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RUPTURAS PARADGMÁTICAS: BASES FUNDAMENTAIS PARA O PENSAMENTO DE EDUCAÇÃO MODERNA NO SÉCULO XX Victor de Souza França 1 Introdução A presente reflexão deriva de uma disciplina nomeada Educação e Paradigmas do Conhecimento ofertado pelo programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação pela Universidade Federal da Grande Dourados. Um paper que objetiva avaliar o desempenho referente à disciplina mencionada, de cunho obrigatório e de quesito parcial para a conclusão da mesma. No que tange a disciplina ofertada, foi possível estudar conceitos de cunho filosófico que permeiam e se relacionam junto ao campo da Educação. Também foi possível estabelecer relações com as teorias abordadas no que se refere ao campo epistemológico do conhecimento e assim tomar breves consciências sobre as estruturas sociais nas quais a educação se propõe a compreender profundamente. Victor França, acadêmico de pós-graduação pela Universidade fixada no rodapé. Formado em Educação Física pela mesma Universidade, possui estudos referentes à arqueologia do saber entre as relações históricas da Educação Física, História e Educação. A presente reflexão está seccionada em três capítulos. No primeiro o diálogo de ruptura paradigmática entre o renascimento e a modernidade. No segundo, pressupostos da constituição da ciência no século XIX. E por último a relação das últimas tendências filosóficas que se estabelecem no século XX, seus conceitos amplos e a relação do tipo de educação que está estabelecido no paradigma crítico. Sendo assim, na primeira parte do trabalho que segue, foram tomados como ponto de partida os pensamentos da sistematização do conhecimento de René Descarte e também outro modo de paradigma característico da mesma época moderna denominado por Jean-Jaques Rousseau, o humanismo e as suas relações de desigualdade humana. Esses dois pensadores caracterizam juntos a noção de ruptura paradigmática, processo de um novo, o moderno. Rompem com o pensamento renascentista advindo dos preceitos religiosos de Tomás de Aquino. Essa reflexão leva a duas perguntas norteadoras que serão compostas em duas outras partes do texto a fim de sistematizar um olhar sobre eles e assim compreender o contexto das rupturas de paradigmáticas que 1 Mestrando em Educação da Faculdade de Educação na Universidade Federal da Grande Dourados fomentaram a base de pensamento epistemológico para a estrutura social do século XX no ocidente. Anterior às décadas de novecentos, outros pensadores foram fundamentais para a estruturação da maneira racional e cientifica. Nesta segunda parte, partindo dos pressupostos de Immanuel Kant, o iluminismo é estabelecido na sociedade como forma libertadora do pensamento moderno. Pois estabelece preceitos do indivíduo por si, de modo que o uso público de sua própria razão é o principal fator que define a maioridade, o ser que serve de seu próprio entendimento ou razão. Por sua vez, August Comte, estabelece leis de raciocínio lógico dedutivo que expressam um paradigma positivo. As propostas de abordagens para esse paradigma encontram-se no empirismo, na sistematização e o funcionalismo. Uma visão de produtividade e resultados técnicos objetivos certos, poderíamos dizer a especialização de um conhecimento racional. Cabe ressaltar então que o paradigma positivo estabelece uma relação íntima com os pressupostos do iluminismo e, consequentemente, “evoluiu” as ciências ou, simplesmente se especializaram. Neste caminho, a ação de efeito funil do conhecimento ganhou novas perspectivas no período do século XX. A última parte dessa reflexão evidência os pressupostos do positivismo tais como as ciências técnicas e funcionais foram sendo reestabelecidos por outro paradigma que não postulava esses mesmos princípios. O Liberalismo estava à disposição de evidenciar o que o estado deve garantir não somente a liberdade de acesso à educação, por exemplo, mas também liberdade sobre os princípios referentes à concepção do ser humano, tal qual a soberania, justiça, segurança das pessoas entre outros. Outra corrente foi fundamental para que houvesse a relação entre o paradigma do materialismo dialético estabelecido por Karl Marx e Friedrich Engels, que foi a vertente crítica estabelecida por Theodor Adorno e Max Horkheimer. A primeira concepção avalia a relação entre as estruturas sociais a partir das relações de trabalho, os filósofos determinam uma desigualdade estabelecida na mais-valia, conceito sobre os esforços refletidos na perda relativa do trabalho. Na concepção crítica, mantém-se o viés da educação emancipadora que dissocia a relação das técnicas, funcionalidades e principalmente sobre os poderes estabelecidos com a relação de esforço/trabalho. Mas agora por meio de uma concepção mais crítico liberal-democrático e, não somente mais um análise das estruturas pelo cunho da labuta propunham a concepção de materialidade. Noções de rupturas: concepções fundamentais para a modernidade No tocante da reflexão aos conhecimentos estabelecidos por longo da história humana, como o gnosiológico, epistemológico e os conhecimentos propriamente ditos, alguns deles, os paradigmas, foram se especializando a tal ponto, sobre maneira, que a partir do século XVI no início de uma sociedade moderna passou a diferenciar discursos em torno dos acontecimentos na sociedade ocidental, que a partir de então por uma fase de ruptura conceptual afeta a civilização como um todo. Podemos observar em Gamboa (2012) que esta concepção de paradigma e de conhecimentos em si, parte de princípios filosóficos. A epistemologia é uma palavra que designa a filosofia das ciências, porém com um sentido mais preciso. Não é uma teoria geral do saber ou teoria geral do conhecimento que seria objeto de gnosiologia, nem é um estudo dos métodos científicos que seria o objeto da metodologia, mas é parte da filosofia que se ocupa especialmente do estudo crítico da ciência em seu detalhamento prático, isto é, da ciência como produto e como processo; nesse sentido, é um estudo fundamentalmente a posteriori. (GAMBOA. 2012. p. 29) Significa ressaltar que para dialogar com os conhecimentos ao longo do período moderno e, então, evidenciar as rupturas presentes entre as passagens dos séculos é necessário atentar para as filosofias marcantes e substancias para os períodos analisados. Com isso, refletir sobre as rupturas é analisar acontecimentos que procederam as mudanças significativas em uma sociedade, quais eram as bases para essas mudanças e suas consequências, como por exemplo, o momento em que o período do renascimento clérico saísse para dar cena ao novo, o moderno. Podemos alavancar René Descartes (1596 – 1650), que por sua vez, pioneiro da racionalização sistêmica para formulação de conhecimentos desenvolveu um pensamento racional científico que é utilizado até os dias atuais, um paradigma típico de elaboração e sistematização do conhecimento que modificou as estruturas sociais, tanto em sua forma de pensamento, como na propagação desse novo modo de pensar. No período de embate ao renascimento marcado por inovações advindo da astronomia e de outras áreas de grandes obras de pensadores desse mesmo período e, principalmente sobre a ideia do pensamento autônomo, o método cartesiano desenvolveu uma crítica a partir do pensamento socrático em relação à filosofia escolástica, dando noção de método e a ideia de universo infinito. A crise dos preceitos epistemológicos a partir do século XVI aconteceu devido à rede de saber, propriamente dito, estabelecido por inúmeros pensadores.A ruptura que marca a idade moderna foi estabelecida, em primeiro momento, pela ideia de que não há ciência incerta, muito menos uma sabedoria desenvolvida fora da ciência. Com isso, o rompimento as preposições religiosas de Tomás de Aquino tornaram Descartes o novo, o moderno. O rompimento do renascimento representa a separação entra a visão fundamentalista da religião para uma nova concepção de razão sobre a natureza do conhecimento. Sobre a filosofia descartiana é importante ressaltar os três pontos fundamentais antes de estabelecer seus preceitos conceituais. No primeiro momento a fé e a razão são elementos provenientes de Deus, por isso não podem ser contraditórias em si. A herança do renascimento marca o segundo momento que evidencia justamente a ruptura entre os preceitos relacionados à fé em oposição com a razão. As evoluções das ciências tiveram seus inícios em meados do século XII, com alguns pensadores como: Bacon (1561 – 1626), Galileu (1564 – 1642), Torricelli (1608 – 1647), Rousseau (1712 – 1778) entre outros que apareceram em um período anterior ao renascimento. Essa concepção de racionalização metodológica marca o terceiro ponto fundamental dos conhecimentos filosóficos que faz parte, predominantemente, da ideologia descartiana. O fato de haver mudanças substanciais não somente aos conceitos de fundamentos ideológicos sobre o que é ciência, a disparidade entre concepção religiosa e a teoria em si modificou as estruturas sociais de como o mundo ocidental passaria a se restabelecer a partir de então. Não distante em relação ao período de tempo, outro filósofo que fundamenta o pensamento moderno que potencializou as ciências humanas foi Jean-Jaques Rousseau (1712 – 1778) que defendia o ideal humanista. Rousseau determinou o ponto crucial para as ciências inflexíveis, tais quais: a medicina, direito, filosofia, letras, linguística, engenharia, história natural, história humana entre outras. Rousseau fundamentou não o pensamento racional e sistêmico como predispôs Descartes, mas defendeu o elemento humano como base reflexiva que determinou as diferenças entre os homens. Essas desigualdades que foram tomados como elementos, interferiam nas relações de conhecimento, sendo a religião e a decisão individual, neste último denominado livre arbítrio, unidades significantes para tal desigualdade. Esses dois elementos estabeleceram uma relação de existência na época cartesiana que definiram uma questão humana, sendo uma delas o aspecto individual das técnicas pessoais. Toda essa diferença entre a dualidade humana caracteriza-se em suas individualidades, que são estabelecidos pelo meio sociais, ou seja: não se separam dos elementos individuais do contexto amplo (macro). A existência desses elementos imprecisos nas ciências humanas agregam infinitos valores, sendo assim, incapazes de restringir apenas uma unidade de racionalidade para estabelecer um raciocínio como um paradigma da diferença. Sendo assim, esta impossibilidade é característica das estruturas sociais que são compostas pela cultura, religião, língua, identidade, entre outros. Assim como observamos o contexto estabelecido entre as rupturas do momento do renascimento para o mundo moderno e, também, duas visões paradigmáticas que se opõe em seus fundamentos, Charlot (2006) afirma que "a ciência sempre se constrói conquistando um espaço no qual já havia outro tipo de discurso". Com isso evidenciam- se algumas perguntas norteadoras para essa reflexão: Como se constitui o pensamento da ciência no período das rupturas paradigmáticas modernas até o século XX? Resposta esclarecida, de forma ampla, nesta primeira parte do paper. A relação da ruptura entre a religião para a nova concepção de ciência e razão. Assim como a segunda ruptura do pensamento sistêmico para uma nova forma de se fazer ciência, o modelo humanístico e suas diferenças infinitas de variáveis que possibilitam resultados diversos. Como se dá a relação de conhecimento paradigmático em relação à educação sumariamente escolar no ocidente para a atualidade? Para responder esta última questão será necessário, em termos de reflexão, apoiar-se em um conceito pontual para delinear um pensamento predominantemente conciso. Partindo da concepção de ruptura do tradicional moderno à perspectiva da racionalidade crítica, que tem como o próprio termo a evidência crítica sobre algo. O que necessariamente a concepção crítica está atacando? Com isso, substancialmente, elaborar uma crítica sobre concepções epistêmicas é dar suporte de alguma forma conceitual do que já passou, mas que agora não representa as atuais necessidades de conjuntura seja ela política, social, cultural, religiosa ou qualquer outro tipo de matriz que sustenta uma sociedade. A constituição do pensamento científico a partir do século dezenove A mudança substancial que permeia o fim do século XVIII para a entrada do século XIX pode ou deve estar relacionado pelo novo modo de pensamento que agora já está estabelecido, a princípio, na sociedade europeia. A característica significante para esse paradigma é o fator positivista que o filósofo germânico Immanuel Kant (1724 – 1804) esclarece em um de seus escritos. Os “apelos pelo exercício da autonomia da razão” são as consequências de um ser que predispõe de sua liberdade para o pensamento e, também, de sua expressão em sintonia com o momento da estruturação da modernidade. Nesta perspectiva, Kant (1784) estabelece preceitos do indivíduo por si, de modo que o uso público de sua própria razão é o principal fator que define a maioridade. A liberdade de servir a si mesmo em detrimento de seu próprio conhecimento adquirido em relação com o mundo. Essa razão delimita alguns sujeitos em detrimento corelacionado ao modo de se pensar e agir em uma sociedade em que vivem. Sendo o uso da razão um fator determinante para constituir uma “estruturação da consciência moderna” conforme ressalta Morão (2012). Esta autonomia da razão está vinculada ao uso privado em função de um cargo público, assim como também para o uso público de livre ousadia. Outro fator é o uso da razão em direção ao público letrado, o erudito. Este último denota uma significação para Kant, em outras palavras, a chave de ordem para que o iluminismo seja efetivo no quesito da racionalização para servir a si mesmo, ou seja: com o próprio entendimento, devido de sua coragem. Diante deste positivismo na qual Kant descreve, podemos destacar August Comte (1798 – 1857) outro pensador clássico moderno para a análise do pressuposto gnosiológico do paradigma positivisma, sendo a objetividade o processo cognitivo centralizado no objeto garantido na observação controlada, repleta de dados, instrumentos testados, enunciados únicos, apresentação numérica de dados passíveis de uma tradução lógica organizada, leis de raciocínio lógico dedutivo. O que pressupõe, diferentemente de Rousseau, dados imediatos desprovidos de subjetividade. Assim como os critérios de cientificidade se fundamenta nos testes dos instrumentos de coleta e tratamento de dados, sejam na sistematização de variáveis, definições operacionais que em conjunto envolvem um contexto de racionalidade técnico-instrumental. As abordagens para fazê-lo que resulte nessa proposta encontram- se o empirismo, positivista, sistêmica e funcionalista. As propostas fundamentais desse modo de se pensar é assegurar, antes de tudo, a produtividade, assim como a recuperação harmônica do equilíbrio das organizações produtivas. A entrada dessa concepção, mesmo que aqui colocada na visão de apenas um autor pode nos esclarecer que a partir dessa última perspectiva de pensamento modernodeterminou não somente a supremacia científica e técnica. Significa expressar que a concepção de maioria é parcial e limitada. Ou seja: a ciência objetiva interagir com o mundo por meio dos instrumentos elaborados a fim de estabelecer uma ordem e o progresso paradigmático. A realização para a sociedade está em detrimento aquele que tem o espírito positivo e deve contribuir para a disseminação dessa ideologia. Ou seja: que tem e estende o espírito positivo por uso da força e não pela violência. Pois esse espírito positivo só poder ser alcançado sumariamente a partir do estudo. Os obstáculos epistemológicos dessa linha de conhecimento são as respostas limitadas que ela não pode responder. Partindo da concepção de objetividade e racionalidade técnica, o seu modo de pensar passa a ser retilíneo que resulta em uma ciência de variáveis limitadas. Diferentemente das ciências humanas, na qual se observa com a teoria de Rousseau na configuração de combinações de variáveis ilimitadas. Com isso, para se compreender a ruptura cientifica Bertoche (2006) esclarece: Ruptura epistemológica pode ser compreendida em dois sentidos: no sentido de uma descontinuidade que ocorre no desenvolvimento histórico dos saberes e no sentido de uma inadequação entre o saber comum e o conhecimento científico. (BERTOCHE. 2006. p. 15) Cabe ressaltar que a descontinuidade apontada trata-se justamente da negação de uma ciência anterior para a superação de uma tendência posterior. O processo relativo de abandono de uma estrutura básica para um novo paradigma é resultado de um confronto de ideais que caminham para a ruptura. Ou seja: a quebra das relações entre as estruturas sociais implicam proporcionalmente para uma nova concepção de reorganização social, seja ela por qualquer matriz que seja: social, político, religioso entre outros. Assim como a filosofia descartiana apontou uma ruptura de pensamento moderno, o positivismo, por sua vez, estabeleceu também novas formas de relações entre as estruturas para que pudesse ser pulverizada. No entanto no último caso, a racionalização de um método de estudo chegou ao ápice da super-especializção de tal maneira que o positivismo se tornou um modo de fazer ciência e de determinar conhecimentos estruturados, que não levam em consideração o todo. É a parir da visão de Bachelard (1884 – 1962) que evidenciaremos as rupturas do positivismo para os novos conceitos paradigmáticos. Pois em sua concepção de filosofia da ciência ele “preocupa-se com uma reflexão sobre as filosofias implícitas nas práticas científicas, e, com a introdução da noção de ‘ruptura epistemológica’, opõe-se às tradições positivistas que nos fatos há ciência mesclada de intuição de erros, de ponto de vista e de ideologias” (GAMBOA. 2012. p. 30). Neste período de transição do século XIX ao século XX muitos outros pensadores elaboram novas concepções de ciência, a fim de superar o que já estava postulado. A educação no século vinte: influências do Positivismo, Liberalismo e Materialismo Os fundamentadores da relação de uma nova epistême científica no período do século XX são dedicados aqui, especificamente, aos pensadores que fundamentaram a teoria crítica. Está relação está intrinsecamente ligada a três pontos fundamentais em relação aos tipos de paradigmas agora surgidos nesse período. Sendo eles: o positivismo, como podemos observar foi uma teoria autodeterminante, pois toma como princípio de que todo ser é autodeterminante e de que deve ser mediador entre o ser positivo com a sociedade. Ou seja: estabelecer novos meios de relações de conhecimentos a fim de sempre produzir algo, princípios técnicos e com objetivos exatos. Ou seja, a relação da educação com o positivismo é justamente a visão técnica e funcional. Cada indivíduo terá sua capacitação específica para funções específicas, uma formação rigorosa e padrão. O liberalismo, por sua vez, opõe-se ligeiramente desta concepção positivista, pois o estado não controla agora as estruturas, como as religiosas e as militares. Ou seja: o dever do estado é garantir a liberdade, soberania, justiça, segurança das pessoas. Esse pensamento derivado da Revolução Francesa (1789 – 1799) se expandiu ao longo do final do século XVIII, ultrapassou o século XIX e chegou ao século XX. Entende-se por esse paradigma a liberdade econômica estabelecida pelo mercado, o que significa expressar que na concepção política o estado deve ser mínimo. E na concepção social é de que o estado não poderá, de forma alguma, intervir na vida social. A liberdade do cidadão está sujeito às consequências dos seus atos. A educação, por sua vez, é um instrumento que deverá ser acessível a todos que desejarem possuir, seja de modo privado ou de modo público. Outra concepção de conhecimento que causou algumas mudanças nas relações entre as estruturas sociais foi à concepção do Materialismo Dialético. Concepção fundamental estabelecida por Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1885). Juntos propunham que a reforma do ser humano está relacionada ao princípio do que está posto, do real. É a partir daí, segundo a concepção da dialética hegeliana que as teorias se fundamentam, a partir da base do movimento dialético sensorial. Acreditavam que a relação social deveria ser estudada, utilizando assim o trabalho como base de estudo comum para se analisar a estrutura social. Com isso, diferentemente do Liberalismo eles apontam que mesmo o estado não sendo intervencionista na economia, ele, o estado, apresenta um conflito de interesse do individual em relação ao coletivo, pois a posição de sujeito inerente ao servidor público estabelece uma relação de poder que, consequentemente, dá o poder de tomadas de decisões que implicam na estrutura social. Em outras palavras, afirmam que as condições materiais adquiridas determinam a estrutura de classes e estabelece também a forma de fazer política. Assim, os filósofos dessa perspectiva afirmam a necessidade de uma revolução da autotransformação para estabelecer uma nova sociedade. Assim como apontam as contradições de trabalho estabelecido entre os capitalistas em relação aos proletariados, pois a relação intrínseca entre os dois estabelecem injustiça, que é a mais-valia. Esta concepção paradigmática é em si contraditória na sua base teórica, pois ao mesmo tempo em que nega o homem trabalhador em criar possibilidades para sua emancipação, estabelece dentro dessa ótica, desigualdades em relação à produção de trabalho, denominado práxis. Esses pressupostos teóricos deram um encaminhamento para a nova crítica do século XX. Em 1924 funda-se a Escola de Frankfurt, suas bases derivam à crítica materialista dialética e, pode ser considerada uma escola interdisciplina de teorias neomarxistas. Esta instituição foi composta por nove pesquisadores, porém apenas dois desses pensadores são pilares para a filosofia crítica. Theodor Adorno (1903 – 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973) são pensadores da primeira geração da escola que estabeleceram uma crítica à ascensão dos regimes totalitários que estavam se estruturando na Europa. Nesse mesmo período de transição de décadas de vinte a trinta, a sociedade está sendo confrontada pela relação paradigmática sobre os pressupostos do socialismo e capitalismo. Ainda sobre esta concepção, ainda hoje no século XXI encontra-se um pensador que foi orientado por Adorno, Jurgem Habermas, e o faz um herdeiro concreto da primeira geração de Frankfurt. Havia uma premissa de que o conhecimento racional e a dominação faziam possuíam um vínculo primordial para Horkheimer e Adorno. Habermas, por sua vez, possui investigações epistemológicas que contrapõeos preceitos do positivismo lógico e, por isso, dialoga sobre a perspectiva da democracia racional. Com isso, seus estudos tomam delineamentos sobre o estudo da do ato de comunicar-se como preceitos da emancipação da razão. Mais a frente Habermas estipula um conceito geral de razão comunicativa e ação comunicativa como forma de superação da razão iluminista, predominante positiva. O que significa dizer é que assim como pontua Kuns (1996) que “uma educação mais emancipadora, voltada para a formação da cidadania do jovem do que de mera instrumentalização técnica para o trabalho” (KUNZ, 1996, p.144) em uma perspectiva mais específica, representa assim uma teoria crítica que se fundamentou na escola de Frankfurt, que ainda possuem suas bandeiras levantadas a favor de uma emancipação da mente em detrimento a ação humana e não somente as meras repetições, tanto pedagógicas quanto técnicas que não agregam novos modos de visão de mundo da consciência propriamente dita. Para Habermas, a formação educacional deveria ser consensual, no sentido de priorizar uma ação social entre os indivíduos de modo interacionista estabelecida por acordos (RUZ, 1984; HABERMAS, 1975). Dessa forma, as assimetrias do saber e poder dever-se-iam ser ressignificadas na relação de formação. Com tudo, cabe refletir que durante o início da caminhada para uma ciência mais metódica, ao decorrer dos tempos, as concepções foram se modificando e com isso, o modo de ensino e educação também. Em um período anterior à moderna, os ensinos eram eclesiásticos, em detrimento ao saber divino. A partir desse rompimento do que será a ciência com relação à distinção da mesma com a religião é então que se passa a estabelecer novos modos de ensinos. É a partir do fim do século XVIII ao fim do século XX que a escola propriamente dita ganha “massividade”. O que significa dizer que a teoria crítica estabelecida nesse período de início do século vinte foi fundamental para estruturar novos conhecimentos como, por exemplo, os da psicanálise, sociais entre outros. Pois foi a partir de então que as ciências ganharam um vasto e amplo campo para suas investigações das concepções me relações às estruturas sociais. Referências BERNARD, Charlot. A pesquisa educacional entre conhecimentos, políticas e práticas: especificidades e desafios de uma área de saber. Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006. BERTOCHE, Gustavo. A objetividade da ciência na filosofia de Bachelard. Disponível em: <www.ebooksbrasil.org>. Rio de Janeiro. 2006. CABRAL, João Francisco Pereira. "Teoria Crítica e seus principais pensadores";Brasil Escola. Disponível em <http://www.brasilescola.com/filosofia/teoria-critica-seus- principais-pensadores.htm>. Acesso em 15 de novembro de 2015 COMTE, Auguste. Discurso preliminar sobre o espírito positivo. Centaur, 2013. DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. De Maria Ermantina Galvão. Martins Fontes. São Paulo, 2001. GAMBOA, S. Silvio. Pesquisa em Educação: métodos e epistemologias. 2. Ed. Chapecó: Arcos, 2012. HABERMAS, JÜRGEN. Técnica e ciência como ‘ideologia’. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 303-333. (Coleção Os Pensadores). KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: "O que é o Iluminismo?". In:____. A paz perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Mourão. Lisboa: ed.70, 1988, Disponível em: <http://www.lusosofia.net/textos/kant_o_iluminismo_1784.pdf>> Acesso em: 09 Novembro 2015. KUNS, Eleonor. Transformação didático-pedagógico do esporte. Ijuí: Unijuí. 1996. MARX. Karl.; ENGELS. Friedrich. A Ideologia Alemã. Martins Fontes. São Paulo. 2001. ROUSSEAU, Jean-Jaques. O Discurso da Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens. Martins Fontes. Trad. Maria Ermantina Galvão. São Paulo, 1999.
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