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RESUMO ECONOMIA Texto: Aprender Economia- Paul Singer Cap. 1 - Dos Preços ao Valor 1. Introdução Preço e valor estão interligados. Existem várias formas pelas quais se fixam os preços das mercadorias. Mas estas formas dependem do tipo de produto e da forma de mercado. Já as teorias do valor explicam por que certas mercadorias são mais caras do que outras. 1.1. Conceitos essenciais Todo este estudo se refere às chamadas economias de mercado: • Economia de mercado - economias (como a brasileira) em que a maior parte da produção é dividida em unidades especializadas (como as fábricas) que vendem o que produzem sob a forma de mercadorias. • Mercadoria - produto que não se destina ao consumo do próprio produtor, mas à venda. Possui duas formas: ◦ Bem - produto material; ◦ Serviço - produto imaterial, • “Liberdade de mercado” - cada unidade de produção tem liberdade para decidir o que vai produzir, quanto vai fazer de cada bem ou serviço e quanto vai cobrar por eles. 2. As Leis do Mercado Podemos entender a economia de mercado como um jogo, e todo jogo pussui regras (gerais): 2.1. Regras básicas das economias de mercado • O vendedor, em geral, fixa o preço. • O consumidor decide quanto quer comprar. • Em cada ramo de produção existe um grande número de vendedores. Isto nos leva às diferentes formas de mercado: 2.2. Estruturas das economias de mercado (dos produtores/vendedores) • Monopólio - não permite a concorrência. São os casos em que há um único vendedor. ◦ Monopólio Natural - a natureza da mercadoria impede a concorrência (serviços como os de energia elétrica e de iluminação pública). ◦ Monopólio Artificial - a publicidade cria um mercado exclusivo para a mercadoria de determinada empresa (ver o ponto 8.2. Publicidade). • Oligopólio - situação de poucos competidores. Poucos, porém mais de um, vendedores ou produtores de determinada mercadoria. • Concorrência - quando o número de produtores é bastante grande. Permite aos consumidores não só escolher a mercadoria, a quantidade, mas de quem desejam comprá-la. Assim, os vários competidores tem de prestar atenção uns aos outros sobre o que estão oferecendo e a que preço. Concorrência Monopólica - a concorrência é entre poucos, mas grandes produtores (ver o ponto 8.4. Concorrência monopólica). 3. Tipos de Mercadorias Para entender como funciona a formação de preços, é preciso distinguir dois tipos de mercadorias (produtos) diferentes: • Mercadorias elásticas aos preços (ou de produção elástica ao preço) - mercadorias cuja produção pode aumentar ou diminuir conforme a procura. Tem a elasticidade de se ajustar a flutuações do consumo. Em geral, são produtos industriais (como os automóveis) e serviços. • Mercadorias inelásticas aos preços (ou de produção inelástica aos preços) - mercadorias que, a cada momento, sua quantidade é dada e não pode ser facilmente alterada. Elas não tem elasticidade, pois não podem ser ajustadas ao aumento ou diminuição da procura. São, basicamente, os produtos agrícolas (uma vez colhida a soja, até o ano seguinte essa quantidade de soja é a que existe para ser vendida). 4. Os Preços dos Produtos Elásticos Os preços dos produtos elásticos se formam basicamente pelos custos de produção. 4.1. Custo de produção (das empresas) • Custo com a mão-de-obra - pagando salários. • Custo com a compra de matéria-prima. • Custo com os equipamentos - que são amortizados ano a ano, dependendo de sua vida útil. O custo de produção vai determinar quanto a empresa vai pedir pelo produto. Só que a empresa não vai pedir exatamente aquilo que custa: ela vai pedir mais, porque ela vai querer lucro. 4.2. Lucro (mark up) É a finalidade de uma empresa, num sistema de mercado: • O lucro depende do preço a que se consegue vender o produto, menos o custo: ◦ Lucro = preço - custo • Lucro, na linguagem dos economistas, é chamado de mark up - corresponde a 5 ou 10% do custo. • 4.3 Preço O preço é formado pelo custo da produção, acrescido de uma margem de lucro: ◦ Preço = custo + lucro A margem de lucro é competitivamente fixada por cada empresa, por que o preço não pode ser muito diferente dos das competidoras. Então, neste caso, os preços são mais ou menos proporcionais aos custos de produção. 5. Os Preços dos Produtos Inelásticos Os preços dos produtos inelásticos se formam basicamente pelo inverso do que acontece com os produtos elásticos. São mais ou menos fixados num sistema de leilão: 5.1. Sistema de leilão É o comprador, em última análise, quem determina o preço pelo qual se vende o produto. 5.2. Custo de produção O custo de produção de um produto agrícola é mais ou menos fixo. 5.3. Preço O preço varia inversamente ao volume produzido (quanto maior for a produção, menor será o preço). Porém, é a especulação que fixa os preços, que variam extraordinariamente. ◦ Preço = produção + especulação 5.4. Especulação • Trata-se de um jogo (sistema de leilão), nas grandes bolsas de mercadorias, em que se transaciona o produto do ano e o produto do ano que vem. • Toma-se em consideração o tamanho da colheita, o tamanho dos estoques remanescentes das colheitas anteriores, etc. • As flutuações dos produtos agrícolas que se transacionam no mercado internacional não refletem o seu custo de produção, mas o seu preço. Então, neste caso, os preços resultam da especulação, com a quantidade disponível para ser vendida e a quantidade que se desejaria consumir. 6. Os Preços Políticos Formação de preços que depende das relações de força entre os Estados compradores e os Estados vendedores. É uma exceção. É o caso do petróleo (como na OPEP). 7. Os Preços dos Produtos Padronizados Para entender como funciona a formação de preços, é preciso agora ver em que medida ele é determinado pela própria forma do mercado. Seguindo a forma do mercado, temos novamente dois tipos de produtos: 7.1. Produto padronizado • Tem uma determinada especificação, igual onde quer que seja produzido. • O produto padronizado típico é a matéria-prima - o aço, por exemplo. Entre as matérias-primas, uma grande quantidade de produtos é praticamente padrão - sua qualidade tem de ser a mesma. ntão, temos novos tipos de mercado: 7.2. Estruturas das economias de mercado (dos compradores/consumidores ) • Monopsônio - quando há um único comprador no mercado (o contrário de monopólio). • Oligopsônio - há um grande número de vendedores, e muitas vezes um pequeno número de compradores (o contrário de oligopólio). O caso mais interessante para caracterizar a formação de preços nesses tipos de mercados é a agricultura (quando o comprador é uma indústria). No caso dos mercados monopsônicos ou oligopsônicos, quem fixa o preço é o comprador. A formação dos preços de produtos padronizados implica geralmente margem de lucro pequena. 7.3. Produto não-padronizado • Este caso é totalmente diferente das mercadorias padronizadas: 8. Os Preços dos Produtos Não Padronizados Geralmente, há diferenças de apresentação, de cor, e assim por diante, que são artificialmente suscitadas pelos fabricantes. O típico desta classe de mercadorias é o produto industrial para o consumo individual. 8.1. Produto industrial para o consumo individual • O produto é praticamente o mesmo, no sentido de satisfazer as mesmas necessidades. • Recebe um nome de fantasia de seu fabricante (como “Gillette”). • Utiliza em grande escala a publicidade. 8.2. Publicidade • Usada tentando (e em geral conseguindo) convencer os consumidores de que aquele produto é diferente de todos os demais. • Tenta fazer com que o consumidor esqueça o nome do produto e passe a adotar a marca (como IPhone), porque isso cria o monopólio artificial dessa empresa emrelação a essa mercadoria. Quando isso acontece, os preços podem ser bastante diferentes dos custos de produção. Aí, os custos de comercialização é que entram pesadamente: 8.3. Custos de comercialização • A empresa gasta um dinheirão para criar uma espécie de mercado artificial, seccionado, só para o seu produto. • Em função disso, pode cobrar um preço que é muito maior que o custo de sua produção. Assim, cria-se a chamada concorrência monopólica: 8.4. Concorrência monopólica • A concorrência entre poucos e grandes produtores. • Usam um conjunto muito sofisticado de mensagens publicitárias para isolar dentro do mercado uma área (monopólio) em que eles são os únicos fornecedores. Então, podemos fazer um resumo das formas (gerais) dos mercados: 8.5. Principais regimes de mercado Esses são os principais regimes de mercado capitalistas contemporâneos: • Mercado oligopsônico ou monopsônico - é o mercado de pequenos produtores de matérias-primas e de grandes compradores industriais. • Mercados oligopólicos - em que cada um dos grandes vendedores diferencia seus produtos, cria imagem de marca, portanto secciona o mercado e cria um pequeno monopólio relativo para si. • Mercados mais concorrenciais - vários tipos em que existe maior quantidade de vendedores e de compradores e relativo equilíbrio. • Mercados unicamente políticos. 9. Os Vários Tipos de Preços Numa grande recapitulação: • A maior parte dos produtos é elástica aos preços e por isso estes são determinados pelos custos de produção, acrescidos por um mark up. ◦ É o tamanho desse mark-up que varia - conforme o tipo de produto e o regime de mercado em que ele é transacionado. Produtos elásticos padronizados têm (via de regra) mark up reduzido - porque a concorrência que se estabelece entre os vendedores é do tipo “preço e qualidade”. Produtos elásticos não-padronizados têm (via de regra) mark up alto - porque cada produtor desfruta de um semimonopólio sobre uma parte do mercado, o que lhe permite cobrar preços muito maiores do que seus custos de produção. • Produtos inelásticos têm seus preços formados em função da oferta presente e futura, de modo especulativo. • São as características dos produtos e dos mercados que determinam as maneiras como se formam os preços. • O que interessa entender é a relação entre preços e custos - o tamanho do mark up. 10. O Valor Diferentes escolas de pensamento econômico se fundamentam em diferentes teorias do valor. • 10.1. Definição de valorNo fundo, valor é o preço relativo: ◦ O preço que estamos acostumados a encontrar é o preço cotado numa moeda. ◦ A moeda é uma unidade de medida dos preços. Então: • O valor é o preço de cada produto em relação aos outros. 10.2. Objetivo da teoria do valor • Dar um princípio explicativo geral dos preços relativos das mercadorias. • As teorias do valor se constroem a partir dos preços - da idéia de que o valor é algo subjacente aos preços. • Sabendo-se os preços das mercadorias, sabe-se também o valor delas. Existem duas teorias do valor predominantes: a teoria do valor-trabalho e a teoria do valor-utilidade (ou teoria marginalista). 11. A Teoria do Valor-trabalho É a teoria mais antiga. Ela se aplica fundamentalmente aos produtos elásticos aos preços - produtos industriais, serviços e assim por diante. 11.1. Objetivo da teoria do valor-trabalho • Explicar quais são os limites da margem de lucro (mark up) que se pode cobrar. Porém, primeira coisa que ela tem de fazer é explicar os próprios custos de produção: 11.2. Decomposição dos custos de produção É possível decompor os custos de produção em: • Custos de trabalho - fundamentalmente os salários dos trabalhadores que produzem as mercadorias. • Custos de outras mercadorias - despesas com matérias-primas, máquinas e equipamentos e instalações em geral (que, por sua vez, também podem ser decompostas da mesma maneira). Em última análise, todos os custos de produção são reduzíveis a trabalho humano. O trabalho humano é o único custo real de produção. É o único custo porque não pode ser apropriado livremente, ele tem de ser pago com bens que são, por sua vez, produtos de trabalho humano. 11.3. Definição da teoria do valor-trabalho É chamada assim porque sustenta que o valor, em última análise, não é mais do que uma manifestação do único custo real de produção, que é o trabalho humano. 11.4. Características do trabalho humano Tudo que se produz em forma de mercadoria é fruto direto ou indireto de trabalho humano: • Trabalho direto - o último trabalho realizado para a produção de mercadoria (como o automóvel que acabou de sair da Volkswagen). • Trabalho indireto - o trabalho realizado no processo da produção de mercadoria (como os pneus, os bancos, as rodas, etc. que foram para lá já produzidos em outras fábricas). Portanto, o trabalho, na sua duração (o tempo de trabalho), é o elemento fundante de todos os preços. Mas isso não quer dizer que os preços sejam meramente custos de produção em salários: 11.5. Conceito mais amplo de preço O preço é uma soma de salários e de rendas que não são de trabalho - como lucros, juros, renda da terra e impostos: • Imposto - tributo pago ao Estado - uma espécie de renda política. • Renda da terra - é o aluguel que o proprietário de um local recebe - por alugar uma casa, um galpão para uma fábrica ou uma extensão de terra agriculturável a um lavrador ou fazendeiro. • Juro - um aluguel, só que de dinheiro - conforme o tempo decorrido, gera um rendimento. • Lucro - é aquilo com que o proprietário da empresa fica da receita das vendas, depois que ele pagou todas as despesas. ◦ Preço = soma dos salários + rendas (que não são de trabalho) O valor das mercadorias (que se traduz em preços) é, em última análise, tempo de trabalho social - de trabalho inserido na divisão social do trabalho. Não há proporcionalidade estrita entre tempo de trabalho e preços relativos (não dá para medir preço por quantidade de horas de trabalho) por uma razão fundamental: porque os preços são formados, de uma maneira geral, conforme os vários tipos de mercado. 11.6. Importância da teoria do valor-trabalho A teoria do valor-trabalho não pretende explicar os preços individuais - não no regime capitalista, em que a produção é dominada pelo capital, e o capital exige lucratividade. Apesar disso, essa teoria permite formular uma macroeconomia - analisar os grandes movimentos gerais da economia. 12. A Teoria do Valor-utilidade Essa teoria se baseia em outro tipo de mercadoria. Ela é uma generalização do caso de mercadorias que não se ajustam às oscilações da procura (inelásticas), cujo preço é formado pelos compradores no sistema de leilão especulativo. 12.1. Objetivo da teoria do valor-utilidade • Explicar que a produção de mercadorias depende de decisões subjetivas de quem vai usá-las. 12.2. Preço e utilidade relativa Preços relativos refletem (em última análise) as utilidades relativas para os consumidores da grande variedade de mercadorias que estão à disposição deles. Assim, preço é relativo à utilidade. 12.3. Determinação do valor • A mercadoria tem uma utilidade para o comprador que é decrescente em relação à sua quantidade. Dessa forma, temos de maneira inversa: • O valor que atribuímos aos produtos depende da quantidade que podemos ter deles (quanto maior a quantidade, menor o valor). A partir daí, pode-se formular a seguinte teoria: 12.4. A teoria da utilidade decrescente • Consumidores: vão dar grande valor a uma pequena quantidade de mercadoria e vão dar pouco valor a uma grande quantidade de mercadoria - assim se explica a demanda. • Fabricantes: tem comportamento inverso - explicando a oferta. Mas, paraproduzir uma quantidade crescente de mercadorias, o custo de cada uma será crescente. A suposição é de que, quanto maior a produção de um determinado produto, mais o seu custo se eleva. Então, com o crescimento da quantidade (valor decrescente para os consumidores e custo crescente para os vendedores), conclui-se que só uma única combinação de quantidade e preço pode satisfazer consumidores e produtores. Esta é uma teoria liberal, que supõe que a decisão final sobre o valor é dos consumidores. 12.5. Objeções à teoria do valor-utilidade Esta teoria tem uma série de pontos fracos, na medida em que se afasta da realidade capitalista: • Não existem apenas custos crescentes. Existem os chamados: Ganhos de escala - em que os custos são decrescentes - quanto mais se produz, mais o produto se torna barato. • Supõe que existe total independência entre compradores e vendedores: os compradores são completamente cientes - vão comprar a mercadoria mais barata, de melhor qualidade, que realmente vai dar a satisfação que eles desejam. Portanto, estas teorias do valor usam dois princípios explicativos diferentes, que vão dar interpretações diferentes e opostas aos fenômenos econômicos. Texto: Prefácio à Nova Economia Política- Celso Furtado 1. Quadro teórico para a análise econômica: • Escola Estruturalista Latino-americana Celso Furtado afirma que a concepção funcionalista dos processos sociais é insuficiente para captar os aspectos fundamentais dos sistemas econômicos contemporâneos. A Escola Estruturalista Latino-americana permite o conhecimento de importantes características das economias subdesenvolvidas. Celso Furtado aponta também o esgotamento dessa teoria como plano explicativo e se propõe a contribuir para a sua superação. 2. Um conceito de acumulação mais abrangente As ideias básicas da economia política clássica partem da simples ideia de que os níveis de riqueza das populações variam no tempo e no espaço. Celso Furtado sugere que por trás da ideia de riqueza está a de acumulação. Acumulação tem duas formas: • Estoque: capital já acumulado, ou seja, capacidade de produção; • Fluxo: formação de capital, ou seja, investimento. Acumulação-estoque: • Pensadores como Malthus e Adam Smith entendiam que somente é produtivo o trabalho cujo fruto pode ser acumulado. O conceito de riqueza de um país é entendido como o seu trabalho produtivo-acumulado/estocado. • J. Stuart Mill fez a diferença entre utilidade e riqueza, observando a acumulação em seu resultado final. Acumulação-fluxo: • A preocupação com o processo de investimento foi a que prevaleceu entre os clássicos - como Marx - e os neoclássicos. • Durante o keynesianismo (teoria que defende a ampla participação do Estado na regulação da economia), a hegemonia do estudo dos fluxos foi tão completa que o próprio conceito de riqueza chegou a ser abandonado. Aqui existe um problema. Celso Furtado nota que, ao estudarem os investimentos, os economistas estão estudando apenas uma forma particular de acumulação. Investimento é a acumulação diretamente ligada ao aumento da capacidade produtiva de um sistema econômico. Assim, pouco se fica sabendo sobre a acumulação global (mais ampla). Análise global do processo de acumulação: • Acumulação e progresso técnico - uma das relações centrais. • Se localiza: ◦ No sistema de produção (IN): assimilação de processos produtivos mais eficazes - razões essencialmente técnicas; ◦ Fora do sistema de produção (OUT - consumo social): forma de modificação no estilo de vida de grupos de população - regida por fatores sociais. • Quanto mais concentrada a renda, mais a acumulação fora do sistema produtivo requer modificações no estilo de vida, ou seja, a introdução de novos produtos. • O estudo da acumulação ao nível do sistema produtivo requer uma compreensão do processo global de acumulação. 3. Estudo da acumulação global 3.1. Divisão social do trabalho e estratificação social • Conceito de excedente - ponto de partida para o estudo da acumulação global. Ideia que vem dos fisiocratas e dos primeiros clássicos ingleses. Excedente é a diferença entre a produção e o consumo de produtos. Também chamado de produto líquido. Dá origem à diferença entre trabalho produtivo e não produtivo: • Trabalho produtivo: que gera excedente; • Trabalho não produtivo: que não gera excedente. Existe uma ligação profunda entre as formas de apropriação do excedente e a estrutura de classes da sociedade. Análise histórica da estruturação social 1. Especialização ou/e Divisão do trabalho: são as formas como as sociedades organizam a sua produção econômica. ◦ Especialização - produção da totalidade de um produto por um trabalhador. ◦ Divisão do trabalho - realização de uma tarefa por um trabalhador, que isoladamente, não tem significação. A divisão do trabalho aprofunda especialização e aumenta a interdependência entre os indivíduos. 2. Maior eficácia do trabalho: resultado da especialização, que torna o trabalho mais eficiente. 3. Crescimento demográfico: resultado da maior eficácia do trabalho. Primeira manifestação da existência de um excedente social. A teoria do excedente constitui a face econômica da teoria da estratificação social: Especialização -> Divisão do trabalho -> Maior eficácia do trabalho -> Crescimento demográfico -> Formação de excedente 4. Especialização e simetria das relações sociais - alcançado certo nível de produtividade do trabalho, a especialização assume a forma de uma diferenciação mais completa, dando origem a certas funções que estabelecem relações entre os membros de uma comunidade: ◦ Relações simétricas: especialização nas atividades produtivas, que se concretiza em operações de troca. ◦ Relações assimétricas: diferenciação funcional fora das atividades produtivas, gerando estruturas hierárquicas (manipulação do poder e do sobrenatural). Assim, Celso Furtado nota que a especialização fora das atividades produtivas acarreta modificações significativas na estrutura social. 5. Estratificação social - relações assimétricas entre grupos ou agentes sociais (desníveis no consumo de grupos sociais). Pressupõe a existência da especialização ao nível das atividades produtivas, ou seja, o aumento da eficácia do trabalho. Portanto, existem dois processos básicos na explicação da existência de um excedente (teoria do excedente): • Divisão social do trabalho: que não é causa suficiente para que exista um excedente. • Estratificação social: não pode existir sem que haja divisão social do trabalho. O tema central da teoria do excedente são as formas inigualitárias (ou diferenciantes) de apropriação do fruto gerado pelo aumento da produtividade do trabalho. Assim, a produtividade do trabalho e o grau de desigualdade social (o perfil de repartição da renda) determinam o nível do excedente numa sociedade. • Sistemas de poder - são o conjunto de instituições criadas pelas sociedades, que se apropriam diretamente de parte do produto social. O sistema de poder pode contribuir tanto para reduzir como para aumentar as desigualdades sociais. Já que a estratificação social é composta de relações assimétricas, quem está no topo da hierarquia controla o sistema de poder e se apropria diretamente do produto social. As desigualdades sociais são o resultado da apropriação do excedente.
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