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AULA 3

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DIREITO 
OBRIGACIONAL 
AULA 3 
OBRIGAÇÃO DE DAR E DE RESTITUIR COISA CERTA 
Prof. THIAGO SERRANO 
 
OBRIGAÇÃO DE DAR 
COISA CERTA 
(ARTS. 233/237, CC) 
• Conceito: A obrigação de dar é uma obrigação específica. 
O sujeito é obrigado a entregar coisa individualizada móvel 
ou imóvel. As características obrigacionais são acertadas 
pelas partes por instrumento negocial – contrato. 
• No contrato de compra e venda de um imóvel em relação 
à entrega do imóvel (obrigação de dar coisa certa) o 
credor é aquele que deve receber a coisa e o devedor é 
aquele que deve entregá-la. No pagamento opera-se o 
contrário. 
• Art. 233: O acessório segue o principal (princípio da 
gravitação jurídica). Constituem acessórios: os frutos, as 
benfeitorias, os produtos e as pertenças (art. 92, CC). 
EM RELAÇÃO À PERDA DA 
COISA COM CULPA 
(ART. 234, CC) 
• Art. 313: O credor pode se recusar a receber coisa 
diversa da acordada, ainda que mais valiosa. Nemo 
aliud pro alio invito creditore solvere potest. 
• A coisa perece para o dono – res perit domino. 
Resolver é a mesma coisa que voltar ao status quo 
ante, ou seja, a situação primitiva. 
• Na presença de culpa: Há o pagamento do valor da 
obrigação mais perdas e danos, sendo a culpa 
considerada em seu sentido lato senso (dolo = 
intenção de descumprimento e culpa = imprudência, 
negligência e imperícia). 
 
PERDA DA COISA 
SEM CULPA 
• Na ausência de culpa: Não há o pagamento das 
perdas e danos, neste caso a perda da coisa decorre 
de caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou de 
força maior (evento previsível, porém inevitável). 
• Existem situações em que o devedor responde 
inclusive diante do caso fortuito ou da força maior: 
• 1. Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove 
a total ausência de culpa ou que o fato ocorreria 
mesmo não havendo mora – art. 399. 
• 2. Se houver previsão contratual – art. 393. 
• 3. Se houver previsão legal – art. 583. 
 
EM RELAÇÃO À 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
• Art. 235: Deterioração da coisa sem culpa. 
• O credor poderá resolver a obrigação exigindo o 
pagamento do equivalente ou poderá receber a 
coisa com abatimento no preço. 
 
• Art. 236: Deterioração da coisa com culpa. 
• O credor poderá resolver a obrigação exigindo o 
pagamento do equivalente, mais perdas e danos ou 
poderá receber a coisa, mais perdas e danos. 
MELHORAMENTOS E 
ACRÉSCIMOS NA COISA 
ANTES DA TRADIÇÃO 
(ART. 237, CC) 
• Antes da tradição a coisa pertence ao devedor (res perit 
domino). Desta forma, se o devedor melhorar ou 
acrescer a coisa, poderá exigir do credor aumento no 
preço. Caso o credor não deseje arcar com o aumento, 
poderá o devedor resolver a obrigação, mas não será 
possível exigir o pagamento das perdas e danos. 
• A razão da norma deita origens na manutenção do 
sinalagma obrigacional e na vedação do 
enriquecimento sem causa, o que não impede uma 
análise fática das situações concretas, uma vez que o 
devedor poderá agir de má fé. 
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
COISA CERTA 
(ARTS. 238/242, CC) 
• Em relação à perda da coisa: 
• Art. 238: O devedor tem obrigação de devolver a 
coisa que não lhe pertence (contrato de locação). 
No caso de perda da coisa sem culpa do devedor, 
antes da tradição, aplica-se a regra de que a coisa 
perece para o dono (res perit domino). Assim, é o 
credor que suporta o prejuízo, podendo pleitear os 
direitos que já existiam até o dia da perda. 
• Art. 239: Se a perda decorrer de culpa do devedor, 
este responderá pelo equivalente, mais perdas e 
danos. 
EM RELAÇÃO À 
DETERIORAÇÃO DA COISA 
(ART. 240, CC) 
• Sem culpa do devedor: O credor deverá recebê-la no 
estado em que se encontra, sem direito à indenização. 
 
• Com culpa do devedor: O devedor responderá pelo 
equivalente, mais perdas e danos, de acordo com o 
art. 239. 
 
• Pelo Enunciado 15, aplica-se o art. 236 na hipótese do 
art. 240, ou seja, o credor poderá receber a coisa, mais 
perdas e danos. O presente enunciado respeita a 
autonomia privada. 
MELHORAMENTOS E 
ACRÉSCIMOS 
NA COISA 
• Art. 241: Melhoramento sem despesa ou trabalho 
do devedor, será incorporado ao patrimônio do 
credor, em respeito à regra res perit domino. 
• Art. 242: Melhoramento com despesa ou trabalho 
do devedor (aplicação das regras dos arts. 1.219 
e 1.220). 
• Devedor de boa fé: Indenização e direito de 
retenção em relação às benfeitorias necessárias e 
úteis; podendo levantar as voluptuárias, se isso 
não implicar na diminuição do valor da coisa. 
• Devedor de má fé: Só terá o direito à indenização 
em relação às benfeitorias necessárias, não 
gozando do direito à retenção. Não possui, 
também, direito à indenização e à retenção em 
relação às benfeitorias úteis e voluptuárias. 
MELHORAMENTOS E 
ACRÉSCIMOS 
NA COISA 
• Importante registrar, que tal entendimento é 
utilizado no caso de comodato, bem como 
no caso da jurisprudência colacionada a 
seguir. Porque, no caso da locação, existem 
regras específicas em relação às benfeitorias 
úteis. Neste último caso, somente caberá o 
direito à indenização e à retenção, se as 
benfeitorias úteis forem consentidas pelo 
locador (arts. 578, CC e 35/36 da L. 8.245/91). 
Existe, no contrato de locação, a possibilidade 
de renúncia ao direito à indenização em 
relação às benfeitorias necessárias e úteis, 
contratualmente (Súmula 335, STJ). 
 
JURISPRUDÊNCIA 
• AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DE VENDA DE PONTO COMERCIAL. 
INADIMPLÊNCIA. BENFEITORIAS NECESSÁRIAS. RETOMADA DE BENS 
IMOBILIZADOS. POSSIBILIDADE. CLÁUSULA CONTRATUAL EXPRESSA. 
PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA DA VONTADE E DA FORÇA OBRIGATÓRIA 
DO CONTRATO. As partes firmaram um contrato de venda de ponto 
comercial, inadimplido em parte pela co-ré. Cabível a compensação 
do valor gasto com benfeitorias necessárias com o débito em 
discussão, de acordo com o disposto nos artigos 242 e 1.219 do Novo 
Código Civil. Em atenção aos princípios da autonomia da vontade e 
da força obrigatória do contrato, considera-se plenamente válida a 
cláusula contratual que dispôs acerca da retomada, pelos 
vendedores, dos bens imobilizados em caso de inadimplência da 
compradora. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível 70026656843, 
Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de 
Oliveira Martins, Julgado em 29/10/2009). 
INFORMATIVO 551, STJ 
• Quando irregularmente ocupado o bem 
público, não há que se falar em direito de 
retenção pelas benfeitorias realizadas, 
tampouco em direito a indenização pelas 
acessões, ainda que as benfeitorias tenham 
sido realizadas de boa-fé. Isso porque nesta 
hipótese não há posse, mas mera detenção, 
de natureza precária. Dessa forma, 
configurada a ocupação indevida do bem 
público, resta afastado o direito de retenção 
por benfeitorias e o pleito indenizatório à luz 
da alegada boa-fé.

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