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FRANÇA, V de S. RUPTURAS PARADGMÁTICAS: BASES FUNDAMENTAIS PARA O PENSAMENTO DE EDUCAÇÃO MODERNA NO SÉCULO XX

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RUPTURAS PARADGMÁTICAS: BASES FUNDAMENTAIS PARA O 
PENSAMENTO DE EDUCAÇÃO MODERNA NO SÉCULO XX 
 
Victor de Souza França
1
 
 
Introdução 
 
 A presente reflexão deriva de uma disciplina nomeada Educação e Paradigmas 
do Conhecimento ofertado pelo programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade 
de Educação pela Universidade Federal da Grande Dourados. Um paper que objetiva 
avaliar o desempenho referente à disciplina mencionada, de cunho obrigatório e de 
quesito parcial para a conclusão da mesma. No que tange a disciplina ofertada, foi 
possível estudar conceitos de cunho filosófico que permeiam e se relacionam junto ao 
campo da Educação. Também foi possível estabelecer relações com as teorias abordadas 
no que se refere ao campo epistemológico do conhecimento e assim tomar breves 
consciências sobre as estruturas sociais nas quais a educação se propõe a compreender 
profundamente. 
 Victor França, acadêmico de pós-graduação pela Universidade fixada no rodapé. 
Formado em Educação Física pela mesma Universidade, possui estudos referentes à 
arqueologia do saber entre as relações históricas da Educação Física, História e 
Educação. A presente reflexão está seccionada em três capítulos. No primeiro o diálogo 
de ruptura paradigmática entre o renascimento e a modernidade. No segundo, 
pressupostos da constituição da ciência no século XIX. E por último a relação das 
últimas tendências filosóficas que se estabelecem no século XX, seus conceitos amplos 
e a relação do tipo de educação que está estabelecido no paradigma crítico. 
 Sendo assim, na primeira parte do trabalho que segue, foram tomados como 
ponto de partida os pensamentos da sistematização do conhecimento de René Descarte e 
também outro modo de paradigma característico da mesma época moderna denominado 
por Jean-Jaques Rousseau, o humanismo e as suas relações de desigualdade humana. 
Esses dois pensadores caracterizam juntos a noção de ruptura paradigmática, processo 
de um novo, o moderno. Rompem com o pensamento renascentista advindo dos 
preceitos religiosos de Tomás de Aquino. Essa reflexão leva a duas perguntas 
norteadoras que serão compostas em duas outras partes do texto a fim de sistematizar 
um olhar sobre eles e assim compreender o contexto das rupturas de paradigmáticas que 
 
1
 Mestrando em Educação da Faculdade de Educação na Universidade Federal da Grande Dourados 
fomentaram a base de pensamento epistemológico para a estrutura social do século XX 
no ocidente. 
 Anterior às décadas de novecentos, outros pensadores foram fundamentais para a 
estruturação da maneira racional e cientifica. Nesta segunda parte, partindo dos 
pressupostos de Immanuel Kant, o iluminismo é estabelecido na sociedade como forma 
libertadora do pensamento moderno. Pois estabelece preceitos do indivíduo por si, de 
modo que o uso público de sua própria razão é o principal fator que define a 
maioridade, o ser que serve de seu próprio entendimento ou razão. 
Por sua vez, August Comte, estabelece leis de raciocínio lógico dedutivo que 
expressam um paradigma positivo. As propostas de abordagens para esse paradigma 
encontram-se no empirismo, na sistematização e o funcionalismo. Uma visão de 
produtividade e resultados técnicos objetivos certos, poderíamos dizer a especialização 
de um conhecimento racional. Cabe ressaltar então que o paradigma positivo estabelece 
uma relação íntima com os pressupostos do iluminismo e, consequentemente, “evoluiu” 
as ciências ou, simplesmente se especializaram. 
Neste caminho, a ação de efeito funil do conhecimento ganhou novas 
perspectivas no período do século XX. A última parte dessa reflexão evidência os 
pressupostos do positivismo tais como as ciências técnicas e funcionais foram sendo 
reestabelecidos por outro paradigma que não postulava esses mesmos princípios. O 
Liberalismo estava à disposição de evidenciar o que o estado deve garantir não somente 
a liberdade de acesso à educação, por exemplo, mas também liberdade sobre os 
princípios referentes à concepção do ser humano, tal qual a soberania, justiça, segurança 
das pessoas entre outros. 
Outra corrente foi fundamental para que houvesse a relação entre o paradigma 
do materialismo dialético estabelecido por Karl Marx e Friedrich Engels, que foi a 
vertente crítica estabelecida por Theodor Adorno e Max Horkheimer. A primeira 
concepção avalia a relação entre as estruturas sociais a partir das relações de trabalho, 
os filósofos determinam uma desigualdade estabelecida na mais-valia, conceito sobre os 
esforços refletidos na perda relativa do trabalho. 
Na concepção crítica, mantém-se o viés da educação emancipadora que dissocia 
a relação das técnicas, funcionalidades e principalmente sobre os poderes estabelecidos 
com a relação de esforço/trabalho. Mas agora por meio de uma concepção mais crítico 
liberal-democrático e, não somente mais um análise das estruturas pelo cunho da labuta 
propunham a concepção de materialidade. 
Noções de rupturas: concepções fundamentais para a modernidade 
 
No tocante da reflexão aos conhecimentos estabelecidos por longo da história 
humana, como o gnosiológico, epistemológico e os conhecimentos propriamente ditos, 
alguns deles, os paradigmas, foram se especializando a tal ponto, sobre maneira, que a 
partir do século XVI no início de uma sociedade moderna passou a diferenciar discursos 
em torno dos acontecimentos na sociedade ocidental, que a partir de então por uma fase 
de ruptura conceptual afeta a civilização como um todo. Podemos observar em Gamboa 
(2012) que esta concepção de paradigma e de conhecimentos em si, parte de princípios 
filosóficos. 
A epistemologia é uma palavra que designa a filosofia das ciências, 
porém com um sentido mais preciso. Não é uma teoria geral do saber 
ou teoria geral do conhecimento que seria objeto de gnosiologia, nem 
é um estudo dos métodos científicos que seria o objeto da 
metodologia, mas é parte da filosofia que se ocupa especialmente do 
estudo crítico da ciência em seu detalhamento prático, isto é, da 
ciência como produto e como processo; nesse sentido, é um estudo 
fundamentalmente a posteriori. (GAMBOA. 2012. p. 29) 
 
Significa ressaltar que para dialogar com os conhecimentos ao longo do período 
moderno e, então, evidenciar as rupturas presentes entre as passagens dos séculos é 
necessário atentar para as filosofias marcantes e substancias para os períodos analisados. 
Com isso, refletir sobre as rupturas é analisar acontecimentos que procederam as 
mudanças significativas em uma sociedade, quais eram as bases para essas mudanças e 
suas consequências, como por exemplo, o momento em que o período do renascimento 
clérico saísse para dar cena ao novo, o moderno. 
Podemos alavancar René Descartes (1596 – 1650), que por sua vez, pioneiro da 
racionalização sistêmica para formulação de conhecimentos desenvolveu um 
pensamento racional científico que é utilizado até os dias atuais, um paradigma típico de 
elaboração e sistematização do conhecimento que modificou as estruturas sociais, tanto 
em sua forma de pensamento, como na propagação desse novo modo de pensar. 
No período de embate ao renascimento marcado por inovações advindo da 
astronomia e de outras áreas de grandes obras de pensadores desse mesmo período e, 
principalmente sobre a ideia do pensamento autônomo, o método cartesiano 
desenvolveu uma crítica a partir do pensamento socrático em relação à filosofia 
escolástica, dando noção de método e a ideia de universo infinito. 
A crise dos preceitos epistemológicos a partir do século XVI aconteceu devido à 
rede de saber, propriamente dito, estabelecido por inúmeros pensadores.A ruptura que 
marca a idade moderna foi estabelecida, em primeiro momento, pela ideia de que não há 
ciência incerta, muito menos uma sabedoria desenvolvida fora da ciência. Com isso, o 
rompimento as preposições religiosas de Tomás de Aquino tornaram Descartes o novo, 
o moderno. O rompimento do renascimento representa a separação entra a visão 
fundamentalista da religião para uma nova concepção de razão sobre a natureza do 
conhecimento. 
Sobre a filosofia descartiana é importante ressaltar os três pontos fundamentais 
antes de estabelecer seus preceitos conceituais. No primeiro momento a fé e a razão são 
elementos provenientes de Deus, por isso não podem ser contraditórias em si. A herança 
do renascimento marca o segundo momento que evidencia justamente a ruptura entre os 
preceitos relacionados à fé em oposição com a razão. As evoluções das ciências tiveram 
seus inícios em meados do século XII, com alguns pensadores como: Bacon (1561 – 
1626), Galileu (1564 – 1642), Torricelli (1608 – 1647), Rousseau (1712 – 1778) entre 
outros que apareceram em um período anterior ao renascimento. Essa concepção de 
racionalização metodológica marca o terceiro ponto fundamental dos conhecimentos 
filosóficos que faz parte, predominantemente, da ideologia descartiana. 
O fato de haver mudanças substanciais não somente aos conceitos de 
fundamentos ideológicos sobre o que é ciência, a disparidade entre concepção religiosa 
e a teoria em si modificou as estruturas sociais de como o mundo ocidental passaria a se 
restabelecer a partir de então. 
Não distante em relação ao período de tempo, outro filósofo que fundamenta o 
pensamento moderno que potencializou as ciências humanas foi Jean-Jaques Rousseau 
(1712 – 1778) que defendia o ideal humanista. Rousseau determinou o ponto crucial 
para as ciências inflexíveis, tais quais: a medicina, direito, filosofia, letras, linguística, 
engenharia, história natural, história humana entre outras. 
Rousseau fundamentou não o pensamento racional e sistêmico como predispôs 
Descartes, mas defendeu o elemento humano como base reflexiva que determinou as 
diferenças entre os homens. Essas desigualdades que foram tomados como elementos, 
interferiam nas relações de conhecimento, sendo a religião e a decisão individual, neste 
último denominado livre arbítrio, unidades significantes para tal desigualdade. Esses 
dois elementos estabeleceram uma relação de existência na época cartesiana que 
definiram uma questão humana, sendo uma delas o aspecto individual das técnicas 
pessoais. Toda essa diferença entre a dualidade humana caracteriza-se em suas 
individualidades, que são estabelecidos pelo meio sociais, ou seja: não se separam dos 
elementos individuais do contexto amplo (macro). 
A existência desses elementos imprecisos nas ciências humanas agregam 
infinitos valores, sendo assim, incapazes de restringir apenas uma unidade de 
racionalidade para estabelecer um raciocínio como um paradigma da diferença. Sendo 
assim, esta impossibilidade é característica das estruturas sociais que são compostas 
pela cultura, religião, língua, identidade, entre outros. 
Assim como observamos o contexto estabelecido entre as rupturas do momento 
do renascimento para o mundo moderno e, também, duas visões paradigmáticas que se 
opõe em seus fundamentos, Charlot (2006) afirma que "a ciência sempre se constrói 
conquistando um espaço no qual já havia outro tipo de discurso". Com isso evidenciam-
se algumas perguntas norteadoras para essa reflexão: Como se constitui o pensamento 
da ciência no período das rupturas paradigmáticas modernas até o século XX? Resposta 
esclarecida, de forma ampla, nesta primeira parte do paper. A relação da ruptura entre a 
religião para a nova concepção de ciência e razão. Assim como a segunda ruptura do 
pensamento sistêmico para uma nova forma de se fazer ciência, o modelo humanístico e 
suas diferenças infinitas de variáveis que possibilitam resultados diversos. Como se dá a 
relação de conhecimento paradigmático em relação à educação sumariamente escolar no 
ocidente para a atualidade? 
 Para responder esta última questão será necessário, em termos de reflexão, 
apoiar-se em um conceito pontual para delinear um pensamento predominantemente 
conciso. Partindo da concepção de ruptura do tradicional moderno à perspectiva da 
racionalidade crítica, que tem como o próprio termo a evidência crítica sobre algo. O 
que necessariamente a concepção crítica está atacando? Com isso, substancialmente, 
elaborar uma crítica sobre concepções epistêmicas é dar suporte de alguma forma 
conceitual do que já passou, mas que agora não representa as atuais necessidades de 
conjuntura seja ela política, social, cultural, religiosa ou qualquer outro tipo de matriz 
que sustenta uma sociedade. 
 
A constituição do pensamento científico a partir do século dezenove 
 
A mudança substancial que permeia o fim do século XVIII para a entrada do 
século XIX pode ou deve estar relacionado pelo novo modo de pensamento que agora já 
está estabelecido, a princípio, na sociedade europeia. A característica significante para 
esse paradigma é o fator positivista que o filósofo germânico Immanuel Kant (1724 – 
1804) esclarece em um de seus escritos. Os “apelos pelo exercício da autonomia da 
razão” são as consequências de um ser que predispõe de sua liberdade para o 
pensamento e, também, de sua expressão em sintonia com o momento da estruturação 
da modernidade. 
Nesta perspectiva, Kant (1784) estabelece preceitos do indivíduo por si, de modo 
que o uso público de sua própria razão é o principal fator que define a maioridade. A 
liberdade de servir a si mesmo em detrimento de seu próprio conhecimento adquirido 
em relação com o mundo. Essa razão delimita alguns sujeitos em detrimento 
corelacionado ao modo de se pensar e agir em uma sociedade em que vivem. Sendo o 
uso da razão um fator determinante para constituir uma “estruturação da consciência 
moderna” conforme ressalta Morão (2012). 
Esta autonomia da razão está vinculada ao uso privado em função de um cargo 
público, assim como também para o uso público de livre ousadia. Outro fator é o uso da 
razão em direção ao público letrado, o erudito. Este último denota uma significação para 
Kant, em outras palavras, a chave de ordem para que o iluminismo seja efetivo no 
quesito da racionalização para servir a si mesmo, ou seja: com o próprio entendimento, 
devido de sua coragem. 
Diante deste positivismo na qual Kant descreve, podemos destacar August 
Comte (1798 – 1857) outro pensador clássico moderno para a análise do pressuposto 
gnosiológico do paradigma positivisma, sendo a objetividade o processo cognitivo 
centralizado no objeto garantido na observação controlada, repleta de dados, 
instrumentos testados, enunciados únicos, apresentação numérica de dados passíveis de 
uma tradução lógica organizada, leis de raciocínio lógico dedutivo. 
O que pressupõe, diferentemente de Rousseau, dados imediatos desprovidos de 
subjetividade. Assim como os critérios de cientificidade se fundamenta nos testes dos 
instrumentos de coleta e tratamento de dados, sejam na sistematização de variáveis, 
definições operacionais que em conjunto envolvem um contexto de racionalidade 
técnico-instrumental. As abordagens para fazê-lo que resulte nessa proposta encontram-
se o empirismo, positivista, sistêmica e funcionalista. As propostas fundamentais desse 
modo de se pensar é assegurar, antes de tudo, a produtividade, assim como a 
recuperação harmônica do equilíbrio das organizações produtivas. 
A entrada dessa concepção, mesmo que aqui colocada na visão de apenas um 
autor pode nos esclarecer que a partir dessa última perspectiva de pensamento modernodeterminou não somente a supremacia científica e técnica. Significa expressar que a 
concepção de maioria é parcial e limitada. Ou seja: a ciência objetiva interagir com o 
mundo por meio dos instrumentos elaborados a fim de estabelecer uma ordem e o 
progresso paradigmático. A realização para a sociedade está em detrimento aquele que 
tem o espírito positivo e deve contribuir para a disseminação dessa ideologia. Ou seja: 
que tem e estende o espírito positivo por uso da força e não pela violência. Pois esse 
espírito positivo só poder ser alcançado sumariamente a partir do estudo. 
Os obstáculos epistemológicos dessa linha de conhecimento são as respostas 
limitadas que ela não pode responder. Partindo da concepção de objetividade e 
racionalidade técnica, o seu modo de pensar passa a ser retilíneo que resulta em uma 
ciência de variáveis limitadas. Diferentemente das ciências humanas, na qual se observa 
com a teoria de Rousseau na configuração de combinações de variáveis ilimitadas. Com 
isso, para se compreender a ruptura cientifica Bertoche (2006) esclarece: 
Ruptura epistemológica pode ser compreendida em dois sentidos: no 
sentido de uma descontinuidade que ocorre no desenvolvimento 
histórico dos saberes e no sentido de uma inadequação entre o saber 
comum e o conhecimento científico. (BERTOCHE. 2006. p. 15) 
 
 Cabe ressaltar que a descontinuidade apontada trata-se justamente da negação de 
uma ciência anterior para a superação de uma tendência posterior. O processo relativo 
de abandono de uma estrutura básica para um novo paradigma é resultado de um 
confronto de ideais que caminham para a ruptura. Ou seja: a quebra das relações entre 
as estruturas sociais implicam proporcionalmente para uma nova concepção de 
reorganização social, seja ela por qualquer matriz que seja: social, político, religioso 
entre outros. Assim como a filosofia descartiana apontou uma ruptura de pensamento 
moderno, o positivismo, por sua vez, estabeleceu também novas formas de relações 
entre as estruturas para que pudesse ser pulverizada. No entanto no último caso, a 
racionalização de um método de estudo chegou ao ápice da super-especializção de tal 
maneira que o positivismo se tornou um modo de fazer ciência e de determinar 
conhecimentos estruturados, que não levam em consideração o todo. 
 É a parir da visão de Bachelard (1884 – 1962) que evidenciaremos as rupturas 
do positivismo para os novos conceitos paradigmáticos. Pois em sua concepção de 
filosofia da ciência ele “preocupa-se com uma reflexão sobre as filosofias implícitas nas 
práticas científicas, e, com a introdução da noção de ‘ruptura epistemológica’, opõe-se 
às tradições positivistas que nos fatos há ciência mesclada de intuição de erros, de ponto 
de vista e de ideologias” (GAMBOA. 2012. p. 30). Neste período de transição do século 
XIX ao século XX muitos outros pensadores elaboram novas concepções de ciência, a 
fim de superar o que já estava postulado. 
 
A educação no século vinte: influências do Positivismo, Liberalismo e Materialismo 
 
Os fundamentadores da relação de uma nova epistême científica no período do 
século XX são dedicados aqui, especificamente, aos pensadores que fundamentaram a 
teoria crítica. Está relação está intrinsecamente ligada a três pontos fundamentais em 
relação aos tipos de paradigmas agora surgidos nesse período. Sendo eles: o 
positivismo, como podemos observar foi uma teoria autodeterminante, pois toma como 
princípio de que todo ser é autodeterminante e de que deve ser mediador entre o ser 
positivo com a sociedade. Ou seja: estabelecer novos meios de relações de 
conhecimentos a fim de sempre produzir algo, princípios técnicos e com objetivos 
exatos. Ou seja, a relação da educação com o positivismo é justamente a visão técnica e 
funcional. Cada indivíduo terá sua capacitação específica para funções específicas, uma 
formação rigorosa e padrão. 
O liberalismo, por sua vez, opõe-se ligeiramente desta concepção positivista, 
pois o estado não controla agora as estruturas, como as religiosas e as militares. Ou seja: 
o dever do estado é garantir a liberdade, soberania, justiça, segurança das pessoas. Esse 
pensamento derivado da Revolução Francesa (1789 – 1799) se expandiu ao longo do 
final do século XVIII, ultrapassou o século XIX e chegou ao século XX. Entende-se por 
esse paradigma a liberdade econômica estabelecida pelo mercado, o que significa 
expressar que na concepção política o estado deve ser mínimo. E na concepção social é 
de que o estado não poderá, de forma alguma, intervir na vida social. A liberdade do 
cidadão está sujeito às consequências dos seus atos. A educação, por sua vez, é um 
instrumento que deverá ser acessível a todos que desejarem possuir, seja de modo 
privado ou de modo público. 
Outra concepção de conhecimento que causou algumas mudanças nas relações 
entre as estruturas sociais foi à concepção do Materialismo Dialético. Concepção 
fundamental estabelecida por Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 
1885). Juntos propunham que a reforma do ser humano está relacionada ao princípio do 
que está posto, do real. É a partir daí, segundo a concepção da dialética hegeliana que as 
teorias se fundamentam, a partir da base do movimento dialético sensorial. 
Acreditavam que a relação social deveria ser estudada, utilizando assim o 
trabalho como base de estudo comum para se analisar a estrutura social. Com isso, 
diferentemente do Liberalismo eles apontam que mesmo o estado não sendo 
intervencionista na economia, ele, o estado, apresenta um conflito de interesse do 
individual em relação ao coletivo, pois a posição de sujeito inerente ao servidor público 
estabelece uma relação de poder que, consequentemente, dá o poder de tomadas de 
decisões que implicam na estrutura social. 
Em outras palavras, afirmam que as condições materiais adquiridas determinam 
a estrutura de classes e estabelece também a forma de fazer política. Assim, os filósofos 
dessa perspectiva afirmam a necessidade de uma revolução da autotransformação para 
estabelecer uma nova sociedade. Assim como apontam as contradições de trabalho 
estabelecido entre os capitalistas em relação aos proletariados, pois a relação intrínseca 
entre os dois estabelecem injustiça, que é a mais-valia. Esta concepção paradigmática é 
em si contraditória na sua base teórica, pois ao mesmo tempo em que nega o homem 
trabalhador em criar possibilidades para sua emancipação, estabelece dentro dessa ótica, 
desigualdades em relação à produção de trabalho, denominado práxis. 
Esses pressupostos teóricos deram um encaminhamento para a nova crítica do 
século XX. Em 1924 funda-se a Escola de Frankfurt, suas bases derivam à crítica 
materialista dialética e, pode ser considerada uma escola interdisciplina de teorias 
neomarxistas. Esta instituição foi composta por nove pesquisadores, porém apenas dois 
desses pensadores são pilares para a filosofia crítica. Theodor Adorno (1903 – 1969) e 
Max Horkheimer (1895 – 1973) são pensadores da primeira geração da escola que 
estabeleceram uma crítica à ascensão dos regimes totalitários que estavam se 
estruturando na Europa. Nesse mesmo período de transição de décadas de vinte a trinta, 
a sociedade está sendo confrontada pela relação paradigmática sobre os pressupostos do 
socialismo e capitalismo. 
 Ainda sobre esta concepção, ainda hoje no século XXI encontra-se um pensador 
que foi orientado por Adorno, Jurgem Habermas, e o faz um herdeiro concreto da 
primeira geração de Frankfurt. Havia uma premissa de que o conhecimento racional e a 
dominação faziam possuíam um vínculo primordial para Horkheimer e Adorno. 
Habermas, por sua vez, possui investigações epistemológicas que contrapõeos preceitos 
do positivismo lógico e, por isso, dialoga sobre a perspectiva da democracia racional. 
Com isso, seus estudos tomam delineamentos sobre o estudo da do ato de comunicar-se 
como preceitos da emancipação da razão. Mais a frente Habermas estipula um conceito 
geral de razão comunicativa e ação comunicativa como forma de superação da razão 
iluminista, predominante positiva. 
 O que significa dizer é que assim como pontua Kuns (1996) que “uma educação 
mais emancipadora, voltada para a formação da cidadania do jovem do que de mera 
instrumentalização técnica para o trabalho” (KUNZ, 1996, p.144) em uma perspectiva 
mais específica, representa assim uma teoria crítica que se fundamentou na escola de 
Frankfurt, que ainda possuem suas bandeiras levantadas a favor de uma emancipação da 
mente em detrimento a ação humana e não somente as meras repetições, tanto 
pedagógicas quanto técnicas que não agregam novos modos de visão de mundo da 
consciência propriamente dita. 
 Para Habermas, a formação educacional deveria ser consensual, no sentido de 
priorizar uma ação social entre os indivíduos de modo interacionista estabelecida por 
acordos (RUZ, 1984; HABERMAS, 1975). Dessa forma, as assimetrias do saber e 
poder dever-se-iam ser ressignificadas na relação de formação. 
 Com tudo, cabe refletir que durante o início da caminhada para uma ciência mais 
metódica, ao decorrer dos tempos, as concepções foram se modificando e com isso, o 
modo de ensino e educação também. Em um período anterior à moderna, os ensinos 
eram eclesiásticos, em detrimento ao saber divino. 
A partir desse rompimento do que será a ciência com relação à distinção da 
mesma com a religião é então que se passa a estabelecer novos modos de ensinos. É a 
partir do fim do século XVIII ao fim do século XX que a escola propriamente dita 
ganha “massividade”. O que significa dizer que a teoria crítica estabelecida nesse 
período de início do século vinte foi fundamental para estruturar novos conhecimentos 
como, por exemplo, os da psicanálise, sociais entre outros. Pois foi a partir de então que 
as ciências ganharam um vasto e amplo campo para suas investigações das concepções 
me relações às estruturas sociais. 
 
Referências 
BERNARD, Charlot. A pesquisa educacional entre conhecimentos, políticas e 
práticas: especificidades e desafios de uma área de saber. Revista Brasileira de 
Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006. 
 
BERTOCHE, Gustavo. A objetividade da ciência na filosofia de Bachelard. Disponível 
em: <www.ebooksbrasil.org>. Rio de Janeiro. 2006. 
 
CABRAL, João Francisco Pereira. "Teoria Crítica e seus principais pensadores";Brasil 
Escola. Disponível em <http://www.brasilescola.com/filosofia/teoria-critica-seus-
principais-pensadores.htm>. Acesso em 15 de novembro de 2015 
 
COMTE, Auguste. Discurso preliminar sobre o espírito positivo. Centaur, 2013. 
 
DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. De Maria Ermantina Galvão. Martins 
Fontes. São Paulo, 2001. 
 
GAMBOA, S. Silvio. Pesquisa em Educação: métodos e epistemologias. 2. Ed. 
Chapecó: Arcos, 2012. 
 
HABERMAS, JÜRGEN. Técnica e ciência como ‘ideologia’. São Paulo: Abril Cultural, 
1975. p. 303-333. (Coleção Os Pensadores). 
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: "O que é o Iluminismo?". In:____. A paz 
perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Mourão. Lisboa: ed.70, 1988, 
Disponível em: <http://www.lusosofia.net/textos/kant_o_iluminismo_1784.pdf&gt> 
Acesso em: 09 Novembro 2015. 
 
KUNS, Eleonor. Transformação didático-pedagógico do esporte. Ijuí: Unijuí. 1996. 
 
MARX. Karl.; ENGELS. Friedrich. A Ideologia Alemã. Martins Fontes. São Paulo. 
2001. 
 
ROUSSEAU, Jean-Jaques. O Discurso da Origem e os Fundamentos da Desigualdade 
Entre os Homens. Martins Fontes. Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo, 1999.

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