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Ação de consignação em pagamento

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Ação de consignação em pagamento
Procedimento, consignação fundada na recusa em receber, petição inicial, resposta do réu, fase instrutória e decisória.
O pagamento por consignação consiste no depósito judicial ou extrajudicial do dinheiro ou da coisa que são os objetos, móveis ou imóveis, de uma obrigação.
Tem por finalidade extinguir as obrigações, sendo uma forma especial de pagamento.
Não admite consignação as obrigações de fazer ou não fazer porque têm por objeto uma conduta humana, comissiva ou omissa.
Procedimento
Há três procedimentos distintos para a ação de consignação em pagamento, sendo todos eles especiais.
Para que seja determinada a adoção de um ou de outro dependerá da causa da consignação.
Consignação fundada na recusa em receber
a) Petição inicial
Hipóteses previstas no artigo 335, incisos I a V do Código Civil.
a) Quando a dívida for portável, incumbe ao devedor procurar o credor para fazer o pagamento, cabendo a consignação quando o credor recusar em receber ou dar quitação;
b) Quando quesível, a obrigação é do credor, cabendo a ação de consignação se o credor não for buscar ou mandar buscar o pagamento.
c) Cabe, ainda, a consignação quando o credor for desconhecido, ou estiver em local ignorado ou de difícil ou perigoso acesso.
d) se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento
f)  se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
A legitimidade ativa para a consignação é do devedor, porém, em caso de falecimento, a demanda deverá ser aforada por espólio, pelos herdeiros ou sucessores. Já no caso de incapacidade o devedor será representado ou assistido em juízo.
Reconhece, também, a legitimidade do terceiro interessado no pagamento da dívida, e até mesmo do terceiro não interessado, desde que faça o pagamento em nome e à conta do devedor.
Com relação à competência, esta variará conforme a natureza da dívida.
Existem dois tipos de consignação: a judicial e a extrajudicial. O depósito extrajudicial, salvo exceção, é uma opção do devedor, que poderá preferir, desde logo, o judicial, porém, a consignação judicial esta restrita às obrigações em dinheiro, não sendo admissíveis para depósito de coisas.
Conforme o artigo 890, §1º do CPC, deve ser feita em estabelecimento bancário oficial, que esteja situado no lugar do pagamento, em conta corrente monetária, cientificando-se o credor por carta ou por aviso de recepção, com prazo de dez dias, para que ele possa manifestar eventual recusa.
Caso não haja recusa do credor, ou a recusa for intempestiva, reputar-se-á liberado o devedor da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.
Quando houver recusa do credor, tempestivamente, ao estabelecimento bancário, o devedor ou o terceiro legitimado a efetuar a consignação proporá, no prazo de trinta dias, a ação de consignação em pagamento, instruindo a petição inicial com prova do depósito e da recusa do credor, iniciando o prazo na data em que o estabelecimento bancário a quem o credor comunicou sua recusa dela cientificar o devedor depositante.
É indispensável que na petição inicial o autor requeira o depósito da quantia ou da coisa devida, que deverá ser efetivado no prazo de cinco dias, salvo se o valor tiver sido depositado previamente em estabelecimento bancário, ressaltando-se que, caso não tenha sido realizado anteriormente depósito extrajudicial e o judicial não venha a ser feito em cinco dias, o processo será extinto sem julgamento de mérito.
b) Resposta do réu
São admissíveis todas as modalidades de resposta, a contestação, a reconvenção, e as exceções rituais, sendo o prazo de 15 dias.
Conforme o artigo 896 do CPC, na contestação o réu poderá alegar que:
I - Não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida, situação na qual incumbirá ao autor demostrar a mora accipiendi.
II – Que a recusa foi justa;
III - O depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento: a mora não impede o devedor de consignar, desde que a prestação ainda seja útil ao credor, e o depósito venha acompanhado de todos os encargos decorrentes da mora.
IV - O depósito não é integral, devendo, neste caso, o réu discriminar o valor que entende devido, para que não haja dúvidas sobre as parcelas e valores que devam integrá-lo, permitindo que ele possa ser complementado.
Alegada a insuficiência do depósito poderá o réu, desde logo, levantar a quantia ou coisa depositada, com a liberação parcial do autor. O processo prosseguirá apenas quanto à parcela controvertida.
c) Fase instrutória e decisória
Se o juiz julgar procedente a consignação, declarará extinta a obrigação do autor, condenando o réu ao pagamento das custas e despesas do processo. Ficando, o valor depositado, à disposição do réu.
Em caso de improcedência, o depósito inicial não terá efeito liberatório, e será restituído ao autor, salvo exceções.
A sentença na ação de consignação em pagamento é meramente declaratória.
________________________________________________
Ações possessórias
Proteção possessória, fungibilidade, competência, legitimação, cumulação de pedidos, procedimento, conforme o Novo Código de Processo Civil.
Proteção possessória
Existem três diferentes espécies de ações que tutelam a posse, chamadas de interditos possessórios: reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório. Quando a demanda versar sobre o domínio da coisa, terá natureza petitória, não sendo aplicado a ela as regras previstas no procedimento especial das ações possessórias. São excluídas do âmbito das ações possessórias as demandas em que se alegue a existência de relação jurídica que dê ao autor direito à posse, tais como a imissão de posse e a ação de nunciação de obra nova. Os embargos de terceiro tutelam a posse, mas a ofensa deriva de ato judicial, distinguindo essa ação das ações possessórias.
A ação possessória depende da espécie de agressão cometida no caso concreto. Ocorrendo o esbulho (perda da posse), caberá a ação de reintegração de posse; na hipótese de turbação (perda parcial da posse - limitações em seu pleno exercício), caberá a manutenção de posse; se ocorrer a ameaça de efetiva ofensa à posse, caberá o interdito proibitório. A fungibilidade das tutelas possessórias está prevista no artigo 554 do Novo CPC.
Fungibilidade
O artigo 554 do CPC consagra a fungibilidade entre as tutelas possessórias, assim é lícito ao juiz conceder uma tutela possessória diversa daquela expressamente pedida pelo autor. Nota-se que o juiz está adstrito ao pedido do autor – princípio da congruência (artigo 492 do Novo CPC) – e, em razão disso, qualquer concessão do que não tenha sido pedido gera a nulidade da sentença (extra/ultra petita). No entanto, esse princípio tem exceções, sendo a fungibilidade uma delas.
Como exigência de qualquer petição inicial, o autor deve formular expressamente o pedido de proteção possessória, mas, em razão da fungibilidade prevista em lei, não parece ser obrigado a especificar a espécie de tutela possessória, em especial quando existir forte dúvida a respeito. Basta a correta narrativa dos fatos e dos fundamentos jurídicos e o pedido de proteção possessória, que será deferido na conformidade do entendimento do juiz no caso concreto. De qualquer forma, o pedido de proteção possessória, ainda que amplo, é indispensável.
Competência
Em regra, compete à Justiça Comum Estadual o julgamento das ações possessórias, mas, excepcionalmente, nada impede que outra Justiça seja competente, como a Justiça do Trabalho ou a Justiça Federal, quando participar do processo um dos entes federais previstos no artigo 109, I, da CF.
No tocante à competência territorial para as ações possessórias, a norma aplicável dependerá de ser o bem móvel ou imóvel. Tratando-se de bem móvel, aplica-se o artigo 46 do CPC, sendo competente o foro do domicílio do réu. A regra é de competência relativa, admitindo-se a sua prorrogação no caso concreto. Tratando-se de bem imóvel, aplica-se oartigo 47 do CPC, sendo competente o foro do local imóvel. A regra é de competência absoluta, não se admitindo que a demanda tenha andamento em outro foro, salvo na hipótese de recuperação judicial em trâmite, que exercerá a vis actrativa.
Estando o imóvel situado em mais de um foro, qualquer um deles será competente para conhecer a demanda. Conforme o artigo 60 do CPC, determinar-se-á nesse caso o foro competente por prevenção.
Legitimação
O possuidor é parte legítima à propositura das ações possessórias, sendo que no caso de posse direta (locação, usufruto, comodato etc.), a defesa da posse pode ser realizada em juízo tanto pelo possuidor direto como pelo indireto, que podem inclusive litigar em conjunto em litisconsórcio facultativo. No caso de bens públicos de uso comum, a melhor doutrina aponta para a legitimidade do Poder Público e dos particulares que habitualmente se valem de ditos bens, em mais uma espécie de litisconsórcio facultativo.
Segundo o artigo 1.197 do Código Civil, na hipótese de posse direta (locação, comodato, usufruto etc.), a legitimidade ativa é tanto do possuidor direito como do indireto. O simples detentor da coisa, que a ocupa por mera permissão ou tolerância do possuidor, não tem legitimidade para propor ação possessória, o mesmo ocorrendo com o sujeito que conserva a posse da coisa sob ordens ou instruções do possuidor.
No polo passivo é parte legítima o sujeito responsável pelo ato de moléstia à posse. Na posse direta, é possível que o legitimado passivo também seja possuidor. Na hipótese de atos praticados por preposto de terceiro, e sendo a ação movida contra ele, caberá ao réu alegar sua ilegitimidade nos termos do artigo 338 do Novo CPC.
Quando o ato de moléstia à posse é perpetrado por uma multidão de pessoas, a natural de se individualizar todos os agressores à posse faz com que a demanda seja proposta contra réus incertos.
No tocante aos cônjuges, o artigo 73, § 2º, do CPC, tem tratamento expresso a respeito do litisconsórcio entre eles nas ações possessórias. Segundo o dispositivo, o litisconsórcio só será necessário nas hipóteses de composse ou de ato praticado por ambos.
Cumulação de pedidos
A cumulação de pedidos depende do preenchimento dos requisitos do artigo 327, § 1º, do CPC. No que se refere às ações possessórias nos interessa o requisito previsto no mesmo artigo, § 1º, inciso III, que proíbe a cumulação de pedidos com diferentes procedimentos. O artigo 327, § 2º, do CPC, permite ao autor nessa situação a cumulação de pedidos de diferentes procedimentos desde que seja adotado o procedimento comum, mas tal regra é inaplicável para os procedimentos genuinamente especiais, que preveem técnicas processuais diferenciadas incompatíveis com o rito comum, de aplicação obrigatória, não se permitindo ao autor preferir o rito comum ao rito especial.
Ainda que se discuta a real especialidade do procedimento das ações possessórias de posse nova, a previsão dele dentre os ritos especiais previstos pelo CPC torna relevante a previsão do artigo 555 do CPC, que permite ao autor que cumule com o pedido de proteção possessória outros pedidos.
O inciso I do dispositivo legal mantém o pedido de indenização por perdas e danos entre os cumuláveis com o pedido possessório.
No inciso II está previsto entre os pedidos cumuláveis com o pedido possessório a indenização de frutos, hipótese aplicável para a situação de o bem gerar frutos que sejam apossados pelo agressor possessório.
O parágrafo único prevê a imposição de “medida necessária e adequada” para o caso de nova turbação e esbulho (inciso I) e para cumprimento da tutela provisória ou final (inciso II).
Procedimento
- Reintegração e manutenção de posse
A reintegração e a manutenção de posse têm o procedimento previsto pelos artigos 560 a 566 do CPC. No caso de posse velha, quando a demanda for proposta após ano e dia da ocorrência da ofensa à posse o artigo 558, parágrafo único, do CPC prevê que o procedimento será o comum.
O procedimento especial possessório dos artigos 560 a 566 limita-se às ações possessórias de posse nova de bem imóveis. Esse procedimento especial prevê medida liminar, porque após esse momento inicial o procedimento passará a ser o comum (artigo 566).
A previsão da liminar é importante porque o legislador não incluiu entre as hipóteses de tutela da evidência no artigo 311 do CPC a liminar possessória. Lembra-se que essa liminar não é tutela de urgência, porque dentre os requisitos para sua concessão previstos no artigo 562 do CPC não consta o tempo (necessário para a concessão da tutela definitiva) como inimigo (da efetividade dessa tutela).
Contudo, a tutela de urgência não é estranha às ações possessórias, em especial naquelas que seguem o procedimento comum (posse velha) e que, portanto, não têm em seu procedimento a previsão de liminar (tutela da evidência). Nesse caso, desde que preenchidos os requisitos, será cabível a tutela antecipada ou cautelar, a depender da pretensão do autor.
Consoante o artigo 561 do CPC, incumbe ao autor provar:
I- sua posse;
II- a turbação ou esbulho praticado pelo réu;
III- a data do ato de agressão à posse;
IV- continuação da posse turbada ou perda da posse esbulhada.
Os requisitos em seu conjunto se prestam a fundamentar a pretensão possessória do autor e quando documentalmente comprovados servem à concessão da liminar prevista no artigo 562, caput, do CPC.
Segundo o 562, caput, do CPC, estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá inaudita altera partes a medida liminar, consubstanciada na expedição de mandado de manutenção ou reintegração de posse, conforme o caso.
A liminar será concedida sempre que dois requisitos forem preenchidos no caso concreto, sendo dispensada no caso concreto a demonstração de periculum in mora:
I- demonstração de que o ato de agressão à posse deu-se há menos de ano e dia, e
II- instrução da petição inicial que, em cognição sumária do juiz, permita a formação de convencimento de que há probabilidade de o autor ter direito à tutela jurisdicional.
O artigo 562, caput, aponta ainda a necessidade de juntada de prova documental ou documentada apta a formar o juízo de probabilidade exigido para a concessão das tutelas de urgência.
Ainda conforme o dispositivo legal, não estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz poderá designar audiência de justificação prévia, com a devida “citação” do réu a comparecer a tal audiência. A designação da audiência independe de pedido expresso do autor.
A citação do réu somente o integra à relação jurídica processual, ocorrendo concomitantemente a sua intimação para que compareça à audiência de justificação prévia. O réu não é intimado para se defender, não sendo a audiência o momento adequado para contestar.
Realizada a audiência de justificação prévia, o juiz poderá ou não conceder a liminar requerida pelo autor. Havendo a concessão, o réu será intimado na própria audiência. Como previsto no artigo 564 do CPC, independentemente da concessão da liminar, o réu será intimado em audiência para se defender no prazo legal, desde que a decisão sobre a liminar seja proferida na audiência. Pode o juiz chamar os autos a conclusão e proferir decisão em cartório, hipótese na qual o réu será devidamente intimado. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a ausência de intimação na audiência é causa de nulidade, não se considerando iniciado o prazo de resposta do réu.
Não sendo necessária a realização de audiência de justificação, com ou sem a concessão de liminar, o réu será citado. Na hipótese de o polo passivo ser formado por uma multidão de pessoas, a situação ensejará especialidades procedimentais na citação previstas nos parágrafos do artigo 554 do CPC.
Registre-se, ainda, a previsão protetiva à Fazenda Pública prevista pelo artigo 562, parágrafo único, do CPC, que determina a impossibilidade de concessão da liminar antes da oitiva das pessoas jurídicas de direito público. O cumprimento do dispositivodispensa a realização de audiência, devendo o réu ser intimado para que, no prazo a ser fixado pelo juiz, se manifeste por escrito a respeito do pedido de liminar do autor.
Realizada a citação, o réu terá um prazo de 15 dias para se defender, sendo cabível qualquer modalidade de resposta. Conforme o artigo 566 do CPC, a partir desse momento procedimental observar-se-á o procedimento comum. A reconvenção é expressamente admitida, considerando que o artigo 556 permite ao réu em sua própria contestação formular pedidos de proteção possessória e de indenização pelos prejuízos sofridos. Segundo o autor em tela, “o dispositivo ofende a isonomia porque o autor, além desses dois pedidos, poderá ainda pedir a imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho (art. 555, parágrafo único, I, do Novo CPC). Nesse sentido, entendo que também esse pedido pode ser formulado pela via reconvencional pelo réu, até porque, como o procedimento comum passará a ser observado após o momento de resposta do réu, não teria qualquer sentido se limitar o âmbito da reconvenção, ainda mais em nítida violação ao princípio da isonomia. Registre-se que o Superior Tribunal de Justiça já admitiu pedido contraposto de remoção do ato ilícito, que não está expressamente previsto no art. 556 do Novo CPC (obra citada).
O artigo 559 do CPC exige a caução – real ou fidejussória – caso o autor, provisoriamente reintegrado ou mantido na posse, careça de idoneidade financeira para responder às perdas e danos do réu caso a tutela provisória seja revogada e sua efetivação tenha gerado prejuízo ao réu. A parte será liberada da prestação de caução se comprovar ser economicamente hipossuficiente.
- Interdito proibitório
A ação de interdito proibitório tem a finalidade de evitar que a ameaça de agressão à posse se concretize, ou seja, o que se busca com tal demanda judicial é evitar a prática do ato ilícito consubstanciado no esbulho ou na turbação possessória.
A essa espécie de demanda aplicam-se subsidiariamente os regramentos procedimentais das ações de reintegração e manutenção de posse (artigo 568 do CPC). Existindo pedido de proteção liminar no interdito proibitório, considerando que a sua própria razão de ser é a existência de um perigo iminente de moléstia à posse, caberá ao juiz concedê-lo – com ou sem justificação prévia, conforme o caso – desde que o autor consiga comprovar sumariamente a efetiva e real ameaça de que sua posse corre risco de ser esbulhada ou turbada.
A previsão de multa do artigo 567 do CPC é mera repetição específica do previsto genericamente no artigo 537 do CPC, tratando-se de medida de execução indireta (astreintes).
- Especialidades procedimentais no litígio coletivo pela posse
O artigo 565 do CPC cria especialidades procedimentais quando a demanda possessória envolver conflito coletivo pela posse de imóvel.
O caput do dispositivo prevê a audiência de mediação obrigatória no caso de pedido de liminar em posse velha. A audiência deve se dar em até 30 dias, sendo o Ministério Público, em qualquer caso, e a Defensoria Pública, no caso de réu beneficiário da gratuidade de justiça, intimados para comparecer à audiência (§ 2º).
O § 4º prevê a faculdade de o juiz intimar para a audiência de mediação os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal, e de Município onde se situe a área objeto do litígio, para que possam se manifestar sobre interesse na causa e existência de possibilidade de solução para o conflito agrário.
Quanto às intimações, previstas pelo § 2º, constituem um dever do magistrado. Já quanto às intimações dispostas no § 4º, o juiz tem a faculdade de realizá-las, devendo fazê-lo quando entender que a presença dos sujeitos descritos no dispositivo legal possa efetivamente contribuir para a solução do conflito.
Além do pedido de liminar na possessória de posse velha, a audiência de mediação também será cabível, nos termos do § 1º, sempre que concedida a liminar, ela não for executada no prazo de um ano, a contar da data de distribuição do processo.
Por fim, segundo o § 3º, o juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.
Posse e sua classificação (art. 1.196 a 1.203 do CC) - (Lei nº 13.105/15)
_______________________________________________________
Posse direta e indireta, justa e injusta, violenta, clandestina, precária, boa-fé, má-fé, natural, justo título, ad interdicta, ad usucapionem, composse, posse velha e nova.
I - Da posse
Para caracterizar a posse são necessários dois elementos integrantes:
1. corpus: é a relação material do homem com a coisa, ou a exterioridade da propriedade.
2. animus: é a intenção de proceder com a coisa como se fosse seu proprietário.
De acordo com o art. 1.196/CC, considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes a propriedade (geralmente, usar e gozar da coisa).
 - Objeto da posse
Nossa jurisprudência tem considerado, não sem alguma resistência, a idéia de que é possível proteção possessória de tudo aquilo que puder ser apropriado e exteriormente demonstrado.
  
II - Classificação da posse  
A) Posse direta e posse indireta 
Toda vez que o direito ou a obrigação de possuir caiba a outra pessoa que não o proprietário, a posse se desdobra em: posse direta – para aquele que detém materialmente a coisa, ou seja, tem contato físico com a coisa – e indireta, para o proprietário que concedeu ao primeiro o direito de possuir. É o que acontece com: nu-proprietário e usufrutuário; locador e locatário; comodante e comodatário; depositante e depositário; compromissário vendedor e compromissário comprador etc. A posse direta, exercida temporariamente, não exclui a posse indireta do titular da propriedade (ou assemelhado).
A posse direta pode se desdobrar, como, por exemplo, no caso do usufruto: existe o nu-proprietário (possuidor indireto) e o usufrutuário (possuidor direto), mas este resolve dar a coisa em locação, originando a posse direta do locatário. Neste caso, o usufrutuário passa a ser também possuidor indireto. 
- Pode o possuidor direto mover ação possessória contra o possuidor indireto?
Tendo a posse direta, o possuidor poderá defendê-la por meio de ações possessórias (manutenção, reintegração e interditos proibitórios) contra terceiros e até mesmo contra o próprio possuidor indireto, sendo que este também goza de proteção possessória para defender a posse direta contra terceiros que a turbem ou ameacem.
B) Posse natural ou detenção : é aquela que se encontra nas mãos de outra pessoa que não o proprietário, mas aquele detém a coisa em nome deste, ou seja, há uma relação de dependência. De acordo com o art. 1.198/CC, não é possuidor quem se limite a deter a coisa em nome de outrem ou de acordo com as ordens e instruções que recebera. Ex.: empregado que toma conta de propriedade agrícola do patrão; empregada doméstica que toma conta do lar.
C) Posse justa e injusta - pode o possuidor injusto defender sua posse?
A justiça ou injustiça é conceito de exame objetivo, ou seja, não há necessidade de saber da intenção da pessoa (ao contrário da posse de boa-fé ou de má-fé).
Segundo o art. 1.200/CC: "É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária". A posse exige que sua origem não apresente vícios. Posse viciada é aquela cujo vício originário a torna ilícita. Exemplos de posse justa: derivada de contratos (compra e venda/locação/comodato...), usucapião após 15 anos, etc.
Logo, posse injusta é aquela que apresenta algum dos vícios acima.
Os vícios só poderão ser alegados pela vítima. Terceiros não tem legitimidade para arguir a injustiça da posse. Por isso, a posse injusta pode ser defendida pelos interditos, não contra aquele de quem foi tirada pela violência, clandestinidade, ou pelo abuso de confiança, mas contra terceiros, que queiram obter a posse para si.O direito visa resguardar a paz social.
  - Posse violenta
É a posse obtida pelo uso da força (violência física ou moral). Lembre-se que apesar de ser injusta é posse. A violência pode partir do próprio agente ou de terceiros que atuam sob sua ordem. A violência pode, também, atingir o possuidor ou quem detém a coisa em nome dele. Ex.: tomar coisa móvel das mãos de outrem contra a sua vontade; esbulho de algum imóvel.
  - Posse clandestina
Posse clandestina é a que se dá escondido daquele que tem interesse em conhecê-la. É no momento da aquisição da posse que se avalia a clandestinidade. Não é clandestina a posse obtida com publicidade e posteriormente ocultada. Ex.: grileiro; vizinho que muda a cerca do lugar na calada da noite sem dizer nada etc.
  - Posse precária
Posse precária é aquela que se origina do abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa com a obrigação de restituí-la, e depois, se recusa a fazê-lo. A precariedade não se presume. Deve haver cláusula expressa sobre a devolução. Ex.: quando cessa o comodato, a locação, o depósito e o comodatário/locatário/depositante não restituem a coisa.
  - Os atos violentos ou clandestinos autorizam a aquisição da posse?
Segundo o art. 1.208/CC, os atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse até cessar a violência ou clandestinidade. Porém, lembre-se que o possuidor injusto tem direito de proteger a posse contra terceiros, mas não contra o proprietário ou possuidor originário.
D) Posse de boa-fé e posse de má-fé
Segundo o art. 1.201/CC, a posse é de boa-fé: "se o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa".
A posse de má-fé é a inversa: o possuidor tem ciência dos vícios obstativos da posse e, no entanto, a adquire. Há casos em que a posse é de boa-fé e injusta. Ocorre quando o possuidor ignora os defeitos de sua posse. Ex.: possuidor de imóvel convicto de que a coisa realmente lhe pertence, ignora o vício de que o imóvel tenha sido adquirido de forma violenta pelo primeiro possuidor. Posse de má-fé é aquela que é injusta, mas o possuidor conhece os defeitos de sua posse. Ex.: esbulho de fazenda de café.
Esta classificação da posse é importante para duas situações: a aquisição da coisa por usucapião (art. 1.238/CC e ss.) e a questão dos frutos e benfeitorias da coisa possuída (art. 1.214, 1.216 a 1.222, todos do CC).
  - Justo título
Justo título é o título hábil para transferir o domínio e que realmente o transferiria, se emanado do verdadeiro proprietário. Ele configura o estado de aparência que permite concluir estar o sujeito gozando de boa posse. Justo título é tanto aquele existente, mas defeituoso, como aquele inexistente que o possuidor reputa como tal. De acordo com o parágrafo único do art. 1.201/CC, presume-se a boa-fé daquele que possui justo título, salvo prova em contrário ou quando a lei expressamente não admitir tal presunção.
  - Como e quando a posse de boa-fé pode mudar para posse de má-fé?
A doutrina tem entendido que a citação (do réu) e a contestação (que dá ciência ao possuidor, autor da demanda, da inavalidade de sua posse) acabam com a boa-fé, porque essas circunstâncias fazem presumir que o possuidor não ignora que possui a coisa indevidamente. No caso de posse injusta (por violência, clandestinidade ou precariedade), altera-se o caráter da posse quando esses vícios cessarem (art. 1.208/CC). No caso de boa-fé, altera-se o caráter quando o possuidor toma conhecimento do vício (art. 1.202/CC).
Se a posse foi adquirida de má-fé, nunca haverá modificação do caráter, pois ninguém pode mudar, por si próprio, a causa ou o título da posse. Também se opera a transformação de caráter da posse através de uma mudança de posição jurídica em relação à coisa (ex: locatário que compra o imóvel locado).
De acordo com o art. 1.203/CC, a posse mantém o mesmo caráter de quando foi adquirida, salvo disposição em contrário. Se a posse foi adquirida violenta, clandestina ou precariamente, ela conservará esse caráter aos respectivos adquirentes, salvo se provar que a violência, clandestinidade ou precariedade já cessaram.
E) Posse ad interdicta
Posse ad interdicta é toda posse que pode ser defendida pelas ações possessórias, na hipótese de ser ameaçada, turbada ou esbulhada.
F) Posse ad usucapionem
Quando a posse é prolongada, pelo decurso de certo tempo, ela pode dar origem ao usucapião, desde que ocorram os requisitos previstos em lei (art. 1.238 e ss do Código Civil). A posse que apresenta todos os requisitos necessários é chamada posse ad usucapionem.
G) Posse nova e posse velha
Com base no art. 558 do CPC, a posse nova é aquela que existe a menos de ano e dia (1 ano e 1 dia) e posse velha é aquela que já existe por mais de um ano e dia. Essa classificação é importante para se conceder a liminar na ação possessória, isto é, se a posse for nova, é possível pedir liminar nos interditos (seguem o procedimento previsto nos art. 560 e ss do CPC); se a posse for velha, a ação seguirá o procedimento comum, não perdendo o caráter possessório. O prazo de ano e dia para caracterização de posse nova conta-se, em regra, desde a data do esbulho ou turbação até o ajuizamento da ação, ou seja, a ação possessória precisa ser proposta no prazo máximo de 1 ano e 1 dia, contados da turbação ou esbulho, para que siga o procedimento previsto nos art. 560 e ss do CPC, do contrário, seguirá o procedimento ordinário.
H) Composse
Ocorre quando duas ou mais pessoas possuem coisa indivisa. Dois ou mais sujeitos podem ter a posse da mesma coisa como se condôminos fossem, caso se tratasse de propriedade.
Independente da quota-parte de cada possuidor, ambos compossuidores podem defender sua posse contra terceiros, mas um não pode excluir a posse dos outros compossuidores (art. 1.199/CC).
Ações possessórias I
O problema da posse, posse e detenção, posse e propriedade, natureza jurídica da posse, classificação da posse, proteção possessória e ações possessórias e afins.
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O problema da posse
No artigo 1196 do CC prevê uma definição de possuir “todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”
A posse é uma exteriorização da propriedade, não podendo ser confundida com ela, adotando assim, a teoria objetiva da posse.
Posse e detenção
Segundo a concepção de Jhering, ambas consistem no poder de fato sobre a coisa, sendo distinguidas pela existência de uma norma jurídica que desqualifique o poder de fato sobre a coisa, considerando-o mera detenção.
Em princípio, aquele que tem poder de fato sobre a coisa, ou seja, tem a possibilidade de explorá-la economicamente, e de influir sobre ela, tem a posse. Porém pode a lei desqualificar esse poder de fato, considerando-o mera detenção. Segundo a teoria objetiva, essa última, é a exceção à regra.
Os exemplos fundamentais de detenção previsto no CC estão nos artigos:
“Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.”
“Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.”
Posse e propriedade
Em regra quem tem posse tem também propriedade, porém a posse tem autonomia, e pode ser protegida de si mesma, e até contra o proprietário.
A posse que corresponde o direito real de propriedade dá-se o nome de jus possidendi, e àquela que se protege de si mesma, sem qualquer relação com o domínio, é a jus possessionis.
Necessário, ainda, fazer distinção entre o juízo possessório e o petitório ou dominial. Deve valer-se do interdito possessório aquele que pretende recuperar o bem invocando, exclusivamente, sua qualidade de possuidor, e o fato de ter sido esbulhado, turbado ou ameaçado. Porém, quem pretende reaver o bem, comfundamento no fato de ser o seu proprietário, deve valer-se do juízo dominial ou petitório, ajuizando assim, ação reivindicatória ou a de imissão de posse. Nessa, o agente quer reaver a posse de um bem, com base na titularidade do domínio (jus possidendi).
Se um é o possuidor e outro o proprietário, este acabará vencendo. Porém, o proprietário da coisa tem o direito de reavê-la pelas vias legais, com o ajuizamento de ação petitória, não podendo fazer pelo emprego de força.
Natureza jurídica da posse
Por serem os direitos reais previstos, taxativamente, no artigo 1.225 do Código Civil, e a posse não esta enumerado nesse rol, acredita-se que a posse aproxima-se mais dos direitos pessoais. Além do mais, a posse não tem eficácia erga omnes, nem tem caráter absoluto como os direitos reais.
Se real, na demanda em que se discute, e que verse sobre bem imóvel, exige-se outorga uxória ou marital, e a competência é do foro de situação da coisa.
Porém, conforme prevê o artigo 10, parágrafo 2°, do CPC, não há necessidade de autorização do outro cônjuge para o ajuizamento de ação possessória, salvo se compossuidor.
Com relação à competência, vige a regra de que as ações possessórias de imóveis sejam aforadas no foro de situação da coisa, assemelhando, assim, as ações reais, pois as pessoais, em regra, devem ser aforadas no foro do domicílio do réu.
Classificação da posse
Há posse direta e indireta, assim, conforme o artigo 1197 do CC “A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.”
Toda vez que, por força de uma coisa ou outra um bem, móvel ou imóvel, for transferido a outrem em caráter provisório, a posse se desmembrará. Quem o receber terá a posse direta, e o que entregar à indireta.
Também se distingue a posse em justa e injusta, segundo o artigo 1200 do CC “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”. Esse rol não impede que a posse se considerada injusta.
Posse violenta consiste no emprego de força ou grave ameaça, para obtê-la.
Posse clandestina é a obtenção às escondidas, manobras tendentes a afasta-la das vista alheia.
Posse precária ocorre quando alguém recebe determinada coisa com obrigação de restituí-las, recusando injustamente a fazê-lo.
O ônus da prova é do autor que deverá provar que a posse do réu é injusta em relação a sua.
Finalmente, distingue-se entre a boa-fé e a má-fé, na verdade quem esta de boa ou má-fé não é a posse, mas o possuidor.
Prevê o artigo 1.201 que “É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”.
Assim, será de má-fé a posse quando o possuidor tiver conhecimento do vício.
Proteção possessória
Há duas formas de defender a posse:
1ª) Autotutela – o legislador prevê no artigo 1210, §1º do CC, que o próprio possuidor defenda a posse de situações diferenciadas, qual sejam:
a) A posse esta sendo agredida ou na iminência de o ser, autorizando o possuidor defendê-la por sua própria força.
b) Porém vai mais além, autorizando aquele que perdeu a coisa de reavê-la, por sua própria força, desde que o faça logo. Nesse caso a posse não esta sendo agredida ou na iminência de ser, aqui já ocorreu a agressão.
2º) Caso não seja mais possível fazer uso da autotutela, pode o possuidor defender a coisa por meio da heterotutela, ou seja, das ações possessórias.
Ações possessórias e afins
Há apenas três ações ou interditos possessórios: reintegração de posse, usada no caso de esbulho; a manutenção de posse, usada no caso de turbação; o interdito proibitório, usado no caso de ameaça à posse.
Estas não podem ser confundidas com outras ações, como por exemplo, ação de imissão de posse, ação reivindicatória, ação de nunciação de obra nova ou ação de embargos de terceiros.
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Ações possessórias III
Procedimento das ações possessórias, procedimento especial, procedimento ordinário, competência, legitimidade, petição inicial, audiência de justificação, resposta do réu, liminar, sentença e a exceção.
Procedimento das ações possessórias
- Procedimento especial e ordinário
Previsto no artigo 924 do CPC, o que deve ser levado em consideração é o tempo que transcorreu desde o momento em que a posse foi agredida.
Se entrar com a ação no prazo de um ano e um dia a contar da agressão, ela será de forma nova, e seguirá o rito especial. Somente nesse caso poderá o autor postular a liminar possessória, e caso isso ocorra o réu poderá comprovar que o autor não tem capacidade econômica para fazer frente a eventual pedido indenizatório, caso a ação seja julgada improcedente, poderá requerer ao juiz que estipule caução.
Resguardadas as exceções, se passar o prazo de ano e dia, será de força velha, e procedimento ordinário, porém a posse continuará viciosa, nesse caso, se necessário poderá requerer tutela antecipada.
Inicia-se a contagem do prazo de ano e dia do momento em que se consuma a agressão à posse, e conforme o artigo 1.208 do CC, não autoriza a aquisição da posse os atos violentos ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou clandestinidade.
Procedimento especial
Entre outras, é importante observar algumas peculiaridades. A primeira diz respeito à competência, se o bem for imóvel as ações possessórias devem ser propostas no foro de situação do imóvel, conforme artigo 95 do CPC, sendo essa competência absoluta não está sujeita a derrogação das partes.
Caso o objeto da ação possessória for coisas móveis, segue a regra geral, a de competência do domicílio do réu, artigo 94 do CPC.
A segunda peculiaridade diz respeito à legitimidade. É legitimado ativo aquele possuidor que tenha sido esbulhado, turbado ou ameaçado.
Em caso de morte do possuidor tal direito transfere-se aos herdeiros ou sucessores.
É legitimado passivo aquele que perpetrou o esbulho, turbação ou ameaça, e caso tenha falecido, o espólio ou os herdeiros e sucessores. Se houve uma transferência da coisa a terceiros, é imprescindível que se verifique se o adquirente estava, no momento da aquisição, de boa ou má-fé. Nesse último caso poderá ajuizar, com êxito, ação em face dele, porém caso o terceiro estivesse de boa-fé, não terá êxito na ação possessória.
A terceira peculiaridade diz respeito à petição inicial, admite-se que, caso não saiba as qualificações de todos os invasores, possam ser nomeados apenas os invasores que puderam ser identificados, se nenhum dos invasores forem identificados, o polo passivo será ocupado genericamente por todos os invasores do imóvel, sem a necessidade dos respectivos nomes e qualificações.
A quarta peculiaridade é a da audiência de justificação, a sua finalidade é dar oportunidade ao autor demonstrar que preenche os requisitos da liminar, pois, esporadicamente, conseguirá fazê-lo por documentos, tendo assim, necessidade de ouvir testemunhas.
Se for concedida a liminar, caberá agravo sob a forma de instrumento.
A quinta peculiaridade tem relação com a resposta do réu, após a liminar o procedimento será ordinário.
Além de contestar, poderá valer-se das exceções rituais, e até de reconvenção, desde que para formular pedido que não possa ser feito na própria contestação.
Finalmente, o último procedimento especificado é o da sentença e a exceção – se a ação for julgada procedente, o juiz condenará o réu em uma obrigação de entrega de coisa certa, ou condenará a abster-se, seja do prosseguimento nos atos turbativos, seja no de converter a ameaça em ofensa à posse.
Não haverá execução, sendo a sentença executiva lato sensu. Com o trânsito em julgado, ou quando não couber mais recurso com efeito suspensivo, expedir-se-á mandado para cumprimento do que ficou decidido.
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Ações possessórias II
Tipos de ações possessórias, fungibilidade das ações possessórias,cumulação de demandas, natureza dúplice e exceção de domínio.
Tipos de ações possessórias
Há três tipos de ações possessórias:
a) Reintegração de posse, a qual cabe no caso de esbulho, que ocorrerá quando a vítima for desapossada do bem, por exemplo, no caso do imóvel ser invadido e a vítima expulsa, ou se o agressor se posta na entrada do imóvel e não permite mais que a vítima ingresse.
b) Manutenção de posse, verificada nos casos de turbação em que já existem atos concretos de agressão, mas a vítima ainda não foi desapossada, por exemplo, supostos invasores armados derrubarem a cerca, ou postarem na frente do portão, dificultando o ingresso, haverá turbação.
c) Interdito proibitório, em caso de ameaça, tendo que ser tal, que incuta à vítima o temor de que possa vir a concretizar-se, por exemplo, se um potencial invasor, acompanhado de várias pessoas, todas munidas de armas, posta-se na vizinhança do imóvel, e por sua atitude, deixa entender a intenção de invadir, haverá ameaça.
Fungibilidade das ações possessórias
No direito material não há critérios precisos para distinguir, com certeza, entre as diversas formas de violação à posse, com isso o legislador processual valeu-se do princípio da fungibilidade das ações possessórias.
A fungibilidade no processo civil serve para amenizar a regra de que o juiz fica adstrito, no julgamento, àquilo que foi pedido, não podendo julgar nem mais nem além, aplicando não só entre as ações possessórias, mas também entre os recursos e entre as cautelares e a tutela antecipada. Em todos esses casos há possibilidade de haver dúvidas do julgador e do jurisdicionado a respeito de qual a medida mais adequada para a situação.
Podendo o juiz, com a fungibilidade, julgar uma ação pela outra, sem que a sentença seja tida como extra petita.
Cumulação de demandas
Admite-se que cumule ao pedido possessório o de: a) condenação em perdas e danos; b) cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; c) desfazimento de construção ou plantação, feita em detrimento de sua posse.
Porém só será permitida a cumulação se o tipo de procedimento adeque para todos os pedidos. E caso, para cada pedido corresponder um tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação se o autor empregar o procedimento ordinário.
Natureza dúplice
Consideram-se ações dúplices quando a lei permite ao réu formular pedidos em face do autor sem reconvir, deixando a contestação de ser unicamente peça de defesa, e torna-se sede de pedidos, do réu contra o autor.
Salvo exceções, em caráter dúplice permitirá ao réu formular os mesmos pedidos que o autor poderia fazer na petição inicial, sem prejuízo do procedimento especial.
Por exemplo, imaginemos dois imóveis lideiros, e que haja dúvida a respeito dos limites exatos das divisas entre ambos. Um possuidor, acreditando que a divisa está em um determinado ponto, pensa que o réu está invadindo seu terreno e ajuíza em face dele ação possessória. O outro acredita que a divisa está em outro ponto, e que o invasor é a parte contrária.
Exceção de domínio
Em nenhuma hipótese, não se admite mais exceção de domínio nas ações possessórias, pois mesmo que na ação possessória ambas as partes invoquem para si a qualidade de proprietárias, o juiz não deve julgar em favor de quem provar ser dono da coisa, mas de quem demonstrar melhor posse. Caso ninguém consiga, a decisão deve ser dada com fundamento nas regras do ônus da prova.
Além do mais o artigo 1.210, §2º, do Código Civil vigente, estabelece: “Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa”. Como a lei não faz nenhuma exceção à regra, atualmente prevalece, a regra absoluta, de que o juízo possessório e o petitório devem ficar separados.
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Ação de consignação em pagamento II
Consignação em caso de dúvida quanto à titularidade do crédito e consignação de alugueres.
Consignação em caso de dúvida quanto à titularidade do crédito
A ação cabe quando o devedor não sabe, com certeza, a quem entre os possíveis credores deve efetuar o pagamento, para que não pague mal, e com isso tenha que pagar novamente.
É legitimado passivo todos aquele que se apresentar como credor, disputando o pagamento.
Basta a dúvida subjetiva do devedor, que com razões fundadas, esteja com dúvida de identificar com segurança a quem o pagamento deve ser feito. Com isso, não é necessário que duas ou mais pessoas tenham apresentados como credoras pretendendo o pagamento.
Porém é obrigatória que a dúvida seja fundada e razoável, pois caso o juiz ao analisar a petição, por exemplo, vendo que a dúvida era infundada, indeferirá a petição inicial.
Por óbvio, também é admitida a consignação quando houver efetiva disputa judicial ou extrajudicial entre os potenciais credores.
O prazo para efetivar o depósito é de cinco dias após recebimento da petição inicial, e caso isso não ocorra, o processo será extinto sem resolução do mérito.
Após a citação o procedimento dependerá das possíveis atitudes que os réus poderão tomar:
a) Caso ninguém se manifeste, o magistrado aplicará os efeitos da revelia e proferirá sentença, declarando a extinção da obrigação, liberando o devedor. A quantia ou coisa depositada será arrecadada como bem de ausentes.
b) Pode ocorrer, ainda, que apenas um interessado se apresente e reclame o pagamento, dentre os outros possíveis credores. Sendo assim, o juiz decidirá de plano, o que faz pressupor que, ante a omissão dos demais, o valor deve ser entregue àquele que compareceu, porém necessário se faz, que esse credor demonstre que tem direito a recebê-lo. Caso não seja demonstrado o seu direito se procederá como se ninguém tivesse apresentado.
c) Por fim, pode ser que apresente dois ou mais interessados, devendo o magistrado declarar efetuado o depósito, se suficiente, e extinta a obrigação, dando continuidade ao processo unicamente entre os credores, observando assim, o procedimento ordinário.
Se o depósito inicial for insuficiente para extinguir a obrigação, o magistrado concederá prazo de dez dias para a complementação.
A decisão que declara efetuado o depósito e extinta a obrigação, tem natureza de decisão interlocutória, já que não põem fim ao processo, tendo como recurso cabível o agravo de instrumento.
Consignação de alugueres
Cabe quando o objeto do depósito é o pagamento de alugueres e encargos, provenientes de contrato de locação, regido pela lei do inquilinato (Lei n°8.245/91).
O procedimento também é regido por essa lei especial, não diferenciando, profundamente, entre o procedimento da consignação comum.
Entre outras peculiaridades, a apelação interposta contra sentença não possui efeito suspensivo, apenas meramente devolutivo. Tem como competência o foro de situação do imóvel, salvo eventual foro de eleição, sendo que o valor da causa deverá corresponder a doze meses de aluguel.
Estando a petição inicial com todos os seus requisitos necessários, o juiz determinará a citação do réu, e no mesmo despacho, ordenará que o autor seja intimado, para que em 24 horas deposite o valor ofertado, sob pena de extinção. A falta do depósito acarretará a extinção do processo sem resolução do mérito.
Se tratando de consignação de alugueres, obrigações de natureza periódica, o pedido abrange a quitação das parcelas que se vencerem no curso do processo, até a sentença. Devendo os depósitos serem feitos na data dos vencimentos.
Caso o depósito seja insuficiente, este poderá ser complementado após a resposta, o qual deverá ser acrescido de 10%. O prazo para tal complementação é de cinco dias.
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Ação de prestação de contas
Natureza dúplice, legitimidade interesse, ação de exigir contas, primeira fase da ação de exigir contas, sentença que encerra a primeira fase na ação de exigir contas, segunda fase da ação de exigir contas, ação de dar contas, forma pela qual as contas devem serprestadas e prestação por dependência
Consiste na apresentação, de forma detalhada, de todos os itens de débito e crédito que resultem da administração de negócios alheios, apurando-se se há ou não saldo devedor.
Necessário aclarar o resultado da gestão, podendo aquele que prestar contas ter saldo a receber ou débito a pagar, nesse último caso, não o isenta de cumprir esse dever.
No Código Civil estão previstas várias situações em que há o dever de prestar contas. Podemos citar algumas delas, como exemplo, a do tutor e do curador, em face do tutelado e curatelado, previsto nos artigos 1.756 e 1.774; do sucessor provisório, em relação aos bens ausentes, previsto nocaput do artigo 33; do inventariante e do testamenteiro, previstos nos artigos 2.020 e 1.980; e do mandatário em relação ao mandante, previsto no artigo 668.
No CPC há dispositivos impondo esse dever ao administrador da massa na insolvência, ou do imóvel ou empresa no usufruto executivo, ao curador da herança jacente e, eventualmente, ao depositário judicial. Porém há mais previsões em outros dispositivos.
Natureza dúplice
Há dois tipos de ações de natureza dúplice, em primeiro, são aquelas em que permitem que o réu formule pedidos contra o autor na contestação, porém poderá o réu apresentar simples defesa, sem nada requerer senão a improcedência.
Já as ações que são intrinsecamente dúplices, em que a condenação do juiz pode dirigir-se contra o autor ou contra o réu, independem de o autor ter formulado requerimento nesse sentido, em sua contestação.
Isso ocorre na ação de prestação de contas, nela o juiz pode concluir, na sentença, pela existência de saldo em favor do autor, ou do réu, mesmo que este nada tenha pedido. O juiz poderá reconhecer a existência de saldo em favor do réu, mesmo que ele não tenha apresentado contestação.
Legitimidade e interesse
Tem legitimidade tanto àquele que tiver direito de exigi-las, quanto quem tem obrigação de prestá-las, isso ocorre em virtude de sua natureza dúplice.
Com relação ao interesse, para que o tenha é necessário que a parte contrária: tenha se recusado a prestar; se recuse a receber as contas; discorde do montante do saldo; ou quando discordar da existência da obrigação de dar contas.
Ação de exigir contas
Prevista no artigo 915 do CPC, é ajuizada por aquele que teve seus bens ou negócios administrados ou geridos por terceiros, e pretende que ele preste contas de sua gestão.
Em regra o procedimento esta dividido em duas fases: inicialmente discutirá se o réu tem ou não a obrigação de prestar contas ao autor; só irá para a segunda fase se for decidido que o réu tem obrigação de prestar contas. Nessa fase o réu prestará contas e o juiz as examinará e verificará se há saldo em favor do autor ou do réu.
Primeira fase da ação de exigir contas
Na petição inicial o autor formulará o requerimento de que o réu seja compelido a prestar contas, expondo as razões do pedido. Requererá, também, a citação do réu para que em cinco dias decida o que fazer, tendo como possibilidades: a) reconhecer, desde logo, sua obrigação e apresentar as contas em juízo; b) contestar a ação, seja impugnando a obrigação de prestar contas, seja reconhecendo tal obrigação, mas informando que as contas já foram prestadas anteriormente; c) manter-se revel.
O procedimento dependerá da conduta adotada pelo réu. Dependerá, ainda, da conduta do réu, para saber se passa para segunda fase ou não.
Sentença que encerra a primeira fase na ação de exigir contas
Conforme prevê o artigo 915, §2º do CPC, caso o réu não conteste a ação ou não negar a obrigação de prestar contas, a sentença julgará procedente a ação e condenará o réu a prestar as contas no prazo de quarenta e oito horas, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresenta.
Contra a sentença cabe apelação que deve ser recebida no duplo efeito.
Segunda fase da ação de exigir contas
Com o trânsito em julgado da sentença que condena o réu a prestar contas, iniciará a segunda fase na qual o réu será intimado para que em quarenta e oito horas preste contas.
Prestando as contas o autor terá cinco dias para dizer sobre elas, podendo: concordar, caso em que o juiz considerará boas; silenciar, e disso se presumirá que há concordância; impugná-las, aduzindo que elas não foram prestadas na forma prescrita em lei.
Caso seja necessária à produção de provas o juiz determinará as pertinentes, após, proferirá sentença, julgando corretas ou não as contas prestadas, e declarando qual o saldo em favor do autor ou do réu.
Contra a sentença com eficácia condenatória caberá apelação com efeito suspensivo.
Ação de dar contas
Refere a hipótese em que aquele que deve contas querer prestá-la, mas a parte contrária não as aceitar.
Com isso, aquele que estiver obrigado a prestar contas requererá a citação do réu para que, no prazo de cinco dias, aceite a prestação ou conteste a ação, conforme artigo 916 do CPC.
Nessa ação existe apenas uma fase, pois as contas já são apresentadas na petição inicial, cumprindo apenas decidir se o réu tem de aceita-las ou não, e se estão corretas.
O réu ao ser citado poderá ter três possíveis atitudes: aceitá-las, caso em que o processo será resolvido pelo mérito, pelo reconhecimento jurídico do pedido; permanecer revel; oferecer contestação, na qual poderá impugnar as contas apresentadas, ou negar a existência da relação jurídica com o autor.
Forma pela qual as contas devem ser prestadas
Prescreve o artigo 917 do CPC que: “As contas, assim do autor como do réu, serão apresentadas em forma mercantil, especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como o respectivo saldo; e serão instruídas com os documentos justificativos”.
A forma mercantil exige que todos os lançamentos sejam apresentados de forma discriminada e em ordem cronológica, devendo haver a coluna referente às receitas e às despesas.
Salvo exceção, juntamente com as contas, deverá ser anexado os documentos que justifiquem as receitas e despesas.
Prestação de contas por dependência
O artigo 919 do CPC prescreve que: “As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de outro qualquer administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. Sendo condenado a pagar o saldo e não o fazendo no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda e glosar o prêmio ou gratificação a que teria direito”.
Refere-se a pessoas nomeadas judicialmente para administrar bens ou interesses alheios. Trata-se de uma prestação de contas que incumbe àquele que foi nomeado em juízo, para que verifique se autuou a contento. Tal determinação é do próprio juízo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.

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