Buscar

DIREITO-ADMINISTRATIVO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
1. DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................... 4 
1.1 História do direito administrativo ..................................................................... 5 
1.1.1 Fundamentos constitucionais e direito administrativo brasileiro ..................... 7 
1.2 Conceito de direito administrativo ................................................................. 10 
1.3 Objeto ........................................................................................................... 13 
1.4 Fontes do direito administrativo .................................................................... 13 
2. ESTADO E GOVERNO ................................................................................ 14 
3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................... 17 
3.1 Administração Pública e Governo ................................................................. 18 
4. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO ...................................................... 22 
4.1 Princípios de direito administrativo ............................................................... 24 
4.1.1 Princípio da Legalidade ................................................................................ 24 
4.1.2 Princípio da Impessoalidade ......................................................................... 26 
4.1.3 Princípio da Moralidade ................................................................................ 27 
4.1.4 Princípio da Publicidade ............................................................................... 28 
4.1.5 Princípio da Eficiência .................................................................................. 28 
4.1.6 Princípios do Contraditório e da Ampla defesa ............................................. 29 
4.1.7 Princípio da Continuidade ............................................................................. 30 
4.1.8 Princípio da Autotutela .................................................................................. 31 
4.1.9 Princípio da Razoabilidade ........................................................................... 32 
4.1.10 Princípio da Proporcionalidade ..................................................................... 32 
4.1.11 Princípio da Motivação ................................................................................. 33 
4.1.12 Isonomia........ ............................................................................................... 33 
4.1.13 Finalidade ..................................................................................................... 34 
4.1.14 Especialidade ............................................................................................... 34 
4.1.15 Segurança jurídica ........................................................................................ 34 
4.1.16 Presunção de legitimidade e de veracidade das condutas estatais ............. 35 
 
 
5. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................... 35 
5.1 Poder normativo ........................................................................................... 36 
5.2 Poder disciplinar ........................................................................................... 40 
5.3 Poderes decorrentes da hierarquia ............................................................... 41 
5.4 Poder de polícia ............................................................................................ 42 
6. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO ..................................................... 44 
6.1 Administração direta ..................................................................................... 47 
6.1.1 Órgãos públicos ............................................................................................ 47 
6.2 Administração indireta .................................................................................. 48 
7. ATOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................... 49 
7.1 A anulação .................................................................................................... 51 
7.2 Vícios dos atos administrativos .................................................................... 52 
7.3 Confirmação, revogação efeitos, limites e competência ............................... 53 
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 54 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
4 
 
 
1. DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
O direito administrativo é um sub-ramo do direito público ROSSI (2020) aborda 
que “constitui sub-ramo do direito público pois seus princípios e normas regulam as 
relações jurídicas em que predomina o interesse do Poder Público. Ao se consolidar 
a Tripartição dos Poderes de Montesquieu no século XVIII, também surgiu esse 
direito. No século XIV o governo dos Estados era exercido por um soberano pois os 
soberanos representavam a divindade. A partir dos séculos XVI e XVII, surgiram ideias 
que objetivavam à limitação desse poder (sobretudo com John Locke em seus dois 
Tratados sobre o Governo, e em Montesquieu no “espírito das leis”: “só o poder limita 
o poder”). Por esse motivo foram atribuídas as funções do Estado diversos órgãos 
com o objetivo de combate ao poder por meio da imposição de limites àqueles que o 
exercem. O direito administrativo aparece com o objetivo de estudar qual a função 
administrativa do Estado e os órgãos que a desempenham. ” Sobre a administração 
e seu vocábulo a doutrina faz algumas considerações: 
 
José Cretella Júnior elabora critérios para definir o vocábulo “Administração”. 
Vejamos: Residual: tudo o que não for atividade típica do Poder Legislativo 
(elaboração de leis) e do Poder Judiciário (proferir sentenças) é 
Administração Pública. Subjetivo ou formal: é o complexo orgânico que 
responde às funções administrativas. Material ou objetivo: consistente na 
atividade concreta do Estado para suprir as necessidades coletivas. 
Administração é não só o governo, Poder Executivo, a complexa máquina 
administrativa, o pessoal que a movimenta (conceito formal), como também 
a atividade desenvolvida (conceito material) por esse indispensável 
aparelhamento que possibilita ao Estado o preenchimento de seus fins [...]. 
Em suma, administrar é gerir serviços públicos e Administração é a gestão 
de serviços públicos Hely Lopes Meirelles define “Administração”: Em sentido 
formal, é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos 
do governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos 
serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene 
e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou porele 
assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração 
é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus 
serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. (ROSSI, apud 
CRETELLA; MEIRELLES 2020. P. 46-47) 
 
A doutrina de ROSSI (2020) define a apresentação da administração Pública 
sob dois aspectos, sendo “o primeiro a Administração Pública Direta, formada pelos 
entes integrantes da Federação e seus respectivos órgãos: União, Estados, Distrito 
 
5 
 
 
Federal e Municípios. O segundo é a Administração Pública Indireta, que se define 
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou privado, criadas ou 
instituídas a partir de lei específica, com o objetivo de atuar junto a Administração 
Direta na prestação de serviços públicos ou na exploração de atividades econômicas. 
Ainda, há que se falar em entes que prestam serviços públicos por delegação, esses 
entes são os concessionários, os permissionários e os autorizatários de serviços 
públicos, porém aqui cabe uma ressalva importante, eles não integram os quadros da 
Administração. Por fim, o direito prevê, o Terceiro Setor, que por sua vez atua em 
paralelo à Administração Pública, o denominado Terceiro Setor, prestando relevantes 
serviços de interesse público e recebendo, por isso, determinados benefícios. O 
terceiro setor é composto por sociedades paraestatais, com personalidade jurídica de 
direito privado, são instituídas pela vontade particular e não integram nem a 
Administração Direta nem a Indireta; são exemplos as organizações sociais, os 
serviços sociais autônomos, as organizações da sociedade civil de interesse público 
e as entidades de apoio. ” 
 
1.1 História do direito administrativo 
 
DI PIETRO (2020) trata da história do direito administrativo: “o Direito 
Administrativo, surge como ramo autônomo no período terminativo do século XVIII e 
início do século XIX, porém anteriormente já existiam normas administrativas, pois 
todo Estado existente necessita de órgãos encarregados ao exercício de funções 
administrativas. Porém essas normas anteriores ao surgimento do direito 
administrativo como autônomo se enquadravam no jus civile, da mesma forma que 
nele se inseriam outras normas que hoje pertencem a outros ramos do direito. 
As normas ficavam organizadas de forma esparsa, e as relativas ao 
funcionamento da Administração Pública, à competência de seus órgãos, aos poderes 
do Fisco, à utilização, pelo povo, de algumas modalidades de bens públicos, à 
servidão pública não eram diferentes, ademais esse ramo do direito não possuía uma 
elaboração baseada em princípios informativos próprios que lhe atribuíssem 
autonomia. ” Seguindo com a doutrina de DI PIETRO: 
 
 
6 
 
 
A Idade Média não encontrou ambiente propício para o desenvolvimento do 
Direito Administrativo. Era a época das monarquias absolutas, em que todo 
poder pertencia ao soberano; a sua vontade era a lei, a que obedeciam todos 
os cidadãos, justificadamente chamados servos ou vassalos (aqueles que se 
submetem à vontade de outrem). Nesse período, do chamado Estado de 
Polícia, assinala Merkl (1980:93) que o direito público se esgota num único 
preceito jurídico, que estabelece um direito ilimitado para administrar, 
estruturado sobre princípios segundo os quais quod regi placuit lex est, the 
king can do no wrong, le roi ne peut mal faire. O rei não podia ser submetido 
aos Tribunais, pois os seus atos se colocavam acima de qualquer 
ordenamento jurídico. Com base nessa ideia é que se formulou a teoria da 
irresponsabilidade do Estado, que, em alguns sistemas, continuou a ter 
aplicação mesmo após as conquistas do Estado Moderno em benefício dos 
direitos individuais. Não havia Tribunais independentes, uma vez que, em 
uma primeira fase, o próprio rei decidia os conflitos entre particulares e, em 
fase posterior, as funções judicantes foram delegadas a um conselho, que 
ficava, no entanto, subordinado ao soberano. No entanto, apontam-se 
algumas obras de glosadores da Idade Média, principalmente dos séculos 
XIII e XIV, nas quais se encontra o germe dos atuais direitos constitucional, 
administrativo e fiscal. Indica-se a obra de Andrea Bonello (1190 a 1275 d.C.), 
dedicada ao estudo dos três últimos livros do Código Justiniano, que tinham 
sido deixados de lado, porque dedicados a estruturas fiscais e administrativas 
de um império que já não existia. Outro texto sobre o qual trabalharam os 
juristas, na época, foi o Liber Constitutionis, publicado pelo parlamento de 
Melfi em 1231. No século XIV, a obra de Bartolo de Sassoferrato (1313-57) 
lança as bases da teoria do Estado Moderno (cf. Mario G. Losano, 1979:55). 
Mas a formação do Direito Administrativo, como ramo autônomo, teve início, 
juntamente com o direito constitucional e outros ramos do direito público, a 
partir do momento em que começou a desenvolver-se – já na fase do Estado 
Moderno – o conceito de Estado de Direito, estruturado sobre o princípio da 
legalidade (em decorrência do qual até mesmo os governantes se submetem 
à lei, em especial à lei fundamental que é a Constituição) e sobre o princípio 
da separação de poderes, que tem por objetivo assegurar a proteção dos 
direitos individuais, não apenas nas relações entre particulares, mas também 
entre estes e o Estado. (DI PIETRO, 2020. P. 56-57) 
 
De tudo posto acerca do breve histórico a idade média não desenvolveu o 
direito administrativo pois todo o poder era concentrado nas mãos do monarca sob o 
sistema das monarquias absolutas, sendo sua vontade a lei, surgindo assim a teoria 
da irresponsabilidade do Estado. O conceito de Estado de Direito, estruturado sobre 
o princípio da legalidade e sobre o princípio da separação de poderes, surge com 
vistas a assegurar a proteção dos direitos individuais, tanto nas relações entre 
particulares quanto nas relações entre particulares e Estado. 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
1.1.1 Fundamentos constitucionais e direito administrativo brasileiro 
 
DI PIETRO (2020) afirma que “conforme nos é apresentado o Direito 
Administrativo está vinculado às concepções filosóficas, políticas e constitucionais que 
vigoravam na primeira metade do século XX. A evolução radical do constitucionalismo 
do final do século XX permanece ignorada pelo Direito Administrativo”. Com relação 
a constitucionalização seguimos com a doutrina: 
 
Sobre a constitucionalização do Direito Administrativo, Marçal Justen Filho 
acrescenta que: “[...] a evolução recente importou alterações radicais nas 
instituições e nas concepções vigentes. A função e o conteúdo da 
Constituição foram impregnados por princípios e valores democráticos, o que 
se afirma com ainda grande relevância no Brasil – cuja vivência democrática 
é muito limitada. Todas essas modificações não ingressaram integralmente 
no Direito Administrativo. O conteúdo e as interpretações do Direito 
Administrativo permanecem vinculados e referidos a uma realidade 
sociopolítica que há muito deixou de existir. O instrumental do Direito 
Administrativo, é, na sua essência, o mesmo de um século atrás”. Uma das 
grandes razões que deram nascimento à tese do autoritarismo do Direito 
Administrativo é, provavelmente, a teoria da puissance publique, elaborada 
no século XIX e defendida, entre outros, por Batbie, Ducroq, Louis-Edouard 
Laferrière, León Aucoc, Berthlémy. Sistematizada por Maurice Hauriou 
(1927:133), essa teoria, ao procurar o critério definidor do Direito 
Administrativo, apontou a existência de prerrogativas e privilégios do Estado 
diante do particular, criando uma posição de verticalidade ou de desigualdade 
entre Administração Pública e cidadão. Outro fator relevante, apontado por 
Celso Antônio Bandeira de Mello (2016:44), foi a própria definição inicial do 
Direito Administrativo como derrogatório e exorbitante do direito comum. Diz 
o autor que “talvez a razão primordial desta forma errônea de encarar o Direito 
Administrativo residano fato de que este, ao surgir, foi encarado como um 
direito ‘excepcional’, que discrepava do ‘direito comum’, isto é, do direito 
privado, o qual, até então, era, com ressalva do Direito Penal, o único que se 
conhecia. Com efeito, o Direito Administrativo, tal como foi sendo elaborado, 
pressupunha a existência, em prol do Estado, de prerrogativas inexistentes 
nas relações entre os particulares, as quais, então, foram nominadas de 
‘exorbitantes’, isto é, que exorbitavam dos direitos e faculdades que se 
reconheciam aos particulares em suas recíprocas relações”. (DI PIETRO, 
Apud MARÇAL; MELLO. 2020. P. 62-63) 
 
Sendo assim, o direito administrativo surge mediante a base de alguns 
princípios fundamentais do constitucionalismo, dentre os quais se destacam, o da 
separação de poderes e o da legalidade ambos constituem o objetivo de assegurar a 
liberdade do cidadão diante das prerrogativas do poder público. A doutrina explica que 
o Estado se desenvolveu a partir dos princípios de “equilíbrio entre poderes e 
representação política, certeza jurídica e garantia dos direitos individuais, 
 
8 
 
 
constitucionalidade e legalidade, hierarquia das leis e distinção entre atos de império 
e atos de gestão, autonomia da vontade e liberdade contratual” (DI PIETRO, Apud 
FARIA. 2020. P. 65). Sob o amparo desses princípios o direito administrativo se 
desenvolveu. Seguindo a doutrina ressalta o comentário de REALE: 
O pensamento de Miguel Reale, em trabalho sobre Nova fase do direito 
moderno (1990:79-82), em que o autor demonstra que tanto o direito 
constitucional como o administrativo são filhos da Revolução Francesa. 
Observa o autor que “nesta, com efeito, surgem as condições históricas e os 
pressupostos teóricos indispensáveis ao estudo da administração pública 
segundo categorias jurídicas próprias, a começar pela afirmação dos direitos 
do cidadão perante o Estado; o princípio da responsabilidade dos agentes 
públicos por seus atos arbitrários, e o livre acesso de todos às funções 
administrativas”. Acrescenta o autor que, “sem a subordinação do Estado ao 
império da lei e da jurisdição não teria sido possível o tratamento autônomo 
e sistemático do Direito Administrativo”. (DI PIETRO, Apud REALE. 2020. P. 
65-66) 
 
O Direito Administrativo passou por muitas modificações, tendo como principal 
a sua constitucionalização e assim, o conteúdo do Direito Administrativo se ampliou, 
principalmente nos séculos XX e XXI, período esse conhecido como pós-modernismo 
 
“as mutações do fim do século XX foram descritas pelos administrativistas 
como um período de pós-modernismo. O século XXI conhece já um pós-pós-
modernismo cujas características seriam, em reação contra os excessos do 
período precedente, uma nova aproximação mais sutil da normatividade, 
como contrapeso ao excesso de regulação, uma nova maneira de conceber 
as relações sociais humanizando o consensualismo (empobrecimento do 
contrato) pela convivência (ética da convivência) e uma nova maneira de 
conceber os direitos, vinculando-os a deveres. A obrigação e a coerção se 
transformariam em um consentimento voluntário de assumir suas 
responsabilidades. No face a face entre a administração e os administrados, 
a primeira não conceberia suas prerrogativas senão vinculadas a seu dever 
de prestar contas e, os segundos, transformados plenamente em cidadãos, 
não separariam seus direitos de seus deveres para com a coisa pública”. (DI 
PIETRO, Apud MORANDDEVILLER. 2020. P. 68) 
 
Por fim conclui-se que “hoje, o Direito Administrativo – de base essencialmente 
constitucional – foi enriquecido pelos ideais de centralidade e dignidade da pessoa 
humana, de participação, de transparência, de exigência de motivação, de 
processualização, de controle social.” (DI PIETRO, 2020. P. 69) 
O direito administrativo no Brasil segundo DI PIETRO (2020) “Possui 
semelhanças em seu surgimento com o ocorrido na Europa, não nascendo, no Brasil, 
como ramo autônomo, no período de regime da monarquia absoluta. 
 
 
9 
 
 
Com o advento do Império, há uma repartição de poderes dividindo funções 
entre o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Poder Executivo e o Poder Moderador, 
os dois últimos concentrados em mãos do Imperador; nessa época já existia, uma 
administração pública organizada, porém regida pelo direito privado, cabendo a 
limitação de sua aplicação ao Conselho de Estado. 
Com o início do período republicano, suprime-se o Poder Moderador e a 
jurisdição administrativa antes atribuída ao Conselho de Estado, dessa forma a 
administração pública inicia seu afastamento do direito privado. ” Porém essa primeira 
fase foi marcada por uma normativa mal regida, a doutrina explica: 
 
No entanto, na primeira fase, foi pobre o trabalho doutrinário desenvolvido no 
âmbito do Direito Administrativo. Segundo Ruy Cirne Lima (1982:33), “reside 
a causa dessa indiferença pelo Direito Administrativo na própria base, sobre 
que se fez assentar o nosso direito público. Foram as instituições dos Estados 
Unidos da América e os princípios da common law tomados para fundamento 
do nosso regime jurídico incipiente”. O autor acrescenta que o fundamento 
estava em contradição com o regime, pois aqui a Constituição de 1891, no 
artigo 34, nº 23, dividia o direito objetivo em civil, comercial, criminal e 
processual, enquanto a common law abrange, no conceito norte-americano, 
“os princípios que regem assim de uma parte a justiça repressiva, como, de 
outra, a direção dos negócios jurídicos e, de outra ainda, a conservação de 
interesse privado, a regulamentação das instituições domésticas, e a 
aquisição, fiscalização e transferência da propriedade; toca, destarte, todos 
os ramos da Ciência do Direito. O resultado dessa contradição é a incerteza 
das categorias jurídicas no nosso Direito Administrativo: é o desconhecimento 
de pessoas administrativas, fora da União, dos Estados e dos Municípios; é 
o desconhecimento dos limites do domínio público, além dos que lhe assinala 
a propriedade da União, dos Estados ou dos Municípios; é o 
desconhecimento da doutrina dos atos administrativos, acima das 
prescrições do direito privado”. (DI PIETRO, Apud LIMA. 2020. P. 98) 
 
Seguindo o ensinamento DI PIETRO (2020) afirma que “a partir da Constituição 
de 1934, ocorreu grande evolução do direito administrativo, devido a previsão 
constitucional de extensão da atividade do Estado nos âmbitos social e econômico. 
Instituiu-se, inclusive, um Tribunal de Direito Administrativo na esfera federal. 
A constituição de 1891, possuía características nitidamente liberais e individualistas, 
já a de 1934, seguindo o movimento revolucionário de 1930, assume caráter 
socializante, marcado pela intervenção crescente na ordem social. 
O Estado deixa a sua posição de guardião da ordem pública e passa a atuar 
no campo da saúde, higiene, educação, economia, assistência e previdência social, 
sendo assim com novas atribuições sociais surge a necessidade de desenvolvimento 
 
10 
 
 
estatal, o anseio pela criação de novas pessoas jurídicas públicas, quer as de 
capacidade específica para execução de serviços públicos (autarquias), quer as de 
capacidade genérica (territórios); paralelamente, aumenta o quadro de funcionários 
públicos necessários para o atendimento das novas tarefas assumidas pelo Estado. 
O Direito Administrativo brasileiro sofreu grande influência em suas origens, do 
direito francês, italiano e alemão, todos inseridos no sistema de base romanística. 
Porém, também adotou institutos originários do sistema do common law. Mais 
recentemente, vem sofrendo influência do direito comunitário europeu, em que houve 
encontro dos sistemas de base romanística e do common law. ” 
 
1.2 Conceito de direito administrativo 
 
Sobre a conceituação do direito administrativo há algumas divergências, pois 
segundo ROSSI ”cada autor administrativista elege elementos e critérios que devem 
prevalecer na conceituação de direitoadministrativo. 
O primeiro critério é o legalista, ele define o direito administrativo como o 
conjunto de leis administrativas. Porém para efetiva conceituação esse critério se 
encontra incompleto pois o direito administrativo é mais do que apenas um conjunto 
de textos jurídicos. 
O segundo é critério do Poder Executivo e define que o direito administrativo é 
o conjunto de regras jurídicas que disciplinam os atos do Poder Executivo. Esse 
critério também é incompleto pois outros Poderes, como o Legislativo e o Judiciário, 
podem exercer, de forma atípica, atividade administrativa. 
Explicando melhor, a função típica e principal do Poder Executivo é a tarefa 
própria por ele realizada: exercer a função administrativa. De modo atípico, porém, o 
Executivo poderá exercer atividades típicas acometidas a outro poder. ” Para melhor 
entender o conteúdo vejamos um exemplo doutrinário: 
 
Exemplificando: o chefe do Executivo, quando edita medida provisória (art. 
62 da CF) “com força de lei”, está exercendo função atípica legislativa. A 
função típica do Poder Judiciário é julgar determinado caso concreto. O 
Judiciário atua de forma indireta (já que a jurisdição é inerte e necessita de 
provocação para ser exercida). Por fim, a função jurisdicional acarreta a 
 
 
11 
 
 
impossibilidade de mudança e a consequente produção da coisa julgada 
(intangibilidade jurídica). Entretanto, de modo atípico, o Judiciário pode 
exercer outra atividade, típica de outro Poder, o Judiciário realizando 
concurso para ingresso na magistratura ou fazendo seus próprios regimentos 
internos. Por fim, a tarefa típica e principal do Poder Legislativo é legislar; 
assim, o Legislativo inova o ornamento jurídico, agindo de forma abstrata e 
geral (atinge todos aqueles que estiverem na mesma situação). Porém, de 
modo atípico, o Legislativo poderá exercer função típica de outro Poder, o 
Senado Federal (que é Poder Legislativo), quando julga o Presidente da 
República em razão do cometimento de crimes de responsabilidade (art. 85 
da CF), e nesse caso exerce função atípica. Também o Legislativo exerce 
função atípica quando realiza licitações para aquisição de bens (pois essa 
incumbência é tipicamente administrativa). Pautados nessa noção das 
funções do Estado, podemos concluir que o critério do Poder Executivo não 
é suficiente para conceituar o direito administrativo. Não é só o Poder 
Executivo que exerce função administrativa. O próprio art. 1º da Lei n. 
9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal, estabelece 
que “os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes 
Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função 
administrativa”, o que confirma a incompletude do critério em análise. 
(ROSSI. 2020. P. 49) 
 
Importante ressaltar com relação a outros órgãos independentes dos três 
poderes que exercem função administrativa: 
 
Embora não pertencente a nenhum dos três Poderes, o Ministério Público 
também exerce função administrativa, quando realiza concurso público para 
provimento do cargo de Promotor de Justiça. O Tribunal de Contas, órgão 
auxiliar do Legislativo, também exerce função administrativa ao instaurar uma 
comissão processante para apuração de infração funcional cometida por 
Ministro do Tribunal de Contas da União. Por fim, particulares exercem função 
administrativa mediante delegação estatal. Exemplificando: contrato de 
concessão de serviço público e permissão de serviço público. (ROSSI, 2020. 
P. 50) 
 
Conforme evidenciado o critério para definição do direito administrativo ser um 
conjunto de normas que disciplinam os atos do poder Executivo é incompleto, pois 
conforme evidenciado há outros órgãos que podem exercer o poder administrativo, 
cabendo esse direito ter uma definição mais ampla. 
Há também um terceiro critério tratado pela doutrina, denominado escola do 
serviço público a doutrina de ROSSI (2020) ensina que esse critério “se define no 
direito administrativo como a disciplina jurídica que regula a instituição, a organização 
e o funcionamento dos serviços públicos, bem como o seu oferecimento aos 
administrados. Para esse critério, o direito administrativo se preocupa com o serviço 
público prestado pelo Estado, por esse motivo entende-se que no sentido de “serviço 
 
12 
 
 
público” deixaria de lado algumas matérias pertinentes ao direito administrativo, e, 
ainda iria abranger normas pertencentes a outros ramos do direito, razão pela qual 
esse critério não é aceito no Brasil. 
Dando seguimento temos o critério das relações jurídicas que conceitua o 
direito administrativo como um conjunto de regras jurídicas que disciplinam as 
relações entre a Administração Pública e os administrados, sendo também esse 
conceito muito amplo, pois nesse caso também existem relações jurídicas 
pertencentes ao direito constitucional ou ao direito processual e não ao direito 
administrativo. 
O critério teleológico ou finalístico, trata do direito administrativo como o 
conjunto de regras e princípios que regulam as atividades do Estado para o 
cumprimento de seus fins. Esse critério necessita de complementação, pois gera a 
discussão com relação aos “fins” deixando em aberto os limites do Estado. Oswaldo 
Aranha Bandeira de Mello (Princípios gerais de direito administrativo, p. 200) aceita 
este critério, porém o complementa: direito administrativo compreende “tão somente 
a forma de ação do Estado-poder, quer dizer, a ação de legislar e executar, e a sua 
organização para efetivar essa forma, quer dizer, os meios de sua ação”. 
O Critério negativo ou residual, define o direito administrativo como o ramo do 
direito que disciplina toda a atividade estatal que não seja a legislativa e a jurisdicional. 
Esse critério é insatisfatório pois não se conceitua algo afirmando aquilo que ele não 
é. 
Por fim o ultimo critério para tratarmos antes da definitiva conceituação é o da 
distinção entre a atividade jurídica e social do Estado, para definir o direito 
administrativo, é levado em consideração o tipo de atividade exercida, sendo assim o 
direito administrativo não se preocupa com a atividade social do Estado; mas sim, com 
a atividade jurídica. ” Seguimos então para a principal conceituação: 
 
No direito estrangeiro, como adeptos desse critério, temos Zanobini, 
Laubadère e Gabino Fraga. No direito brasileiro, Fernando Andrade de 
Oliveira e Hely Lopes Meirelles. O direito administrativo brasileiro consiste “no 
conjunto harmônico dos princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes 
e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente 
os fins desejados pelo Estado” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito 
administrativo brasileiro, p. 40). (ROSSI, Apud MEIRELLES. 2020. P. 53) 
 
 
13 
 
 
 
Essa última conceituação do direito administrativo é a mais completa e melhor 
aceita, pois utiliza-se dos critérios tratados anteriormente e os complementa. 
 
1.3 Objeto 
 
O conteúdo de direito administrativo tem variado no tempo e no espaço e é 
evidente que vários têm sido os critérios adotados para a sua conceituação. No 
ordenamento jurídico brasileiro, constitui objeto regulado e estudado na doutrina pelo 
direito administrativo os seguintes temas apresentados na síntese de ZILMER: 
 
Todas as relações internas à administração pública – entre os órgãos e 
entidades administrativas, uns com os outros, e entre a administração e seus 
agentes; Todas as relações entre a administração e os administrados, regidas 
pelo direito público ou pelo privado; as atividades de administração pública 
em sentido material exercidas por particulares sob regime de direito público, 
a exemplo da prestação de serviços públicos mediante contratos de 
concessão ou de permissão. (ZILMER, 2019. P. 10) 
 
1.4 Fontes do direito administrativo 
 
Sobre fonte do direito entende-se como aquilo que origina as regras jurídicas 
positivadas, como fonte do direito administrativoROSSI (2020) define como “tudo 
aquilo que leva à definição de uma regra de direito administrativo, constitui-se em 
cinco as fontes do direito administrativo: lei; doutrina; jurisprudência; costumes; 
princípios gerais do direito. 
A lei é a base do direito administrativo, pois para exercer função administrativa 
é necessário aplicar a lei de ofício. Importante ressaltar que o termo lei diz respeito 
principalmente: a Constituição Federal; as leis ordinárias; as leis delegadas; as leis 
complementares e aos regulamentos administrativos. 
A Doutrina resulta do trabalho especializado de estudiosos que analisam e 
interpretam o sistema normativo resolvendo divergências contradições encontradas e 
formulando definições e classificações para melhor compreensão do sistema 
normativo. 
 
14 
 
 
A jurisprudência consiste no conjunto de decisões uniformes e constantes dos 
tribunais, resultadas a partir da aplicação de normas a casos semelhantes, 
constituindo um entendimento geral aplicável a todas as hipóteses similares ou 
idênticas. Em regra, no Brasil apenas irá vincular a jurisprudência se submetida a um 
procedimento próprio, quando então receberá o nomen iuris “súmula”. Conforme 
dispõe o art. 103-A da CF, com redação dada pela EC n. 45/2004, a súmula poderá 
ter efeito vinculante (cuja disciplina constitucional está prevista na Lei n. 11.417/2006). 
A súmula vinculante obrigará todo o Poder Judiciário (excetuado o próprio Supremo 
Tribunal Federal responsável por sua edição) e toda a Administração Pública, não 
vinculando o Poder Legislativo, já que se almeja evitar a fossilização e petrificação da 
Constituição. 
A quarta fonte do direito administrativo são os costumes que constitui na prática 
reiterada e habitual de condutas, com a convicção de que são obrigatórias, porém não 
cria nem exime obrigação. 
Por fim caracteriza fonte os princípios gerais do direito podendo ser expressos 
ou implícitos, sendo exemplos desses princípios a vedação do enriquecimento ilícito; 
ninguém pode beneficiar-se com a própria torpeza; ninguém pode causar dano a 
outrem e, se causar, deverá indenizar. ” 
 
2. ESTADO E GOVERNO 
 
“O Estado pode ser definido como uma organização jurídica, administrativa e 
política formada por uma população, assentada em um território, dirigida por um 
governo soberano e tendo como finalidade o bem comum. ” (OLIVEIRA, 2020. P.110). 
ZILLMER (2019) de forma sucinta afirma que o “Estado é uma pessoa jurídica 
de direito público, capaz de adquirir direitos e obrigações. O seu conceito não é fixo 
no tempo ou no espaço, o Estado é constituído, por um povo, por um território e por 
um governo soberano. 
Alguns doutrinadores incluem a finalidade (produzir o bem comum) como sendo 
elemento do estado, porém, nem todos possuem essa posição. Insta salientar que a 
uniformidade linguística não é elemento de formação dos estados. 
 
 
15 
 
 
A federação é a forma de estado adotada no brasil e constitui como diferentes 
pólos de poder político que atuam de forma autônoma entre si, sendo assim todos os 
entes federativos são autônomos, ou seja, podem criar suas próprias normas 
(legislar), mas não são soberanos ou independentes, a soberania é atributo da 
república federativa do brasil, atributo que significa o reconhecimento que o estado 
brasileiro tem perante os demais estados soberanos. Importante destacar também 
que a forma federativa de Estado é cláusula pétrea prevista no § 4º do art. 60 da 
CF/88. ” 
Sobre o Estado constituem outros termos importantes a serem tratados, 
iniciando pelo termo Estado de direito ZILLMER (2019) explica que “o Estado cria as 
leis sujeitando todos a sua imposição normativa. A presunção de legitimidade, 
aplicável a todo e qualquer ato praticado pelo Estado, deriva do Estado de Direito. De 
fato, se o Estado é de Direito e, assim, pressupõem-se que cumpra a lei, todo e 
qualquer ato proveniente do Estado é produzido, presumidamente, de acordo com a 
ordem jurídica e, portanto, é legítimo. 
Outro termo de importante observação é o Estado democrático diz respeito ao 
compromisso de garantir direitos individuais e fundamentais, por meio de uma 
proteção jurídica consolidada por meio da Constituição Cidadã. 
Por fim a tripartição dos poderes consiste na divisão do poder, podendo ser 
exercido por outros órgãos, em regra o poder de um Estado é uno e indivisível, porém 
nesse caso há o objetivo de possibilitar um controle recíproco, constituindo o sistema 
de “freios e contrapesos”. O exercício do poder, no brasil, dá-se por precipuidade 
(preponderância, especialização) de função, portanto, não há exclusividade. ” 
Seguimos agora acerca do governo “segundo Hely Lopes Meirelles, governo é 
o conjunto de poderes e órgãos constitucionais responsáveis por estabelecer as 
políticas públicas do Estado, cujas atribuições decorrem diretamente da Constituição. 
” (ZILLMER, Apud MEIRELLES. 2019. P. 5). Conceitua-se governo “enquanto 
responsável pela função política do Estado, está relacionado ao comando, 
coordenação, direção e fixação de objetivos, diretrizes e de planos para a atuação 
estatal (as denominadas políticas públicas). ” (ZILLMER. 2019. P. 5). Seguimos com 
a doutrina acerca da forma de governo: 
 
 
16 
 
 
A forma de governo é a maneira como se dá a instituição do poder na 
sociedade e a relação entre governantes e governados. STF – RE 229.096: 
no direito internacional, apenas a República Federativa do Brasil tem 
competência para firmar tratados, dela não dispondo a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios. O Presidente não subscreve tratados como 
chefe de Governo, mas sim, como chefe de Estado. (ZILLMER. 2019. P. 5) 
 
Sobre o sistema de governo: 
 
No Presidencialismo, existe independência entre Poderes. O chefe do 
Executivo é Chefe de Estado e Chefe de Governo. No Parlamentarismo, há 
colaboração entre os Poderes. A chefia de Estado é exercida pelo Presidente 
ou pelo Monarca, e a chefia de Governo, pelo 1º Ministro ou pelo Conselho 
de Ministros. (ZILLMER. 2019. P. 5) 
 
Por fim vejamos as mudanças ocorridas no país no decorrer do tempo e as 
promulgações das Constituições, OLIVEIRA (2020) traz considerações sobre o que 
cada constituição instituiu, “ A Constituição de 1824 implantou pela primeira vez a o 
regime parlamentarista de governo, que vigorou de 1847 até 1889. Foi instituída a 
forma unitária de Estado, com forte centralização político-administrativa. 
A Constituição de 1891 estabeleceu como forma de governo a República e 
constituiu-se pela união perpétua e indissolúvel das suas antigas províncias, 
nascendo assim, o Estado Federal brasileiro, também adotou a formulação clássica 
de separação de Poderes. O presidencialismo foi previsto como regime de governo, 
abolindo-se o parlamentarismo, sendo o Presidente da República eleito pelo sufrágio 
direto do povo. Ampliou a declaração de direitos humanos, introduzindo 
expressamente, pela primeira vez, o instituto do habeas corpus (§ 22 do art. 72). O 
Brasil passou a ser um Estado laico (sem religião oficial). 
A Constituição de 1934 manteve a estrutura fundamental anterior. Aumentou 
os poderes do Executivo, definiu os direitos políticos e o sistema eleitoral, admitindo 
o voto secreto, estendido às mulheres. Estabeleceu direitos trabalhistas, como salário 
mínimo, descanso semanal, férias, e regulamentou o trabalho das mulheres e dos 
menores. Introduziu o ensino primário gratuito e obrigatório, e criou, no plano da 
declaração de direitos, o mandado de segurança e a ação popular. 
A constituição de 1937 foi Inspirada na Constituição fascista da Polônia. O 
Brasil passou a ser um Estado apenas formalmente federal. Há o fortalecimento do 
 
17 
 
 
Poder Executivo federal, ou seja, concentram-se nas mãos do Presidente da 
República os Poderes Executivo e Legislativo. Getúlio Vargas legisla por meio de 
decretos-leis que ele próprio depois aplicava,como órgão do Executivo. Nesse 
período, há a suspensão dos institutos do mandado de segurança e da ação popular, 
bem como o surgimento do “quinto constitucional”. 
A Constituição de 1946. Restaurou a autonomia das entidades federadas, criou 
novamente o cargo de Vice-Presidente da República, extinto nas Constituições de 
1934 e 1937, reintroduziu os remédios do mandado de segurança e da ação popular. 
Fortaleceu o regime democrático, assegurando o pluripartidarismo; houve a 
reinserção do regime parlamentarista no Brasil, que durou de 1961 até 1963. 
A Constituição de 1967 marcada pelo ato Institucional n. 4, de 07 de dezembro 
de 1966. Preocupou-se fundamentalmente com a segurança nacional, promoveu a 
centralização dos Poderes no Executivo federal, reduziu a autonomia individual, 
permitindo a suspensão dos direitos e garantias constitucionais, e, por fim, criou as 
eleições indiretas para Presidente da República. 
A Constituição de 1969, promoveu grande concentração do poder político nas 
mãos do Executivo federal, à semelhança da Constituição anterior. 
A Constituição de 1988, conhecida também como a “Constituição Cidadã”. 
Instituiu o Estado Democrático de Direito, limitou o poder do Estado ao cumprimento 
das leis que a todos subordinam. Foi assegurada a livre participação dos cidadãos na 
vida política, o sufrágio passou a ser universal, direto e secreto nas três esferas 
administrativas. Estabeleceu também o pluripartidarismo, fortaleceu o federalismo, 
conferindo maior autonomia aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, criou 
os remédios constitucionais do habeas data, do mandado de injunção e do mandado 
de segurança coletivo, acabou com a censura aos meios de comunicação, entre 
outras inovações. ” 
 
3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A administração pública possui sua expressão utilizada em sentido subjetivo e 
objetivo; amplo e estrito DI PIETRO explica: 
 
 
18 
 
 
Basicamente, são dois os sentidos em que se utiliza mais comumente a 
expressão Administração Pública: em sentido subjetivo, formal ou orgânico, 
ela designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende 
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das 
funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa; em 
sentido objetivo, material ou funcional, ela designa a natureza da atividade 
exercida pelos referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a 
própria função administrativa que incumbe, predominantemente, ao Poder 
Executivo. Há, ainda, outra distinção que alguns autores costumam fazer, a 
partir da ideia de que administrar compreende planejar e executar: em sentido 
amplo, a Administração Pública, subjetivamente considerada, compreende 
tanto os órgãos governamentais, supremos, constitucionais (Governo), aos 
quais incumbe traçar os planos de ação, dirigir, comandar, como também os 
órgãos administrativos, subordinados, dependentes (Administração Pública, 
em sentido estrito), aos quais incumbe executar os planos governamentais; 
ainda em sentido amplo, porém objetivamente considerada, a Administração 
Pública compreende a função política, que traça as diretrizes governamentais 
e a função administrativa, que as executa; em sentido estrito, a Administração 
Pública compreende, sob o aspecto subjetivo, apenas os órgãos 
administrativos e, sob o aspecto objetivo, apenas a função administrativa, 
excluídos, no primeiro caso, os órgãos governamentais e, no segundo, a 
função política. (DI PIETRO, 2020. P. 185) 
 
Conforme evidenciado a expressão administração pública em sentido subjetivo 
designa os entes que exercem as atividades administrativas; em sentido objetivo trata 
da designação da natureza da atividade exercida pelos entes; em sentido amplo 
compreende funções administrativas e políticas; em sentido estrito abrange apenas 
as funções administrativas. 
 
3.1 Administração Pública e Governo 
 
Sobre a diferença entre administração pública em sentido estrito e governo DI 
PIETRO (2020) afirma que “para entender tal distinção, se faz importante tratar da 
diferença entre as três funções do Estado. O poder estatal é uno, indivisível e 
indelegável, porém desdobra-se em três funções: a legislativa, a executiva e a 
jurisdicional. ” Sobre a definição dos três poderes há na doutrina muitos critérios para 
definí-los, seguiremos com uma: 
 
A lição de Renato Alessi (1970, t. 1:7-8). Analisando o tema sob o aspecto 
estritamente jurídico, ele diz que nas três ocorre a emanação de atos de 
produção jurídica, ou seja, atos que introduzem modificação em relação a 
uma situação jurídica anterior, porém com as seguintes diferenças: a 
legislação é ato de produção jurídica primário, porque fundado única e 
 
19 
 
 
diretamente no poder soberano, do qual constitui exercício direto e primário; 
mediante a lei, o Estado regula relações, permanecendo acima e à margem 
das mesmas; a jurisdição é a emanação de atos de produção jurídica 
subsidiários dos atos primários; nela também o órgão estatal permanece 
acima e à margem das relações a que os próprios atos se referem; c) a 
administração é a emanação de atos de produção jurídica complementares, 
em aplicação concreta do ato de produção jurídica primário e abstrato contido 
na lei; nessa função, o órgão estatal atua como parte das relações a que os 
atos se referem, tal como ocorre nas relações de direito privado. A diferença 
está em que, quando se trata de Administração Pública, o órgão estatal tem 
o poder de influir, mediante decisões unilaterais, na esfera de interesses de 
terceiros, o que não ocorre com o particular. Daí a posição de superioridade 
da Administração na relação de que é parte. (DI PIETRO, Apud ALESSI. 
2020. P.187-188) 
 
Apresentada a distinção dos três poderes PIETRO segue: “basicamente, a 
função política compreende as atividades colegislativas e de direção; e a função 
administrativa compreende o serviço público, a intervenção, o fomento e a polícia. Não 
há uma separação precisa entre os dois tipos de função. ” (DI PIETRO, 2020. P. 188) 
Ao tratar sobre o aspecto material DI PIETRO (2020) aduz que “não há 
distinção, pois em ambas as hipóteses há aplicação concreta da lei, porém há algumas 
características presentes na função política: ela abrange atribuições que decorrem 
diretamente da Constituição e por esta se regulam; e dizem respeito mais à polis, à 
sociedade, à nação, do que a interesses individuais. Costuma-se dizer que os atos 
emanados no exercício da função política não são passíveis de apreciação pelo Poder 
Judiciário; as Constituições de 1934 (art. 68) e 1937 (art. 94) estabeleciam que as 
questões exclusivamente políticas não podiam ser apreciadas pelo Poder Judiciário, 
as Constituições posteriores silenciaram e a vedação persiste, desde que se 
considerem como questões exclusivamente políticas aquelas que, dizendo respeito à 
polis, não afetam direitos subjetivos, mas, se houver lesão a direitos individuais e aos 
interesses difusos protegidos por ação popular e ação civil pública, o ato de Governo 
será passível de apreciação pelo Poder Judiciário. 
São exemplos de atos políticos: a convocação extraordinária do Congresso 
Nacional, a nomeação de Comissões Parlamentares de Inquérito, as nomeações de 
Ministros de Estado, as relações com Estados estrangeiros, a declaração de guerra e 
de paz, a permissão para que forças estrangeiras transitem pelo território do Estado, 
a declaração de estado de sítio e de emergência, a intervenção federal nos Estados. 
 
 
20 
 
 
Além disso, podem ser assim considerados os atos decisórios que implicam a fixação 
de metas, de diretrizes ou de planos governamentais. 
Estes se inserem na função política do Governo e serão executados pela 
Administração Pública (em sentido estrito), no exercício da função administrativa 
propriamente dita. ” 
Sobre aspecto subjetivo, é preciso verificar como ocorre a distribuição entre os 
três Poderesdo Estado, sendo assim vejamos o artigo 2º Constituição “são Poderes 
da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário”. (BRASIL ,1988). Conforme evidenciado na redação do artigo não há uma 
separação absoluta de poderes pois todos os três pertencem à União, porém cada um 
possui suas atribuições específicas, ressalvado também algumas interferências que 
tem por objetivo assegurar um sistema de freios e contrapesos. Com base nessas 
atribuições surgem as funções administrativas conforme a doutrina explica: 
 
Assim é que os Poderes Legislativo e Judiciário, além de suas funções 
precípuas de legislar e julgar, exercem também algumas funções 
administrativas, como, por exemplo, as decorrentes dos poderes hierárquico 
e disciplinar sobre os respectivos servidores. Do mesmo modo, o Executivo 
participa da função legislativa, quando dá início a projetos de lei, quando veta 
projetos aprovados pela Assembleia, quando adota medidas provisórias, com 
força de lei, previstas no artigo 62 da Constituição, ou elabora leis delegadas, 
com base no artigo 68. O Legislativo também exerce algumas funções 
judicantes, como no caso em que o Senado processa e julga o Presidente da 
República por crime de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado 
e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da 
mesma natureza conexos com aqueles, ou quando processa e julga os 
Ministros do STF, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do 
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador Geral da República e 
o Advogado Geral da União nos crimes de responsabilidade (art. 52, incisos 
I e II, da Constituição). (DI PIETRO, 2020. P. 190) 
 
Com relação ao exercício da função política DI PIETRO (2020) comenta que 
“existe uma preponderância do Poder Executivo no exercício das atribuições políticas; 
mas não existe exclusividade no exercício dessa atribuição. 
No direito brasileiro, de regime presidencialista há grande concentração de 
poderes nas mãos do Presidente da República, justificando a tendência de identificar-
se o Governo com o Poder Executivo. A função política é tratada como aquela que 
traça as grandes diretrizes, que dirige, que comanda, que elabora os planos de 
governo nas suas várias áreas de atuação, sendo assim, o Poder Executivo continua 
 
21 
 
 
a deter a maior parcela de atuação política, com relação às iniciativas, embora grande 
parte delas sujeitas à aprovação, prévia ou posterior, do Congresso Nacional. Pode-
se dizer que no direito brasileiro as funções políticas repartem-se entre Executivo e 
Legislativo, com acentuada predominância do primeiro. No Brasil a sua atuação 
restringe-se, quase exclusivamente, à atividade jurisdicional, sem grande poder de 
influência nas decisões políticas do Governo, a não ser pelo seu papel de controle, 
sempre dependente de provocação. ” Sobre a administração pública em sentido estrito 
vejamos a doutrina: 
 
Deixando de lado a ideia de Administração Pública em sentido amplo, que 
abrange, em sentido subjetivo, os órgãos governamentais (Governo), e os 
órgãos administrativos (Administração Pública em sentido estrito e próprio), 
e, em sentido objetivo, a função política e a administrativa, levarse-á em 
consideração, doravante, apenas a Administração Pública em sentido estrito, 
que compreende: em sentido subjetivo: as pessoas jurídicas, órgãos e 
agentes públicos que exercem a função administrativa; em sentido objetivo: 
a atividade administrativa exercida por aqueles entes. Nesses sentidos, a 
Administração Pública é objeto de estudo do direito administrativo; o Governo 
e a função política são mais objeto do Direito Constitucional. (DI PIETRO, 
2020. P. 193) 
 
Por fim sobre a administração em sentido objetivo e subjetivo vejamos a breve 
síntese de DI PIETRO: 
 
Administração Pública em sentido objetivo: – abrangência: atividades 
exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos de atender 
concretamente às necessidades coletivas; corresponde à função 
administrativa do Estado: serviço público, fomento, polícia administrativa, 
intervenção e regulação; – características: é atividade concreta (porque põe 
em execução a vontade do Estado contida na lei); tem por finalidade a 
satisfação direta e imediata dos fins do Estado; seu regime jurídico é 
predominantemente de direito público, embora possa também submeter-se a 
regime de direito privado; – conceito: é a atividade concreta e imediata que o 
Estado desenvolve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a 
consecução dos interesses coletivos. Administração Pública em sentido 
subjetivo: – abrangência: as pessoas jurídicas de direito público ou privado 
que compõem a administração indireta (autarquias, fundações públicas, 
empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos), 
órgãos que integram a administração direta; e agentes públicos; – conceito: 
conjunto e órgãos, de pessoas jurídicas e de agentes aos quais a lei atribui o 
exercício da função administrativa do Estado. (DI PIETRO, 2020. P. 202) 
 
 
 
 
22 
 
 
4. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 
 
Na definição de CARVALHO, regime jurídico “é um conjunto harmônico de 
princípios que definem a lógica da atuação do ente público, a qual se baseia na 
existência de limitações e prerrogativas em face do interesse público. Esses princípios 
devem resguardar essa lógica, havendo entre eles um ponto de coincidência. ” 
(CARVALHO, 2021. P. 63) 
CARVALHO (2021) ressalta que “atualmente a doutrina diferencia os princípios 
norteadores do direito das regras que determinam condutas específicas nos casos 
concretos e individuais não podendo ser analisados de forma uniforme estes dois 
conceitos. 
Os princípios devem ser observados como normas gerais coercitivas que 
orientam a atuação do indivíduo, definindo valores a serem observados nas condutas 
por ele praticadas. Os princípios de direito definem a organização e a forma de atuar 
do ente estatal, estabelecendo o sentido geral de sua atuação. 
As regras se caracterizam por disposições que definem a atuação do indivíduo 
diante de determinada situação concreta. Sendo assim, as regras aplicadas ao direito 
administrativo estabelecem a forma e o momento de atuação do ente público, em 
observância a um determinado momento que precipita suas atividades. 
O conflito entre regras resulta em antinomia, há dois tipos. A antinomia própria 
consiste na necessidade de afastar uma das regras do ordenamento jurídico tendo 
em vista a incompatibilidade entre ambas, desde que pertençam ao mesmo 
ordenamento jurídico e possuam o mesmo âmbito de validade, portanto não se admite 
a coexistência de duas ou mais regras jurídicas que impõem dois ou mais juízos 
concretos de dever contraditórios e que sejam ao mesmo tempo válidas. Importante 
destacar que não se admite o conflito entre regras e princípios, tendo em vista que os 
princípios servem de orientação geral para regimento das regras. 
Sobre antinomia imprópria, ela ocorre por se tratar de mandamentos gerais que 
definem uma dimensão, não tendo aplicação direta dos princípios, mas são utilizados 
como forma de valorar a atuação estatal em determinadas situações específicas, 
nesse caso deverá ser aplicada a ponderação de interesses para definir qual a melhor 
solução a ser adotada em cada situação. ” 
 
23 
 
 
A atuação administrativa se orienta pela busca do interesse público, a doutrina 
faz a distinção entre direito público primário e secundário. “O interesse primário é 
composto pelas necessidades da sociedade, ou seja, dos cidadãos enquanto 
partícipes da coletividade, não se confundindo com a vontade da máquina estatal, a 
qual se configura o interesse secundário. ” (CARVALHO, 2021. P. 65) 
Sobre o interesse público primário há dois princípios basilares, o Princípio da 
supremacia do interesse público sobre o particular e Princípio da indisponibilidade do 
interessepúblico. Seguimos a definição de ROSSI sobre o Princípio da supremacia 
do interesse público sobre o particular: 
 
O objetivo fundamental da Administração é atingir o bem comum, de maneira 
que os interesses coletivos prevaleçam sobre os individuais. A Administração, 
para buscar de maneira eficaz tais interesses, coloca-se em um patamar de 
superioridade em relação aos particulares, numa relação de verticalidade, e 
para isso utiliza-se do princípio da supremacia do interesse público, fazendo 
prevalecer as conveniências e as necessidades da sociedade. 
Diferentemente, no mundo privado, os privilégios e prerrogativas estão 
estabelecidos de forma horizontal. Resumindo: aquele que tem o dever legal 
de satisfazer o interesse da coletividade (agente público) deve ter privilégios 
e prerrogativas jurídicas de modo a deixá-lo em um patamar de superioridade 
jurídica em relação àqueles que buscam a mera satisfação de interesses 
privados. (ROSSI, 2020. P. 61-62) 
 
Princípio da indisponibilidade do interesse público ROSSI explica: 
 
É vedado à Administração transigir ou deixar de aplicar a lei. O administrador 
deve gerir os bens, serviços e interesses coletivos conforme ordenado pela 
lei, uma vez que o agente público é apenas gestor da coisa pública, mero 
preposto, devendo atuar baseado na vontade da lei – que é a vontade geral 
e coletiva. O administrador exerce atividade em nome e no interesse do povo. 
Sem lei, contudo, o administrador não pode agir; está condicionado à 
observância do princípio da legalidade. Alguns são os efeitos desse princípio. 
Vejamos: a) Se o agente público dispensar a licitação em hipóteses nas quais 
esta era indispensável, terá violado, além de outros, o princípio da 
indisponibilidade do interesse público. A previsão constitucional do art. 37, 
XXI, da CF não foi observada, pois o administrador abriu mão de escolher a 
proposta mais vantajosa para a Administração Pública. b) O art. 37, II, da CF 
fixa a obrigatoriedade de concurso público para a investidura em cargo ou 
emprego público. Se o concurso for dispensado sem ser nas hipóteses 
excepcionais de sua não realização, haverá patente ofensa ao princípio da 
indisponibilidade do interesse público. c) Só ocorrerá a retirada da proteção 
dos bens públicos (desafetação) quando realizada por lei específica, uma vez 
que não há disponibilidade dos bens públicos. d) Assim, é necessário lei 
(princípio da legalidade) para alienar bens, para transigir, para renunciar, para 
confessar, para revelar a prescrição, para outorgar a concessão de um 
serviço público etc. É a ordem legal que tem o condão de autorizar ou proibir 
 
24 
 
 
a disponibilidade de bens, direitos, interesses e serviços públicos. Em 
resumo: a atividade administrativa deve observar o princípio da legalidade, e 
não há disponibilidade para as pessoas administrativas sobre os interesses 
públicos. Dessa forma, os agentes públicos têm apenas o dever de gerir a 
coisa pública, nos termos das finalidades predeterminadas legalmente, 
observando os seguintes preceitos: a legalidade; a obrigatoriedade do 
desempenho da atividade pública; o controle administrativo dos atos 
praticados ou tutela; a isonomia; a publicidade; a inalienabilidade dos direitos 
concernentes a interesses públicos; o controle jurisdicional dos atos 
administrativos. (ROSSI, 2020. P. 64-65) 
 
Por fim CARVALHO (2021) aduz que “ o princípio da supremacia do interesse 
público sobre o particular e princípio da indisponibilidade do interesse público 
embasam o sistema administrativo que em resumo consiste nas prerrogativas que o 
Estado goza para satisfazer as necessidades coletivas, assim como nas limitações a 
que o Estado se submete para evitar distorções de condutas. A administração só pode 
atuar dentro do limite do interesse público, não obstante goze de vantagens 
amparadas no próprio interesse coletivo. ” 
 
4.1 Princípios de direito administrativo 
 
Conforme tratado é evidente que os princípios possuem grande relevância 
como reguladores da atuação estatal, além do princípio da supremacia do interesse 
público sobre o particular e do princípio da indisponibilidade do interesse público 
tratado anteriormente, consistem em princípios do direito administrativo o princípio da 
Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade; Eficiência decorrentes 
expressamente da Carta Magna, como a isonomia, o contraditório e a ampla defesa, 
ainda se encontram princípios implícitos e expressos em disposições 
infraconstitucionais, como ocorre com a continuidade, a motivação e a autotutela, 
entre outros que trataremos a seguir. 
 
4.1.1 Princípio da Legalidade 
 
Sobre o princípio da legalidade CARVALHO (2021) explica que “em 
decorrência da existência do Estado de Direito como uma Pessoa Jurídica 
 
 
25 
 
 
responsável por criar o direito, mas também submissa ao ordenamento jurídico por 
ela mesmo criado e aplicável a todos os cidadãos surge o princípio da legalidade. 
O administrador público só pode atuar conforme a lei determinar - abrange 
todas as formas legislativas desde o próprio texto constitucional passando também 
pelas leis ordinárias, complementares e delegadas. – Constituindo assim a garantia 
que os conflitos serão solucionados pela lei, sem o embasamento legal específico, 
não cabe ao agente estatal praticar condutas que considere devidas. É evidente que 
no Direito Administrativo, se aplica o princípio da Subordinação à lei. Não havendo 
previsão legal, está proibida a atuação do ente público e qualquer conduta praticada 
em desconsonância com texto legal será considerada ilegítima. 
Insta salientar que a atuação pode ser expressa ou implicitamente prevista em 
lei, diante da possibilidade de edição de atos administrativos discricionários nos quais 
o administrador poderá, ao interpretar com base no princípio da razoabilidade, definir 
a possibilidade de atuação, inferido de uma disposição normativa. 
Ademais, pode-se entender que o princípio da legalidade é corolário da regra 
de indisponibilidade do interesse público, pois o administrador não pode atuar 
desconsiderando o interesse público, sua atuação é condicionada a autorização do 
titular do interesse público (o povo), responsável pela elaboração das leis, por meio 
de seus representantes legitimamente escolhidos através do exercício do direito ao 
voto. A autorização legal se torna a manifestação da vontade popular no sentido de 
possibilitar ao administrador praticar uma determinada conduta, sem que isso 
configure inobservância dos direitos da coletividade. 
Este princípio difere do princípio da legalidade na esfera privada, na qual vige 
a autonomia privada, não cabe aqui a exigência de previsão legal como requisito para 
atuação dos cidadãos em geral, referente ao princípio da legalidade aos particulares, 
tudo que não está proibido está juridicamente permitido. Esse princípio é conhecido 
como princípio da não contradição à lei. 
O texto constitucional excepcionaliza o princípio da legalidade, admitindo 
atuação à margem das disposições legais, a saber, a edição de medidas provisórias, 
as situações de estado de defesa e de estado de sítio. ” 
 
 
 
26 
 
 
4.1.2 Princípio da Impessoalidade 
 
Sobre o princípio da impessoalidade CARVALHO (2021) explica que “é pautado 
na ideia de que o agente público deve atuar pela busca dos interesses da coletividade, 
não objetivando beneficiar ou prejudicar ninguém em específico, com base nisso 
pode-se afirmar que esse princípio prega a não discriminação das condutas 
administrativas visto que não devem ter como objeto a pessoa que será atingida pelo 
seu ato. O princípio da impessoalidade representa a necessidade de uma atuação que 
não discrimina as pessoas, seja para benefício ou para prejuízo. 
Um aspecto importante baseado no Princípio da isonomia é a possibilidade de 
considerar que é irrelevante ao Estado conhecer quem será atingido pelo ato já que 
sua atuação é impessoal.Ao agente é vedado priorizar qualquer interesse seu ou de 
outrem. 
Segundo a doutrina moderna, a impessoalidade deve ser observada também 
sob a ótica do agente, sendo assim, quando o agente público atua, é o Estado quem 
pratica o ato, não a pessoa do agente. Por fim, a vontade do agente público se 
confunde com a da própria pessoa jurídica estatal, pois não cabe a responsabilização 
do administrador por danos causados a terceiros, ou mesmo seu reconhecimento 
pelos benefícios gerados à coletividade. 
Como derivado deste princípio, o art. 37, §1º, da Constituição Federal, 
estabelece que “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos 
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela 
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção 
pessoal de autoridades ou servidores públicos”. É evidente que no caso se houvesse 
a permissão da realização de propaganda pessoal, estaria atribuindo a conduta estatal 
ao próprio agente público, está claro que não pode admitir esse uso, pois a atuação 
desse agente decorreu de uma obrigação imposta em lei de atuar em benefício da 
coletividade para o exercício de atividade do Estado. 
O Supremo Tribunal Federal tem se posicionado determinando que o dano 
causado por um agente público a terceiros gera a possibilidade de se propor ação 
contra Estado requerendo a reparação do prejuízo, não cabendo a propositura da 
ação em face do agente público diretamente, pois, conforme visto anteriormente não 
 
27 
 
 
se admitir que a conduta seja imputada ao sujeito que praticou o ato em nome da 
Administração. 
Também é apontado como violação ao princípio da impessoalidade a 
nomeação de parentes e cônjuge para exercício de cargos públicos com funções de 
direção, chefia ou assessoramento, pois fica claro que o ato praticado possui intenção 
de beneficiar um particular, sem haver preocupação com o interesse público. Em 
2008, o Supremo Tribunal Federal, afim de solucionar o problema, expediu a Súmula 
Vinculante n. 13, estabelecendo que “A nomeação de cônjuge, companheiro ou 
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da 
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo 
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de 
confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, 
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, 
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição 
Federal”. A súmula veda a nomeação do parente do agente público, por meio de troca 
de favores ou favorecimentos pessoais para parentes de outros agentes. ” 
 
4.1.3 Princípio da Moralidade 
 
O princípio da moralidade segundo CARVALHO (2021) “exige a honestidade, 
lealdade, boa-fé de conduta no exercício da função administrativa – ou seja, a atuação 
não corrupta dos gestores públicos, ao tratar com a coisa de titularidade do Estado. É 
obrigatório a observação dos padrões éticos de conduta, para assegurar que o 
exercício da função pública atenderá às necessidades coletivas. 
Essa observação aos padrões éticos de conduta é denominada como 
“Moralidade Jurídica”, pois estabelecida como a moralidade que trata da coisa pública 
com vistas a assegurar a boa administração e sua disciplina interna se distingue da 
“moral social”. 
A moralidade social por sua vez tem por finalidade a diferenciação entre o bem 
e o mal, o certo e o errado no senso comum da sociedade; já a moralidade jurídica se 
vincula ao conceito de uma boa administração e uma atuação com vistas a alcançar 
o bem-estar de toda a coletividade e dos cidadãos aos quais a conduta se dirige. ” 
 
28 
 
 
4.1.4 Princípio da Publicidade 
 
Sobre o princípio da publicidade CARVALHO (2021) aduz que esse princípio 
“rege que a atuação da administração pública deve ocorrer de forma plena e 
transparente, sendo vedada a produção de atos secretos pelo poder público. Não 
cabe a administração agir em nome próprio e por isso é justo que o interessado 
(cidadão) possa ter acesso ao que acontece com seus direitos. 
A principal finalidade do princípio da publicidade é garantir o conhecimento 
público das atividades praticadas no exercício da função administrativa. 
No Estado Democrático de Direito os assuntos da Administração são do 
interesse de todos e não podem ser ocultados. A publicidade tem grande abrangência 
pela divulgação oficial e para conhecimento e fiscalização interna de seus agentes. 
Para assegurar tal prerrogativa, a Constituição da República, no seu art. 5º, XXXIII, 
garante o direito à informação, além do art. 5º, LXXII, que nos confere a garantia do 
habeas data como remédio para solucionar qualquer controvérsia violadora deste 
direito. Da mesma forma, o art. 5º, XXXIV, “b”, confere o direito à obtenção de certidão 
em repartição pública. 
A Constituição Federal ressalva que devem ser resguardadas a segurança 
nacional e o relevante interesse coletivo, o que poderá, de forma fundamentada, 
excepcionalizar o princípio da publicidade. 
Insta salientar que a Constituição determina em seu art. 5º, X, que são 
invioláveis a vida privada, a imagem das pessoas, assim como a honra e intimidade. 
Sendo assim, caberá a administração manter sigilo de suas condutas quando a 
publicidade dos seus atos for de encontro a alguma destas garantias constitucionais, 
nesse caso, se tratando de conflito de dois princípios, deve haver uma ponderação de 
interesses no caso concreto, para que possa determinar a prevalência de um, em 
detrimento do outro. ” 
 
4.1.5 Princípio da Eficiência 
 
Ao tratar sobre o princípio da eficiência CARVALHO (2021) afirma que “com o 
advento da EC 19/98 esse princípio se tornou expresso, sobre eficiência entende-se 
 
29 
 
como o ato de produzir bem com vistas a boa qualidade e redução de gastos. A 
atuação eficiente da atividade administrativa diz respeito a realização dessas 
atividades com presteza e bom desempenho funcional. É evidente que há uma busca 
incessante por melhores resultados práticos e menos desperdício, nas atividades 
estatais, já que toda a coletividade se beneficia disso. 
O art. 6º, §1º, da lei 8.987/95 antes da alteração produzida pela Constituição 
Federal, 
Já definia a eficiência como princípio básico como garantia de uma prestação 
de serviços públicos adequada. Sendo assim, a prestação dos serviços públicos, feita 
mediante execução direta do Estado ou por delegação a particulares, por contratos 
de concessão ou permissão de serviços, deve sempre se pautar da busca pela 
eficiência, como forma de satisfazer os anseios da sociedade que usufruem destas 
atividades. 
Ademais, a prestação de serviços eficiente garante uma célere solução de 
controvérsias ligando diretamente a eficiência ao princípio da celeridade nos 
processos administrativos, inserido na Constituição da República, em seu art. 5º, 
LXXVIII que dispõe que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados 
a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação”. ” 
 
4.1.6 Princípios do Contraditório e da Ampla defesa 
 
Os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa estão expressos no texto 
constitucional de 1988, em seu artigo 5º, LV, como garantia fundamental do cidadão. 
Vejamos de forma sintetizada CARVALHO (2021) diz se tratar “do direito atribuído ao 
particular de ter conhecimento dos atos produzidos no processo administrativo ou 
judicial que se possua interesse, também confere o direito de manifestação na relação 
processual para requerimento de produção de provas e provocação de sua 
tramitação, sendo esse processo judicial ou administrativo. 
Sobre o contraditório é indiscutível a premissa de que ninguém pode ser 
processado e julgado sem obter o amplo conhecimento dosfatos relatados nesse 
processo e o que motivou a sua instauração. O processo é uma relação bilateral e o 
contraditório garante a participação do interessado para que se conduza o feito 
 
30 
 
 
apresentando seus relatos sobre a questão discutida podendo influenciar na decisão 
a ser proferida pelo julgador. 
Sobre o princípio da ampla defesa, a doutrina processual o tem como 
indispensável para a concepção de democracia, abrangendo assim o direito de ação 
e a tutela jurisdicional e administrativa para proteção de direitos dos particulares. Sua 
definição está atrelada a ampla defesa o direito, a defesa prévia, a garantia de defesa 
técnica e o direito ao duplo grau de julgamento. “ 
 
4.1.7 Princípio da Continuidade 
 
Sobre o Princípio da Continuidade CARVALHO (2021) apresentada: “esse 
princípio se define na ideia de prestação ininterrupta da atividade administrativa, se 
torna constituída a exigência que a atividade do Estado seja contínua, não cabendo a 
paralisação da prestação dos serviços, falhas ou interrupções, visto que grande parte 
das necessidades da sociedade são inadiáveis. Tal princípio está expresso no art. 6º, 
§ 1º, da Lei 8.987/95, como necessário para que o serviço público seja considerado 
adequado. Importante ressaltar que o princípio da Continuidade se encontra ligado ao 
princípio da Eficiência, pois objetiva garantir a busca por resultados positivos. 
Vale ainda destacar no estudo do princípio da continuidade à discussão sobre 
o direito de greve do servidor público, com relação a esse tema, é importante 
esclarecer que os servidores militares não têm direito nem de greve e de 
sindicalização, conforme expressa vedação constitucional. A norma está definida no 
art. 142, §3º, IV, da Carta Magna que dispõe que “ao militar são proibidas a 
sindicalização e a greve”. 
Por sua vez, ao servidor público, em sentido estrito, é garantido o direito à greve 
e à sindicalização. Ao tratar dos servidores públicos civis, em seu art. 37, VII, a Carta 
Magna define esse direito aos agentes nos termos e condições estabelecidos em lei 
específica, também garante ainda o direito à livre associação sindical, no art. 37, VI. 
Outra discussão importante é sobre a possibilidade da interrupção da prestação 
de um serviço público por inadimplemento do usuário. A Lei 8.987/95, em seu art. 6, 
§3º, estabelece expressamente a possibilidade dessa interrupção nos seguintes 
termos, “não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em 
 
31 
 
 
situação de emergência ou após prévio aviso, quando: motivada por razões de ordem 
técnica ou de segurança das instalações; e, por inadimplemento do usuário, 
considerado o interesse da coletividade”. 
Ademais, não se discute a ilegalidade da paralisação de determinado serviço 
público por inadimplemento do usuário, essa interrupção atinja um serviço essencial 
à coletividade – um exemplo seria em caso de inadimplemento uma concessionária 
determinar o corte no fornecimento de energia elétrica de um hospital. 
É claro que nesses casos, a interrupção do serviço prejudica, e muito, o 
interesse da coletividade, sendo assim, não pode subsistir, pois deve prevalecer a 
garantia ao princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, 
impedindo que se priorizem os direitos do prestador do serviço, em detrimento das 
necessidades coletivas. ” 
 
4.1.8 Princípio da Autotutela 
 
Sobre o Princípio da Autotutela CARVALHO explica: 
 
O Princípio da Autotutela, por sua vez, representa o poder que a 
Administração Pública possui de ter o controle dos seus atos em suas mãos, 
podendo ela mesma revê-los para trazer regularidade às suas condutas. 
Nesses casos, o ente estatal tem a garantia de anular os atos praticados em 
suas atividades essenciais, quando ilegais, ou revogá-los, quando 
inoportunos ou inconvenientes, sem que seja necessária a interferência do 
Poder Judiciário. 
Acerca do tema, a Súmula 473, do Supremo Tribunal Federal, dispõe que “A 
administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que 
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por 
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, 
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Da mesma forma, 
dispõe o art. 53 da lei 9.784/99 que “A Administração deve anular seus 
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por 
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. 
Verifica-se, de uma análise do dispositivo transcrito, que não precisa a 
Administração ser provocada para rever seus próprios atos, podendo ser feito 
o controle de ofício; diferentemente do Poder Judiciário, que não pode atuar 
no exercício do controle das atividades estatais sem que haja provocação 
para tanto. Ademais, o exercício da autotutela não afasta a incidência da 
tutela jurisdicional. (...). (CARVALHO, 2021. P. 93) 
 
 
 
 
32 
 
 
4.1.9 Princípio da Razoabilidade 
 
O Princípio da Razoabilidade segundo CARVALHO (2021) “tem por objetivo 
impedir uma atuação irracional ou despropositada do Administrador, definindo que o 
agente não se pode valer de seu cargo ou função, com a falsa intenção de cumprir a 
lei, para agir de forma ilegal e arbitrária fora dos padrões éticos e adequados ao senso 
comum. Este princípio impõe um limite para discricionariedade do administrador, já 
que, em momentos que a lei define mais de uma possibilidade de atuação, a 
interpretação do agente estatal deve se basear nos padrões de escolha efetivados 
pelo homem médio da sociedade, sem que se produza excessos. 
Na ocorrência de uma decisão administrativa proferida de forma desarrazoada, 
sob alegação de análise de critérios de oportunidade e conveniência, esta conduta 
será ilegal e ilegítima, pois nesse caso é figurado ofensa a lei em sua finalidade, o 
Poder judiciário poderá corrigir a violação, realizando o controle de legalidade da 
atuação viciada. Não se admite a correição judicial invadir o mérito administrativo, 
tendo em vista que cabe ao administrador valorar a melhor atuação em cada caso 
concreto, não se deve esquecer que a discricionariedade encontra respaldo na lei e 
nos princípios constitucionais. “ 
 
4.1.10 Princípio da Proporcionalidade 
 
Já com base no Princípio da Proporcionalidade vejamos um texto sintético na 
doutrina: 
 
Espera-se sempre uma atuação proporcional do agente público, um equilíbrio 
entre os motivos que deram ensejo à prática do ato e a consequência jurídica 
da conduta. A grande finalidade deste preceito é evitar abusos na atuação de 
agentes públicos, ou seja, impedir que as condutas inadequadas desses 
agentes ultrapassem os limites no que tange à adequação, no desempenho 
de suas funções em relação aos fatos que ensejaram a conduta do Estado. 
Logo, buscar um equilíbrio entre o ato praticado e os fins a serem alcançados 
pela Administração Pública é a essencialidade desse princípio. (CARVALHO, 
2021. P. 96) 
 
 
 
33 
 
 
4.1.11 Princípio da Motivação 
 
O Princípio da Motivação representa o dever obrigatório do ente estatal de 
justificar a prática dos atos administrativos indicando os pressupostos de fato e de 
direito, vejamos melhor com a explicação doutrinária: 
 
É dever imposto ao ente estatal indicar os pressupostos de fato e de direito 
que determinaram a prática dos atos administrativos. Dessa forma, a validade 
da atuação administrativa depende da apresentação formal dos fundamentos 
fáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada, assim como da 
correlação lógica entre esses motivos e a conduta deles decorrentes, 
demonstrando que a atividade estatal se direciona à busca do interesse da 
coletividade. (...). Ademais, em termos de regulamentação infraconstitucional, 
o dever de motivar a atuação do Estado mais encontra fundamento, no âmbito 
federal, no art. 50 da lei 9.784/99 que estabelece que “Art.

Outros materiais