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AÇÕES POSSESSÓRIAS

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AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 
Tópicos de aula. Prof Emília. 
1 INTRODUÇÃO 
 
Proteção possessória 
A lei brasileira confere proteção à posse, permitindo que o possuidor a 
defenda de eventuais agressões de duas maneiras: pela autotutela e pela 
heterotutela (ações possessórias). 
 
A autotutela vem tratada no art. 1.210, § 1º, do CC: “O possuidor turbado, 
ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, 
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem 
ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse”. 
 
As ações possessórias 
São três as ações ou interditos possessórios, previstos em nosso ordenamento jurídico: a ação de 
reintegração de posse, a de manutenção de posse e o interdito proibitório. O que as caracteriza é a 
pretensão do autor, de recuperar, conservar ou proteger a posse, objeto de agressões ou ameaças. 
 
Outras ações, que não podem ser confundidas com as possessórias 
a) Ação de imissão de posse: O nome poderia levar o leitor a pensar que se trata de ação possessória. 
Mas não é: a ação é petitória, fundada não na posse, mas na propriedade. A ação de imissão de posse 
é aquela atribuída ao adquirente de um bem, que tenha se tornado seu proprietário, para ingressar 
na posse pela primeira vez, quando o alienante não lhe entrega a coisa. 
 
b) Ação reivindicatória: Tanto o proprietário, privado injustamente do bem, quanto o possuidor 
esbulhado têm o direito de reavê-lo. O proprietário, por força do disposto no art. 1.228 do CC, que 
lhe dá o direito de reaver a coisa do poder de quem injustamente a possua ou detenha. A ação 
reivindicatória é a que tem o proprietário para, com base em seu direito, reaver a posse da coisa, que 
está indevidamente com o terceiro. 
 
c) Ação de nunciação de obra nova: sua função é permitir àquele que tem posse ou propriedade 
impedir a construção de obra nova em imóveis vizinhos; ou ao condômino, que impeça que o 
coproprietário altere a coisa comum. 
 
d) Embargos de terceiro: É a ação que mais se aproxima das possessórias. Sua função é permitir ao 
terceiro, que não é parte do processo, recuperar a coisa objeto de constrição judicial. 
 
Os três interditos possessórios 
As ações possessórias são também chamadas interditos possessórios. São elas: a reintegração de 
posse, a manutenção de posse e o interdito proibitório, cabíveis quando houver, respectivamente, 
esbulho, turbação ou ameaça. 
2 PECULIARIDADES DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 
Fungibilidade 
Vem expressamente prevista no art. 554 do CPC: “A propositura de uma ação possessória em vez de 
outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, 
cujos pressupostos estejam provados”. 
 
- Princípio da adstrição do juiz ao pedido: permite-se que conceda medida diversa da postulada. 
 
A cumulação de pedidos 
O art. 327 do CPC autoriza, genericamente, a cumulação de pedidos nos processos em geral, desde 
que sejam compatíveis entre si, que o juízo tenha competência para julgar todos e que os 
procedimentos sejam os mesmos. 
 
O art. 555 do CPC dispõe que: “É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I — condenação 
em perdas e danos; II — indenização dos frutos”. Além disso, dispõe o parágrafo único que o autor 
pode requerer a imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho 
e para cumprir-se a tutela provisória ou final. 
 
Natureza dúplice 
O art. 556 do CPC estabelece que “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi ofendido em sua 
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou 
do esbulho cometido pelo autor”. Esse dispositivo atribui, às possessórias, caráter dúplice, pois 
autoriza o réu a formular pedidos contra o autor, na contestação, sem reconvir. 
 
Exceção de domínio 
Exceção é expressão utilizada para se referir à defesa. A exceção de domínio consiste na 
possibilidade de o réu defender-se, com êxito, na ação possessória, alegando a qualidade de 
proprietário do bem. 
 
O novo Código Civil, no art. 1.210, § 2º, dispõe: “Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a 
alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa”. A lei não traz exceção à regra, e não 
permite mais, em nenhuma hipótese, que nas ações possessórias se alegue ou se discuta propriedade, 
ou que o juiz julgue com base nela. 
 
Não há mais em nosso ordenamento jurídico, em nenhuma circunstância, a exceção de domínio, e o 
réu não pode, com sucesso, defender-se invocando a sua condição de proprietário. O juiz deverá ater-
se à posse, sem pronunciar-se a respeito da propriedade. Vide art. 557, CPC. 
 
3 PROCEDIMENTO DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 
Os dois tipos de procedimento 
Existem dois tipos de ação possessória: a de força nova e a de força velha. O que as distingue é o 
procedimento, o que fica evidenciado pelo art. 558 do CPC: “Regem o procedimento de manutenção 
e reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo, quando a ação for proposta dentro de 
ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial”. O parágrafo único acrescenta: 
“Passado o prazo referido no ‘caput’, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter 
possessório”. 
 
Procedimento especial 
Será observado nas ações possessórias de força nova, ajuizadas até um ano e dia após a agressão à 
posse. O que o torna especial é a fase inicial, com a possibilidade de deferimento de liminar, que 
pode ser concedida de plano ou após a audiência de justificação. 
 
A liminar possessória não exige perigo nem urgência, mas somente que o autor demonstre, em 
cognição sumária, que tinha a posse e foi esbulhado ou turbado, há menos de ano e dia. 
 
a) COMPETÊNCIA: Se a ação possessória tiver por objeto bem móvel, a competência será do 
domicílio do réu (art. 46 do CPC); se tiver por objeto bem imóvel, a competência será a do foro de 
situação da coisa (art. 47, § 2º). 
- Outorga uxória: desnecessidade. 
 
b) LEGITIMIDADE ATIVA: Quem pode promover ação possessória é o possuidor que alega ter sido 
esbulhado, turbado ou ameaçado. O proprietário não terá legitimidade, a menos que também seja 
possuidor. 
- Caso de morte: herdeiros e sucessores. 
- Cessão de direitos possessórios por ato entre vivos. 
 
c) LEGITIMIDADE PASSIVA: É daquele que perpetrou a agressão à posse, a quem se imputa a 
qualidade de autor do esbulho, turbação ou ameaça. Se tiver falecido, do espólio ou herdeiros. 
- Terceiros: identificar se houve má-fé. 
- Ação contra a Fazenda Pública: possibilidade. Vide art. 562,§ único, CPC. Pode ocorrer 
desapropriação indireta. 
 
O que fazer quando há muitos invasores, que não podem ser identificados? 
São notórios os casos de invasões perpetradas por grande número de pessoas, cuja identidade é 
desconhecida da vítima. Se não puder ser apurada, a ação poderá ser proposta contra todos 
indistintamente, sem que se identifique um a um. Vide art. 554, § 1º, CPC. 
 
d) PETIÇÃO INICIAL: Não há peculiaridades na petição inicial da possessória, que deve preencher 
todos os requisitos do art. 319 do CPC. 
 
e) LIMINAR: É o que torna especial o procedimento das possessórias de força nova. Consiste na 
possibilidade de o juiz determinar, de plano, a reintegração ou a manutenção de posse. Ou ainda fixar 
de plano a multa preventiva, no interdito proibitório. Vide art. 561, CPC. 
 
Momento do deferimento da liminar 
A liminar típica das ações possessórias é deferida sempre antes da ouvida do réu, antes que tenha 
tido oportunidade de oferecer resposta. 
- de plano, assim que apresentada a inicial, desde que esteja de tal forma instruída que o juiz, em 
cognição sumária, se convença do preenchimento dos requisitos do art. 561 do CPC. A liminar será 
dada antes que o réu seja citado. 
- após a audiência de justificação. Se o juiz quiser maiores esclarecimentos para apreciar a liminar, 
será designada audiênciade justificação. Pode ser de ofício ou a requerimento da parte. 
 
Procedimento da audiência de justificação 
- Designada audiência, o juiz determinará a citação do réu, intimando-o da data marcada. Não é lícito 
que ela se realize sem que o réu tenha sido citado, pois, conquanto ele não possa produzir provas, 
tem o direito de acompanhá-las. Se necessário, a citação será feita por edital ou com hora certa. 
 
- A liminar é sempre examinada sem a ouvida do réu, ainda que tenha sido designada audiência de 
justificação. Por isso, a sua participação é limitada. Ele pode apenas participar da ouvida das 
testemunhas do autor, mas não pode arrolar as suas. 
 
- O prazo de resposta do réu, quando há audiência de justificação Designada audiência, o réu será 
citado, porém o prazo de resposta não fluirá da juntada aos autos do mandado devidamente cumprido, 
mas da intimação do réu sobre a decisão que apreciou a liminar, concedendo-a ou denegando-a. 
 
- A decisão que concede a liminar e os meios de impugnação: A liminar é apreciada em decisão 
interlocutória. O juiz deverá fundamentá-la. O recurso adequado será o agravo de instrumento (art. 
1.015, I, do CPC). 
 
f) A CONTESTAÇÃO DO RÉU: O prazo para contestação será de quinze dias, a partir da juntada do 
aviso de recebimento ou mandado de citação cumprido, quando não houver justificação prévia; ou a 
partir da intimação do réu a respeito da decisão sobre a liminar, se a audiência tiver sido realizada. 
 
O restante do procedimento 
A única particularidade do procedimento especial é a fase inicial, até a contestação. A partir dela, o 
procedimento será o comum. 
 
Direito de Retenção 
réu deve, na própria contestação, alegar que fez benfeitorias necessárias ou úteis, e postular o 
ressarcimento correspondente, sob pena de não ver reconhecido o seu direito de reter a coisa. 
 
Litígio coletivo pela posse de imóvel 
O CPC tratou, em dois dispositivos específicos, das ações possessórias que envolvam litígios coletivos 
pela posse do imóvel. Trata-se do arts. 554, § 1º, e 565. Por litígio coletivo, deve-se entender aquele 
que envolve muitas pessoas, que podem figurar tanto no polo ativo quanto no polo passivo, embora 
esta última hipótese seja a mais comum. 
4 INTERDITO PROIBITÓRIO 
 
O interdito proibitório é o tipo adequado de ação possessória quando ainda não houve agressão à 
posse, mas tão somente ameaça; tem certas peculiaridades que o distinguem das demais, pois seu 
caráter é preventivo, não repressivo. 
 
O autor não pedirá ao juiz a expedição de mandado possessório, mas a fixação de uma multa, 
suficientemente amedrontadora, que desanime o réu de perpetrar a agressão que ele ameaça 
realizar. 
 
 
 
Referências 
 
BRASIL, Código Civil, 2002. 
______Código de Processo Civil, 2015. 
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. Saraiva, 2019. 
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. Saraiva, 2019.

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