ± A Lei que prevê a pena para a conduta deve ser 
anterior à prática do crime: ³1XOOD�SRHQD�VLQH�SUDHYLD�OHJH´. Também 
está previsto no art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1° do CP, sendo, 
juntamente com o princípio da reserva legal, subprincípios do princípio da 
LEGALIDADE; 
c) Intranscendência da pena ± A pena deve ser cumprida somente pelo 
condenado, não podendo, em caso de morte deste, ser transferida aos 
seus familiares, salvo a obrigação de reparar o dano e o perdimento de 
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bens, que podem ser cobrados dos sucessores até o limite do patrimônio 
transferido pelo condenado falecido. CUIDADO: A pena de multa, 
embora patrimonial, não pode ser cobrada dos sucessores! 
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena ± Presentes os 
requisitos para a condenação, a pena não pode deixar de ser imposta e 
cumprida. É mitigado, atualmente, por institutos como o sursis, o 
livramento condicional, etc.; 
e) Princípio da humanidade ou humanização das penas ± A pena 
não pode desrespeitar os direitos fundamentais do indivíduo, violando sua 
integridade física ou moral, e também não pode ser de índole cruel, 
desumano ou degradante (art. 5°, XLIX e XLVII da Constituição); 
f) Princípio da proporcionalidade ± A sanção aplicada pelo Estado deve 
ser proporcional à gravidade da infração cometida e também deve ser 
suficiente para promover a punição ao infrator e sua reeducação social; 
g) Princípio da individualização da pena ± A pena deve ser aplicada 
de maneira individualizada para cada infrator em cada caso específico. 
Essa individualização se dá em três fases distintas: a) cominação: O 
legislador deve prever um raio de atuação para o Juiz aplicar a pena no 
caso concreto, estabelecendo penas mínimas e máximas, de forma que o 
Juiz possa aplicar a quantidade de pena que achar conveniente no caso 
concreto; b) aplicação: Saindo da esfera legislativa, passamos à esfera 
judicial, segunda etapa, que consiste na efetiva aplicação individualizada 
da pena, que será imposta conforme as circunstâncias do crime e os 
antecedentes do réu, de acordo com a margem estabelecida pelo 
legislador; c) Na terceira e última fase temos a aplicação deste 
princípio da na execução da pena (esfera administrativa), de forma 
que o cumprimento da pena, progressão de regime, concessão de 
benefícios devem ser analisados no caso concreto, e não abstratamente, 
pois entende-VH� TXH� ³FDGD� FDVR� p� XP� FDVR´�� H� QmR� FDEH� DR� OHJLVODGRU�
retirar do Juiz a possibilidade de analisá-lo e proceder da forma que 
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melhor atenda aos anseios da sociedade. Está previsto no art. 5°, XLVI da 
Constituição da República. 
Quanto à finalidade da pena, três teorias surgiram: 
 
a) Teoria absoluta e sua finalidade retributiva ± Pune-se o 
agente simplesmente porque ele cometeu uma transgressão à ordem 
estabelecida e deve ser castigado por isso. Não há nenhuma finalidade 
educacional de reinserção do indivíduo à vida social. A pena é mero 
instrumento para a realização da vingança estatal; 
b) Teoria relativa e sua finalidade preventiva ± Pune-se o 
agente não para castigá-lo, mas para prevenir a prática de novos crimes. 
Essa prevenção pode ser: 
b1) Prevenção Geral ± Busca controlar a violência social, de forma 
a despertar na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode 
ser negativa, quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei 
penal, ou positiva, quando simplesmente se busca reafirmar a vigência da 
Lei penal; 
b2) Prevenção especial ± Não se destina à sociedade, mas ao 
infrator, de forma a prevenir a prática da reincidência. Também pode ser 
negativa, quando busca intimidar o condenado, de forma a que ele não 
cometa novos delitos por medo, ou positiva, quando a preocupação está 
voltada à ressocialização do condenado (Infelizmente, não há uma 
preocupação com isto na prática); 
c) Teoria Mista (unificadora ou eclética ou unitária) e sua 
dupla finalidade ± Aqui, entende-se que a pena deve servir como 
castigo (punição) ao infrator, mas também como medida de prevenção, 
tanto em relação à sociedade quanto ao próprio infrator (prevenção geral 
e especial). Foi a adotada pelo art. 59 do CP, que diz: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta 
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
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consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Quanto à cominação, as penas podem ser cominadas: 
 
a) Isoladamente ± A Lei prevê a aplicabilidade de apenas uma 
espécie de pena. Exemplo: art. 121 do CP ± Pena de reclusão; 
b) Cumulativamente ± A Lei prevê a aplicabilidade conjunta de 
duas espécies de penas. Exemplo: art. 155 do CP ± Pena de reclusão e 
multa; 
c) Alternativamente ± A Lei comina, alternativamente, duas 
espécies de pena. Exemplo: art. 331 do CP: Detenção ou multa; 
 
 Quanto às espécies, as penas podem ser: 
 
a) Privativas de liberdade ± Retiram do condenado o direito à 
liberdade de locomoção, por determinado período (é vedada pena de 
caráter perpétuo, art. 5°, XLVII, b da Constituição). Máximo de 30 anos 
para crimes (art. 75 do CP) e de 05 anos para contravenções penais (art. 
10 da Lei de Contravenções Penais); 
b) Restritivas de direitos ± Em substituição à pena privativa de 
liberdade, limitam (restringem) o exercício de algum direito do 
condenado. Estão previstas no art. 43 do CP e em alguns dispositivos da 
Legislação Especial; 
c) Pena de multa ± Recai sobre o patrimônio financeiro do 
condenado; 
d) Restritiva de liberdade ± Restringem, mas não retiram o direito 
de locomoção do condenado. Na verdade, trata-se de uma espécie de 
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pena restritiva de direitos. Exemplo: Proibir o marido de se aproximar da 
casa da ex-esposa no caso de violência doméstica; 
e) Penas corporais ± Trata-se de castigos aplicados ao corpo do 
indivíduo. É espécie de pena vedada pela Constituição Federal (art. 5°, 
XLVII, e). 
 
O CP previu, em seu art. 32, as penas privativas de liberdade, 
restritivas de direitos e multa. 
Este quadro esquemático vai ajudar na compreensão de vocês: 
 
 
 
II ± PENAS EM ESPÉCIE: A PENA DE MULTA 
 
A pena de multa pode ser conceituada como a pena (sanção penal) 
consistente no pagamento de determinada quantia em dinheiro e 
destinada ao Fundo Penitenciário Nacional. Nos termos do art. 49, e seus 
§§, do CP: 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da 
quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 
PENAS 
MULTA RESTRITIVA 
DE 
DIREITOS 
PRIVATIVA 
DE 
LIBERDADE 
PRESTAÇÃO 
 PECUNIÁRIA 
PERDA DE 
BENS E 
VALORES 
PRESTAÇÃO 
DE 
SERVIÇOS À 
COMUNIDA
DE 
INTERDIÇÃO
TEMPORÁRIA 
DE DIREITOS 
LIMITAÇÃO 
DE FINAL 
DE SEMANA 
RECLUSÃO DETENÇÃO
 
PRISÃO 
SIMPLES 
(SOMENTE 
NO CASO DE 
CONTRAVEN
ÇÃO PENAL) 
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10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a 
um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem 
superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices 
de correção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
O critério utilizado para a fixação da pena de multa é o do dia-
PXOWD��2�YDORU�GR�³dia-multa´�VHUi�DUELWUDGR�SHOR�-XL]��HP�PRQWDQWH�TXH�
varie entre 1/30 (um trigésimo) e 5 vezes o valor do maior salário 
mínimo vigente À ÉPOCA DO FATO! 
Perceba, caro aluno, que a aplicação da pena de multa obedece a 
um sistema BIFÁSICO, no qual o Juiz: 
a) Primeiro fixa a quantidade de dias-multa. 
b) Depois, fixa o valor de cada dia multa. 
 
O produto da multiplicação do número de dias multa pelo 
valor de cada dia multa será o montante total da condenação. 
EXEMPLO: Imagine que um réu é condenado ao pagamento de 10 dias-
multa, considerando-se cada dia multa como 1/30 do maior salário 
mínimo vigente (exemplificativamente, R$ 600,00). Assim, 1/30 de R$ 
600,00 igual a R$ 20,00. Desta forma, o valor total da condenação será 
de 10 (quantidade de dias-multa) x R$ 20,00 (valor do dia-multa). Logo, 
a pena de multa será fixada em R$ 200,00 (Duzentos reais). 
 
Este critério possibilita o exercício do princípio da 
individualização da pena, pois confere ao Juiz uma amplitude enorme 
na fixação do valor da pena de multa. 
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A Doutrina entende que: 
 A quantidade de dias-multa é calculada com base no fato 
criminoso e na personalidade do agente (circunstâncias do 
art. 59 do CP). 
 O valor de cada dia-multa é fixado com base na situação 
econômica do infrator. 
 
O art. 60 do CP prevê que a pena de multa deve ser fixada levando-
se em conta a situação econômica do réu, entretanto, essa fixação com 
base na situação econômica do réu se refere à fixação do valor do dia-
multa. Além disso, seu § 1° permite a majoração da pena de multa 
em até três vezes, caso mesmo sendo aplicada ao máximo, o Juiz 
considere que ela ainda é insuficiente. 
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à 
situação econômica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em 
virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no 
máximo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Ressalto a vocês que esse sistema de aplicação da pena de multa é 
genérico, ou subsidiário. Assim, nada impede que a Legislação 
Especial, e até mesmo o CP, prevejam situações especiais nas 
quais o critério para a aplicação da pena de multa seja outro. 
O pagamento da pena de multa deve se dar em até 10 dias a contar 
do trânsito em julgado da sentença, podendo o Juiz, considerando as 
circunstâncias e a requerimento do condenado, permitir o parcelamento 
do seu pagamento (art. 50 do CP). 
O CP permite, ainda, que a pena de multa seja descontada 
diretamente na remuneração do condenado, salvo na hipótese de ter sido 
aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade (§ 1° do art. 
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50 do CP), E NÃO PODE INCIDIR SOBRE RECURSOS QUE SEJAM 
INDISPENSÁVEIS AO SUSTENTO DO INFRATOR E DE SUA FAMÍLIA 
(§ 2° do art. 50 do CP). 
Conforme já havia adiantado a vocês, não cumprida 
espontaneamente a pena de multa, não pode haver conversão em 
pena privativa de liberdade, muito menos reconversão (porque nunca 
houve conversão). Nesse caso, a multa será considerada como dívida de 
valor e executada pelo procedimento de cobrança da dívida ativa da 
Fazenda Pública (ExecuçãoFiscal). Nos termos do art. 51 do CP: 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268, 
de 1º.4.1996) 
 
A Doutrina e a Jurisprudência entendem, em razão disso, que 
embora o não cumprimento da pena de multa não possa gerar a 
conversão em pena privativa de liberdade, isto não lhe retira seu caráter 
de pena. Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do 
infrator, estará extinta a punibilidade, nos termos do art. 107, I do 
CP, já que não se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do 
infrator, por força do art. 5°, XLV da Constituição, que ressalvou 
apenas a obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens. 
Esta é a posição majoritária (esmagadora), embora existam alguns 
julgados no STJ entendendo que a multa, nesse caso, passou a ter 
caráter extrapenal (ultraminoritário esse entendimento). 
 
 
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Não confundam a pena de multa que estudamos (pena autônoma, que 
pode ser aplicada cumulativamente ou isoladamente da pena privativa de 
liberdade) com a pena de multa substitutiva ou vicariante. Esta 
última é uma espécie de pena alternativa, que pode ser aplicada em 
substituição às penas privativas de liberdade em determinados casos. 
Está prevista no art. 60, § 2° do CP: § 2º - A pena privativa de liberdade 
aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados 
os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
A Doutrina e a Jurisprudência entendem que, mesmo nesse caso 
(NO QUAL ESTAMOS DIANTE DE UMA PENA SUBSTITUTIVA), não há 
possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade, pois 
entendem que a conversão só pode ocorrer nas hipóteses previstas no 
art. 44, § 4° do CP, que trata das penas restritivas de direitos, não 
incluindo, portanto, a pena de multa. 
 
Por fim, o art. 52 do CP prevê que, sobrevindo doença mental ao 
condenado, ficará suspensa a pena de multa: 
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao 
condenado doença mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Vocês, entretanto, não podem confundir a MULTA com a pena 
de prestação pecuniária. Trata-se de uma modalidade de pena 
restritiva de direitos, e difere da multa em diversos aspectos. Vejamos: 
 
DIFERENÇAS ENTRE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA E MULTA 
a) Destinação - A pena de prestação pecuniária é destinada à vítima, 
seus dependentes ou entidade pública ou privada (com destinação 
social); A multa, por sua vez, é destinada ao Fundo Penitenciário 
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Nacional; 
b) Quantidade ± A prestação pecuniária é fixada entre 01 e 360 
salários mínimos, enquanto a pena de multa é fixada entre 10 e 360 
dias-multa (veremos mais sobre isso quando analisarmos a pena de 
multa); 
c) Consequências do não-cumprimento ± Não cumprida a pena de 
prestação pecuniária, haverá a reconversão obrigatória. Não cumprida a 
pena de multa, deverá ser executada como dívida de valor 
 
III ± EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
 
A sentença penal condenatória possui efeitos penais e 
extrapenais. 
Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal 
(óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou 
secundários. 
B.1) Efeitos da sentença penal condenatória 
A sentença penal condenatória possui efeitos penais e 
extrapenais. 
Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal 
(óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou 
secundários. 
O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a imposição de 
pena criminal, eis que este é o objetivo básico e principal da 
condenação. 
Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais 
secundários aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurídico-
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PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA 
RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. 
EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como 
efeito penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas 
consequências) caso o condenado seja novamente condenado dentro de 
um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge 
a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI 
PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. 
 
Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos 
culpados (após o trânsito em julgado, sempre). 
Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por 
afetarem diversas outras áreas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por 
sua vez, dividem-se em genéricos e específicos. 
Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer 
condenação, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: 
Obrigação de reparar o dano e confisco: 
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro 
de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito 
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
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Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de 
ser expressamente declarados pelo Juiz na sentença. 
EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o 
dano causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse 
efeito, pois é decorrência natural e automática da sentença. 
 
Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre 
condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os 
crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para 
com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado 
ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo 
constar na sentença condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está 
previsto no § único do art. 92 do CP: 
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Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, 
devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Assim, resumidamente: 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
GERAIS ESPECÍFICOS 
x Obrigação de reparar 
o dano 
x Perda em favor da 
União dos 
instrumentos do 
crime (se seu porte 
for ilícito) e dos 
produtos ou proveitos 
do crime. 
x São AUTOMÁTICOS 
x Perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo (a)nos crimes 
praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a 
Administração Pública ± pena igual ou 
superior a 01 ano; b) Nos demais 
casos ± pena superior a 04 anos. 
x Incapacidade para o exercício do 
pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de 
reclusão, cometidos contra filho, 
tutelado ou curatelado. 
x Inabilitação para dirigir veículo, 
quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. 
x Não são automáticos. 
 
1) Efeitos genéricos 
Obrigação de reparar o dano 
Embora as esferas cível e criminal sejam independentes, a 
sentença criminal condenatória possui o condão de fazer coisa 
julgada na seara cível, tornando certa e indiscutível (naquela 
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esfera) o dever de reparar o dano. Porém, o valor poderá ser discutido na 
esfera cível. 
A ocorrência de abolitio criminis ou anistia, embora seja fato que 
gere a rescisão da sentença condenatória, extinguindo-se a punibilidade, 
NÃO ALTERA OS REFLEXOS CIVIS DA CONDENAÇÃO. Nos termos do 
art. 2° do CP: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Essa obrigação de reparar o dano pode, inclusive, ser cobrada 
dos herdeiros do falecido1, até o limite do patrimônio a eles 
transferido, por força do art. 5°, XLV da Constituição. 
 
Confisco 
O confisco é a perda de bens de natureza ilícita em favor da 
União. O confisco recai apenas sobre os instrumentos e sobre o produto 
do crime. 
O instrumento do crime (instrumenta sceleris) é aquilo de que se 
valeu o agente para praticar o delito. Só poderão ser confiscados se se 
tratarem de coisas cuja, fabricação, alienação, uso, porte ou detenção 
constitua fato ilícito. Assim, um carro utilizado para a prática de um 
homicídio doloso por atropelamento não pode ser confiscado, por ao ser 
objeto de natureza ilícita. Entretanto, uma arma de fogo sem registro, 
com a numeração raspada e cujo possuidor não possua autorização para 
tal, deverá ser objeto de confisco. 
O produto do crime (producta sceleris) é a vantagem direta 
auferida pelo infrator em decorrência da prática do crime. 
 
1 Não confundir com a MULTA, que é PENA, e não pode ser cobrada dos herdeiros, nem mesmo se o falecido 
tiver deixado patrimônio. Com a morte do condenado, extingue-se a punibilidade da PENA de MULTA. 
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O proveito do crime, por sua vez, é a vantagem indireta obtida 
pelo agente através da especificação do produto do crime 
(transformação do ouro roubado em joia), da alienação do produto do 
crime (dinheiro decorrente da venda do produto do crime) ou preço do 
crime (crime encomendado, por exemplo). 
O confisco do produto ou do proveito do crime em prol da União 
possui natureza subsidiária, pois, em regra, o produto ou proveito crime 
será restituído à vítima, sendo efetuado em prol da União apenas no caso 
de ser desconhecida a vítima ou não ser reclamado seu valor. 
 
2) Efeitos específicos 
Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo 
Está previsto no art. 92, I do CP: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela 
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para 
com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
Como já disse a vocês, estes não são efeitos automáticos, 
devendo estar expressos na sentença. 
EXEMPLO: se um funcionário público é condenado à pena privativa de 
liberdade de 03 anos, pelo crime de peculato, a perda do cargo público 
não decorre automaticamente da sentença condenatória, devendo o 
Juiz se manifestar expressamente neste sentido. 
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Na primeira hipótese (alínea a), o agente comete o crime contra a 
administração pública, valendo-se da sua condição de funcionário público 
(crime funcional). Nesse caso, a perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo ocorrerá se for aplicada pena privativa de liberdade igual 
ou superior a um ano. 
Na segunda hipótese, trata-se de perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo em razão da prática de qualquer crime, desde que a 
pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. 
CUIDADO! A pena deve ser superior a quatro anos, e não DE QUATRO 
ANOS. 
 
Incapacidade para exercício do pátrio poder, tutela ou 
curatela 
Trata-se de mais um efeito específico da condenação, pois só 
poderá ocorrer na hipótese de prática de crime doloso sujeito à pena 
de reclusão, praticado contra filho, tutelado ou curatelado. 
Assim, além da necessidade de expressa previsão na sentença 
condenatória, outros três são os requisitos para a ocorrência desse efeito: 
 O crime deve ser doloso 
 Deve ser apenado com reclusão 
 Deve ter sido praticado contra filho, tutelado ou curatelado 
 
A sua aplicação, obviamente, não é obrigatória, pois, como vimos, 
trata-se de um efeito não-automático da condenação, devendo estar 
expressamente consignadana sentença a ocorrência deste efeito. 
A perda do pátrio poder, tutela ou curatela se dá de duas formas 
diferentes: 
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 Em relação à vítima do delito ± Em caráter permanente 
(nunca mais o infrator poderá ter o pátrio poder em relação 
àquela pessoa); 
 Em relação a outros filhos, tutelados ou curatelados ± 
Em caráter provisório. Ocorrendo a reabilitação, poderá o 
infrator restabelecer o pátrio poder, a tutela ou curatela em 
relação aos demais filhos, tutelados ou curatelados. 
EXEMPLO: Imagine um caso de estupro, no qual o pai estupra a filha 
menor de idade. Condenado, o pai perderá o poder familiar (pátrio 
poder) em relação a todos os filhos. No entanto, se posteriormente ele se 
reabilitar, poderá recuperar o poder familiar em relação aos demais 
filhos, mas nunca mais poderá recuperar este poder em relação à vítima 
do crime (Pode parecer mentira, mas é verdade /). 
 
Inabilitação para dirigir veículo 
O art. 92, III do CP diz o seguinte: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
(...) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Portanto, são dois os requisitos: 
 Trate-se de crime doloso; 
 O veículo tenha sido usado como meio para a prática 
do crime 
 
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3RU� ³PHLR´� GHYH-VH� HQWHQGHU� ³PHLR� GLUHWR´�� DTXHOH� TXH� SURGX]�
efetivamente o resultado delituoso. 
EXEMPLO: Se Andressa mata Bruno, atropelando-o com seu Honda 
Civic, o veículo foi utilizado como meio do crime. No entanto, se 
Andressa pega seu Honda Civic e se dirige até a casa de Bruno, 
esperando-o chegar do trabalho e, quando o vê, o esfaqueia por trás, o 
veículo não foi utilizado como meio para a prática do crime, mas como 
meio de transporte. 
 
Temos, abaixo, um quadro esquemático para melhor compreensão 
do assunto. 
QUADRO ESQUEMÁTICO 
 
 
3) REABILITAÇÃO 
 
A reabilitação é o instituto que visa à reinserção social do condenado, 
através do sigilo referente às suas anotações criminais, bem como a 
EFEITOS DA 
CONDENAÇÃO 
PENAIS EXTRAPENAIS 
PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS GENÉRICOS 
(AUTOMÁTICOS) 
ESPECÍFICOS 
(NÃO-
AUTOMÁTICOS) 
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suspensão condicional de determinados efeitos secundários da 
condenação, de natureza extrapenal. 
Nos termos do art. 93 e seu § único do CP: 
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença 
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu 
processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da 
condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na 
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
CUIDADO! Não se trata de causa de extinção da punibilidade! 
 
A) Sigilo das condenações 
 
O primeiro dos objetivos da reabilitação é promover o sigilo referente 
às anotações criminais do reabilitado. 
Em regra, cumprida ou extinta a pena, naturalmente são retiradas da 
folha de antecedentes criminais do acusado, somente podendo ser 
acessadas por QUALQUER AUTORIDADE JUDICIÁRIA, pelo membro 
do MP ou por autoridade policial (Delegado de Polícia). 
No entanto, o sigilo promovido pela reabilitação é bem mais 
amplo, pois somente pode ser quebrado mediante requisição do 
JUIZ CRIMINAL (e não de qualquer Juiz!). 
 
B) Efeitos secundários extrapenais da condenação 
 
Com relação a esta finalidade, a reabilitação promove a suspensão 
dos efeitos extrapenais secundários da condenação. Assim, por exemplo, 
se o condenado perdeu o poder familiar em relação aos filhos, em razão 
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de ter cometido crime doloso punido com reclusão contra qualquer filho 
(art. 92, II do CP), se for REABILITADO, poderá recuperar o poder 
familiar em relação AOS DEMAIS FILHOS QUE NÃO SOFRERAM O 
CRIME, pois o poder familiar em relação ao filho que sofreu o crime 
NUNCA MAIS SERÁ RECUPERADO (art. 93, § único do CP). 
 
C) Pressupostos e requisitos para a Reabilitação 
 
O pressuposto é apenas um: Que haja sentença condenatória 
transitada em julgado, independentemente de qual pena foi aplicada 
(privativa de liberdade, multa, etc.). 
Os requisitos são diversos. O art. 94 nos traz tais requisitos. 
Vejamos: 
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia 
em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, 
computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento 
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de 
bom comportamento público e privado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta 
impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que 
comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
x Requisitos objetivos ± a) A extinção da pena (Pelo 
cumprimento ou por outra forma) deve ter se dado há mais de 
dois anos; b) Deve o condenado ter reparado o dano, ou 
provar que não pode fazê-lo ou que a vítima renunciou a este 
direito; 
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x Requisitos subjetivos ± a) Domicílio no país ± O condenado 
deve ter residido no Brasil no período de dois anos após a 
extinção da pena; b) Bom comportamento público e privado ± 
O condenado deve ter apresentado, neste período de dois 
anos, um bom comportamento social. 
 
CUIDADO! O pedido de reabilitação é PRIVATIVO DO CONDENADO, 
não se estendendo aos sucessores. Assim, se o condenado faleceu sem 
requerer a habilitação, nada poderá ser feito pelos sucessores. 
 
 
Caso a reabilitação tenha sido negada, nada impede que o 
condenado a requeira novamente, a qualquer tempo, desde que traga 
fatos novos à apreciação do Juiz. É o que a Doutrina chama de caráter 
REBUS SIC STANTIBUS. Nos termos do art. 94, § único do CP: 
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá serrequerida, a qualquer 
tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos 
comprobatórios dos requisitos necessários. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
A reabilitação pode ser revogada, ainda, caso o reabilitado seja 
condenado, COMO REINCIDENTE, por decisão IRRECORRÍVEL, à 
pena que NÃO SEJA DE MULTA. 
Assim, três são os requisitos para a revogação: 
x Condenação posterior 
x À pena que não seja de multa 
x Desde que o condenado seja reincidente 
 
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Assim, se já tiver ocorrido o período DEPURADOR (período de cinco 
anos que provoca a decadência da reincidência), o reabilitado pode ser 
condenado que não será revogada a reabilitação concedida, pois não será 
condenado como reincidente. 
 
IV ± DA AÇÃO PENAL NO CÓDIGO PENAL 
 
Quando alguém pratica um fato criminoso, surge para o Estado o 
poder-dever de punir o infrator. Esse poder-dever, esse direito, é 
chamado de ius puniendi. 
Entretanto, o Estado, para que exerça validamente e legitimamente o 
seu ius puniendi, deve fazê-lo mediante a utilização de um mecanismo 
que possibilite a busca pela verdade material (não meramente a verdade 
formal), mas que ao mesmo tempo respeite os direitos e garantias 
fundamentais do indivíduo. Esse mecanismo é chamado de Processo 
Penal. 
Mas, professor, onde entra a Ação Penal nisso? A ação penal é, 
nada mais nada menos, que o ato inicial desse mecanismo todo chamado 
processo penal. 
 
A) Espécies de Ação Penal 
A ação penal pode ser pública incondicionada, condicionada, ou 
privada. Nos termos do art. 100 do Código Penal: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara 
privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, 
quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do 
Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido 
ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação 
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
A regra é a de que a ação penal seja pública, nos termos do 
caput do art. 100 do CP, só sendo privada quando a lei expressamente 
assim disser. 
Conforme o esquemático, para facilitar a compreensão de vocês: 
 
 
 
Assim pode se resumir, graficamente, as espécies de ação penal 
previstas no Código Penal e no Código de Processo Penal - CPP. A 
Doutrina cita, ainda, a ação penal popular, prevista na Lei 1.079/50, mas 
essa espécie é polêmica e não possui previsão nem no CP, nem no CPP, 
motivo pelo qual, não será objeto do nosso estudo. 
Vamos estudar, agora, cada uma das seis espécies de ação penal: 
 
AÇÃO PENAL 
PÚBLICA 
PRIVADA 
INCONDICIONADA CONDICIONADA 
REPRESENTAÇÃO DO 
OFENDIDO 
REQUISIÇÃO DO MINISTRO 
DA JUSTIÇA 
EXCLUSIVA PERSONALÍSSIMA SUBSIDIÁRIA DA 
PÚBLICA 
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A) Ação penal pública incondicionada 
 
É a regra no ordenamento processual penal brasileiro. Sua 
titularidade pertence ao Ministério Público, de forma privativa, nos termos 
do art. 129, I da Constituição da República. Além disso, o próprio § 1° 
do art. 100 do CP estabelece ser do MP a atribuição para o ajuizamento 
da ação penal pública. 
O art. 101 do CP traz uma regra inócua, desnecessária, mas que 
vocês devem saber: 
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo 
legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em 
relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder 
por iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
Trata-se da ação penal no crime complexo, que é o crime 
formado pela junção de dois outros tipos penas. Exemplo: Roubo = furto 
+ lesão corporal ou ameaça. Assim, se um dos crimes for de ação penal 
pública incondicionada, ainda que o outro não o seja, caberá ação penal 
pública. 
 
B) Ação penal pública condicionada (à representação do 
ofendido e à requisição do Ministro da Justiça) 
Tratam-se de duas hipóteses pertencentes à mesma categoria de 
ação penal, a ação penal pública condicionada. 
Aplica-se a esta espécie de ação penal tudo o que foi dito a respeito 
da ação penal pública, havendo, no entanto, alguns pontos especiais. 
Aqui, para que o MP (titular da ação penal) possa exercer 
legitimamente o seu direito de ajuizar a ação penal pública, deverá estar 
presente uma condição de procedibilidade, que é a representação do 
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ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, a depender do caso. 
Frise-se que, em regra, a ação penal é pública e incondicionada. 
Somente será condicionada se a lei expressamente dispuser neste 
sentido. 
Para facilitar o estudo de vocês, elaborei os seguintes quadros com 
as peculiaridades da ação penal pública condicionada, tanto no caso de 
condicionamento à representação do ofendido quanto no caso de 
requisição do Ministro da Justiça: 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO 
¾ Trata-se de condição imprescindível, nos termos do art. 24 do CPP; 
¾ É representação admite retratação, mas somente até o 
oferecimento da denúncia (cuidado! Costumam colocar em provas 
de concurso que a retratação pode ocorrer até o recebimento da 
denúncia. Isto está errado! É uma pegadinha! No vocabulário 
internetês��³e�XPD�FLODGD��%LQR�´�± risos). Isso está no art. 102 do 
CP e 25 do CPP; 
¾ Caso ajuizada a ação penal sem a representação, esta nulidade 
processual pode ser sanada posteriormente, caso a vítima a 
apresente em Juízo (desde que realizada dentro do prazo de 
seis meses que a vítima possui para representar, nos termos 
do art. 38 do CPP); 
¾ Não se exige forma específica para a representação, bastando que 
seja escrita e descreva claramente a intenção de ver o infrator ser 
processado. A jurisprudência admite que o simples registro de 
ocorrência em sede policial, desde que conste informação de 
que a vítima pretende ver o infrator punido, PODE ser 
considerada como representação; 
¾ A representação não pode ser dividida quanto aos autores do fato. 
Ou se representa em face de todos eles, ou não há representação, 
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pois esta não se refere propriamente aos agentes que praticaram o 
delito, mas ao fato. Quando a vítima representa, está manifestando 
seu desejo em ver o fato ser objeto de ação penal para que sejam 
punidos os responsáveis. Entretanto, embora não possa haver 
fracionamento da representação, isso não impede que o MP 
denuncie apenas um ou alguns dos infratores, pois um dos 
princípios da ação penal pública é a divisibilidade, lembram-
se? 
¾ A legitimidade para oferecer a representação é do ofendido, se 
maior de 18 anos e capaz (art. 34 do CP). Embora o dispositivo 
legal estabeleça que se o ofendido tiver mais de 18 e menos de 21 
anos tanto ele quanto seu representante legal possam apresentar a 
representação, este artigo perdeu o sentido com o advento do 
Novo Código Civil em 2002, que estabeleceu a maioridade 
civil em 18 anos. 
¾ Se ofendido falecer, aplica-se a ordem de legitimação prevista no 
art. 24, § 1° do CPP: § 1o No caso de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único renumerado pela 
Lei nº 8.699, de 27.8.1993). É importante lembrar que essa ordem 
deve ser observada. Assim, havendo cônjuge, e este resolvendo 
não representar, não poderá o pai do falecido representar. A 
Doutrina equipara o companheiro ao cônjuge; 
O prazo para representação está no art. 38 do CPP e também no 
art. 103 do CP: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer 
dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do 
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia (...)Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do 
direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) 
meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 
3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
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denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
¾ Se o ofendido for menor de idade, o prazo, para ele, só começa a 
fluir quando este completar 18 anos; 
¾ Se a vítima vier a falecer, o prazo começa a correr para os 
legitimados (cônjuge, ascendente, etc.) quando tomarem 
conhecimento do fato ou de sua autoria (art. 38, § único do CPP); 
¾ A representação pode ser oferecida perante o MP, a autoridade 
policial ou mesmo perante o Juiz; 
 
Já quanto à ação penal pública condicionada à requisição do Ministro 
da Justiça: 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA 
JUSTIÇA 
¾ Trata-se de crimes nos quais existe um juízo político acerca da 
conveniência em vê-los apurados ou não. São poucas as hipóteses, 
citando, como exemplo, o crime cometido contra a honra do 
Presidente da República (art. 141, I, c/c art. 145, § único, do CP); 
¾ Diferentemente do que ocorre com a representação, não há prazo 
decadencial para o oferecimento da requisição, podendo esta 
ocorrer enquanto não estiver extinta a punibilidade do crime; 
¾ A maioria da Doutrina entende que não cabe retratação 
dessa requisição, ao contrário do que ocorre com a 
representação do ofendido, por não haver previsão legal e por se 
tratar a requisição, de um ato administrativo; 
¾ O destinatário da requisição é o MP, que não está vinculado à 
requisição, podendo deixar de ajuizar a ação penal; 
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C) Ação penal privada exclusiva 
É a modalidade de ação penal privada clássica. É aquela na qual a 
Lei entende que a vontade do ofendido em ver ou não o crime 
apurado e o infrator processado são superiores ao interesse 
público em apurar o fato. 
O prazo para ajuizamento da ação penal (queixa) é decadencial de 
seis meses, e começa a fluir da data em que o ofendido tomou ciência de 
quem foi o autor do delito. Isto está previsto no art. 103 do CP e no art. 
38 do CPP. 
 O STF e o STJ entendem que se a queixa foi ajuizada dentro 
do prazo legal, mas perante juízo incompetente, mesmo assim 
terá sido interrompido o prazo decadencial, pois o ofendido não 
ficou inerte. 
O ofendido pode ainda, renunciar ao direito de ajuizar a ação 
(queixa), e se o fizer somente a um dos infratores, a todos se estenderá, 
por força do art. 49 do CPP: 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos 
autores do crime, a todos se estenderá. 
 
Frise-se que esta renúncia pode ser expressa ou tácita. Nos 
termos do art. 104 e seu § único, do CP: 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado 
expressa ou tacitamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de 
ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato 
de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
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A renúncia só pode ocorrer antes do ajuizamento da demanda 
e pode ser expressa ou tácita. Após o ajuizamento da demanda o 
que poderá ocorrer é o perdão do ofendido. Nos termos do art. 51 do 
CPP: 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem 
que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. 
 
A utilização do termo querelado denota que só pode ocorrer o 
perdão depois de ajuizada a queixa, pois só após este momento há 
querelante (ofendido) e querelado (autor do crime). 
Além disso, o art. 105 do CP IDOD�HP�³REVWDU�R�SURVVHJXLPHQWR�GD�
DomR�SHQDO´��'Dt�VH�FRQFOXL�TXH�HVWD�GHYH�WHU�VLGR�DMXL]DGD� 
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede 
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
O perdão, à semelhança do que ocorre com a renúncia ao direito de 
queixa, também pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, é 
simples, decorre de manifestação expressa do querelante no sentido de 
que perdoa o infrator. No segundo caso, decorre da prática de algum ato 
incompatível com a intenção de processar o infrator (ex.: Casar-se com o 
infrator). Nos termos do art. 106 e seu § 1° do CP: 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a 
vontade de prosseguir na ação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
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O perdão do ofendido deve também deve seguir às seguintes 
regras: 
x Deve ser oferecido, no máximo, até o trânsito em julgado 
da sentença condenatória; 
x Se concedido a um dos querelados, a todos se estende; 
x Se um dos ofendidos o conceder, isto não prejudica o direito 
dos demais ofendidos; 
x Só produz efeitos em relação ao querelado que o aceitar (trata-
se, portanto, de ato bilateral: oferecimento + aceitação) 
 
Estas regras estão previstas no art. 106, I, II e III, e seu § 2° do CP: 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença 
condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
D) Ação penal privada subsidiária da pública 
Trata-se de hipótese na qual a ação penal é, na verdade, pública, ou 
seja, o seu titular é o MP. No entanto, em razão da inércia do MP em 
oferecer a denúncia no prazo legal (em regra, 15 dias se réu solto, ou 
05 dias se réu preso), a lei confere ao ofendido o direito de ajuizar 
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uma ação penal privada (queixa) que substitui a ação penal 
pública. Esta previsão está contida no art. 29 do CPP: 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não 
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, 
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do 
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no 
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
Há previsão, ainda, no art. 100, §3º do CP: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara 
privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação 
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 
CUIDADO! O STJ entende que se o MP ajuíza a ação penal somente 
em face de alguns dos acusados, e silencia a respeito dos outros, 
não há possibilidade de manejo da ação penal privada subsidiária 
da pública. 
 
Por fim, não é admissível o perdão do ofendido na ação penal privada 
subsidiária da pública, pois se trata de ação originariamente pública, na 
qual só se admitiu o manejo da ação privada em razão de uma 
circunstância temporal. Tanto é assim que o art. 105 do CP 
estabelece que: 
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Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede 
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. 
 
2UD�� VH� R� DUWLJR� IDOD� HP� ³FULPHV� HP� TXH� somente se procede 
mediante queixa´��H[FOXL�GHVWD�OLVWD�D�DomR�SHQDO�SULYDGD�VXEVLGLiULD�GD�
pública. 
Na verdade, nenhum dos institutos exclusivos da ação penal 
privada são admitidos na ação penal privada subsidiária da 
pública (renúncia, perdão, perempção, etc.), pois aqui temos uma 
verdadeira ação penal pública, cuja titularidade foi conferida 
excepcionalmente ao ofendido. 
 
E) Ação penal personalíssima 
Trata-se de modalidade de ação penal privada exclusiva, cuja única 
diferença é que, nesta hipótese, somente o ofendido (mais ninguém, 
em hipótese nenhuma!) poderá ajuizar ação. Assim, se o ofendido 
falecer, nada mais haverá a ser feito, estando extinta a punibilidade, pois 
a legitimidade não se estende aos sucessores, como acontece nos demais 
crimes de ação privada. 
Além disso, se o ofendido é menor, o seu representante não pode 
ajuizar a demanda. Assim, deve o ofendido aguardar a maioridade para 
ajuizar a ação penal privada. 
A única hipótese ainda existente no nosso ordenamento é o crime 
previsto no art. 236 do CP: 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro 
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
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Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a 
sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
LISTA DAS QUESTÕES 
 
 
01 - (FCC ± 2010 ± TRE/RS ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Sobre a pena de MULTA prevista no Código Penal, é INCORRETO afirmar 
que 
A) deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois do trânsito em julgado 
da sentença. 
B) se converte em pena de detenção, quando o condenado solvente deixa 
de pagá-la ou frustra a sua execução. 
C) sua cobrança pode ser efetuada mediante desconto no salário do 
condenado, quando aplicada isoladamente. 
D) sua execução será suspensa se sobrevém ao condenado doença 
mental. 
E) se cobrada mediante desconto no salário, não deve incidir sobre os 
recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. 
 
02 - (FCC ± 2009 ± MPE/SE ± ANALISTA DO MP ± ESPECIALIDADE 
DIREITO) 
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A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da pena 
privativa de liberdade se esta for de até 
A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. 
B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. 
C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. 
D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do mesmo 
crime e a medida for socialmente recomendável. 
E) dois anos, independentemente de reincidência. 
 
03 - (FCC ± 2010 ± TRF 4 ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da pena 
privativa de liberdade se esta for de até 
A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. 
B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. 
C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. 
D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do mesmo 
crime e a medida for socialmente recomendável. 
E) dois anos, independentemente de reincidência. 
 
04 - (FCC ± 2008 ± TCE/AL ± PROCURADOR) 
A perda de função pública constitui efeito da condenação quando aplicada 
pena privativa de liberdadeigual ou superior a 
A) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de 
dever para com a Administração Pública, independentemente de 
motivação na sentença. 
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B) quatro anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de 
dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente 
a necessária motivação. 
C) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de 
dever para com a Administração Pública, desde que a sentença apresente 
a necessária motivação. 
D) um ano, para qualquer crime, desde que a sentença apresente a 
necessária motivação. 
E) um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de 
dever para com a Administração Pública, independentemente de 
motivação na sentença. 
 
05 - (FCC ± 2011 ± TRE/TO ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Nos termos do Código Penal, é efeito automático da condenação, não 
sendo necessário ser declarado na sentença: 
A) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando for 
aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos em 
qualquer crime, salvo nos crimes praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a Administração Pública. 
B) A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, quando aplicada 
pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos 
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a 
Administração Pública. 
C) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. 
D) A incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, 
tutelado ou curatelado. 
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E) A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. 
 
06 - (FCC ± 2010 ± TJ/PI ± ASSESSOR JURÍDICO) 
Constitui, dentre outros, efeito penal secundário da condenação 
A) a inscrição do nome do condenado no rol dos culpados. 
B) a reparação do dano resultante do crime. 
C) o confisco dos instrumentos do crime, na forma prevista em lei. 
D) a incapacidade para o exercício do pátrio poder, nos casos previstos 
em lei. 
E) inabilitação para dirigir veículos, nos casos previstos em lei. 
 
07 - (FCC ± 2009 ± TJ/SE ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Os efeitos extrapenais da condenação, previstos no art. 92 do Código 
Penal brasileiro, são: 
A) não específicos e genéricos. 
B) automáticos e secundários. 
C) específicos e não automáticos. 
D) primários e não automáticos. 
E) genéricos e específicos. 
 
08 - (VUNESP ± 2013 ± TJ-RJ ± JUIZ) 
O principal efeito da sentença criminal condenatória é a ____________ . 
A legislação penal brasileira, porém, prevê também efeitos secundários da 
condenação, tanto de natureza penal quanto extrapenal. Os efeitos 
secundários de natureza _____________ se dividem em genéricos e 
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específicos. ____________ é exemplo de efeito secundário 
______________da decisão criminal condenatória transitada em julgado. 
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, a frase. 
a) medida dH�VHJXUDQoD��QXQFD�D�SHQD�«�SHQDO�«�5HLQFLGrQFLD�«�SHQDO�
específico 
E�� VDQomR�SHQDO� �SHQD�RX�PHGLGD�GH� VHJXUDQoD��«�SHQDO�«�$�SHUGD�GH�
função pública quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo 
VXSHULRU�D�TXDWUR�DQRV�«�H[WUDSHQDO 
c) sanção peQDO� �SHQD� RX� PHGLGD� GH� VHJXUDQoD�� «� H[WUDSHQDO� «�
5HLQFLGrQFLD�«�SHQDO 
G�� SHQD�� QXQFD� D� PHGLGD� GH� VHJXUDQoD� «� H[WUDSHQDO� «� 7RUQDU� FHUWD� D�
REULJDomR�GH�LQGHQL]DU�R�GDQR�FDXVDGR�SHOR�FULPH�«�H[WUDSHQDO�JHQpULFR. 
 
09 - (FGV ± IX EXAME UNIFICADO DA OAB) 
Guilherme praticou, em 18/02/2009, contravenção penal de vias de fato 
(Art. 21 do Decreto Lei n. 3.688/41), tendo sido condenado à pena de 
multa. A sentença transitou definitivamente em julgado no dia 
15/03/2010, mas Guilherme não pagou a multa. No dia 10/07/2010, 
Guilherme praticou crime de ato obsceno (Art. 233 do CP). 
Com base na situação descrita e na legislação, assinale a afirmativa 
correta. 
A) Guilherme não pode ser considerado reincidente por conta de uma 
omissão legislativa. 
B) Guilherme deve ter a pena de multa não paga da primeira condenação 
convertida em pena privativa de liberdade. 
C) Guilherme é reincidente, pois praticou novo crime após condenação 
transitada em julgado. 
D) A pena de multa não gera reincidência. 
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10 ± (CESPE ± 2002 ± SENADO ± CONSULTOR LEGISLATIVO) 
Quanto às penas e às medidas de segurança e socioeducativas, julgue o 
item seguinte. 
O funcionário público condenado pela prática de crime que implique 
violação de dever para com a administração pública sofrerá, como efeito 
automático da condenação, a perda do cargo ou função pública. 
 
11 ± (CESPE ± 2002 ± SEFAZ-AL ± CONTROLADOR DE 
ARRECADAÇÃO) 
Caso atue de forma incorreta, quem trabalha para o Estado ou com ele 
se relaciona pode incidir na prática de crimes com tipos específicos, 
previstos na legislação penal brasileira. 
Nesse contexto, julgue o item abaixo. 
Considere a seguinte situação hipotética. 
Determinado servidor praticou crime de concussão e, com o valor 
arrecadado, adquiriu um automóvel. Tendo sido descoberto, ele foi 
julgado e condenado a cinco anos de reclusão em decorrência desse 
crime. 
Nessa situação, como conseqüência da condenação, o servidor não 
perderá o cargo, exceto se o juiz assim o determinar motivadamente na 
sentença. 
 
12 - (CESPE ± 2010 ± AGU ± PROCURADOR FEDERAL) 
No que se refere à parte geral do Código Penal, julgue o item 
subsequente. 
A proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública pode ter 
caráter temporário, com natureza de pena de interdição temporária de 
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direitos, mas pode também ter caráter permanente, se for efeito da 
condenação. 
 
13 - (CESPE ± 2012 ± AGU ± ADVOGADO DA UNIÃO) 
Julgue o item subsecutivo, a respeito dos efeitos da condenação criminal 
e de crimes contra a administração pública. 
Considera-se efeito genérico e automático da condenação a restrição ao 
exercício de cargo público. 
 
14 ± (CESPE ± 2009 ± AGU ± ADVOGADO DA UNIÃO) 
No que se refere a efeitos da condenação e reabilitação, julgue o item 
subsequente. 
Nos termos do Código Penal,a perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo ocorrerá quando, nos crimes praticados com abuso de 
poder ou violação de dever para com a administração pública, for 
aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um 
ano. 
 
15 - (CESPE ± 2013 ± POLÍCIA FEDERAL ± DELEGADO) 
A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser 
executada em face do espólio, quando o réu vem a óbito no curso da 
execução da pena, respeitando - se o limite das forças da herança. 
 
16 - (CESPE ± 2013 ± TJDF ± ANALISTA JUDICIÁRIO) 
Em 15/10/2005, nas dependências do banco Y, Carlos, com o objetivo de 
prejudicar direitos da instituição financeira, preencheu e assinou 
declaração falsa na qual se autodenominava Maurício. No mesmo dia, foi 
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até outra agência do mesmo banco e, agindo da mesma forma, declarou 
falsamente chamar-se Alexandre. 
Em 1/5/2010, Carlos foi denunciado, tendo a denúncia sido recebida em 
24/5/2010. Após o devido processo legal, em sentença proferida em 
23/8/2012, o acusado foi condenado a um ano e dois meses de reclusão, 
em regime inicialmente aberto, e ao pagamento de doze dias-multa, no 
valor unitário mínimo legal. A pena privativa de liberdade foi substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa. O MP não apelou da 
sentença condenatória. 
Com relação à situação hipotética acima, julgue os itens seguintes. 
O pagamento da pena de multa deverá ser revertido à instituição 
financeira lesada pelo delito. 
 
17 - (CESPE ± 2014 ± TJ/CE ± AJAJ ± ADAPTADA) 
A respeito da aplicação das penas, das medidas de segurança e dos 
benefícios penais do condenado, assinale a opção correta. 
A reabilitação do condenado poderá ser requerida após a decorrência do 
prazo de cinco anos, contado do dia em que for extinta, de qualquer 
modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de 
prova da suspensão e o do livramento condicional. 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES COMENTADAS 
 
01 - (FCC ± 2010 ± TRE/RS ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Sobre a pena de MULTA prevista no Código Penal, é INCORRETO 
afirmar que 
A) deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois do trânsito em 
julgado da sentença. 
CORRETA: Esta é a previsão do art. 50 do CP; 
B) se converte em pena de detenção, quando o condenado 
solvente deixa de pagá-la ou frustra a sua execução. 
ERRADA: A pena de multa, quando não paga, não se converte em pena 
privativa de liberdade, passando a ser considerada mera dívida de valor a 
ser cobrada mediante execução fiscal. Nos termos do art. 51 do CP: 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996). 
A Doutrina e a Jurisprudência entendem, em razão disso, que embora 
o não cumprimento da pena de multa não possa gerar a conversão em 
pena privativa de liberdade, isto não lhe retira seu caráter de pena. 
Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do infrator, 
estará extinta a punibilidade, nos termos do art. 107, I do CP, já que 
não se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do infrator, por 
força do art. 5°, XLV da Constituição, que ressalvou apenas a 
obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens. Esta é a 
posição majoritária (esmagadora), embora existam alguns julgados no 
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STJ entendendo que a multa, nesse caso, passou a ter caráter extrapenal 
(ultraminoritário esse entendimento). 
C) sua cobrança pode ser efetuada mediante desconto no salário 
do condenado, quando aplicada isoladamente. 
CORRETA: Esta é a previsão do art. 50, § 1°, a do CP. 
D) sua execução será suspensa se sobrevém ao condenado doença 
mental. 
CORRETA: Sobrevindo ao condenado doença mental, ficará suspensa a 
execução da pena de multa, nos termos do art. 52 do CP; 
E) se cobrada mediante desconto no salário, não deve incidir 
sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de 
sua família. 
CORRETA: Os descontos efetuados no salário do condenado, de forma a 
garantir o pagamento da pena de multa, não podem prejudicar o seu 
sustento e o de sua família, nos termos do art. 50, § 2° do CP. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B. 
 
02 - (FCC ± 2009 ± MPE/SE ± ANALISTA DO MP ± ESPECIALIDADE 
DIREITO) 
A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da 
pena privativa de liberdade se esta for de até 
A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. 
B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. 
C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. 
D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do 
mesmo crime e a medida for socialmente recomendável. 
E) dois anos, independentemente de reincidência. 
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COMENTÁRIOS: A pena de multa pode ser uma modalidade de pena 
autônoma (regra) ou ser aplicada de maneira substitutiva a uma pena 
privativa de liberdade previamente aplicada (multa vicariante). Nessa 
última hipótese, a pena de multa poderá ser aplicada quando a pena 
privativa de liberdade for igual ou inferior a um ano, ainda que o réu seja 
reincidente, desde que, nesta hipótese, não se trate de reincidência 
específica e a medida seja aconselhável. Esta é a inteligência do art. 44, 
§§ 2° e 3° do CP. 
PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 
 
03 - (FCC ± 2010 ± TRF 4 ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
A pena de multa pode ser imposta em substituição exclusiva da 
pena privativa de liberdade se esta for de até 
A) um ano, não cabendo, porém, para o condenado reincidente. 
B) seis meses, ainda que reincidente o condenado. 
C) seis meses, não sendo reincidente o condenado. 
D) um ano, não decorrendo eventual reincidência da prática do 
mesmo crime e a medida for socialmente recomendável. 
E) dois anos, independentemente de reincidência. 
COMENTÁRIOS: Perceba que a banca, aqui, repetiu, em anos diferentes, 
a mesma questão (Idêntica à anterior), de forma que se aplicam a esta 
questão os comentários feitos àquela. Podemos extrair, ainda, a lição de 
que este WHPD� p� PXLWR� ³TXHULGR´� SHOD� %DQFD�� $VVLP�� YDOH� UHIRUoDU� R�
estudo nele. 
PORTANTO, ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D. 
 
 
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