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JUÍZO DE REALIDADE E SUAS ALTERAÇÕES (DELÍRIO) Juízos = afirma relação com o mundo, verdade X erro, existência de objetos ou não, qualidade ou não Ajuizar = julgar = subjetivo/individual + social/historicamente/sociocultural Alteração de juízo de realidade = alteração de pensamento Erro não determinado por processo mórbido = não tem origem em transtornos mentais X juízos falsos determinados por transtornos mentais = delírio Distinção fundamental: ERRO SIMPLES x DELÍRIO Erro = origem na ignorância, julgamento apressado, base em premissas falsas, fanatismo religioso/político Coisas parecidas são dadas como iguais Coincidências são consideradas força de relações fortes, causa efeito Aceitação de sentidos como verdades absolutas São corrigidos pela experiência Ocorrem em situações afetivas intensas/dolorosas, que impedem analise de experiência de forma lógica e objetiva São psicologicamente compreensíveis Os delírios são incompreensíveis Preconceitos, crenças culturalmente sancionadas, superstições, ideias prevalentes Preconceito: juízo a priori, sem reflexão, apressado, base em premissas falsas, opinião precipitada Produzidos socialmente, por interesse de grupos sociais, para superioridade, justificar atitudes, posturas, normas Discriminação social: Racismo Sexismo Etnocentrismo Classicismo Religioso Crenças culturais e superstições Crenças culturalmente sancionadas = partilhadas por um grupo cultural Exemplo = superstições: motivadas por fatores afetivos Diferente do delírio por compartilhar a ideia, mesmo que absurda e bizarra, com um grupo social ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DO JUÍZO: Ideias prevalentes/sobrevaloradas = ideias errôneas por superestimação afetiva Ideias de importância afetiva pessoal, que predominam sobre demais pensamentos, tornando-se obstinadas Diferente das ideias obsessivas por ser aceita pelo indivíduo que a produz = egossintônica Fazem sentido para a pessoa, se identificam Ideias errôneas por superestimação afetiva = Catatimia = influência do afeto sobre as demais funções psíquicas Continuum de insight = critica das ideias obsessivas até ideias delirantes As ideias são sustentadas com convicção A ideia prevalente é egossintônica Alto grau de emoção/afeto, e ansiedade e raiva se ameaçado a perder Em personalidades alteradas Compreensível a partir de experiências do passado Causa sofrimento para a pessoa e aqueles com quem convive Induz a ação Pode progredir para delírio verdadeiro Não busca ajuda Podem não ter significado patológico = mãe acha que filho está sempre em perigo, amante busca provas constantemente de que o amado não a ama Transtornos mentais envolvido: anorexia nervosa, bulimia nervosa, dismorfofobia, hipocondria, disforia de gênero, apotemnofilia, ciúme patológico não delirante, estado paranoide litigioso DELÍRIO: Juízos patológicos falsos É um erro de ajuizar Origem em doença mental Base mórbida: motivado por fatores patológicos Conteúdo falso + justificativa para a crença dada pelo delirante + evidências apresentadas Indícios externo para identificação do delírio: Convicção ordinária, certeza subjetiva, absoluta, crença é total, sem dúvida, veracidade Não é modificada com experiências objetivas, provas explícitas, argumentos lógicos e convincentes, é irremovível, sem influência externa Juízo falso, conteúdo impossível, podendo as vezes ser verídico Produção associal, sem relação com seu grupo cultural, produz suas próprias crenças e símbolos individuais, própria religião, próprios sistema ideológico Dimensões do delírio: São também indicadores de gravidade Grau de convicção: até que ponto está convencido de sua realidade, mais marcante na esquizofrenia e menos nas psicoses e breves nos transtornos de humor Extensão: o que envolve de sua vida, sendo maior na esquizofrenia, depressão psicótica, psicoses e transtornos delirantes Bizarrice/implausibilidade: grau de distanciamento das ideias com as convicções de seu grupo cultural, distancia da realidade, grau de impossível, importante na esquizofrenia Desorganização: grau de consistência e lógica interna das ideias delirantes. São mais organizados nos psicóticos, e menos em demências, retardo mental Pressão/preocupação: envolvimento com suas crenças, sendo maior em transtornos delirantes, esquizofrênicos e depressivos psicóticos Resposta afetiva/afeto negativo: quanto abalam o indivíduo, grau de ansiedade, assustado, tristeza, irritação. Alto na depressão psicótica Comportamento desviante: ações em função do delírio, quantidade de atos estranhos, perigosos, inconvenientes, aumentado em transtorno delirante, depressão psicótica, mania psicótica Delírio primário/ideias delirantes verdadeiras: Incompreensível, sem origem na experiência psíquica Impenetrável, sem acesso intersubjetivo, empático Algo inteiramente novo, que se insere em determinado instante Quebra radical da biografia do indivíduo Transformação qualitativa de toda sua existência Personalidade sofre transmutação Delírio secundário/ideias deliroides + delírios compartilhados Não tem origem na alteração primaria do pensamento Origem em alterações profundas de outras áreas mentais: afetividade, consciência, que provocam juízos falsos Delírio de ruína/culpa: depressão grave, por catatimia profunda, é uma dimensão do humor depressivo Delírio de grandeza: estado maníaco franco, delírios paranoides, inferioridade grave, tendência a sentir-se preterido, ofendido, discriminado Delírios compartilhados da loucura a dois: um é psicótico, com esquizofrenia, transtorno delirante, com delírio primário, que interage com indivíduo influenciável, com personalidade sugestionável, gera o delírio na pessoa pela convivência e interação pessoal, sendo este um delírio secundário ou ideia deliroide que, se separado do delirante primário, gradativamente deixa de delirar Estrutura dos delírios: Delírios simples/monotemáticos: ideias em torno de um só conteúdo, um tema Delírios complexos/pluritemáticos: vários temas ao mesmo tempo, perseguição, místico- religioso, ciúme, reinvindicação Delírios não-sistematizados: conteúdos e detalhes variam com o momento, em pessoas de baixo nível intelectual, deficientes mentais, demência Delírios sistematizados: bem organizados, historias ricas, consistentes, detalhes. Em indivíduos intelectualmente desenvolvidos, transtornos delirantes, inteligência não impede o delírio, mas justifica ele e sustenta Relação entre alteração do humor e temática delirante: Delírios podem ser congruentes ou incongruentes com o humor Transtornos de humor + psicóticos = depressão psicótica (tem temas de culpa, ruína, hipocondria), mania (tem grandeza, poder, religiosidade) = delírio humor congruente Depressão psicótica (tem delírio de perseguição), mania (tem delírio de controle, influencia) = deliro de humor incongruente = pior evolução clínica Surgimento e evolução do delírio: estados pré-delirante Antecede o delírio = humor delirante Aflição e ansiedade intensa Algo terrível vai acontecer, mas não sabe o que Perplexidade Sensação de fim de mundo Estranheza Para quando inicia o delírio, descobrindo o que está acontecendo = revelação inexplicável Após a revelação, se acalma, tendo encontrado explicação plausível 1. Trema: ansiedade, tensão mal definida e difusa sem significação, sem chance de escapar 2. Apofania: tornar-se manifesto, tensão acumulada setransforma em delírio, vivencia da revelação, percepções delirantes, falsos reconhecimentos, difusão e sonorização dos pensamentos * anástrofe: tudo se volta para a pessoa, no centro do mundo Núcleo da experiência esquizofrênica 3. Fase apocalíptica: desorganização após a primeira revelação, vivencias ameaçadoras de fim de mundo, perda de sensação de continuidade, reestruturação do mundo, sintomas catatônicos, excitação motora e psíquica, alterações do Eu 4. Consolidação: após desorganização e reorganização, elaboração intelectual, fixação de elementos conforme sua personalidade, defesas neuróticas 5. Fase de resíduo: perda de impulso e afetividade, não confia nem se relaciona com outros, busca isolamento, concentração no impessoal Delírios agudos: surge de forma rápida, desaparecem em horas – dias, passageiros e fugazes, transtornos de consciência de psicoses toxicas ou infecciosas Delírios crônicos: persistentes, contínuos, duram por ano, não mudam com o tempo Mecanismos destrutivos do delírio: Construção + tentativa de reorganização mental Mecanismos alucinatórios, interpretativos, intuitivos, imaginativos, retrospectivos, fantasias de memoria Multiplicidade de fatores que comprometem o psiquismo a. Interpretação: delírio interpretativo/interpretação delirante: Respeita certa lógica Ocorre na maioria dos delírios Distorção da interpretação de fatos e vivencias Historias delirantes com verossimilhança b. Intuição: delírio intuitivo/ocorrência/intuição delirante: De repente Capta de forma imediata nova realidade, convincente, irredutível Não sente necessidade de fundamentar Não interpreta e não conclui Não busca provas c. Imaginação: delírio imaginativo: Ocorre na maioria dos delírios Pessoa imagina episódio e interpreta, construindo o delírio d. Afetividade: delírio catatímico: Depressão grave, mania = estados afetivos intensos = catatimia Delírio de conteúdo depressivo = reorganização do mundo Maníaco = delírio de grandeza Em hipersensíveis, inferioridade = mecanismo involuntário de manter a autoestima e. Memória: delírio mnêmico/recordação delirante Delírio por memorias verdadeiras e falsas, alucinações, ilusões f. Alteração da consciência: delírio onírico: Turvação da consciência, vivencias oníricas, alucinações cênicas, ansiedade intensa, confusão de pensamento Critica as vivencias oníricas Durante ou após a turvação g. Alteração sensoperceptiva: delírio alucinatório Experiências alucinatórias e pseudo-alucinatórias, auditivas, visuais = tema para o delírio Integração ao delírio pela interpretação * percepção delirante: percepção normal que logo após recebe significado delirante = vertente perceptiva + vertente ideativa simultânea = revelação, descoberta abrupta = tendência a não reprimir, viver a significação = esquizofrenia Mecanismos de manutenção do delírio: Inércia em mudar suas ideias e necessidade ideativas formadas ao longo do tempo Pobreza na comunicação interpessoal Comportamento agressivo, em delírio persecutório, rejeição do meio social, reforça sentimento paranoide, rejeição, hostilização Redução do respeito e consideração dos outros por ele = novas interpretações delirantes para involuntariamente manter autoestima Tipos de delírio segundo seus conteúdos: Delírios de perseguição: Delírio persecutório/de perseguição: acredita que é vítima de complô, está sendo perseguida por pessoas conhecidas ou desconhecidas, querem mata-lo, envenena-lo, prende-lo, prejudica-lo, ridiculariza-lo Delírio de referência/alusão/autorreferência: tendência a experimentar fatos cotidiano, sem implicações, dizendo ser alvo de calúnia, acha que estão falando dele, rindo dele, pode ouvir seu nome ou deduzir. Ocorre em associação com o delírio de perseguição, psicoses, esquizofrenia paranoide, transtornos delirantes Delírios e o mecanismo de projeção: Projeção inconsciente do seu mundo mental para o mundo externo, ideias, conflitos, temores, desejos Deforma essa ideia inaceitável em seu contrário, amor em ódio Função de proteção de rebaixamento da autoestima Projeta nos outros os aspectos negativos de sua existência, tornando-se vítima em vez de fracassado Delírio de relação: constrói conexões entre os fatos percebidos normalmente, sem motivação Delírio de influência ou controle = vivencias de influência: vivencia estar sendo controlado, comandado, influenciado por força, pessoa ou entidade externa, perdem a capacidade de resistir a força externa e então se submetem, são pensamentos e sentimentos feitos, indicam esquizofrenia, fragmentação da separação do Eu e do mundo externo Delírio de grandeza/enormidade: acredita ser especial, com capacidades e poderes, tem destino espetacular, ideias de poder e riqueza, autoestima aumentada, em quadros maníacos, neurossífilis Delírio místico/religioso: é o novo messias, santo poderoso, Deus, demônio, tem poderes místicos, tem missão importante, em psicoses, esquizofrenia, junto com alucinações, alterações na forma de pensamento, alterações na afetividade, sem experiência social fanática Delírio de ciúmes/delírio de infidelidade: percebe-se traído pelo cônjuge de forma cruel, amantes, traição com parentes, emocionalmente dependente do amado, pode ser uma superestimação afetiva, em alcoólicos crônicos, violência física, homicídio Delírio erótico/erotomania: pessoa de destaque social está apaixonado por ele e irá abandonar tudo para casarem, mulheres, homem é mais velho e rico, médico Delírios de conteúdo depressivo: Triste, miséria, ruína, culpa, autoacusação, doenças Congruentes com o humor = culpa, negação Incongruentes com o humor = delírio persecutório em quadro depressivo, delírio de controle em quadro de mania Delírio de ruína/niilista: vive em desgraças, condenado a miséria, família passará fome, futuro de sofrimentos, acha que está morto, que mundo está destruído Delírio de culpa/autoacusação: é o culpado por tudo de ruim do mundo, crime grave, indigno, deve ser punido, em formas graves de depressão Delírio de negação de órgãos: alterações profundas no corpo, corpo destruído ou morto, sem órgãos, veias secas, sem sangue, corpo podre * síndrome/delírio de Cottard: delírio da negação de órgãos + delírio de imortalidade e enormidade = depressão profunda + componente ansioso, psico-orgânicos, esquizofrenia Delírio hipocondríaco: convicto de que tem doença grave, incurável, AIDS, morte breve, câncer, mais grave que a ideia hipocondríaca, não tem preocupação, em depressão grave, paranoia, esquizofrenia Outros tipos de delírios menos frequentes: Delírio da reivindicação/querelância: de forma desproporcional, diz ser vítima de injustiça e discriminação, se envolve em disputas legais, familiares e processos trabalhistas, representa os injustiçados, perseguidos, vítima principal, na paranoia Delírio de invenção/descoberta: leigo, diz ter descoberto cura de doenças graves, ter desenvolvido aparelhos modernos, que mudarão o mundo, na paranoia, esquizofrenia, mania Delírio da reforma/salvacionismo: destinado a salvar, revolucionar, redimir o mundo e sua sociedade, plano revolucionário, dogmas políticos e religiosos, convicção plena de ser único Delírio cenestopático: diz ter animais dentro de seu corpo, interpretações de sensações corpóreas, na esquizofrenia Delírio de infestação/síndrome de Ekbom: seu corpo, pele e cabelos está infestado de pequenos organismos, com alucinações táteis, em esquizofrênicos, depressão, intoxicação, alucinógenos, obcecados porhigiene corporal Delírio fantástico/mitomaníaco: indivíduo descreve histórias fantásticas com convicção plena, sem críticas, descrições semelhantes a contos fantásticos, com muitos detalhes, inverossímeis, na parafrenia Frequência dos delírios segundo seus conteúdos: ☼ 3/4 são persecutórios, de referência, de relação e de influência Causas e teorias etiológicas dos delírios: Tende a regredir com uso de antipsicóticos Hipóteses causais e modelos psicanalíticos e psicodinâmicos: ☼ Transformação de impulsos e desejos inaceitáveis ao sujeito consciente em delírios persecutórios ☼ Teoria da hostilidade: paranoides projetam seu ódio inconsciente em outros e passam a sentir que estes os odeiam ☼ Teoria da humilhação: projeção de autoacusações em outros -> delírio de perseguição ☼ Delírio é tentativa de autocura = tentar excluir o psiquismo = vazio = preenchido por construções delirantes substitutivas Hipóteses causais e modelos existenciais ☼ Transtorno na comunicação inter-humana ☼ Decapitação existencial, privação de poder e liberdade existencial ☼ Perda da comunicação lógica = não interroga sobre o mundo, não faz opções ☼ Usa ideias comuns, simplificadas, sem dúvidas = retalhos semânticos Hipóteses causais e modelos cognitivos: ☼ Modelo da experiência anômala: pessoas que tem vivencias estranhas, alucinações, ilusões, tendem a dar significado delirante a elas ☼ Modelo do viés atencional: pessoas com delírio antes davam maior atenção para estímulos ameaçadores do ambiente, lembrando constantemente dos episódios e reinterpretando de forma delirante ☼ Modelo do viés atributivo: distorção na atribuição de causas, atos e intenções, para aumento ou manutenção da autoestima, em que os delirantes aumentam exageradamente, tornando- se inocentes e vítimas, dando sentido ☼ Modelo de viés de salto para conclusões: confiança em crença aumenta ou diminui conforme evidencias, em que delirantes tem conclusões mais firmes e rápidas ☼ Modelo de déficit da teoria da mente: habilidade de inferir o estado mental de outras pessoas, para explicar seu comportamento, deficitário em delirantes = desorganização do psiquismo Hipóteses causais e modelos neuropsicológicos: ☼ Delírio = disfunção de áreas pré-frontais = auto-observação, auto avaliação, monitorização, teste de realidade Diagnóstico diferencial de delírio Ideias prevalentes X ideias delirantes Ideia delirante precisa de convicção extraordinária, certeza subjetiva absoluta, impossibilidade de modificação da ideia pela experiência, falsidade, ideia não é sustentada, é associal, não compartilhada por grupo cultural Ideias obsessivas X ideias delirantes Ideias obsessivas são estranhas, absurdas, recorrentes, incômodas a consciência, pessoa sofre com elas e as critica, reconhece como absurdo, mas não consegue se livrar deles. As ideias delirantes a pessoa não critica o absurdo Delírio e alucinação: Se mais sensorial, é alucinação, se for mais ideativa ou interpretativa, é delírio Mitomania: tendência patológica de mentir e criar mitos de modo voluntário e inconsciente, conta histórias longas e complicadas falsas. São malignas se contadas para prejudicar aleguem. São vaidosas se buscam impressionar e se promover. Na criança é menos patológico, indicando inclinação pelo maravilhoso e legendário. Ocorre em esquizotípicos, Borderline, histriônicos, hipertímicos Pseudologia fantástica: mescla sua fantasia intensa e penetrante com a realidade, são grandiosos, acredita no que conta, teatralidade, autoengano, quer aprovação, conta sua importância e injustiça, em Borderline, histriônicos Delírio: convicção, absoluto, não se modifica p
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