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FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL
JÚLIO CÉSAR DE PAIVA SILVA
UMA ANÁLISE DA RELEVÂNCIA DA ORDEM NAS ETAPAS DA VIDA CRISTÃ EM FRANCIS SCHAEFFER
São Lourenço - MG
2016
JÚLIO CÉSAR DE PAIVA SILVA
UMA ANÁLISE DA RELEVÂNCIA DA ORDEM NAS ETAPAS DA VIDA CRISTÃ EM FRANCIS SCHAEFFER
TCC apresentado ao Curso de Mestrado em 
Teologia Livre da Faculdade e Seminário Teológico 
Nacional, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Mestre.
Orientador: Prof° Doutor Bernardo de Paiva Bragança
São Lourenço - MG
2016
DEDICATÓRIA
	A minha família, e amigos em especial a minha amiga Professora Kátia Batalha, que me apoiou e estive junto a mim nesta caminhada.
AGRADECIMENTO
	Agradeço a Deus que se faz presente em minha vida, que me dá forças, coragem e capacita, a fim de abençoar e ser instrumento de bênção para outras pessoas, como mensageiro das Sagradas Escrituras.
	Agradeço a FACULDADE E SEMINÁRIO TEOLÓGICO NACIOVAL, que de alguma forma fizeram e fazem parte desta caminhada.
	
	“Frequentemente os homens têm agido como se tivéssemos de escolher entre reforma e reavivamento. Alguns clamam por reforma, outros por reavivamento, e ambos se olham com suspeita. Mas reforma e reavivamento não são contraditórios; de fato, ambas as palavras estão relacionadas com o conceito de restauração. Reforma fala de restauração a uma doutrina pura; reavivamento clama pela restauração na vida cristã. Reforma fala de um retorno aos ensinamentos das Escrituras; reavivamento diz sobre uma vida plena em um relacionamento apropriado com o Espírito Santo. Os grandes momentos na história da igreja têm surgido quando estas duas restaurações ocorrem simultaneamente. Possamos nós ser aqueles que conhecem esta realidade de reforma e reavivamento a fim de que este pobre mundo em que vivemos possa ter uma amostra de uma porção da igreja de volta a uma doutrina pura e a uma vida plena do Espírito.”
	(Francis Schaeffer, Verdadeira Espiritualidade)
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AGRADECIMENTOS
A Deus, supremo autor de minha fé e fonte de toda a sabedoria.
À minha família, sempre solícita e compreensiva, que doou parte de nosso valioso tempo de comunhão.
Aos professores e irmãos pela dedicação e companheirismo.
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RESUMO
A era pós-moderna muito tem falado a respeito de espiritualidade como uma crítica e rejeição aos pressupostos racionais e positivistas da modernidade. Mas esta espiritualidade difere radicalmente da vida cristã proposta pelas Escrituras. Aquela é pluralista, privatizante e secularista; esta é transcendental e baseada na revelação de Deus para o homem.
Schaeffer, filósofo cristão do século XX, embora conhecido mundialmente pela sua contribuição na Apologética (defesa da fé cristã), deixou um legado marcante na área da espiritualidade. Sua obra de 22 livros apresenta 5 obras dedicadas exclusivamente ao trato deste assunto.
Este documento visa apresentar uma pesquisa a respeito dos principais fundamentos da espiritualidade em Schaeffer, analisando suas obras neste tema segundo a ótica de um cenário (“framework”) de espiritualidade onde a ordem na consecução de cada etapa é de fundamental importância para o desenvolvimento de uma vida cristã que caminha para o alvo da soberana vocação em Cristo Jesus.
Complementando este trabalho é feita uma breve aplicação da relevância dos pressupostos de espiritualidade de Schaeffer na igreja de nossos dias. Uma análise deste assunto é de importância fundamental para que a igreja de Cristo de nossos dias possa ser fiel à fé uma vez entregue aos santos e relevante para o século em que vive.
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ABSTRACT
In post-modernity, people have been talking about spirituality, criticizing and rejecting the presuppositions from modernity. Nonetheless, the spirituality reclaimed in this period has nothing to do with the life style presented by the Scriptures. It is pluralistic, secular; and the biblical spirituality is transcendental, and based on God’s revelation to his creatures. 
Francis Schaeffer, a Christian philosopher from the twentieth century, is well known because of his contributions in apologetics. However, he also produced many things about spirituality. His complete work is composed by 22 volumes. Among those books, Schaeffer wrote about spirituality in 5 of them.
The aim of this research is to show the main principles in spirituality, according to Francis Schaeffer. To do that, Spirituality will be analyzed in a framework, and each step of it will be introduced as a fundamental part of Christian life.
As a complement of this research, it will be done an application of Schaeffer’s spirituality in nowadays’ church. It is extremely important to analyze this issue, because it will help church in the current days to live in faithfulness to the Scriptures and with relevance in the present century.
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SUMÁRIO
111.	Introdução	�
132.	Francis Schaeffer – Vida e Mensagem	�
132.1.	Uma Sucinta Biografia de Francis Schaeffer	�
182.2.	A Mensagem de Francis Schaeffer	�
213.	A Espiritualidade em Schaeffer – Relevância da ordem na Vida Cristã	�
223.1.	A Ordem do Interior para o Exterior	�
253.2.	A Ordem – Rejeição e Morte	�
283.3.	A Ordem – Morte e Ressurreição	�
313.4.	A Ordem – Arrependimento, Confissão e Restituição	�
343.5.	A Ordem – Conhecer e Fazer	�
353.6.	A Ordem na Proclamação	�
393.7.	A Ordem na Adoração	�
444.	Reflexões sobre a Ordem na Espiritualidade e a Igreja Brasileira	�
444.1.	O Desafio da Autoridade	�
464.2.	O Desafio da Doutrina	�
484.3.	O Desafio da Relevância	�
514.4.	O Desafio da Proclamação	�
545.	Conclusão	�
566.	Referências Bibliográficas	�
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Introdução
Nasce uma nova criatura em Cristo! Que bênção! A partir deste momento, do evento do novo nascimento, uma nova vida cheia de novas e radiantes possibilidades pode e deve ser vivida. Historicamente pode-se constatar o dinamismo e fulgor de um novo convertido – seu desprendimento para evangelizar, para contar o que aconteceu em sua vida, o desejo de conhecer mais a respeito de sua nova herança, o dinamismo e disponibilidade para o serviço cristão. Todas estas coisas são típicas no cenário da igreja cristã e ilustram o quão maravilhoso é a vivência na comunidade da fé.
Outro cenário, todavia, também surge, à medida que estes novos convertidos passam a viver o novo cotidiano e caminham para a senioridade em sua vida cristã. É possível denominá-lo como o problema da dupla realidade: por um lado o cristão observa que em sua caminhada na senda da fé há muitos que primam pela ortodoxia. Contudo, carecem da objetividade daquelas coisas que as Escrituras afirmam como produto do Cristianismo. Isto é, o vivenciar de uma vida bela que testifica sobre a genuinidade do Evangelho; ademais, ele observa conscientemente que a sua própria realidade de vida cristã, com o passar do tempo, é mais pobre do que quando era um infante nos caminhos do Senhor.
Schaeffer enfrentou esta crise em sua espiritualidade e teve de refletir honesta e seriamente a respeito deste assunto. � Percorreu arduamente o caminho da reflexão desde o seu agnosticismo inicial, ponderando sobre os motivos pelos quais o Cristianismo se mostrava único em seus postulados. Ele percebeu que o problema residia basicamente no fato de que, durante a sua vida pós-conversão, pouco havia aprendido a respeito do significado da obra concluída de Cristo para a sua vida presente. � O que a obra magnífica do Calvário tem a ver com o dia-a-dia da espiritualidade do cristão, com seu processo de santificação?
As simples e profundas respostas que Schaeffer teve em sua pesquisa não só soaram como uma canção celestial em sua alma inquieta, mas legaram para a cristandade uma obra profunda e reveladora que pode ser observada no trabalho da comunidadeL`Abri, onde pessoas podiam postular perguntas honestas sobre suas dúvidas existenciais, e também na literatura do autor sobre o tema espiritualidade.
Este documento visa apresentar uma pesquisa a respeito dos principais fundamentos da vida cristã em Schaeffer, analisando suas principais obras segundo a ótica de um cenário (“framework”) de espiritualidade onde a ordem na consecução de cada etapa é de fundamental importância para o desenvolvimento de uma vida cristã que caminha para o alvo da soberana vocação em Cristo Jesus.
Inicialmente, será apresentado um resumo do legado de Schaeffer e da importância de sua obra para a igreja de sua época e atual. Em seguida serão relacionados os fundamentos da vida cristã segundo Schaeffer, com o foco na ordem das etapas para a vivência de uma verdadeira espiritualidade, culminando com uma aplicação destes fundamentos na realidade da igreja evangélica brasileira nos dias atuais. Que o Senhor use este simples trabalho para glória do Seu nome.
Francis Schaeffer – Vida e Mensagem
Uma Sucinta Biografia de Francis Schaeffer
Os pais de Francis Schaeffer vieram da Alemanha para os Estados Unidos. Seu pai chamava-se Frank Schaeffer; era um homem prático e trabalhador, sem interesses acadêmicos, culturais e filosóficos na vida. � Não era cristão. Ele passou para seu filho uma obstinação pelo trabalho honesto e árduo, a habilidade de fazer e projetar coisas com as suas mãos e um tremendo senso de dignidade pelo trabalho humano. 
Sua mãe, Bessie Williamson, tivera uma infância muito dura. Era parte de uma família com quatro crianças, sua mãe e seu avô. Sem um homem para o sustento da casa ela trabalhou arduamente com sua mãe lavando roupas para a vizinhança. Sua vida foi muito severa e isso a tornou muito amarga em muitos momentos. No final de sua vida tornou-se uma cristã e esta experiência de conversão suavizou bastante a sua personalidade. �
Francis Schaeffer nasceu em 30 de janeiro de 1912, filho único de Frank e Bessie. Sua mãe não queria mais filhos, pois considerava que uma prole maior a tornaria uma escrava na família. Um detalhe interessante no nascimento de Francis Schaeffer é que o médico que fez o parto da criança estava bêbado, mas mesmo assim assistiu à família neste momento especial. Somente anos após, quando Francis requisitou o seu primeiro passaporte, é que descobriram que o estimado doutor se esquecera de registrar o nascimento do infante. �
Francis não tinha nenhum legado cristão em sua família. Seus pais iam à igreja, mas esta não era uma comunidade que cria realmente nas Escrituras. Sua infância não teve como referência um cristianismo vivo nem tampouco houve interesse no lar em assuntos como idéias, artes ou coisas similares; passou seus primeiros anos em casa auxiliando seu pai com pintura e carpintaria. Na escola o menino se desenvolveu muito bem, mas seus pais nunca o encorajaram nos estudos. Somente depois do seu casamento Schaeffer descobriu, ao pesquisar material para o seu livro The Tapestry, que havia sido considerado como a segunda criança mais inteligente nos últimos 20 anos em sua primeira escola. O projeto de seus pais para o menino era torná-lo um homem prático, com um título em algo como Engenharia. �
Sua primeira exposição à filosofia foi acidental e isto se relaciona com a sua conversão. Ele freqüentava a igreja, mas esta não ensinava as Escrituras. Seu professor da Escola Dominical o colocou em contato com um homem de origem russa. Francis Schaeffer recebeu o trabalho de ensinar inglês para este homem. Ele não possuía nenhum livro para orientá-lo nesta tarefa e o seu professor lhe sugeriu ir a algumas grandes livrarias no centro da cidade de Filadélfia para adquirir um livro de inglês para orientação a iniciantes. O livreiro, por engano, deu-lhe um livro errado – de filosofia grega. �
Schaeffer mais tarde veria que Deus, pela sua providência, trabalhava em sua vida, ainda que neste momento não entendesse o seu trabalho. O livro era absolutamente inadequado para o ensino da língua inglesa, mas ele o leu e o amou. Ele nunca tinha visto algo assim antes e não tivera nenhuma classe sobre estes assuntos, sobre idéias, na escola. À medida que lia sobre filosofia viu que esta tratava com toda a sorte de perguntas básicas e radicais sobre a vida humana. Ele observou também que, embora a filosofia formulasse as perguntas, não possuía definitivamente respostas para elas.
Ao mesmo tempo, quando tinha cerca de dezessete anos, chegou à conclusão que sua igreja também não fornecia respostas às perguntas que ele e outras pessoas colocavam sobre a vida. Decidiu então abdicar do Cristianismo. Para ser honesto ele decidiu que antes deveria conhecer um pouco mais sobre o assunto e assim, por conta própria, começou a leitura da Bíblia, do primeiro ao último livro. �
Como um rapaz de dezessete anos, sedento por encontrar respostas às questões da existência, ele começou espantosamente a descobrir por conta própria respostas adequadas e completas nas Escrituras. Schaeffer tornou-se um cristão simplesmente pela leitura da Bíblia, sem a ajuda de qualquer outra pessoa. Ele notou que Gênesis, por exemplo, respondia as questões básicas sobre quem somos como pessoas, sobre a origem do mal e a origem da vida. Diferentemente da filosofia, o livro de Gênesis respondeu às suas perguntas sobre a vida e o ser humano. �
Schaeffer concluiu o ensino secundário em 1930 e preparava-se para ingressar no curso de engenharia no Drexel Institute, um sonho de seu pai. � Neste ano outro fato veio a ser marcante em sua vida: caminhando em uma avenida em Germantown, sentindo-se solitário e deprimido, sem contato com outras pessoas que realmente criam nas Escrituras como ele, ouviu o som de um piano e de hinos sendo cantados. Aproximou-se de uma tenda na avenida e quando entrou ouviu um evangelista ítalo-americano, Anthony Zeoli, pregando o Evangelho com poder e simplicidade. Isto provocou um tremendo efeito no jovem e este pensou: “Então existem outras pessoas por perto que acreditam na Bíblia como eu”. �
A partir deste momento um grande desejo de se preparar para o ministério foi deflagrado, com a total desaprovação de seu pai que considerava os pastores como parasitas e pessoas inúteis à sociedade. Finalmente, depois de uma tensão com seu pai a respeito de seu futuro, Schaeffer convenceu Frank a deixá-lo ir para o Hampden-Sydney College no estado da Virgínia. �
No Hampden-Sidney College teve várias provações como dificuldades no trato com seus colegas sulistas aristocratas e perseguição por parte de alguns professores. � Mesmo assim Schaeffer despontou como um verdadeiro cristão, procurando ajudar seus colegas, completar seus estudos e manter e alimentar a sua comunhão com Deus. Veio a conhecer sua futura esposa, Edith, em uma reunião na igreja Presbiteriana de Germantown em 1932. � Schaeffer compareceu a um encontro de jovens e estava a ouvir um jovem, que tinha sido líder do grupo por algum tempo, que pregava o seguinte sermão em um domingo à noite: “Como eu sei que Jesus não é o Filho de Deus e como eu sei que a Bíblia não é a palavra de Deus”. � 
Edith ao ouvir aquelas palavras preparava-se para interpelar o orador quando o jovem Francis pôs-se de pé e disse: “Eu não sei como responder a todas as questões postadas por você, mas creio que meu professor o fará com propriedade. Eu porém sei que a Bíblia é a Palavra de Deus. E eu creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Eu sei porque Ele tem mudado a minha vida”. � Schaeffer sentou-se e Edith perguntou a uma amiga ao seu lado quem era o ousado jovem. A resposta foi esta: “Este é Fran Schaefer e ele quer tornar-se um ministro da palavra.” Ao final do encontro Edith interpelou o orador e defendeu com ousadia a ortodoxia cristã. Francis perguntou a um amigo a respeito da jovem e recebeu a seguinte resposta: “Esta é Edith Seville. Seus pais foram missionários na China e mudaram-se de Toronto para cá recentemente.” Nascia aí um relacionamento duradouro, plantado por Deus, e que daria frutos por toda uma vida.�
A Mensagem de Francis Schaeffer
A mensagem de Schaeffer pode ser expressa, simplificadamente, em duas visões principais: verdadeira “verdade” e a verdadeira espiritualidade. � Durante a sua mocidade Schaeffer encontrou a filosofia clássica que o mostrou duas coisas principais: a) ele havia encontrado o campo de interesse que mais o motivava: as idéias; b) embora a filosofia formulasse as questões radicais, não havia respostas suficientes. Então, conforme vimos anteriormente neste texto, Schaeffer foi achado pelas Escrituras. O próprio Schaeffer afirmou: “Antes que eu chegasse ao Novo Testamento eu já era virtualmente um crente em Cristo”. �
Desde o começo Schaeffer tinha a mente voltada para a chamada “Verdadeira verdade”. Ele amava a Bíblia porque a sua mensagem de salvação primeiramente era verdadeira. O corolário disto na mente de Schaeffer foi um senso de responsabilidade de desafiar e desmascarar todos os sistemas de falsidade. Segundo ele outras religiões e cosmovisões são basicamente distorções da verdade. Assim sendo a sua abordagem apologética foi desde o princípio pressuposicional – começa com a apresentação da cosmovisão cristã e tudo faz sentido! Juntamente com Dooyeewerd e Van Til� compartilhava a perspectiva reformada e a crítica ao evidencialismo, mas distinguia-se suavemente deles sobre as implicações práticas desta abordagem. 
Para Schaeffer, os seres humanos podem ser desafiados intelectualmente não porque eles compartilham uma pressuposição comum com a Bíblia, porque evidentemente eles não têm, mas porque eles são inescapavelmente criaturas de Deus. � Cercados pelas evidências da criação e dos atos de Deus no mundo – o que ele denominou a “hombridade” do homem e a forma do universo � - eles permanecem como seres humanos em um terreno comum com as Escrituras. Francis procurou sem descanso expor as inadequações de todos os pensamentos não-cristãos e tentou levar homens e mulheres para Cristo. Então a única descrição autêntica que ele costumava afirmar a respeito de si era – não filósofo, ou teólogo ou intelectual – simplesmente um evangelista! �
Um ponto que ainda coloca Schaeffer em uma posição de destaque foi a sua abordagem evangelística pessoal – a criação de L’Abri, uma palavra francesa que significa refúgio. A um grande custo pessoal seu e de sua família, uma constante leva de pessoas fluía para este lugar nos Alpes Suíços. Este refúgio cresceu para uma comunidade maior e um centro de estudo, o primeiro de oito L’Abris agora espalhados pelo mundo.
A realidade atrás disto conduz à segunda das convicções primárias de Schaeffer e foco deste trabalho – a verdadeira espiritualidade. Schaeffer entendeu que a verdadeira vida cristã estava ligada ao que Jesus dissera a respeito da semente: esta deve ser lançada no solo e morrer para gerar uma nova vida. Eles deixaram a sua vida estável nos Estados Unidos para viverem um estilo de vida completamente diferente debaixo da liderança divina sobrenatural. Começaram a viver pela fé, tendo a oração como o centro metodológico do abrigo. Em L’Abri, Francis e Edith Schaeffer combinam dois aspectos necessários para desafiar as cosmovisões de nossa era: o modernismo precisa ser desafiado intelectualmente e o pós-modernismo precisa ser apresentado a alguma coisa real.
Muitos indivíduos foram profundamente afetados por sua mensagem acerca da verdadeira espiritualidade e suas vidas foram mudadas. Em muitos lugares, entretanto, principalmente nos Estados Unidos e por extensão o Brasil, o que mais atraiu a maioria das pessoas foram as suas incursões na área da apologética, e não dos seus ensinos sobre a vida cristã. A igreja tem visto Schaeffer como um grande profeta e defensor da fé nos seus dias, mas, por outro lado tem ignorado a sua ênfase em espiritualidade. Este fato é tão radical que sua visão de vida cristã tem sido praticamente invisível e ininteligível.
Um dos lemas de Schaeffer era “o senhorio de Cristo sobre toda a vida”. Cristianismo para ele não era “igrejismo” (christianity is not churchianity) – somente adoração, evangelismo, encontros de oração, etc -, mas realidade, então requerendo participação em todas as áreas da vida pública, negócios, cultura, educação, filantropia, esportes e outras coisas mais. �
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A Espiritualidade em Schaeffer – Relevância da ordem na Vida Cristã
Este trabalho objetiva responder a duas perguntas fundamentais: o que é realmente a vida cristã, a verdadeira espiritualidade, e como ela pode ser vivida no contexto da época hodierna? Inicialmente é necessário asseverar que, se a pessoa não for cristã, não poderá começar a viver a verdadeira espiritualidade. Além disso, não é possível começar a viver a vida cristã sem aceitar a Cristo como salvador. Schaeffer afirma que “não há como começar a vida cristã a não ser pela porta do nascimento espiritual, assim como não há outra maneira de começar a vida física a não ser pelo nascimento físico.” � 
Jesus proferiu uma afirmação totalmente exclusiva: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”. Pelo fato de Deus existir, possuir uma personalidade, ser Santo, e pela constatação de que todos os homens são pecadores, tendo culpa moral diante do Supremo Ser, somente o valor infinito da obra realizada na cruz por Jesus, a segunda pessoa da Trindade, se constitui na base para a remoção da culpa humana.
Todavia, o novo nascimento é apenas o princípio. Há uma vida cristã a ser vivida e essa é a área da santificação: desde o novo nascimento em Cristo, por toda a vida presente, até Jesus voltar ou até o homem ser chamado a ele em sua morte.
Freqüentemente, depois do novo nascimento, a pessoa pergunta: “O que farei agora?” Esta é a pergunta a ser respondida no processo de santificação pessoal, que permeará toda a jornada nesta vida. Às vezes tenta-se responder esta simples e ao mesmo tempo complexa pergunta através de um reducionismo: tende-se a apresentar uma lista de coisas que “não podem ser feitas”. � Alternativamente pode também ocorrer uma revolta contra esta lista dos “não” por motivos pouco nobres; talvez o real motivo seja tão somente a construção de um sistema legal para a prática de uma vida cristã mais relaxada e descompromissada com os padrões divinos.
A Ordem do Interior para o Exterior
A primeira ordem a ser tratada no que concerne à vida cristã, à verdadeira espiritualidade, implica que esta deve ser primeiramente interior e depois refletir o exterior.
Ao se observar os Dez Mandamentos e a lei do amor expressa por Jesus (Mt 22. 36-40), nota-se o foco em conceitos interiores. O décimo mandamento do decálogo diz que não se deve cobiçar. Sabe-se que a cobiça é algo interior, que se manifesta exteriormente. Schaeffer afirma: “Precisamos ver que amar a Deus de todo o coração, mente e alma é não cobiçar contra Deus; e amar o homem, amar nosso próximo como a nós mesmos, é não cobiçar contra o homem.” �
Quando se desobedece a qualquer outro dos dez mandamentos, com exceção do décimo, quebra-se na verdade dois mandamentos: o mandamento em referência e o da cobiça. A cobiça é o lado negativo dos mandamentos positivos: “Amarás o Senhor, teu Deus...” (Mt 22. 37-39). Ao chegar ao aspecto interior do decálogo, à interioridade da lei do amor, não se pode mais orgulhar. Quando se trata da vida cristã ou da verdadeira espiritualidade, existe a luta contra os problemas interiores de não cobiçar contra Deus e nem contra os homens; busca-se então amar a Deus e os homens, e não meramente lidar com um conjunto de coisas exteriores.
Schaeffer afirma que se deve compreender dois fatos quando se está disposto a viver em uma estrutura (framework) de vida cristã. � O primeiro diz respeito à crença na vida em um universo pessoal, uma vez que este foi criado por um Deus pessoal. Após aceitar a Cristo, Deus torna-se um verdadeiro Pai com o qual se deve relacionar. O segundo fato pode ser exemplificado pelo dilema de Camus em “A Peste”�: o cristão crê que vive em um universo sobrenatural e que, desde a queda, existe uma batalha sendo travada no mundo visível e no mundoinvisível. Portanto, à luz desta compreensão do cenário de vida cristã: (a) pode-se estar contente e ainda lutar contra o mal e; (b) pode-se entender que Deus possui o direito de dispor o seu povo onde quer que Ele julgue necessário nesta arena de batalha.
A área interior é o primeiro local de perda da verdadeira espiritualidade, da verdadeira vida cristã; o ato pecaminoso exterior é o resultado. O interior é o básico e o exterior é sempre apenas o resultado.
Pode-se observar uma ordem estabelecida em Romanos 1. 21: “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.” Pessoas que anteriormente conheciam a Deus, tornam-se agora vãs no seu raciocínio. Admitindo serem sábias, tornaram-se loucas. Apreende-se que tudo começa no interior e a ordem novamente é apresentada: primeiro houve uma idéia no pensamento e depois o resultado exterior dessa idéia. Duas coisas podem ser ditas sobre o ato exterior: o exterior se segue ao interior, e o exterior é produto do interior. Pensar vem primeiro, produzindo o exterior.
Verifica-se a seguir que a verdadeira espiritualidade, em última análise, não é somente negativa, mas possui uma dimensão positiva que deve ser interiorizada e presente nos resultados exteriores. Paulo afirma em sua carta aos gálatas: “Já estou crucificado com Cristo. Portanto, não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim. E essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gl. 2:19b-20). A vida cristã flui de uma perspectiva negativa para a parte positiva. A vida cristã não é uma vida de idéias, de negativas básicas, de ódio à existência. Existe uma negativa bíblica verdadeira, mas não se pára neste ponto. Há vida verdadeira no presente, bem como no futuro.
A Ordem – Rejeição e Morte
Entende-se que a vida cristã possui uma dimensão negativa e outra positiva. Schaeffer aponta quatro textos bíblicos para o tratamento da dimensão negativa da espiritualidade: Romanos 6:4a – “Portanto, fomos sepultados com ele na morte pelo batismo.”; Romanos 6:6a – “Pois sabemos isto: a nossa velha natureza humana foi crucificada com ele”; Gálatas 2:19b – “Já estou crucificado com Cristo.”; Gálatas 6:14 – “Mas longe de mim orgulhar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo.” �
O cristão morre com Cristo, à vista de Deus, quando o aceita como seu salvador pessoal. Na prática deve-se morrer diariamente. O cristão se vê cercado por um mundo que se recusa a dizer “não”. Quando esta mentalidade impera, onde tudo é julgado pela grandeza e sucesso, deve ser difícil ouvir de repente que na vida cristã há este aspecto negativo de dizer “não” às coisas e “não” ao eu. Na sociedade hodierna muitas vezes se correlaciona a repressão com o mal. É uma sociedade em que é proibido proibir. Os absolutos de qualquer espécie, os princípios éticos, tudo precisa ceder à prosperidade e à paz pessoal egoísta. Foi este o ponto crucial da queda no Éden. Quando Satanás disse a Eva “certamente não morrereis.” (Gn.3:4-5), a mulher aspirou ser igual a Deus. Ela quis se colocar no centro do universo. 
É necessário uma mudança de ponto de vista, considerando-se o texto da transfiguração do Senhor relatado por Lucas: (9:20-23) – “Então lhes perguntou: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro, então, respondeu: O Cristo de Deus. Jesus, porém, advertindo-os, ordenou que não contassem isso a ninguém. E disse-lhes: É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelas autoridades, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, seja morto e ressuscite ao terceiro dia.”; (9:28-31) – “Cerca de oito dias depois de dizer essas palavras, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, a aparência do seu rosto mudou, e sua roupa tornou-se branca e resplandecente. E dois homens falavam com ele, a saber, Moisés e Elias; estes apareceram em glória e falavam da partida dele, que estava para acontecer em Jerusalém.”
Há, no Monte da Transfiguração, uma visão antecipada de Cristo em sua glória. Há uma visão antecipada da parte do reino de Deus na qual o cristão é colocado depois que aceita a Cristo como seu salvador. No monte, Jesus e seus interlocutores falavam a respeito da morte iminente do Messias. Schaeffer assinala: “Eis a maravilha das maravilhas, o esplendor dos séculos – a Pessoa que é Deus iria morrer. Isto constitui o cerne da mensagem cristã: a morte de Cristo.” �
Não deve surpreender o fato de Elias e Moisés discorrerem sobre este assunto vital para suas próprias vidas. A morte do Senhor Jesus é absolutamente única, substitutiva e singular, perpassando passado, presente e futuro. Sua morte histórica na cruz teve valor infinito por causa de quem ele é como Deus.
Há uma clara ordem cronológica relatada em Lucas 9:22: rejeitado, morto e ressuscitado. Esta ordem é também relatada pelo próprio Jesus para os cristãos (Lc.9:23-34). Schaeffer afirma que a seqüência – rejeitado, morto e ressuscitado – trata-se também da ordem da vida cristã: não existe outra. � Caso a relação que essa ordem – de rejeição, morte e ressurreição – tem com a cristandade seja esquecida, então se chega a uma ortodoxia estéril, e não se vivenciará uma verdadeira vida cristã. Os dois primeiros passos nesta ordem – rejeitado e morto - têm a ver com a dimensão negativa da espiritualidade; já a seqüência final – ressuscitado – aponta para o aspecto positivo da vida cristã.
A mentalidade do cristão em sua vida deve necessariamente refletir esta ordem: rejeitado, morto e ressuscitado. Assim como a rejeição e a morte de Cristo são os primeiros passos na ordem da redenção, assim também a rejeição e a morte do cristão para com as coisas e o próprio eu são os primeiros passos na ordem da verdadeira e crescente espiritualidade.
A rejeição basicamente é a rejeição do próprio mundo; Cristo chamou os seus seguidores para que tomassem a cruz diariamente: “Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.” (Lc. 14:27). A morte é central na vida cristã. Mas quando essa morte deve ser experimentada? O cristão é chamado a dizer “não” por opção própria – morrer para o eu e para o mundo – no momento em que se encontra em meio a uma vida viva, em movimento, que poderia desejar as coisas e achar gosto nelas. 
No momento em que aceita Jesus como seu salvador torna-se justificado, tendo a sua culpa erradicada de uma vez por todas. Isso é absoluto! Mas há um processo a ser vivido a partir deste ponto: se este deseja conhecer algo da realidade da vida cristã, algo sobre a verdadeira espiritualidade, deve “dia a dia tomar a sua cruz”. Schaeffer adverte que “é aqui e agora, no meio da vida, quando há batalha e luta, que deverá haver uma negativa forte, por opção, e pela graça de Deus”. �
A Ordem – Morte e Ressurreição
Depois da contínua rejeição e da morte para o eu e para o mundo, deve haver uma contínua ressurreição (Gl. 2:19-20). A transfiguração de Cristo expressa isto vivamente; foi uma prefiguração da ressurreição de Cristo, uma ocasião de glória.
A realidade da ressurreição de Cristo não pode ser deslocada para uma outra dimensão, etérea e transcendental, conforme afirmam algumas compreensões teológicas existencialistas e liberais. � A teologia liberal fala do kerigma, que afirma a ressurreição de Cristo quando este é pregado. Nada mais distante da verdade e da revelação da Bíblia. Jesus não se torna o Cristo quando é proclamado; ele é o Cristo, ressurreto e glorificado, quer seja pregado ou não. A ressurreição física é um pilar da revelação das Escrituras. O argumento é simples: se os mortos não ressuscitam, então Cristo não ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé (I Co. 15:12-15). 
Em Cristo há um corpo ressuscitado que pode comer com os discípulos, subir ao céu e desaparecer em uma nuvem em sua ascensão. EmAtos 26:13,14 Paulo conta a história de sua conversão quando, ao meio dia, ele viu uma luz mais resplandecente que o sol e uma voz que lhe falava em hebraico. Essa comunicação racional não veio por intermédio de uma experiência mística de Paulo, mas dentro do tempo e espaço. Na estrada para Damasco Jesus apareceu, o Cristo glorificado na história, falando uma língua normal, usando palavras comuns, em uma gramática coloquial, para um homem chamado Saulo. Que coisa significativa! Uma declaração de espaço, tempo, história e comunicação racional. Isso refuta completamente uma das idéias do século XX, que projeta estas coisas para um “outro” mundo filosófico ou religioso fora da dimensão tempo-espaço. �
Cristo morreu e ressurgiu na história. Os cristãos morrem com Cristo quando o aceitam como salvador. No futuro escatológico estes serão ressuscitados, assim como Cristo ressuscitou. Mas esta ressurreição não deve ser vista somente como um evento escatológico; essas grandes verdades devem ser trazidas à área da vida cristã presente e à verdadeira espiritualidade. Trata-se do “já” e do “ainda não”. � O cristão ainda não vivencia a realidade futura da ressurreição e transformação final, mas já foi ressuscitado espiritualmente em Cristo e isto deve se refletir em sua vida atual. A Bíblia diz que na vida presente deve-se viver pela fé, como se a morte do velho homem tivesse chegado e uma nova vida tenha sido implantada.
O cristão deve viver pela fé agora, na história presente, como se já tivesse se levantado da morte. É o que complementa o apóstolo na epístola aos Romanos 6:4b: “como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Schaeffer complementa o argumento desta sequência final: “O que isto quer dizer na prática? Que em nosso pensamento e em nossa vida devemos viver como se já tivéssemos morrido, subido ao céu e voltado como ressurretos”. �
A chamada cristã à fé nesta vida presente é para estar como que morto a tudo, de modo que se possa estar vivo para Deus. Ser chamado por Deus para viver como uma criatura glorificada. Seguindo a ordem da rejeição, morte e ressurreição: assim se estará pronto para ser usado pelo Senhor.
Como rejeitado, morto e ressuscitado o cristão é chamado a exercitar uma passividade ativa neste mundo atual e histórico. � E esta pode ser exemplificada na resposta de Maria ao anjo em Lucas 1:38: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra.” A jovem judia virgem optou por uma passividade ativa: dispôs do seu próprio corpo, por livre escolha, e o depositou nas mãos de Deus para que este cumprisse a sua promessa. Ela se entregou a Deus e Jesus nasceu. Mas como é possível viver desta forma? Inicia-se a partir da busca de um êxtase ou experiência exótica? Definitivamente não. Paulo, em II Coríntios 5:4-5, apresenta a resposta: Deus une dois fatores da realidade aqui – o fator de se estar com Cristo na morte e o fator de, no momento presente, ser habitado pelo Espírito Santo. No momento atual o cristão está unido com o Senhor, pelo Espírito Santo. Há duas correntes de realidade atuando no momento presente, ambas prometidas igualmente. Os cristãos mortos já estão com Cristo, e Cristo realmente vive no cristão.
Schaeffer afirma que este é o verdadeiro misticismo cristão, onde não há o apelo a que se negue a razão, ao intelecto. � No misticismo não-cristão - o oriental, por exemplo - há sempre uma perda da personalidade. Na história de Shiva, uma das manifestações do Tudo, este veio e amou uma mulher. � Esta imediatamente desapareceu e Shiva tornou-se neutro. � Nota-se a ênfase na perda da personalidade individual. No misticismo cristão não ocorre a perda da personalidade, do homem individual. Trata-se de comunhão com Cristo, uma união mística com o Senhor; é Ele produzindo fruto no cristão, sem perda da personalidade.
A Ordem – Arrependimento, Confissão e Restituição
A verdadeira espiritualidade deve ser tratada considerando a situação atual do homem, que vive em regime de exceção, após a trágica experiência da queda. O homem se encontra separado de si mesmo devido à conseqüência do pecado e, segundo Schaeffer, somente recebe a resposta bíblica, as promessas que Deus faz ao cristão a respeito da liberdade dos resultados dos grilhões do pecado na vida atual, quando há duas verdades em ação: � a) quando realmente se é um cristão; b) quando se age segundo o ensino bíblico sobre ser livre das cadeias do pecado. Há algumas verdades proposicionais que devem ser reconhecidas para a construção de um sistema de vida cristã: a) A visão sobrenatural do universo e a realidade da salvação no sentido bíblico; b) A existência de um Deus pessoal infinito em cuja imagem o homem foi criado. 
Existe uma realidade no conceito da personalidade humana, que contrasta com todos os conceitos deterministas, que afirmam ser o homem apenas um conjunto de condições psicológicas ou químicas; c) A realidade de um dilema moral humano. O problema básico da raça humana é pecado e culpa – uma culpa moral e real, porque o homem pecou contra um Deus que está presente e é santo. Não é oriundo de certas limitações metafísicas ou psicológicas. O homem realmente é culpado diante de um Deus santo que existe e contra quem pecou. Sem a apreensão destas verdades reveladas pelas Escrituras, qualquer tentativa de liberdade é apenas uma mera ilusão.
Mesmo vivendo à luz do ensinamento divino, esforçando-se para vivenciar uma vida cristã de qualidade, conforme Cristo ofertou, o cristão pode mesmo assim permitir a entrada do pecado. O que fazer então? Existe uma possibilidade de retorno? Graças ao Senhor, há um caminho de volta apontado nas Escrituras. Mais uma vez há uma ordem claramente definida: arrependimento, confissão e restituição.
O primeiro passo no caminho de volta passa pela experiência do filho pródigo relatada em Lucas 15:11-32. Depois de dilapidar a sua parte na herança precocemente recebida do pai, o filho insensato tem saudades da casa paterna e arrependido planeja o seu retorno ao lar. O pai, pródigo de amor, ao avistar ao longe o filho, corre e o abraça (v. 20). Ninguém pode ser declarado justo por Deus, sem antes reconhecer a sua culpa e pecado. João em sua primeira epístola afirma (1:9-10): “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e sua palavra não está em nós.” A confissão é um ato contínuo ao arrependimento; somente é capaz de confessar sua iniqüidade aquele que teve uma mudança em sua mente, deixando para trás o pecado. Pode-se ter a qualquer momento um relacionamento restaurado com Deus, desde que se esteja disposto a não fugir da responsabilidade pessoal, estando disposto a nomear e confessar o próprio pecado.
Schaeffer traça um interessante paralelo neste assunto, relacionando justificação e santificação, ou seja, novo nascimento e vida cristã:
O primeiro passo na justificação é que eu preciso reconhecer que sou pecador, que é justiça eu estar sob a ira de Deus, e que eu mesmo não posso me salvar. O primeiro passo em viver a vida cristã verdadeira é que preciso reconhecer que não posso viver a vida cristã em minhas próprias forças, nem em minha própria justiça. O primeiro passo da restauração depois que eu pequei é exatamente nessa mesma direção: preciso reconhecer que meu pecado específico é pecado. Preciso apresentar o pecado específico sob o sangue de Jesus Cristo, pela fé. �
O cristão lida com o problema do pecado enquanto aguarda aquele grande e glorioso dia. Já é mais que vencedor em Cristo, mas ainda não alcançou a plenitude da glorificação. Então, nesta jornada de santificação, tem de enfrentar a realidade do pecado e a solução de Deus em I João 2:1-2: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somentepelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.”
A Ordem – Conhecer e Fazer
Para viver uma vida cristã genuína é necessário humildade para com os irmãos no corpo de Cristo. Jesus deu um tremendo exemplo: “Sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas mãos e que viera de Deus, e para Deus estava voltando, Jesus levantou-se da mesa , tirou o manto e, pegando uma toalha, colocou-a em volta da cintura. Em seguida, colocou água em uma bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha que trazia em volta da cintura... Pois eu vos dei exemplo, para que façais também o mesmo... Se, de fato, sabeis essas coisas, sereis bem-aventurados se as praticardes” (Jo. 13:3-5,15,17)
Jesus afirma que o homem que fizer estas coisas, será bem-aventurado. Note que não é apenas o conhecimento destas coisas que traz a felicidade, mas o fazê-las. Através do ensino de Jesus estas duas palavras – conhecer e fazer - ocorrem constantemente e sempre nesta ordem. � O homem não pode fazer até que conheça, mas não pode conhecer sem fazer. A casa construída sobre a rocha é a casa do homem que conhece e faz. Alternativamente, a casa construída na areia é a casa do homem que conhece mas não faz.
Cristo, Senhor e Mestre, veio para servir: lavou os pés dos discípulos e os secou com a toalha que trazia em volta da cintura, isto é, com sua própria veste. Ele deixou esta ação como um exemplo prático da mentalidade e ação que deve ser vista no meio do povo de Deus.
A Ordem na Proclamação
Seguindo a orientação do Senhor na grande comissão (Mt. 28:18-20) deve-se ir ao mundo com grande compaixão e falar com autoridade às necessidades do homem. O trabalho é árduo e intenso e realizá-lo sem o poder de Deus mostra-se ineficaz. Schaeffer afirma que o cristão precisa ter “línguas de fogo” para a proclamação das boas novas; � para isto o Novo Testamento impõe que certa condição seja atendida – deve-se fazer a obra do Senhor da maneira do Senhor.
Jesus disse a seus seguidores, depois de sua ressurreição, que estes deveriam fazer discípulos de todas as nações debaixo de sua autoridade. Não existe outra fonte de poder para o povo de Deus – para o ensino, pregação ou qualquer outra ação - a não ser o próprio Cristo. Sem Cristo, qualquer poder que pareça espiritual é realmente o poder da carne. Lucas registra o comando de Jesus antes de sua ascensão com a mesma ênfase: “Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra. (At. 1:8)” A força da frase grega é “nós receberemos poder e então seremos testemunhas.” Uma ordem específica também está envolvida: depois de receber o Espírito Santo, os discípulos testemunhariam.
Embora o cristão seja habitado pelo Espírito Santo quando aceita a Cristo como salvador, isto é diferente de ter a plenitude do poder do Espírito. Os discípulos esperaram pelo derramar da promessa no Pentecostes. Os cristãos de hoje devem seguir a mesma ordem: ser habitados pelo Espírito na salvação e conhecer a respeito da realidade do poder de Cristo através da agência do Divino Hóspede – e então trabalhar e testemunhar. � Esta ordem não pode ser alterada.
Como pode o cristão receber o indispensável poder do Espírito Santo? Embora exista uma grande diferença entre a justificação e a santificação, pode-se sempre aprender importantes coisas a respeito desta ao considerarmos aquela. Já sabemos que uma pessoa não pode ser uma cristã sem primeiro reconhecer a sua necessidade de Cristo. Além disso, o cristão precisa compreender algo sobre sua necessidade de poder espiritual. Se ele pensa que o poder de sua sabedoria é suficiente, então se encontra em dificuldade. Se claramente deseja poder para testemunhar, seu primeiro passo não deve ser somente um correto pensamento teológico; deve possuir um genuíno sentimento de necessidade. Além do mais este desejar deve ser contínuo; um cristão não poderá dizer que conheceu o poder do Espírito Santo e que agora basta descansar. Deve haver um contínuo enchimento do Divino Espírito.
Como o Senhor em sua encarnação foi ungido e guiado pelo Espírito também deve sê-lo o cristão. João Batista fez duas profecias a respeito de Cristo. Não somente disse “Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo. 1:29b), mas também afirmou: “Aquele sobre quem vires descer e permanecer o Espírito, este é o que batiza com o Espírito Santo.”(Jo. 1:33b) Esta segunda profecia indica que Jesus não somente foi batizado e guiado pelo Espírito, mas que Ele também batiza o crente com o Espírito Santo.
Schaeffer ilustra a vida cristã, a verdadeira espiritualidade, como composta de três círculos concêntricos, cada um dos quais mantidos em seu devido lugar: �
No círculo exterior deve residir a posição teológica correta, a ortodoxia bíblica e a pureza da igreja visível. Este é o primeiro, mas não o único lugar; caso contrário o orgulho espiritual tomará lugar. No segundo lugar deve estar o bom treinamento intelectual e a compreensão da nossa geração; mas somente isto nos levará ao intelectualismo e daí para o orgulho. No círculo mais interior deve estar o coração humilde – o amor de Deus e a atitude devocional para com o Senhor. Deve residir aí a prática diária da devoção ao Deus que é. 
Estes três círculos devem estar apropriadamente estabelecidos, enfatizados e correlacionados. No centro deve ser mantido um vivo relacionamento com o Deus que é. Quando cada um destes três círculos está estabelecido, existirão as línguas de fogo para proclamar com autoridade e unção a palavra no poder do Espírito Santo. Então, ao final da vida cristã, quando este olhar para todo trabalho feito, verá que não desperdiçou a sua vida. O trabalho do Senhor terá sido feito no modo do Senhor!
A Ordem na Adoração
Os sacrifícios do Antigo Testamento não podiam tornar o adorador perfeito aos olhos de Deus, nem podiam tornar a sua consciência completamente livre. Mas o autor de Hebreus apresenta Cristo “como sumo sacerdote dos bens já presentes, por meio do tabernáculo maior e mais perfeito, não erguido por mãos humanas, isto é, não desta criação, e não por meio do sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no Santo dos Santos e obteve eterna redenção.” (Hb. 9:11-12). O que os sacrifícios veterotestamentários não podiam fazer, Cristo realizou antes da escrita do livro aos Hebreus. 
A adoração do Antigo Testamento em si não podia salvar, nem trazer repouso para a consciência do adorador. Todavia o sacrifício completo de Cristo salva e traz paz para a alma. Os judeus realmente participavam da adoração dia após dia, semana após semana e ano após ano. Embora tal adoração não pudesse em si salvar os homens de seus pecados, era uma real adoração e também uma profunda ilustração de uma verdade espiritual e eterna.
Schaeffer aponta o tabernáculo e a adoração aí realizada como o cerne desta ilustração. � Deus deu a Moisés o plano para a feitura do tabernáculo em uma situação histórica no Monte Sinai. O próprio Deus foi o arquiteto do projeto e este ordenou a Moisés: “E fareis conforme tudo o que eu te mostrar como modelo do tabernáculo e de todos os seus utensílios.” (Ex. 25:9). O Senhor deu o padrão e com o objetivo de prover uma figura correta de Cristo e sua obra completa. Até aqui se vê que a) A adoração do Antigo Testamento não era suficiente em si e; b) O tabernáculo foi um projeto dado por Deus, uma imagem correta do que Cristo plenamente faria.
Se uma pessoa caminhasse para o interior do tabernáculo primeiro teria acesso a uma área externa cercada por cortinas, então entraria em uma tenda e finalmente, no fim desta atingiria um compartimento separado chamado Santo dos Santos. Em Êxodo 25:10 Deus começa a revelar as coisas que devem ser colocadas dentro desta estrutura, começando com a arca de madeira acácia: “Também farão uma arca de madeira de acácia. O seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura e altura,de um côvado e meio”.
A arca em si representava a presença de Deus e para os judeus ela era a sua mais preciosa possessão. Nenhum ídolo estava ao lado da arca, dentro ou fora do tabernáculo. Schaeffer cita que, de acordo com a tradição, quando o general romano Pompeu entrou no templo e invadiu o Santo dos Santos, ele exclamou com desdém “Eles não têm sequer um deus”, uma vez que não encontrara um ídolo no lugar. � Ao invés de um ídolo, o Santo dos Santos continha a arca, que era uma representação do caráter de Deus.
A representação do caráter divino tinha duas partes, sendo a primeira a própria arca. Basicamente esta era uma caixa de madeira acácia, revestida com ouro. No seu interior estava colocada a lei de Deus – “E porás na arca o testemunho que te darei.” (Ex. 25:16). Este testemunho eram os dez mandamentos. A lei declara a santidade de Deus, o seu caráter. A compreensão de quem Deus é começa com um entendimento de Seu caráter. Deus é um ser santo, que permanecerá assim por toda a eternidade.
Se a arca e a lei nela contida fossem a única representação do caráter de Deus, os judeus teriam sido deixados em seus pecados. Confrontados somente com a perfeição divina, eles não teriam esperança. Mas o projeto da arca ainda não estava completo: “Também farás um propiciatório de ouro puro, com dois côvados e meio de comprimento e um côvado e meio de largura. Colocarás o propiciatório em cima da arca; e dentro da arca porás o testemunho que te darei.” (Ex. 25:17,21). O propiciatório era a capa, a segunda parte complementar da arca. Esta cobertura era exatamente do mesmo tamanho que a arca. Elas se encaixavam. A expiação cobria exatamente a lei. Schaeffer assinala com propriedade: “Aqui, eu sinto, está o balanço que encontramos no Novo Testamento – o balanço do caráter divino. Deus é santo e Deus é amor. Ambas as perfeições devem ser afirmadas”. �
Êxodo 25:12 contém uma importante cláusula: “Ali virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho, falarei contigo a respeito de tudo o que eu te ordenar para os israelitas.” Deus não encontrava os judeus no nível da lei; Ele os encontrava no nível do propiciatório. Paulo tinha isto em mente quando ele expressa no capítulo 3 da carta aos Romanos: “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus ofereceu como sacrifício propiciatório, por meio da fé, pelo seu sangue, para demonstração da sua justiça.” (3:24,25a) Ele afirma que Deus ofereceu a Cristo como propiciação, exatamente da mesma forma como a cobertura da arca foi chamada.
Cristo é a propiciação do homem. O apóstolo Paulo afirma em Romanos 3:26b: “para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus.” O homem não pode encontrar Deus tão somente no nível da lei, de sua santidade de caráter. Todavia pode encontrá-lo na base do que a cobertura da arca representa – Cristo e sua expiação substitutiva, sua propiciação. Deus, desta forma, pode permanecer santo e ainda justificar aqueles que têm fé em Cristo Jesus.
Em Êxodo 30:1, Deus descreve outro item na mobília do tabernáculo, localizado no lugar santo: “Farás um altar para queimar o incenso; sim, o farás de madeira de acácia.” O altar do incenso era o lugar de oração e adoração. Salmo 141:2a afirma: “Que a minha oração suba como incenso à tua presença.” O altar estava colocado diante do véu, que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos, na direção da arca do testemunho. O altar do incenso estava no Lugar Santo por razões práticas – o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos somente uma vez ao ano, enquanto o incenso devia ser queimado diariamente no altar.
O altar de incenso tinha também uma relação com a aspersão do sangue porque Deus ordenou que “uma vez ao ano, Arão fará expiação sobre as pontas do altar.” (Ex. 30:10a). Schaeffer afirma que “uma adoração natural do homem viola o caráter divino. Para prestar uma adoração aceitável, devemos fazê-la na base da propiciação.” � Uma pessoa era proibida de trazer “fogo estranho” perante o Senhor, como fizeram os filhos de Arão. O homem não pode ofertar um louvor e oração aceitáveis ao Senhor, a menos que o seja com base nas Escrituras e através do perdão concedido na cruz de Cristo.
Deus tem ordenado uma ordem para a adoração; não uma arbitrária, mas uma que se conforma com quem ele é. Nos tempos do Velho Testamento a representação de Seu caráter estava no Santo dos Santos. Assim a primeira necessidade era de um encontro com a santidade divina; a primeira coisa que um homem tinha de fazer ao se aproximar de Deus era passar pelo altar de bronze. Schaeffer afirma: “Quando Jesus morreu na cruz, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo. No rasgar do véu Deus estava dizendo: A imagem não é mais necessária. A realidade chegou. Cristo morreu, a oferta perfeita foi feita”. �
Não se está pronto para a adoração pública ou particular se primeiramente o homem não passar pela propiciação de seus pecados, a experiência de limpeza das transgressões através da obra completa de Cristo. A vida não pode ser um louvor a Deus enquanto esta propiciação não for uma realidade.
Se o louvor deve ser real, e não apenas um mero ato exterior, duas coisas devem ocorrer primeiro: a) deve haver uma propiciação definitiva dos pecados pelo sangue justificador de Cristo e; b) deve haver uma contínua limpeza (processo de santificação) pela fé em Cristo e sua obra realizada. 
Reflexões sobre a Ordem na Espiritualidade e a Igreja Brasileira
Conforme descrito neste trabalho, Schaeffer destaca em diversos pontos de sua obra de espiritualidade a importância da ocorrência de uma sequência ordenada de passos ou fatores para a vivência de uma verdadeira vida cristã. Neste momento torna-se propício avaliar, sucintamente, o impacto da não observância desta ordem no quotidiano da vida do cristão, que tem provocado crises e desafios a serem transpostos.
O cenário a ser analisado será a igreja brasileira hodierna, vivendo segundo as pressões de um mundo em transição da modernidade para a pós-modernidade. Tal reflexão é relevante para que se possa ter um pensamento crítico que estimule a comunidade cristã a desenvolver um interesse pela vivência de uma espiritualidade bela e relevante para nosso tempo.
O Desafio da Autoridade
A modernidade com as suas três forças – a pluralização, a privatização e a secularização – tem procurado mudar o cenário das relações humanas e religiosas. � O homem moderno ostenta a pluralização como um baluarte: como em um grande mercado, há diversas opções para um mesmo produto. Pode-se escolher o que mais agrada, sendo a opção uma palavra-chave. Em conseqüência evitam-se os absolutos, as afirmações categóricas e coisas afins. � A pluralização encontra-se atrelada à privatização: uma sociedade moderna plural possui a consciência de que suas escolhas são particulares e privadas. A privatização, segundo afirma Amorese “produz um mundo público sem alma. Com sua lógica própria, com sua moralidade peculiar, sem misericórdia e sem interferências.” � A secularização complementa o quadro através do expurgo de toda a idéia de transcendência, apresentando uma visão de mundo pela lente exclusiva da razão.
A pluralidade no campo político se consolida na democracia. Surgem também com a modernidade a pluralidade de lideranças e a consciência de opção. Amorese afirma que “o cristianismo e a pluralidade estão na base da democracia.” � Contudo, o problema se inicia quando, junto com os ideais democráticos e plurais, busca-se inserir no Evangelho o direito a outras opções consideradas legítimas: e se não é encontrado apoio, pode-se partir para outro cenário de vida. Amorese afirma que “há uma passagem sutil da mentalidade democrática e moderna para a insubordinação e insubmissão. Na confusão do questionamento de qualquer forma de autoritarismo, passa-se a questionar toda a forma de autoridade”. � 
O cristão influenciado pela modernidade passa a ter dificuldades em aceitar liderançae autoridade; com a pluralização as relações também tendem a ser utilitárias, como que regidas por um contrato de prestação de serviços espirituais. Surge então a crise de autoridade, quando um liderado não possui líder e quando as pessoas não se submetem a outras, desaparecendo a autoridade espiritual.�
Como responder eficazmente a esta crise de autoridade? Schaeffer propôs que a ordem da espiritualidade deve vir do interior para o exterior, baseando-se na lei do amor expressa por Jesus. Este amor é um reflexo do amor divino: o Filho que se entrega pelo homem voluntariamente por amor, e se submete ao Pai no pacto de redenção. Este amor exercido entre o Pai e o Filho não se baseia em imposição ou força opressiva. Amorese afirma que “a autoridade e a submissão no Reino de Deus se dão voluntariamente: através do voluntariado do amor.” �
Quando a ordem da verdadeira espiritualidade, do interior para o exterior, baseada na lei do amor impera, não existe crise de autoridade. Crise de autoridade trata-se simplesmente de crise de submissão e esta trata-se de uma crise de amor.
 O Desafio da Doutrina
O mundo pós-moderno, em reação ao racionalismo e positivismo moderno, desenvolveu uma cultura mais subjetiva e aberta ao espiritual. Entretanto esta tendência não significa uma maior proximidade com o Evangelho e a obra de redenção de Cristo, mas sim um risco para a igreja. O pluralismo e o caráter inclusivo da pós-modernidade projetam uma real ameaça sobre o cristianismo, até mais forte do que a rejeição sofrida pela igreja nos primeiros séculos. � Sobre este tema, Barbosa afirma:
Certamente, o conflito que a Igreja enfrentará na cultura pós-moderna não terá o caráter violento e sangrento dos tempos primitivos, mas colocará o cristianismo na mesma situação de risco de outros tempos, com uma diferença que o torna mais perigoso e complexo: a nova geração de cristãos provavelmente não terá a mesma disposição para o sofrimento e o martírio que outras tiveram em tempos de crise. �
A pós-modernidade impõe um novo fundamentalismo da democracia liberal, onde é necessário aceitar todas as formas de diversidade sexual, cultural, religiosa e social. Barbosa afirma que “esta posição inclusivista radical representa um grave desafio à espiritualidade cristã”. � Segundo esta lente pluralista a asserção cristã da exclusividade de Jesus como salvador e Senhor será no mínimo uma agressão à consciência humana. Mesmo a idéia de um salvador pessoal perde significância devido à quebra dos princípios sociais e à relativização dos padrões morais, que torna a idéia de pecado algo vago e subjetivo.
Há um grande contingente de cristãos evangélicos hoje que desconhecem o seu chamado histórico, infantes no entendimento das verdades doutrinárias das Escrituras e que buscam nas igrejas alguma forma de entretenimento e convívio social. Devido ao caráter plural da época, muitos transitam entre diversos grupos religiosos, com ênfases doutrinárias divergentes, trazendo confusão e dúvida quanto às doutrinas cristãs. Mas como representar com dignidade o Evangelho e produzir os sinais relevantes do reino de Deus sem antes conhecer as coisas de Deus? Quando a ordem conhecer e fazer não é cumprida, conforme preconizado por Schaeffer, as ações tornam-se ineficazes e equivocadas.
A espiritualidade cristã não pode se adequar aos padrões de espiritualidade da pós-modernidade. As disciplinas espirituais isoladas, como a meditação, a quietude e o silêncio, não serão suficientes para reproduzir uma verdadeira espiritualidade. Será necessário também se considerar todas as implicações teológicas e históricas da fé cristã. Barbosa afirma que “a espiritualidade de hoje requer profundo e sólido fundamento teológico. O desafio é o de preservar uma espiritualidade mais teológica paralelamente a uma teologia mais espiritual”. �
Para que a igreja faça a tarefa correta é necessário um profundo conhecimento de sua herança e doutrina em conjunção com uma compreensão adequada das mudanças que operam em seu tempo. Somente “conhecendo” o seu legado e doutrina e “fazendo” isto verdadeiro através de uma vida cristã significativa, o cristão poderá ser relevante para a atual geração.
O Desafio da Relevância 
Uma das críticas da atual geração em relação ao cristianismo não diz respeito a este ser verdadeiro ou não, mas se este é relevante para a modernidade. Afirmam que o cristianismo é uma religião provinciana, primitiva da Palestina do primeiro século. O que teria esta doutrina a ver com o mundo moderno, repleto de inovações como as viagens espaciais, as conquistas da medicina e aos assombros e promessas da engenharia genética? Stott afirma que “como resposta a esta impressão comum de que o cristianismo está totalmente desatualizado, precisa-se reafirmar a fundamental convicção cristã de que Deus continua a falar através daquilo que ele já falou”. � A antiga Bíblia é a inerrante palavra de Deus, que continua a falar aos corações do homem moderno, a denunciar que este é um ser pecador em rebeldia contra o criador e carente de redenção.
O desafio na pregação legítima da mensagem nos dias de hoje é duplo: deve haver uma decisão para a aplicação do evangelho de tal forma que ele fale aos dilemas, temores e frustrações do homem moderno; mas a mensagem não pode ser adulterada em sua aplicação. A palavra de Deus deve ser aplicada, mas não manipulada. Stott afirma que “o cristão é chamado para ser fiel e relevante, e não simplesmente tendencioso”. � Como responder a este ditame da época moderna? Como o cristão pode ser fiel e conservador à mensagem da cruz de Cristo e ao mesmo tempo ser relevante para a sua geração?
Stott responde que se deve inicialmente recusar duas opções extremas: o conformismo e o escapismo. O conformismo leva o cristão a uma identidade tal com o mundo que elimina a confrontação com a palavra de Deus; o escapismo conduz o cristão a uma absorção cega da letra que impede a sua aplicação com as realidades da vida. � O cristão contemporâneo é, antes, aquele que ouve o Espírito de Deus falando nas Escrituras e ao mesmo tempo ouve o mundo em que vive. A resposta à necessidade de fidelidade e relevância é o ouvir em dobro. Este ouvir em duplicidade pode ser entendido pelo que afirma Stott:
O cristão ouve a palavra com humilde reverência, ansioso por entendê-la e decidido a acreditar no que vier a compreender. Ele também ouve o mundo com atenção crítica, igualmente ansioso por compreendê-lo e decidido, não necessariamente a crer nele e a obedecer-lhe, mas a simpatizar com ele e a buscar graça para descobrir que relação existe entre ele e o evangelho. �
Stott enfatiza que esta capacidade de ouvir duplamente não é contraditória, como no caso de uma pessoa hipócrita que fala duplamente. O propósito de ouvir duas vezes é o de relacionar a voz das Escrituras com os gritos do homem e descobrir a inter-relação entre estas vozes�.
Quando Schaeffer afirma que uma das ordens da verdadeira espiritualidade é a sequência “rejeitado, morto e ressuscitado”, ele afirma que o homem morreu para a sua antiga natureza e está agora ligado com Cristo e sua Palavra. Mas este mesmo Cristo o envia de volta ao mundo, como uma nova criatura, para viver uma nova vida de testemunho e experiências. Esta nova vida implica em comunhão, pois o homem é um ser relacional, e na divulgação das boas novas de salvação. Mas para falar com propriedade é necessário ouvir o que o homem de sua geração está a falar e perguntar, respondendo as questões à luz das Escrituras. Caso contrário cai-se no risco de responder a perguntas que não estão sendo feitas, deixando de lado as oportunidades e tornando-se irrelevante.
Conclui-se, então, que quando a ordem “rejeitado, morto e ressuscitado” é cumprida na vida do cristão este passa a viver uma vida relevante para a sua geração, sendo capaz de ouvir duplamente as Escrituras e o mundo, aplicando a palavra ao mundo e proclamando as boas novas que de fato são novas e verdadeiras.
O Desafio da Proclamação
Mateus 28: 18b,19 registra a ordemde Jesus aos seus discípulos: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Mas, como afirmou Schaeffer, fazer a obra de Deus, da maneira do Senhor, não se trata apenas em ser salvo e então começar a trabalhar arduamente segundo a ordem encontrada nos evangelhos. O exemplo dos apóstolos deve ser seguido: depois da ascensão os discípulos esperaram, em oração, até a vinda do Espírito. A primeira ação da igreja não foi em direção ao ativismo – Cristo ressuscitou, deve-se tão somente trabalhar! Ao contrário, os discípulos obedeceram claramente ao mandamento do Senhor antes de iniciar o testemunho da fé. Schaeffer afirma:
Se nós cristãos, somos habitados pelo Espírito Santo para a pregação à nossa geração com línguas de fogo, devemos apresentar também algo mais do que o ativismo facilmente reproduzível pelo homem. Nós precisamos conhecer algo sobre o poder do Espírito Santo�
Entretanto, aí se chega a um problema que atinge a vigente época e sua igreja: individual ou corporativamente tende-se a fazer a obra de Deus na própria força e não na capacitação do Senhor. Schaeffer apresenta um excelente argumento neste ponto:
Quando vemos a estátua de Napoleão no Hotel des Invalides em Paris podemos observar em suas mãos no peito como a típica personificação do EU FIZ ISTO. Esta atitude ilustra bem o poder da carne, do braço humano. Em contraste nós podemos relembrar o Senhor na quietude do Getsêmani. Quando ali observamos o eterno Filho de Deus que em sua encarnação é perfeitamente homem, não percebemos nenhum sinal do egoísmo napoleônico. Opostamente o Senhor Jesus disse ao Pai: “Não seja a minha vontade, mas a tua vontade.” Infelizmente nós cristãos frequentemente preferimos tomar a opção de Napoleão ao invés da de nosso Senhor e Mestre.�
A igreja cristã destes dias é pródiga em atividades. Muitos líderes se ufanam em ver as agendas das equipes ministeriais repletas de tarefas e da ocupação de todos os membros da comunidade em inúmeras atividades. Mas refletindo com honestidade pode-se perguntar: o quanto deste vasto repertório e portfólio de eventos tem sido realmente relevante para nossa sociedade? Quanto do esforço individual de cada cristão tem redundado em glória para o reino de Deus? Quanto destas programações tem sido apenas distração e um fim em si mesmas?
Nas fileiras da fé evangélica encontram-se muitos cristãos esgotados, estressados, desesperançados quanto ao papel de relevância que a igreja deve exercer na sociedade hodierna. Urge que se reflita, como Schaeffer o fez, sobre o chamado cristão para o serviço e a necessidade do auxílio que vem lá do alto. Toda a disposição e força humana não é suficiente para atingir o homem perdido neste mundo posto no maligno. “Como sairemos de Jerusalém, se o Espírito Santo não ungir os nossos corações?” deve ser a indagação inquietante da alma do cristão. Não se pode fazer a obra de Deus sem a correspondente capacitação do Espírito de Deus. Que o Senhor tenha misericórdia de sua igreja e a capacite para a sua obra!
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Conclusão
Schaeffer, famoso pela sua contribuição na defesa da fé cristã, deixou também um legado marcante na área da espiritualidade. Em seu trabalho sobre a vida cristã ele apontou a necessidade da realização de um conjunto de ordens para a vivência de uma verdadeira espiritualidade. Nesta obra destacaram-se, a partir do exame da obra do autor, as seguintes ordens: do interior para o exterior; rejeição, morte e ressurreição; arrependimento, confissão e restituição; conhecimento e realização; capacitação e proclamação; propiciação e adoração.
Uma avaliação foi feita, a partir da realidade da igreja brasileira, sobre os impactos da não observância destas ordens na vida cristã. Como resultado elencou-se um grupo de crises, que desafiam hoje a comunidade cristã, e que podem ser endereçadas e tratadas com os conselhos de espiritualidade de Schaeffer: crise de autoridade, crise doutrinária, crise de relevância e crise na proclamação.
Schaeffer afirmou que o cristianismo não era algo apenas intelectual, nem esta era a sua única responsabilidade. � O cristianismo trata-se de ser de novo nascido na base do trabalho concluído de Cristo, da sua morte substitutiva no tempo e espaço da história. �
A verdadeira espiritualidade é a realidade de um cristianismo de comunhão com Deus na vida presente; é a compreensão de que há a habitação interior do Espírito Santo; é o conhecimento de que somos capacitados pelo Divino Hóspede a cada momento. É o entendimento de que o fruto do Espírito deve ser real para todos os cristãos, que a oração e os demais exercícios espirituais devem ser reais e não somente uma técnica devocional.
Cristo é senhor do homem em sua totalidade - corpo e espírito. Depois da regeneração e antes da glorificação final, no período que pertence à santificação, o cristão deve afirmar uma vida abundante e ressurreta para a glória de Deus. Esta nova vida certamente será relevante para a sua geração e glorificará o nome do Senhor. 
Possa este singelo trabalho contribuir para que a igreja cristã produza, em suas fileiras, filhos que vivam uma espiritualidade rica e abundante, proclamando o reino de Deus e testemunhando com legitimidade para esta geração.
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Referências Bibliográficas
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� Ibid.
� Dooyeweerd, Herman (1894-1977). Filósofo da igreja reformada holandesa, formado pela Universidade Livre de Amsterdã. Inspirava-se na tradição calvinista holandesa como desenvolvida por Prinsterer e Kuyper. Era um pensador inovador que enfrentava com coragem os desafios intelectuais dos seus dias. Van Til, Cornelius (1895-1987). Filósofo cristão da escola holandesa, aluno de Dooyeweerd, fundador do Westminster Theological Seminary e defensor da apologética pressuposicionalista.
� MACAULAY, Ranald. What can we learn from Francis Schaeffer? Talk at the European Leadership Forum in Eager, Hungary, 2007. Disponível em: < � HYPERLINK "http://www.christianheritageuk.org.uk/Publisher/Article.aspx?id=86152" �http://www.christianheritageuk.org.uk/Publisher/Article.aspx?id=86152�> Acesso em: 25 out. 2008
� Ibid.
� Ibid.
� MACAULAY, Ranald. What can we learn from Francis Schaeffer? Talk at the European Leadership Forum in Eager, Hungary, 2007. Disponível em: < � HYPERLINK "http://www.christianheritageuk.org.uk/Publisher/Article.aspx?id=86152" �http://www.christianheritageuk.org.uk/Publisher/Article.aspx?id=86152�> Acesso em: 25 out. 2008
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p.200
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p.201.
� Ibid., p.204.
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 208.
� CAMUS apud SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 208.
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 215.
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� Ibid., p. 221.
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 224.
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 230.
� Ibid., p. 231
� HOEKEMA, Anthony, A Bíblia e o Futuro, Segunda Edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p.83.
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p.237
� Ibid., p. 252
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Two: True Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 249
� Ibid., p. 249
� Ibid., p. 249
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� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book One: No Little People, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 51
�SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book One: No Little People, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 76 
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book One: No Little People, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 78
� Ibid., p. 79
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book One: No Little People, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 84
� Ibid., p. 85
� AMORESE, Rubem. Icabode: da mente de Cristo à consciência moderna, 1ª. Edição. Viçosa: Ultimato, 1998, p.12
� Ibid., p.49
� AMORESE, Rubem. Icabode: da mente de Cristo à consciência moderna, 1ª. Edição. Viçosa: Ultimato, 1998, p.65
� Ibid., p.103
� Ibid., p.104
� Ibid., p.105
� AMORESE, Rubem. Icabode: da mente de Cristo à consciência moderna, 1ª. Edição. Viçosa: Ultimato, 1998, p.111
� BARBOSA, Ricardo. O Melhor da Espiritualidade Brasileira, 1ª. Edição. São Paulo: Mundo Cristão, p.31.
� Ibid., p.31
� Ibid., p.31
� BARBOSA, Ricardo. O Melhor da Espiritualidade Brasileira, 1ª. Edição. São Paulo: Mundo Cristão, p.33
� STOTT, John. Ouça o Espírito, ouça o mundo, 2ª. Edição. São Paulo: ABU, p.17
� Ibid., p.29
� STOTT, John. Ouça o Espírito, ouça o mundo, 2ª. Edição. São Paulo: ABU, p.29
� Ibid., p.30
� Ibid., p.31
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book One: No Little People, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 43
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book One: No Little People, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 44
� SCHAEFFER, Francis A. The Complete Works of Francis A. Schaeffer: A Christian Worldview of Spirituality. Book Three: The New Super-Spirituality, Second Edition. Wheaton: Crossway Books, 1982, p. 401
� Ibid., pg. 401

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