Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA RARISON POSSIDÔNEO NUNES AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DO PAVIMENTO FLEXÍVEL COM UTILIZAÇÃO DA VIGA BENKELMAN E PARÂMETROS DA BACIA DEFLECTOMÉTRICA BELO HORIZONTE 2015 RARISON POSSIDÔNEO NUNES AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DO PAVIMENTO FLEXÍVEL COM UTILIZAÇÃO DA VIGA BENKELMAN E PARÂMETROS DA BACIA DEFLECTOMÉTRICA Monografia apresentada à engenharia geotécnica da Universidade da Cidade de São Paulo, como requisito para obtenção do título de Especialista. BELO HORIZONTE 2015 RARISON POSSIDÔNEO NUNES AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DO PAVIMENTO FLEXÍVEL COM UTILIZAÇÃO DA VIGA BENKELMAN E PARÂMETROS DA BACIA DEFLECTOMÉTRICA Monografia apresentada à engenharia geotécnica da Universidade da Cidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Área de concentração: Data da apresentação: Resultado: ______________________ BANCA EXAMINADORA: Prof. Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________ Prof. Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________ 3 A todos aqueles que dе alguma forma estiveram е estão próximos dе mim, fazendo esta experiência valer а pena. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me privilegiado com muita saúde. À minha esposa pelo apoio incondicional. À minha família (pais, irmãos, padrinhos e sobrinhas), pelo apoio e compreensão. À minha professora Mara Lúcia Pereira Diniz Cruz, pelo incentivo aos estudos. Meu muito obrigado! RESUMO As estradas do Brasil sofrem com a degradação causada pela passagem dos veículos e condições do clima. Neste trabalho foi estudado um trecho de uma rodovia do estado de Goiás referente a avaliação estrutural de pavimentos. A aceitação de uma camada de pavimento na maioria das obras do Brasil se faz através do controle de qualidade por meio do controle dos materiais, da umidade, e grau de compactação seguindo as especificações estabelecidas pelos órgãos vigentes no país sem análise estrutural aprofundada de cada camada fazendo com que o tal desconhecimento gere retrabalhos prejuízos financeiros e sociais. Assim se faz necessário o conhecimento da estrutura de fundação do pavimento para as obras novas e nas obras cujo reforço de misturas betuminosas seja maior que 10 centímetros em especial pra obras de vultosos investimentos de forma a garantir então o retorno de tal investimento com diferentes equipamentos utilizados no controle deflectométrico. Neste sentido este trabalho tem o objetivo de realizar uma pesquisa exploratória bibliográfica, tendo como foco apontar as formas através de metodologias de avaliação estrutural com enfoque no equipamento tipo Viga Benkelman que é atualmente um dos equipamentos mais utilizados no Brasil. Palavras-chave: Aceitação das camadas do pavimento. Deflectometria. Interpretação das deflexões. ABSTRACT The roads of Brazil suffer from degradation caused by the passage of vehicles and climate conditions. In this work it was studied one stretch from a Goiás state highway relative the structural evaluation of pavements. Acceptance of a pavement layer in most of Brazil's works It is done by quality control through the control of materials, moisture, and degree of compaction following the specifications established by the bodies existing in the country without detailed structural analysis of each layer causing such lack generate rework with financial and social losses. Thus it is necessary knowledge of the foundation structure for the works new and at the works which reinforcement of bituminous mixtures is greater than 10 cm especially for works of huge investments in order to ensure the return of such an investment. In this sense this work It aims to conduct an exploratory research Bibliographical having as focus point as forms through Structural Evaluation methodologies focusing on the equipment type Benkelman Viga that is currently one the off most used equipment in Brazil. Keywords: Acceptance of the pavement layers. Deflectometry. Interpretation of deflections. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tipos de classes dos defeitos superficiais em pavimentos asfálticos flexíveis.....................................................................................................................................22 Tabela 2 – Categorias de defeitos gerais de pavimentos.........................................................23 Tabela 3 – Categoria dos defeitos gerais em pavimentos e exemplos de defeitos......................................................................................................................................23 Tabela 4 – Categoria dos defeitos ............................................................................................24 Tabela 5 – Distâncias do conjunto das duas rodas ...................................................................27 Tabela 6 – Faixas de parâmetros A...........................................................................................41 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DER/SP Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo DER/SP Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes CNT Confederação Nacional de Transportes CAUQ Concreto asfáltico usinado a quente CBUQ Concreto betuminoso usinado a quente ELSYM-5 Elastic Layered System FWD Falling Weight Deflectometer LWD Light Weight Deflectometer NDT Nondestructive Testing LISTA DE SÍMBOLOS A Parâmetro Área BCI Índice da Curvatura da Base BDI Índice de Danos à Base D0 ou Dmax Deflexão no ponto de aplicação da carga ou deflexão máxima Dc Deflexão característica obtida no levantamento de campo Dp Deflexão de projeto, sendo esta igual a Dc corrigida pelo fator de correção sazonal E Módulo de elasticidade / de resiliência N Vida de fadiga expressa em número de solicitações da carga PBD Parâmetro da Bacia Deflectométrica R Raio de Curvatura SCI Índice da Curvatura da Superfície SD Declividade da Deflexão εt Deformação horizontal de tração na fibra inferior do revestimento εv Deformação vertical de compressão no topo do subleito SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12 1.1 Justificativa .................................................................................................................. 13 1.2 Objetivo ........................................................................................................................ 131.3 Metodologia .................................................................................................................. 13 2 EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO ESTRUTURAL .................................................... 15 3 AVALIAÇÃO ESTRUTURAL DOS PAVIMENTOS ............................................. 16 3.1 Avaliação funcional e estrutural ................................................................................. 17 3.2 Classe dos defeitos dos pavimentos flexíveis .............................................................. 21 3.3 Classe dos defeitos dos pavimentos flexíveis e suas causas ....................................... 22 3.4 Categoria dos defeitos dos pavimentos flexíveis e exemplo de defeitos ................... 23 3.5 Codificação dos defeitos dos pavimentos flexíveis e semi-rígidos ............................ 24 4 EQUIPAMENTOS ...................................................................................................... 25 4.1 Equipamentos estáticos ............................................................................................... 25 4.2 Equipamentos automáticos ......................................................................................... 26 4.3 Equipamento estático com carga dinâmica ............................................................... 26 4.4 Equipamento por impulso - carregamento dinâmico transiente ............................. 26 4.5 Equipamento por método de propagação de onda .................................................... 27 5 PROCEDIMENTO NA UTILIZAÇÃO DA VIGA BENKELMAN ....................... 28 5.1 Procedimento para a determinação das deflexões com o equipamento Viga Benkelman .............................................................................................................................28 5.1.1 Localização dos pontos de ensaio ............................................................................... 28 5.1.2 Posicionamento do caminhão ..................................................................................... 28 5.1.3 Posicionamento da viga ............................................................................................... 30 5.1.4 Execução das medições ............................................................................................... 30 5.2 Procedimento para o delineamento da bacia de deformação com a Viga Benkelman................................................................................................................30 5.2.1 Localização dos pontos de ensaio ............................................................................... 30 5.2.2 Posicionamento do caminhão ..................................................................................... 30 5.2.3 Posicionamento da viga ............................................................................................... 31 5.2.4 Execução das medições ............................................................................................... 31 5.3 Avaliação estrutural por meio do número N ............................................................. 31 6 PARÂMETROS DA BACIA DEFLECTOMÉTRICA ............................................ 33 6.1 Deflexão máxima recuperável (D0) ............................................................................. 35 6.2 Raio de curvatura (R) .................................................................................................. 38 6.3 Produto entre o raio e a deflexão ................................................................................ 38 6.4 Índice da curvatura da superfície (SCI) ..................................................................... 39 6.5 Índice de danos à base (BDI) ....................................................................................... 39 6.6 Índice da curvatura da base (BCI) ............................................................................. 40 6.7 Área (A) ........................................................................................................................ 40 7 ESTUDO DE CASO .................................................................................................... 42 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 45 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 46 12 1 INTRODUÇÃO A medida de deflexão reversível obtida com a Viga ou outro equipamento é muito importante não somente no controle tecnológico de novos pavimentos quanto nos projetos de reforços de pavimentos existentes, identificando as deficiências e definindo-se os tipos e as espessuras das camadas de reforço. No Brasil, as metodologias oficiais destinadas ao cálculo de reforço do pavimento foram desenvolvidas para valores de deflexão obtidos com a Viga Benkelman, mas com o uso cada vez mais intenso do equipamento Falling Weight Deflectometer – FWD desde a década de 90, devido a uma série de vantagens em relação à Viga, existe a expectativa de converter as deflexões obtidas pelo FWD em deflexões equivalentes da Viga Benkelman, pois se visa reaproveitar o banco de dados realizados com a viga Benkelman na aplicação de novas metodologias que surgem com o emprego do FWD. Não existe uma correlação única para conseguir a conversão destes valores, tal correlação varia com o tipo de estrutura ensaiada, das condições climáticas, do modo de carregamento e da metodologia de ensaio empregada, sendo assim não de deve aplicar fatores de correções de literaturas sem antes analisar especificamente o trecho da rodovia em questão. Segundo o Atlas lançado em 2006 pela CNT Confederação Nacional de Transportes no Brasil, a matriz de transporte é predominantemente rodoviária, com esta modalidade correspondendo a cerca de 96,2% da matriz de transporte de passageiros e a 61,8% da matriz de transporte de cargas. Sendo assim a pavimentação rodoviária possui um papel importante nos transportes refletindo no desenvolvimento econômico de uma nação, visto que, o solo natural não é suficientemente resistente para suportar a repetição de cargas de roda e garantir a trafegabilidade em qualquer época do ano e condições climáticas se faz necessária à construção de uma estrutura chamada de pavimento. O pavimento tido por diversos autores e órgãos rodoviários como sendo uma estrutura constituída por múltiplas camadas de diferentes materiais superpostas sobre a superfície final de terraplenagem, com o objetivo de resistir e distribuir ao subleito os esforços oriundos do tráfego de veículos e do clima, bem como melhorar as condições de conforto e segurança aos usuários. Segundo a pesquisa da CNT realizada em 2014, a malha rodoviária federal teve seu pavimento classificado em 48,5% de seu total como ótimo e 9,2% como bom, já para as 13 rodovias estaduais o pavimento foi classificado em 30,0% de seu total como ótimo e 4,7% como bom. A proposta deste trabalho de especialização é apresentar a deflectometria não somente através dos parâmetros de deflexão recuperável e raio de curvatura, como também apresentar outros parâmetros da bacia deflectométrica que complementam a avaliação estrutural e fundamentam o controle tecnológico. 1.1 Justificativa da Escolha do Tema Ressaltar a importância do tema de controle de qualidade das estradas com a utilização dos equipamentos e parâmetros da bacia deflectométrica tanto em estradas novas como em estradas existentes no caso de restauração. 1.2 Objetivo Apresentar a deflectometria comoum complemento no controle de qualidade das camadas dos pavimentos flexíveis novos e existentes, propondo uma metodologia no controle de qualidade da fundação do pavimento com base em métodos deflectométricos, contribuindo no entendimento da deflectometria como um complemento no controle de qualidade de pavimentos flexíveis. 1.3 Metodologia O trabalho é embasado por uma pesquisa bibliográfica exploratória descritiva dos parâmetros de deflexão, como complemento no controle de qualidade do pavimento flexível permitindo avaliar a estrutura do mesmo através de ensaios não-destrutivos chamados de NDT (Nondestructive Testing) com equipamentos que são capazes de medir os deslocamentos recuperáveis da superfície (deflexões). 14 É apresentado um caso de estudo com análise estrutural simplificada apenas com a deflexão lida no ponto de aplicação da carga com apresentação de resultados, bem como apresentação de uma avaliação estrutural com mais de um parâmetro da bacia de deflexão com dados de deflexões hipotéticos. 15 2 EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO ESTRUTURAL O primeiro controle de qualidade com a utilização de equipamento simples na avaliação estrutural se deu com o equipamento Viga Benkelman no ano 1.953 quando Alvin Carlton Benkelman, na Califórnia desenvolveu um equipamento chamado de "Benkelman feixe" de medição das deformações elásticas pavimento. Até a década de 70, a engenharia de pavimentação no Brasil caracterizava-se por enfocar, basicamente, a capacidade de suporte dos pavimentos em termos de ruptura plástica sob carregamento estático, retratada através do valor do CBR, como notou-se na ocasião que boa parte da malha rodoviária vinha apresentando uma deterioração prematura, que era atribuída a fadiga dos materiais gerada pela contínua solicitação dinâmica do tráfego, esta realidade provocou a busca do conhecimento da resiliência de materiais empregáveis nos pavimentos permitindo assim, avaliar-se comportamentos estruturais até então não explicáveis pelos procedimentos clássicos e efetuar-se uma abordagem mais realista desta problema no meio tropical, visto que tais métodos clássico foram desenvolvidos em países de climas temperados. No estudo da resiliência, a mecânica nos solos convencionou chamar, de deformação resiliente a deformação elástica ou recuperável dos solos e de estruturas de pavimentos sob ação de cargas repetidas. Pelo método não destrutivo o estudo da resiliência é realizado com a utilização de deflectômetros, equipamentos que permitem fazer as medições das deflexões nas camadas do pavimento. Tais equipamentos serão abordados adiante no capítulo específico. 16 3 AVALIAÇÃO DOS PAVIMENTOS Clarissa Beatriz Sandoval Borges em sua dissertação de mestrado, além de fazer um apanhado dos equipamentos capazes de realizar medições deflectométricas, também cita os tipos de avaliações do pavimento. A pesquisadora analisa os resultados deflectométricos obtidos com o equipamento Viga Benkelman nas mesmas estações lidas pelo equipamento FWD (Falling Weight Deflectometer) em 41 pontos equidistantes de 25 metros em 56 segmentos de 1 quilômetro cada em trechos de algumas rodovias de Santa Catarina, nesta análise deflexão média obtida com o levantamento realizado com a Viga Benkelman é cerca de 26% maior que a deflexão média obtida com o FWD. Por sua vez, Clovis Ferreira Madruga, apresenta em sua pesquisa um trabalho com Viga Benkelman que conceitua a deflectometria e deformações, além de fazer um apanhado de outros equipamentos capazes de realizar medições deflectométricas. O autor apresentou uma pesquisa voltada para a deflectometria com uso específico do equipamento Viga Benkelman conceituando as medidas de deflexões e analisando os resultados das mesmas deflexões. Avalia ainda por meio das deflexões, o estado dos pavimentos existentes e acabados apresentando uma forma de reforçar o pavimento e uma maneira de dimensionar o número N’ do pavimento construído por meio da deflexão característica do pavimento ao final da construção. A pesquisadora Flaviane Lopes Melo ( ano ) teve como objetivo propor uma metodologia de avaliação expedita da estrutura dos pavimentos asfálticos utilizando os Parâmetros da Bacia Deflectométrica (PBD). A autora cita alguns programas computacionais utilizados no cálculo de tensões, deformações e deslocamentos. Sendo o ELSYM-5 o programa mais utilizado no Brasil, segundo a autora. A pesquisa apresenta diversos parâmetros da bacia deflectométrica, seguido de seus valores limites. Apresenta também as experiências com o PBD em seis países e menciona dois métodos de dimensionamento do reforço sendo um deles australiano e outro brasileiro. Em sua dissertação, Santi Ferri, objetivou em sua pesquisa apresentar o controle de qualidade direcionado à pavimentação com enfoque nos métodos deflectométricos com aplicação na fundação de um pavimento. Sendo o objetivo principal do autor a avaliação e liberação de camadas acabadas de pavimento por critérios deflectométricos. 17 Para análise dos resultados da deflectometria o autor demonstra outros índices, parâmetros e fator de curvatura utilizados para avaliar os pavimentos rígidos e flexíveis. O autor também cita o cenário atual do controle de qualidade em pavimento no Brasil e em Portugal abordando os controles de materiais, de usinagem e de execução. Há também menção dos controles de qualidade referentes ao acabamento da superfície. Segundo o autor em solos heterogêneos é importante que se faça uma escavação há uma profundidade entre 30 e 60 cm além da cota original programada para o subleito de forma a conhecer os níveis deflectométricos antes mesmo das melhorias do subleito. 3.1 Avaliação funcional e estrutural O início da avaliação estrutural com o aparelho Viga Benkelman no ano 1.953 quando Alvin Carlton Benkelman, na Califórnia desenvolveu um equipamento chamado de "Benkelman feixe" de medição das deformações elásticas pavimento. Embora muitos dispositivos tenham sido inventados para medir a deflexão, o "Viga Benkelman" é o primeiro dispositivo simples utilizado no trabalho de avaliação estrutural em rodovia. Outros equipamentos utilizados no controle deflectométrico serão abordados adiante nesta pesquisa. Existem dois tipos de avaliações dos pavimentos a primeira é a funcional a qual não será abordada neste trabalho. Esta avaliação tem o objetivo de caracterizar o desempenho do pavimento sob o ponto de vista do usuário, quanto ao conforto ao rolamento e a segurança, que são aferidos por meio das medições dos defeitos superficiais, da irregularidade longitudinal e da macro e da microtextura. O desempenho funcional refere-se à capacidade do pavimento de satisfazer sua função principal, que é fornecer superfície com serventia adequada quanto à qualidade de rolamento podendo ser subjetiva ou objetiva. Na avaliação funcional subjetiva se atribui notas quanto às características físicas de uma rodovia sob os defeitos de irregularidades, trincas, afundamentos, remendos e textura superficial, já na avaliação funcional objetiva é aquela que é feita mediante a quantificação numérica dos defeitos através dos serviços de irregularidades longitudinais, cadastro contínuo de reparos superficiais e profundos, etc. A avaliação estrutural dos pavimentos segundo o DER/SP (2006), consiste na análise das medidas de deslocamentos verticais recuperáveis da superfície do pavimento quando 18 submetido a um determinado carregamento possibilitando realizar uma descrição objetiva de seu comportamentoem função das cargas de tráfego e dos fatores ambientais. A avaliação estrutural do pavimento pode ser feita de forma destrutiva que não será abordado de forma enriquecida neste trabalho, e na forma não destrutiva. A partir da segunda metade da década de 80, foram introduzidas as medições com equipamentos tipo FWD nas avaliações estruturais. Segundo Ullidtz (2005 apud HORAK; EMERY, 2006), a partir da década de 90 ocorreu o desenvolvimento dos procedimentos de retroanálise e de seus respectivos softwares, contudo para esse tipo de procedimento existem vários problemas de credibilidade devido às incertezas em relação à caracterização de materiais, as particularidades de cada tipo de equipamento de medição, as interpretações pessoais, a confusão entre as respostas dinâmica e estática e as possíveis variabilidades dos materiais. Segundo Marcon (1996), o método destrutivo invalida, para futuros testes, as áreas do pavimento onde foram feitas as remoções das amostras. Este método consiste na retirada de amostras do pavimento e posterior realização de ensaios em laboratório para a determinação do módulo resiliente do material de cada camada que compõe a estrutura. O peso específico e a umidade são definidos "in situ", no momento da retirada das amostras para que em laboratório sejam moldados os corpos de prova nestas condições. Os módulos resilientes de solos e materiais granulares são conhecidos através dos ensaios triaxiais dinâmicos (ensaios de compressão triaxial de cargas repetidas) em amostras cilíndricas de vários diâmetros e alturas proporcionais. O valor modular dos solos depende de sua natureza (constituição mineralógica, textura, plasticidade da fração fina), umidade, densidade e estado de tensões aplicados. Os resultados dos ensaios (módulos de resiliência) permitirão através de programas computacionais realizar uma retroanálise das camadas conhecendo-se a tensão de deformação máxima horizontal de tração no fundo da capa (εt) e a tensão de deformação máxima vertical no topo do subleito (εv). Por definição, o módulo resiliente de solos e materiais granulares é obtido com a seguinte equação: MR= d/r Onde: - MR = módulo resiliente que traduz a capacidade do solo de retornar a sua situação original após ser submetido a um carregamento; - d = tensão desvio repetida ou tensão vertical aplicada repetidamente; 19 -r = deformação axial recuperável, ou resiliente, correspondente a um certo número de aplicações de d. No método não-destrutivo para avaliação estrutural do pavimento é realizado através do levantamento deflectométrico da estrutura com o emprego de equipamentos que reproduzem, com boa aproximação, a carga no pavimento devido à ação do tráfego atuante. A deflectometria utilizada na avaliação estrutural dos pavimentos é o estudo das deformações verticais da superfície de um pavimento em conseqüência da ação de uma determinada carga ou solicitação. As deformações são em partes elásticas do material dos pavimentos quando sobre eles atua uma carga, mas também intervêm esforços plásticos nesse processo. Os primeiros (elásticos) desaparecem quando se remove a carga enquanto que os segundos (plásticos) são permanentes e a repetição das cargas produz distorções e trilhas na superfície do pavimento. As deformações são classificadas em recuperáveis (deflexões) quando o pavimento retoma sua posição original após o descarregamento e em permanentes quando o pavimento mantém uma deformação residual mesmo após o descarregamento. As deformações são utilizadas nas seguintes situações: Controlar a qualidade das camadas quanto à sua estrutura durante as obras; Na estabilização dos materiais dos subleitos melhorando a infraestrutura do pavimento; Conhecer as condições de um pavimento existente em caráter de conservação e restauração. A seguir é apresentado na figura 1 a representação esquemática das deformações que um pavimento pode sofrer por ação de carga: dt – Deformação total (seta para baixo - deformação produzida pela carga); dr – Deformação recuperável ou elástica (seta para cima até a superfície que se produz com a retirada da carga dp – Deformação permanente (diferença entre a posição original da superfície antes de aplicar a carga e depois de retirada). 20 Figura 1 – Deformações do pavimento em função da aplicação de cargas Fonte: MADRUGA, 2010 Deflexão é a medida da resposta do conjunto “pavimento–subleito” sob a ação de uma carga, tendo seu valor diminuído com a profundidade e com o distanciamento do ponto de aplicação da carga. Consideram-se “deflexões” as medidas das deformações recuperáveis do pavimento (dp = 0). As medidas de deflexões servem para: Determinação da vida útil remanescente de um pavimento; Avaliação estrutural de um pavimento com vistas a um projeto para sua restauração; Controle da qualidade estrutural de camadas em execução de obras novas; Determinar as condições de um pavimento ou uma rede rodoviária com vistas a uma política de conservação. Segundo o DNER-PRO-11/79, no tocante à deflexão pode-se distinguir as seguintes fases da vida do pavimento a saber: Fase de consolidação que se sucede à execução, onde as deflexões são decrescentes, devido à consolidação proporcionada pelo tráfego nas diversas camadas do pavimento. A deflexões tende a se estabilizar; Fase elástica que se sucede à fase de consolidação onde os valores das deflexões se mantém aproximadamente constante exceto nas situações sazonais. Esta fase define a vida útil do pavimento; Fase de Fadiga que sucede a fase elástica caracterizada por um crescimento 21 acelerado do valor das deflexões, onde fissuras, trincas e deformações aparecem no pavimento. A seguir são apresentadas na figura 2 as três fases da vida de um pavimento. Figura 2 – Fases da vida de um pavimento Fonte: DNER (1979) 3.2 Classe dos defeitos dos pavimentos flexíveis Domingues (1993) identifica os defeitos nos pavimentos asfálticos em duas classes: os funcionais e os estruturais. Os defeitos funcionais estão associados às qualidades do rolamento e da segurança do pavimento. Já os defeitos estruturais estão associados à capacidade do pavimento de suportar as cargas de projeto ou impostas. A Tabela 1 apresenta os defeitos mais correntes em revestimentos asfálticos. 22 Tabela 1 – Tipos de classes dos defeitos superficiais em pavimentos asfálticos flexíveis Fonte: DNIT (1998) 3.3 Categoria dos defeitos dos pavimentos flexíveis e suas causas Os principais defeitos de superfície dos pavimentos com revestimento asfáltico e os mecanismos de ocorrência ajudam no diagnóstico da patologia e são úteis na programação da reabilitação. Na tabela 2 a seguir são apresentadas as categorias de defeitos em pavimentos flexíveis. 23 Tabela 2 – Categorias de defeitos gerais em pavimentos Fonte: DNIT (1998) 3.4 Categoria dos defeitos dos pavimentos flexíveis e exemplo de defeitos Na tabela 3 a seguir são apresentadas as categorias de defeitos em pavimentos flexíveis e exemplo de defeitos. Tabela 3 – Categorias de defeitos gerais em pavimentos e exemplos de defeitos Fonte: DNIT (1998) 24 3.5 Codificação dos defeitos dos pavimentos flexíveis e semi-rígidos Na tabela 4 a seguir são apresentadas a codificação dos defeitos em pavimentos flexíveis e semi-flexíveis. Tabela 4 – Categorias dos defeitos Fonte: DNER (2003) 25 4 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO CONTROLE DEFLECTOMÉTRICOOs deflectômetros são equipamentos que permitem fazer as medições das deflexões nas camadas do pavimento pelo método não destrutivo. Os aparelhos especialmente preparados para medição das deflexões vêm se desenvolvendo, pela necessidade de aumentar a produtividade, aumentar a acurácia, simular melhor as cargas, utilizar procedimentos mais simples de operação e interpretação dos dados, reduzir os custos dos ensaios. Os equipamentos para medição das deformações verticais reversíveis podem ser classificados em 5 categorias (Momm e Domingues, 1996): 4.1 Equipamentos estáticos Medem a deflexão do pavimento sujeito à aplicação de uma carga estática ou que se desloca a uma velocidade muito baixa. São exemplos: o ensaio de placa e a Viga Benkelman (quase estático). A seguir é apresentado na figura 3 o equipamento de Viga Benkelman. Figura 3 – Equipamento Viga Benkelman Fonte: DNER (1994) 26 4.2 Equipamentos automáticos Consiste na automatização do processo da Viga Benkelman. São exemplos: defletógrafo La Croix, da França, Travelling Deflectometer, da Califórnia (defletógrafo móvel) e o Deflectógrafo Digital, da Solotest do Brasil que utilizam vigas de acionamento e registros automáticos. Deslocam-se de 0,8 a 5 km/h nas medições. Fazem medidas simultâneas nas trilhas de roda interna e externa, com grande rendimento de número de pontos ensaiados. O CEBTP Curvimeter, desenvolvido na França pode alcançar uma velocidade relativamente alta, de 18 km/h. 4.3 Equipamento estático com carga dinâmica Carregamento dinâmico em regime permanente também denominados vibradores, produzem uma vibração senoidal no pavimento com um gerador dinâmico. O processo consiste na aplicação na superfície do pavimento de uma carga estática, sendo o caráter dinâmico obtido com a vibração induzida. É medida a magnitude do pico da força dinâmica. São os equipamentos comercializados com os nomes de Dynaflect produzido no Texas pela Shell em 1965, Road Rater, Cox Device, FHWA Cox Van (Thumper) e vibrador WES 16-kip, do Corpo de Engenheiros dos EUA. 4.4 Equipamento por impulso - carregamento dinâmico transiente Estes equipamentos aplicam uma força transiente ao pavimento pelo impacto causado pela queda de um conjunto de massas de uma altura determinada sobre uma placa que transmite a força ao pavimento. Medem-se as deflexões máximas segundo um alinhamento que passa pelo centro da placa através de sensores (geofones ou LVDTs). São os 27 defletômetros de impacto ou FWD (Falling Weight Deflectometer). 4.5 Equipamento por método de propagação de onda Estes equipamentos medem a fase da velocidade de propagação de onda de tensões e deformações. Consistem em vibradores eletrodinâmicos ou magnético restritivo, um amplificador, um gerador de freqüência (20 a 25Hz), um acelerômetro, um filtro estreito e um medidor de fase (0º a 360º). Através deles pode-se determinar os módulos complexos dinâmicos dos pavimentos. No Brasil a avaliação deflectométrica é realizada em sua maioria através do equipamento Viga Benkelman. A seguir apresenta-se o procedimento na determinação das deflexões e do delineamento da bacia utilizando este a equipamento. 28 5 PROCEDIMENTOS NA UTILIZAÇÃO DA VIGA BENKELMAN 5.1 Procedimento para a determinação das deflexões com o equipamento Viga Benkelman 5.1.1 Localização dos pontos de ensaio a) As medidas de deflexões deverão ser realizadas, em estações distanciadas ao longo do eixo, de 20 em 20 metros e, alternadas em cada faixa de tráfego; b) Em uma mesma estaca, a estação de ensaio deverá se situar verticalmente no mesmo ponto, independentemente da camada a ser avaliada, de modo que se possa conhecer o comportamento das deformações elásticas, com o acréscimo da estrutura do pavimento. 5.1.2 Posicionamento do caminhão a) O caminhão deverá ser posicionado em relação à borda do pavimento acabado, conforme as distâncias referidas na tabela 5 a seguir: Tabela 5 – Distâncias do conjunto das duas rodas Fonte: DER-MG (2010) O caminhão deve ter um eixo traseiro com rodas duplas e 18.000 libras de carga por eixo (8,2 toneladas) com pneus 900x20 ou 1000x20 com 12 lonas e pressão de 80 lbs/pol2 (5,6 Kg/cm2) após carregamento. 29 O deslocamento do caminhão para frente move a carga “P” e proporciona esquematicamente as seguintes situações de leituras de deflexão com a Viga Benkelman, onde L0 = leitura inicial, Ln = Leituras intermediárias e Lf = Leitura final.A seguir é apresentado na figura 4 as situações de leituras de deflexões. Figura 4 – Situações de leituras de deflexão Fonte: MADRUGA, 2007 b) A medição das deflexões em rampas deverá ser realizada, com o caminhão percorrendo a via, sempre no sentido ascendente, de forma que se tenha a concentração de cargas no eixo traseiro do veículo. 30 5.1.3. Posicionamento da viga O ponto de prova da Viga deverá estar situado entre os pneus da roda dupla, adequadamente centralizado, sob a vertical do eixo. 5.1.4 Execução das medições a) A trava da Viga deverá ser solta de forma que seu braço possa se articular livremente; b) Deverá ser ligado o vibrador e ajustado o pé traseiro da Viga, até que o extensômetro fique próximo do meio do cursor; c) Com o vibrador em funcionamento, dever-se-á fazer a leitura inicial, L0 , em centésimos de milímetros; d) O caminhão deverá ser deslocado à frente, lentamente, por pelo menos 10 metros e, só então, dever-se-á proceder à leitura final, Lf, em centésimos de milímetros. 5.2 Procedimento para o delineamento da bacia de deformação com a Viga Benkelman 5.2.1 Localização dos pontos de ensaio As medidas de deflexões, correspondentes aos deslocamentos intermediários, deverão ser realizadas em estações distanciadas ao longo do eixo, de 200 em 200 metros e alternadas em cada faixa de tráfego; 5.2.2 Posicionamento do caminhão 31 a) O caminhão deverá ser posicionado em relação à borda do pavimento acabado. 5.2.3. Posicionamento da viga O ponto de prova da Viga deverá estar situado entre os pneus da roda dupla, adequadamente centralizado, sob a vertical do eixo. 5.2.4 Execução das medições a) Deverá ser solta a trava da Viga, de forma que seu braço possa se articular livremente; b) Deverá ser ligado o vibrador e ajustado o pé traseiro da Viga, até que o extensômetro fique próximo do meio do cursor; c) Com o vibrador em funcionamento, dever-se-á fazer a leitura inicial, L0, em centésimos de milímetros; d) O caminhão deverá ser deslocado à frente, lentamente, por 25 centímetros, coincidindo a referência do mesmo com a marca de 25 centímetros da régua. Neste momento, dever-se-á fazer a leitura intermediária, L25 , em centésimos de milímetros; e) Com o caminhão em movimento, procede-se da mesma forma, efetuando-se as leituras L50, L75, L100, L125 e a leitura final, Lf. 5.3 Avaliação estrutural por meio do número N Através do número N é possível estimar a vida restante de um pavimento, sempre que a deflexão de projeto (Dp) for menor que a deflexão admissível (Dadm) desde que o raio de curvatura seja maior ou igual a 100 m, esta situação indica que o pavimento ainda encontra-se em fase elástica possuindo ainda um período de vida restante. 32 O tempo de vida restante pode ser estimado determinando-se a que valor N corresponde à deflexão Dp. Conhecendo: Ns – Número de solicitações correspondentes às cargas por eixossuportadas pelo pavimento desde sua abertura ao tráfego até a data da avaliação; Nt – Número de solicitações indicadas no gráfico de deflexões admissíveis da figura 5 correspondente à deflexão Dp. Tem-se: Nr= Nt-Ns Sendo: Nr – O número de solicitações correspondentes às cargas por eixo a serem suportadas pelo pavimento desde a data da avaliação até o final do projeto de vida restante do pavimento. Figura 5 – Ábaco de deflexões admissíveis Fonte: DNER (1979) 33 6 PARÂMETROS DA BACIA DEFLECTOMÉTRICA Os parâmetros da bacia deflectométrica são medidas suplementares à avaliação estrutural do pavimento realizado através da determinação das deflexões recuperáveis no ponto de aplicação da carga medidas na superfície do pavimento. Este suplemento é realizado através das deflexões medidas também na superfície do pavimento em diferentes posições de forma a conhecer todo o delineamento da linha de influência longitudinal, tida como bacia de deformação. Segundo Horak (1987 e 2007), a bacia de deflexão medida abaixo da aplicação da carga pode ser dividida em três zonas distintas. A zona 01, próxima ao ponto de aplicação da carga onde a curvatura é positiva, tendo um raio não superior a 300 mm. A zona 02 representa a zona onde a bacia de deflexão muda de uma curvatura positiva para uma curvatura reversa, ou conhecida como zona de inflexão. A posição do ponto de inflexão depende das camadas do pavimento, e pode variar de 300 a 600 mm do ponto de carregamento. A zona 03 está mais longe do ponto de aplicação da carga, e a deflexão tende ao valor zero, sua extensão varia de 600 a 2.000 mm, porém depende da profundidade real da estrutura do pavimento e da camada do subleito. A figura 6 apresenta estas zonas. Figura 6 – Zonas de curvatura da bacia de deflexão Fonte: HORAK, 2007 34 No Brasil os métodos para o cálculo do reforço de pavimentos, como o DNER-PRO- 10/79, DNER-PRO-11/79 e DNER-PRO-269/94, recomendam a determinação da bacia de deformação através de levantamentos deflectométricos, mas somente o DNER-PRO-11/79 utiliza-se de medidas suplementares, mesmo que restritamente, para a obtenção do raio de curvatura. A seguir apresenta-se na figura 7 um nomograma do DNER (1979) no qual é possível prever em percentual a redução da deflexão que varia entre 0% e 90% quando adotado como solução uma camada constituída de material granular sobre um pavimento para seu devido reforço. Figura 7 – Redução Percentual de Deflexão Fonte: DNER (1979) 35 A Figura 8 representa uma bacia de deflexão e alguns dos parâmetros de deflexão que são estudados por diversos órgãos rodoviários internacionalmente e que serão apresentados nos itens seguintes com maiores detalhes. Figura 8 – Bacia de deflexão e indicações de parâmetros deflectométricos Fonte: LOPES, 2010 6.1 Deflexão máxima recuperável (D0) As ações das cargas de tráfego sobre os pavimentos flexíveis provocam deformações dos tipos permanentes e recuperáveis. A deflexão máxima recuperável é um parâmetro importante para a compressão do comportamento da estrutura, pois quanto maior o seu valor, mais elástica ou resiliente é a estrutura e maior é o seu comprometimento estrutural. A deflexão máxima recuperável no ponto de prova e nos pontos correspondentes aos diversos deslocamentos, deverá ser calculada através das seguintes fórmulas: D0=(L0-Lf)(a/b) Dn=(Ln-Lf)(a/b) Onde, D0 = deflexão real, em centésimos de milímetros Dn = deflexão nos pontos correspondentes aos diversos deslocamentos do veículo em centésimos de milímetros L0 = leitura inicial, em centésimos de milímetros 36 Ln = leitura nos pontos correspondentes aos diversos deslocamentos do veículo Lf= leitura final, em centésimos de milímetros a/b = constante da Viga, obtida pela relação de braço da Viga Benkelman As deflexões admissíveis (de projeto) são estabelecidas através no número “N” para que não surjam no pavimento os defeitos de irregularidades, trincas e afundamentos antes do horizonte de projeto. Segundo o DNER-PRO-11/79, nos pavimentos flexíveis construídos sobre base granular o valor da deflexão admissível (Dadm) em 0,01 mm é dado pela expressão. Log Dadm = 3,01 – 0,176 log ...Dadm = 10^(3,01 – 0,176 log N) Para o cálculo das tensões admissíveis de cada camada utiliza-se o procedimento DNER-PRO-11/79, onde com o número N de projeto dimensiona-se a Dadm do revestimento. Para o cálculo da Dadm da base utiliza-se a espessura e a Dadm do revestimento. No dimensionamento da Dadm da sub-base utiliza-se a espessura e a Dadm da base. Já o dimensionamento da Dadm do sub-leito requer a utilização da espessura e da Dadm da sub- base. A seguir apresenta-se um exemplo hipotético do dimensionamento da Dadm de cada camada do pavimento considerando um número N= 3,69E6. 1- Dadm DO CBUQ. USA-SE O NÚMERO N e a espessura do CBUQ=CAUQ Número "N"= 3,68 E6 Dadm CBUQ= 72 x10-² 2- Dadm DA BASE. USA-SE A ESPESSURA E Dadm DO CBUQ hCBUQ=(kBGxHbg)kCBUQ 5 Dadm CBUQ= 71 mm R (coeficiente da capacidade de carga do mat.)= 17,36 Constante 0,434 HCBUQ= 5 Dadm BASE G. 94,68 x10-² 37 3- Dadm DA SUB-BASE. USA-SE A ESPESSURA E Dadm DA BASE kCBUQ= (capa) 2 kBG= (base) 1,1 kMS= (sub-base) 0,7 hBG= (espessura da base) 15 Hms= (espessura da sub-base) 17 hCBUQ=(kBGxHbg)kCBUQ 8,25 Dadm BASE G.= 94,68 x10-² R (coeficiente da capacidade de carga do mat.)= 17,36 Constante 0,434 HCBUQ= 8,25 Dadm BASE G. 152,23 x10-² 4- Dadm DO SUBLEITO. USA-SE A ESPESSURA E Dadm DA SUB-BASE: kCBUQ= (capa) 2 kBG= (base) 1,1 kMS= (sub-base) 0,7 hBG= (espessura da base) 15 Hms= (espessura da sub-base) 17 hCBUQ=(kBGxHbg)kCBUQ 5,95 Dadm SUB-BASE G.= 152,23 x10-² R (coeficiente da capacidade de carga do mat.)= 17,36 Constante 0,434 HCBUQ= 5,95 Dadm BASE G. 214,42 x10-² 38 É importante ressaltar que as deflexões que ultrapassarem a deflexão admissível quando lidas em camadas de revestimentos asfálticos novos logo após a sua execução, estas deverão ser confirmadas em um prazo mínimo de trinta dias, visto que os revestimento de uma maneira geral tendem a sofrem um período de adensamento. As deflexões obtidas na campanha devem ser corrigidas referentes aos efeitos de temperatura e estacional. 6.2 Raio de curvatura (R) Na definição do raio de curvatura da deformada deve-se realizar a leitura mais representativa de maior criticidade, no caso há 25 cm do centro da carga, pois à medida que a carga se distancia do centro de carga os raios diminuem. O DNER adotou a parábola do 2º grau para representar a curvatura da bacia de deformação, onde para o cálculo do raio de curvatura (R), é necessário o conhecimento da medida dos deslocamentos verticais recuperáveis para a carga situada junto a ponto de prova e para a carga situada a 25 cm da ponta de prova. O raio de curvatura da bacia de deformação, no ponto de prova, deverá ser calculado, por meio da seguinte fórmula: R= 6.250/2(D0-D25) Onde, R = raio de curvatura, em metros D0 = deflexão real ou verdadeira, em centésimos de milímetros D25 = deflexãoa 25 centímetros do ponto de prova, em centésimos de milímetros Valores limites segundo o DNER PRO-11/79 (1979) tem como definição o valor de raio de curvatura maior ou menor que 100, um indicativo da qualidade estrutural do pavimento, ou seja, valores abaixo de 100 indicam uma condição regular à má do pavimento. 39 6.3 Produto entre o raio e a deflexão O produto de raio de curvatura e a deflexão (RxD0) para analisar o desempenho estrutural de um pavimento, foram analisados por Leger e Autret (1977) na França e foram obtidos resultados satisfatórios. O estudo para pavimentos com base estabilizada granulometricamente limitou o valor de RxD0 = 5.500, para R em metros e D0 em 10-2 mm. Assim quando o valor de RxD0 for maior do que 5.500, o conceito do pavimento é bom e se for menor o pavimento terá conceito ruim. 6.4 Índice da curvatura da superfície (SCI) O parâmetro SCI, Surface Curvature Index, que em português significa Índice da Curvatura da Superfície, é definido como a diferença entre as deflexões localizadas no ponto de aplicação da carga (D0) e a deflexão a 30 cm de afastamento. Outros autores traduziram este parâmetro, definindo-o como ICS, ou seja, é o Índice de Curvatura Superficial. Devido à alteração do nível de carga, análises de sensibilidade paramétricas demonstram que o SCI é o indicador mais sensível para a rigidez da camada de revestimento asfáltico (KIM; RANJITHAN, 2000 e KIM; PARK, 2002). Os valores de SCI superiores a 25 x10-2 mm estão geralmente associados a camadas superiores do pavimento pouco resistentes ou muito delgadas, além de acentuado arqueamento da bacia. 6.5 Índice de danos à base (BDI) O parâmetro BDI (Base Damage Index), também designado por Índice de Dano à Base, é definido como a diferença entre as deflexões a 30 cm e a 60 cm de distância do ponto 40 de aplicação da carga. É conhecido como o melhor indicador da condição da camada de base do pavimento (KIM; RANJITHAN, 2000 e KIM; PARK, 2002). Os valores de BDI superiores a 40 x10-2 mm estão geralmente associados a pavimentos pouco resistentes. 6.6 Índice da curvatura da base (BCI) O parâmetro BCI (Base Curvature Index), traduzido por Índice da Curvatura da Base, corresponde à diferença entre as deflexões a 60 cm e a 90 cm de distância do ponto de aplicação da carga. Este parâmetro é apresentado como o melhor indicador da condição do subleito (KIM; RANJITHAN, 2000 e KIM; PARK, 2002). Os valores de BCI superiores a 10 x10-2 mm estão associados à CBR’s de subleito menores que 10%. 6.7 Área (A) O parâmetro Área da bacia de deformação como o parâmetro que combina todas as deflexões. A fórmula do parâmetro Área é derivada do resultado da área da curva da bacia de deformação, utilizando a regra de Simpson. Deste modo, o valor do parâmetro Área é função da localização dos sensores e tem como unidade o comprimento. A=15(1+(2(D30/D0)) + (2(D60/D0)) + (D90/D0)) Onde, A = Área, em centímetros Matematicamente, o parâmetro Área possui limite máximo, sendo este valor máximo igual a 90 cm. Este valor ocorrerá no caso em que todas as deflexões D0, D30, D60 e D90 possuírem valores iguais que indicam uma estrutura extremamente rígida, semelhante à dos pavimentos de concreto de cimento Portland ou pavimentos asfálticos espessos e de elevado módulo de resiliência. O mínimo valor do parâmetro área é da ordem de 28 cm e corresponde ao valor determinado para um sistema elástico constituído de apenas uma camada. Isto pode ocorrer quando se efetua o levantamento deflectométrico sobre o topo do subleito. A Tabela 6 apresentada a seguir ilustra a faixa de valores de área para alguns tipos de pavimentos. 41 Tabela 6 – Faixas de parâmetros A Fonte: MELO, 2012 42 7 CASO DE ESTUDO Foi realizado um caso de estudo com o objetivo de demonstrar a aplicação do equipamento Viga Benkelman durante a construção da camada de sub-base de uma rodovia previamente liberada pelo laboratório de solos com base na densidade “in situ”. Tal caso de estudo está embasado somente na deflexão no ponto de aplicação da carga. O estudo demonstra que quando a deflexão é menor que a deflexão admissível entende-se que a camada de avaliada (sub-base) encontra-se com boa qualidade, podendo a mesmo ser liberada. Embora o bom comportamento estrutural de uma rodovia envolva os tipos de materiais, a forma de usinagem e a própria execução, nota-se que a avaliação estrutural é bastante simplória, contudo vale lembrar que o equipamento Viga Benkelman por ser manual confere certa imprecisão podendo até mesmo induzir seus operadores em erros de leituras e em erros de anotações. A seguir é apresentado na figura 9, cinco pontos de uma rodovia, onde foram realizados as leituras de deflexão. Figura 9 – Deflexões com o equipamento Viga Benkelman Fonte: Autor, 2015 A seguir é apresentado nas figuras 10 e 11 a execução do controle de qualidade com o equipamento Viga Benkelman. 43 Figura 10 – Controle tecnológico com o equipamento Viga Benkelman Fonte: Autor, 2015 Figura 11 – Controle tecnológico com o equipamento Viga Benkelman Fonte: Autor, 2015 Com base no estudo foi possível concluir que: Analisando as deflexões mesmo desconhecendo-se o raio de curvatura, é possível denunciar um problema estrutural em uma camada previamente já liberada pelo laboratório de solos com base na densidade “in situ”; O conhecimento da deflexão recuperável sem conhecer outros parâmetros da bacia deflectométrica demonstrado no estudo de caso, não permitiu avaliar a qualidade estrutural do pavimento de forma completa, pois mesmo sendo a deflexão recuperável inferior à deflexão admissível, não significa que a qualidade estrutural do pavimento esteja boa. 44 A seguir é apresentado nas figuras 12 e 13 uma avaliação estrutural com diversos parâmetros da bacia deflectométrica, onde foram utilizados valores hipotéticos para as deflexões lidas em campo. Figura 12 – Deflexões com diversos parâmetros da bacia deflectométrica Fonte: Autor, 2015 Figura 13 – Deflexões com diversos parâmetros da bacia deflectométrica Fonte: Autor, 2015 45 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS De uma maneira geral existe uma necessidade de pesquisa no que tange ao controle de qualidade com equipamentos deflectométricos. A presente pesquisa analisou os principais parâmetros amparados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e explorou também outros parâmetros já estudados, os quais permitem tomar decisões mais convictas. Embora o DNIT apresentar como procedimento os parâmetros de deflexão e raio de curvatura, estes por si só não permitem uma avaliação estrutural rica de tal forma que possa permitir uma tomada de decisão com maior certeza. O conhecimento da deflexão recuperável sem conhecer outros parâmetros da bacia deflectométrica demonstrado no estudo de caso, não permitiu avaliar a qualidade estrutural do pavimento de forma completa, pois mesmo sendo a deflexão recuperável inferior à deflexão admissível, não significa que a qualidade estrutural do pavimento esteja boa. Os modelos apresentados não devem ser utilizados desordenadamente, sem as devidas adequações necessárias. 46 REFERÊNCIAS BORGES, Clarissa Beatriz Sandoval. Estudo Comparativo Entre Medidas de Deflexão com Viga Benkelman e FWD em Pavimentos da Malha Rodoviária Estadual de Santa Catarina. 2001. 185f. Dissertação (Mestradoem Engenharia Civil) – Universidade Federal, Santa Catarina, 2001. DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE MINAS GERAIS – DER/MG RT.02.28c – Controle deflectométrico na execução de camadas de pavimento através da Viga Benkelman. Belo Horizonte, Minas Gerais, 2004. DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO – DER/SP IP-DE-P00/003: Instrução de Projeto – Avaliação Funcional e Estrutural de Pavimento. São Paulo, 2006. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM - DNER ME 24/94 Determinação das Deflexões no Pavimento pela Viga Benkelman. Rio de Janeiro, Rio Janeiro,1994. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER Delineamento da Linha de Influência da Longitudinal da Bacia de Deformação por Intermédio da Viga Benkelman. Método de Ensaio DNER-ME 61/94, Rio de Janeiro/RJ,1994. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (2003). PRO 006 – Avaliação objetiva da superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos - Procedimento. Rio de Janeiro, RJ, 10 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (2003). PRO 007 – Levantamento para avaliação da condição de superfície de subtrecho homogêneo de rodovias de pavimento flexível e semi-rígido para gerência de pavimentos estudos e projetos. Rio de Janeiro, RJ, 11 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT (2003). PRO 008 – Levantamento visual contínuo para avaliação da superfície de pavimentos flexíveis e semi- rígidos. Rio de Janeiro, RJ, 11 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (2003). PRO 009 – Avaliação subjetiva de pavimentos flexíveis e semi-rígidos. Rio de Janeiro, RJ, 06p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (1979). PRO 10 - Avaliação estrutura de pavimentos flexíveis - Procedimento A. Rio de Janeiro, RJ, 31 p. 47 Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (1979). PRO 11 - Avaliação estrutural de pavimentos flexíveis - Procedimento B. Rio de Janeiro, RJ, 16 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (1985). PRO 159 – Projeto de restauração de pavimentos flexíveis e semi-rígidos. Rio de Janeiro, RJ 31 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (1979). PRO 269 – Projeto de restauração de pavimentos flexíveis - TECNOPAV. Rio de Janeiro, RJ 17 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (1994). PRO 024 – Pavimentos – Determinação das Deflexões pela Viga Benkelman. Rio de Janeiro, RJ, 6 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (1994). PRO 182 - Medição da irregularidade de superfície do pavimento com sistemas integradores IPR/USP e Maysmeter. Rio de Janeiro, RJ, 9 p. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT 2010). ES 154 – Pavimentação asfáltica – Recuperação de defeitos em pavimentos asfálticos - Especificação de serviço. FERRI, Santi. Critérios de Aceitação e Controle da Qualidade da Execução de Camadas de Fundação de Pavimentos Novos Através de Métodos Deflectométricos. 2013. 331f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transporte) – Escola Politécnica, São Paulo, 2013. HORAK, E.; KLEYN, E. G.; JOSEPH A. DU PLESSIS, ETTIENNE, M. DE VILLIERS, ALAN J. THOMSON (1999) The impact and management of the heavy vehicle simulator (HVS) fleet in South Africa. 7 International Conference on Asphalt Pavement. KIM, Y.R.; PARK, H. Use of Falling Weight Deflectometer multi-load data for pavement strength estimation. Final Report FHWA/NC-2002-006, Department of Civil Engineering, North Carolina State University, Raleigh, 2002. KIM, Y.R.; RANJITHAN, R.S. Assessing pavement layer condition using deflection data. NCHRP 10-48, National Cooperative Highway Research Program, Department of Civil Engineering, North Carolina State University, Raleigh, 2000. MARCO N, A.F.. Contribuição ao Desenvolvimento de um Sistema de Gerência de Pavimentos para a Malha Rodoviária Estadual de Santa Catarina. Tese de Doutorado, ITA, São José dos Campos, 1996. MADRUGA, Clovis Ferreira. Trabalhando com Viga Benkelman. 2007. 30f. 2007 MELO, Flaviane Lopes. Pavimentos Flexíveis Com Revestimento Asfáltico – Avaliação Estrutural a Partir dos Parâmetros De Curvatura Da Bacia de Deformação. 2012. 339f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil Concentração de Transportes) – Universidade Estadual, Campinas, 2012. 48 Pesquisa Confederação Nacional de Transportes – CNT de Rodovias, 2014: relatório gerencial. PESSOA, Francisco Helio Caitano. Avaliações Funcional e Estrutural de Trechos de Rodovias no Distrito Federal Construídos com Diferentes Materiais. 2012. 210f. Dissertação (Doutorado em Geotecnia) – Faculdade de Tecnologia, Brasília, 2012.
Compartilhar