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A PRAGMÁTICA DAS IMPLICATURAS E A LINGUAGEM JURÍDICA Cópia (1)

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A PRAGMÁTICA DAS IMPLICATURAS E A LINGUAGEM JURÍDICA
Disciplina: Tópicos em Estudos Textuais e Discursivos
Professora: Penha Lins
Aluna: Deborah Guimarães Pinto
INTRODUÇÃO
Ponto de vista teórico
Pragmática, área da linguística que investiga as propriedades de um enunciado, é adequada para abordar significações dos aspectos implícitos, mas objetivos, do discurso jurídico.
Na hipótese aplicada
A Pragmática, demonstrará que algumas características básicas da pragmática e da Teoria das implicaturas de Grice (1982) permitem explicitar inúmeros fenômenos de significação implícita no chamado caso Collor, julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
SOBRE A PROGRAMÁTICA
Condições-de-verdade e pragmática
A evolução dos estudos da ciência linguística mostra uma tendência bastante clara. A direção á a busca do esclarecimento cada vez maior no que se refere à significação da linguagem natural.
Sempre foi a semântica a parte da linguística que se preocupou com o significado.
A semântica cumpriu um rumo formalista.
Assim, considerou a linguagem natural como uma imperfeição lógica que não merecia estudo.
Podemos encontrar em Frege (1978), Russelln(1905) e Wittgenstein – I (1961) a sustentação desse positivismo lógico.
SEMÂNTICA DAS CONDIÇÕES-DE-VERDADE
A semântica era tão formal quanto a sintaxe, evitando ao máximo envolver-se com os problemas surgidos com o contexto de uso.
A linguagem natural não conseguia refletir a estrutura do mundo de formas logicamente precisas e perfeitas.
Uma teoria do significado completa para uma linguagem exige um procedimento de combinação entre sentenças e um conjunto de condições que quando aplicado a cada uma das infinitas sentenças de uma linguagem,automaticamente, produz um enunciado das condições necessárias e suficientes para a verdade da sentença.
(1) a) Maria casou e teve um filho.
 b) Maria teve
 um filho e casou.
No exemplo (1a) Maria primeiro casou e depois teve um filho.
Já no exemplo (1b) ela primeiro teve um filho depois casou. 
Para determinarmos, nesses casos, as condições-de-verdade, é indispensável a especificação pragmática do “e” e sua relação com o tempo.
1.1CONDIÇÕES-DE-VERDADE E PRAGMÁTICA
QUADRO DE LEVINSON (1983:14)
Condições-de-verdade ou acarretamento
Implicaturas conversacionais
Pressuposições
Condições de adequação
Implicaturas conversacionais generalizadas
Implicaturas conversacionais particularizadas
Inferências baseadas na estrutura conversacional
ACENTUAÇÃO MAIOR OU MENOR DE UMA EXPRESSÃO
(2) O Senado julgou Collor culpado por equívoco.
(3) O Senado julgou Collor culpado por equívoco.
 
 No (2), a acentuação na palavra “Collor” mostra o equívoco que o Senado deu em relação à pessoa do julgamento. No enunciado (3) não de que Collor era a pessoa a pessoa que estava em julgamento.
DOIS ENUNCIADOS
(4) Brossard julgou contra Collor.
(5) Até Brossard julgou contra Collor.
As condições-de-verdade são as mesmas para os dois enunciados. Contudo, (5) diz mais do que (4). Quando se diz que “Até Brossard julgou contra Collor” estamos a dizer que além de Brossard, outros ministros também julgaram contra Collor e que ele, Brossard, não seria o mais provável a decidir como decidiu.
1.2 CONTEXTO
A busca do significado, não de forma abstrata, mas de forma concreta, ou seja, dentro do uso de um contexto, por certo, é o ponto mais relevante da pragmática.
(6) Uma pesquisa de opinião mostrou que o povo quer que Collor, mesmo renunciando, não perca seus direito políticos,
1.2 CONTEXTO - continuação
(6) Mesmo que o remetente não se identifique diretamente, o julgador não terá dificuldade de compreender que o bilhete foi escrito por alguém a favor da tese jurídica de Collor.
Bar-Hillel (1982) mostrou que há sentenças que podem ser avaliadas como verdadeiras ou falsas,independente de informações do contexto.
1.2 CONTEXTO - continuação
(7) O gelo flutua sobre a água.
(8) Está chovendo.
(9) Estou com fome.
Para o entendimento da sentença (7) não há necessidade que se saiba questões pertinentes a lugar e momento da produção dessa frase.
Já as demais apresentam problemas quanto à determinação do estado de coisas a que se referem. Em que lugar ou momento está chovendo? Da mesma forma, a sentença “Estou com fome” depende do contexto, pois se produzida por duas pessoas em duas ocorrências distintas já não tera a mesma referência.
1.2 CONTEXTO - continuação
Em suma, como diz Bar-Hillel (1982), é possível atribuir-se valor-de-verdade a sentenças indiciais, mas sempre levando-se em consideração o par ordenado sentença-ocorrência-contexto.
Costa (1984) entende que, Bar-Hillel, deu-se o primeiro grande passo no sentido e definir o objeto da Pragmática com, pelo menos, duas contribuições indiscutíveis.
1.2 CONTEXTO - continuação
Ele caracterizou, de maneira clara, a importância do contexto, sob a forma de expressões indiciais para a interpretação semântica. A pragmática estaria, com isso, articulada à semântica das condições-de-verdade.
Bar-Hillel teve o cuidado de definir o contexto como “Descrições-de-Contexto”, para que fosse considerado como entidade linguística.
1.2 CONTEXTO - continuação
Montague (1974) e seus colaboradores aceitaram a pragmática como disciplina formal que investiga as expressões indiciais, ou seja, aquelas cujos valores semânticos dependem do contexto-de-uso. 
Para ela a Pragmática deveria seguir a teoria dos modelos, que trabalha com conceitos de verdade e satisfação, tanto ao nível de interpretação como no de contexto-de-uso.
1.2 CONTEXTO - continuação
Montage propõe um caminho semelhante em metodologia entre semântica e pragmática. Ele determina o conjunto de todos os contextos tomados como índices ou pontos de referência, tal como denomina D. Scott (1970).
Para ele, seria necessário, ainda, determinar o conjunto de objetos presentes com respeito a ele, bem como o intenção de cada predicado e constante individual da linguagem L.
1.3 CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO
Desde Aristóteles até a semiótica moderna, todas as teorias da comunicação foram baseadas num único modelo: o modelo de código.
Um código série de sinais associados a representações internas do mecanismo.
Nesse sentido, “mensagem” é a representação interna para os mecanismo comunicantes.
1.3 CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO - continuação
Suposições subjacentes:
As línguas são códigos (representações fonéticas, sinais);
Códigos associam pensamentos a sons (associações semânticas).
A comunicação seria alcançada pela codificação e decodificação da mensagem.
1.3 CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO - continuação 
Por causa disto criaram-se metáforas como “as sentenças carregam os pensamentos e os pensamentos são empacotados e transferidos linguísticamente.
A compreensão envolve mais do que a decodificação de um sinal linguístico. 
1.3 CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO - continuação
Vejamos dois exemplos:
(10) Eu julgarei Collor amanhã.
(11) Pedro é um bom juiz.
A gramática oferece apenas indicações gerais.
Se João diz (10) em 14 de agosto, é diferente de Ana dizer (10) em 15 de setembro. Outro aspecto não especificado: com base em que critério Pedro é um bom juiz?
1.3 CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO - continuação
Os enunciados são usados não apenas para transmitirem proposições, mas para expressar (atitudes pretendidas pelo falante).
Ex.: (12) O juiz está julgando.
O falante pode estar informando o ouvinte de uma decisão, ou fazendo uma advinhação a ser confirmada ou negada.
1.3 CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO - continuação
(13) Que sujeito honesto Collor é.
O falante está sendo sincero ou irônico?
(14) Você pode me passar o processo?
Trata-se , como se vê, não de um pedido de informação, mas de uma pedido de ação.
1.3 CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO - continuação
(15) Você sabe quando tempo já dura o julgamento?
O falante tanto pode estar sugerindo que é hora de ir embora ou recriminando alguém que está protelando o fim da sessão de julgamento.
1.3
CÓDIGO NA COMUNICAÇÃO - continuação
Por fim, um exemplo que já se tornou clássico (Sperber e Wilson, 1986).
(A) Você quer café?
(B) Café me manteria acordada.
O falante (B) pode implicitamente estar recusando ou aceitando um café oferecido.
Grice (1982), em “Meaning”, ofereceu uma alternativa ao modelo de código, descrevendo a comunicação através do cálculo das intenções do falante, processo esse realizado pelo ouvinte, por interferência.
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA
Filósofos e lógicos positivistas, preocupados com a lógica do conhecimento, sempre consideraram a linguagem natural logicamente imperfeita, por isso inadequada para um estudo lógico.
Ao contrário, a pragmática enfrenta injustamente o que os lógicos clássicos consideraram imperfeições.
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA-continuação
Assim, uma das características básicas da pragmática refere-se à forma de enfrentamento lógico dos enunciados em linguagem natural.
Givón (1982) fez um paralelo entre os diversos sistemas lógicos-dedutivos e a pragmática e traz três argumentos para demonstrar que a linguagem natural trabalha com aspectos pragmáticos inapreensíveis pelos sistemas dedutivos. 
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA-continuação
O primeiro argumento refere-se à dependência do contexto.
Os lógicos trabalham com sistemas fechados.
O uso da linguagem , no entanto, dá-se em um contexto comunicativo que é sempre aberto.
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA-continuação
(17) Collor é presente; ele é presidente.
(18) Collor é presidente: ele não é presidente.
Representam uma tautologia e uma contradição.
Pragmaticamente dentro de determinado contexto, perfeitamente imaginável, essas mesmas sentenças poderiam constituir enunciados não-tautológicos nem contraditórios.
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA-continuação
O segundo argumento de Givón refere a relação falante-ouvinte. Na linguagem em uso existe o “eu” w o “tu”. Isso não é nada confortável para os lógicos e seus contextos objetivos co premissas abertas.
Por fim, a relevância tópica. Só pragmaticamente é possível julgar a relevância de um determinado tópico na comunicação.
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA-continuação
Costa (1984) denuncia a absoluta impossibilidade de uma semântica das condições-de-verdade, autônoma, para a linguagem humana.
Em síntese, o que se observa é que diversos autores têm se preocupado e continuam se preocupando com definições pragmática.
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA-continuação
Levinson (1983:9) propõe uma definição ampliada daquela sugerida por Bar–Hillel (1982): a pragmático é o estudo daquelas relações entre linguagem e contexto que são gramaticalizados, ou codificados na estrutura da linguagem.
Essa definição abre a possibilidade dos estudo de fenômeno dêiticos, pressuposições e atos da fala.
1.4 LÓGICA PRAGMÁTICA-continuação
Por fim, para Davis (1991) a pragmática pode ser vista como a parte de uma teoria linguística da competência. Ou seja, é parte de uma teoria psicológica que explica o que é conhecido tacitamente pelos falantes e que possibilita que utilizem e compreendam sentenças de sua língua. Essa definição tem a vantagem de definir pragmática como componente inerente da linguística.
2. AS IMPLICATRAS E A PRAGMÁTICA
Paul Grice foi um filósofo essencialmente preocupado como significado e a comunicação e, assim, exerceu grande influência sobre filósofos e linguístas contemporâneos.
Grice está inserido na corrente filosófica analítica, porquanto sustenta que o significado dos enunciados vai muito além da proposição por eles expressa.
2. AS IMPLICATRAS E A PRAGMÁTICA - continuação
Nas “Investigações Filosóficas” (1975:45) é que aparece o desacordo como conceito de “linguagem ideal”, construído pela lógica.
Os primeiros textos de Grice surgiram em 1956 e 1957. Com Meaning (1957), tornou-se conhecida a sua teoria da comunicação. Ali são apresentados os conceitos de significação material e não material (“meaning-nn”).
2. AS IMPLICATRAS E A PRAGMÁTICA - continuação
Nessa primeira tentativa de dizer o que é o significado, Grice deixa claro que, para ele, deve ser possível explicar o significado de uma expressão em termos daquilo que os usuários da língua querem dizer, ou significam com a expressão numa determinada ocasião. Esses conceitos foram decisivos para a origem dos trabalhos de pragmática.
2.1 IMPLICATURAS,COND.-DE- VERDADE e CONTEXTO
O objetivo de Grice, ao escrever “Logic and Conversation”, foi o de mostrar que o significado dos conetivos não é ambíguo entre uma leitura de lógica e outra de linguagem natural. 
(19) O Ministro é brasileiro e trabalha no Supremo Tribunal Federal.
Nessa sentença ‘e’ significa ‘&’, pois tem o significado do conetivo lógico. Mas em (20).
2.1 IMPLICATURAS,COND.-DE- VERDADE e CONTEXTO
(20) O Ministro foi chamado e começo a votar. 
O conetivo ‘e’ significa ‘e então’. Ou seja, determina a sequência na ordem dada. Considerando que num julgamento coletivo como no Pleno do Supremo Tribunal Federal, os Ministros proferem seus votos após eram chamados pelo Ministro Presidente, não seria”o Ministro começou a votar e foi chamado’.
2.1 IMPLICATURAS,COND.-DE- VERDADE e CONTEXTO
A maior contribuição dada por Grice foi a descoberta de que aquilo que se diz ou escreve, o dito, de forma alguma representa toda a mensagem transmitida pelo enunciado, ele terá que levar em conta as intenções de quem enunciou.
A distinção griceana entre “dito” o (significado linguístico convencional ou literal) e “implicado” (significado derivado a partir do contexto da conversação e apreendidos pelos receptores por meio de um raciocínio lógico e objetivo) é uma resposta à altura aos filósofos e lógicos positivistas que sempre consideraram a linguagem natural imperfeita. 
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS
Grice, em sua Teoria da Comunicação, sustenta que, ao nos comunicarmos, existem leis implícitas que governam o ato comunicativo. As regras do ato comunicativo talvez tenham sido apreendidas concomitantemente à aquisição da linguagem. Grice chama, a esse conjunto de regras , princípio de cooperação
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Grice chama, a esse conjunto de regras, princípio de cooperação e apresenta apresenta sua sistematização em quaro categorias fundamentais articuladas em máximas e submáximas, a saber:
1) Categoria da qualidade:
Supermáxima – Procure afirma coisas verdadeiras.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Submáximas: Não afirme o que você acredita ser falso. Não afirme algo para o qual você não possa fornecer evidência adequada.
2) Categoria da Quantidade
Máximas: Faça com que sua contribuição seja tão informativa quanto requerido para o propósito corrente da conversão. Não faça sua contribuição mais informativa do que é requerido.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
3) Categoria da Relação
Máxima: Seja relevante.
4) Categoria de Modo ou Maneira.
Supermáxima: Seja claro.
Máximas: Evite obscuridade de expressão. Evite ambiguidade. Seja breve. Seja ordenado.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Grice divide as implicaturas em dois tipos básicos: implicaturas convencionais e implicaturas conversacionais.
Implicaturas convencionais é aquela que está presa no significado convencional das palavras. São aquelas em que a significação convencional das palavras usadas já determinará o que é implicitado.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(21) Ele é juiz, contudo é progressista.
Não está dito explicitamente que os juízes costumam ser conservadores, mas parece não restar dúvida do que está perfeitamente implicado.
Implicaturas conversacionais é determinada por certos princípios básicos do ato comunicativo.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
As implicaturas conversacionais generalizadas, por sua vez, não exigem um contexto especial ou cenário para surgirem.
(22) Entrei num julgamento.
Sempre que alguém disser (22), estará, independente do contexto, implicando que não entrou num julgamento de uma pessoa conhecida (como Collor).
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
A maior parte dos estudos griceanos prendem-se às implicaturas conversacionais.
(23) (A) Como foi o julgamento particularizadas?
(B) Vão convocar três Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
Para que o ouvinte infira com precisão a implicatura de (B), qual seja, que o julgamento ficou empatado entre quatro a quatro , devem estar no contexto particular da conversação as seguintes informações:
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(24) 
A – O julgamento era aquele do caso Collor, no qual estavam participando oito Ministros do Supremo
B – Considerando o nº par de Ministros e a tendência natural de cada Ministro, era possível e previsível o empate.
C – O fato de haver necessidade de convocação de Ministros d outro Tribunal, significa que houve empate no julgamento objeto da pergunta.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Para explicação da hipóteses do grupo “A”, tomemos os seguintes casos:
(25)
(A) Collor vai ser julgado por juízes indicados por anteriores Presidentes da República.
(B) Ele vai constituir advogado.
(A) deduz por implicatura, que (B), ao se referir à desnecessidade de Collor se defender, quer implicar que os julgadores estão predispostos a julgar a favor de Collor pelo fato de serem juízes nomeados por anteriores Presidentes da República, que, de alguma forma, tinham afinidades ideológicas com Collor.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(26)
(A) Essa juíza é muito linda.
(B) Freud explica isso.
Não há desrespeito ao princípio de cooperação,
(B) infringiu a máxima de relevância por mudar o tópico da conversação.
(B) Não obedeceu a máxima da quantidade por não ter dado todas as informações necessárias para que (A) entendesse como Freud explica isto.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(27)
(A) Parece que Collor vai ser condenado.
(B) Parece? Você leu a Veja?
Talvez nesse exemplo haja uma maior influência do contexto cultural do interlocutores.]Como foi dito, no Grupo B temos o caso de uma máxima violada, mas sua violação se explica pela suposição de um conflito com outra máxima.
A máxima preservada é mais importante que a abandonada. (B) implica a impossibilidade de responder mais precisamente preferindo respeitar a máxima de qualidade.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(28)
(A) O que significa impeachment?
(B) Consulte uma obra jurídica. embora ofereça uma informação
Aqui (B) não responde à pergunta, embora ofereça uma informação relativamente vaga, mas que implica uma informação segura e sincera.
Ele está tentando salvar o Princípio Cooperativo. Só não responde diretamente por não saber. Ele então, sugere um caminho ao seu receptor.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(29)
(A) Quanto tempo durou o processo?
(B) Anos.
Essa implicatura é bastante comum e não parece difícil reconhecer que (B), não tendo condições de dar a informação exata, oferece alguma satisfação à pergunta. (A) entende perfeitamente que (B) está dizendo que o processo foi demorado quando implica e dizer que não pode dar a resposta certa.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(30)
(A) Com quem você foi ao julgamento?
(B) Eu estava em boa companhia.
A pergunta de (A) exige os nomes das pessoas que acompanhavam (B) no memento do julgamento. (B), porém, prefere algo que parece estar quebrando a máxima da relevância e da quantidade, tentando implicar que não pode ou não quer dar uma resposta satisfatoriamente clara à pergunta de (A).
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
No grupo C, encontramos maior número de exemplos de tipo de implicaturas. Aqui teremos casos que envolvem o emprego de um procedimento pelo qual o falante abandona uma máxima com o propósito de obter uma implicatura conversacional. Nesse grupo é que, em geral, aparece as figuras de linguagem.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(31)
(A) O que você pensa dis juízes?
(B) Um juiz é um juiz.
Vemos, aqui, que a resposta, por um lado, sonegou uma informação em quantidade plena. Preferi uma afirmação tautológica que voluntariamente abandona a máxima da quantidade. Contudo, tem o objetivo de fazer uma implicatura plenamente compreensível, pois utiliza um contexto de particularidades ligadas à classe dos juízes.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Assim, poderíamos dizer que a resposta não-cooperativa em quantidade num nível mais profundo implica:
(32) Eu penso que os juízes são conservadores.
Da mesma forma, em vez de fata de informação, pode haver implicaturas utilizando-se a quebra da máxima de quantidade por excesso, conforme os exemplos (33) e (34). 
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(33)
(A) – Qual foi o resultado do julgamento?
(B) Os Ministros Velloso, Pertence, Néri da Silveira e Brossar julgaram contra Collor porque depois de uma análise criteriosa do histórico do impeachment na legislação brasileira, entenderam um absurdo que uma interpretação que uma interpretação isolada da Constituição pudesse possibilitar qu o ex-presidente fugisse da pena de perda dos direitos políticos pela simples renúncia.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Outros quatro Ministros entenderam que a Constituição é clara a favor de Collor.
(34)
(A) – Quanto tempo demorou o processo de Collor?
(B) – Primeiro, os advogados de Collor fizeram uma petição de Mandado de Segurança dizendo que o Senado não poderia ter julgado a perda dos direitos políticos após a renúncia. Depois, foram pedidas informações para o Presidente do Senado. Também o Ministro Sidney Sanches prestou informações porque ele é que presidia a sessão do Senado. Após, foi ouvido o Representante do Ministério Público. 
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Como tinham juntada de documentos, deu-se vista dos autos aos advogados de Collor para se manifestarem sob tais documentos. Depois vieram as férias forenses. Só em 16 de dezembro de 1993 é que houve o julgamento definitivo.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Como se vê , no primeiro exemplo, (A) apenas queria saber o resultado numérico do julgamento. Bastava dizes “4 a 4”. Já no segundo exemplo, o interesse de (A) também era apenas numérico. Bastava (B) responder um ano, por exemplo.
O objetivo dessa quebra do princípio da quantidade pelo excesso, contudo, tem uma explicação.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
No primeiro caso, era o desejo de implicar sua discordância com a interpretação restrita e o penamento legalista dos que decidiram a favor de Collor.
No segundo exemplo, ao não dizer o tempo real de duração do processo, estava implicado que o processo demorou muito tempo até ser julgado.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(35)
(A) O que você achados Ministros do supremo Tribunal Federal?
(B) Ah! Esses não sabem nada de direito.
É claro que (B) sabe o grande conhecimento dos Ministros que compõem o STF. Contudo, ele diz uma coisa e implica outra. Ao invés de elogiar positivamente, prefere afirmar algo que- evidentemente – não acredita, para implicar o contrário do que textualmente é dito.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Aqui é o campo propício para a ironia, com segue:
(36) Collor era muito cuidadoso com o dinheiro público, tanto que congelou o salário
dos funcionários públicos.
O enunciado não diz expressamente, mas deixa implicado o descompasso entre o que Collor fazia contra o funcionalismo (congelamento do salário) e o que Collor fazia em seu prol (gastos pessoas exagerados).
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Também as metáforas têm campo fértil nos casos de abandono dessa submáxima de qualidade que busca evitar que se afirme algo que se acredita falso.
 (37)
(A) O Poder Judiciário é moroso.
(B) É verdade. O Poder Judiciário é um elefante branco.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
A resposta de (B) é um abandono da máxima de qualidade utilizando-se de uma metáfora. A resposta metafórica quer implicar a crença sobre a incapacidade de o Poder Judiciário solucionar os casos em breve espaço de tempo por causa de sua burocracia.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Vejamos, agora, um exemplo de violação da segunda submáxima da qualidade, ou seja, aquela que diz:
(38)
(A) Onde está Collor?
(B) Está gastando o dinheiro das “obras de campanha” por aí.
No presente exemplo (A) sabe que (B) não teria condições de provar o que disse, mas entende, perfeitamente, que (B) quer implicar que não sabe exatamente onde Collor está, mas eu, seja onde estiver, estaria agindo ilicitamente.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Cumpre, agora, relacionar alguns casos de violação da máxima da relação. Como visto, sob a categoria da Relação, existe uma única máxima. “Seja relevante”
(39)
(A) O que você achou da decisão do Supremo no caso Collor?
(B) Puxa! Como está quente, hoje.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(A) Eu perguntei o que você achou da decisão do STF?
(B) É, acho que vai chover.
Nesse contexto, poder-se-ia supor que (B) fosse um juiz. Se atendesse a máxima da relevância (B) diria:eu sou juiz, a lei me proíbe de dar opinião sobre decisões de outros. Contudo, (B) preferiu quebrar a máxima da relevância, dizendo uma coisa para implicar outra, ou seja, não quer enfrentar a pergunta de (A) objetivamente. 
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Por fim, vamos referir os casos de violação da máxima de modo. A máxima de modoou maneira tem no enunciado “Seja claro” o objetivo de evitar ambiguidade, obscuridade e oportunizar brevidade e ordem no discurso.
(40)
(A) – O que você acha dos Ministros do STF?
(B) – São bons juízes.
A resposta de (B) explora voluntariamente a ambiguidade da expressão “bons juízes” no debate jurídico acima referenciado. Ao mesmo tempo em que (B) diz que os Ministros são bons juízes, acentua o objetivo de implicar o entendimento de que leis costumam alienar-se aos aspectos ideológicos da formação da lei.
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2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Para o exemplo de obscuridade, convém retornarmos a idéia e a eventualidade de um juiz (B) estar dando uma palestra e ter sido questionado por (A) sobre sua opinião pessoal a respeito de uma decisão judicial de outro juiz.
(41)
(A) O que o senhor acha da decisão do STF no caso Collor?
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(B) Vamos tomar um cafezinho.
(B) está implicando que tem opinião sobre aquela decisão, mas não pode dizer em público, pois, sendo juiz, a lei o proíbe. (b) está sendo propositadamente vago e obscuro para não dizer em público aquilo que, eventualmente, em particupar poderia ser dito.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Para o caso de brevidade podemos partir do seguinte exemplo:
(42)
(A) Em qual obra de Paulo Brossard podemos encontrar a opinião dele sobre hipótese semelhante ao Collor?
(B) No livro O impeachment: página 133, item n. 99, segunda edição, Editora Saraiva, São Paulo, 1992.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
Há quebra da máxima da brevidade, os bastava que (B) dissesse o nome do livro. Contudo, a minuciosa indicação implica o interesse de (B) em demonstrar a contradição entre o que é dito e o que foi decidido pelo Ministro Brossard.
“Seja ordenado” é a submáxima de modo que resta analisar.
2.2 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO E A ORIGEM DAS IMPLICATURAS - continuação
(43)
(A) Você quer brincar de juiz?
(B) Corte aberta est.
A resposta de (B) evidentemente quebra a ordem gramatical da língua portuguesa; Isso se fez intencionalmente para implicar que aceitou o convite,pois invoca, de alguma forma e implicitamente, a tradição latina do direito.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
As implicaturas convencionais se caracterizam pelas propriedades de serem:
a) presas à força convencional do significado das palavra;
b) reconhecidas pelo interlocutor mediante a sua intuição linguística, não dependendo de um trabalho de cálculo dedutivo.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
Já as implicaturas conversacionais devem ser:
a) calculáveis ou dedutíveis
b) canceláveis
c) não-separáveis (não-destacáveis)
d) indetermináveis
e) externas ao sentido do enunciado (não-convencionais)
f) não determinadas pelo dito, mas pelo dizer o dito.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
Daremos atenção a exemplos ligados às propriedades das implicaturas conversacionais. A 1ª propriedade das implicaturas diz respeito ao fato de serem calculáveis ou dedutíveis.
Consideremos o exemplo (44) em que (A) está respondendo a um processo criminal e aguarda a sentença do juiz.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
(44)
(A) O juiz que vai julgar o meu caso é o Dr. X
(B) Prepare o recurso.
Assim, como (A) acredita que (B) está respeitando o princípio da cooperação e, então, calcular: se (B) que implicar que: o juiz X é muito condenador; que serei condenado; que deverei recorrer para não ser preso.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
A 2ª propriedade – cancelabilidade – diz que o cancelamento pode acontecer explicitamente, pelo acréscimo de uma oração que afirma ou implica que o falante a abandonou.
(45)
(A) quanto você pagou para seus advogados?
(B) Um milhão.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
Aqui, (A) entende que, e (B) está respeitando a máxima da quantidade, ele pagou um milhão como diz e implica que foi só isso. Contudo, a implicatura poderia ser cancelada pelo acréscimo de uma oração que afirma ou implica que (B) cancelou a1ª implicatura. A saber:
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
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(46)
(A) Quanto você pagou para ser seu advogado?
(B) Um milhão, se não mais.
Como se observa, o acréscimo de “senão mais” cancela a implicatura inicial.
É possível que a implicatura seja cancelada contextualmente, sem acréscimos de orações.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
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(47)
(A) Preciso de fiança.
(B) Seu locativo soma mil reais?
(A) Sim.
Nesse caso, fica claro que a inferência não poderia ter sido parte do conteúdo comunicado, mesmo assim não podemos dizer que a resposta de(A) implica que seu aluguel some somente um mil reais.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
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A 3ª propriedade é a não-destacabilidade, ou seja, as implicaturas devem ser não-separáveis. A implicatura permanecerá desde que se diga a mesma coisa ainda que de outra maneira, com sinônimos, por exemplo.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
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(48)
(A) A lei é clara?
(B) Como a noite.
ou
(49)
(A) A norma é de fácil entendimento?
(B) Como dois mis dois são cinco.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
Em 4º lugar temos que as implicaturas são indetermináveis.
(50)
(A) O que você acha do juiz X?
(B) Uma lesma.
(B) viola, aqui, a máxima da qualidade. Ele sabe eu o juiz X não é, efetivamente, uma lesma, mas quer implicar que o juiz é demorado
em suas decisões como uma lesma ao caminhar. Ser uma lesma, contudo, pode implicar que juiz costuma apreciar demorada e profundamente os casos sob seu julgamento.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
As implicaturas conversacionais não devem fazer parte da força convencional das palavras do enunciado. Vejamos esse exemplo:
(51)
(A) Você acha que a solução do caso Collor é simples?
(B) Tanto como a teoria da relatividade. A resposta de (B) produz uma implicatura conversacional à medida que (A) deduz que, tendo em vista a sua pergunta, e o aparente abandono da máxima que o caso Collor é muito difícil e complexo.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
A última propriedade ds implicaturas conversacionais é aquela que diz que elas não devem ser veiculadas pelo dito. É aqui que Grice tenta demonstrar que só as condições-de-verdade não determinam implicatura.
O que é dito pode ser verdadeiro e o implicado falso. Vejamos um exemplo em que a sentença é verdadeira, mas a implicaura do seu enunciado é falsa.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
(52)
(A) – Será que o Ministro fez uma bobagem ao julgar a favor de Collor?
(B) Se ele fez, está feito.
O enunciado de (B) é verdadeiro, à medida que é tautológico. O fato de ser tautológico implica que (B) quer que (A) entenda que a preocupação de (A) não resolve nada.
2.3 PROPRIEDADE DAS IMPLICATURAS (Grice)
continuação
“O Ministro está convencido e vai julgar a favor de Collor” e é verdadeiro. “Não adianta mais nenhuma preocupação” é o implicado e é falso, uma vez que até o momento do final de julgamento o Ministro pode mudar de opinião e tomar outra decisão.
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA
Grice (1982) foi o ponto de partida para a teoria da comunicação de Sperber e Wilson (1986). O contexto de Sperber e Wilson não é dado, é constituído. A interpretação de um enunciado é uma processo que envolve acesso a conceitos, entradas enciclopédicas (formação de hipóteses) e dedução (confirmação e rejeição de hipóteses). A interpretação de um enunciado é o processamento de informações novas combinadas a informações antigas que estão na memória em forma de conceitos aos quais se ligam informações enciclopédicas.
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA - continuação
Sperber e Wilson admitem que uma língua e um código que associa representações fonéticas e semânticas de sentenças. Contudo, o pensamento comunicado não se reduz àquilo que os sinais representam.
O processo de inferenciação é bem diferente do de decodificação. Na decodificação, toma-se um sinal como imput e produz-se, como output, uma mensagem associada com o sinal através do código subjacente, que deve ser mutuamente conhecida pelos participantes do ato comunicativo.
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA - continuação
O raciocínio humano, na compreensão verbal, é de natureza parcialmente dedutiva. Não se trata de um mecanismo cujo fim é aplicar regras, demonstrar argumentos.
A lógica não-trivial é a lógica que não segue os padrões formais de raciocínio , e, de acordo com Sperber e Wilson, “os fatos entram no raciocínio.”
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA - continuação
Uma das mais importantes contribuições surgidas das críticas e defesa em relação à Teoria das Implicaturas de Grice é a noção de explicatura, Sperber e Wilson (1986), em analogia às implicaturas de Grice, utilizam a noção de explicatura. Trata-se de um nível pragmático intermediário entre o dito (a decodificação linguística) e o implicado (implicação contextual que é inferencialmente construída).
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA - continuação
Os exemplos que seguem servem para facilitar a compreensão do núcleo das teses que informaram o julgamento do caso Collor.
(53) 
(A) Como decidiram os Ministros Galvão, Celso Mello, Moreira Alves e Gallotti?
(B) Eles disseram que Collor já não era Presidente.
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA - continuação
No nível da implicatura, vê-se que está implicado.
(54) Eles julgaram pró-Collor.
Ao perguntar, (A) apenas queria saber se os Ministros julgaram a favor ou contra Collor. Ao responder, (B) não foi direto, e no contexto nem precisava, pois o Senado só pode julgar o Presidente da República. Como esses ministros entenderam que Collor não era mais Presidente, 
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA - continuação
Como esse ministros entenderam que Collor não mais Presidente, restou implicado que “eles julgaram pró-Collor”.
Contudo, para demonstrar o nível das explicaturas teremos:
(55) Eles (os Ministros Galvão, Celso Mello, Moreira Alves e Gallotti) entenderam {interpretando o art 52 da Constiuição Federal} que o Presidente {da República submetido a um processo de impeachment} tem que estar {efetivo} no cargo {de Presidente a República} na ora do julgamento {impeachment pelo Senado}.
2.4 AS IMPLICATURAS NUMA VISÃO AMPLIADA - continuação
Os níveis de implicaturas e explicaturas também podem ser retirados das decisões contra Collor.
(56)
Como julgaram os Ministros Velloso, Pertence, Brossard e Néri da Silveira?
(57)
Eles entenderam que a renúncia só surte efeito se realizada antes do recebimento da denúncia.

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