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Toxicologia - 1 - Fluoreto 1. Introdução O interesse sobre a ação tóxica do fluoreto iniciou-se com a descoberta, no início do século passado, de toxicidade crônica e endêmica por este íon em diversos países. A partir da segunda metade do século passado diversos estudos clínicos e epidemiológicos demonstraram importante ação anticariogênica do fluoreto (1). O fluoreto de hidrogênio, o fluoreto de cálcio, o fluoreto de sódio, o hexafluoreto sulfúrico e o silicofluoreto são os compostos inorgânicos considerados mais importantes com base em sua utilização e disponibilidade (2). 2. Fontes O fluoreto é encontrado em quantidades variáveis no solo, na água, em vegetais e animais, sendo, pois, um constituinte normal da dieta. A quantidade de fluoreto na água varia de acordo com o solo local e o tratamento da água. Frutos do mar, sucos, refrigerantes e chás podem conter elevadas concentrações de fluoreto. Também pode ser encontrado no leite. Pastas de dentes fluoretadas e suplementos vitamínicos podem contribuir com os níveis de fluoreto corporal (2,3). 2.1. Exposição ocupacional Exposição ao fluoreto ocorre na combustão do carvão, no processamento de águas e em vários processos industriais, incluindo manufatura de aço, alumínio, cobre, níquel, processamento do fosfato, manufatura de vidros e cerâmicas, produção de colas, adesivos, dispositivos semicondutores, esmaltados e removedores industriais (2,4). 3. Metabolismo A absorção ocorre prontamente no estômago e intestino, sendo o fluoreto rapidamente distribuído na circulação e tecidos. O fluoreto também pode ser inalado. O pico plasmático ocorre em 30 minutos, e a meia-vida plasmática varia de 3 a 10 horas. Aproximadamente 99% do fluoreto corporal é retido nos ossos e dentes, sendo a eliminação principalmente renal. Cerca de 80% a 90% da dose é retida em crianças e 60% em adultos. A eliminação pode ser alterada pelo fluxo e ph urinários (1,2). 4. Considerações clínicas Na intoxicação aguda, ocorrem náuseas, vômitos, dor abdominal, diarréia, fadiga, torpor, coma, edema agudo de pulmão, hipocalcemia, hipomagnesemia, arritmia cardíaca e parada cardíaca (2,4). Na exposição crônica, é descrito a fluorose esquelética que manifesta-se com calcificação de ligamentos e fibrocartilagem na coluna vertebral e pelve, além do aumento do risco de fraturas ósseas (2,5). Em pacientes expostos ocupacionalmente por longos períodos é descrito aumento da incidência de câncer de pulmão e bexiga e elevação da mortalidade por outras neoplasias. Não existem evidências de que o consumo de água fluoretada aumente a incidência de câncer (2). A exposição ocupacional ao fluoreto não acarreta efeitos adversos hematológico, renal ou hepático significativos (3). Toxicologia - 2 - 5. Dosagem de fluoreto As concentrações de fluoreto em adultos saudáveis variam entre 10 a 200 mcg/l em soro e plasma e 0,2 a 3,2 mg/l em urina (1). Kono e colaboradores descrevem valores urinários médios de 780 mcg/l na população normal (2). Grandes variações podem ser determinadas pela quantidade de fluoreto na água local e dieta. O fluoreto urinário é um indicador útil para avaliação da exposição ao fluoreto (5,6,7). O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini realiza: Fenol: urina recente – início ou final de jornada. Método: eletrodo íon-específico. Valor de referência: até 0,5 mg/g de creatinina (NR-7,1994.MT/Br). IBMP: 3,0 mg/g de creatinina no inicio da jornada (NR-7,1994,MT/Br). 10,0 mg/g de creatinina no final da jornada (NR-7,1994,MT/Br). 6. Referências 1. Milne DB. Trace elements. In: Burtis CA, Aswood ER. Tietz Textbook of Clinical Chemistry. 3th. 1999: 1049-50. 2. Environmental Health Criteria 227. Fluorides. World Health Organization. Geneva. 2002. 3. Lewis CW. Fluoride. Pediatr Rev. 2003; 24: 327-36. 4. OSHA. Occupational Safety and Health Administration. Guidelines for hydrogen fluoride. US Department of Labor. 5. Carnow BW, Conibear AS. Industrial fluorosis. Journal of the International Society for Fluoride Research. 1981; 14: 172-81. 6. Couto, HA. Monitorização biológica de trabalhadores expostos à substâncias químicas: guia prático. 1992; 123-4. 7. Nichel OR. Toxicologia Ocupacional. Flúor e fluoreto. 204. Assessoria Científica 2003
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