Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Universidade federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde Departamento de Farmácia Disciplina de Farmacognosia TRABALHO FINAL DA DROGA VEGETAL SENE - CASSIA ANGUSTIFOLIA avaliação das características organolépticas, botânicas e a identificação da presença dos marcadores químicos do Sene. AUTORES: PAULA RAFAELA DE LIMA RAPHAEL MONTORIL DE SOUZA ARAÚJO WELLYSON TALLYSON BANDEIRA SILVA NATAL/RN 2015 Introdução O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais (MACIEL et al., 2002). A Organização Mundial da Saúde (OMS) define planta medicinal como sendo "todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos". O sene, introduzido na Europa no Século XI pelos Árabes, era um dos purgantes mais apreciados. Atualmente o sene é uma das plantas medicinais mais usadas. Cassia angustifólia é uma planta pertencente à família Fabaceae, da subfamília Caesalpinioideae distribuída no Nordeste do Brasil (Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte), que inclui cerca de 260 espécies, sendo uma planta leguminosa de pequeno porte e de flores amarelas, suas vagens e, principalmente, suas pequenas folhas são utilizadas na fitoterapia como laxante, para eliminação de gases e alívio dos sintomas das hemorroidas, uma vez que aumenta o peristaltismo (ROCHA,2006). Este trabalho teve como objetivo a avaliação das características organolépticas, botânicas e a identificação da presença dos marcadores químicos do Sene, baseando-se na literatura. Revisão bibliográfica NOME CIENTÍFICO Senna Alexandrina Mill. FAMÍLIA Fabaceae NOME POPULAR Sena, Sene, cássia, fedegoso-do-rio-de-janeiro, lava-pratos e mamanga. CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS Odor peculiar, sabor amargo e adstringente FARMACÓGENO Folíolos (folhas jovens) FARMACOPEIA BRASILEIRA vol. 2, 5ª Ed., 2010 Informações farmacologicas A Sene tem seu uso relacionado a constipação, em alguns casos em atividade antihelminica. No Ceará foi realizado um estudo da atividade farmacológica na constipação intestinal funcional crônica, com uma seleção de 142 pacientes de ambos os sexos. De acordo com os critérios de Roma II (THOMPSON et al.1999) o paciente é caracterizado como constipado quando apresentar duas ou mais das seguintes características nos últimos três meses: Menos de três evacuações por semana; Fezes duras e aspecto granulosos; Sensação de evacuação incompleta ou obstrução anorretal em pelo menos 25% das evacuações; Dificuldade para evacuar em pelo menos 25% dos movimentos intestinais. Avaliação de segurança e eficácia terapêutica da associação de Cassia fistula L, Cassia angustifólia Vahl, Tamarindus indica L, Coriandrum sativum L e Glycyrrhiza glabra L em pacientes com constipação intestinal EXTRATO AVALIADO Tamarinegeleia associações: Cassia angustifólia 400 mg Cassia fistula ATIVIDADE AVALIADA Laxativa MODELO UTILIZADO CLAE – em comparação com o comprimido deTamarine DOSE IN VIVO 5 g da geleia seguida da ingestão de 200ml água por 28 dias VIA DE ADMINISTRAÇÃO Via oral RESULTADOS Aumento do numero de evacuações semanais durante o uso deTamarinegeleias. Com base nos resultados obtidos os pacientes que responderam ao tratamento, tiveram uma taxa de melhora significativa na constipação intestinal. Avaliação do Teste in vivo em pacientes com constipação intestinal Informações toxicológicas Extrato avaliado Extrato de Sene Parte da planta utilizada Folhas Atividade avaliada Ingestão acentuada do extrato empregado no tratamento da obstipação Modelo utilizado Não descrito Dose in vivo 1 colher de chá do extrato das folhas do Sene Via de administração Oral Resultados Efeitos biológicos de alguns componentes químicos da planta dosennee o presente caso clínico, revelam efeitos tóxicos com incidência preferencial sobre os tecidos neurológico, muscular e hepático, traduzindo-se na elevação assintomática das enzimas hepáticas,miopatiamitocondrial com atrofia muscular, perda ponderal, alteraçõeselectromiográficasde lesãoaxonal, entre outras manifestações clínicas deetiopatogeniapouco esclarecida que integram o conjunto de efeitos adversos descritos para a planta dosenne. Ingestão prolongada de senne: emagrecimento, edema cíclico, dispepsia e hepatoneuromiopatia/ jun/2010 Resultados e discussões Amostragem Resultados e discussões Amostragem Material estranho pena de ave, fruto da planta, algumas sementes da planta, grande quantidade de peciólulo e pó esverdeado. Impurezas Peso das impurezas: 1,01 g Peso da amostra: 27,75 g Cálculo: 27,75g --------- 100% 1,01g ---------- X X= 3,64% de impurezas Resultados e discussões Identificação dos metabólitos Fenóis Teste com cloreto férrico (os fenóis formam complexos coloridos com íon Fe3+). A coloração varia do azul ao vermelho. Reação positiva, indicando a presença de compostos fenólicos e obteve uma coloração verde azulada. EXTRATO REAÇÃO COM O FeCl3 Resultados e discussões Reação da cianidina ou shinoda – Flavonóides Adição de magnésio metálico, seguido de HCl (ácido clorídrico) à uma alíquota do extrato vegetal. Esta reação acontece geralmente sobre os compostos de coloração amarela, tornando-se vermelhos. A reação foi positiva observando mudança da coloração, e presença de uma espuma avermelhada caracterizando a presença de composto flavonol. Identificação dos metabólitos LANGASSNER; GIORDANI; Apostila de Farmacognosia 2015 Resultado e discussão Identificação dos metabólitos Antraquinonas O teste de Bornträger é frequentemente usado para detecção de antraquinonas livres, onde coloração rósea, vermelha ou violeta é desenvolvida em meio básico. A reação para detecção de antraquinonas para a sua forma livre foi positiva, pois apresentou uma coloração rosa avermelhada. E para a forma conjugada foi positiva, pois a fase amoniacal apresentou uma coloração de rosa à vermelho. Resultado positivo para a reação para detecção de antraquinonas Antraquinonas na forma conjugada Resultados e discussões Identificação dos metabólitos Taninos Reação de gelatina para detecção de taninos totais Substâncias vermelhas insolúveis, chamadas de flobafenos são responsáveis pela coloração vermelha de diversas cascas de plantas (p. ex. quina vermelha). Em solução, desenvolvem coloração verde com cloreto férrico, assim como o catecol (LANGASSNER; GIORDANI, 2015). Para a determinação de taninos foi utilizada a reação de precipitação em gelatina, onde a mesma apresentou resultado negativo, Resultados e discussões Identificação dos metabólitos Saponinas A caracterização das saponinas em uma amostra vegetal pode ser feita de maneira simples, com base na consequência da ação tensoativo de seus glicosídeos: investiga-se o poder espumante ou hemolítico de um macerado ou decocção aquosa da droga. Para determinação de saponinas foi utilizado o teste de formação de espuma onde agitou-se verticalmente e vigorosamente o tubo de ensaio e em seguida deixou em repouso para observar o aparecimento da espuma. A pesquisa de saponinas apresentou resultado negativo, não ocorrendo formação de espuma persistente Resultados e discussões Identificação dos metabólitos Alcaloides RGA Composição Cor do Precipitado Resultados Dragendorff Iodo bismutato de potássio Alaranjado Positivo Mayer Iodo mercurato de potássio Branco Negativo Bertrand Ácido sílico-túngstico Branco Negativo Wagner Iodo-iodeto de potássio Marrom Positivo Positivo Negativo Negativo Positivo É detectado por meio dos reativos gerais de alcaloides (RGA), com os quais formam turvação à precipitação em meio ácido (LANGASSNER, GIORDANI, 2015). Resultados e discussões Identificação dos metabólitos Cromatografia em camada delgada – CCD CCD contendo amostra, Senosideo A e Senosideo B respectivamente Padrões Na primeira banda de Senosideo A foi obtido um Rf de 0,65, na segunda banda de Senosideo B foi obtido um Rf de 0,5, além disso, é característica da planta apresentar um afunilamento no decorrer da corrida cromatográfica, comprovando que a planta utilizada realmente é o Sene. Parecer técnico A droga vegetal apresentou as características botânicas e organolépticas dispostas na Farmacopeia brasileira; A avaliação da presença de marcadores químicos mostrou a presença de Senosideos A e B, como estipulado em algumas literaturas e na própria farmacopeia; Apesar das presenças dos marcadores químicos, a droga vegetal não passou no teste de pureza apresentando um valor acima (3,64%) do que descrito na farmacopeia (2,0%). Os principais quesitos, baseado na Farmacopeia Brasileira, para a aprovação da qualidade da droga vegetal são a presença dos marcadores químicos e o ensaio de pureza. Entrevista ENTREVISTA COM UM VENDEDOR DE DROGAS VEGETAIS Casa dos Naturais · Loja de ervas R. Pres. Quaresma - Alicrim, 586ª --- Natal/RN Fone: (84) 3223-9402 (Manoel) Qual a indicação do sene – Cassia angustifolia? O Sene serve para Fissuras Anais e hemorroidas. Como se usa essa planta como medicamento? Se prepara o chá da planta do Sene, a receita é utilizar algumas das suas folhas ou até mesmo as suas semente, onde depois de feito o chá, tomar 2x ao dia. Como é feita a coleta da planta? O mesmo disse que já compra de um fornecedor na forma integra. Mas que no momento não tinha em sua loja. Quais os risco de uso do sene? O mesmo desconversou e não respondeu a pergunta, e só falou das indicações. Senlax – Cassia angustifólia Vahl. 100 mg Esta planta é destinada ao tratamento de prisão de ventre ocasional. Não deve ser utilizado por pessoas portadoras de obstrução intestinal, inflamação intestinal aguda (doença de Crohn), colite, apendicite ou dor abdominal de origem não diagnosticada, constipação crônica, Não usar em crianças menores de 12 anos. Reg MS 1.2011.5161. SAC: sac@phitosmacy.com.br 0800 1234567 SENLAX É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA Phitosmacy SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSUTADO. phitosmacy.com.br Contra-indicação Não deve ser utilizado por pessoas portadoras de obstrução intestinal, inflamação intestinal aguda (doença de Crohn), colite, apendicite ou dor abdominal de origem não diagnosticada, constipação crônica, Não usar em crianças menores de 10 anos. (WHO, 1999; NEWALL, ANDERSON, PHILLIPSON,1996; BLUMENTHAL et al., 1998). Indicações/Ações terapêuticas Parte da planta usada São as Folhas Posologia Interações medicamentosas Este medicamento pode interagir com corticosteroides (anti-inflamatórios imunossupressor) pois o fitoterápico reduz a absorção gastrointestinal do fármaco com redução do efeito (SALVI, 2008; HEUSER 2008). O Sene Também causa Hiperatividade vascular pelo o aumento da perda de potássio (SALVI, 2008; HEUSER 2008). Esta planta é destinada ao tratamento de prisão de ventre ocasional. Ingerir duas cápsulas, via oral, à noite, ao deitar-se. Pacientes idosos devem, inicialmente, administrar a metade da dose prescrita (PHYSICIANS DESK REFERENCE, 2004). A utilização de laxantes não deve ultrapassar o período de uma ou duas semanas (ESCOP, 1997; WHO, 1999; PDR, 2004; MASSON,1998; ALONSO, 1999; BLUMENTHAL et al., 1998) Senlax Phitosmacy Cassia angustifolia Apresentação Cápsula dura - Extrato seco das folhas de Cassia angustifolia 100 mg - Embalagem com 3 blísters contendo 15 cápsulas cada. Referências ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina: bases clínicas e farmacológicas. Argentina: Isis Ediciones SRL, 1998. BLUMENTHAL et al. Therapeutic Guide to Herbal Medicines. Massachusetts, 1998. European Scientific Cooperative on Phytotherapy. Monographs. 2oed. Grã – Bretanha: Biddles Ltda, Guilford and King’s Lynn, 1997 NEWALL, C. A; ANDERSON, L. A; PHILLIPSON, J. D. Herbal Medicines: a Guide for Health Care Professionals. London: The Pharmaceutical Press, 1996. REFERÊNCIAS ARTIGOS CIENTIFICOS AA TCHAMBULE, V SEVASTYNOV; Estudo fitoquímico da planta edicinal Aloe marlothii, 2011 - 196.3.97.216 ALEMAYEHU, G.; ABEGAZ, B.; KRAUS W. A. 1-4, anthraquinone-dihydroantrhacenone dimer from Senna sophera. Phytochemistry, v. 48, n. 4, p. 699-702, 1998. ANGELO, PRISCILA MILENE; JORGE, NEUZA; Compostos fenólicos em alimentos - uma breve revisão; Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.) vol.66 no.1 São Paulo 2007 ARAÚJO, S. A. C. et al. Usos potenciais de Meliaazedarach l. (meliaceae): um levantamento; Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.76, n.1, p.141-148, 2009. SOARES, ALINE; Avaliação de segurança e eficácia terapêutica da associação de Cassia fistula L, Cassia angustifólia Vahl, Tamarindus indica L, Coriandrum sativum L e Glycyrrhiza glabra L em pacientes com constipação intestinal; Fortaleza, 2008. 183 f. : il. DEGANI, ANA LUIZA G.; CASS, QUEZIA B.; VIEIRA, PAULO C.; Cromatografia um breve ensaio; Química Nova na Escola Cromatografia, n° 7, MAIO 1998. MACIEL, M.A.M.; PINTO, A. C.; VEIGA JR., V. F.; GRYNBERG, N. F.; ECHEVARRIA, A. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Química Nova, v. 25, nº 3, p. 429-438, 2002. P. HAMILTON, D. HUI. DrugsandDrugs. Canada: Peter Hamilton and David Hui.2nd Edition 2006: 86 HARBORNE, J.B. 1973. Flavonoids. In Phytochemistry VII. (L.P. Miller, ed.). Van Nostrand Reinhold Company, New York. KINJO, JUNEI; IKEDA, TUYOSHI; WATANABE, KAZUTAKA; NOHARA, TOSHIHIRO; An anthraquinone glycoside fromCassia angustifolia leaves; Phytochemistry; vol. 37, Issue 6, December 1994, Pages 1685-1687 RAPOSO, JOÃO; VELHO, PEDRO; Ingestão prolongada de senne: emagrecimento, edema cíclico, dispepsia e hepatoneuromiopatia. Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Coimbra. Trabalho realizado no Serviço de Medicina 2 do Centro Hospitalar Cova da Beira, EPE, Covilhã. 83 v.17, nº 2abr/jun 2010 Teor de flavonóides e fenóis totais em folhas de Pyrostegia venusta; Rev. bras. Bot. vol. 21 n. 2 São Paulo Aug. 1998 MÜLLER; FASOLO; BERTÊ; ELY; HOLZ; Análise fitoquímica das folhas de Myrtaceae: psidium cattleianum Sabine e Campomanesia guazumaefolia (camb.) Berg; Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636; vol.8, N.14: p.65-71, Maio/2012 SAIBROSA, JOSANY; Análise da qualidade de cápsulas de Cáscara sagrada (Rhamnus purshiona) provenientes de farmácias magistrais de Teresina-Pi; Boletim Informativo Geum, v. 5, n. 2, p. 85-93, abr./jun.,2014 ISSN 2237-7387 ROCHA; Uso popular de plantas medicinais; Saúde & Ambiente em Revista, Duque de Caxias, v.1, n.2, , jul-dez 2006 RODRIGUES, I. M. C.; SOUZA FILHO, A. P. S.; FERREIRA, F. A. Estudo fitoquímico de Senna alata. por duas metodologias. Planta Daninha, v. 27, n. 3, p. 507-513, 2009. VIEGAS; REZENDE; Aspectos químicos, biológicos e etnofarmacológicos do gênero Cassia; Quím. Nova vol.29 no.6 São Paulo Nov./Dec. 2006 BASES DE DADOS Taninos; Revista eletrônica Sociedade Brasileira de Farmacognosia, 2009 FARMACOPEIA BRASIL, Farmacopeia Brasileira. 5 ed. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2010. 706p. Formulário Nacional. LIVRO ALONSO, J.R. Tratado de Fitomedicina: bases clínicas e farmacológicas. Buenos Aires: Isis edições SRL, 1998. 1039 p. COSTA, A. F. Farmacognosia. 3.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1975. v. 1. 1031 p LANGASSNER; GIORDANI; Pesquisa de Alcaloides e Preparação do Extrato da Planta para CCD; Farmacognosia: Roteiro de aulas praticas; Natal/RN; pag. 26 GUERRA, M. P.; NODARI, R. O. Biodiversidade: aspectos biológicos, geográficos, legais e éticos. In: SIMÕES, M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTEZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6ª ed. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/Editora da UFSC, 2010
Compartilhar