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Higiene Industrial

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Higiene Industrial
1
CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA
HIGIENE INDUSTRIAL
2
Higiene Industrial
Higiene Industrial
3
CURITIBA
2002
HIGIENE INDUSTRIAL
ANDRÉ LUIS DA SILVA KAZMIERSKI
ANTONIO GRAVENA
Equipe Petrobras
Petrobras / Abastecimento
UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap
4
Higiene Industrial
 363.11 Kazmierski, André Luis da Silva.
K23 Curso de formação de operadores de refinaria: higiene industrial / André Luis da Silva
Kazmierski, Antonio Gravena. - Curitiba : PETROBRAS : UnicenP, 2002.
 38 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.
Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP.
1. Higiene industrial. 2. Ergonomia. 3. Ruído. I. Título.
Higiene Industrial
5
Apresentação
É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.
Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-
renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de
você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
Petrobras.
Nome:
Cidade:
Estado:
Unidade:
Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo.
6
Higiene Industrial
Sumário
1 DIRETRIZES DE HIGIENE INDUSTRIAL ........................................................................ 7
1.1 Histórico ........................................................................................................................ 7
1.1.1 Introdução ........................................................................................................... 7
1.1.2 Conceituação ...................................................................................................... 8
1.1.3 Objetivo .............................................................................................................. 8
1.2 Diretrizes ....................................................................................................................... 8
1.2.1 Da Justificação.................................................................................................... 8
1.2.2 Da Funcionalidade .............................................................................................. 8
1.2.3 Da Informação .................................................................................................... 8
1.2.4 Da Participação ................................................................................................... 8
1.2.5 Da Interação ........................................................................................................ 8
1.3 Conceitos ....................................................................................................................... 8
1.4 Preserve sua Audição .................................................................................................. 17
1.4.1 Uma Excursão no Aparelho Auditivo .............................................................. 18
1.4.2 Ouvido – O Palco da Audição .......................................................................... 18
1.4.3 Uma Atuação Inesquecível ............................................................................... 19
1.4.4 Audiometria – Avaliando a Atuação das Células Ciliadas ............................... 19
1.5 Ruído – A Ameaça Silenciosa... .................................................................................. 19
1.5.1 Ruído – Ameaça antes mesmo do Nascimento ................................................ 20
1.5.2 Protegendo-se do Ruído ................................................................................... 21
1.6 A Legislação Trabalhista Brasileira e o Ruído ............................................................ 22
1.7 Tipos de Radiação ....................................................................................................... 22
1.7.1 Infravermelho ................................................................................................... 23
1.7.2 Ultravioleta ....................................................................................................... 23
1.7.3 Radiação de fundo ............................................................................................ 23
1.7.4 Raios catódicos ................................................................................................. 24
1.7.5 Raio X ............................................................................................................... 24
1.7.6 Radiação de nêutrons ........................................................................................ 24
1.8 PPEOB: Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno ................. 28
1.8.1 Objetivos........................................................................................................... 28
1.8.2 Propriedades toxicológicas ............................................................................... 28
1.8.3 Toxicocinética e toxicodinâmica ...................................................................... 29
1.9 NR 17 – Ergonomia ..................................................................................................... 33
Higiene Industrial
7
1Diretrizes de HigieneIndustrial
1.1 Histórico
A relação entre o ambiente de trabalho e
seu efeito sobre a saúde do trabalhador é co-
nhecida há muito tempo. Entretanto, na anti-
guidade, pouco foi feito para proteger os tra-
balhadores, pois, normalmente, eram utiliza-
dos escravos nos trabalhos mais perigosos. A
primeira doença profissional registrada foi a
intoxicação por chumbo, no século IV a.C, ob-
servada por Hipócrates em mineiros e meta-
lúrgicos.
No século I, d.C., Pliny, um romano de
renome, registrou em uma enciclopédia de ciên-
cia natural, os riscos existentes na manipula-
ção de enxofre e zinco. Também descreveu
uma máscara de proteção, feita de bexiga, usa-
da pelos trabalhadores nos serviços de maior
exposição à poeira.
Em 1473, Ellonberg publicou seu primei-
ro livro que tratava das doenças ocupacionais
e lesões dos trabalhadores nas minas de ouro.
Abordou os sintomas da intoxicação pelo
chumbo e mercúrio e sugeriu medidas de con-
trole.
O primeiro livro considerado como um tra-
tado sobre doenças ocupacionais, "De morbis
artificum diatriba" (As doenças dos trabalha-
dores), foi escrito por RAMAZZINI e publi-
cado em 1700. Neste livro, o autor descreve
os riscos associados à maioria das profissões
de sua época e enfatiza a necessidade do mé-
dico conhecer a profissão de seu paciente para
melhor poder diagnosticar sua doença. Ape-
sar da descrição das doenças profissionais tí-
picas de seu tempo, as medidas de controle
sugeridas por Ramazzini eram terapêuticas e
curativas, em detrimento das medidas preven-
tivas, ou seja, de controle no ambiente de tra-
balho ou de redução da exposição.
A Revolução Industrial trouxe novos ris-
cos aos trabalhadores, intensificou aqueles já
existentes e aumentou significativamente o
número de trabalhadores na indústria. O con-
seqüente aumento no número de acidentes e
doenças profissionais,fez surgir as primeiras
leis trabalhistas, que tratavam, inicialmente, da
limitação das jomadas de trabalho e indeniza-
ções a serem pagas em caso de acidente.
As leis indenizatórias aplicavam-se ape-
nas a acidentes de trabalho, porém podiam in-
cluir doenças profissionais no caso destas se-
rem classificadas como acidentes.
No começo do século XX, foi realizada
pela Dra. Alice Hamilton, a primeira pesquisa
que estudou, inicialmente, o ambiente de tra-
balho, com posterior exames médicos nos tra-
balhadores, concluindo evidente correlação
entre as doenças observadas e a exposição a
produtos tóxicos. Em seu trabalho, sugeriu
medidas eficazes de controle a fim de elimi-
nar as condições insalubres.
Com a realização de estudos como o men-
cionado anteriormente, as doenças profissio-
nais começaram a ser reconhecidas como tais
e passaram a ser cobertas pelo seguro de aci-
dente de trabalho. Nos Estados Unidos foram
criados departamentos estaduais e federais res-
ponsáveis por inspecionar as condições dos
ambientes de trabalho. Na primeira metade
desse século, a importância da manutenção da
saúde dos trabalhadores industriais foi sendo
cada vez mais reconhecida, o que impulsio-
nou o desenvolvimento de uma ciência desig-
nada Higiene Industrial.
1.1.1 Introdução
A Higiene Industrial será exercida nas
companhias, em consonância com a política
de Segurança Industrial e com as diretrizes da
Diretoria Executiva para as atividades de Se-
gurança Industrial, Proteção Ambiental e Saú-
de Ocupacional, sob a coordenação da Supe-
rintendência de Engenharia de Segurança e do
Meio Ambiente (Susema).
Em nível departamental, esta coordenação
compete ao Asema (Assistente de Engenharia
de Segurança e do Meio Ambiente).
8
Higiene Industrial
A cada órgão da companhia cabe assumir
a responsabilidade de executar programas es-
pecíficos que atendam às suas características
e necessidades particulares, sob a liderança
ativa e continuada do seu gerente de maior ní-
vel hierárquico.
1.1.2 Conceituação
A Higiene Industrial é o conjunto de ações
voltadas para o reconhecimento, a avaliação e
o controle dos fatores ambientais e tensões
originados do, ou, no local de trabalho que
possam causar doença, comprometimento da
saúde e do bem-estar ou significativo descon-
forto e ineficiência entre os trabalhadores ou
membros de uma comunidade de trabalhado-
res. Entende-se por trabalhadores os empre-
gados, contratados, bolsistas e estagiários.
1.1.3 Objetivo
Assegurar aos trabalhadores padrões ade-
quados de saúde e bem-estar no ambiente de
trabalho.
1.2 Diretrizes
1.2.1 Da Justificação
Na seleção de projetos de instalações, de
processos ou equipamentos que utilizem ou
produzam agentes agressivos, atendidos os
parâmetros de economicidade, deve-se optar
por aquele que gere o menor nível de exposi-
ção dos trabalhadores, obedecendo, no míni-
mo, às condições e aos limites estabelecidos
na Legislação Brasileira.
1.2.2 Da Funcionalidade
As instalações, processos e procedimen-
tos existentes devem ser objeto de ações espe-
cíficas com o objetivo de reconhecimento e
avaliação de agentes agressivos existentes e
estabelecimento de medidas de controle.
1.2.3 Da Informação
Todo trabalhador deve ser informado quan-
to aos riscos aos quais está exposto no desem-
penho de suas atribuições, receber instruções
quanto aos meios de prevenção e controle, e
em relação aos danos que podem ser produzi-
dos à sua saúde.
1.2.4 Da Participação
Os programas de Higiene Industrial devem
ser transparentes quanto aos métodos, resulta-
dos e medidas corretivas. Devem criar condições
para a participação e desenvolvimento dos tra-
balhadores, na aplicação e aprimoramento dos
princípios e ações da atividade.
1.2.5 Da Interação
A Higiene Industrial exige ação multidis-
ciplinar, complementa-se e interage com as de
Segurança Industrial, Saúde Ocupacional e
Meio Ambiente, e, para tanto, é necessária a
cooperação e o envolvimento dos responsá-
veis por estas atividades, para que seus objeti-
vos sejam alcançados.
SUSEMA – Dez/90
1.3 Conceitos
Ácido: são substâncias, constituídas de
hidrogênio e um ou mais elementos, que, em
presença de alguns solventes como a água, rea-
ge, com a produção de íons hidrogênio (H+).
Agentes Oxidantes: são agentes quími-
cos que desprendem oxigênio e favorecem a
combustão em refinarias.
Barreiras Químicas: são dispositivos ou
sistemas que protegem o trabalhador do con-
tato com substâncias químicas irritantes, no-
civas, tóxicas, corrosivas, líquidos inflamáveis,
substâncias produtoras de fogo, agentes oxi-
dantes e substâncias explosivas.
Bases: são substâncias capazes de liberar
íons hidroxila (OH–), quando em reação com
meios aquosos.
Equipamentos de Proteção Individual –
EPI: são equipamentos, de uso estritamente
pessoal, tais como, botas, luvas, protetores
faciais, etc., utilizados para prevenir e/ou mi-
nimizar acidentes. Seu uso é regulamentado
pela Portaria 3214-NR-6 do Ministério do Tra-
balho de 08/06/78, que prevê a distribuição
gratuita desses equipamentos, competindo ao
trabalhador usá-los e conservá-los.
Equipamentos de Proteção Coletiva –
EPC: são equipamentos de uso coletivo, ex-
tintores de incêndio, lava-olhos, etc., utiliza-
dos para prevenir e/ou minimizar acidentes.
Líquidos Inflamáveis: são agentes quí-
micos que, em temperatura igual ou inferior a
93oC, desprendem vapores inflamáveis.
Ponto de Auto-Ignição: é a temperatura
mínima em que ocorre uma combustão, inde-
pendente de uma fonte de calor.
Ponto de Combustão: é a menor tempe-
ratura em que vapores de um líquido, após in-
flamarem-se pela passagem de uma chama pi-
loto, continuam a arder por 5 segundos, no
mínimo.
Higiene Industrial
9
Ponto de Fulgor: é a menor temperatura
em que um líquido libera suficiente quantida-
de de vapor para formar uma mistura com o ar
passível de inflamação, pela passagem de uma
chama piloto. A chama dura no máximo 1 se-
gundo.
Substâncias Corrosivas: são agentes quí-
micos que causam destruição de tecidos vivos
e/ou materiais inertes.
Substâncias Explosivas: são agentes quí-
micos que pela ação de choque, percussão, fric-
ção, produzem centelhas ou calor suficiente
para iniciar um processo destrutivo através de
violenta liberação de energia.
Substâncias Irritantes: são agentes quí-
micos que podem produzir ação irritante so-
bre a pele, olhos e trato respiratório.
Substâncias Nocivas: são agentes quími-
cos que, por inalação, absorção ou ingestão,
produzem efeitos de menor gravidade.
 Substâncias Tóxicas: são agentes quími-
cos que, ao serem introduzidos no organismo
por inalação, absorção ou ingestão, podem
causar efeitos graves e/ou mortais.
Substâncias Produtoras de Fogo: são
agentes químicos sólidos, não explosivos, fa-
cilmente combustíveis, que causam ou contri-
buem para a produção de incêndios.
Substância Química: é todo o agente que
contém uma atividade potencial intrínseca,
capaz de interferir em um sistema biológico
levando a um dano, lesão ou injúria, quando
absorvido pelas diversas vias de penetração.
Poeiras: são partículas sólidas, com diâ-
metro maior que 0,5 micras, que podem apre-
sentar-se em suspensão no ar, geradas de ma-
teriais orgânicos ou inorgânicos, como rochas,
minérios, metais, carvão, madeira, produzidos
por desintegração, trituração, pulverização e
impacto. Não se difundem no ar, sedimentam-
se sob a influência da gravidade.
Fumos: são partículas sólidas (de diâme-
tro menor que 0,5 micras) geradas pela con-
densação de compostos metálicos, geralmen-
te após volatilização de metais fundidos.
Exemplo: óxidos metálicos (ZnO, CuO, FeO).
Fumaças: partículas de carvão e fuligem.
Névoa: gotículas (de diâmetro maior que
0,5 micras) resultantes da dispersão de líqui-
dos, por ação mecânica.
Neblina: são partículaslíquidas em sus-
pensão no ar, formadas pela passagem rápida
do ar nos líquidos ou pela condensação de
umidade atmosférica formando moléculas de
gases ou vapores. As neblinas difundem-se em
maior extensão que os fumos. As partículas
que constituem uma neblina apresentam diâ-
metro inferior a 0,5 micras.
Vapores: são formas gasosas das substân-
cias que estão normalmente no estado sólido ou
líquido, em possível equilíbrio com sua fase lí-
quida, e que podem voltar para seu estado natu-
ral por aumento ou diminuição da temperatura.
Aerossol: partícula sólida ou líquida dis-
persa por um longo período de tempo no ar.
Toxicidade: é a capacidade latente, ine-
rente, que uma substância química possui. É a
medida do potencial tóxico de uma substân-
cia. Não existem substâncias químicas atóxicas
(sem toxicidade). Não existem substâncias
químicas seguras, que não tenham efeitos le-
sivos ao organismo. Por outro lado, também é
verdade que não existe substância química que
não possa ser utilizada com segurança, pela
limitação da dose e da exposição ao organis-
mo humano.
Os maiores fatores que influenciam na
toxicidade de uma substância são: freqüência
da exposição, duração da exposição e via de
administração. Existe uma relação direta en-
tre a freqüência e a duração da exposição na
toxicidade dos agentes tóxicos. Uma substân-
cia administrada por via oral, numa dosagem
de 100 mg, pode resultar em sintomas leves,
ao passo que 10 mg da mesma substância por
via intravenosa podem levar a sintomas graves.
Para se avaliar a toxicidade de uma subs-
tância química, é necessário conhecer: que tipo
de efeito ela produz, a dose para produzir o
efeito, informações sobre as características ou
propriedades da substância, informações so-
bre a exposição e o indivíduo.
A toxicidade de uma substância pode ser
classificada de acordo com os seguintes critérios:
1. Segundo o tempo de resposta
a) aguda: é aquela em que os efeitos tó-
xicos em animais são produzidos por
uma única ou por múltiplas exposições
a uma substância, por qualquer via, por
um curto período, inferior a um dia.
Geralmente, as manifestações ocorrem
rapidamente.
b) subcrônica: é aquela em que os efei-
tos tóxicos em animais, produzidos por
exposições diárias repetidas a uma
substância, por qualquer via, aparecem
em um período de aproximadamente
10% do tempo de vida de exposição do
animal ou em alguns meses.
10
Higiene Industrial
c) crônica: é aquela em que os efeitos
tóxicos ocorrem depois de repetidas ex-
posições, por um período longo de tem-
po, geralmente durante toda a vida do
animal ou aproximadamente 80% do
tempo de vida.
2. Segundo a severidade
a) leve: é aquela em que os distúrbios pro-
duzidos no corpo humano são rapida-
mente reversíveis e desaparecem com
o término da exposição ou sem inter-
venção médica.
b) moderada: é aquela em que os distúr-
bios produzidos no organismo são re-
versíveis e não são suficientes para pro-
vocar danos físicos sérios ou prejuízos
à saúde.
c) severa: é aquela em que ocorrem mu-
danças irreversíveis no organismo hu-
mano, suficientemente severas para
produzirem lesões graves ou a morte.
Segundo a graduação de toxicidade pro-
posta por Irving Sax e adotada pela Agência
Americana de Proteção Ambiental (EPA), os
níveis de toxicidade leve, moderada e severa
são subdividos ainda em toxicidade:
d) local aguda: efeitos sobre a pele, as
membranas mucosas e os olhos após ex-
posição que varia de segundos a horas.
e) sistêmica aguda: efeitos nos diversos
sistemas orgânicos após absorção da
substância pelas diversas vias. A expo-
sição varia de segundos a horas.
f) local crônica: efeitos sobre a pele e os
olhos após repetidas exposições duran-
te meses e anos.
g) sistêmica crônica: efeitos nos sistemas
orgânicos após repetidas exposições
pelas diversas vias de penetração du-
rante um longo período de tempo.
Outras classificações de toxicidade:
– desconhecida: é aquela em que os da-
dos toxicológicos disponíveis sobre a
substância são insuficientes.
– imediata: é aquela que ocorre rapida-
mente após uma única exposição.
– retardada: é aquela que ocorre rapida-
mente após um longo período de
latência. Por exemplo, as substâncias
cancerígenas.
Dose letal (Dl 50) e concentração letal (CL 50)
A informação da toxicidade de uma subs-
tância é obtida pelos dados de letalidade.
A Dose Letal (DL 50) é a dose de uma
substância química que provoca a morte de
50% de um grupo de animais da mesma espé-
cie, quando administrada pela mesma via.
A Concentração Letal (CL 50) é a con-
centração atmosférica de uma substância quí-
mica que provoca a morte de 50% de um gru-
po de animais expostos, em um tempo definido.
Dose-resposta: relação entre o grau de res-
posta do sistema biológico e a quantidade de
tóxico administrada; muito usada em
toxicologia experimental.
Reação alérgica: é uma reação adversa a
uma substância química resultante de uma sen-
sibilização prévia do organismo a esta estru-
tura ou a uma outra similar. Para provocar uma
reação alérgica, uma substância química ou um
produto de seu metabolismo combina-se com
uma proteína endógena (do próprio organis-
mo) e forma um antígeno (alérgeno). Este
antígeno induz a formação de anticorpos
(imunoglobulinas), num período de uma a duas
semanas. Uma exposição subseqüente à subs-
tância resulta em interação antígeno-anticorpo
que provoca a reação alérgica, com liberação
de histamina. A reação alérgica pode ser ime-
diata ou retardada. Exemplos: rinite, asma,
dermatite.
Suscetibilidade ou sensibilidade: carac-
terística específica e inerente de um indivíduo
em apresentar uma reatividade ou resposta na
presença de um determinado agente ou
antígeno.
Hipersensiblidade ou hipersuscetibili-
dade: aumento da reatividade individual a
agentes exógenos. Alguns organismos desen-
volvem reações alérgicas e lesões ao contato
com uma substância química, mesmo na pre-
sença de baixas doses.
Idiossincrasia: é uma reação anormal a
uma substância química, determinada geneti-
camente, em forma de uma extrema sensibili-
dade a baixas doses ou uma extrema insensi-
bilidade a altas doses do agente químico.
Efeito reversível e irreversível: a rever-
sibilidade ou irreversibilidade de um efeito tó-
xico é determinada pela capacidade que um
tecido ou um órgão tem de se regenerar. Por
exemplo: o fígado tem uma grande capacida-
de de regeneração e muitas lesões são reversí-
veis. O sistema nervoso central é constituído
de células diferenciadas que não se dividem e
Higiene Industrial
11
não se regeneram; assim, lesões a este sistema
são, geralmente, irreversíveis. Efeitos cance-
rígenos de substâncias químicas são também
exemplos de efeitos tóxicos irreversíveis.
Mutagenicidade: capacidade de uma
substância química em induzir mudanças ou
mutações no material genético das células
(cromossomos) que podem ser transmitidas
durante a divisão celular. Se as mutações ocor-
rem no óvulo ou no espermatozóide, no mo-
mento da fertilização, a resultante combina-
ção do material genético pode não ser viável e
a morte pode ocorrer no estágio inicial de di-
visão celular na gênese do embrião.
A mutação no material genético pode não
afetar a fase inicial da embriogênese, mas re-
sultar em morte do feto no período posterior
de desenvolvimento e resulta em aborto. As
mutações podem gerar anomalias congênitas.
Acredita-se que o evento inicial de carcinogê-
nese das substâncias, seja uma mudança no
material genético.
Carcinogenicidade: capacidade específi-
ca que uma substância química tem de produ-
zir câncer ou tumores em animais de laborató-
rio e no homem.
A indução de câncer pelas substâncias
químicas ocorre através de uma série comple-
xa de reações individuais. Existem duas se-
qüências. Numa primeira fase, a célula nor-
mal transforma-se numa célulaneoplásica,
através da ativação do metabólito químico
carcinogênico, por meio de uma combinação
do DNA com o carcinogênico final. Numa
segunda fase, a partir da célula neoplásica,
ocorre o crescimento, e assim surge o câncer.
Exemplos de substâncias reconhecida-
mente carcinogênicas para o homem:
Aflatoxinas, asbestos, benzeno, benzidina,
cloreto de vinila, entre outras.
Exemplos de substâncias provavelmente
carcinogênicas:
Acrilonitrila, formaldeído, sílica cristalina,
brometo de vinila, entre outros.
Teratogenicidade: capacidade que uma
substância tem de desenvolver uma mal for-
mação no embrião (feto) em desenvolvimen-
to. A influência das substâncias químicas de-
pende da fase da reprodução durante a qual a
exposição à substância ocorre. As mal forma-
ções ocorrem no primeiro trimestre da gestação.
O feto é suscetível entre o 20o e o 40o dia de
gestação. No quadro abaixo estão apresenta-
dos órgãos e a fase da gestação onde podem
ocorrer as anomalias.
Exemplos de substâncias com potencial
teratogênico:
mercúrio, chumbo, cádmio, solventes, inse-
ticidas (pesticidas), agrotóxicos, monóxido
de carbono, álcool, fumo, talidomida.
Fonte: Encyclopaedia of Occupational Safety and Health.
Órgão Fase da gestação (dias)
Cérebro 15 – 25
Olho 24 – 40
Coração 24 – 40
Membros Superiores 24 – 36
Membros Inferiores 24 – 36
 Interação química: o uso crescente de
substâncias químicas nas diversas atividades
pelo homem aumenta a possibilidade da inte-
ração de efeitos dos agentes tóxicos. Segundo
Casarett, a interação química pode ser classi-
ficada nos seguintes tipos:
a) sinergismo: quando o efeito combina-
do de dois agentes químicos é maior
do que a soma de cada agente dado iso-
ladamente. Por exemplo: o tetracloreto
de carbono e o etanol (álcool etílico)
são hepatotóxicos (tóxicos ao fígado),
porém, quando combinados, provocam
lesão hepática muito maior do que se
forem somadas as lesões individuais de
cada substância.
b) potencialização: quando uma substân-
cia que não tem efeito tóxico sobre um
órgão ou um sistema é adicionada a
uma substância que tenha efeito tóxico
sobre esse órgão, e então surge um efei-
to muito maior.
c) adição: quando o efeito combinado de
duas substâncias químicas é igual à
soma dos efeitos de cada agente isola-
damente.
d) antagonismo: quando duas substâncias
são administradas juntas, uma interfe-
rindo na ação da outra, e vice-versa.
Este efeito, desejado em toxicologia, é
a base para a formação de antídotos.
Risco: é a probabilidade do efeito tóxico
inerente de uma substância química aparecer
em um sistema biológico exposto. Os elemen-
tos para avaliação do risco são: propriedades
físico-químicas da substância, vias de exposição,
12
Higiene Industrial
propriedades metabólicas, efeitos toxicológi-
cos, resultados de exposições imediatas e pro-
longadas em animais e resultados de estudos
no homem.
Exposição: é o contato do organismo com
uma determinada substância tóxica. Estão re-
lacionadas à exposição: as diversas vias de pe-
netração das substâncias, a freqüência, a du-
ração e a dose.
Introdução
No século XIII, já se sabia que qualquer
substância é tóxica, dependendo da dose. Atual-
mente sabe-se que os antibióticos tanto per-
mitem a defesa contra o ataque bacteriano,
como também causam alguns efeitos desagra-
dáveis; o inseticida não faz mal somente para
a barata e que o álcool prejudica o fígado.
No entanto, muitas vezes utilizam-se subs-
tâncias químicas, como detergente, aguarrás,
querosene, sem que se perceba o risco que elas
representam. Isto acontece freqüentemente por
se desconhecer que aquela substância é tóxi-
ca. As pessoas que trabalham com agentes
químicos acostumam-se a trabalhar com es-
ses produtos e não sentem mais alguns sinto-
mas, como ardência e cheiro desagradáveis.
Mas isso não significa que elas não estejam
atuando no organismo: o risco de danos para a
saúde é crescente e os efeitos, muitas vezes,
demoram anos para se manifestar, podendo até
se tornar irreversíveis.
Intimidade do Homem e do Produto Agressivo
Este é o caso de quem trabalha em conta-
to com produtos químicos: pega tanta intimi-
dade com os produtos, que acaba achando des-
necessário se proteger, mesmo durante as ope-
rações em que há risco de contato.
Este contato diário com produtos quími-
cos, causa problemas que, ao longo do tempo,
poderão influir no bem-estar e na saúde. Evi-
tar esse contato com substâncias tóxicas é um
direito que depende, em parte, de cada pessoa.
Dando Nome aos Bois...
1. Toda substância química pode fazer
mal – depende da quantidade.
A Toxicologia estuda esses efeitos noci-
vos sobre os seres vivos.
2. Algumas substâncias são mais nocivas
do que outras e seus efeitos podem ser
diferentes. Isso se chama Toxicidade.
E a substância causadora de dano cha-
ma-se substância tóxica ou tóxico.
3. A substância tóxica pode causar mal,
mas isto só acontece quando ela entra
em contato com o corpo. A probabili-
dade dela penetrar no organismo cha-
ma-se risco tóxico.
O risco depende de tudo o que contribui
para que a substância entre em contato com o
organismo:
– a temperatura (quanto mais alta, maior
o risco);
– o estado da substância (em geral, os ga-
ses representam risco maior do que os
líquidos);
– a forma de embalar e transportar a subs-
tância.
O Risco não depende da toxicidade
Por exemplo, o tolueno que está dentro de
um tambor fechado representa um risco po-
tencial de intoxicação, que só vai ocorrer se
houver vazamento. O risco para o operador
durante uma operação de carregamento é ain-
da maior. E se não for utilizado o procedimen-
to correto durante uma limpeza de tanque com
trapos embebidos em tolueno, o confinamento
do ambiente irá contribuir para que o organis-
mo absorva o produto pelos pulmões e pele.
É o mesmo tolueno, a mesma toxicidade,
mas são três graduações de risco tóxico dife-
rentes. Portanto, o risco depende, em grande
parte, da forma de lidar com as substâncias.
Num navio, o risco químico é mais percebido
pelo pessoal do convés, que lida com grandes
quantidades de produtos químicos nas operações
Higiene Industrial
13
de carga e descarga. O pessoal de máquinas
pode estar exposto a quantidades significati-
vas de substâncias tóxicas em suas atividades
diárias.
No local onde a substância entra em con-
tato, pele, olhos, nariz, pode causar irritação,
ardência, ressecamento ou outras reações, são
os chamados efeitos locais. Por exemplo, os
ácidos causam queimaduras, dependendo da
concentração.
Mas algumas reações acontecem longe do
local de contato, são os efeitos sistêmicos.
Exemplo: o dano que o tetracloreto de carbo-
no e o álcool etílico causam ao fígado é um
efeito sistêmico.
Dicas Importantes
1. A substância química somente irá cau-
sar algum dano se houver contato com
o organismo. Por isso, a proteção é tão
importante.
2. Substâncias hidrossolúveis (solúveis em
água) têm uma probabilidade maior de
causar efeitos locais. É o caso da soda
cáustica e dos ácidos.
3. Algumas substâncias atravessam a pele
ou outras barreiras do organismo che-
gando ao sangue. São substâncias lipos-
solúveis, ou seja, solúveis em gordu-
ras. Todos os solventes derivados do
petróleo são lipossolúveis.
4. A mesma substância pode causar efei-
tos diferentes, dependendo da quanti-
dade.
5. Pode-se trabalhar com uma substância
muito tóxica e o risco ser pequeno,
como o caso da substância no tambor,
que só vai causar intoxicação se hou-
ver vazamento.
6. Pode-se trabalhar com uma substância
pouco tóxica e o risco de intoxicação
ser alto. É o caso de limpeza de locais
sem ventilação adequada com nafta ou
outros solventes.
7. Ao entrar em contato com o organis-
mo, se a substância conseguir atraves-
sar a pele ou outras barreiras, ela entra
no caminho da toxicocinética,aborda-
do a seguir.
Toxicocinética
A peregrinação das substâncias químicas
no organismo.
“T” é uma substância tóxica que não per-
tence ao organismo. Se ela estiver no ambien-
te, pode entrar em contato com o corpo atra-
vés de:
– via respiratória – quando “T” apresen-
ta-se como gás ou vapor;
– via digestiva – quando “T” é um líqui-
do ou sólido ingerido;
– pele – quando “T” está em contato com
o corpo, seja pelas mãos ou mesmo
pelas roupas molhadas.
Quando “T” consegue entrar no organis-
mo e chegar até o sangue, diz-se que foi ab-
sorvida. É o processo de Absorção.
Após absorção, “T” é levado pelo sangue
para todos os lugares do organismo. É o pro-
cesso de Transporte e Distribuição.
Quando “T” encontra um local pelo qual
tem afinidade, fica armazenada. É o caso do
solvente que fica armazenado na gordura. Este
processo chama-se armazenamento.
No fígado, “T” é transformado. É o pro-
cesso de biotransformação.
14
Higiene Industrial
E, finalmente, os rins eliminam “T” do
organismo. É o processo de eliminação.
Dicas Importantes
1. As substâncias podem ser absorvidas,
principalmente, por via respiratória,
digestiva e através da pele.
2. As substâncias, depois de absorvidas,
são distribuídas pelo sangue.
3. O fígado é o principal local de trans-
formação das substâncias.
4. Algumas substâncias ficam armazena-
das em alguns locais do organismo.
5. As substâncias podem ser eliminadas
pelo ar exalado, pela urina e todas as
outras secreções do organismo – lágri-
mas, suor, saliva, etc.
6. Durante esta permanência no organis-
mo, as substâncias podem ou não pro-
vocar efeitos tóxicos, que serão estu-
dados na toxicodinâmica.
Toxicodinâmica
É o estudo das modificações que “T” pro-
voca no organismo.
Os efeitos que podem acontecer nas pri-
meiras 24 horas após o contato, são os chama-
dos efeitos imediatos. É o caso da queimadura
pelo fenol, que se manifesta na hora do conta-
to. Outros efeitos ocorrem com mais de 24
horas após o contato, são os chamados efeitos
tardios. Entre estes estão o câncer e as doen-
ças do sistema nervoso. Levam, às vezes, anos
para se manifestarem e por isso é mais difícil
descobrir qual o agente causador.
Conhecendo Melhor o Efeito
Irritação – muitas substâncias químicas
conhecidas causam irritação, entre elas, os
ácidos e as bases. No lugar de contato, estas
substâncias provocam reações que vão desde
a coceira, vermelhidão, inchação, até ulcera-
ções e sangramento. É o caso da amônia, que
causa tosse, espirro, lacrimejamento e sangra-
mento quando inalada.
Asfixia – é causada por gases chamados
asfixiantes. A asfixia é a falta de oxigênio na
célula, provocando falência em suas funções,
podendo levar à morte. Os gases asfixiantes
são divididos em simples e químicos.
 Gases Asfixiantes Simples – provocam
asfixia ocupando o lugar do oxigênio no am-
biente. São portanto mais perigosos em ambien-
tes confinados. As frações gasosas do petró-
leo, como metano, etano, propano e butano são
asfixiantes simples.
Gases Asfixiantes Químicos – provocam
asfixia independente do local ser confinado ou
não. São gases letais. Os mais comuns são: H2S
(gás sulfídrico); HCN (gás cianídrico); CO
(monóxido de carbono).
Efeitos sobre o Sistema Nervoso – ocor-
rem quando a substância tem afinidade pelo
sistema nervoso e afetam tanto o cérebro quan-
to os nervos situados em outros lugares do
corpo. O sistema nervoso é altamente sensí-
vel aos solventes industriais porque é forma-
do, em grande parte, por gordura. Assim, to-
dos os solventes industriais, sejam éter, tolue-
no, xileno, hexano, fenol e outros, causam uma
sensação de euforia em pequenas doses. Em
doses maiores causam sensação de embria-
guez, diminuição da coordenação motora, so-
nolência, podendo chegar ao coma e à morte.
Pequenas doses diárias podem causar in-
sônia, irritabilidade, alterações de humor, di-
ficuldade de concentração e mesmo sensação
de dormência e formigamento. As alterações
no sistema nervoso são, muitas vezes, as que
primeiro se manifestam. Podem, também, pro-
vocar mudanças no comportamento ou uma
tendência maior a acidentes.
 Mutagênese – é uma modificação na cé-
lula, que fica com a forma e/ou função altera-
das. Podem ocorrer diversos fenômenos, en-
tre eles, a formação de tumores benignos ou
malignos (câncer). Estes podem demorar a
aparecer, ou se manifestar em outras gerações
(filhos, netos, bisnetos, etc.).
Câncer – a célula muda sua forma e função
e passa a se reproduzir de modo descontrolado,
Higiene Industrial
15
originando tumores e invadindo outros teci-
dos. Pode ser causado por substâncias quími-
cas, vírus, raios-x. Por exemplo, câncer de fí-
gado causado pelo tetracloreto de carbono,
câncer de pulmão causado pelo fumo. O perío-
do de incubação pode durar dez, vinte, trinta
anos.
Teratogênese – efeito provocado no feto
quando a mulher grávida expõe-se a tóxicos.
Mulheres dependentes de álcool e que bebem
durante a gravidez podem provocar alterações
na criança, tais como baixo peso e alterações
cerebrais. Outro exemplo é o das mulheres que
tomaram talidomida durante a gravidez e os
filhos nasceram com defeitos nos braços. Neste
caso, os efeitos vão depender da dose e da épo-
ca da gravidez em que a mulher teve contato
com a substância tóxica.
Finalmente, existem substâncias que pro-
vocam danos em determinados pontos do cor-
po, como ossos, órgãos formadores de sangue,
olhos, etc. Freqüentemente, as substâncias cau-
sam danos ao fígado, porque é o órgão onde
elas são transformadas, e aos rins e bexiga,
porque se concentram na urina.
Câncer, mutação e teratogênese são efei-
tos probabilísticos, isto é, expor-se a uma subs-
tância carcinogênica aumenta a probabilidade
de uma pessoa ter câncer. O mesmo vale para
os outros efeitos.
Como se Proteger?
Se tudo é tóxico, e se as substâncias quí-
micas estão em todo o lugar, como se proteger
delas?
As substâncias muito tóxicas podem ser
utilizadas de maneira segura. Isto depende de
alguns fatores:
– processo – condições favoráveis à expan-
são das substâncias podem aumentar o
risco tóxico, por isso o enclausuramento
representa maior segurança. Altas tem-
peraturas e pressões, por outro lado, sig-
nificam maior risco. Substâncias mais
voláteis também representam mais ris-
co. É importante pensar sempre em
substituir substâncias mais tóxicas por
outras menos tóxicas, como, por exem-
plo, os aromáticos por solventes de ca-
deia aberta.
 – ambiente – ventilação, exaustão, pre-
sença de anteparos e outras condições
no local, podem diminuir o contato do
homem com as substâncias.
– organização do trabalho – a forma
como o trabalho é organizado pode
implicar em um número menor de
pessoas envolvidas em operações de
maior risco ou maior proximidade da
fonte tóxica.
– procedimentos – a maneira de reali-
zar determinadas ações representa maior
ou menor risco, e esta é uma das bases
do procedimento seguro.
– equipamentos – a manutenção dos
equipamentos é importante no contro-
le de risco, uma vez que contribui para
a prevenção de acidentes que envolvam
vazamentos e outros eventos de risco.
– uso de E.P.I – o equipamento de pro-
teção individual impede o contato en-
tre o agente tóxico e o organismo hu-
mano e assim reduz o risco tóxico.
16
Higiene Industrial
– armazenamento – as condições de ar-
mazenagem devem obedecer às instru-
ções contidas nas fichas de informação
das substâncias para evitar o risco de
intoxicação. O mesmo vale para o
transporte.
No entanto, muitas vezes existe certa
quantidade de substâncias no ambiente. Se os
efeitos dependem da quantidade, como saber
se a quantidade no ar pode causar efeitos no-
civos ou não?
Fazendo testes com animais de laborató-
rio, observando trabalhadores e levantando
dados estatísticos, pode-se considerarque exis-
te uma quantidade da substância no organis-
mo que não provoca efeitos nocivos observá-
veis. Assim, foram estabelecidos limites con-
siderados seguros para a maioria dos trabalha-
dores expostos durante a jornada de trabalho.
São os limites de tolerância (TLV em inglês).
Nossa legislação, em portaria 3214 de 08/
06/1978, NR-15 Anexo 11, determina os li-
mites de tolerância para várias substâncias.
Para se saber a quantidade de substância tóxi-
ca no ambiente retira-se uma amostra desse ar
e envia-se para o laboratório. O resultado é
comparado ao Limite de Tolerância e assim
tem-se uma noção do risco. Assim como se
pode medir as substâncias no ar, pode-se tam-
bém medir no ser humano, no ar dos pulmões,
na urina e no sangue, e saber quanto foi absor-
vido. Existem, também, limites de tolerância
biológica, determinados a partir de estudos que
servem para comparação com os valores en-
contrados no ser vivo.
Outras Perguntas Importantes
Ter curiosidade a respeito de substâncias
com as quais se tem contato, seja no trabalho
ou em casa, é muito importante para a saúde.
1. O que esta substância pode causar à saúde?
A resposta está nos manuais, fichas, livros
e revistas.
2. Por onde esta substância pode entrar no
organismo?
Isto depende do estado em que a substân-
cia se encontra. No estado gasoso, entrará por
meio da respiração; se for líquida, pode pene-
trar a pele, mas lembre-se que líquido também
evapora e o vapor pode ser inalado. Assim,
fica mais fácil saber como e onde proteger.
3. Esta substância é capaz de atravessar os
pulmões e chegar até o sangue?
Depende da solubilidade. Quanto mais
lipossolúvel, maior a probabilidade de intoxi-
cação. Os derivados do petróleo são, em ge-
ral, muito lipossolúveis. A ficha de informa-
ção do produto esclarece esta pergunta. Esta
ficha deve ser exigida sempre do fornecedor
ou fabricante para todas as substâncias.
Lembrete: para que a substância faça mal
à saúde, é preciso que haja contato com o or-
ganismo. Sem contato não há efeito.
4. No local de trabalho, há possibilidade de
se ter contato com alguma substância?
Qual? Quando? Quanto?
5. A forma como se está trabalhando é a me-
lhor para evitar que a substância atinja o orga-
nismo ou há outras formas mais seguras?
As equipes de Higiene Industrial, Segu-
rança e Saúde Ocupacional podem ajudar a en-
contrar as repostas para estas duas perguntas.
6. O que fazer se esta substância entrar em
contato com a pele, olhos, for engolida ou ina-
lada?
Consulte os manuais de primeiros socor-
ros e as fichas de informação, que devem ser
sempre exigidas dos fornecedores e fabricantes.
Higiene Industrial
17
7. Como contribuir para o controle do risco
no meu local de trabalho?
Aprender sobre toxicologia é ter consciên-
cia da própria responsabilidade diante das
agressões aos seres vivos e ao ambiente. Res-
peitar os próprios limites é fundamental: o
homem vem sendo exposto a um número cada
vez maior de substâncias químicas, em parte
devido ao próprio desenvolvimento tecnoló-
gico e os resultados podem ser imprevisíveis.
É importante divulgar e usar corretamente o
equipamento de proteção e utilizar os proce-
dimentos corretos.
É preciso ser cuidadoso e contribuir da
melhor forma para prevenir a exposição às
substâncias químicas, mesmo aquelas aparen-
temente menos nocivas pois não se sabe o que
os novos estudos podem concluir. Pode-se uti-
lizar as descobertas da ciência na melhoria da
qualidade de vida no planeta: ar respirável que
não cause doenças; mares não apenas navegá-
veis, mas que permaneçam sendo a casa de
outros seres; terra fértil que dê o alimento não
apenas para combater a fome, mas que garan-
ta a saúde para todos!
Adaptação do Manual “Nocaute do risco Tóxico”, da ASSAO.
1.4 Preserve sua Audição
A perda auditiva induzida pelo ruído tor-
na-se irreversível com o passar do tempo e as
medidas preventivas devem ser adotadas por
todos os empregados que estão expostos ao
ruído.
Espera-se que este manual possa colabo-
rar para aumentar a participação nos Progra-
mas de Higiene Industrial e de Saúde Ocupa-
cional, através de adoção de uma atitude
prevencionista, na melhoria das condições de
trabalho, tendo como resultado a preservação
de sua audição.
Ouça tudo, ouça sempre, ouça bem...
No Princípio Predominava o Silêncio...
Naquela época, as principais fontes de ruí-
do eram as forças da natureza, as chuvas, os
ventos, os trovões, as erupções de vulcões, etc.
Hoje, o ruído atinge níveis muitas vezes
insuportáveis, é gerado pela tecnologia criada
pelo próprio homem e seu estilo de vida.
Apesar da grande e rápida evolução no
conhecimento técnico, a adaptação do nosso
organismo às novas condições é muito lenta e
não acompanha o ritmo do avanço tecnológi-
co. Embora, as fontes de ruído tenham se mo-
dificado com o passar dos anos, a reação or-
gânica do homem moderno ao ouvir o barulho
de uma buzina ou de uma motocicleta, é se-
melhante àquela do homem das cavernas, ao
ouvir um trovão ou o rugido de um leão.
O ruído torna as pessoas alertas, tensas,
em atitude de prontidão, e isso explica muito
dos seus efeitos negativos sobre a saúde e a
qualidade de vida.
Quando se fala em som ou ruído, trata-se
do mesmo fenômeno físico caracterizado por
uma vibração mecânica que se propaga atra-
vés de um meio (gás, líquido ou sólido) em
um movimento ondulatório, como aquele pro-
duzido quando se atira uma pedra em um lago
tranqüilo.
Que tal conhecermos
melhor o ruído...?
Quando duas pessoas estão conversando,
aquela que fala provoca uma vibração de suas
cordas vocais transmitida ao ar existente den-
tro da boca, produzindo variações da pressão
atmosférica, que se propaga até atingir o ouvi-
do da outra.
18
Higiene Industrial
Dependendo da intensidade e da freqüên-
cia das variações de pressão, estas poderão ser
interpretadas como som. O som, com predo-
minância de ondas de altas freqüências, é per-
cebido como um som agudo (canto de passa-
rinho, sons do violino), enquanto que o de bai-
xa freqüência é percebido como grave (ruído
de compressores, sapo).
A classificação da onda sonora em som
ou ruído, depende da sensação que ela provo-
ca em quem a ouve. Em geral, chama-se de
ruído o som que nos é desagradável, indesejado
ou que nos incomoda. Assim, alguns sons,
como por exemplo, um show de rock, podem
ser agradáveis para alguns e extremamente
incômodos para outros. Independente da agra-
dabilidade ou não do som, ele pode ser capaz
de provocar danos à saúde das pessoas, depen-
dendo do tempo de exposição e do “volume”.
Aquilo que se conhece como “volume” do
som, refere-se ao nível de pressão sonora
(NPS) ou nível de ruído e é medido na escala
decibel (dB). Quanto maior o volume, ou seja,
quanto maior o nível de pressão sonora, maior
o risco de dano auditivo, para o mesmo tempo
de exposição.
O ouvido humano não é igualmente sen-
sível a todas as freqüências, é mais sensível
para o ruído de freqüência na faixa de 2 kHz a
5 kHz. Para compensar esta diferença na sen-
sibilidade humana, as medições do nível de
ruído são feitas com um equipamento, conhe-
cido como decibelímetro, que tem um circui-
to de compensação eletrônico que tenta simu-
lar a resposta do ouvido e os resultados são
lidos em dB (A).
Você sabia que:
10 dB é 10 vezes mais que 1 dB
20 dB é 100 vezes mais que 1 dB
30 dB é 1000 vezes mais que 1 dB?
Um som de 83 dB produz um nível de
pressão sonora 2 vezes maior que um de 80
dB. Portanto, embora uma diferença de 3 dB
possa parecer pequena, representa um aumen-
to significativo no nível de pressão sonora.
1.4.1 Uma Excursão no Aparelho Auditivo
O ouvido é composto por três partes:
1. ouvido externo – formado pelo pavi-
lhão auricular e pelo conduto auditivo,
por onde algumas vezes, erradamente,
são introduzidos grampos, canetas eoutros apetrechos. Tem como função
conduzir o som (que é uma vibração
mecânica), até a membrana timpânica,
uma pequena e frágil membrana vibra-
tória.
2. ouvido médio – contém um conjunto
de três ossinhos (martelo, bigorna e
estribo), que estão ligados um ao outro
e são os responsáveis pela transforma-
ção da onda sonora em estímulo mecâ-
nico. Estão alojados em uma cavidade
ligada à via respiratória através de um
pequeno conduto, a trompa de Eustá-
quio, responsável pelo equilíbrio da
pressão no interior do ouvido.
3. ouvido interno – onde existem duas es-
truturas principais, o labirinto, cujos
canais semicirculares, dispostos nos
planos vertical, horizontal e posterior,
são responsáveis pela percepção da
posição no espaço e pelo equilíbrio do
nosso corpo. E o caracol ou cóclea,
onde a informação recebida através da
janela oval é transformada em um si-
nal elétrico, transmitido através do ner-
vo auditivo até o cérebro.
1.4.2 Ouvido – O Palco da Audição
O movimento vibratório das moléculas
(som) propaga-se pelo ar até o ouvido. Pene-
tra pelo conduto auditivo e vai até a membra-
na timpânica que começa a vibrar, como se
fosse um couro de tamborim, transmitindo seus
movimentos para os três pequeninos ossos, o
martelo, a bigorna e o estribo.
Tímpano
Conduto
auditivo
externo
Martelo
Canais
semicirculares
Bigorna
Pavilhão
Trompa de
Eustáquio
Caracol
Estribo
Nervo acústico
Higiene Industrial
19
O estribo, por sua vez, movimentando-se
como se fosse uma vara de cuíca, como um
pistão, comprime a janela oval e, por conse-
guinte, o líquido que está no interior do ouvi-
do interno, a linfa. Formam-se ondas na linfa
(semelhantes àquelas ondas da pedra no lago),
que provocam movimentos nos cílios das cé-
lulas de Corti, dentro do caracol. As células
de Corti são capazes de transformar esse “ca-
funé” nos cabelos em estímulo nervoso. O
nervo auditivo capta esta informação e a trans-
porta, ao cérebro que “entende” e faz a tradu-
ção: música, barulho de trem, voz humana, etc.
1.4.3 Uma Atuação Inesquecível
As grandes estrelas da audição, capazes
de transformar um “cafuné” em mensagem elé-
trica, a ser interpretada pelo cérebro, são as
células ciliadas de Corti. E quem melhor para
representá-las do que uma sereia, tão conheci-
da de todos pelos longos cabelos e que depen-
de da água para sobreviver?
“Vamos nos deixar seduzir pela sua histó-
ria, como os marujos de antigamente se dei-
xavam envolver pelo seu canto”.
Essa diminuição das células ciliadas pro-
voca uma redução progressiva e irreversível
da capacidade auditiva. Este processo natural
de diminuição da audição pelo envelhecimen-
to denomina-se Presbiacusia.
Na infância, e até a adolescência são mui-
tas as células ciliadas, que porém começam a
diminuir na fase adulta, e vão ficando cada vez
mais rarefeitas à medida que se envelhece.
Ouvir é muito importante. Através da au-
dição, as pessoas podem se relacionar entre si
e com o ambiente que as cerca. Também é pela
audição que, algumas vezes, perigos eminen-
tes, como a freada de um carro ou o barulho
de uma sirene, são alertados!
1.4.4 Audiometria – Avaliando a Atuação das
Células Ciliadas
A audiometria é uma avaliação da capaci-
dade auditiva das pessoas e seu resultado é
registrado num gráfico chamado audiograma.
Pelo audiograma, pode-se saber como está a
audição, inclusive o funcionamento das célu-
las ciliadas.
O exame consiste na emissão, por um apa-
relho chamado audiômetro, de diferentes sons
de freqüência e intensidade padronizadas.
A pessoa que está sendo avaliada deve
informar o momento exato em que o som é
percebido, e o resultado é registrado em um
gráfico, o audiograma.
São várias as técnicas empregadas para se
fazer um bom audiograma, usando-se inclusi-
ve métodos que corrigem as alterações da per-
cepção individual dos sons.
Antes de realizar a audiometria, a pessoa
deve evitar exposição a ruídos intensos, du-
rante, pelo menos, 14 horas. Esta orientação
deve-se ao fato de a célula ciliada entrar em
“fadiga” temporária quando submetida a ruí-
dos intensos, o que mascara o resultado do
exame.
Este “cansaço” temporário chama-se
“Desvio Temporário do Limiar de audição”
(DTL), que se manifesta por uma diminuição
temporária da audição nas altas freqüências
(sons agudos) e sensação de zumbidos.
1.5 Ruído – A Ameaça Silenciosa...
Algumas substâncias químicas, dentre elas
alguns medicamentos, podem causar danos às
preciosas células ciliadas, mas a pior e mais
comum ameaça no ambiente de trabalho é o
excesso de ruído.
20
Higiene Industrial
Veja como se sente a “sereia” quando submetida a ruídos de diferentes intensidades:
Contudo, o efeito vai depender, não so-
mente da intensidade, mas também de outros
fatores, principalmente da freqüência do som
e do tempo de exposição ao ruído.
Além de danificar a célula ciliada do ou-
vido, o ruído pode provocar outros efeitos no
organismo, tais como: cansaço, irritabilidade,
insônia, estado de alerta por período prolon-
gado, alterações da pressão arterial e sensação
de zumbido.
Ruídos muito intensos (acima de 130 dB)
podem causar dor nos ouvidos, e, se for de
impacto, tipo explosão, pode até provocar rup-
tura de tímpano, desarticulação da cadeia de
ossículos e sangramento (reveja o diagrama do
ouvido).
1.5.1 Ruído – Ameaça antes mesmo do
Nascimento
No último trimestre da gravidez, o futuro
bebê já está formado, inclusive seu aparelho
auditivo. A Natureza protege o feto das agres-
sões do meio ambiente, através de um “escu-
do protetor” formado pela parede do abdômen
e do útero, pela placenta e pelo líquido amnió-
tico no qual “flutua” o feto. Este conjunto pode
atenuar os ruídos mais agudos (nas freqüências
maiores que 500 Hz) em 20 a 30 dB.
Portanto, na gravidez, principalmente du-
rante os últimos meses, o feto é mais sensível
aos ruídos graves (aqueles com freqüência
menor que 500 Hz).
Higiene Industrial
21
Estudos realizados em vários países con-
sideraram como segura a exposição aos níveis
de 80 dB por 8 horas. Estes níveis foram in-
cluídos nas leis trabalhistas como limites de
exposição ao ruído, para mulheres grávidas,
nos ambientes de trabalho.
****Contudo, durante a gravidez, devem
ser evitadas exposições a ruídos em níveis su-
periores a 80 dB
Alguns médicos recomendam que o re-
cém-nascido permaneça em ambientes calmos
e silenciosos, mesmo depois de sair da mater-
nidade, porque seu ouvido é muito sensível.
1.5.2 Protegendo-se do Ruído
As pessoas estão expostas a ruídos de di-
ferentes intensidades e freqüências praticamen-
te durante todas as atividades. Alguns desses
ruídos, apesar de não constituírem risco ao
aparelho auditivo, são fontes de irritação como,
por exemplo, do pingo d'água que cai do chu-
veiro, e a do barulho do tráfego à noite quan-
do se quer dormir.
Outros podem causar desconforto ou mes-
mo dor. O importante é identificar as fontes
de ruído, e agir no sentido de resolver o pro-
blema.
O Que Fazer?
Se o ruído é no local de trabalho, procure
as equipes de Segurança, Saúde e Higiene
Industrial, para participar do Programa de ava-
liação e controle.
Atenda às solicitações destas equipes, pois
significam proteção da saúde e segurança.
Se for indicada pela Segurança a utiliza-
ção de equipamento de proteção individual
(EPI), colabore na escolha daquele mais ade-
quado para o seu caso e ao qual você melhor
se adapte. Utilize-o sempre que estiver expos-
to ao ruído, no trabalho e no lazer. Não esque-
ça de fazer a limpeza e demais cuidados com
o seu protetor auricular.
Compareça ao seu exame médico perió-
dico e aproveite a oportunidade para tirar dú-
vidas. Siga as recomendações da equipe de
saúde.
Procure manter-se o mais longe possível
das fontes de ruído. Quanto maior a distância,
menor a possibilidadede provocar dano. O
importante é o quanto de ruído está chegando
ao ouvido.
Procure o serviço médico, caso tenha a
sensação de zumbidos, tonteira, redução da
capacidade auditiva ou outro sintoma ligado
ao ouvido.
O Que não Fazer
Evite a entrada de água nos seus ouvidos.
A água, além de pressionar a cera para o inte-
rior do ouvido, favorece o crescimento de fun-
gos e bactérias que podem causar infecção.
Não introduza objetos no ouvido para lim-
peza e nem esfregue cotonete dentro deles. A
secreção tem função protetora. Vários aciden-
tes desagradáveis têm ocorrido devido a esta
prática. Pessoas que produzem secreção em
excesso devem consultar o médico.
22
Higiene Industrial
Caso tenha a sensação de surdez, ouvido
cheio de água, consulte um médico. Nunca
coloque no ouvido remédio ou substâncias re-
comendadas por amigos, balconista de farmá-
cia ou pessoas palpiteiras.
Evite ouvir música em alto volume para
abafar ruído de outras fontes. O uso de fones
de ouvido em volume excessivamente alto pro-
voca dano à audição.
1.6 A Legislação Trabalhista Brasileira
e o Ruído
Para proteger contra a perda auditiva, a
legislação brasileira determina limites de ex-
posição ao ruído nos locais de trabalho (Ane-
xo 1 e 2 da NR-15, Portaria 3.214 de 08/06/78
do então Ministério do Trabalho). Para ruído
de impacto, aquele do tiro de canhão ou do
bate-estaca, o limite máximo de exposição é
de 130 dB ou de 120 dB(C).
Para os demais tipos de ruídos, chamados
de contínuos ou intermitentes, o limite de ex-
posição deve obedecer a uma combinação en-
tre o nível de ruído e o tempo de exposição,
conforme o quadro abaixo:
Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diáriapermissível
8 horas
7 horas
6 horas
5 horas
4 horas e 30 minutos
4 horas
3 horas e 30 minutos
3 horas
2 horas e 40 minutos
2 horas e 15 minutos
2 horas
1 hora e 45 minutos
1 hora e 15 minutos
1 hora
45 minutos
35 minutos
30 minutos
25 minutos
20 minutos
15 minutos
10 minutos
8 minutos
7 minutos
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
98
100
102
104
105
106
108
110
112
114
115
Limites de tolerância para ruído contínuo
ou intermitente
Pela tabela, um trabalhador exposto a um
nível de ruído de 95 dB(A) não poderá ficar
no ambiente ruidoso por período superior a 2
horas, sem o uso de uma proteção auditiva
adequada. Da mesma forma, não é permitida
a exposição a níveis de ruído a 115 dB(A) para
trabalhadores que não estejam utilizando a
proteção adequada.
Na maioria dos
ambientes de traba-
lho, e até mesmo em
casa, o nível de ruído
não permanece estáti-
co ao longo do tem-
po. Neste caso, é pre-
ciso calcular o que se
chama de “dose de
ruído” ou “nível equi-
valente de ruído” recebido pela pessoa expos-
ta, o que pode ser feito facilmente através de
um equipamento colocado na pessoa a ser ava-
liada, chamado de “Dosímetro de Ruído”.
Você sabe qual a sua dose diária de ruído
no trabalho? Solicite esta informação ao pes-
soal da Segurança Industrial.
Quando a questão é conforto, a legislação
brasileira estabelece que o nível de ruído para
o desenvolvimento de atividades intelectuais,
que envolvem concentração e raciocínio, não
deve ser superior a 65 dB(A).
Adaptação do Manual Viva Ouvindo, da ASSAO.
1.7 Tipos de Radiação
É a desintegração espontânea do núcleo
atômico de alguns elementos (urânio, polônio
e rádio), resultando em emissão de radiação.
Descoberta pelo francês Henri Becquerel
(1852-1909) poucos meses depois da desco-
berta dos raios X. Becquerel verifica que,
além de luminosidade, as radiações emitidas
pelo urânio são capazes de penetrar a matéria.
Dois anos depois, Pierre Curie e sua mu-
lher, a polonesa Marie Curie, encontram fon-
tes radiativas muito mais fortes que o urânio.
Isolam o rádio e o polônio e verificam que o
rádio era tão potente que podia provocar
ferimentos sérios e até fatais nas pessoas que
dele se aproximavam.
A
D
Higiene Industrial
23
Radiação Alfa é uma partícula formada
por um átomo de hélio com carga positiva. A
distância que uma partícula percorre antes de
parar é chamada alcance. Num dado meio, par-
tículas alfa de igual energia têm o mesmo al-
cance. O alcance das partículas alfa é muito
pequeno, ou seja, são facilmente blindadas.
Uma folha fina de alumínio barra completa-
mente um feixe de partículas de 5 MeV. A ina-
lação ou ingestão de partículas alfa é muito
perigosa.
Radiação Beta é uma partícula, de carga
negativa, o elétron. Sua constituição é feita por
partículas beta que são emitidas pela maioria
dos nuclídeos radiativos naturais ou artificiais
e têm maior penetração que as partículas alfa.
O 32 P dá uma radiação beta até 1,7 MeV com
uma penetração média de 2 a 3 mm na pele, e
alcança, em pequena proporção, 8 mm. Se o
emissor beta é ingerido, como acontece nos
casos de diagnóstico e terapêutica, os efeitos
são muito mais extensos.
Radiação Gama é uma onda eletromag-
nética. As substâncias radiativas emitem con-
tinuamente calor e têm a capacidade de ionizar
o ar e torná-lo condutor de corrente elétrica.
São penetrantes, e ao atravessarem uma subs-
tância, chocam-se com suas moléculas. A ra-
diação gama tem seu poder de penetração
muito grande. Sua emissão é obtida pela maio-
ria, não totalidade, dos nuclídeos radiativos
habitualmente empregados. Quando a fonte de
material radioativo for beta ou gama, é neces-
sária a colocação de uma barreira entre o ope-
rador e a fonte.
A
D
1.7.1 Infravermelho
Radiação eletromagnética invisível, emi-
tida por corpos aquecidos. Pode ser detectada
por meio de células fotoelétricas. Possui mui-
tas aplicações, desde o aquecimento de interio-
res até o tratamento de doenças de pele e dos
músculos. Para produzir o infravermelho, em
geral empregam-se lâmpadas de vapor de mer-
cúrio a de filamento longo incandescente.
A radiação infravermelha é usada para
obter fotos de objetos distantes encobertos pela
atmosfera, também muito utilizada por astrô-
nomos para observar estrelas e nebulosas que
são invisíveis com luz normal. Uma outra uti-
lidade deste tipo de radiação é o uso nas foto-
grafias infravermelhas, que são muito preci-
sas. O infravermelho foi muito utilizado na II
Guerra Mundial.
1.7.2 Ultravioleta
Produzida por descargas elétricas em tu-
bos de gás. Cerca de 5% da energia mandada
pelo Sol consiste nesta radiação, mas a maior
parte da que incide sobre a Terra é filtrada pelo
O2 e pelo ozônio na atmosfera, que protegem
a vida na Terra. Esta radiação é empregada,
principalmente, em tubos fluorescentes, mas
também em aplicações médicas que incluem
lâmpadas germicidas, o tratamento do Raqui-
tismo e doenças de pele, enriquecimento de
leite e ovos com vitamina D.
É dividida em três classes: UV-A, UV-B
e UV-C. As ondas de menor período são as
mais nocivas aos organismos vivos. A UV-A
é a mais perigosa e tem período entre 4000 AD
(ângstrons) e 3150 A
D
. UV-B tem período en-
tre 3150 AD e 2800 AD e causa queimaduras na
pele.
1.7.3 Radiação de fundo
Toda vida, em nosso planeta, está exposta
à radiação cósmica e à radiação proveniente
de elementos naturais radiativos existentes na
crosta terrestre como potássio, césio, entre
outros. A intensidade desta radiação tem per-
manecido constante por milhares de anos e
chama-se radiação natural ou radiação de fun-
do, e provém de muitas fontes.
Cerca de 30% a 40% dessa radiação deve-
se aos raios cósmicos. Alguns materiais radia-
tivos, como potássio-40, carbono-14, urânio,
tório, etc., estão presentes em quantidades va-
riáveis nos alimentos.
24
Higiene Industrial
Uma quantidade razoável de radiação vem
do solo e de materiais de construção. Assim,
pois, a radiação de fundo pode variar de local
para local.
O valor médio da radiação de fundo em
locais habitados é de 1, 25 milisievert (mSv)
ao ano.1.7.4 Raios catódicos
São feixes de partículas produzidos por um
eletrodo negativo (cátodo) de um tubo conten-
do gás comprimido. São resultado da ionização
do gás e provocam luminosidade. Os raios
catódicos foram identificados no final do sé-
culo passado por Willian Crookes. O tubo de
raios catódicos é usado em osciloscópios e te-
levisões.
1.7.5 Raio X
 São capazes de atravessar o corpo huma-
no, porém durante a travessia, o feixe sofre
um certo enfraquecimento. Provoca a ilumi-
nação de certos sais minerais.
 O uso do raio X tem sido uma importante
ferramenta de diagnóstico e terapia. Os raios
X são absorvidos pelos ossos, no entanto pas-
sam facilmente por outros tecidos.
Em 1895, Wilhelm Konrad von Röentgen
descobre acidentalmente os raios X, quando
estudava válvulas de raios catódicos. Verifi-
cou que algo acontecia fora da válvula e fazia
brilhar no escuro focos fluorescentes. Eram
raios capazes de impressionar chapas fotográ-
ficas através de papel preto. Produziam foto-
grafias que revelavam moedas nos bolsos e os
ossos das mãos. Estes raios desconhecidos são
chamados simplesmente de “x”.
1.7.6 Radiação de nêutrons
Nêutrons são partículas muito penetran-
tes. Originam-se do espaço externo, por coli-
sões de átomos na atmosfera, e por quebra ou
ficção de certos átomos dentro do reator nu-
clear. Água e concreto são as formas mais co-
muns usadas como barreiras contra radiação
por nêutrons.
Resíduos Radiativos
Entre todas as formas de lixo, os resíduos
radiativos são os mais perigosos. Substâncias
radiativas são usadas como combustível em
usinas atômicas de geração de energia elétri-
ca, em motores de submarinos nucleares e em
equipamentos médico-hospitalares. Mesmo
depois de esgotarem sua capacidade como
combustível, não podem ser destruídas e per-
manecem em atividade durante milhares e até
milhões de anos. Despejos no mar e na atmos-
fera são proibidos desde 1983, mas até hoje
não existem formas absolutamente seguras de
armazenar essas substâncias. As mais reco-
mendadas são tambores ou recipientes imper-
meáveis de concreto, à prova de radiação, que
devem ser enterrados em áreas geologicamente
estáveis. Essas precauções, no entanto, nem
sempre são cumpridas e os vazamentos são
freqüentes. Em contato com o meio ambiente,
as substâncias radiativas interferem diretamen-
te nos átomos e moléculas que formam os te-
cidos vivos, provocam alterações genéticas e
câncer.
Limites máximos de doses permissíveis
Conforme norma C.N.E.N. Ne-3.01 são
admitidos os seguintes níveis:
Para indivíduos do público:
– 0,05 mRem/h ..................... 0,0005 mSv/h
– 0,4 mRem/dia ................. 0,004 mSv/dia
– 2,0 mRem/semana ..... 0,02 mSv/semana
– 100 mRem/ano (0,1 Rem) ..... 1,00 mSv/ano
Para trabalhadores
– 2,5 mRem/h ......................... 0,25 mSv/h
– 20 mRem/dia ..................... 0,2 mSv/dia
– 100 mRem/semana ....... 1,0 mSv/semana
– 500 mRem/ano ...................... 50 mSv/ano
Unidades de Radioatividade do
Sistema Internacional
Equivalente de dose de uma
radiação igual a 1 joule por
quilograma. Nome especial
para a unidade SI adotada
pela 16a CGPM/1979.
Atividade
Grandeza Nome Símbolo Definição
becquerel Bq
Atividade na qual se produz
uma desintegração nuclear
por segundo.
Exposição coulomb/Kg C/kg
Exposição tal que a carga to-
tal de íons de mesmo sinal
produzidos em 1 quilograma
de ar é de 1 coulomb em va-
lor absoluto.
Dose
absorvida gray Gy
Dose de radiação ionizante
absorvida uniformemente
por uma porção de matéria,
à razão de 1 joule por qui-
lograma de sua massa.
Equivalente
de dose sievert Sv
Higiene Industrial
25
IRRADIADOR
Principais itens a serem inspecionados em um irradiador.
CABO DE COMANDO
Cabo de comando com unidade de comando para avanço e retração.
Tubo guia da fonte (extensão) usado para ensaios radiográficos panorâmicos.
26
Higiene Industrial
Símbolo da presença de radiação.
Deve ser respeitado e não temido.
CAVALETE E BANDEIROLA DE INTERDIÇÃO
CONFORTO GERA SAÚDE
Higiene Industrial
27
LER é a terminologia do nosso país para
designar afecções músculo-tendinosas que
atingem, principalmente, os membros superio-
res até a região cérvico-braquial, em decorrên-
cia de um conjunto de fatores existentes no
trabalho. Tem-se constituído em um grande
problema da saúde pública em muitos dos paí-
ses industrializados. Esta terminologia pode-
rá ser modificada para DORT – Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho,
nas normas técnicas para avaliação de incapa-
cidades da Previdência Social de 1997 (Diá-
rio oficial de 11/06/97), o que tem gerado em
todo país muitos fóruns de discussão.
1. Conseqüências de uma ler instalada
Uma vez portadora de LER, a pessoa co-
mumente sofre com:
– perda da capacidade produtiva;
– perda de movimentos básicos;
– perda da auto-estima pelo sentimento
de inutilidade;
– depressão profunda;
– falta de vontade para reagir;
– sentimentos de culpa, de revolta, de in-
capacidade física e psicológica peran-
te a vida.
2. Aspectos a considerar
A designação genérica LER enfatiza os
movimentos repetitivos. Tal condição, embo-
ra necessária, não é suficiente pois pianistas,
digitadores, taquígrafos, datilógrafos, em si-
tuação de uso muito intenso das mãos, às ve-
zes passam toda a vida sem manifestarem a
doença. Isto sugere que outros fatores atuam
em conjunto para o aparecimento de LER.
A seguir estão relacionados fatores adicio-
nais que contribuem para o surgimento ou agra-
vamento das LER:
Fatores ambientais
– Postura e rotina de trabalho inadequadas;
– mobiliário inadequado – mesa, cadei-
ra, mouse, teclado, suportes;
– características da profissão.
Fatores físicos
– Condição física – estrutura muscular e
nervosa – por falta de uma atividade fí-
sica sistemática, os músculos atrofiam-
se com o tempo e as pessoas armaze-
nam tensões que predispõem à doença;
– condição orgânica – grau de saúde –
muitas vezes, a pessoa já está debilita-
da, o que facilita o acesso à doença.
Fatores psicológicos
– Inseguranças e Medos – É alarmante o
número de empregados de empresas
estatais acometidos de LER, em rela-
ção aos demais trabalhadores, o que
sugere uma forte ligação com a
somatização dos medos de perda da es-
tabilidade que os protegia;
– visão de mundo – pessoas pessimistas,
introspectivas e com uma visão mais
restrita do mundo são mais susceptíveis;
– incapacidade de assimilação das mu-
danças.
No dizer da Dra. Leny Sato(1):
“Os aspectos emocionais são responsáveis
por mais de 60% do agravamento do que é
chamado LER”.
3. Estágios evolutivos da ler
Grau I – Sensação de peso e desconforto
no membro afetado – dor espontânea, leve e
fugaz, sinais clínicos ausentes. Tem bom prog-
nóstico.
Grau II –Dor persistente e mais intensa,
aparece de forma intermitente, formigamen-
tos e calor; ocorre a redução de produtivida-
de. Prognóstico favorável.
Grau III – Dor persistente, mais forte e tem
irradiação definida. Prognóstico reservado.
Grau IV – Dor forte, contínua, insupor-
tável e intenso sofrimento; alterações psicoló-
gicas com quadros de depressão, ansiedade e
angústia. Prognóstico sombrio.
4. Diagnóstico
Existem várias formas clínicas das LER,
das quais as mais freqüentes são as causado-
ras de inflamações de tecidos, tendões, fascias
e ligamentos, músculos e nervos, de extensão
aguda ou crônica, que podem ocorrer isoladas
ou associadas.
O diagnóstico é essencialmente clínico,
pois depende principalmente, na queixa do
paciente, em seu discurso sobre a dor e na sua
história clínica ocupacional, já que não se pode
“ver” as LER. E ainda através de um exame
físico detalhado, exames complementares
quando necessários, levando-se também em
conta a análise das condições de trabalho que
propiciaram o surgimento dalesão.
Os casos de LER diagnosticados precoce-
mente têm bom prognóstico, desde que o tra-
tamento seja iniciado de imediato.
(1) Dra. Leny Sato, Psicóloga pela USP. Mestre em Psicologia Social - PUC-
SP, professora do Depto. de Psicologia Social do Trabalho - USP.
28
Higiene Industrial
O fator desconhecimento da doença, tem cau-
sado sérios desvios de tratamento e levado os
pacientes a uma verdadeira peregrinação por
um diagnóstico, em muitos casos, aumentan-
do os temores em relação ao futuro e piorando
o quadro psicossomático dos mesmos.
O uso de eletroneuromiografia como ins-
trumento de diagnóstico mostra-se altamente
doloroso. O sentimento dos portadores é de
que há sensível piora dos sintomas.
Desde 1993, o INSS reconhece as diver-
sas manifestações de LER em qualquer fun-
ção exercida, desde que estabelecida a relação
entre a lesão e o trabalho. Entre as LER reco-
nhecidas oficialmente estão as epicondilites,
bursites, cistos sinoviais, tendinites etc.
A emissão de CAT – Comunicação de Aci-
dente de Trabalho, mesmo nos casos iniciais,
deve ser efetuada por médico da empresa, SUS
e demais profissionais de saúde.
5. Prevenção da ler
Medidas simples è resultados significativos
Pequenas modificações no processo e or-
ganização do trabalho, com diversificação das
tarefas e redução do tempo de exposição mos-
tram-se bastante eficazes. Deve-se adequar os
móveis e equipamentos do ponto de vista
ergonômico. Cabe estudo ergonômico dos pos-
tos de trabalho nas empresas que, a exemplo
da PETROBRAS, possuem CIPA ou órgãos
especializados em engenharia de segurança e
medicina do trabalho.
Atividades em grupo para esclarecimento
e adoção de uma postura proativa diante da
situação também zelam por condições higiê-
nicas no trabalho e melhoria da qualidade de
vida dos envolvidos.
Deve-se, ainda, monitorar os empregados
não só em nível de suas condições ergonômi-
cas, mas das condições clínicas, grau de su-
cesso no trabalho, auto-estima e nível de socia-
bilidade e cooperação na Organização.
Fator não menos importante, nesse mo-
mento em que a globalização e a competição
intensa ditam novas formas de trabalho, de
modo que as pessoas da organização sentam-
se atualizadas. Capacitá-las para as novas de-
mandas, tanto técnicas quanto interpessoais,
devolve-lhes a autoconfiança e a auto-estima,
prepara-as para o convívio com as incertezas
do futuro.
“Devemos aumentar a estrutura, quando se
aumenta a exigência” Antônio Tadeu Benatti(2).
(2) Dr. Antônio Tadeu Benatti - consultor, diretor da Benatti & Benatti S/C
Associados.
1.8 PPEOB: Programa de Prevenção da
Exposição Ocupacional ao Benzeno
1.8.1 Objetivos
– Preservar a saúde das pessoas;
– Preservar o meio ambiente;
– Prevenir acidentes e ocorrências anor-
mais.
1.8.2 Propriedades toxicológicas
– Classificação: Cancerígeno
– Limite de tolerância (NR-15): Não há
– Valor de Referência Tecnológico
 (VRT): 1 ppm
– Absorção pela pele: SIM
– Limite de Odor: 12 ppm (ACGIH
1991).
Benzeno (C6H6)
Informações gerais
É um líquido incolor, volátil, com odor
aromático caraterístico. O benzeno costuma ser
referido como “benzol”, uma mistura de ben-
zeno com outros hidrocarbonetos aromáticos
(tolueno e xileno). Não deve ser confundido
com benzina, que é uma mistura heterogênea
de vários hidrocarbonetos alifáticos (pentano,
hexano, heptano) e aromáticos (tolueno,
xileno e pequenas quantidades de benzeno).
A benzina é usada como solvente comercial.
Usos: matéria-prima e intermediário na
produção de grande número de substâncias
químicas, a exemplo do estireno, fenol, ciclo-
hexano, anidrido maleico, etc., indústria de
detergentes, indústria de explosivos, indústria
farmacêutica, indústria de inseticidas, indús-
tria de fotogravura, indústria da borracha, in-
dústria de plásticos, produção de solventes e
removedores de tintas, etc.
O benzeno pode estar presente como con-
taminante em diversos produtos, como tintas,
colas e vernizes.
Na indústria do petróleo, é usado em for-
ma pura nos laboratórios, para análise, e está
presente como contaminante em diversos de-
rivados, como gasolina, hexano, querosene,
tolueno, etc.
Sinônimos: benzol, ciclo-hexatrieno, bi-
carbureto de hidrogênio, nafta mineral.
Grau de Insalubridade (NR 15)
Máximo.
Grau de risco à saúde (API)
Moderado à exposição aguda e alto à ex-
posição crônica excessiva.
Higiene Industrial
29
Classificação de carcinogenicidade ocu-
pacional (ACGIH / 95-96)
Confirmado como carcinogênico para o
homem.
Limites de tolerância
LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH / 95-96) = 10
ppm, 32 mg/m3
LT-MP ou TLV-TWA (OSHA) = 1 ppm
IDLH (NIOSH) = 3.000 mg/m3
MAC (Rússia) = 5 mg/m3
VRT-MPT - NR 15 (Brasil) = 1 ppm (indús-
trias em geral)
PROPOSTA DE MUDANÇA:
LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH / 95-96) = 0, 3
ppm, 0, 96 mg/m3
1.8.3 Toxicocinética e toxicodinâmica
Exposição aguda
O benzeno é altamente volátil, e por ser
muito lipossolúvel, é rapidamente absorvido
pela via respiratória ao ser inalado, distribuí-
do e armazenado em tecidos ricos em gordu-
ras como o sistema nervoso central e medula
óssea.
Cerca de 50% do total de benzeno inalado
são absorvidos. Do total absorvido, 10 a 50%
são eliminados pela urina, após biotransfor-
mação em maior proporção no fígado, em
metabólitos solúveis em água como fenol
(30%), hidroquinona (1%) e catecol (3%), que
são conjugados com a glicina e o ácido glu-
curônico.
 A eliminação do benzeno inalterado no
ar exalado tem três fases:
1ª Fase: muito rápida, que ocorre 2 a 3
horas após a exposição; provém da fração de
benzeno dissolvida no sangue.
2ª Fase: intermediária, no período de 3 a
7 horas; o benzeno provém dos demais teci-
dos, exceto o gorduroso.
3ª Fase: lenta, no período de 30 horas; o
benzeno provém do tecido gorduroso.
O efeito agudo na via respiratória mani-
festa-se através de irritação de brônquios e la-
ringe, surgindo tosse, rouquidão e edema pul-
monar. O benzeno atua, porém, predominan-
temente, sobre o sistema nervoso central como
depressor, levando ao aparecimento de fadi-
ga, dor de cabeça, tontura, convulsão, coma
e morte em conseqüência de parada respirató-
ria. O benzeno predispõe a arritmias cardíacas
graves, como a fibrilação ventricular, devido
à sensibilização do miocárdio. A exposição a
altas concentrações (20.000 ppm) é rapidamen-
te fatal (Quadro 1).
O benzeno na forma líquida pode ser ab-
sorvido através da pele, onde pode provocar
efeitos irritantes como dermatite de contato,
eritema (áreas avermelhadas) e bolhas, pelo
efeito desengordurante.
O contato com os olhos provoca sensação
de queimação, com lesão das células epiteliais.
A ingestão do benzeno provoca sensação
de queimação na mucosa oral, faringe e no
esôfago, dor retroesternal e tosse. A ingestão
da substância na dosagem de 15 a 20 mL pode
provocar a morte no adulto.
Exposição crônica
A exposição crônica ao benzeno pode pro-
duzir toxicidade na medula óssea que pode tra-
duzir-se em anemia aplástica e leucemia agu-
da. Aberrações nos cromossomos têm sido
observadas em animais e homens expostos ao
benzeno, tanto em células da medula óssea
como em linfócitos periféricos da corrente
sangüínea.
Quadro 1. Efeitos do organismo a diferentes con-
centrações do benzeno
Fonte: American Petroleum Institute.
25
50 - 100
500
7.000
20.000
Concentração de
Vapores de Benzeno
(ppm)
Tempo de
exposição
8 horas
6 horas
1 hora
30 min
5 min
Resposta
Nenhuma
Leve sonolência e dor
de cabeça leve
Sintomas de toxicidade aguda
Perigoso para a vida,
efeitos depressores
Fatal
Estas doenças sangüíneas, encontradas na
exposição crônica ao benzeno, têm sido atri-
buídas aos seus metabólitos. Através das rea-
ções de oxidação, principal via metabólica da
biotrnasformação

Outros materiais