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cap5_7.PDF COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 84 5-12 Sistemas de Espectro Espalhado Em nosso estudo de sistemas de comunicação, estamos primeiramente interssados com o desempenho dos sistemas de comunicação em termos da eficiência de largura de faixa e eficiência de energia (isto é, SNR ou probabilidade de erro de bit do sinal detectado) em relação ao ruído natural. Todavia, em algumas aplicações, também necessitamos considerar a capacidade de múltiplo acesso, capacidade anti-perturbação, rejeição de interferência e operação segura, ou capacidade de baixa probabilidade de intercepção, LPI. As últimas considerações são especialmente importantes para as aplicações militares. Estes objetivos de desempenho podem ser otimizados usando-se técnicas de espalhamento espectral. Capacidade de múltiplo acesso é necessária em aplicações de telefonia celular e comunicações pessoais onde muitos usuários compartilham uma faixa de frequências, porque não há suficiente faixa disponível para se atribuir um canal de frequência permanente para cada usuário. Como veremos, as técnicas de espalhamento espectral podem ser usadas para proverem uso simultâneo de uma ampla faixa de frequência para muitos usuários através de técnicas CDMA (“code-division multiple access”). Esta é uma abordagem alternativa ao compartilhamento de faixa. Duas outras abordagens, TDMA (“time-division multiple access”) e FDMA (“frequency- division multiple access”), estão analisadas nas seções 3-9, 5-7 e 8-5. Há muitos tipos de sistemas de espalhamento espectral (SS, spread spectrum). Para ser considerado um sistema SS, um sistema deve satisfazer dois critérios: 1. A largura de faixa do sinal transmitido, s(t), necessita ser muito maior do que largura de faixa da mensagem, m(t). 2. A largura de faixa relativamente ampla de s(t) deve ser causada por uma forma de onda de modulação independente, c(t), chamada de sinal de espalhamento, e este sinal deve ser conhecido pelo receptor de forma que o sinal de mensagem, m(t), seja detetado. Consequentemente, o sinal SS é s(t) = Re {g(t)tcjew } (5-116a) onde a envoltória complexa do sinal SS é uma função de m(t) e c(t). Na maioria dos casos uma função produto é usada, tal que COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 85 g(t) = gm(t) gc(t) (5-116b) onde gm(t) e gc(t) são os tipos usuais de funções de envoltória complexa de modulação que geram AM, PM, FM, e assim por diante, como dado pela Tabela 4-1. Os sinais SS são classificados pelo tipo de funções de mapeamento que são usadas para gc(t). Alguns dos tipos mais comuns de sinais SS são: · Sequência direta (DS) Aqui uma modulação de espalhamento do tipo DSB-SC é usada [isto é, gc(t) = c(t)] e c(t) é uma forma de onda polar. · Saltos de frequência (FH, frequency hopping). Aqui gc(t) é do tipo FM onde há M = 2k frequências de salto determinadas por palavras de k-bit, obtidas a partir da forma de onda de código de espalhamento, c(t). · Técnicas híbridas que incluem DS e FH. Ilustraremos nas seções a seguir como os sistemas DS e FH trabalham. Sequência Direta Suponha que a forma de onda de informação, m(t), seja proveniente de uma fonte digital e que m(t) seja uma forma de onda polar tendo valores de +1. Além disso, vamos examinar o caso da modulação BPSK onde gm(t) = Acm(t). Portanto para DS onde gc(t) = c(t) é usada em (5-116b), a envoltória complexa para o sinal SS fica g(t) = Ac m(t) c(t) (5-117) O resultante s(t) = Re {g(t) tcjew } é chamado sinal de dado chaveado por deslocamento de fase binário, com espalhamento espectral por sequência direta, (BPSK-DS-SS) e c(t) é um sinal de espalhamento polar. Além disso, considere que a forma de onda de espalhamento seja gerada através de um gerador de código pseudo-ruído (PN), como ilustrado na figura 5-37b, onde os valores de c(t) são + 1. A largura de pulso de c(t) é denotada por Tc e é chamada de um intervalo de chip (comparada ao intervalo de bit). O gerador de código usa um somador módulo 2 e r estágios de registradores de deslocamento que são sincronizados ao relógio à cada Tc segundos. Pode ser mostrado que c(t) é periódico. Além disso, derivações de realimentação COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 86 a partir do estágio dos registradores de deslocamento e do somador módulo 2 são arranjados tal que a forma de onda de c(t) tenha um período máximo de N chips, onde N = 2r – 1. Este tipo de gerador de código PN é dito gerar uma forma de onda de sequência de comprimento máximo ou sequência m. Figura 5-37 – Sistema de espalhamento espectral de sequência direta (DS-SS) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 87 Propriedades das Sequências de Comprimento Máximo. Algumas propriedades das sequências m são [Peterson, Ziemer and Borth, 1995]: Propriedade 1: Em um período o número de 1’s é sempre maior que o número de 0’s. Propriedade 2: A soma módulo 2 de qualquer sequência-m, quando somada chip a chip, com uma versão deslocada da mesma sequência produz outra versão deslocada da mesma sequência. Propriedade 3: Se uma janela de largura r (onde r é o número de estágios no registrador de deslocamento) for deslizada ao longo da sequência por N deslocamentos, então todas palavras de r bits aparecerão, exceto as palavras de r bits com todos os bits 0. Propriedade 4: Se os 0’s e 1’s forem representados por –1 e +1 volt, a autocorrelação da sequência, denotada por Rc(k) será Rc(k) = ï ï î ï ï í ì ¹- = Nk, N 1 Nk,1 l l (5-118) onde Rc(k) å - = + D = 1N 0n knncc)N/1( e cn = + 1 A autocorrelação da forma de onda c(t), denotada por Rc(t), é: Rc(t) = )1k(R T )k(R T 1 c c c c + t +÷÷ ø ö çç è æ t - ee (5-119) onde Rc(t) = <c(t) c(t + t)> e te é definido por COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 88 t = k Tc + te e 0 < te < Tc (5-120) A expressão (5-119c) se reduz a: Rc(t) = N 1 T NT N 1 1 c c -ú û ù ê ë é ÷÷ ø ö çç è æ -t L÷ ø ö ç è æ +å ¥ -¥=l l (5-121) Isto está plotado na figura 5-38a, onde está aparente que a função autocorrelação para a forma de onda PN é periódica com pulsos triangulares de largura 2Tc, repetidos a cada NTc segundos e que o nível de autocorrelação de –1/N ocorre entre estes pulsos triangulares. Além disso, uma vez que a função de autocorrelação é periódica, a PSD correspondente é um espectro de linhas. Isto é, a autocorrelação é expressa como uma série de Fourier Rc(t) = å ¥ -¥= p n tonf2j ner (5-122) Onde fo = 1/(NTc) e {rn} é o conjunto dos coeficientes da série de Fourier. Portanto, usando-se a expressão (2-109) rc(f) = Á[Rc(t)] = å ¥ -¥= -d n on )nff(r (5-123) onde os coeficientes da série de Fourier são: rn = ï ï î ïï í ì ¹÷ ø ö ç è æ p p ÷ ø ö ç è æ + = 0n, N/n )N/nsen( N 1N 0n, N 1 2 2 2 (5-124) Esta PSD está plotada na figura 5-38b. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 89 Figura 5-38 – Autocorrelação e PSD para uma forma de onda PN como sequência m. Agora vamos demonstrar que a largura de faixa do sinal SS é relativamente grande, em comparação à taxa de dados, Rb, e é determinada primariamente pela forma de onda de espalhamento, c(t), e não pela modulação de dados, m(t). Referindo-se à Figura 5-37, vemos que a PSD de m(t) e c(t) são do tipo [senx/x]2, onde a largura de faixa de c(t) é muito maior do que a de m(t) porque foi admitido que a taxa de chip, Rc = 1/Tc é muito maior do que a taxa de dados, Rb = 1/Tb. Isto é, Rc >> Rb. Para simplificar o desenvolvimento matemático, aproximamos estas PSDs por espectros retangulares, como ilustrado nas figuras 5-39a e 5-39b, onde as alturas da PSD são escolhidas tal que as áreas sob as curvas sejam unitárias devido às potências de m(t) e c(t) serem unitárias. (Ambas têm somente valores +1). A partir de (5-117), g(t) é obtida multiplicando-se m(t) e c(t) no domínio da frequência, e m(t) e c(t) são independentes. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 90 Figura 5-39 – PSD aproximada do sinal BPSK-DS-SS. Portanto a PSD para a envoltória complexa do sinal BPSK-DS-SS é obtida por uma operação de convolução no domínio da frequência: rg(f) = )f(*)f(A cm 2 c rr (5-125) Este resultado está ilustrado na figura 5-39c para as PSD’s aproximadas de m(t) e c(t). A largura de faixa do sinal BPSK-DS-SS é determinada essencialmente pela taxa de chip, Rc, porque Rc >> Rb. Por exemplo, seja Rb COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 91 = 9,6 kbit/s e Rc = 9,6M chip/s. Então a largura de faixa do sinal SS é BT » 2Rc = 19,2 MHz. A partir da figura 5-39 podemos também demonstrar que o espalhamento faz o sinal menos susceptível à deteção por um “araponga” . Isto é, este sinal possui LPI, baixa probabilidade de ser interceptado. Sem espalhamento [isto é, com c(t) unitário], o nível da PSD dentro da faixa deve ser proporcional à ' b 2 c R2/A , como visto na figura 5-39a, mas com espalhamento o nível espectral dentro da faixa cai para 'c 2 c R2/A como visto na Figura 5-39c. Isto é uma redução de Rc/Rb. Por exemplo, para valores de Rb e Rc como citados anteriormente, o fator de redução fica dado por (9,6 M chips/s) (9,6 kbits/s) = 1000 ou 30 dB. Frequentemente o araponga deteta o presença de um sinal usando um analisador espectral, mas quando é usado SS, este nível cai 30 dB. Isto está frequentemente abaixo do patamar de ruído do possível araponga, e portanto o sinal SS escapará da deteção feita por ele. A figura 5-37c ilustra um receptor que recupera a modulação no sinal SS. O receptor tem um circuito de de-espalhamento que é alimentado por um gerador de código PN em sincronismo com o código de espalhamento do transmissor. Suponha que a entrada ao receptor consista do sinal SS mais um sinal perturbador faixa-estreita (sinal senoidal). Então, R(t) = s(t) + n(t) = Ac m(t) c(t) coswct + nJ(t) (5-126) Onde o sinal de perturbação (jamming) é nJ(t) = AJ coswct (5-127) Aqui foi assumido que a potência de perturbação seja 2/A 2J , a potência do sinal 2/A 2c e que a frequência de perturbação seja ajustada à fc para o efeito de perturbação de pior caso. Utilizando-se a figura 5-37c, encontramos que a saída do desespalhador é v1(t) = Ac m(t)coswct + AJ c(t) coswct (5-128) uma vez que c2(t) = (+1)2 = 1. O sinal BPSK-DS-SS torna-se simplesmente um sinal BPSK na saída do desespalhador. Isto é, na entrada do receptor o sinal SS tem uma largura de faixa de 2Rc, mas na saída do desespalhador a largura de faixa do sinal BPSK resultante é 2Rb, uma redução de 1000:1 COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 92 para as figuras citadas anteriormente. Os dados no sinal desespalhado BPSK são recuperados usando-se um circuito detetor BPSK, como ilustrado. Agora mostraremos que este receptor SS apresenta uma capacidade anti- perturbação (antijam) de 30 dB para o caso de Rb = 9,6 kbits/s e Rc = 9,6 Mchips/s. A partir de (5-128) é visto que o sinal perturbador faixa-estreita que estava presente na entrada do receptor havia sido espalhado pelo desespalhador uma vez que foi multiplicado por c(t). É este efeito de espalhamento do sinal perturbador que produz a capacidade de anti- perturbação. Usando-se (5-128) e a figura 5-37, obtemos uma entrada ao LPF de v2(t) = Ac m(t) + n2(t) (5-129) onde n2(t) = AJ c(t) (5-130) e os termos em torno de f = 2fc foram desprezados, uma vez que não passam através do LPF. Referindo-se à Figura 5-37c notamos que a potência de perturbação na saída do receptor é: Pn3 = bc 2 J c bR bR bR bR 2 J2n R/R A df R2 1 Adf)f( ==rò ò- - (5-131) e a potência de perturbação na entrada do LPF é 2JA . [rn2(f) = 2 JA /(2Rc) como pode ser visto a partir da figura 5-39b e da expressão (5-130)]. Para um sistema BPSK convencional (isto é, sem espalhamento espectral), c(t) deve ser unitário e (5-130) torna-se n2(t) = AJ, tal que a potência de perturbação da saída do LPF deve ser 2JA ao invés de 2 JA /(Rc/Rb) para o caso de um sistema SS. [O sinal de saída será de Ac m(t) para os dois casos]. Portanto o receptor SS reduziu o efeito de perturbação faixa-estreita por um fator de Rc/Rb. Este fator, Rc/Rb, é chamado de ganho de processamento do receptor SS. Para nosso exemplo de Rc = 9,6 Mchips/s e Rb = 9,6 kbits/s, o ganho de processamento é 30 dB. Isto significa que a perturbação faixa-estreita deverá ter 30 dB a mais de potência para o mesmo efeito de perturbação neste sistema SS, do que teria com o sistema BPSK convencional (não SS). Portanto esta técnica SS apresenta uma COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 93 capacidade anti-perturbação de 30 dB para a relação Rc/Rb citada no exemplo. As técnicas SS também podem ser usadas para proverem acesso múltiplo. Isto é chamado de CDMA (code division multiple access). Aqui a cada usuário corresponde um código de espalhamento, tal que os sinais sejam ortogonais. Portanto, sinais SS múltiplos podem ser transmitidos simultaneamente na mesma faixa de frequência, e todavia os dados de um sinal SS particular podem ser decodificados por um receptor, cuidando-se que este receptor use um código PN que seja idêntico ao usado no sinal SS particular que esteja sendo decodificado. Apesar do CDMA apresentar-se como uma solução caprichada para o problema de acesso múltiplo em um ambiente de interferência, pode ser mostrado que TDMA e FDMA são mais eficientes em termos de largura de faixa [Viterbi, 1985]. Para se acomodar mais usuários nas faixas de frequência que estão agora saturadas com usuários convencionais (tais como as faixas de rádio “full- duplex”), é possível atribuir novas estações SS. Isto é chamado de sobrecarga por espalhamento espectral. As estações SS deverão operar com uma largura de faixa tão larga que sua PSD deverá ser desprezível para os receptores faixa-estreita localizados suficientemente distantes dos transmissores SS. Por outro lado, para o receptor SS, os sinais faixa-estreita deverão ter um mínimo de efeito de perturbação devido ao grande ganho de codificação do receptor SS. Saltos de Frequência Como indicado anteriormente, um sinal SS tipo FH (frequency-hopped), com saltos de frequência, usa um gc(t) que é do tipo FM onde há M = 2k frequências de salto controladas pelo código de espalhamento onde k palavras de chip foram tomadas para se determinar cada frequência de salto. Um transmissor FH-SS está ilustrado na figura 5-40a. A informação da fonte é modulada numa portadora usando-se técnicas FSK convencional ou BPSK para se produzir um sinal FSK ou um sinal BPSK. Os saltos em frequência são conseguidos usando-se um circuito misturador onde o sinal LO é provido pela saída de um sintetizador de frequência que está saltando através de um código de espalhamento PN. O convesor série paralelo lê os k chips seriais do código de espalhamento e solta uma palavra paralela de k chip para os divisores programáveis no sintetizador de frequência (ver figura 4.25 e a discussão relativa a sintetizadores de frequência). A palavra de k COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 94 chip especifica uma das possíveis M = 2k frequências de salto, w1, w2, ..., wM. Figura 5-40 – Sistema de espalhamento espectral por saltos de frequência (FH-SS) O sinal FH é decodificado como ilustrado na figura 5-40b. Aqui o receptor conhece c(t) do transmissor, tal que o sintetizador de frequência no receptor poderá saltar em sincronismo com os saltos do transmissor. Isto desespalha o sinal FH, e a informação de fonte é recuperada a partir do sinal de-saltado, usando-se um demodulador FSK ou BPSK convencional, conforme seja apropriado. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 95 Em 1985 o FCC abriu três faixas de frequência compartilhadas, 902 – 928 MHz, 2400 – 2483,5 MHz, e 5725 – 5850 MHz, para uso comercial de espalhamento espectral com transmissores sem licença até 1W. Isto levou à produção e uso de equipamentos SS para sistemas de telemetria, redes de comunicação pessoal (PCNs), redes locais sem fio para computadores pessoais, e sistemas de segurança sem fio [Schilling, Pickholtz e Milstein, 1990]. Algumas aplicações de SS comerciais apresentam vantagens em relação a outros sistemas. Por exemplo, um sistema de telefonia celular SS digital (isto é, CDMA) pode acomodar em torno de 1000 usuários por célula, contrastando com o sistema celular analógico (USA) que acomoda 55 usuários por célula [Schilling, Pickholtz and Milstein, 1990]. Na seção 8- 8 é visto um padrão de telefonia celular CDMA que tem sido adotado. Em outra aplicação, radiodifusão estéreo digital usando técnicas SS acomoda até 75 emissoras numa região, usando a faixa de FM, de 88 à 108 MHz [Schilling et al., 1991]. Este é um número maior de emissoras do que o conseguido com as presentes atribuições de FM estéreo analógico; além disso a radiodifusão SS estéreo digital proverá um áudio com uma relação sinal-ruído muito maior para o ouvinte. As limitações de espaço não permitem mais discussões sobre sistemas SS. Para maior estudo neste interessante tópico, o leitor pode recorrer aos livros e papers que foram escritos sobre este assunto [Cooper e McGillem, 1986; Dixon, 1994, MaGill, Natali and Edwards, 1994; Peterson, Ziemer and Borth, 1995]. cap5_2.PDF COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 10 O sistema C-QUAM, sigla usada pela Motorola para ‘compatible quadrature amplitude modulation’ usa modulação em quadratura (QM) (ver tabela 4-1). O áudio mono consistindo da soma dos canais esquerdo e direito, é usado para modular uma portadora cossenoidal. Isto é, m1(t) = Vo + mL(t) + mR(t), onde Vo é nível DC usado para produzir o termo de portadora discreta no espectro AM, mL(t) é o canal esquerdo de áudio, e mR(t) é o canal direito de áudio. A portadora em quadratura é modulada por m2(t) = mL(t) – mR(t). A envoltória real R(t) resultante consiste de um termo DC e um termo de áudio distorcido. A distorção é reduzida pelo uso de um limitador e um filtro na saída QM e então modulando-se em amplitude o sinal de amplitude constante resultante com mL(t) + mR(t). [Mennie, 1978]. O sinal C-QUAM resultante é compatível com um receptor AM mono (convencional para recepção mono). Receptores AM estéreo usam um detector de envoltória para recuperar mL(t) + mR(t) e um detetor de produto em quadratura para recuperar mL(t) – mR(t). Redes de soma e diferença podem então ser usadas para se obter o áudio dos canais esquerdo e direito, mL(t) e mR(t) respectivamente. 5.3. Banda Lateral Dupla, Portadora Suprimida Um sinal de banda lateral dupla, com portadora suprimida (DSB-SC) é essencialmente um sinal AM que tem um portadora discreta suprimida. O sinal DSB-SC é dado por: s(t) = Ac m(t) cos wc t (5-13) onde m(t) é considerado como tendo um nível DC zero para o caso de portadora suprimida. O espectro é idêntico ao do AM, dado por (5-12), exceto que as funções delta em + fc são eliminadas. Isto é, o espectro para o DSB-SC é: [ ])ff(M)ff(M 2 A )f(S cc c ++-= (5-14) Quando comparado com um sinal AM, a porcentagem de modulação no sinal DSB-SC é infinita, porque não existe componente de linha de portadora. Além disso, a eficiência de um sinal DSB-SC é 100%, já que nenhuma potência é gasta na portadora discreta. Entretanto, um detector de produto (que é mais COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 11 caro do que um detetor de envoltória) é requerido para a demodulação do sinal DSB-SC. Se os circuitos de transmissão restringirem o sinal modulado a um certo valor de pico, digamos Ap, pode-se demonstrar (ver Prob. 5-8) que a potência de banda lateral de um sinal DSB-SC é quatro vezes aquela de um sinal AM comparável que possua o mesmo nível de pico. Neste sentido o sinal DSB-SC tem uma potência quádrupla de vantagem em relação a um sinal AM. Também temos que se m(t) for um sinal de dados binários polar (ao invés de um sinal de áudio), então (5-13) será um sinal BPSK, que foi discutido no Exemplo 2-18. Como apresentado na tabela 4-1, um sinal QM pode ser gerado adicionado-se dois sinais DSB onde existem dois sinais de modulação, m1(t) e m2(t), modulando portadoras seno e cosseno, respectivamente. 5.4. Costas Loop e Squaring Loop A referência coerente para detecção de produto não pode ser obtida através de um PLL comum, já que não existe componentes de linhas espectrais em + fc. Todavia, já que o sinal DSB-SC tem um espectro que é simétrico em relação à freqüência de portadora (que foi suprimida), pode-se usar um dos circuitos de recuperação de portadora ilustrados na figura 5-3, para a demodulação do sinal DSB-SC. A figura 5-3a apresenta o Costas PLL e a figura 5-3b apresenta o Squaring Loop. Pode ser demonstrado que os desempenhos sob ruído destes dois circuitos são equivalentes. [Ziemer e Peterson, 1985], tal que a escolha de qual circuito usar depende do custo relativo dos componentes do circuito e da precisão que pode ser conseguida quando cada bloco é construído. Como ilustrado na figura 5-3a, o Costas PLL é analisado assumindo-se que o VCO esteja amarrado à freqüência de portadora suprimida, fc, com um erro de fase constante de qe. Então as tensões v1(t) e v2(t) são obtidas nas saídas dos filtros passa-baixas de banda básica como ilustrado. Como qe é pequeno, a amplitude de v1(t) é relativamente grande quando comparada àquela de v2(t) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 12 Figura 5-3 – Malhas de recuperação de portadora para sinais DSB-SC. (isto é, cos qe >> sen qe). Com isso, v1(t) é proporcional à m(t), sendo a saída demodulada (detetor de produto). A tensão produto v3(t) é: ( ) ( ) e2 2 co3 2 sentm AA2 1 2 1 tv q÷ ø ö ç è æ= A tensão v3(t) é filtrada por um filtro passa-baixas, LPF, que possui um freqüência de corte próxima ao DC, tal que este filtro atua como um integrador para produzir a tensão DC de controle do VCO. v4(t) = K sen 2 qe COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 13 onde ( ) ( )tm e tmAA 2 1 2 1 K 22 2 co ÷ ø ö ç è æ= é o nível DC de m2(t). Esta tensão de controle DC é suficiente para manter o VCO amarrado à fc com um pequeno erro de fase, qe. O ‘squaring loop’, ilustrado na figura 5-3b, é analisado avaliando-se a expressão para o sinal de saída de cada bloco componente, como ilustrado na figura. Tanto o Costas PLL como o Squaring Loop podem ser usados para se demodular um sinal DSB-SC, já que para ambos os casos a saída é Cm(t), onde C é uma constante. Além disso, qualquer um destes circuitos pode ser usado para se recuperar (isto é, demodular) um sinal BPSK, já que o sinal BPSK tem a mesma forma matemática do sinal DSB-SC, onde m(t) é um sinal NRZ polar, como dado na figura 3-15c. Ambos os circuitos, Costas PLL e Squaring Loop têm uma desvantagem principal: ambiguidade de fase de 180o. Por exemplo, suponha que a entrada seja – Ac m(t) cos wc t ao invés de + Ac m(t) cos wc t. Refazendo-se as passagens nas análises precedentes, vemos que a saída poderia ser descrita por exatamente a mesma expressão que foi obtida anteriormente. Então, quando o circuito é energizado, existem as duas possibilidades para que a fase se amarre, tal que a saída demodulada poderá ser proporcional tanto a –m(t) como a m(t). Portanto não podemos assegurar a polaridade da saída. Isto não constitui um problema se m(t) for um sinal de áudio mono, já que para nossos ouvidos o som de m(t) é o mesmo que o de – m(t). Todavia, se m(t) for um sinal de dados polar, binários 1 podem aparecer como binário 0 após o circuito ser energizado, ou vice-versa. Como concluímos no Capítulo 3, existem dois modos de se eliminar esta ambiguidade de fase 180o: (1) um sinal de teste conhecido pode ser enviado através do sistema após o circuito ser ligado, tal que o sentido da polaridade possa ser determinado, ou (2) codificação e decodificação diferencial podem ser usadas. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 14 5.5. Sinais com Bandas Laterais Assimétricas SSB (Single Sideband) Definição: Um sinal USSB (upper single sideband) tem um espectro de valor zero para êf ú < fc, onde fc é a freqüência portadora. Um sinal LSSB (lower single sideband) tem um espectro de valor zero para êf ú > fc, onde fc é a freqüência portadora. Existem várias maneiras pelas quais a modulação m(t) pode ser mapeada em uma envoltória complexa g[m] tal que um sinal SSB seja obtido. A tabela 4-1 lista alguns destes métodos. SSB-AM é seguramente o tipo mais popular. É muito utilizado nos sistemas de comunicações em alta freqüência (HF), militares e serviços de rádio amador, e é popular porque a largura de faixa é a mesma do sinal de modulação (que é a metade da largura de faixa de um sinal AM ou DSB-SC). Por esta razão, nos concentraremos neste tipo de sinal SSB. Na prática, o termo SSB refere-se ao tipo de sinal SSB-AM, a menos que se afirme em contrário. Teorema: Um sinal SSB (isto é, tipo SSB-AM) é obtido usando-se a envoltória complexa. ( ) ( )[ ]tmˆjtmA)t(g c ±= (5-15) o que resulta na forma de onda do sinal SSB: ( ) ( )[ ]tsentmˆtcostmA)t(s ccc ww= m (5-16) onde o sinal superior é usado para USSB e o inferior para LSSB. )t(mˆ denota a transformada de Hilbert de m(t), que é dada por: h(t) * m(t) )t(mˆ D = (5-17) onde COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 15 t 1 )t(h p = (5-18) e H(f) = Á[h(t)] corresponde a uma rede de deslocamento de fase de – 90o. ( ) î í ì < >- = 0 f , j 0 f ,j fH (5-19) A figura 5-4 ilustra este teorema. Suponha que m(t) tenha um espectro de módulo que seja de forma triangular, como ilustrado pela figura 5-4a. Então para o caso de USSB (sinal de cima), o espectro de g(t) é zero para freqüências negativas, como ilustrado na figura 5-4b, e s(t) tem o espectro ilustrado na figura 5-4c. Este resultado é provado da seguinte maneira. Figura 5-4 – Espectro de um sinal USSB. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 16 Prova: Necessitamos provar que o espectro de s(t) é zero na banda lateral apropriada (dependendo do sinal escolhido). Tomando-se a transformada de Fourier de (5-15), temos: ( )[ ]{ }tmˆ j)f(MA)f(G c Á±= (5-20) e usando-se (5-17) G(f) = Ac M(f) [1 + j H (f)] (5-21) Para provar o resultado para o caso USSB, escolhemos o sinal de cima. Então, usando-se (519), (5-21) fica: ( ) ( ) USSBCaso 0 f 0 0f ,fM A 2 fG c þ ý ü î í ì < > = (5-22) Substituindo-se a expressão (5-22) em (4-15) o sinal passa-faixa fica: ( ) ( ) þ ý ü î í ì <+ > + þ ý ü î í ì < >- = cc c c c cc c -ff ,ffM f- f , 0 A ff , 0 ff ,ffM A)f(S (5-23) que é realmente um sinal USSB (ver figura 5-4). Se o sinal inferior de (5-21) for escolhido, um sinal LSSB deverá ser obtido. A potência média normalizada do sinal SSB é: [ ]222c 22 )t(mˆ)t(mA 2 1 )t(g 2 1 )t(s +== (5-24) Como mostrado no exemplo de ajuda de estudo SA 5-1, )t(m)t(mˆ 22 = , tal que a potência do sinal SSB é: )tmA)t(s 22c 2 = (5-25) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 17 que é a potência do sinal de modulação )t(m2 multiplicada pelo fator de ganho de potência 2cA . A potência de pico de envoltória normalizada (PEP) é: { } [ ]{ }222c2 )t(mˆ)t(mmaxA2 1 )t(gmax 2 1 += (5-26) Figura 5-5 – Geração de SSB. A figura 5-5 ilustra duas técnicas para a geração do sinal SSB. O método da fase idêntico à forma canônica IQ discutida anteriormente (figura 4-28) aplicada à geração do sinal SSB. O método por filtragem é um caso especial onde o processamento de RF (usando-se o filtro de banda lateral) é usado para formar COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 18 o g(t) equivalente, ao invés de usar processamento em banda básica para gerar g[m] diretamente. O método do filtro é o de uso mais popular porque uma excelente supressão de banda lateral pode ser obtida quando um filtro à cristal é usado para a filtragem da banda lateral. Filtros à cristal são relativamente baratos quando produzidos em quantidade para freqüências de FI padronizadas. Além destas duas técnicas para a geração de SSB, há uma terceira técnica chamada método de Weaver. Esta é descrita pela figura P5-12 e Problema 5- 12. O transmissor de SSB prático pode incorporar um conversor para cima para transladar o sinal SSB para a freqüência de operação desejada e usar um amplificador classe B para amplificar o sinal para o nível de potência desejado. Os sinais SSB possuem AM e PM. Usando-se (5-15), temos para a componente AM (envoltória real). ( ) [ ]22c )t(mˆ)t(mAtg)t(R +== (5-27) e para a componente PM ( ) ( ) ( )( ) úû ù ê ë é± =Ð=q - tm tmˆ tantgt 1 (5-28) Os sinais SSB podem ser recebidos usando-se um receptor super-heterodino que incorpore um detetor de produto com qo = 0. Portanto a saída do recptor é: { } m(t) A Ke )t(gRe K)t(v c-jout o == q (5-29) onde K depende do ganho do receptor e das perdas no canal. Na detecção de sinais SSB com modulação de áudio, a referência de fase qo não necessita ser zero, porque a mesma inteligibilidade é ouvida, independentemente do valor de fase usado [apesar de que a forma de onda vout(t) será muito diferente, dependendo do valor de qo]. Para modulação digital, a fase deverá ser exatamente correta se a forma de onda digital tiver que ser preservada. Além do mais, o SSB é uma técnica pobre para se usar, se o sinal de dados de modulação consistir de um código de linha com uma forma de pulso retangular. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 19 A forma retangular (tempo de subida zero) causa que o valor do sinal SSB-AM seja infinito na adjacência dos instantes de chaveamento dos dados devido a operação da transformada de Hilbert. (Este resultado é demonstrado em um problema proposto). Portanto um sinal SSB com este tipo de modulação não pode ser gerado por qualquer dispositivo prático, já que os componentes podem produzir apenas sinais com valores de pico finitos. Todavia, se formas de pulsos do tipo “rolled-off” forem usados no código de linha, tal como pulsos (sen x/x), o sinal SSB terá um valor de pico razoável, e a transmissão de dados digitais pode então ser acomodada via SSB. O SSB tem muitas vantagens, tais como relação-sinal-ruído detectada superior quando comparada ao AM (ver Capítulo 7) e o fato do SSB ter a metade da largura de faixa dos sinais AM ou DSB-SC. Limitações de espaço não permitem uma discussão maior do SSB; para maiores informações neste assunto, o leitor poderá recorrer a um livro que é dedicado totalmente ao SSB [Sabin e Shoenike, 1987]. Banda Lateral Vestigial Em certas aplicações (tal como radiodifusão de televisão) a técnica de modulação DSB ocupa muita largura de faixa para o canal e a técnica SSB é muito cara para ser implementada, apesar de ocupar somente a metade da largura de faixa. Neste caso adota-se um compromisso entre DSB e SSB, chamado de VSB (vestigial sideband). VSB é obtido pela supressão parcial de uma das bandas laterais de um sinal DSB. O sinal DSB pode ser ou um sinal AM ou um sinal DSB-SC. Isto está ilustrado pela figura 5-6, onde uma banda lateral do sinal DSB é atenuada pelo uso de um filtro passa-faixa, chamado de filtro de banda lateral vestigial, que tem uma resposta de freqüência assimétrica, em torno de + fc. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 20 Figura 5-6 – Transmissor VSB e espectro. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 21 O sinal VSB é dado por: sVSB(t) = s(t) * hv(t) (5-30) onde s(t) é um sinal DSB descrito ou por (5-4) com portadora ou por (5-13) com portadora suprimida, e hv(t) é a resposta impulsiva do filtro VSB. O espectro do sinal VSB é: SVSB(f) = S(f) Hv(f) (5-31) como ilustrado na figura 5-6d. A modulação no sinal VSB pode ser recuperada por um receptor que use detecção de produto ou, se uma grande portadora estiver presente, pelo uso da detecção de envoltória. Para recuperação da modulação sem distorção, a função transferência para o filtro VSB deve satisfazer a condição: Hv(f – fc) + Hv(f + fc) = C , êfú £ B (5-32) onde C é uma constante e B é a largura de faixa da modulação. A aplicação desta condição esta ilustrada na figura 5-6c, onde é visto que a condição especificada por (5-32) é satisfeita para a característica do filtro VSB ilustrada na figura 5-6c. A necessidade para a condição (5-32) será agora provada. Suponha que s(t) seja um sinal DSB-SC. Então, através das expressões (5-14) e (5-31), temos que o espectro do sinal VSB é: ( ) ( )[ ])f(HffM)f(HffM 2 A )f(S vcvc c VSB ++-= Como base na figura 4-14, a saída do detector de produto é: vout(t) = [Ao sVSB(t) cos wc t] * h(t) onde h(t) é a resposta impulsiva do filtro passa-baixas tendo uma largura de faixa de B hertz. No domínio da freqüência fica: COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 22 )f(H)ff( 2 1 )ff( 2 1 *)f(SA)f(V ccVSBoout þ ý ü î í ì úû ù êë é +d+-d= onde H(f) = 1 para êfú < B e 0 fora. Substituindo-se para SVSB(f) e usando-se a propriedade convolucional x(f) * d(f – a) = x (f – a), Vout fica [ ] Bf , )ff(H)f(M)ff(H)f(M 4 AA )f(V cvcv oc out <++-= ou [ ] Bf , )ff(H)ff(H)f(M 4 AA )f(V cvcv oc out <++-= Se Hv(f) satisfizer a condição de (5-32), a expressão anterior fica: Vout(f) = K M(f) Ou Vout(t) = K m(t), onde K = Ac Ao / 4. Isto mostra que a saída do detetor de produto é sem distorção quando (5-32) é satisfeita. Como discutido no Capítulo 8, Seção 8-9, a radiodifusão de sons e imagens (televisão) usa VSB para reduzir a largura de faixa do canal para 6 MHz. Nesta aplicação, como ilustrado na figura 8-31c, a resposta em freqüência do transmissor de vídeo de TV é plana na banda lateral superior até 4,2 MHz acima da freqüência da portadora de vídeo e é plana na banda lateral inferior até 0,75 MHz abaixo da freqüência portadora. O filtro de FI no receptor de TV tem a característica do filtro VSB ilustrado na figura 5-6c, onde fA = 0,75 MHz. Isto produz uma característica de resposta em freqüência total que satisfaz a condição de (5-32), tal que a modulação de vídeo no sinal de TV VSB pode ser recuperada no receptor sem distorção. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 23 5.6. Modulação de Fase e Modulação de Freqüência Representação dos Sinais PM e FM Modulação em fase (PM) e modulação em freqüência (FM) são casos especiais de sinalização modulada em ângulo. Em sinalização modulada em ângulo a envoltória complexa é: g(t) = Ac ejq(t) (5-33) Aqui a envoltória real, R(t) = çg(t) ç= Ac, é uma constante, e a fase q(t) é uma função linear do sinal de modulação m(t). Todavia, g(t) é uma função não- linear da modulação. Usando-se (5-33), chegamos que o sinal modulado em ângulo é: s(t) = Ac cos [wc t + q(t)] (5-34) Para PM a fase é diretamente proporcional ao sinal de modulação: q(t) = Dp m(t) (5-35) onde a constante de proporcionalidade Dp é a sensibilidade de fase do modulador de fase, tendo unidade de radianos por volt [ admitindo-se que m(t) seja uma forma de onda de tensão]. Para FM a fase é proporcional à integral de m(t): ( )ò ¥- ss=q t f dmD)t( (5-36) onde a constante de desvio de freqüência Df tem unidade de radianos / volt- segundo. Por comparação das últimas duas expressões, é visto que se tivermos um sinal PM modulado por mp(t), haverá também FM no sinal correspondente à uma forma de onda derivada que é dada por: ú û ù ê ë é = dt )t(m d D D )t(m p f p f (5-37) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 24 onde os subscritos f e p denotam freqüência e fase, respectivamente. Similarmente, se temos um sinal FM modulado por mf(t), a modulação de fase correspondente neste sinal é: ( ) ò ¥- ss= t f p f p d)(mD D tm (5-38) Pelo uso de (5-38), um circuito PM pode ser usado para sintetizar um circuito FM, inserindo-se um integrador em cascata com a entrada do modulador de fase (ver figura 5-7a). Figura 5-7 – Geração de FM a partir de PM, e vice-versa. Circuitos PM diretos são obtidos passando-se um sinal senoidal não-modulado através de um circuito variável no tempo que introduz um deslocamento de fase que varia com a tensão de modulação aplicada (ver figura 5-8a). COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 25 Figura 5-8 – Circuitos moduladores de ângulo. Dp é o ganho do circuito PM (rad/V). Similarmente, um circuito FM direto é obtido pela variação da sintonia de um circuito tanque (ressonante) oscilador, de acordo com a tensão de modulação. Isto está ilustrado na figura 5-8b, onde Df é o ganho do circuito modulador (que tem unidade de radianos por volt- segundo). Definição: Se um sinal passa-faixa for representado por COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 26 s(t) = R(t) cos y(t) Onde y(t) = wc t + q(t), então a freqüência instantânea (hertz) de s(t) é: [Boashashm 1992] úû ù êë é y p =w p = dt (t) d 2 1 )t( 2 1 )t(f ii ou úû ù êë é q p += dt (t) d 2 1 f)t(f ci (5-39) Para o caso de FM, usando-se a expressão (5-36), a freqüência instantânea é: )t(mD 2 1 f)t(f fci p += (5-40) Evidentemente esta é a razão de chamarmos este tipo de sinalização de modulação em freqüência – a freqüência instantânea varia em torno da freqüência portadora fc correspondente de modo diretamente proporcional ao sinal de modulação m(t). A figura 5-9b ilustra como a freqüência instantânea varia quando uma modulação senoidal (por exemplo) é usada. O sinal FM resultante está ilustrado na figura 5-9c. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 27 Figura 5-9 – FM com um sinal modulação banda básica senoidal. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 28 A freqüência instantânea não deve ser confundida com o termo freqüência, que é usado no espectro do sinal FM. O espectro é dado pela transformada de Fourier de s(t) e é avaliado olhando-se para s(t) através de um intervalo de tempo infinito (- ¥ < t < ¥). Portanto o espectro nos diz quais freqüências estão presentes no sinal (na média) sobre todo o tempo. A freqüência instantânea é a freqüência que esta presente em um instante particular do tempo. O desvio de freqüência da freqüência portadora é: úû ù êë é q p =-= dt )t(d 2 1 f)t(f)t(f cid (5-41) e o valor de pico do desvio de freqüência é: þ ý ü î í ì úû ù êë é q p =D dt (t) d 2 1 maxF (5-42) Observe que DF é um número não-negativo. Em algumas aplicações, tal como modulação digital (unipolar) o valor pico-a-pico do desvio é usado. Este está definido por: þ ý ü î í ì úû ù êë é q p - þ ý ü î í ì úû ù êë é q p =D dt (t) d 2 1 min dt (t) d 2 1 maxFPP (5-43) Para sinalização FM o valor de pico do desvio de freqüência está relacionado ao valor de pico da tensão de modulação por: pf V D 2 1 F p =D (5-44) onde Vp = max[m(t)], como ilustrado na figura 5-9a. Da análise da figura 5-9 fica óbvio que um aumento na amplitude do sinal de modulação Vp aumentará DF. Isto aumentará a largura de faixa do sinal FM cap5_3.PDF COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 29 mas não afetará o nível de potência média do sinal FM, que é 2 A 2c . A medida que Vp aumenta, as componentes espectrais irão se afastando da freqüência portadora, e as componentes espectrais próximas à freqüência portadora diminuirão em módulo, já que a potência total no sinal permanecerá constante (para detalhes específicos, ver Exemplo 5-2). Esta é uma diferença em relação à sinalização AM, onde o nível da modulação afeta a potência no sinal AM, mas não afeta a sua largura de faixa. De modo similar, o valor de pico do desvio de fase pode ser definido por: Dq = max[q(t)] (5-45) e para PM isto está relacionado ao valor de pico da tensão de modulação por Dq = Dp Vp 5-46) onde Vp = max[m(t)]. Definição: O índice de modulação em fase é dado por: bp = Dq (5-47) onde Dq é o valor de pico do desvio de fase. O índice de modulação em frequência é dado por: bf = (5-48) onde DF é o valor de pico do desvio de frequência e B é a largura de faixa do sinal de modulação, o qual para o caso de modulação senoidal é fm, a frequência da senóide. Para o caso de sinalização PM ou FM com modulação senoidal, os sinais PM e FM têm o mesmo valor de pico do desvio de frequência, bp é idêntico à bf. B FD COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 30 Usando-se (4-12), temos que o espectro de um sinal modulado em ângulo é dado por: S(f) = [G(f – fc) + G* (-f – fc)] (5-49) Onde: G(f) = Á[g(t)] = Á[Ac ejq(t)] (5-50)] Quando os espectros para AM, DSB-SC e SSB foram avaliados lidamos com expressões relativamente simples relacionando S(f) à M(f). Para sinalização do tipo modulação em ângulo isto não é tão simples porque g(t) é uma função não linear de m(t). Portanto, uma fórmula geral relacionando G(f) a M(f) não pode ser obtida. Isto é uma infelicidade, mas é um fato da vida. Isto é, para se avaliar o espectro de um sinal modulado em ângulo, (5-50) deve ser avaliada caso a caso, para os diversos tipos de formas de onda de interesse. Além disso, já que g(t) é uma função não-linear de m(t), a superposição não é válida e o espectro de FM para a soma de duas formas de onda de modulação não é a mesma que a soma dos espectros individuais. Um exemplo de espectro obtido para um sinal modulado é apresentado no Capítulo 2 (ver exemplo 2-18). Lá uma portadora foi modulada em fase por uma onda quadrada onde o desvio de fase, pico a pico, era 180º. Neste exemplo o espectro foi fácil de avaliar porque este foi um caso muito especial onde o sinal PM se reduz a um sinal DSB-SC. Em geral a avaliação de (5-50) em uma forma fechada não é fácil, e com frequência temos que usar técnicas numéricas para obtermos uma aproximação da integral da transformada de Fourier. Como um exemplo, o caso de uma forma de onda de modulação senoidal será agora desenvolvido. Exemplo 5-2 – Espectro de um sinal PM ou FM com modulação senoidal Suponha que a modulação de um sinal PM seja: mp(t) = Am senwmt (5-51) 2 1 COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 31 então: q(t) = bsenwmt (5-52) onde bp = DpAm = b é o índice de modulação de fase. A mesma função fase q(t), como dado por (5-52), pode também ser obtida se FM for usado, onde mf(t) = Amcoswmt (5-53) e b = bf = Df Am/wm. O valor de pico do desvio de frequência é DF = DfAm/2p. A envoltória complexa é: g(t) = Acejq(t) = Ac (5-54) que é periódica com período Tm = 1/fm. Consequentemente g(t) pode ser representada por uma série de Fourier que é válida durante todo o tempo (-¥ < t < ¥). g(t) = (5-55) onde: cn = (5-56) que se reduz a: cn = Ac = Ac Jn(b) (5-57) Esta integral, conhecida como função de Bessel do primeiro tipo, de enésima ordem, Jn(b), não pode ser avaliada em forma fechada, mas já foi avaliada numericamente. Alguns valores tabulados para Jn(b) estão apresentados na å ¥= -¥= w n n tmjn nec ò- w-wb2/mT 2/mT tmjntmsenj m c dte)e( T A úû ù êë é q p ò p p- q-qb de 2 1 )nsen(j tmsenje wb COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 32 Tabela 5-2. Longas tabelas são disponíveis [Abramowitz e Stegun, 1964] ou podem ser calculadas usando-se MATLAB. As funções de Bessel são funções chamadas de modo padronizado, como sub-rotinas em vários programas de computadores pessoais. O exame da integral mostra que (fazendo-se uma mudança de variável): J -n(b) = (-1)n Jn(b) (5-58) Tabela 5-2 – Valores das funções de Bessel J n (bb) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 33 Uma plotagem das funções de Bessel para várias ordens, n, como uma função de b está apresentada na figura 5-10. Figura 5-10 – Funções de Bessel para n = 0 até n = 6. Tomando-se a transformada de Fourier de (5-55), obtemos: G(f) = å ¥ -¥= -d n mn )nff(c (5-59) ou G(f) = å ¥ -¥= -db n mnc )nff()(JA (5-60) Usando este resultado em (5-49) obtemos o espectro do sinal modulado em ângulo. O espectro do módulo para f > 0 está ilustrado na figura 5-11 para os casos de b = 0,2; 1,0; 2,0; 5,0 e 8,0. Nota-se que o termo de portadora discreto (em f = fc) é proporcional à |Jo(b)|; consequentemente o nível (módulo) da portadora discreta depende do índice de modulação. O nível será zero se Jo(b) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 34 = 0, o que ocorre se b = 2,40, 5,52, e assim por diante, como apresentado na Tabela 5-3. Tabela 5-3 – Zeros das funções de Bessel: Valores para bb quando J n(bb) = 0 A figura 5-11 também ilustra que a largura de faixa do sinal modulado em ângulo depende de b e fm. De fato, pode ser mostrado que 98% da potência total está contida na largura de faixa: BT = 2(b + 1) B (5-61) onde b é ou o índice de modulação de fase ou o índice de modulação de frequência e B é a largura de faixa do sinal de modulação (que é fm para modulação senoidal). Esta expressão nos dá uma regra prática para a avaliação da largura de faixa dos sinais PM e FM, é chamada de regra de Carson. Para o caso de FM (não PM) com 2 < b < 10, a regra de Carson, (5-61), subestima BT. Neste caso uma melhor aproximação é BT = 2(b + 2)B. Além disso, se o sinal de modulação contiver descontinuidades, tal como uma modulação com onda quadrada, ambas as expressões podem não ser tão precisas e BT deve ser avaliada examinando-se o espectro do sinal modulado em ângulo. Todavia, para se evitar confusão no cálculo de BT, assumiremos que (5-61) seja aproximadamente correta para todos os casos. BT está apresentado na figura 5-11 para vários valores de b. A regra de Carson, (5-61), é muito importante porque constitui uma maneira fácil de se calcular a COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 35 Figura 5-11 – Espectro do módulo para FM ou PM com modulação senoidal para vários índices de modulação. largura de faixa de sinais modulados em ângulo. O cálculo da largura de faixa usando-se outras definições, tal como largura de faixa de 3 dB, pode ser muito difícil já que o espectro do sinal FM ou PM deve ser primeiramente avaliado. Esta é uma tarefa não trivial exceto para casos simples como o da modulação com tom único (senoidal), a menos que um computador digital seja utilizado para o cálculo do espectro aproximado. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 36 Devido a ser difícil de se avaliar o espectro de sinais modulados em ângulo, fórmulas para a aproximação do espectro são extremamente úteis. Algumas aproximações relativamente simples podem ser obtidas quando o valor de pico do desvio de fase for pequeno e quando o índice de modulação for grande. Este tópicos serão discutidos nas seções seguintes sobre modulação em ângulo faixa estreita e FM faixa larga. Modulação em Ângulo Faixa Estreita Quando q(t) está restrita a um pequeno valor digamos |q(t)| < 0,2 rad, a envoltória complexa g(t) = Ac ejq pode ser aproximada por uma série de Taylor onde somente os primeiros dois termos são usados. Portanto, porque ex » 1 + x para |x| << 1, g(t) » Ac [1 + jq(t)] (5-62) Usando-se esta aproximação em (4-9) ou (5-1), obtemos a expressão para um sinal modulado em ângulo s(t) = (5-63) Este resultado indica que um sinal modulado em ângulo, faixa estreita, consiste de dois termos: uma componente de portadora discreta (que não muda com o sinal de modulação) e um termo de banda lateral. Este é similar a uma sinalização tipo AM, exceto que o termo de banda lateral está 90o fora de fase com o termo de portadora discreto. O sinal faixa estreita pode ser gerado usando-se um modulador balanceado (multiplicador), como ilustrado na figura 5-12a para o caso de modulação em frequência faixa estreita (NBFM). Além disso, a modulação em frequência faixa larga (WBFM) pode ser gerada a partir do sinal NBFM usando-se multiplicação de frequência, como ilustrado na figura 5-12b. 44 344 2143421 lateralbanda depotência cc discretoportadora determo cc tsen)t(AtcosA wq-w COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 37 Figura 5-12 – Método indireto de geração WBFM (método de Armstrong) Circuitos limitadores são necessários para a supressão de AM incidental [que é )t(1 2q+ como resulta da aproximação (5-62)] que está presente no sinal NBFM. Este método de geração WBFM é chamado de método de Armstrong ou método indireto. A partir de (5-62) e (5-49), o espectro do sinal modulado em ângulo, faixa estreita, é: S(f) = 2 A c {[d(f – fc) + d(f + fc)] + j[Q(f – fc) - Q(f + fc)]} (5-64) onde: Q(f) = Á[q(t)] = ï ï ï î ïï ï í ì p FMosinalizaçãpara),f(M f2j D PMosinalizaçãpara),f(MD f p (5-65) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 38 Modulação em Frequência, Faixa Larga Um método direto de geração de modulação em frequência faixa larga (WBFM) é o que usa um oscilador controlado por tensão (VCO), como ilustrado na figura 5-8b. Todavia, para os VCO´s projetados para um amplo desvio de frequência, a estabilidade da frequência portadora fc = fo não é muito boa, tal que o VCO deve ser incorporado em um arranjo PLL onde o PLL esteja amarrado a uma fonte de frequência estável, tal como um oscilador a cristal (ver figura 5-13). Figura 5-13 – Método direto de geração de WBFM O divisor de frequência é necessário para diminuir o índice de modulação do sinal WBFM e produzir um sinal NBFM (b » 0,2), tal que o termo de portadora discreto esteja sempre na frequência fc/N, batendo com o sinal do oscilador a cristal, e produzindo a tensão de controle DC [ver figura 5-11a, (5-63) e (5- 64)]. Esta tensão de controle DC mantém o VCO na frequência projetada com uma tolerância determinada pelo circuito oscilador à cristal. A PSD de um sinal WBFM pode ser aproximada usando-se a função densidade de probabilidade (PDF) do sinal de modulação. Isto é razoável, de um ponto de vista intuitivo, já que a frequência instantânea variará diretamente com a tensão do sinal de modulação para o caso de FM (Df/(2p) sendo a constante de proporcionalidade]. Se o sinal de modulação gastar mais tempo em um valor de tensão do que outro, a frequência instantânea permanecerá na frequência correspondente, e o espectro de potência terá um pico nesta frequência. Uma COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 39 discussão sobre a aproximação envolvida, chamada de “aproximação quase- estática”, está bem documentada [Rowe, 1965]. Este resultado é afirmado no seguinte teorema. Teorema: Para sinalização WBFM, onde s(t) = Ac cos [wct + Df ò ¥- ss t ]d)(m bf = 1 B2 )]t(mmax[Df > p e B é a largura de faixa de m(t), a PSD normalizada do sinal WBFM é aproximada por: r(f) = ú û ù ê ë é ÷÷ ø ö çç è æ -- p +÷÷ ø ö çç è æ - pp )ff( D 2 f)fcf( D 2 f D2 A c f m f m f 2 c (5-66) onde fm (.) é a PDF do sinal de modulação. Exemplo 5-3 – Espectro para WBFM com modulação triangular. O espectro para um sinal WBFM com sinal de modulação triangular (Figura 5- 14a) será avaliado. A PDF associada para modulação triangular está ilustrada na figura 5-14b. A PDF é descrita por fm(m) = ï î ï í ì < foram,0 Vm, V2 1 p p (5-67) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 40 Figura 5-14 – Espectro aproximado de um sinal WBFM com modulação triangular onde Vp é o valor de pico de tensão da forma de onda triangular. Substituindo- se esta expressão em (5-66) obtemos: P(f) = ú ú ú û ù ê ê ê ë é ï þ ï ý ü ï î ï í ì <+ p + ï þ ï ý ü ï î ï í ì <- p p foraf,0 V)ff( D 2 , V2 1 foraf,0 V)ff( D 2 , V2 1 D2 A pc fp pc fp f 2 c A PSD do sinal WBFM fica P(f)= ïþ ï ý ü ïî ï í ì D+<<D-- D+ ïþ ï ý ü ïî ï í ì D+<<D- D foraf,0 )Ff(f)Ff(, F8 A foraf,0 )Ff(f)Ff(, F8 A cc 2 c cc 2 c (5-68) onde o valor de pico do desvio de frequência é: COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 41 DF = p2 VD pf (5-69) Esta PSD está plotada na figura 5-14c. Deve-se esclarecer que este resultado é uma “aproximação” à PSD real. Neste exemplo a modulação é periódica com período Tm, tal que o espectro real é um espectro de linha com as funções delta espaçadas de fm = 1/Tm, uma das outras (semelhante ao espaçamento mostrado na giura 5-11, para o caso de modulação senoidal). Esta aproximação nos dá uma “envoltória aproximada” do espectro de linha (se a modulação fosse não- periódica, o espectro exato seria contínuo e portanto não seria um espectro de linha). No outro exemplo, usando modulação senoidal (periódica), sabe-se que a PSD exata contém componentes de linha com pesos [AcJn(b)]2/2 localizadas em frequências f = fc + nfm (ver figura 5-11). Para o caso de índice alto a envoltória destes pesos aproxima-se da PDF de uma senóide, como apresentado no apêndice B. Em resumo algumas propriedades importantes dos sinais modulados em ângulo são: · É uma função não linear da modulação, e, consequentemente, a largura de faixa do sinal aumenta quando o índice de modulação aumenta. · O nível de portadora discreta varia, dependendo do sinal de modulação, e é zero para certos tipos de formas de onda de modulação. · A largura de faixa de um sinal modulado em ângulo, faixa estreita, é duas vezes a largura de faixa do sinal de modulação (o mesmo que ocorre para a sinalização AM). · A envoltória real de um sinal modulado em ângulo, R(t) = Ac, é constante e, consequentemente, não depende do nível do sinal de modulação. Pre-ênfase e De-ênfase em Sistemas Modulados em Ângulo Em sistemas modulados em ângulo a relação sinal-ruído na saída do receptor pode ser melhorada se o nível de modulação (no transmissor) for reforçado na parte superior do espectro, o que é chamado de “pre-ênfase”, e atenuado nas altas frequências na saída do receptor, o que é chamado de de-ênfase. Isso COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 42 proporciona uma resposta em frequência plana, em banda básica, enquanto melhora a relação sinal-ruído na saída do receptor (ver figura 5-15). Figura 5-15 – Sistema modulado em ângulo com pre-ênfase e de-ênfase. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 43 Na característica de pre-ênfase, a segunda frequência f2 ocorre muito acima do espectro da banda básica do sinal modulado (digamos 25 kHz para modulação de áudio). Em radiodifusão FM a constante de tempo t1 é usualmente 75ms, tal que f1 ocorre em 2,12 kHz. A resposta em frequência resultante para o sistema total, usando-se pre-ênfase no transmissor e de-ênfase no receptor é plana através da faixa do sinal de modulação. É interessante notar que em radiodifusão FM com 75ms de pre-ênfase, o sinal transmitido é um sinal FM para frequências de modulação até 2,1 kHz, mas é um sinal “modulado em fase” para frequências de áudio acima de 2,1 kHz porque a rede de pre-ênfase atua como um diferenciador para frequências entre f1 e f2. Então, FM com pre- ênfase é realmente uma combinação de FM e PM, e combina as vantagens de ambos em relação ao desempenho na presença de ruído. No Capítulo 7 será demonstrado que a pre-ênfase e de-ênfase melhora a relação sinal-ruído na saída do receptor. cap5_4.PDF COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 43 Na característica de pre-ênfase, a segunda frequência f2 ocorre muito acima do espectro da banda básica do sinal modulado (digamos 25 kHz para modulação de áudio). Em radiodifusão FM a constante de tempo t1 é usualmente 75ms, tal que f1 ocorre em 2,12 kHz. A resposta em frequência resultante para o sistema total, usando-se pre-ênfase no transmissor e de- ênfase no receptor é plana através da faixa do sinal de modulação. É interessante notar que em radiodifusão FM com 75ms de pre-ênfase, o sinal transmitido é um sinal FM para frequências de modulação até 2,1 kHz, mas é um sinal “modulado em fase” para frequências de áudio acima de 2,1 kHz porque a rede de pre-ênfase atua como um diferenciador para frequências entre f1 e f2. Então, FM com pre-ênfase é realmente uma combinação de FM e PM, e combina as vantagens de ambos em relação ao desempenho na presença de ruído. No Capítulo 7 será demonstrado que a pre-ênfase e de- ênfase melhora a relação sinal-ruído na saída do receptor. 5.7 Multiplexação por Divisão em Frequência e FM Estéreo Multiplexação por divisão em frequência (FDM) é uma técnica para transmissão de mensagens múltiplas simultaneamente através de um canal de faixa larga pela modulação dos sinais de mensagem em várias sub- portadoras e formação de um sinal banda-básica que consista da soma destas sub-portadoras moduladas. Este sinal composto pode então ser modulado numa portadora principal, como ilustrado na figura 5-16. Qualquer tipo de modulação, tal como AM, DSB, SSB, PM, FM, e assim por diante, pode ser usada. Os tipos de modulação usados nas sub- portadoras, assim como o tipo de modulação usado na portadora principal, podem ser diferentes. Todavia, como ilustrado na figura 5-16b, o espectro do sinal composto deve consistir de sinais modulados que não possuam espectros sobrepostos; caso contrário, ocorrerá linha cruzada entre os sinais de mensagem na saída do receptor. O sinal banda básica composto modula um transmissor principal para produzir o sinal FDM que é transmitido através do canal de faixa larga. O sinal FDM recebido é primeiramente demodulado para reproduzir o sinal banda básica composto que depois passa por filtros para separar as subportadoras moduladas individuais. As subportadoras são então demoduladas para reproduzirem os sinais de mensagem m1(t), m2(t), e assim por diante. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 44 Figura 5.16 – Sistema FDM O sistema de radiodifusão FM estéreo que foi adotado nos EUA é um exemplo de um sistema FDM. Este sistema é compatível com o sistema FM mono que já existia desde os anos 1940. Isto é, um ouvinte com um receptor FM mono ouvirá áudio mono (que consiste da soma dos canais esquerdo e direito), enquanto o ouvinte com um receptor estéreo receberá o áudio do canal esquerdo no alto falante esquerdo e o áudio do canal direito no alto falante direito (figura 5-17). COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 45 Figura 5-17 – Sistema FM estéreo Para se obter a compatibilidade, os áudios dos canais esquerdo e direito são combinados (somados) para produzirem o sinal mono, e o áudio da diferença é usado para modular um sinal de 38 kHz em DSB-SC. Um tom piloto de 19 kHz é adicionado ao sinal banda básica composto mb(t) para prover um sinal de referência para a demodulação de subportadora coerente (produto) no receptor. Como pode ser visto a partir da figura 5-17c, este sistema é compatível com receptores de FM mono já existentes. No Prob 5- 44 chegamos que uma técnica de chaveamento (amostragem) relativamente COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 46 simples pode ser usada para se implementar a demodulação da subportadora e a separação dos sinais esquerdo e direito em uma operação. A emissora de FM pode também fornecer SCA (“subsidiary communications authorization”) pelo FCC. Isto permite que a estação adicione uma subportadora FM para a transmissão de música funcional (música ambiente) para assinantes usarem em lojas e escritórios. A frequência de subportadora FM SCA é de 67 kHz, apesar desta frequência não ser especificada pelas normas do FCC. Além disso, até quatro subportadoras SCA são permitidas pelo FCC, e cada uma delas pode conter material de dados ou áudio para assinantes particulares. 5.8 Normas de FM e de Redução de Ruído Padrões Técnicos de Radiodifusão FM A Tabela 5-4 apresenta alguns dos padrões técnicos do FCC que têm sido adotados para sistemas FM. Nos EUA, as emissoras FM estão classificadas em três categorias maiores que dependem da área de cobertura pretendida. As emissoras Classe A são emissoras locais. Elas têm uma potência irradiada efetiva (ERP) máxima de 6 kW e um altura máxima da antena de 100 metros acima do nível do terreno. A ERP é a potência média de saída do transmissor multiplicada pelos ganhos de potência da linha de transmissão (um número menor do que 1) e da antena (ver seção 8-9 para alguns cálculos da ERP de TV). As emissoras classe B tem uma ERP máxima de 50 kW, com uma altura máxima da antena de 160 metros acima do nível do terreno. As emissoras classe B são destinadas à parte nordeste do EUA, sul da Califórnia, Porto Rico e Ilhas Virgens. As emissoras Classe C destinam ao restante dos EUA. Elas têm uma ERP máxima de 100 kW e uma altura máxima da antena de 650 metros acima do nível médio do terreno. Como mostrado na tabela 5-4 as emissoras de FM são também classificadas como comerciais e não-comerciais. As emissoras não- comerciais operam no segmento de faixa de 88,1 até 91,9 MHz da faixa de FM e apresentam programas educativos sem comerciais. As emissoras Classe D estão limitadas a 10 W de saída do transmissor e são apenas para serviços não-comerciais. No segmento comercial da faixa de FM, 92,1 até 107,9 MHz, algumas frequências estão reservadas para as emissoras Classe A e o restante se destina às emissoras Classe B ou Classe C. Uma lista COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 47 destas frequências e designações de emissoras específicas para cada cidade encontra-se disponível [Broadcasting, 1995]. Tabelas 5-4 – Normas de FM, FCC COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 48 Sistemas de Redução de Ruído Dolby e DBX Como já descrito anteriormente, a pre-ênfase e a de-ênfase são usadas em radiodifusão FM para redução do ruído. São também usadas em gravações em fita de áudio para redução de ruído. Outras técnicas de redução de ruído, mais sofisticadas, têm sido desenvolvidas e nesta seção serão descritas algumas. Na gravação de áudio em fita cassete, o ruído ocorre predominantemente nas frequências altas e é comumente chamado de “hiss” (chiado). Estas técnicas de redução de ruído usam uma combinação de filtragem de pre- ênfase e compressão da faixa dinâmica no codificador antes da gravação. O circuito decodificador de reprodução usa uma combinação de de-ênfase e expansão da faixa dinâmica. Se isto for feito adequadamente, um sinal de áudio de alta qualidade pode ser recuperado com baixo ruído. Todavia se o codificador e o decodificador não estiverem “casados”, um efeito de “assopramento” pode resultar mais inconveniente do que o chiado de um sinal não processado. Outra desvantagem destas técnicas é que se uma fita com um sinal processado for reproduzida em um sistema amplificador normal sem a decodificação, a reprodução será pobre, com excessiva resposta em alta frequência. Os Laboratórios Dolby desenvolveram algumas técnicas de redução de ruído designadas por Dolby-A, Dolby-B e Dolby-C. A técnica Dolby-A destina-se ao uso comercial e, consequentemente, é um sistema relativamente caro. O processador Dolby-A divide o espectro de áudio em quatro faixas de frequência: passa-baixas, abaixo de 80 Hz; passa-faixa, 80 Hz até 3kHz; passa-altas, acima de 3 kHz; e passa-altas, acima de 9 kHz. No codificador, o ganho de cada uma destas faixas é adaptativamente aumentado quando o nível do sinal na faixa correspondente for diminuído. Isto provê uma característica de compressão total para o codificador. Um reforço máximo de 10 até 15 dB é usado em cada uma das faixas se o nível do sinal estiver 45 dB abaixo do nível máximo de gravação (0 dB). Para a reprodução o decodificador apresenta a expansão apropriada do sinal em cada uma das faixas tal que a resposta em frequência total é plana e a faixa dinâmica do sinal de áudio original é preservada. Se os níveis de gravação e reprodução forem ajustados adequadamente, o sistema Dolby-A apresenta um aumento de 10 a 15 dB na relação sinal-ruído. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 49 Os sistemas Dolby-B e Dolby-C são projetados para gravações de consumidores de cassetes de áudio e gravações cassete para cassete. São relativamente baratos para implementar e usam um sistema de duas faixas, ao invés de quatro faixas, como no Dolby-A. Figura 5-18 – Resposta em frequência de baixo nível para os codificadores Dolby-B e Dolby-C Como apresentado na figura 5-18, o codificador Dolby-B pre-enfatiza as frequências maiores e apresenta um reforço de até 10 dB quando o nível na faixa de alta frequência for 45 dB abaixo do nível de referência. O codificador Dolby-C apresenta mais do que 20 dB de reforço para as componentes de alta frequência quando seu nível for baixo. O codificador Dolby-C usa dois estágios de compressão em cascata, um ativado a níveis de sinal alto e um outro a níveis de sinais baixos. No geral, o sistema Dolby- B reduz o chiado por volta de 20 dB para frequências acima de 1 kHz. Na radiodifusão FM o sistema Dolby-B com um filtro passa-altas em 6,4 kHz (25ms) é frequentemente usado para uma melhoria adicional da relação sinal-ruído em relação ao sistema padrão de pre-ênfase e de-ênfase. A DBX, Inc. of Watham, Massachusetts, desenvolveu um sistema de redução de ruído que processa todo o sinal de áudio em uma única faixa de áudio. O sistema DBX usa amplificadores controlados por tensão com faixa dinâmica de 130 dB no codificador e no decodificador para apresentar as características de compressão e expansão. O codificador também usa uma rede de pre-ênfase de 1,6 kHz que provê um reforço de 20 dB na parte alta. O decodificador tem uma rede de de-ênfase casada. O sistema DBX provê COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 50 uma melhoria de 20 a 30 dB na relação sinal-ruído e pode lidar com grandes sobrecargas de sinal (acima do nível de 0 dB) sem produzir distorção. Todavia este sistema tem a desvantagem do processamento em uma única faixa. Isto é, componentes de alto nível localizadas em qualquer lugar da faixa de frequências controlarão o nível de compressão do sinal todo. 5.9 Sinalização Passa-faixa Modulada Binária Sinais passa-faixa modulados digitalmente são gerados usando-se as envoltórias complexas para sinalização AM, PM, FM ou QM (modulação em quadratura) que já foram apresentadas nas seções anteriores. Para sinais modulados digitais, o sinal de modulação, m(t), é um sinal digital dado por códigos de linha binários ou multinível, que foram desenvolvidos no Capítulo 3. Nesta seção serão apresentados detalhes de sinais modulados binários. Nas seções 5-10 e 5-11 serão descritos os sinais modulados digitalmente, multinível e MSK (“minimum-shift-keyed”). As técnicas de sinalização passa-faixa binária mais comuns estão ilustradas na figura 5-19. Figura 5-19 – Sinais modulados digitalmente passa-faixa. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 51 As técnicas são: · OOK (“on-off keying”), também chamado de ASK (“amplitude shift keying”), o qual consiste do chaveamento de uma senóide portadora entre ligado e desligado através de um sinal binário unipolar. É idêntico à modulação binária unipolar em um sinal DSB-SC, (5-13). A transmissão de rádio em código Morse é um exemplo desta técnica. Consequentemente, OOK foi uma das primeiras técnicas de modulação a serem usadas e precederam os sistemas de comunicações analógicas. · BPSK (“binary-phase shift keying”), que cosniste no deslocamento da fase de uma portadora senoidal de 0o ou 180o comandado por um sinal binário unipolar. É equivalente à sinalização PM com uma forma de onda digital e é também equivalente à modulação de um sinal DSB-SC com uma forma de onda digital polar. · FSK (“frequency-shift keying”), que consiste do deslocamento da frequência de uma portadora senoidal a partir de uma frequência de marca (correspondente, por exemplo ao envio do binário 1), para uma frequência de espaço (correspondente ao envio do binário 0) de acordo com o sinal digital banda-básica. É idêntico à modulação de uma portadora modulada em frequência, FM, com um sinal digital binário. Como indicado na Seção 3-6, usualmente a largura de faixa de um sinal digital necessita ser minimizada para que se obtenha proteção do espectro juntamente com a transmissão de informação através de um canal. Isto pode ser conseguido usando-se um filtro de pré-modulação do tipo cosseno levantado, para se minimizar a largura de faixa do sinal digital sem a introdução de ISI (“intersymbol interference”). A conformação do sinal digital banda-básica produz uma forma de onda banda básica analógica que modula o transmissor. A figura 5-19f ilustra o sinal DSB-SC resultante quando é usado um filtro de pre-modulação. OOK (on-off keying) O sinal OOK é representado por: s(t) = Acm(t)coswct (5-70) onde m(t) é um sinal de dados banda-básica unipolar, como ilustrado na figura 5-19a. Consequentemente, a envoltória complexa é COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 52 g(t) = Acm(t) para OOK (5-71) e a PSD desta envoltória complexa é proporcional à PSD do sinal unipolar. Usando-se (3-39b), encontramos que esta PSD é rg(f) = ú ú û ù ê ê ë é ÷÷ ø ö çç è æ p p +d 2 b b b 2 c fT fTsen T)f( 2 A para OOK (5-72) onde m(t) tem um valor de pico de 2, tal que s(t) tem uma potência normalizada de 2cA /2. A PSD para o sinal OOK correspondente é então obtida substituindo-se (5-72) em (5-2b). O resultado está ilustrado para frequências positivas na figura 5-20a, onde R = 1/Tb é a taxa de bit. Pode-se ver que a largura de faixa nulo a nulo é 2R. Isto é, a largura de faixa de transmissão do sinal OOK é BT = 2B onde B é a largura de faixa banda básica já que OOK é uma sinalização do tipo AM. Figura 5-20 – PSD de sinais digitais passa-faixa COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 53 Se filtragem cosseno levantado for usada (para se preservar a largura de faixa), a largura de faixa absoluta do sinal binário filtrado está relacionada à taxa de bit R por (3-74), onde D = R para sinalização digital binária. Portanto, B = R)r1( 2 1 + (5-73) onde r é o fator de “rollof” do filtro. Isto nos dá uma largura de faixa absoluta de transmissão. BT = (1 + r)R (5-74) para sinalização OOK. OOK pode ser detectado usando-se ou um detetor de envoltória (deteção não coerente) ou um detetor de produto (deteção coerente) porque o OOK é uma forma de sinalização AM. (Nos receptores de rádio frequência, onde o sinal de RF de entrada é pequeno, é usado um circuito receptor super- heterodino, Figura 4-29, onde um destes circuitos detetores é usado após o estágio de saída de FI). Estes detetores estão ilustrados na figura 5-21a e 5-21b. Para detecção de produto, a referência de portadora, cos(wot), deve ser fornecida. Isto é usualmente obtido a partir de um circuito PLL (estudado na seção 4-14), onde o PLL é amarrado em um termo de portadora discreto (ver figura 5- 20a) do sinal OOK. Para detecção ótima do OOK – isto é, para se obter a menor BER quando o sinal OOK de entrada estiver corrompido por ruído Gaussiano branco aditivo (AWGN) – requer-se de detecção de produto com processamento de filtro casado. Isto está ilustrado na figura 5-21c, onde formas de onda em vários pontos do circuito estão ilustradas para o caso de recepção de um sinal OOK que corresponde ao fluxo de dados binários 1101. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 54 Figura 5-21 – Deteção do OOK COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 55 Detalhes sobre a operação, desempenho e a realização do filtro casado estão dados na seção 6-8. Observe que o filtro casado também requer um sinal de relógio que é usado para ressetar o integrado no início de cada intervalo de bit e para determinar o tempo para o circuito de amostragem-retenção no fim de cada intervalo de bit. Este sinal de relógio é fornecido por um circuito sincronizador de bit (estudado no Capítulo 4). O detector OOK coerente ótimo da Figura 5-21c é mais caro para ser implementado do que o detetor OOK não-coerente da Figura 5-21a . Se o ruído de entrada for pequeno, o receptor não coerente pode ser uma solução melhor, considerando-se o custo e o desempenho com ruído. A relação custo-benefício quanto ao desempenho da BER entre a deteção coerente ótima e deteção não-coerente não-ótima está analisada na Seção 7-6. Chaveamento de Deslocamento de Fase Binário (BPSK) O sinal BPSK é representado por: s(t) = Ac cos[wct + Dpm(t)] (5-75a) onde m(t) é um sinal de dados banda-básica polar. Por conveniência, considere m(t) tendo valores de pico de + 1 e uma forma de pulso retangular. Mostraremos agora que o BPSK é também
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