Geopolítica do petróleo na Venezuela

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Geopolítica do petróleo na Venezuela 
Antonio Alcir da Silva Arruda 
 
Resumo 
Neste ensaio, é realizada uma análise sintática sobre a geopolítica do petróleo e a 
geopolítica bolivariana na Venezuela, tentando compreender como este país vizinho ao 
Brasil confrontando limites com os estados do Amazonas e Roraima trata as relações 
geopolíticas com os demais países da América do sul e do mundo e de que forma ela é 
inserida nesse cenário mundial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 Iniciando o trabalho, sentiu-se a necessidade de esclarecer a diferenciação dos 
termos daquilo que usualmente é chamado de Geografia Politica e o que é chamado na 
atualidade de Geopolítica. 
 Conforme a FTC – Faculdade de Tecnologia e Ciências _Ead, o termo geografia 
politica é entendido como sendo um dos ramos em que a geografia social e humana 
busca compreender as relações de PODER no espaço geográfico, Desta forma, a 
Geografia Politica visualiza o estado através da organização espacial, fazendo uma 
análise geográfica e observando suas bases geográficas e territoriais. As modificações 
ocorridas na distribuição demográfica, leva em consideração seu potencial econômico e 
compara com as que estão em seu entorno e os outros fenômenos sociais associados. 
Ainda conforme a FTC; a Geografia Politica; 
―...nasceu com a obra Politische Geographie do alemão FRIEDRICH 
RATZEL, publicado em 1897. Com ele, inicia-se um estudo sistemático da 
dimensão geográfica da política, onde a espacialidade e a territorialidade do 
Estado era o principal objeto de preocupação. A partir de RATZEL,a 
Geografia Política ganha um novo significado, passa ser entendida como o 
estudo geográfico ou espacial da política, e não mais como um estudo 
genérico dos Estados‖ 
 No que diz respeito a Geopolítica, ela foi inspirada nas ideias da obra de Friedrich 
Ratzel, citada no parágrafo anterior e surgiu no século XX, através do cientista político 
sueco Rudolf Kjellén que visualizou e estudou o espaço do ponto de vista do Estado. 
Importante salientar que a Geopolítica não se caracteriza como ciência, mas, como uma 
estratégia política a serviço do Estado. 
 Conforme Magnoli (2004) a Geopolítica pode ser definida como: 
 ―Um saber estratégico a serviço dos Estados, mas também, 
ferramenta para a compreensão mais profunda e refinada das relações 
entre a política e a Geografia. A investigação geopolítica do espaço 
geográfico descortina formas inusitadas de enxergar o mundo.‖ 
 
 
 
 
 
 Através da Geopolítica entende-se as relações políticas, assim como econômicas, 
que imperam no mundo, como guerras, conflitos, integração de blocos econômicos, por 
fim, toda forma de organização do espaço geográfico. Ainda conforme o site Wikipédia é 
possível compreender a atribuição da geopolítica um pouco mais: 
 ―A geopolítica considera a relação entre os processos políticos e as 
características geográficas (como localização, território, posse de recursos 
naturais, contingente populacional e geológico) — como topografia natural e 
clima e também os estudos intercontinental avaliacionais e interpretacionais 
em relações que estão inter-relacionadas com a ecologia (aspectos animais, 
vegetais e humanos), nas relações de poder internacionais entre os Estados 
e entre Estado e Sociedade. Por isso, trata-se do envolvimento estatal em 
questões ambientais do espaço - como as relações entre todas as formas 
de vida (Inclusive o Estado, como criação da vida humana fazendo parte da 
pirâmide ecológica) e o ambiente, o estudo populacional (para que se 
propicie melhores condições de vida)‖ 
 Dados geográficos e políticos da Venezuela: Dados extraídos do Almanaque Abril 
de 2014: A Venezuela possuía em 2013 população de 30,4 milhões, assim como no 
Brasil, concentrada em área litorânea atlântica; área de de seu território é de 916,445 
km2, apresenta clima equatorial e possuía em 2013 como cidades mais populosas – 
Caracas (capital- 3.242.000), Maracaibo (2.192.000), Valência (1770.000), Barquisimetro 
(1180.000) e Maracay (1057.000). A religião dominante no país é o cristianismo com 
94,3% sendo a católica a maior com 84%. Na parte de economia, a moeda utilizada é o 
bolívar forte e apresentou PIB US$ 382,4 Bilhões em 2012, com uma inflação anual no 
mesmo ano de 21%; superavit orçamentário na ordem de 2,2% do PIB (2005). A sua força 
de trabalho foi estimada em 2011 em 13,8 milhões (47,2%) da população. A língua oficial 
da Venezuela é o castelhano ou espanhol, embora deva ser referido que as línguas 
indígenas como o Pemón e o Warao também são reconhecidas como línguas oficiais. Por 
outro lado, sendo um país bastante cosmopolita, outras línguas, como o italiano, o 
português, o árabe e o inglês também são faladas por uma parte importante da 
população. 
 
 
 
 
 
A Geopolítica do petróleo na Venezuela 
 Falar de Geopolítica do Petróleo, é falar dos cenários e dinâmicas políticas globais 
referentes ao principal recurso natural da atualidade, que esteve em boa parte dos últimos 
tempos em disputa pelas grandes potências econômicas internacionais. O petróleo 
adquire importância por ser a humanidade dependente de seu uso como combustível e de 
seus derivados. O Petróleo ganha características geopolíticas por ser o consumo de um 
país relacionado ao seu poder econômico, desta forma quanto mais desenvolvido for um 
estado, maior é sua dependência do uso do petróleo como energia ou para fabricação de 
produtos originários do espetacular carboneto, tais como plásticos, solventes, tintas, 
lubrificantes e outros itens de uma lista extensa. Desta forma o estado que detiver o 
controle sobre a produção e exportação do petróleo fatalmente ficará numa posição 
confortável de importância nos cenários político e econômico do planeta. Pode-se inferir 
que de modo geral os principais atores da geopolítica do petróleo são os países que 
compõe a OPEP como produtores / exportadores / detentores das maiores reservas e os 
grandes consumidores e produtores fora da OPEP como os Estados Unidos e os BRICS 
(grupo de economia emergente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) 
estão desempenhando, visto que quatro países desse grupo estão entre os 10 maiores 
consumidores de petróleo do mundo, sendo que a Rússia e a China também fazem parte 
do grupo de maiores produtores, conforme se observa na (figura 1) 
 
figura 1 - 10 maiores produtores, consumidores e reservas petrolíferas do mundo 
 
 
 
 
 
fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/geopolitica-petroleo.htm 
 O ouro Negro descoberto nas primeiras décadas do século XX, transformou 
rapidamente a Venezuela num dos maiores produtores e exportadores mundiais de 
petróleo. A Venezuela deu um salto de 274,3% de 79,7 bilhões em 2004 de barris para 
298,3 bilhões de barris em 2014 transformando-se na maior reserva de petróleo do 
mundo com 17,5% do total de reservas mundiais conhecidas conforme a edição 2015 do 
relatório estatístico anual da BP, documento de referência para o setor. 
 A Venezuela é um dos membros fundadores da OPEP, Organização dos Países 
Exportadores de Petróleo (OPEP ou, pelo seu nome em inglês, OPEC). Com sede em 
Viena a OPEP é o exemplo mais conhecido de cartel: seu objetivo é unificar a política 
petrolífera dos países membros, centralizando a administração da atividade, o que inclui 
um controle de preços e do volume de produção, desta forma estabelecendo pressões no 
abastecimento de petróleo no mercado internacional direcionando a demanda conforme 
seu interesse frente às empresas compradoras do produto, em sua grande maioria 
pertencentes
aos Estados Unidos, Inglaterra e Países Baixos, que exigiam cada vez mais 
uma redução maior nos preços do petróleo. A OPEP em resposta a essas exigências foi 
criada em 14 de Setembro de 1960, como organização composta pelos países que retêm 
as maiores reservas de petróleo do mundo, como a Venezuela e a Arábia Saudita. Os 
países membros possuem 78% (OPEP, 2004) das reservas mundiais de petróleo. Suprem 
40% da produção mundial e 60% das exportações mundiais. Graças à OPEP, os países 
são os mais bem pagos pelo seu petróleo. Conforme o site wikipédia a PDVSA 
venezuelana é a correspondente empresa estatal petrolífera da Petrobras no Brasil. 
―A Petróleos de Venezuela (PDVSA) é uma empresa estatal venezuelana 
que se dedica a exploração, produção, refino, comercialização e transporte 
de petróleo da Venezuela. Fundada em 1 de janeiro de 1976, a PDVSA é a 
terceira maior empresa da América Latina, depois da brasileira Petrobras e 
a mexicana Pemex ; catalogada em 2005 como a terceira empresa 
petrolífera em nível mundial e classificada pela revista internacional Fortune 
como a empresa de número 41 entre as 500 maiores do mundo. Em maio 
de 2010, a PDVSA também adquiriu, por 133.400.000 de dólares, 49% da 
 
 
 
 
 
única refinaria República Dominicana, conhecido como Refidomsa‖ 
 A economia venezuelana gira basicamente em torno de um único produto: o 
petróleo. Todo o resto das atividades exercidas no país está, em maior ou menor grau, 
ligado à produção petrolífera – a quinta maior do mundo - e praticamente a única fonte de 
renda da nação. O petróleo foi a mola propulsora que alavancou a Venezuela numa onda 
de prosperidade principalmente com a alta mundial do petróleo na década de 70, mas 
também foi o petróleo que originou a crise na década de 80 em função da queda 
internacional do produto/ barril. Foi o petróleo quem sustentou a política deflagrada pelo 
Hugo Chavez no início do séc XXI devido aos aumentos provocados pelas sucessivas 
crises no Oriente Médio. O país viveu na era Chavez, à mercê do mercado mundial de 
combustíveis, e dos mandos e desmandos de um governante que comprometeu o ainda 
vigoroso comércio petroleiro venezuelano em função de suas disputas politicas internas e 
internacionais principalmente com os Estados Unidos, justamente o maior importador do 
petróleo venezuelano. Apesar das receitas originadas do petróleo terem triplicados entre 
1998 e 2006, verificou-se uma queda da produção no mesmo período de cerca de 30% 
desperdiçando assim a oportunidade de transformar o aumento das receitas do petróleo, 
em um aumento no investimento para a produção, pois desta forma em caso de baixa de 
preços internacionais, o equilíbrio financeiro poderia ser sustentado pela quantidade de 
barris de petróleo produzido por dia. No lugar de obras de infraestrutura e capacitação de 
profissionais da área – cada vez mais escassos no país – a renda advinda do petróleo foi 
aplicada em programas sociais assistencialistas do governo Chávez. Um importante 
estudo publicado em 2006 revelou que o orçamento da PDVSA, a estatal petrolífera 
venezuelana, previa gastos com programas sociais dois terços maiores que seus 
investimentos em exploração e produção do combustível fóssil. 
 
 Para concluir essa primeira parte do trabalho que recorta a geopolítica do petróleo 
como um dos responsáveis pela geopolítica bolivariana, foi reproduzido o texto do site da 
carta capital que contempla o momento atual que vive a Venezuela em relação ao 
petróleo e suas consequências em relação ao erro de planejamento na aplicação das 
 
 
 
 
 
receitas no tempo de alta do petróleo. 
Queda do petróleo leva Venezuela à beira do colapso 
por Deutsche Welle — publicado 06/01/2015 16h30 
―A receita da Venezuela chega a depender 96% da venda de petróleo bruto. 
Com ela, o país financia as importações de quase todas as outras 
mercadorias. Mas o preço do petróleo está atualmente tão baixo quanto em 
maio de 2009. Um barril de petróleo do tipo Brent está custando 57,33 
dólares, o barril venezuelano está até mesmo abaixo dos 50 dólares. O 
impacto sobre a economia venezuelana, que é quase inteiramente 
dependente das exportações da commodity, é enorme. Analistas até 
mesmo falam em uma falência iminente. "A situação nunca esteve tão ruim 
como agora", alerta Nicholas Wenz, cientista político na Universidade de 
Rostock. 
"Os EUA querem nos destruir" 
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, culpa especialmente o "império 
americano" pela queda nos preços. Ele acusa os EUA de inundarem o 
mercado com petróleo barato, extraído com a técnica de fraturamento 
hidráulico fracking, fazendo cair os preços da matéria-prima. "Eles 
planejaram uma guerra para destruir a Rússia e a Venezuela, para nos 
recolonizar, para destruir nossa independência e nossa revolução", atacou o 
chefe de Estado, em seu discurso televisionado de Ano Novo. 
Entretanto, ele não comentou que na Venezuela, graças aos subsídios do 
governo, os consumidores pagam apenas dois centavos por um litro de 
gasolina, e que a inflação de 64% é uma das mais altas do mundo, porque o 
país continua imprimindo dinheiro para pagar sua dívida externa. "O 
discurso de Maduro é uma tentativa de criar inimigos políticos para justificar 
a crise econômica. É uma estratégia para se proteger das críticas", opina o 
cientista político venezuelano Victor Mijares, professor da Universidade 
Simón Bolívar, em Caracas, e pesquisador visitante do Instituto Alemão de 
Estudos Globais e Regionais (Giga), em Hamburgo.‖ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
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Geopolítica da América Latina – OLIC, Nelson Bacic e CANEPA, Beatriz – Editora 
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