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SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA

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SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA: ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA
Antecedentes históricos as seguridade social no Brasil
A seguridade social no Brasil surgiu de um longo processo, para o reconhecimento da necessidade do Estado intervir para suprir deficiência da liberdade absoluta, partindo do assistencialismo para o seguro social, e posteriormente para a formação da seguridade social. É importante observar, para uma análise de todo o processo, alguns aspectos da sociedade brasileira descritos por Rocha, que contextualiza o Estado patrimonialista herdado, da cultura ibérica, no período em que antecede a primeira constituição brasileira.
O desenvolvimento do Brasil, como o da América Latina em geral, não foi caracterizado pela transição do feudalismo para o capitalismo moderno, com um mínimo de intervenção estatal. A relação entre o Estado brasileiro e a sociedade civil sempre foi uma relação peculiar, pois as condições nas quais aquele foi concebido – tais como partidos políticos regionais e oligárquicos, clientelismo rural, ausência de camadas médias organizadas politicamente, inviabilizando a institucionalização de formas de participação política e social da sociedade civil – determinaram o nascimento do Estado antes da sociedade civil. Por conseguinte, a questão social, tão antiga quanto a história nacional do Brasil como nação independente, resultará complexa. Enquanto a primeira revolução industrial estava na sua fase de maturação na Inglaterra (1820 a 1830), o Brasil acabara de promover a sua independência, deixando de ser colônia, mas permanecendo com uma economia arcaica baseada no latifúndio e no trabalho escravo. Por isto, antes de ingressar na era industrial, nosso País já apresentava contornos sociais marcados por desigualdades, em especial, uma distribuição de renda profundamente desigual.
O Brasil conheceu as verdadeiras regras em matéria de previdência social somente no século XX. A constituição de 1824- art. 179, XXXI- mencionava a garantia dos socorros públicos; o código comercial, de 1850, em seu art. 79, garantia por apenas três meses o salario ao acidentado, sendo que desde 1835 já existia o Montepio Geral da Economia dos Servidores do Estado (MONGERAL). 
As primeiras formas de proteção social no Brasil eram apenas de âmbito beneficente e assistencial. Durante o período colonial foram criadas as Santas Casas de misericórdia, e estabeleceu-se o Plano de Beneficência dos órfãos e Viúvas dos oficiais da Marinha, que caracterizam medidas de natureza protetivas. O primeiro texto com matéria de previdência social foi escrito pelo príncipe regente Dom Pedro de Alcântara, um decreto que concedia a mestres e professores aposentadoria após 30 anos de serviço, e assegurando um abono de ¼ dos ganhos aos que continuassem em atividade. Em 1888, o decreto nº 9.912-A de 26 de março, permite a concessão de aposentadoria aos empregados dos correios fixados em 30 anos de serviço ou 60 anos de idade mínima para obter o beneficio, logo depois os empregados da estrada de ferro e ferroviários também conseguiram esses benefícios. 
A Constituição de 1891, art. 75, previu a aposentadoria por invalidez aos servidores públicos. E em 1892, a Lei n.º 217, de 29 de novembro, instituiu a aposentadoria por invalidez e a pensão por morte dos operários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. As aposentadorias não pertenciam a um regime previdenciário contributivo, pois os servidores não contribuíam durante o período de atividade, nesse caso as aposentadorias eram concedidas patrocinadas pelo Estado, não se falava em previdência social no Brasil. Existia o Decreto n.º 9.284, de 30.12.1911, que tinha instituído a Caixa de Aposentadoria e Pensões aos Operários da Casa da Moeda, abrangendo, portanto, os então funcionários públicos daquele órgão.
Em 1919, surgiu à primeira lei de proteção do trabalhador contra acidentes do trabalho, antes o trabalhador acidentado tinha como proteção a norma de proteção a art.159 do antigo código civil vigente a partir de 1917.
O marco inicial da previdência social foi à publicação do decreto legislativo nº 4.682 de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Eloy Chaves, criaram as caixas de aposentadoria e pensões mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas e do Estado, assegurando assim a aposentadoria e pensão a seus dependentes em caso de morte de seu segurado, assistência médica e diminuição do custo dos medicamentos.
“[...] em 1923, a Lei Elói Chaves (Lei nº.4682 de 24-1-1923) criava a Caixa de Aposentadoria e Pensões para os funcionários. Antes de 1930, duas outras categorias já recebiam o beneficio do seguro social: portuários e marítimos, pela Lei nº. 5.109(20-12-1926) e telegráficos e radiotelegráficos, pela Lei nº. 5.485 (30-6-1928)“ (SPOSATI, p.42).
Após a criação da lei Eloy Chaves, foram criadas outras caixas em empresas de diversos ramos, em 1930 ocorreu a primeira crise do sistema de previdenciário, por inúmeras fraudes e denuncias de corrupção, então o governo de Getúlio Vargas suspendeu por seis meses a concessão de qualquer tipo de aposentadoria, e a partir dai começa a reorganização por categoria surgindo assim os IAP- Institutos de Aposentadoria e pensões dos marítimos, dos comerciários, dos bancários, dos empregados em transportes de carga, tornando a previdência um sistema semi-universal e não apenas para um grupo restrito.
“Surge, inicialmente, a necessidade de triagem da população que demanda a instituição.Tem por sentido eliminar aqueles que não tem vinculação com o aparelho produtivo e encaminhar para outra instituição de seguro aqueles não vinculados ao setor de atividade própria daquela instituição em particular.” (IAMAMOTO, 2006 p. 304).
O IAPM- Instituto de Aposentadoria e pensões dos marítimos criada em 1933, pelo decreto nº 22.872 de 29 de junho, foi à primeira instituição brasileira de previdência social, seguida depois do IAPC- Instituto de Aposentadoria e pensões dos Comerciários, o IAPB- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários em 1934, o IAPI- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos industriários em 1936, o IPASE- Instituição de previdência e Assistência dos Servidores do estado, e o IAPETC- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e \cargas, estes em 1938. 
A constituição de 1934 estabeleceu primeiramente a forma de custeio tripartite: com contribuição dos trabalhadores, dos empregados e do Estado, já a constituição de 1937 não trouxe grandes evoluções apenas utilizava a expressão “seguro social”. A extensão de benefícios no Brasil, inicia-se no serviço publico para depois se estenderem aos trabalhadores da iniciativa privada, em 1939, foi regulamentada a aposentadoria para os funcionários públicos. No que se refere a assistência social, foi criada em 1945, pelo decreto nº 4.890 a legião Brasileira de Assistência- LBA.
Em 1945, o decreto-lei nº 7.526 tinha o objetivo de estabelecer um verdadeiro sistema de previdência social, na tentativa de igualar as normas dos benefícios e serviços devidos por cada Instituto de classe, com influencia nas diretrizes dos relatórios de Beveridge.
“O Plano Beveridge, apresentado ao parlamento do Reino Unido em 1942, introduziu um novo conceito, o de seguridade social, considerado oposto à lógica do seguro. O relatório, elaborado por uma comissão presidida pelo Sir. Willian Beveridge, foi publicado integralmente no Brasil um ano após sua publicação na Inglaterra, em novembro de 1943, sob o titulo “O Plano Beveridge: relatório sobre o seguro social e serviços afins.” (BOSCHETTI, 2006 p.39).
 
Na constituição de 1946, havia capítulos que versavam sobre direitos sociais, obrigando o empregador a manter o seguro de acidentes de trabalho, a expressão “previdência social” foi empregada pela primeira vez numa constituição brasileira. 
Em 1949, o poder executivo editou o regulamento das caixas e pensões, e padronizaram a concessão de benefícios de forma igualitária, surgindo assim a caixa nacional, transformada emInstituto pela lei orgânica da previdência social em 1960, que se manteve vigente até 1960. Os profissionais liberais de qualquer espécie foi autorizado a de se inscrever na condição de segurado na categoria de trabalhador autônomo pelo decreto nº 32.667. 
O Ministério do Trabalho e Previdência Social foi criado no ano 1960, e foi promulgada a lei Orgânica da Previdência Social – LOPS nº 3.807, esse novo projeto criou normas uniformes para os segurados e dependentes de vários Institutos existentes. Como esclarece Antônio Carlos de Oliveira, por meio da LOPS estabeleceu-se um único plano de benefícios, “amplo e avançado, e findou-se a desigualdade de tratamento entre os segurados das entidades previdenciárias e seus dependentes”. Continuavam excluídos da previdência os trabalhadores rurais e os domésticos. 
E em 1963, a Lei n.º 4.296, de 3 de outubro, foi criado o salário-família, beneficiando os segurados que tivessem filhos menores, visando à manutenção destes. No mesmo ano, foi criado o décimo terceiro salário e, no campo previdenciário, pela Lei n.º 4.281, de 8 de novembro daquele ano, o abono anual, até hoje existente.
Com a unificação da previdência social urbana não tinha por função apenas a unidade das regras de proteção. Como relata Borges: “a previdência brasileira, sob o argumento de controle e da segurança nacional, começou a perder seu rumo, pois todos os recursos dos institutos unificados foram carreados para o Tesouro Nacional, confundindo-se com o orçamento governamental”.
Em 1967, criou-se a constituição que estabeleceu o seguro-desemprego, e o SAT- Seguro de Acidente de Trabalho foi incorporado á Previdência Social, em 14 de setembro pela lei nº 5.316. Os trabalhadores rurais passaram a ser segurados da Previdência Social a partir da edição da Lei Complementar n.º 11/1971 (criação do FUNRURAL). Da mesma forma, os empregados domésticos, em função da Lei n.º 5.859/1972, art. 4.º. Assim, a Previdência Social brasileira passou a abranger dois imensos contingentes de indivíduos que, embora exercessem atividade laboral, ficavam à margem do sistema

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