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cap.7 Barreiras Estruturais à Entrada

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Barreiras Estruturais à Entrada
David Kupfer Cap. 7
Sumário 
 Introdução
 Concorrência Real e Potencial
 Barreira à Entrada: Definições
 O Modelo Conceitual do Preço Limite
 Barreiras Estruturais à Entrada na Prática
 Barreiras à Saída: os Modelos de Contestabilidade
 Conclusão
Introdução	
Nesse capitulo iremos nos concentrar no enfoque estrutural das barreiras à entrada, também conhecidas como barreiras à entrada estáticas ou exógenas. Como veremos, são barreiras à entrada que decorrem exclusivamente da relação preço-custo médio de longo prazo predominante na indústria.
Concorrência Real e Potencial
 Concorrência real: diz respeito a concorrência em função do número e do tamanho relativo das diversas empresas que formam cada indústria.
 Concorrência potencial: relaciona-se à competição por lucros entre empresas já estabelecidas em uma determinada indústria e novas empresas interessadas em iniciar operação nessa mesma indústria.
Concorrência Real e Potencial
 Uma indústria apresenta lucros extraordinários permanentes, alguma restrição a mobilidade do capital existe. Dizemos então que existem barreiras à entrada nessa indústria.
 A noção de concorrência potencial e a existência de barreiras à entrada trazem importantes implicações sobre as escolhas de preços e quantidades realizadas pelas empresas que, de certo modo, sempre constituíram um desafio para a modelagem de funcionamento dos mercados.
Concorrência Real e Potencial
Já prevista pelos clássicos, sempre que há lucro puro na indústria; a entrada e saída de empresas anula qualquer lucro puro. 
Se a indústria apresenta lucro puro, então alguma restrição à mobilidade do capital existe. Dizemos então que há barreiras à entrada nessa indústria. 
Nomenclatura: empresas estabelecidas; empresas entrantes ou potenciais; incentivo à entrada (lucro extraordinário); entrada; saída. 
Entrada inclui apenas a adição líquida de capacidade produtiva da indústria. Exclui a expansão de indústria já estabelecida ou a fusão ou aquisição de empresa já estabelecida. 
Saída – eliminação permanente de capacidade produtiva da indústria. Se empresa vendeu seus ativos para terceiros não há saída, mas transferência de ativos. 
Barreiras à entrada: Definições
Qualquer fator que impeça a livre mobilidade do capital para uma indústria no longo prazo e, consequentemente, torne possível a existência de lucros supranormais nessa indústria, constitui barreira à entrada. 
Bain: Barreira à entrada corresponde a qualquer condição estrutural que permita às empresas já estabelecidas em uma indústria praticar preços superiores ao competitivo sem atrair novos capitais. 
Modelo conceitual de preço limite
Preço limite: é o maior preço comum que um grupo de vendedores já estabelecidos, agindo em colusão, acreditam poder cobrar sem induzir a entrada de novos participantes à indústria. Este preço poderá ser menor do que o da maximização do lucro durante um curto período de tempo e dependerá, entre outros aspectos, dos custos relativos das firmas internas ou externas ao grupo e das condições da demanda da indústria.
 Hipóteses:
Considerando-se uma indústria em equilíbrio temporário, as firmas estabelecidas atuam em conjunto visando prevenir entradas de novas empresas no mercado;
Produzir tanto bens homogêneos como bens diferenciados, entretanto, as empresas estabelecidas utilizam tecnologias de produção que apresentem custos médios de longo prazo em forma de L, isto é, os custos médios são decrescentes até atingirem a EME, tornando-se constantes;
É visto também que o longo prazo é dividido em dois períodos: no primeiro (pré- entrada) e no segundo (pós-entrada) 
Em relação aos incentivos à entrada ocorre somente se for possível a obtenção de lucro econômico positivo imediatamente após a entrada, já que esta não possui suporte financeira empresa entrante ( a mais capacitada entre todas as potenciais) avalia que só exista o para operar com prejuízo, mesmo que por um período curto de tempo. Isto mostra que elas não estão ligadas a nenhuma outra empresa ( ou capital já constituído), que atuem em outra indústria;
Esta condição é mensurada, em termos percentuais, pela diferença entre o maior preço-limite de venda e os custos médios mínimos que uma firma estabelecida pode obter, sem induzir as firmas potenciais com menores desvantagens a entrarem na indústria (equação apresentada).
Quatro situações para condição de entrada podem ocorrer:
Entrada fácil: As estabelecidas não possui vantagens de custos e não sustentam lucros extraordinários. Não há barreira à entrada-prevalece o preço competitivo;
Entrada ineficazmente impedida: As estabelecidas tem pouca vantagem, praticam preços de maximização no curto prazo, há incentivo a entrada, e o preço tende a ser o competitivo; 
Entrada eficazmente impedida: As estabelecidas tem vantagem competitiva; praticam o preço limite-impõe barreiras;
Entrada bloqueada: As vantagens das estabelecidas são grandes, que mesmo o preço de maximização dos lucros no primeiro período é inferior ao preço limite, não incentivando entradas;
Barreiras Estruturais à Entrada na Prática
Elementos presentes na estrutura da indústria que podem constituir barreira à entrada, são eles:
Existência de vantagens absolutas de custos a favor das empresas estabelecidas;
Existência de preferências dos consumidores pelos produtos das empresas estabelecidas;
Existência de estrutura de custos com significativas economias de escala;
Existência de elevados requerimentos de capital inicial;
Vantagens Absolutas de Custos
Custos médios de longo prazo das empresas entrantes é superior ao das empresas estabelecidas em qualquer nível de produção de um bem homogêneo dizemos que essas ultimas detêm vantagens absolutas de custos.
Este aspecto ocorre por alguns motivos, onde, as empresas estabelecidas tem melhores condições de acesso a fatores de produção(tecnologias e recursos humanos e naturais); acumulação de economias dinâmicas de aprendizado; ou ainda, imperfeições nos mercados de fatores.
As estabelecidas tem vantagem de captar empréstimos (o risco é menor, uma vez que possuem garantias reais, como a própria planta produtiva), assim os encargos tendem a ser maiores, tendo menores taxas de juros. De modo contrário ocorre com as entrantes que não oferece nenhuma garantia exata.
Existência de Economias de Escala
Economias de escala são os fatores que conduzem à redução do custo médio de produção de um determinado bem à medida que a quantidade produzida aumenta.
Sugerida por Joe Bain como uma fonte igualmente fraca de barreira à entrada.*
F. Modigliani e Sylos-Labini, pioneiros nessa discussão apontam as condições requeridas a existência de barreiras de escala.
Fontes de Barreiras à Entrada: Economias de Escala
Barreiras a entrada decorrentes de economias de escala supõem:
Escala mínima eficiente (EME)* não negligenciável em comparação com o tamanho da demanda de mercado;
CMe em escala subótima sensivelmente maior que CMe mínimo de longo prazo;
Possibilidades:
1) Entrante com escala subótima:
Pouco realista
2) Entrante com EME
Não resposta em quantidade
Não resposta em preços
Entrante com escala subótima (entrada em pequena escala)*:
− As empresas estabelecidas, que operam em escalas eficientes, poderão praticar um preço limite correspondente ao diferencial de custos relativos a seu favor. 
− Há consenso entre os economistas industriais que o resultado provável é a situação de entrada eficazmente impedida.
O realismo dessa hipótese uma vez que somente em certas situações particulares, como por exemplo quando a tecnologia confere grande flexibilidade de capacidade produtiva às empresas entrantes pode-se esperar entradas em escalas subótimas.
Entrante com EME:
Não resposta em quantidade (Postulado de Sylos)*:
Após a entrada as empresas estabelecidas não alteram quantidade produzida, o que resulta em queda do preço:
− Pl: permite lucro pré-entrada
− Ql: Demanda residual impede entrada
com lucro*
A Figura 6.2 mostra como se dá a fixação do preço limite nas situações em que prevalece o "postulado de Sylos" de acordo com o modelo proposto por F. Modigliani:
O grau de barreira à entrada de escala será tanto maior quanto maior for a redução esperada para o preço pós-entrada. Essa, por sua vez, será tanto maior quanto menor a elasticidade-preço da demanda de mercado e maior a relação entre escala mínima eficiente e o tamanho da demanda ao preço competitivo.
Entrante com EME:
Não resposta em preço :
Após entrada as empresas estabelecidas diminuem o nível de produção para manter oferta total pré-entrada.
Um cenário mais otimista para a empresa entrante, sugere um comportamento ingénuo das empresas estabelecidas.
Supõem que empresas estabelecidas:
− Não zelam por preservação dos níveis de participação no mercado alcançados;
− Aceitam menor quantidade vendida e operação próxima/abaixo da EME.
Comportamento acomodatício: pode estimular novas entradas.
Quais as implicações da existência de barreiras de escala do ponto de vista da teoria do bem-estar?
A existência de economias de escala não significa perdas de bem-estar;
Isso deixa de ser verdadeiro se derem margem à criação de barreiras à entrada.
Se a indústria é concentrada devido a barreiras à entrada, ocorre perda de bem-estar porque na ausência de concorrência perfeita, lucros extraordinários estão sendo obtidos pelas empresas existentes.
Diferenciação de Produtos
Atributos que diferenciam os produtos:
− Especificações técnicas, desempenho ou confiabilidade, durabilidade, estética, custo de utilização do produto, imagem e marca, formas de comercialização,etc.
− Quando os produtos são avaliados por múltiplos atributos: há maior possibilidade de diferenciação de produto.
2 tipos de diferenciação de produto:
− Vertical: utilidade de todos consumidores aumenta quando o nível de uma característica do produto é aumentado;
− Horizontal: modificação em um atributo do produto causa aumento da utilidade de uns consumidores e diminuição na de outros;
Fontes de Barreiras à Entrada: Diferenciação de Produtos
Diferenciação de produtos  Opções da Entrante:
− Vender a preço inferior ao das empresas estabelecidas
− Realizar gasto de publicidade para divulgar a marca 
CMe entrante = CMe produção + CMe penetração
− Características do produto, magnitude do esforço de venda, métodos de distribuição
 Sobre-preço apropriado por empresas estabelecidas*
Situações em que o custo de penetração é elevado:
− Diferenciação vertical: aumenta incerteza sobre produto;
− Bens de consumo duráveis: ato de compra não-repetido e alto valor unitário impedem aprendizado do consumidor;
Efeito transbordamento:
− Se a entrante é subsidiária de uma empresa com marca reconhecida em outros mercados ou regiões
	 Transferência de credibilidade
Finalmente, se não houver necessidade de deslocar preferências dos consumidores, isto é, se o esforço de venda da empresa entrante for equivalente ao realizado pelas empresas estabelecidas quando estas iniciaram operação, não haverá assimetria de custos e, portanto, não é de esperar que haja impedimento à entrada de acordo com a definição de Stigler.
Requerimentos Iniciais de Capital
Barreiras de Capital (Capital Barriers): assim como as barreiras de escala, as barreiras de capital surgem como consequência da existência de elevadas escalas mínimas eficientes. Porém, o surgimento de barreiras de capital exige somente que a escala mínima eficiente seja elevada em termos absolutos, mesmo que pouco significativa em comparação com o tamanho da demanda. 
Barreiras à Saída: os Modelos de Contestabilidade
Barreiras à Saída: os Modelos de Contestabilidade
Mercado perfeitamente contestável:
Ausência de barreiras à entrada (na definição de Stigler) – não há diferenciais de custos entre empresas entrantes e estabelecidas porque ambas tem acesso aos mesmo fatores de produção e a mesma habilidade de servir mercados (qualidade, marcas etc.).
Ausência de barreiras à saída – custos irrecuperáveis são nulos, isto é, o capital empregado pode ser inteiramente recuperado seja porque pode ser revendido sem perdas, transferido para outra indústria ou ainda porque foi alugado ou subcontratado. 
Conclusão
Análises estruturais da concorrência por meio de barreiras à entrada têm como principal limitação o seu caráter estático. A decisão de entrada é enfocada como dependente de uma expectativa de obtenção de lucros imediatamente após a entrada. Além disso, supõe que a demanda é dada, o passo que a taxa de crescimento da demanda é forte determinante no grau de barreira à entrada.

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