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1 2 APRESENTAÇÃO Caros amigos e alunos do REVISÃOPGE, bem-vindos ao nosso curso em exercícios para o concurso de Procurador do Município de Belo Horizonte/MG. Por ser formado por membros da advocacia pública que têm uma visão muito clara sobre o que é necessário para a aprovação, o REVISÃOPGE entende que a melhor forma de complementação dos estudos, para qualquer fase que seja de concurso público, consiste na realização de exercícios que simulem a situação a ser enfrentada no dia da prova. Baseado nessa ideia, desenvolvemos um programa específico para a PGM/BH, com o objetivo de sistematizar e potencializar o estudo dos alunos interessados no concurso para Procurador do Município de Belo Horizonte com prova objetiva prevista para o dia 16 de abril de 2017. Assim, como não fornecemos um curso com exposição teórica das disciplinas (existem diversos livros para concurso que fazer muito bem esse papel e indicaremos todos eles ao longo desse curso), e por prezarmos sempre pela EXCELÊNCIA, buscamos a melhor forma de fornecer um material que suprisse justamente aquilo que faltava para nosso aluno obter a aprovação. Nosso objetivo não consiste em lhe ensinar na íntegra os conteúdos exigidos no concurso. Nosso foco é transformar o seu conhecimento jurídico em acertos na prova. Para isso, criamos, especificamente para a PGM/BH, um programa de estudos direcionado que se dá pela resolução de questões (inéditas com o perfil da banca e de provas passadas da banca examinadora) semanalmente, seguida por comentários elaborados pelos advogados públicos membros do REVISÃOPGE e finalizados sempre com um conteúdo também exclusivo, de autoria dos membros do REVISÃOPGE, relativamente às matérias tratadas naquela semana. 3 No final de cada mês de preparação, haverá ainda um simulado completo em formato idêntico ao da prova da PGM/BH, de modo que você possa mensurar o seu progresso ao longo da preparação e detectar eventuais pontos falhos no seu estudo. Além disso, indicaremos o melhor caminho para estudar cada ponto do edital, seja com a leitura da “lei seca”, seja com indicação de leituras específicas ou mesmo com a revisão das jurisprudências mais importantes e com maior incidência nas provas. Serão nada menos que: 4 meses de curso, abordando todos os pontos do conteúdo programático; 1.325 questões comentadas por quem já foi aprovado para concursos de procuradorias, sendo 965 questões inéditas; 5 simulados completos, no exato formado proposto pelo edital de abertura do certame; Conteúdos de revisão exclusivo sobre os pontos mais importantes da matéria daquela semana. Estudou as leituras indicadas, fez os exercícios próprios e da CESPE, revisou o conteúdo exclusivo, respondeu o simulado, mas ainda assim ficou com dúvida? Não tem problema. Nesse curso você poderá tirar suas dúvidas, tanto de conteúdo jurídico como de método/técnica de estudo para concursos de procuradorias, com os membros do REVISÃOPGE, advogados públicos aprovados em anos recentes e que conhecem os caminhos e as dificuldades para a aprovação. Pois bem, sem mais demora – até porque 16 de abril de 2017 pode parecer distante, mas quem está se preparando o tempo voa – vamos à revisão. 4 REVISADA DATA CONTEÚDO 0 31/10/2016 CONSTITUCIONAL: 1 Constituição. 1.1 Conceito, objeto, elementos e classificaçõ es. 1.2 Supremacia da C- onstituição. 1.3 Aplicabilidade das normas constitucionais. 1.4 Interpretação das normas constitucionais. 1.5 Jurisprud ência aplicada dos tribunais superiores. 2 Poder constituin te. 2.1 Características. 2.2 Poder constituinte originário. 2.3 Poder constituinte derivado. 3 Princípios fundamentais. 3. 1. Jurisprudência aplicada dos tribunais superiores. ADMINISTRATIVO: 1 Introdução ao direito administrativo. 1.1 Origem, natureza j urídica e objeto do direito administrativo. 1.2 Os diferentes critérios adotados para a conceituação do direito admini strativo. 1.3 Fontes do direito administrativo. 1.4 Sistemas administrativos: sistema inglês, sistema francês e sistema adotado no Brasil. 2 Administração pública. 2.1 Administração pública em sentido amplo e em sentido es trito. 2.2 Administração pública em sentido objetivo e em sen tido subjetivo. 2.3 Princípios expressos e implícitos da admi nistração pública. 3 Regime jurídico‐ administrativo. 3.1 Conceito. 3.2 Supremacia do interesse pú blico sobre o privado e indisponibilidade, pela Administração, dos interesses púbicos. 3.3 Jurisprudência aplicada dos trib unais superiores. FINANCEIRO: 1 Direito financeiro. 1.1 Conceito e objeto. 1.2 Direito fina nceiro na Constituição Federal de 1988. 2 Orçamento púb lico. 2.1 Conceito, espécies e natureza jurídica. 2.2 Princípi os 34 orçamentários. 2.3 Leis orçamentárias. 2.4 Lei nº 4.32 0/1964 e suas alterações.2.5 Fiscalização financeira e orçam entária. 3 Despesa pública. 3.1 Conceito e classificação de despesa pública. 3.2 Disciplina constitucional dos precatóri os. 4 Receita pública. 4.1 Conceito, ingresso e receitas. 4. 2 Classificação das receitas públicas. 5 ÍNDICE 1. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA ............................................................................................. 06 2. QUESTÕES COMENTADAS 1. DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 08 2. DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................... 24 3. DIREITO FINANCEIRO ................................................................................................... 47 3. TEMAS DESTACADOS 1. NEOCONSTITUCIONALISMO ........................................................................................ 59 2. PRINCÍPIOS X REGRAS .................................................................................................. 61 3. REGIME JURÍDICO-ADMINSTRATIVO E SEUS PRINCÍPIOS BASILARES ......................... 63 4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA MUNICÍPAL EM DIREITO FINANCEIRO .......................... 65 4. PARA DECORAR 1. DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................... 67 2. DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................... 69 3. DIREITO FINANCEIRO ................................................................................................... 74 5. JURISPRUDÊNCIA REVISADA 1. DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................... 82 2. DIREITO ADMINISTRATIVO .......................................................................................... 84 3. DIREITO FINANCEIRO ................................................................................................... 86 6 BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 1. DIREITO CONSTITUCIONAL Os temas de Direito Constitucional dessa rodada são basicamente teóricos, portanto é essencial a leitura de um livro para concurso. Ante disso, indicamos a leitura do excelente artigo de Luis Roberto Barroso, Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito, que pode ser encontrado no site do autor: www.luisrobertobarroso.com.br. Quanto aos livros, recomendamos dois, os capítulos 1 e 2 do Pedro Lenza (maior e mais completo) ou os capítulos 2 a 4 da sinopse de Juliano Bernanrdes e Olavo Ferreira (leitura mais rápida), veja as descrições: Direito Constitucional Esquematizado, Pedro Lenza – Editora Saraiva.Porque: O livro de Direito Constitucional do autor Pedro Lenza é, de longe, o mais recomendado para provas da CESPE, isso porque a obra compila muito bem a jurisprudência do STF, principal objeto de cobrança nas provas de constitucional dessa banca. Além de a didática ser simples e direta. O ponto fraco é o tamanho da obra, bastante volumosa. Direito Constitucional, Sinopses para concursos – V. 16, Juliano Bernardes e Olavo Ferreira – Ed. Juspodivm. Porque: Esse pequeno livro, embora seja sinopse, é excelente e bastante completo, recomendadíssimo. Tem muitos entendimentos jurisprudenciais e é uma leitura bem rápida. 2. DIREITO ADMINISTRATIVO Mais um conteúdo introdutório e teórico, não há como escapar da leitura de um bom livro para concursos. Para os assuntos dessa rodada recomendamos os capítulos 1 e 2 do Curso de Direito Administrativo, Matheus Carvalho, da editora JusPodivm. O livro é objetivo e tem excelente didática, além de o conteúdo ser muito bom e completo. Para os que ainda não conhecem a obra, destacam-se os quadros sinópticos no final de cada capítulo, ótimos para revisão do conteúdo. 7 3. DIREITO FINANCEIRO Em tempos de crise fiscal dos estados e municípios brasileiros, não é bom subestimar a importância do Direito Financeiro, a tendência é que essa disciplina continue crescendo em importância para os concursos de advocacia pública. Por isso, recomendamos como obra base o Manual de Direito Financeiro, Harisson Leite, da editora JusPodivm. Para os tópicos de Direito Financeiro dessa rodada, leia os capítulos 2 e 3 da citada obra. Além disso, é bastante recomendável a leitura atenta da Lei 4.230/64, da Lei de Responsabilidade Fiscal e dos arts. 163/169 da CF/88, além do Art. 35 do ADCT. Uma última observação, devido às importantes mudanças legislativas e jurisprudenciais que a disciplina vem sofrendo nos últimos anos, recomenda-se fortemente a aquisição de obra atualizada, preferencialmente de 2016. 8 DIREITO CONSTITUCIONAL 1. (CESPE – TCE/PR – 2016) Assinale a opção correta acerca da interpretação constitucional. a) Como as Constituições regulam direitos e garantias fundamentais e o exercício do poder, deve-se priorizar o emprego de linguagem técnica em seu texto, restringindo-se a sofisticada atividade interpretativa às instâncias oficiais. b) A interpretação constitucional deve priorizar o espírito da norma interpretada em detrimento de expressões supérfluas ou vazias; por isso, a atividade do intérprete consiste em extrair o núcleo essencial do comando constitucional, ainda que isso implique desconsiderar palavras, dispositivos ou expressões literais. c) Sendo a Constituição impregnada de valores, sua interpretação é norteada essencialmente por diretrizes políticas, em detrimento de cânones jurídicos. d) Na interpretação da Constituição, prepondera a teleologia, de modo que a atividade do hermeneuta deve priorizar a finalidade ambicionada pela norma; o texto da lei, nesse caso, não limita a interpretação nem lhe serve de parâmetro. e) O caráter aberto e vago de muitas das disposições constitucionais favorece uma interpretação atualizadora e evolutiva, capaz de produzir, por vezes, uma mutação constitucional informal ou não textual. GABARITO: E COMENTÁRIOS: A MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL é um processo informal de alteração da Constituição. É fruto que se convencionou chamar de PODER CONSTITUINTE DIFUSO, tido como um poder não formalizado nas constituições e que resulta na silenciosa alteração das normas constitucionais. Ocorre pela modificação do sentido da norma, sem alteração de seu texto, por meio da interpretação conferida pelo intérprete. Decorre de fatores sociais, políticos e econômicos, por uma nova visão jurídica que passa a predominar na sociedade. É certo que, quanto mais aberto e vago o texto, maior a possibilidade interpretativa, o que favorece a interpretação atualizadora e evolutiva do texto constitucional. A – A ideia da assertiva vai de encontro ao que se propugna quanto à interpretação constitucional, que deve ser a mais ampla possível, na esteira da teoria da sociedade aberta dos intérpretes da Constituição, de Peter Haberle. B – O erro da assertiva está na parte final. A interpretação não pode simplesmente descartar as expressões literais apostas nos textos legais/constitucionais, sob pena de se o intérprete se transmudar em verdadeiro legislador positivo. 9 C – A interpretação da Constituição não pode privilegiar cânones políticos em detrimento dos jurídicos. Com efeito, as relações sociais, políticas e jurídicas caminham como vetores interpretativos das normas, mas não se pode afirmar a priori que uma exclui ou prepondera sobre a outra. De todo modo, o cânone jurídico, como fator resultante de todos os demais, culmina como aquele que mais se adequa à interpretação das normas no Estado Democrático de DIREITO. D – O texto da lei obviamente deve ser levado em consideração. A norma é extraída justamente da interpretação do texto. Os apontamentos quanto à assertiva “B” aqui também são aplicáveis. 2. (CESPE – PGE/PE – 2009) Chega de ação. Queremos promessas. Assim protestava o grafite, ainda em tinta fresca, inscrito no muro de uma cidade, no coração do mundo ocidental. A espirituosa inversão da lógica natural dá conta de uma das marcas dessa geração: a velocidade da transformação, a profusão de ideias, a multiplicação das novidades. Vivemos a perplexidade e a angústia da aceleração da vida. Os tempos não andam propícios para doutrinas, mas para mensagens de consumo rápido. Para jingles, e não para sinfonias. O direito vive uma grave crise existencial. Não consegue entregar os dois produtos que fizeram sua reputação ao longo dos séculos. De fato, a injustiça passeia pelas ruas com passos firmes e a insegurança é a característica da nossa era. Na aflição dessa hora, imerso nos acontecimentos, não pode o intérprete beneficiar-se do distanciamento crítico em relação ao fenômeno que lhe cabe analisar. Ao contrário, precisa operar em meio à fumaça e à espuma. Talvez esta seja uma boa explicação para o recurso recorrente aos prefixos pós e neo: pós-modernidade, pós-positivismo, neoliberalismo, neoconstitucionalismo. Sabe-se que veio depois e que tem a pretensão de ser novo. Mas ainda não se sabe bem o que é. Tudo é ainda incerto. Pode ser avanço. Pode ser uma volta ao passado. Pode ser apenas um movimento circular, uma dessas guinadas de 360 graus. L. R. Barroso. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito. O triunfo tardio do direito constitucional no Brasil. In: Internet: (com adaptações). Tendo o texto acima como motivação, assinale a opção correta a respeito do constitucionalismo e do neoconstitucionalismo. a) O neoconstitucionalismo tem como marco filosófico o póspositivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais, no entanto, não permite uma aproximação entre direito e ética. b) A democracia, como vontade da maioria, é essencial na moderna teoria constitucional, de forma que as decisões judiciais devem ter o respaldo da maioria da população, sem o qual não possuem legitimidade. c) No neoconstitucionalismo, a Constituição é vista como um documento essencialmente político, um convite à atuação dos poderes públicos, ressaltando que a 10 concretização de suas propostas fica condicionada à liberdade de conformação do legislador ou à discricionariedade do administrador. d) O constitucionalismo pode ser definido como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade.Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma técnica de limitação do poder com fins garantísticos. e) O neoconstitucionalismo não autoriza a participação ativa do magistrado na condução das políticas públicas, sob pena de violação do princípio da separação dos poderes. GABARITO: D COMENTÁRIOS: O constitucionalismo traz consigo a ideia do governo limitado. O momento histórico do constitucionalismo coincide com a ruptura com o autoritarismo e a busca pelas garantias individuais. Desenvolveu-se com as revoluções liberais do século XVIII e tinha por motor básico a limitação do Poder para garantia dos direitos dos cidadãos. Sobre o neoconstitucionalismo, confira, abaixo, no nosso TEMA DESTACADO, um resumo que é suficiente para responder a qualquer questão sobre o tema. 3. (REVISÃOPGE) Sobre o Poder Constituinte, assinale a alternativa correta. a) O Poder Constituinte Originário é inicial, autônomo, ilimitado e, na concepção juspositivista, um poder jurídico. b) O Poder Constituinte Decorrente é exercido pelos municípios quando da elaboração da suas respectivas leis orgânicas, na forma do art. 29 da CR/88. c) As cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas como limites ao poder constituinte derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo poder constituinte originário, e não como abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio poder constituinte originário com relação as outras que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. d) Seria inconstitucional emenda constitucional que suprimisse o voto obrigatório para os que tem entre dezoito e setenta anos. GABARITO: C 11 COMENTÁRIOS: A – Na concepção jusnaturalista, o PCO é um poder jurídico (ou de direito), que seria eterno, universal e imutável, preexistente e superior ao direito positivado, estando apenas submetido aos princípios do direito natural. B - Trata-se de assunto tratado pela doutrina em que majoritariamente a posição é no sentido contrário à existência de um Poder Constituinte Decorrente nos entes municipais. Isso porque a lei orgânica de cada município busca seu fundamento de validade, antes da CR/88, na Constituição do respectivo Estado. O Poder Constituinte Decorrente deve ter por fundamento de validade a Constituição Federal, sendo, por isso, tratado como um Poder de segundo grau. No caso das leis orgânicas, chegar-se- ia ao terceiro grau, razão pela qual não haveria o Poder Constituinte Decorrente nos municípios. C – Não há hierarquia entre normas constitucionais originárias. [ADI 815, rel. min. Moreira Alves, j. 28-3-1996, P, DJ de 10-5-1996.] D – Somente é cláusula pétrea o voto direto, secreto, universal e periódico, a teor do art. 60, § 4º, da CR/88. O art. 60 da CR/88 precisa ser decorado. Veja abaixo no tópico PARA DECORAR. 4. (REVISÃOPGE) Segundo a classificação doutrinária, a norma constitucional segundo a qual é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer é classificada como norma constitucional: a) de eficácia contida. b) de eficácia plena. c) de eficácia limitada. d) de eficácia relativa complementável. GABARITO: A COMENTÁRIOS: Na classificação de José Afonso da Silva acerca da aplicabilidade das normas constitucionais, há normas de eficácia plena, contida e limitada. Rapidamente, temos o seguinte quadro: 1) Eficácia plena: aplicabilidade direta, imediata e integral; 2) Eficácia contida: aplicabilidade direta, imediata e (possivelmente) não integral; 3) Eficácia limitada: aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. Aplicabilidade direta é o seguinte: a norma constitucional pode ser aplicada a casos concretos, independentemente da produção de norma legal. 12 Aplicabilidade integral significa que a norma constitucional não admite contenção de eficácia. Assim, na norma de eficácia plena, a contenção de eficácia não é juridicamente aceita. E aplicabilidade imediata significa que a norma constitucional pode ser aplicada a casos concretos desde o momento de sua produção. O STF decidiu sobre a norma apontada no enunciado da questão nos seguintes termos: O art. 5º, XIII, da CR é norma de aplicação imediata e eficácia contida que pode ser restringida pela legislação infraconstitucional. Inexistindo lei regulamentando o exercício da atividade profissional dos substituídos, é livre o seu exercício. [MI 6.113 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 22-5-2014, P, DJE de 13-6-2014.] A assertiva “D” trouxe uma classificação de Maria Helena Diniz, que as divide em eficácia absoluta (cláusulas pétreas), plena, de eficácia relativa restringível (corresponde à eficácia contida) e de eficácia relativa complementável (equivale à norma de eficácia limitada). 5. (REVISÃOPGE) Acerca da teoria da constituição, assinale a alternativa incorreta. a) O STF entende que não há direito adquirido em face de uma nova Constituição. b) Uma nova Constituição atinge efeitos futuros de atos passados, em regra, o que se chama de retroatividade média. c) A retroatividade máxima é permitida, desde que haja previsão na nova Constituição. d) A CF/88 contém exemplo de norma com grau de retroatividade máxima. GABARITO: B COMENTÁRIOS: A - A jurisprudência pacífica do STF é de que NÃO há direito adquirido em face de uma nova Constituição. Uma nova Constituição não está obrigada a respeitar o direito adquirido porque o Poder Constituinte Originário não está submetido a qualquer limitação jurídica. B – Errada, pois, quando se atingem efeitos futuros de atos passados, há retroatividade mínima, que é a regra com o advento de nova Constituição. C – As retroatividades média e máxima são permitidas desde que haja previsão expressa no novo texto constitucional. D - Um exemplo de retroatividade máxima é o art. 231, § 6º, da CF/88 (que trata das terras ocupadas por índios). A CF diz que os atos são nulos (tendo vício desde sua origem, não produzindo qualquer efeito). Assim, não haverá direito adquirido por expressa previsão constitucional. Se a CF tivesse previsto apenas a extinção dos atos, não haveria retroatividade. Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente 13 ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. (...) § 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. 6. (REVISÃOPGE) Com relação aos métodos de interpretação das normas constitucionais, assinale a opção correta. a) Segundo o método tópico-problemático, a análise da norma constitucional deve-se fixar na literalidade da norma, de modo a extrair seu sentido sem que se leve em consideração a realidade social. b) Conforme o método jurídico ou hermenêutico clássico, a Constituição deve ser considerada como uma lei e, em decorrência, todos os métodos tradicionais de hermenêutica devem ser utilizados na atividade interpretativa, mediante a utilização de vários elementos de exegese, tais comoo filológico, o histórico, o lógico e o teleológico. c) O método jurídico-estruturante define que a Constituição é um sistema cultural e de valores de um povo, cabendo à interpretação aproximar-se desses valores subjacentes à Constituição. d) Em cada caso, somente há a possibilidade de se utilizar um método de interpretação da Constituição. GABARITO: B COMENTÁRIOS: A - Método da tópica ou tópico-problemático: toma a Constituição como um conjunto aberto de regras e princípios, dos quais o aplicador deve escolher aquele mais adequado para a promoção de uma solução justa ao problema que se analisa. Parte- se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter prático na busca da solução dos problemas concretizados. B – CORRETA. C - Método jurídico-estruturante: a norma não se confunde com o seu texto, mas tem a sua estrutura composta também pelo trecho da realidade social em que incide, sendo esse elemento indispensável para a extração do significado da norma. Não é o teor literal da norma (seu texto) que efetivamente regulamenta um caso concreto, mas sim o órgão legislativo, o órgão governamental, o funcionário da administração pública, os juízes e todos aqueles que elaboram, decidem e fundamentam a decisão 14 reguladora do caso concreto. A assertiva se refere ao método científico-espiritual: a Constituição é um sistema cultural e de valores de um povo, cabendo à interpretação aproximar-se desses valores subjacentes à Constituição. Tais valores, entretanto, estão sujeitos a flutuações, tornando a interpretação da Constituição fundamentalmente elástica e flexível, fazendo com que a força de decisões fundamentais submeta-se às vicissitudes da realidade cambiante. D - Em tese, os métodos de interpretação são adequados para todos os casos concretos. Todos os casos são dotados de potencialidade para realizar qualquer intepretação constitucional, ficando a critério do intérprete de acordo com o caso concreto a escolha do método para tanto. 7. (REVISÃOPGE) O aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos (normalmente direitos fundamentais), deve adotar a solução que otimize a realização de todos eles, mas, ao mesmo tempo, não acarrete a negação de nenhum. A assertiva retrata o princípio da: a) unidade da Constituição. b) concordância prática. c) interpretação conforme a Constituição. d) força normativa da Constituição. GABARITO: B COMENTÁRIOS: Princípio da concordância prática ou da harmonização: o aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos (normalmente direitos fundamentais), deve adotar a solução que otimize a realização de todos eles, mas, ao mesmo tempo, não acarrete a negação de nenhum. Essa avaliação nunca é feita a priori, mas apenas no momento da aplicação do texto, quando se pode coordenar, ponderar e, ao final, conciliar os bens e valores constitucionais em conflito. A concordância prática há de ser encontrada em cada caso concreto, segundo os parâmetros oferecidos pelo princípio da proporcionalidade, buscando sempre que a medida de sacrifício de um dos bens em colisão, para a solução justa e proporcional do caso concreto, não exceda o estritamente necessário. 8. (REVISÃOPGE) Sobre recepção, repristinação e desconstitucionalização, assinale a alternativa incorreta. 15 a) Nos termos da teoria da desconstitucionalização, quando do surgimento de uma nova constituição, ocorrem duas situações distintas com as normas constitucionais anteriores: as normas materialmente constitucionais são revogadas, mas as normas apenas formalmente constitucionais, cujo conteúdo for compatível com a nova constituição, são recepcionadas como normas infraconstitucionais. b) A teoria da desconstitucionalização é admitida se houver expressa previsão no texto constitucional. c) O instituto da recepção não deve ser aplicado às hipóteses de promulgação de emendas constitucionais. d) A incompatibilidade formal superveniente, em regra, não impede a recepção, mas confere nova roupagem ao ato infraconstitucionail. GABARITO: C COMENTÁRIOS: O instituto da recepção deve ser aplicado também às hipóteses de promulgação de emendas constitucionais, não havendo qualquer justificativa plausível para que fique restrito apenas aos casos de surgimento de uma nova constituição. (Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. 12ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016) Quanto ao QUESITO “D”, há exceção quando há o deslocamento da competência federativa do ente menor para o maior, hipótese na qual a legislação anterior não é recepcionada. Ou seja, a alternativa está correta, pois fala “em regra”, e trata exatamente da recepção do CTN como lei complementar. A exceção é justamente a apontada acima. 9. (REVISÃOPGE) Acerca do neoconstitucionalismo, assinale a alternativa correta. a) O neoconstitucionalismo tem como marco filosófico o positivismo, valorizando a normatividade dos princípios e conferindo um papel centralizador à Constituição, o que resulta no que se tem chamado de constitucionalização do Direito. b) Os princípios e as regras não guardam diferença significativa entre si, uma vez que a ambos se atribui normatividade. c) Com o neoconstitucionalismo, há uma reaproximação entre Direito e moral. d) Os princípios são tidos como mandamentos de definição, aplicados segundo a lógica do “tudo ou nada”. GABARITO: C 16 COMENTÁRIOS: Leia nosso TEMA DESTACADO abaixo. Em adição, acrescentamos que os princípios são tido como mandamentos de otimização (Roberto Alexy), seguindo a lógica do “mais ou menos” (Ronaldo Dworkin), enquanto que as regras são tidas como mandamento de definição, seguindo a lógica do “tudo ou nada”, o que explica o erro do quesito “D”. 10. (REVISÃOPGE) Sobre o constitucionalismo e interpretação constitucional, assinale a alternativa incorreta: a) O caráter contramajoritário da jurisdição constitucional, segundo o entendimento dominante, possibilita ao Poder Judiciário atuar ativamente em defesa de direitos fundamentais, desde que se paute por argumentos racionais e controláveis. b) No Neoconstitucionalismo preconiza-se a abertura da hermenêutica constitucional aos influxos da moralidade crítica. c) São intérpretes da constituição não apenas os órgãos do Poder Judiciário, como também os demais poderes políticos, além dos múltiplos atores presentes na sociedade civil, que, em seus debates travados na esfera pública, participam da tarefa de atribuição de sentido às normas constitucionais d) A interpretação conforme a Constituição é princípio aplicável à interpretação das leis, não podendo ser utilizada para interpretação de emendas constitucionais. GABARITO: D COMENTÁRIOS: A – A relevância do Poder Judiciário, com o neoconstitucionalismo, é expressada pelo ativismo judicial. A crítica que sofre o ativismo é justamente pelo seu caráter antidemocrático, já que os membros do Poder Judiciário não foram eleitos pelo povo. Justifica-se a atuação do Judiciário, no entanto, pela necessidade de guarda da Constituição, desde que haja racionalidade e possibilidade de controle, a fim de que sejam resguardados os direitos fundamentais. B – Veja nosso TEMA DESTACADO. C – É o que se propaga atualmente, sendo pertinente citar a teoria da sociedade aberta dos intérpretes da Constituição, de Peter Haberle. D – ERRADO – As emendas constitucionais também estão sujeitas ao controle de constitucionalidade, porque são fruto do Poder Constituinte Derivado. Sendo a interpretação conforme a Constituição um método de interpretação constitucional,em que se busca o significado da norma que seja compatível com a Constituição, também pode ser aplicado na análise da constitucionalidade de emendas à Constituição. 17 11. (CESPE – TCE/PR – 2016 - ADAPTADA) Assinale a opção correta no que concerne às classificações das constituições. a) As Constituições cesaristas são elaboradas com base em determinados princípios e ideais dominantes em período determinado da história. b) A classificação ontológica das Constituições põe em confronto as pretensões normativas da Carta e a realidade do processo de poder, sendo classificada como nominativa, nesse contexto, a Constituição que, embora pretenda dirigir o processo político, não o faça efetivamente. c) As Constituições classificadas como populares ou democráticas são materializadas com o tempo, com o arranjo e a harmonização de ideais e teorias outrora contrastantes. d) As Constituições semânticas possuem força normativa efetiva, regendo os processos políticos e limitando o exercício do poder. GABARITO: B COMENTÁRIOS: A – ERRADA – As constituições cesaristas são as constituições outorgadas submetidas a plebiscito ou referendo. B – CERTA. C – ERRADA – As constituições populares ou democráticas são elaborada por uma Assembléia Constituinte, composta por representantes eleitos pelo povo. D – ERRADA – Constituição semântica é aquela que serve para justificar a dominação daqueles que exercem o poder político. Ela sequer tenta regular o poder. Numa visão ontológica, constituição semântica seria aquela utilizada pelos dirigentes do Estado para sua permanência no poder, havendo um desvirtuamento da finalidade constitucional. 12. (REVISÃOPGE) A respeito do poder constituinte, assinale a opção correta. a) O caráter ilimitado do poder constituinte originário não impede o controle de constitucionalidade sobre norma constitucional originária quando esta conflitar com outra norma constitucional igualmente originária. b) A impossibilidade de alteração da Constituição na vigência de estado de sítio representa uma limitação temporal ao Poder Constituinte Reformador. c) O poder constituinte originário também foi exercido quando houve a revisão prevista no ADCT da CF/88. d) As limitações formais, classificadas por parte da doutrina como limitações implícitas, referem-se aos órgãos competentes e aos procedimentos a serem observados na alteração do texto constitucional. 18 GABARITO: B COMENTÁRIOS: A – ERRADA – Normas constitucionais originárias não podem ser objeto de controle de constitucionalidade B – ERRADA – Representa uma limitação CIRCUNSTANCIAL. C – ERRADA – Trata-se de PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR. D – CERTA. 13. (CESPE – TJ/PB – JUIZ – 2015 - ADAPTADA) A respeito dos elementos da CF, assinale a opção incorreta com relação ao poder constituinte. a) Conforme entendimento do STF, as normas emanadas do poder constituinte originário têm, em regra, eficácia retroativa mínima. b) O poder constituinte de reforma está sujeito a limitações materiais que podem estar presentes nas denominadas cláusulas pétreas implícitas. c) Conforme a definição clássica dos elementos da CF, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da CF, é exemplo de elemento formal de aplicabilidade. d) O Poder Constituinte Decorrente é um poder de fato, primário, limitado e incondicionado. GABARITO: D COMENTÁRIOS: O poder constituinte decorrente é um poder de direito, secundário, limitado e condicionado. Estude essas classificações por seu livro base, conforme nossa indicação bibliográfica. É questão bem provável na PGM-BH. 14. (REVISÃOPGE) Acerca da aplicabilidade das normas constitucionais, assinale a alternativa correta. a) Toda norma tem eficácia e efetividade. b) As normas constitucionais de eficácia limitada tem aplicabilidade indireta, integral e não imediata. c) E eficácia dos direitos fundamentais é somente vertical, uma vez que, sendo fruto do desejo constitucional de proteger o cidadão do próprio Estado, não pode ser aplicada de maneira horizontal. 19 d) O STF determinou que, enquanto não editada a lei regulamentadora, o exercício do direito de greve do servidor público está assegurado segundo as regras do setor privado. GABARITO: D COMENTÁRIOS: A – ERRADA – Aplicabilidade e efetividade não são conceitos autônomos. Na verdade, eficácia, aplicabilidade e efetividade são conceitos correlatos: quando se fala em aplicabilidade e efetividade, o que se discute são qualidades da eficácia. Trata-se, portanto, de qualidades da eficácia, e não de conceitos autônomos. Assim, é possível haver normas com eficácia e com aplicabilidade; com eficácia e sem aplicabilidade; com eficácia e com efetividade; com eficácia e sem efetividade. Não são, portanto, conceitos autônomos, mas sim conceitos trabalhados na eficácia. É possível que a eficácia se associe ou não à aplicabilidade; e que ela se associe ou não à efetividade. B – ERRADA – Como já vimos, as normas de eficácia limitada tem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. C – ERRADA – Quando os direitos fundamentais de primeira dimensão surgiram tinham apenas eficácia vertical (somente o Estado era sujeito passivo). Os juristas começaram a perceber, no entanto, que a violação dos direitos fundamentais não ocorria somente na relação subordinada entre Estado e cidadãos, mas também na relação de coordenação, entre particulares. Por isso desenvolveram a tese da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que impõe sua observância nas relações entre particulares. D – CERTA – Trata-se de norma de eficácia limitada ou reduzida, cuja aplicabilidade é indireta, mediata e reduzida, dependente de norma infraconstitucional. Por meio dos Mandados de Injunção (MIs) nºs 670, 708 e 712, o STF determinou a aplicação analógica da Lei nº. 7783/89, que cuida do exercício do direito de greve no setor privado. 15. (REVISÃOPGE) Sobre o neoconstitucionalismo, assinale a alternativa incorreta. a) Para o neoconstitucionalismo, todas as disposições constitucionais são normas jurídicas e a Constituição, além de estar em posição formalmente superior sobre o restante da ordem jurídica, determina a compreensão e interpretação de todos os ramos do direito. b) A Constituição brasileira de 1988 enquadra-se na categoria das constituições dirigentes, porque, além de estabelecer a estrutura básica do Estado e de garantir direitos fundamentais, impõe ao Estado diretrizes e objetivos principalmente tendentes a promover a justiça social, a igualdade substantiva e a liberdade real. c) O pós-positivismo contesta a separação entre Direito, Moral e Política, negando a especificidade do objeto de cada um desses domínios. 20 d) A centralidade da Constituição, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais e o ativismo judicial são características do neoconstitucionalismo. GABARITO: C COMENTÁRIOS: LEIA NOSSO TEMA DESTACADO! 16. (REVISÃOPGE) Sobre o Poder Constituinte, assinale a alternativa correta. a) Não há limitação temporal ao Poder Constituinte Derivado na CF/88. b) Como limitação circunstancial, o Poder Constituinte Derivado não poderá ser exercido na vigência de intervenção federal ou do estado de sítio, não havendo previsão nesse sentido quanto ao estado de defesa. c) Por iniciativa popular, é possível o exercício do Poder Constituinte Derivado reformador. d) As limitações formais ao exercício do Poder Constituinte Derivado revisor foram distintas das limitações do Poder reformador. GABARITO: D COMENTÁRIOS: A – ERRADA – Há na CF/88 limitação temporal ao Poder Constituinte Derivado REVISOR (5 anos – Art. 3º do ADCT). B – ERRADA– Art. 60, § 1º, da CF/88 (LEIA!). C – ERRADA – Art. 60 da CF/88 (LEIA!). D – CERTA – O quórum de aprovação das emendas de revisão foi de maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral, diferentemente do poder reformador, regido pelo art. 60, § 2º, da CF/88. 17. (REVISÃOPGE) Acerca das limitações materiais expressas ao Poder Constituinte Reformador, assinale a alternativa incorreta. a) O STF já decidiu que emenda constitucional tendente a mitigar a imunidade tributária recíproca fere o pacto federativo. b) A transferência de competências, por si só, não fere a forma federal, desde que resguardado seu modelo. c) O princípio da anterioridade eleitoral não é cláusula pétrea da CF/88, segundo o STF. 21 d) Não apenas os direitos individuais, mas também os direitos fundamentais materiais como um todo estão protegidos em face do constituinte reformador ou de segundo grau. GABARITO: D COMENTÁRIOS: “O pleno exercício de direitos políticos por seus titulares (eleitores, candidatos e partidos) é assegurado pela Constituição por meio de um sistema de normas que conformam o que se poderia denominar de devido processo legal eleitoral. Na medida em que estabelecem as garantias fundamentais para a efetividade dos direitos políticos, essas regras também compõem o rol das normas denominadas cláusulas pétreas e, por isso, estão imunes a qualquer reforma que vise a aboli-las. O art. 16 da Constituição, ao submeter a alteração legal do processo eleitoral à regra da anualidade, constitui uma garantia fundamental para o pleno exercício de direitos políticos. Precedente: ADI 3.685, Rel. Min. Ellen Gracie, julg. em 22.3.2006.” (RE 633703, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2011, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-219 DIVULG 17-11-2011 PUBLIC 18-11-2011 RTJ VOL-00221-01 PP-00462 EMENT VOL-02628-01 PP-00065) 18. (CESPE – TCU – 2015) Acerca das Constituições e das normas constitucionais, assinale a opção correta. a) O uso da analogia em matéria constitucional pode ser visto como uma imposição do princípio da isonomia. b) Por ser uma Constituição analítica, a CF não admite lacuna de nenhuma espécie. c) Por não ser dotado de caráter normativo, o preâmbulo da CF não pode ser utilizado pelo aplicador como vetor de interpretação. d) Entende-se por “silêncio eloquente" da Constituição um lapso do legislador constituinte que, pretendendo deliberadamente contemplar determinada hipótese de fato, acabe omitindo, por desaviso, a respectiva norma disciplinadora. e) Em modelos de Constituição formal e rígida como o da brasileira, é inadequado falar- se em normas constitucionais implícitas. GABARITO: A COMENTÁRIOS: A – CERTA. 22 B – ERRADA – Não é porque a CF é analítica que não tem lacunas. Essa correlação não é necessária. Na verdade, as lacunas são sempre possíveis, diante da infinidade de situações a serem reguladas e da evolução social constante. C – ERRADA – Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. [ADI 2.076, rel. min. Carlos Velloso, j. 15-8-2002, P, DJ de 8-8-2003.] D – ERRADA – A existência de normas constitucionais implícitas é albergada pelo STF em diversos casos, a exemplo da supremacia do interesse público sobre o privado, que não se encontra expresso no texto constitucional. 19. (REVISÃOPGE) Acerca de constituição, história da CF/88, poder constituinte e princípios fundamentais, assinale a opção correta com base na jurisprudência do STF. a) A República Federativa do Brasil constitui-se em estado democrático de direito e tem como fundamentos a soberania, a cidadania e a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. b) As constituições promulgadas são aquelas impostas pelo agente revolucionário, sem a participação do povo. c) No Brasil, a federação surge provisoriamente através do Decreto n. 1, de 15.11.1889, juntamente com a forma republicana de governo, tomando assento constitucional na Carta de 1891. As Constituições posteriores mantiveram a forma federativa de Estado, embora o federalismo nas Constituições de 1937 e de 1967, bem como durante a vigência da Emenda nº 1/69, tenha sido apenas nominal (“federalismo de fachada”). d) A invocação de Deus no preâmbulo da CF/88 é norma de reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais. GABARITO: C COMENTÁRIOS: A – ERRADA – LEIA O TÓPICO PARA DECORAR ABAIXO. B – ERRADA – As constituições promulgadas são justamente as que contam com a participação do povo e, por isso, são também chamadas de constituições democráticas, populares, dogmáticas ou votadas. C – CERTA. D – ERRADA – Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. [ADI 2.076, rel. min. Carlos Velloso, j. 15-8-2002, P, DJ de 8-8-2003.] 23 20. Na obra “A teoria dos princípios”, Humberto Ávila refere-se a normas imediatamente descritivas, primariamente retrospectivas e com pretensão de decidibilidade e abrangência, para cuja aplicação se exige avaliação de correspondência, sempre centrada na finalidade que lhes dá suporte (Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional. 12ª ed. Salvador: Juspodivm, 2016). A que o texto se refere? a) às regras. b) aos princípios. c) aos postulados normativos. d) às metanormas. GABARITO: A COMENTÁRIOS: Citar Humberto Ávila é primordial em qualquer prova de segunda fase ou oral que trate de principiologia. O autor diferencia com maestria regras de princípios. Categoriza as regras como normas preliminarmente decisivas e abarcantes, com pretensão de gerar uma solução específica para o conflito de razões, e os princípios como normas primariamente complementares e preliminarmente parciais vocacionadas a fornecer razões contributivas para a decisão. Aduz que as normas são imediatamente descritivas que estabelecem obrigações, permissões e proibições; os princípios são normas imediatamente finalísticas que estabelecem um estado de coisas a ser atingido. A par dessas espécies, citam-se ainda os postulados normativos, definidos como deveres de segundo grau que, situados no âmbito das metanormas, estabelecem a estrutura de aplicação e prescrevem modos de raciocínio e argumentação no tocante a outras normas. É o caso, por exemplo, do princípio da proporcionalidade. 24 DIREITO ADMINISTRATIVO 1. (REVISÃOPGE) Acerca da origem, natureza jurídica e objeto do Direito Administrativo, assinale a opção correta. a) O fato de não existir um código específico para o Direito Administrativo reflete a falta de autonomia desse ramo jurídico, devendo o aplicador do direito recorrer a outras disciplinas subsidiariamente. b) O Direito Administrativo tem por objetivo regular as relações jurídicas entre servidores e entre estes e os órgãos da administração, ao passo que o direito privado regula a relação entre os órgãos e a sociedade. c) A administração pública não se confunde com o próprio Poder Executivo, haja vista que a função administrativa não é deste exclusiva. d) O Direito Administrativo pode ser definido como o conjunto dos princípios jurídicos de direito público e privado que tratam da Administração Pública, suas entidades, órgãos e agentes públicos. Comentários: GABARITO: C. A - Errada. Isso porque o Direito Administrativo é dotado de princípios e feições próprios, entre outras características singulares, o que lhe confere o status de ramo autônomo. Não seria a simples faltade codificação que comprometeria a autonomia do Direito Administrativo. B – errada. O Direito Administrativo visa a regular as relações entre seus sujeitos, entre estes e seus agentes, bem como entre a Administração e os administrados, quando aquela atua sob a égide da supremacia do interesse público sobre o particular, em relações jurídicas caracterizadas por um regime de Direito Público. C – CERTA. A Administração pública não se confunde com o Poder Executivo, justamente porque os demais Poderes também exercem função administrativa, ainda que atipicamente, o que não confere exclusividade ao Poder Executivo para o exercício desta função. D – Errada. O erro da alternativa está no fato de que o Direito Administrativo é responsável por instituir o regime de direito público e, não obstante existam pessoas de direito privado na administração Indireta, as normas de direito privado que podem ser a elas aplicadas não são estabelecidas pelo Direito Administrativo. 25 2. (REVISÃOPGE) Com relação à Administração Pública e suas classificações, assinale a opção correta. a) A administração pública em sentido estrito abrange os órgãos governamentais, com a atribuição de traçar políticas públicas, bem como os órgãos administrativos, encarregados de executar os planos governamentais. b) A administração pública, em sentido subjetivo, diz respeito à atividade administrativa exercida pelas pessoas jurídicas, pelos órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa. c) As atividades de polícia administrativa, de prestação de serviço público e de fomento são próprias da administração pública em sentido objetivo. d) A administração pública, em sentido estrito, abrange a função política e a administrativa Comentários: GABARITO: C. A – Errada. A expressão “Administração Pública” abarca diversas concepções. Inicialmente, tem-se que Administração Pública em sentido amplo (lato sensu), como o conjunto de órgãos de governo (com função política de planejar, comandar e traçar metas) e de órgãos administrativos (com função administrativa, executando os planos governamentais). No sentido estrito (stricto sensu), pode-se definir Administração Pública como o conjunto de órgãos, entidades e agentes públicos que desempenham a função administrativa do Estado. Ou seja, num sentido estrito, a Administração Pública é representada, apenas, pelos órgãos administrativos. B – Errada. Em sentido subjetivo, Administração Pública representa o conjunto de órgãos, agentes e entidades que desempenham a função administrativa. O conceito subjetivo representa os meios de atuação da Administração Pública. C – CERTA. As seguintes atividades podem ser apontadas como próprias da administração pública em sentido objetivo: Polícia administrativa: abrange as atividades administrativas que implicam restrições ou condicionamentos aos direitos individuais impostos em prol do interesse de toda coletividade, como ordens, notificações, licenças, autorizações, fiscalização, sanções. Serviço público: toda atividade executada diretamente pela Administração Pública formal ou por particulares delegatários que tenham por fim satisfazer as necessidades coletivas, sob regime predominantemente público. Exemplos: serviço postal, serviços de telecomunicações, transporte ferroviário, rodoviário 26 e aéreo etc. Fomento: compreende a atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade ou interesse público, tais como o financiamento sob condições especiais, a concessão de benefícios ou incentivos fiscais etc. Intervenção: é entendida como sendo a regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada (intervenção indireta), por exemplo, mediante a atuação de agências reguladoras, bem assim a atuação do Estado diretamente na ordem econômica, geralmente por meio das empresas estatais (intervenção direta). Compreende também as intervenções estatais na propriedade privada (tombamento, requisição, desapropriação, servidão, etc.). D – Errada. O erro da alternativa está no fato de que em sentido estrito administração pública não abrange a função política, como acima explicado. 3. (REVISÃOPGE) Em seu processo de formação, o Direito Administrativo brasileiro recebeu a influência da experiência doutrinária, legislativa e jurisprudencial de diversos países, destacando-se a França. No rol de contribuições do Direito francês à prática atual do Direito Administrativo no Brasil, é incorreto afirma que: a) a noção de que o interesse público é a diretriz central da atividade administrativa. b) a ideia de exorbitância em relação ao direito comum, aplicável aos particulares, expressada por força do princípio da supremacia do interesse público. c) a criação de teorias próprias de Direito Público em matéria de responsabilidade extracontratual das entidades estatais. d) o sistema de contencioso administrativo. Comentários: GABARITO: D. O direito francês contribuiu para a autonomia do Direito Admiristrativo. Na França nasceu a jurisdição administrativa (o contencioso administrativo), em razão do apego a separação dos poderes e a desconfiança aos juizes do velho regime. Criava-se, assim, o sistema da dualidade de jurisdição. Os constituintes franceses entenderam que a solução dos litígios nos quais a Administração Pública é parte não pode ser atribuída ao Poder Judiciário, sob pena de criar-se subordinação de um Poder ao outro. Quatro foram os princípios essenciais que informam o Direito Administrativo francês: 27 I - o da separação das autoridades administrativa e judiciária, que determina as matérias para as quais os tribunais judiciais são Incompetentes; II - o das decisões executórias, que reconhece à Administração a prerrogativa de emitir unilateralmente atos jurídicos que criam obrigações para o particular, independente da sua concordância; III - o da legalidade, no qual obrigada a Administração a respeitar a lei; IV - o da responsabilidade do poder público, em virtude do qual as pessoas públicas devem reparar os danos causados aos particulares. Contudo, no Brasil o sistema de controle jurisdicional da Administração Pública não é o francês. O controle jurisdicional da Administração Pública é organizado através de dois sistemas: o modelo francês, denominado de sistema de jurisdição dupla, também conhecida como dualidade de jurisdição, contencioso administrativo ou sistema de jurisdição administrativa e o sistema de jurisdição una, também conhecida como unidade de jurisdição ou sistema de jurisdição ordinária. O Brasil adota o sistema de jurisdição una, em que os litígios envolvendo a Administração Pública são julgados por juízes e tribunais comuns. O art. 5º, inc. XXXV, da CF consagrou o princípio da inafastabilidade da jurisdição, também conhecido como direito de ação, ou princípio do livre acesso ao judiciário. Por este principio não se admite mais no sistema constitucional brasileiro a denominada jurisdição condicionada ou ainda Instância administrativa de curso forçado, ou seja, não precisa que sejam esgotadas as vias administrativas para que se possa ingressar com um pedido judicial. Exceção a essa regra é também prevista na CF, texto Inserido pelo constituinte originário, que criou a justiça desportiva (art. 217, §§ 1º e 2º). 4. (REVISÃOPGE) Quanto ao conceito de administração pública, órgão público e competência administrativa, marque a alternativa correta. a) Do ponto de vista subjetivo, a administração pública integra o Poder Executivo, que exerce com exclusividade as funções administrativas. b) O ingresso de ação judicial noPoder Judiciário para questionar ato do poder público é condicionado ao prévio exaurimento da instância administrativa, isso ocorre por influência do modelo dualista francês. c) O poder de polícia e o fomento de atividades são exemplos de atribuições que compõe o conceito de administração pública sob o critério funcional. d) Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o poder público faça tudo o que não estiver expressamente proibido pela lei. 28 Comentários: GABARITO: C. A – Errada. A atividade administrativa, apesar de ser típica do Poder Executivo, também é exercida atipicamente nos âmbitos dos Poderes Legislativo e Judiciário, pois ambos têm a incumbência de gerir bens, serviços e interesses que lhes são confiados. Apesar de encontrarem no Executivo seu campo de atuação por excelência, também são aplicáveis no âmbito dos demais Poderes quando no exercício da função administrativa. B – Errada. Como regra, o ingresso no Poder Judiciário para questionar ato do poder público não é condicionado ao prévio exaurimento da instância administrativa. Existem, é verdade, algumas exceções, quais sejam: Justiça Desportiva, reclamação contra o descumprimento de Súmula Vinculante, habeas data, mandado de segurança e ações judiciais contra o INSS relativas à concessão de benefícios previdenciários. C – CERTA. No sentido objetivo, material ou funcional, a expressão administração pública consiste na própria função administrativa exercida pelos órgãos, entidades e agentes que integram a Administração Pública. Estuda-se as atividades finalísticas exercidas pela administração, a exemplo do fomento, serviço público, polícia administrativa e intervenção administrativa, e não a sua composição e estruturação. D – Errada. O item apresentou o princípio da legalidade sob a ótica civilista (Direito Privado). Para o poder público, o referido princípio implica que a Administração só pode fazer o que lei determina ou autoriza (e não o que ela não proíbe). 5 (REVISÃOPGE) Quanto ao regime jurídico-administrativo e a jurisprudência dos tribunais superiores, marque a opção correta. a) Segundo o Supremo Tribunal Federal, a exigência de depósito prévio para a admissibilidade de recurso administrativo não viola o direito à ampla defesa. b) No âmbito do processo administrativo, não se aplica a proibição de apresentação de provas obtidas por meios ilícitos. c) A interpretação da norma no âmbito do processo administrativo, de acordo com o princípio da finalidade, deve ser realizada da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, sendo vedada a aplicação retroativa de nova interpretação. d) Segundo o princípio da publicidade, a administração pública deve ser transparente em sua atuação, devendo garantir o direito de acesso à informação dos administrados, independentemente de seu conteúdo. Comentários: 29 GABARITO: C. A – Errada. Nos termos da Súmula Vinculante no 21, "é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo". B – Errada. As provas ilícitas são vedadas tanto em processos judiciais quanto administrativos, o art. 30, caput, da Lei no 9.784/99, deixa clara tal proibição: "são inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos". C – CERTA. A resposta correta é a alternativa C, uma vez que o princípio da finalidade impõe ao administrador a obrigação de praticar o ato administrativo com vistas à realização da finalidade perseguida pela lei. No âmbito do processo administrativo, o princípio da finalidade determina que a interpretação da norma administrativa deve ser realizada da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, sendo vedada a aplicação retroativa da norma interpretação. D – Errada. Pelo princípio da publicidade, a atuação administrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve ser transparente para que, assim, o titular do poder – que é o povo – possa verificar se, realmente, a conduta do administrador estava pautada no interesse público. A regra, portanto, é que todo ato administrativo deve ser publicado, exceto quando, nos termos do art. 5°, XXXIII, da Constituição Federal. O "sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado". 6. (REVISÃOPGE) Com relação aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, assinale a opção correta. a) O princípio da razoabilidade apresenta-se como meio de controle da discricionariedade administrativa, justificando, inclusive, a possibilidade de correção judicial. b) Segundo o entendimento do STF, para que não ocorra violação do princípio da proporcionalidade, devem ser observados três subprincípios: adequação, finalidade e razoabilidade stricto sensu. c) O princípio da razoabilidade impõe à administração pública a adequação entre meios e fins, permitindo a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. d) Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade estão expressamente previstos no texto constitucional. Comentários: GABARITO: A. 30 Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade não estão expressos no texto Constitucional, são princípios implícitos, porém deve toda conduta administrativa ser pautada por eles, de modo que haja adequação, coerência entre os meios e os fins. Com efeito, a razoabilidade dá a ideia de equilíbrio, de adequação e necessidade da conduta administrativa, equilíbrios entre os meios e os fins. Já a proporcionalidade, que é considerada por boa parte da doutrina um aspecto da razoabilidade, refere-se à proibição do excesso, ou seja, não podendo haver imposição de obrigação, restrição ou sanção em medida superior àquela que corresponda ao atendimento ao interesse público. Nesse sentido, dispõe o art. 2º, parágrafo único, inciso VI, da Lei nº 9.784/99 que: “VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”. Assim, pelo princípio da razoabilidade, também chamado de princípio da proibição de excessos ou da proporcionalidade ampla, os meios devem ser adequados aos fins do ato administrativo. Trata-se, portanto, de importante limitador à atividade discricionária da Administração Pública, sendo aplicado, inclusive, peio Poder Judiciário, quando da análise do mérito do ato administrativo, possível à luz da necessária observância dos princípios constitucionais. Portanto, está correta a alternativa A. 7. (REVISÃOPGE) No direito administrativo, a afirmação de que a administração pública não pode atuar com objetivo de prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, nem os seus atos devem ser imputados aos funcionários que os praticam, mas ao órgão da administração pública, corresponde ao princípio da: a) moralidade. b) legalidade. c) impessoalidade. d) supremacia do interesse público sobre o individual. Comentários: GABARITO: D. O princípio da impessoalidade é visto sob dois prismas. O primeiro, no sentido de atuar visando o interesse público (finalidade), obstando que a Administração Pública atue de forma discriminatória ou beneficie alguém por critérios subjetivos, em outras palavras, que favoreça ou prejudique alguém por critérios pessoais. 31 Como destaca o Prof. Bandeira de Mello, o princípio da impessoalidade assume a faceta de princípio da isonomia, na medida em que a Administração deve proporcionar igualdade de condições e tratamento a todos osadministrados. No segundo prisma, estabelece a vedação da promoção pessoal de agentes públicos ou autoridades administrativas, conforme preconiza o §1º do art. 37, CF/88, assim expresso: “§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”. Nesse sentido, é bom destacar que os atos realizados pelos agentes públicos não são imputados a si mesmos, mas às pessoas jurídicas a que pertencem, ou seja, à Administração Pública (princípio da imputação volitiva), conforme observamos na aplicação da teoria do órgão. Portanto, o enunciado dessa questão adequa-se perfeitamente ao princípio da impessoalidade – alternativa D. 8. (REVISÃOPGE) A série de reformas administrativas promovidas no fim dos anos 1990 culminaram na Emenda Constitucional nº 19, que incluiu na Constituição da República regras que são consequência direta do princípio da eficiência. Quanto a essas regras constitucionais, assinale a alternativa incorreta. a) O servidor público estável poderá perder o cargo mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. b) União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. c) as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, dentre outras, às atribuições de direção, chefia e assessoramento. d) A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade. Comentários: 32 GABARITO: C. A questão trata do princípio da eficiência. Como se sabe, a partir de 1995 iniciou-se um processo de modernização da Administração Federal, buscando implementar a denominada administração pública gerencial. O marco inicial da reforma foi a publicação do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, mas o marco jurídico foi a promulgação da Emenda Constitucional 19/1998, que incluiu o princípio da eficiência como princípio constitucional expresso. Além disso, várias mudanças realizadas pela EC 19/1998 estão relacionadas com a modernização da Administração e, por conseguinte, com o princípio da eficiência. Como bem destaca José Afonso da Silva, o princípio da eficiência “orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir os melhores resultados com os meios escassos de que dispõe e a menor custo”, “consiste na organização racional dos meios e recursos humanos, materiais e institucionais para a prestação de serviços públicos de qualidade com razoável rapidez”. (art. 5º, LXXVIII). A questão trouxe quatro situações relacionadas com o princípio da eficiência, existem outras, mas vamos citar apenas aquelas mencionadas na questão, vejamos: Art. 37. […] § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: I – o prazo de duração do contrato; II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III – a remuneração do pessoal. Art. 41. […] § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem 33 preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; Art. 39 […] § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. Portanto, estão corretas as alternativas A, B e D. O erro da alternativa C reside no fato de que apenas as atribuições de direção, chefia e assessoramento podem ser objeto de cargos comissionados. 9. (REVISÃOPGE) Quanto aos princípios que regem a atuação da Administração Pública, assinale a alternativa correta. a) A presunção de legitimidade dos atos administrativos, que impõe aos particulares o ônus de provar eventuais vícios existentes em tais atos, decorre do regime jurídico- administrativo aplicável à administração pública. b) Uma das exceções ao princípio da legalidade administrativa consiste na possibilidade de o presidente da República editar decreto para criar cargos ou funções públicas. c) É obrigatória a observância do princípio da publicidade nos processos administrativos, mediante a divulgação oficial dos atos administrativos, inclusive os relacionados ao direito à intimidade. d) Para que determinada conduta seja caracterizada como ato de improbidade administrativa violadora do princípio da impessoalidade, é necessária a comprovação do respectivo dano ao erário. Comentários: GABARITO: A. A – CERTA. A presunção de legitimidade está intimamente relacionada com o princípio da legalidade, pois se a atuação administrativa deve se dar de acordo com a lei e com o direito, presume-se que todo ato administrativo praticado seja legal. Entretanto. Trata- se de presunção relativa (iuris tantum), pois admite prova em contrário. B – Errada. O Presidente da República não editar decreto para criar cargos ou funções públicas. O decreto autônomo, descrito no art 84, '/1, da Constituição Federal, atribui 34 ao Presidente da República a competência para dispor, medianle decreto, sobre a administração federal, desde que não implique aumento de despesa, não faça a criação de órgão público e nem a extinção de cargo público provido. C – Errada. O art. do art. 5°, XXXIII, CF/88, faz a ressalva: o "sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado". Em se tratando de direito a intimidade, entende- se que esta encontra-se albergada pelo mesmo dispositivo constitucional. D – Errada. A aplicação das sanções por ato de improbidade administrativa, nos termos do art. 20, da Lei no 8.4~9/92, independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento. 10. (REVISÃOPGE) Embora existam relevantes divergências doutrinárias, é possível afirmar que o regime jurídico-administrativo tem por características fundamentais: a) o respeito aos direitos e garantias fundamentaise a prevalência da autonomia da vontade do indivíduo. b) as prerrogativas e sujeições a que se submete a administração pública. c) a aplicação preponderante de normas do direito privado e dos princípios gerais do direito. d) a igualdade formal entre os administrados e a relação de horizontalidade entre estes e o Estado. Comentários: GABARITO: B. A Administração Pública não pode atuar da mesma forma que o particular no desempenho de suas atividades. Isso ocorre porque o Estado atua com a finalidade de alcançar o interesse público, que é indisponível. Dessa reflexão que retiramos os princípios/diretrizes orientadores de toda a atuação da Administração Pública: a supremacia e a indisponibilidade do interesse público. Nesse contexto, são atribuídos alguns privilégios e restrições que permeiam a atuação estatal, dando origem ao denominado regime jurídico-administrativo, Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que “a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão- somente para abranger o conjunto de traços, de conotações que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime administrativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições”. 35 Outro bom conceito é o de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, vejamos: “Baseia-se na ideia de existência de poderes especiais passíveis de serem exercidos pela administração pública, contrabalançados pela imposição de restrições especiais à atuação dessa mesma administração, não existentes nas relações típicas de direito privado. Essas prerrogativas e limitações traduzem-se, respectivamente, nos princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público”. 11. (REVISÃOPGE) Está correta, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acerca dos princípios constitucionais e do regime jurídico-administrativo, a seguinte alternativa. a) Ao gestor é lícito alterar, por meio de portaria, as atribuições dos cargos públicos de seus subordinados, tal procedimento não contraria direito líquido e certo do servidor público investido no cargo, diante da inexistência de direito adquirido a regime jurídico. b) A vedação ao nepotismo decorre diretamente de princípios constitucionais explícitos, como os princípios da impessoalidade, da moralidade administrativa e da igualdade, não se exigindo a edição de lei formal para coibir a sua prática. c) Em caso repasse de de verbas federais a município, dado o princípio da autonomia dos entes federados, a aplicação desses recursos pelo governo municipal não será objeto de fiscalização do órgão controlador federal. d) Por força de princípios constitucionais como a moralidade, a legalidade e a eficiência, a administração pode revogar seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais. COMENTÁRIOS GABARITO: B. A – Errada. De fato, não há direito adquirido a regime jurídico, mas desde que a alteração do regime se dê mediante lei, e não por meio de portaria. B – CERTA. O tema é objeto de decisão do STF na qual declarou a constitucionalidade de Resolução do Conselho Nacional de Justiça (normal infralegal) que vedava expressamente a prática de nepotismo. Vejamos a ementa: AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE, AJUIZADA EM PROL DA RESOLUÇÃO Nº 07, de 18.10.05, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. ATO NORMATIVO QUE “DISCIPLINA O EXERCÍCIO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES POR PARENTES, CÔNJUGES E COMPANHEIROS DE MAGISTRADOS E DE SERVIDORES INVESTIDOS EM CARGOS DE DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO, NO ÂMBITO DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS”. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Os condicionamentos impostos pela Resolução nº 07/05, do CNJ, não atentam contra a liberdade de prover e desprover cargos em comissão e funções de confiança. As 36 restrições constantes do ato resolutivo são, no rigor dos termos, as mesmas já impostas pela Constituição de 1988, dedutíveis dos republicanos princípios da impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da moralidade. (…) 3. Ação julgada procedente para: a) emprestar interpretação conforme à Constituição para deduzir a função de chefia do substantivo “direção” nos incisos II, III, IV, V do artigo 2° do ato normativo em foco; b) declarar a constitucionalidade da Resolução nº 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça (ADC 12/DF, DJ 18/12/2009) Como se vê, o STF entendeu que a prática do nepotismo no Judiciário poderia ser combatida por meio da referida Resolução do CNJ, norma de natureza infralegal, ou seja, a situação não reclamava a edição de lei formal, eis que as restrições ao nepotismo impostas pela norma seriam decorrência lógica dos princípios constitucionais da impessoalidade, eficiência, igualdade e moralidade. (TEMA MUITO IMPORTANTE) C – Errada. Segundo o STF, os recursos federais repassados a município não perdem a sua natureza federal e, por essa razão, podem ser fiscalizados pelos órgãos de controle da União, mesmo que sejam aplicados por gestores municipais. D – Errada. Misturou os conceitos, em caso de atos viciados o remédio correto é a anulação do ato. Veja e memorize a importantíssima súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada em todos os casos, a apreciação judicial”. 12. (REVISÃOPGE) Quanto aos princípios do direito administrativo e à organização da administração pública, julgue os itens a seguir. a) De acordo com a jurisprudência do STF, o acesso às informações referentes às verbas indenizatórias recebidas para o exercício da atividade parlamentar, em exceção ao princípio da publicidade, é permitido apenas aos órgãos fiscalizadores e aos parlamentares, dado o caráter sigiloso da natureza da verba e a necessidade de preservar dados relacionados à intimidade e à vida privada do parlamentar. b) Na análise da moralidade administrativa, pressuposto de validade de todo ato da administração pública, é imprescindível avaliar a intenção do agente. c) Os atos e as realizações administrativo-governamentais são imputados ao ente público e não ao agente público, isso ocorre por força do princípio constitucional expresso da impessoalidade. d) A supremacia do interesse público sobre o privado integra o conteúdo do regime jurídico-administrativo, podendo o interesse público primário coincidir com o interesse 37 público secundário, na medida em que ambos correspondam ao interesse do Estado como sujeito de direito. COMENTÁRIOS GABARITO: C. A – Errada. A regra é a transparência, ressalvando-se o sigilo somente para os casos de imprescindíveis para à segurança da sociedade e do Estado (CF, art. 5º, XXXIII). O STF decidiu que: “Ato que indefere acesso a documentos relativos ao pagamento de verbas públicas. (…) A regra geral num Estado Republicano é a da total transparência no acesso a documentos públicos, sendo o sigilo a exceção. (…) As verbas indenizatórias para exercício da atividade parlamentar têm natureza pública, não havendo razões de segurança ou de intimidade que justifiquem genericamente seu caráter sigiloso.” (MS 28.178, rel. min. Roberto Barroso, julgamento em 4-3-2015, Plenário, DJE de 8-5-2015.) B – Errada. Existe divergência doutrinária quanto à imprescindibilidade da intenção do agente para análise da moralidade administrativa. Contudo, a CESPE, no concurso para técnico do INSS de 2016, firmou entendimento de que a
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