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HIGIENE DO TRABALHO Prof. (a).: Esp. Morgana Freitas Unid. I TÓPICO 1 - RUÍDO E VIBRAÇÃO 2 Segundo Russo, Toise e Pereira (1984), o ruído é uma superposição de vários movimentos vibratórios, com frequências e intensidades diferentes. Seus componentes não são harmônicos entre si, comportando-se como um todo único. Geralmente, a sensação auditiva subjetiva provocada por ele é desagradável e perturbadora, principalmente quando se apresenta intenso e inesperado. Leal (2008, S.P) relata que os riscos físicos se caracterizam por: a) Exigirem um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua nocividade. b) Agirem mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do risco. c) Em geral ocasiona lesões crônicas, mediatas. CONCEITOS GERAIS RELACIONADOS AO RUÍDO 3 • SOM • RUÍDO • FREQUÊNCIA • INTENSIDADE DOENÇAS E SINTOMAS QUE O RUÍDO CAUSA NO ORGANISMO 4 Dilatação da pupila; aumento da produção de hormônios da tireoide; aumento de batimento cardíaco; contração dos vasos sanguíneos; aumento da produção de adrenalina; baixo rendimento no trabalho; ansiedade; tensão; irritabilidade; insônia; alteração nos ciclos menstruais; impotência; nervosismo; baixa concentração; cansaço; aumento da pressão sanguínea; acidentes e outros. AVALIAÇÃO DO RUÍDO 5 Avaliação Ocupacional: Esse tipo de controle visa constatar os possíveis riscos de dano auditivo e seu controle. Avaliação do ruído para caracterização da insalubridade: NR 15, Anexos 1 e 2 Avaliação para fins de aposentadoria especial: NR 15, ACGIH, e da Previdência Social (Decreto nº 3.048/99). Avaliação para fins de conforto: NR 17 da Portaria nº 3.214/78 e nas normas da ABNT, em especial, NBR 10152. Avaliação da perturbação do sossego público: Legislação municipal, estadual ou federal, NBR 10151 e 10152 da ABNT. PROCESSOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AO RUÍDO 6 APR NO AMBIENTE MEDIÇÃO P/ FUNÇÃO OU GRUPO HOMOGÊNIO EPI X EPC NR-15 INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO RUÍDO 7 Lembrando que a calibração de todos os aparelhos de medição é importante e as aferições precisam ser realizadas periodicamente. Essas aferições, depois de realizadas, devem ser certificadas pelo fabricante, assistência técnica autorizada ou laboratórios credenciados para esse objetivo. NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 ANEXOS 1 E 2 8 A Norma Regulamentadora nº 15, em seus anexos 1 e 2, traz os limites de tolerância para os ruídos contínuos ou intermitentes e de impacto. NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL NHO 01 9 A NHO 01 tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional ao ruído, que implique risco potencial de surdez ocupacional. RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE RUÍDO DE IMPACTO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA – PCA 10 O ponto inicial do PCA é a inspeção no ambiente de trabalho, verificando cada função e analisando cada posto de trabalho, identificando onde possa existir o ruído. O que é o Leq - É o nível de pressão sonora médio durante um período de tempo ou nível contínuo equivalente. O que é o NEN - O termo significa Nível de Exposição Normalizado e representa o Nível Médio (LAVG, TWA, LEQ) convertido para uma jornada padrão de 08 horas, para fins de comparação com o limite de tolerância de 85 dBA. SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS 11 As medidas de controle do ruído podem ser consideradas basicamente de 3 (três) maneiras distintas: na fonte, na trajetória e no homem. As medidas na fonte e na trajetória deverão ser prioritárias, quando viáveis tecnicamente (SALIBA, 2013). VIBRAÇÕES 12 A vibração é um deslocamento oscilatório de um corpo em razão de forças desequilibradas de elementos rotativos e movimentos intermitentes de uma máquina ou equipamento. Vibração ocupacional de corpo inteiro Vibração ocupacional localizada ou de mão e braço DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO CAUSA NO ORGANISMO x 13 DOENÇAS E SINTOMAS QUE A VIBRAÇÃO LOCALIZADA OU DE MÃO E BRAÇO CAUSAM NO ORGANISMO 14 NHO 09, NHO 10 E NR 15 – ANEXO 8 NHO-09 Esta norma técnica tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro (VCI), que impliquem possibilidade de ocorrência de problemas diversos à saúde do trabalhador, entre os quais aqueles relacionados à coluna vertebral (FUNDACENTRO, 2013). NHO-10 Esta norma técnica tem por objetivo estabelecer critérios e procedimentos para avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços que implique risco à saúde do trabalhador, entre os quais a ocorrência da síndrome da vibração em mãos e braços (SVMB) (FUNDACENTRO, 2013). NR-15 Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são os estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO. 15 TÓPICO 2 16 TEMPERATURAS EXTREMAS E PRESSÕES ANORMAIS TEMPERATURAS EXTREMAS: 17 As temperaturas extremas são situações térmicas que exigem muito dos trabalhadores em seus afazeres profissionais. Elas podem ser identificadas em vários locais de trabalho, que podem ser em ambientes internos ou externos, mas que ambos podem acarretar muitos problemas aos trabalhadores. As temperaturas extremas são divididas em calor e frio. CALOR 18 Calor é uma forma de energia que se transfere de um sistema para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre eles (ALMEIDA, 2015). Conceito de acordo com a ciência (Física): É uma forma de energia, sendo a energia térmica em movimento entre partículas atômicas. INDÚSTRIAS DE FUNDIÇÃO, METALÚRGICAS, PAPEL, VIDRO, SIDERURGIAS, OLARIAS, ENTRE OUTROS. Doenças e sintomas que o calor causa no organismo 19 As quatro principais doenças que a exposição ao calor causa são: • Exaustão: Os vasos sanguíneos dilatam e acontece uma falta de sangue do córtex cerebral, onde resulta na baixa de pressão arterial. • Desidratação: Reduz o volume do sangue, onde resulta a exaustão do calor. • Câimbras: Com o suor excessivo, o trabalhador perde água e sais minerais, principalmente o cloreto de sódio, que tem consequência de ocorrer espasmos musculares e câimbras. • Choque térmico: Quando a temperatura do corpo chega a certa temperatura, coloca em risco algum tecido vital que não pode ser atingido. EXAUSTÃO 20 DESIDRATAÇÃO 21 CÂIMBRAS 22 Processo para caracterização de exposição ao calor 23 - Todo o procedimento de trabalho. - Quais são as máquinas e os equipamentos que o trabalhador utiliza em sua jornada de trabalho. - Se o trabalhador está exposto à carga solar ou não. - Qual o seu ciclo de trabalho contando tempo trabalhado e tempo de descanso. - Outras informações que apontem necessárias. NR 15 e na NHO 06. 24 Depois de realizadas as medições e levantados os valores, é hora de comparar os valores obtidos aos expostos na NR 15 em seu anexo nº 3. Somente assim será caracterizada ou não a insalubridade. Instrumentos para avaliação do calor: Termômetro de globo (Tg) Termômetro de bulbo úmido natural (tbn) Termômetro de bulbo seco (tbs) Equipamentos de Proteção Individuais – EPI X Equipamentos de Proteção Coletivos – EPC 25 São várias as medidas que podem ser tomadas para evitar o agente físico calor. Entre elas estão: barreiras, ventilação, aclimatização, pausas para descanso e hidratação, entre outras, que podem ser consideradas por um profissional especializado.FRIO 26 No frio ocorre o oposto de quando estamos expostos ao calor extremo com o nosso corpo. Acontece um estreitamento dos vasos sanguíneos da pele e extremidades (orelhas, nariz e dedos da mão e do pé) para segurar a perda de calor do ambiente, que traz a consequência de queda repentina de temperatura. Assim sendo, mais sangue é remetido aos órgãos indispensáveis à nossa vida, como o cérebro e o coração. Doenças e sintomas que o frio causa no organismo 27 Hipotermia Congelamento Doença nos pés Instrumentos para avaliação do frio 28 A gravidade da exposição ocupacional ao frio deve levar em consideração a temperatura do ar e a velocidade do vento e da atividade física. 29 O local de trabalho deve ser monitorado da seguinte forma: a) todo local de trabalho com temperatura ambiente inferior a 16°C deverá dispor de termômetro adequado para permitir total cumprimento dos limites estabelecidos; b) sempre que a temperatura do ar no local de trabalho cair abaixo de -1°C a temperatura deve ser medida e registrada a cada quatro horas; c) sempre que a velocidade do vento exceder a 2 m/s em ambientes fechados deve ser medida e registrada a cada quatro horas; d) em situações de trabalho a céu aberto, a velocidade do vento deve ser medida e registrada junto à temperatura do ar quando esta for inferior a -1°C; e) em todas as situações que forem necessárias, a medição de movimentação do ar e a temperatura equivalente de resfriamento (TER) devem ser obtidas por meio da Tabela 1, e registrada com outros dados sempre que a resultante for inferior a -7°C (MATOS, 2007). PRESSÕES ANORMAIS 30 As pressões anormais são conhecidas assim pelo fato de serem operações praticadas com pressões acima (hiperbárica) e abaixo (hipobárica) da pressão atmosférica normal. TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE ALTA PRESSÃO – HIPERBÁRICA As condições em pressões hiperbáricas significam que o trabalhador está sujeito a pressões acima da pressão atmosférica. São eles os trabalhos sob ar comprimido e trabalhos submersos. Doenças e sintomas que a alta pressão causa no organismo: Barotrauma Pulmonar Barotrauma de Ouvido Doença Descompressiva TRABALHOS SOB CONDIÇÕES DE BAIXA PRESSÃO – HIPOBÁRICA 31 Pode ser considerada uma pressão hipobárica quando o trabalhador vai exercer suas atividades a pressões menores que a pressão atmosférica. Essa circunstância pode ocorrer quando o trabalhador vai trabalhar em altitudes elevadas. Um exemplo são trabalhadores de um arranha-céu. Doenças e sintomas que a pressão hipobárica causa no organismo Essa falta de oxigênio pode ocasionar ao trabalhador dores de cabeça, perda de percepção mental, perda de coordenação, perda de estabilidade física e problemas com movimentação do corpo. TÓPICO 3 - RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES, INFRASSOM, ULTRASSOM E UMIDADE 32 RADIAÇÕES IONIZANTES É a radiação eletromagnética que tem energia satisfatória para ocasionar transformação nos átomos em que se acomete – ionização – que é a condição dos raios X, alfa, beta e gama e dos materiais radioativos. DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO 33 Conforme Saliba (2013, p. 248), são várias as alterações que as radiações ionizantes causam ao organismo: A resposta dos diferentes órgãos e tecidos à radiação é variável tanto em relação ao tempo de aparecimento quanto à gravidade dos sintomas. Assim, poderão ocorrer alterações no sistema hematopoiético (perda de leucócitos, diminuição do número de plaquetas, anemia), no aparelho digestivo (inibição da proliferação celular, diminuição ou supressão de secreções), na pele (inflamação, eritema e descamação), no sistema reprodutor (redução da fertilidade ou esterilidade), nos olhos, no sistema cardiovascular (pericardites), no sistema urinário (fibrose renal) e no fígado (hepatite de radiação). PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE 34 Para caracterização da radiação ionizante em um ambiente de trabalho, deve ser realizada a avaliação quantitativa, onde é relatada a exposição com os equipamentos indicados: contador Geiger ou dosímetros fotográficos. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI 35 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA – EPC 36 - Limitação das fontes de radiação - Tempo - Distância - Blindagem - Barreiras divisórias 37 A seguir, o símbolo internacional de material radioativo e o símbolo complementar de radiação ionizante. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES 38 Conforme o espectro eletromagnético, as radiações não ionizantes são: ultravioleta, infravermelho, micro-ondas, radiofrequências, laser, campos magnéticos estáticos, campos magnéticos de subfrequência e campo eletrostático (SALIBA, 2013). Radiações ultravioletas Radiação infravermelha Micro-ondas e radiofrequências Laser DOENÇAS E SINTOMAS QUE A RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE CAUSA NO ORGANISMO 39 Radiações ultravioletas: Escurecimento da pele, eritemas, pigmentação retardada, interferência no crescimento celular, perda de elasticidade da pele, queratose actínica e até mesmo câncer de pele. - A chance de desenvolver um câncer de pele decorre de diversas causas, como: coloração da pele; histórico de queimaduras solares; dose concentrada de UV; sensibilidade genética, entre outros. Radiações infravermelhas: Pode remeter à perda da acuidade visual, turvação na córnea, lesões, intensificação de pigmentação da pele e queimaduras pelo fato de o trabalhador estar exposto a altos níveis de brilho causado pela radiação. Micro-ondas e radiofrequências: Elevação da temperatura corporal, mas dependendo de qual parte do corpo que foi mais exposta à radiação. As microondas que elevam os 3.000 mHz são exauridas pela pele muito facilmente. Laser: Os riscos da radiação laser estão limitados aos olhos, variando os efeitos adversos produzidos em diferentes regiões espectrais. Mesmo assim, podem atingir, de maneira leve, a pele (SALIBA, 2013). PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE 40 PARA O AMBIENTE DE TRABALHO SER CONSIDERADO UM AMBIENTE DANOSO, ELE PRECISA PASSAR POR UMA INSPEÇÃO PARA COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO AGENTE. INFRASSOM E ULTRASSOM 41 Sons na faixa de frequência dos 20Hz aos 20.000Hz. Ultrassom é um som que está em uma frequência excedente ao que nossa audição pode perceber. Acima desse espaço, os sons são chamados de ultrassons e abaixo de infrassons. UMIDADE 42 A umidade pode ser caracterizada pela quantia de vapor d’água que se encontra em suspensão na atmosfera. Assim como qualquer outro agente, a umidade pode ser favorável ou desfavorável para nós, pois vai depender da quantidade que vamos estar expostos e como a umidade vai atuar no local. Lavanderias Lava a Jato Frigoríficos Cozinhas Pesca Areais DOENÇAS E SINTOMAS QUE A UMIDADE CAUSA NO ORGANISMO 43 Doenças no aparelho respiratório, na pele e circulatórias. PROCESSO PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO À UMIDADE Não existem limites de tolerância para exposição à umidade. Então, para o ambiente de trabalho ser considerado um ambiente úmido, ele precisa passar por uma inspeção, na qual será feita uma avaliação qualitativa. Mas existem alguns pontos que podemos levar em conta na avaliação do ambiente de trabalho: • Os sapatos dos trabalhadores não podem estar encharcados quando forem exercer suas funções. • Verificar se as vestimentas dos trabalhadores estão úmidas ou molhadas. • Quanto tempo os trabalhadores estão expostos ao ambiente com umidade. • Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva que os trabalhadores fazem uso. Equipamentos de Proteção Individual – EPI 44 Vestimentas e macacão de corpo todopara proteção do tronco contra umidade proveniente de operações com uso de água, luvas, mangas, calçados e perneiras para proteção contra umidade proveniente de operações com uso de água. Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC 45 46 HIGIENE DO TRABALHO Prof. (a).: Esp. Morgana Freitas Unid. II AGENTES QUÍMICOS TÓPICO 1: CONCEITOS, FORMAS DE ABSORÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS 48 GASES E VAPORES Vapor: é o estado gasoso de substâncias que em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760mmHg), se encontram no estado líquido ou sólido. Ex.: Vapor de água. Gás: em condições normais de temperatura e pressão, a substância já se encontra no estado gasoso. Ex.: Oxigênio. • Os gases e vapores podem ser classificados em irritantes, anestésicos e asfixiantes, e uma substância pode ser enquadrada em mais de um tipo ao mesmo tempo. Por exemplo, um gás pode ser anestésico e asfixiante. Esta classificação é baseada no efeito que o agente causa no organismo humano. 49 Irritantes: são gases e vapores que irritam as mucosas assim que entram em contato direto. Esses se dividem em irritantes primários e irritantes secundários. Aqueles caracterizam-se pela ação apenas irritante no local em que o contato ocorre; não afetam o organismo como um todo. Já estes, além de irritarem o local de contato, o organismo como um todo é atingido. O grau de irritação dependerá da solubilidade da substância. Anestésicos: estes atuam sobre o sistema nervoso central, possuem efeito narcótico ou depressivo. Os gases e vapores anestésicos podem ainda ser classificados como anestésico primário, anestésico de efeito sobre o fígado e rins, anestésico de efeito sobre o sistema formador do sangue e anestésico de efeito sobre o sistema nervoso central. Vale ressaltar que esses agentes penetram o organismo através das vias respiratórias e quando atingem os pulmões são transferidos para o sangue e, consequentemente, para o restante do corpo, podendo também penetrar o organismo através da pele. Asfixiantes: sabe-se que o ar deve possuir 19,5% a 23,5% de oxigênio, onde concentrações superiores a 23,5% configuram risco de explosão devido à alta concentração de oxigênio e valores inferiores a 19,5% configuram riscos iminentes à saúde do trabalhador. Os asfixiantes são divididos em: asfixiantes simples, que são aqueles capazes de deslocar o oxigênio do ambiente, não atuam dentro do organismo do trabalhador; e asfixiante químico, que atua no organismo do trabalhador, dificultando a entrada de oxigênio nos tecidos. 50 GASES IRRITANTES GASES ANESTESIANTES GASES ASFIXIANTES AERODISPERSOIDES 51 São partículas sólidas ou líquidas que possuem diâmetro menor, em média, 100μm, ficando em suspensão na atmosfera. O tempo em que o agente fica em suspensão irá depender basicamente da densidade, do tamanho da partícula e da velocidade de movimentação no ar. Os aerodispersoides podem ser classificados quanto à sua formação em: poeiras, fumos, névoas, neblinas e fibras; e quanto ao seu efeito no organismo são classificados como: pneumoconiótico, tóxico, alérgico e inerte. Poeira Fumos Fibras Fumaça Neblinas Névoas 52 • As avaliações ocupacionais se concentram nos particulados denominados respiráveis, uma vez que estes permanecem mais tempo em suspensão e facilitam a sua penetração no organismo através do sistema respiratório. Lembrando sempre que, para que os agentes químicos causem danos à saúde do trabalhador, eles devem estar em concentração prejudicial e o trabalhador precisa ficar exposto por determinado tempo. VIAS DE ABSORÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS NO ORGANISMO 53 Via respiratória Via cutânea Via digestiva DOENÇAS RELACIONADAS AOS AGENTES QUÍMICOS 54 A doença do trabalho é desencadeada pelas condições do ambiente do trabalho. Podem se manifestar de forma lenta, levando até vários anos, o que dificulta a ligação da doença com o trabalho desenvolvido. Quando se realiza a investigação de uma doença do trabalho, é necessário avaliar todos os fatores presentes no local de trabalho, uma vez que esses podem estar interligados ao agravo de incidentes à saúde do trabalhador. PNEUMOCONIOSES SILICOSE ASBESTOSE PNEUMOCONIOSE DOS TRABALHADORES DE CARVÃO (PTC) ASMA OCUPACIONAL SATURNISMO HIDRARGIRISMO 55 DOENÇA CAUSADA PELA EXPOSIÇÃO AO CROMO A exposição ao cromo ocorre, principalmente, em galvanoplastias, indústria do cimento, produção de ligas metálicas, soldagem de aço inoxidável, produção e utilização de pigmentos na indústria têxtil, de cerâmica, vidro e borracha, indústria fotográfica e em curtumes. Geralmente, ele ocorre na forma de névoas ácidas dispersas no ambiente laboral. Segundo Brasil (2006a), uma vez ocorrida a intoxicação, os sintomas são: prurido nasal, rinorreia, epistaxe, que evoluem com ulceração e perfuração de septo nasal; irritação de conjuntiva com lacrimejamento e irritação de garganta; Na pele, observa-se prurido cutâneo nas regiões de contato, erupções eritematosas ou vesiculares e ulcerações de aspecto circular com dupla borda, a externa róseae a interna escura (necrose), o que lhe dá um aspecto característico de "olho de pombo"; A irritação das vias aéreas superiores também pode manifestar-se com dispneia, tosse, expectoração e dor no peito. O câncer pulmonar é, porém, o efeito mais importante sobre a saúde do trabalhador. DOENÇAS CAUSADAS PELA EXPOSIÇÃO A SOLVENTES ORGÂNICOS 56 Além disso, é importante frisar que algumas destas substâncias possuem efeito ototóxico, causando problemas funcionais e degeneração celular dos tecidos da orelha interna, especialmente nos órgãos sensoriais e neurônios da cóclea e aparelho vestibular. Para que isso ocorra é necessário que o trabalhador esteja exposto ao solvente orgânico e ao ruído em doses prejudiciais e sem a devida proteção. BENZENISMO A intoxicação por benzeno recebe o nome de benzenismo, um conjunto de manifestações ou alterações hematológicas resultantes da exposição a esta substância. • A Portaria Nº 776/GM, de 28 de abril de 2004, dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos relativos à vigilância da saúde dos trabalhadores expostos ao benzeno. DERMATITE 57 Mas o que é a dermatite ocupacional? É toda alteração das mucosas, pele e seus anexos que seja direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de trabalho (ALI, 1995). Dermatite de contato por irritantes Dermatite irritativa de contato forte (DICF) Dermatites alérgicas de contato (DAC) ULCERAÇÕES 58 • ÚLCERA CRÔNICA DA PELE NÃO CLASSIFICADA EM OUTRA PARTE A exposição ao cromo pode provocar, além das úlceras crônicas de pele, a dermatite de contato irritativa, irritação e ulceração da mucosa nasal, levando à perfuração do septo nasal, principalmente em trabalhadores expostos a névoas de ácido crômico, nas galvanoplastias. Entretanto, o surgimento de dermatite de contato alérgica também é comum. A exposição em longo prazo pode provocar câncer das fossas nasais e câncer de pulmão. Segundo Brasil (2006c), o contato da pele com ácidos ou álcalis fortes pode provocar ulceração da pele em curto prazo (forma aguda) ou em longo prazo (forma crônica). CÂNCER CUTÂNEO OCUPACIONAL 59 Além da exposição à radiação solar, alguns agentes químicos são capazes de causar câncer de pele. É fundamental que a exposição seja habitual para que se chegue neste quadro clínico. PREVENÇÃO 60 Recomenda-se observar a adequação e o cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO (NR 7), da Portaria/MTb nº 3.214/78 além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios. O Anexo nº 11 da NR 15 define os LT das concentrações em ar ambiente de váriassubstâncias químicas, para jornadas de até 48 horas semanais. Esses parâmetros devem ser revisados periodicamente, e sua manutenção dentro dos limites estabelecidos não exclui a possibilidade de ocorrerem danos para a saúde. 61 O exame médico periódico objetiva a identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença, por meio de: • avaliação clínica com pesquisa de sinais e sintomas otoneurológicos, por meio de protocolo padronizado e exame físico criterioso; • exames complementares orientados pela exposição ocupacional; • informações epidemiológicas; • análises toxicológicas. Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho deve-se: • informar ao trabalhador; • examinar os expostos, visando a identificar outros casos; • notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/ MTE e ao sindicato da categoria; • providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social; • orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco. CARACTERIZAÇÃO, MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO 62 A higiene do trabalho é composta por quatro etapas: antecipação, reconhecimento, avaliação e controle do agente que possa a vir causar danos à saúde do trabalhador. CARACTERIZAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS O objetivo da caracterização é a definição de um plano de avaliação da exposição ocupacional. Uma vez caracterizado o agente de exposição, é hora de realizar a avaliação desta exposição para que as medidas de controle adequadas sejam tomadas. Grupo Homogêneo de Exposição – GHE: 63 Segundo a Instrução Normativa nº 1, de 20 de dezembro de 1995, grupo homogêneo de exposição corresponde: a um grupo de trabalhadores que experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliação da exposição de qualquer trabalhador do grupo seja representativo da exposição do restante dos trabalhadores do mesmo grupo.” (BRASIL, 1995). AVALIAÇÃO QUALITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOS 64 A avaliação qualitativa é caracterizada pela classificação da exposição aos agentes químicos que se baseia em informações sobre o tipo de substância utilizada, como ela é utilizada e seus efeitos sobre a saúde do trabalhador. Este tipo de avaliação é falha uma vez que dependerá do consenso sobre um determinado risco. 65 Classificada a exposição do trabalhador, é hora de classificar os efeitos nocivos das substâncias. Esta classificação deve se basear na gravidade dos efeitos causados no organismo do trabalhador devido à exposição deliberada a estes agentes. O Quadro 6 traz um exemplo de classificação de efeito, lembrando que outras classificações podem ser adotadas, como enfatizar o efeito cancerígeno. De posse de todos os dados de exposição e efeitos nocivos à saúde, determina-se qual é a atividade que necessita de maior preocupação e consequente monitoração. Informações como número de trabalhadores nos GHE, grupos com exposições próximas ao Limite de Tolerância, frequência de exposição, agentes cuja exposição é controlada apenas com EPIs devem ser levados em consideração (AIHA, 2015). AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DOS AGENTES QUÍMICOS 66 A avaliação quantitativa refere-se às medições de concentração dos agentes aos quais os trabalhadores ficam expostos por um determinado período e é o principal elemento para o planejamento da implantação de medidas de controle. É uma análise mais precisa, onde as concentrações das substâncias serão quantificadas. Para cada agente existe um método de coleta e análise que utiliza equipamentos específicos, o que necessita de certo investimento financeiro. A avaliação quantitativa realiza coletas ou medições dentro da zona respiratória do trabalhador, para casos de agentes particulados, e o tempo de amostragem deve ser maior que um ciclo de trabalho para que se possa avaliar a atividade como um todo. Estas avaliações não podem interferir no processo, nem mesmo no conforto do trabalhador durante a execução de suas atividades, os equipamentos devem ficar presos na cintura e o coletor próximo à zona respiratória, conforme Figura 24. TIPOS DE AMOSTRAGEM 67 As amostragens podem ser pessoal, ambiental, instantânea ou contínua. A amostragem ambiental tem como objetivo caracterizar os níveis de agente poluente do ambiente, o coletor fica fixo em um determinado ponto. Uma das grandes aplicações das amostragens instantâneas é indicar a localização de uma fonte poluidora utilizando equipamentos de leitura direta. As amostragens pessoais são aquelas cujo coletor estará preso ao trabalhador, acompanhando-o durante sua jornada de trabalho. Este tipo é o mais indicado para caracterização de exposição. 68 A amostragem INSTANTÂNEA possui a vantagem de imediata leitura de sua medição. Após várias medições a concentração será dada por: Quando se deseja realizar a comparação com os limites de tolerância, indicando se o ambiente é salubre ou não, a amostragem contínua é mais indicada. Esta amostragem possui duração que varia de 10 a 15 minutos até várias horas. O resultado da amostragem contínua representa a média dos níveis de agente durante a jornada de trabalho, não indica flutuações de níveis ou picos existentes. Em alguns casos, as amostras devem ser encaminhadas a laboratórios para se conhecer as medições, caracterizando assim sua desvantagem. DURAÇÃO E NÚMERO DE AMOSTRAS 69 A duração de uma amostragem deve ser escolhida levando em consideração a existência de limites (de oito horas, TWA, ou STEL, 15 minutos, por exemplo) e os efeitos da exposição ao agente de forma a adequar o tempo de amostragem. As amostragens podem ter durações diferentes para um mesmo agente, devido aos seus efeitos à saúde (AIHA, 2015). American Industrial Hygiene Association. Já para Fundacentro (2007): O número de amostras a serem coletadas está relacionado com o dispositivo de coleta a ser utilizado e a capacidade de retenção do filtro de membrana, variando conforme o tipo de amostra, podendo ser: a) Amostra única de período completo Uma única amostra de ar é coletada continuamente, cobrindo um período de coleta correspondente à jornada diária de trabalho. b) Amostras consecutivas de período completo Várias amostras de ar são coletadas, sendo que o período de coleta deverá corresponder à jornada diária de trabalho. c) Amostras de período parcial Uma única amostra de ar é coletada continuamente ou várias amostras são coletadas com iguais ou diferentes tempos de coleta. O período total de coleta deverá corresponder a, pelo menos, 70% da jornada diária de trabalho. INSTRUMENTAÇÃO 70 Equipamentos de leitura direta, amostradores de ar total e amostradores de separação de contaminantes são exemplos de equipamentos a serem utilizados nas avaliações quantitativas. Para selecionar os instrumentos, devem-se observar os seguintes fatores: − Facilidade de transporte e operação do aparelho. − Confiabilidade no aparelho, independente da condição de uso. − Tipo de informação que se deseja obter. − Métodos de avaliação disponíveis no aparelho. − Oferta do aparelho no mercado. − Indicação ou experiência com o aparelho. AVALIAÇÃO DE GASES E VAPORES 71 Tubos Colorimétricos: estes equipamentos utilizam métodos químicos e suas avaliações e através da alteração de sua coloração é que a concentração do poluente é indicada. É um equipamento de leitura direta. 72 Tubos de carvão ativado, sílica gel, entre outros meios de retenção: neste método, um volume conhecido de ar passa por um tubo de carvão ativado ou sílica gel com o auxílio de uma bomba gravimétrica. Posteriormente, a amostra coletada é encaminhada a um laboratóriopara análise, caracterizando assim um método de leitura indireta. Tubos de carvão ativado podem ser utilizados para benzeno, tolueno, acetonas, entre outros. Tubos de sílica gel são empregados para anilina, ácidos, aminas, entre outras. Dosimetria Passiva: Neste método, amostras de ar são coletadas sem o auxílio de bombas, fazendo uso do princípio da difusão de gases e vapores. Esse é um método de análise indireta e são conhecidos, também, por motores passivos (OVM). Avaliação de Aerodispersoides 73 Bombas de Sucção — Amostradores para Poeiras e Fumos: 74 Sistema Filtrante (Filtros, Porta-Filtros e Suportes): Filtros Porta-Filtros ou ―cassetes‖ Suportes 75 Separadores de Partículas: São utilizados para separação das partículas por tamanho. O miniciclone é o utilizado para separação de partículas onde as partículas maiores que 10 µm não passam pelo filtro. O mais utilizado é o ciclone de nylon de 10 mm de diâmetro. 76 Calibração de Bombas de Amostragem: Método da Bolha de Sabão: apesar de existirem modernos calibradores de bombas gravimétricas de calibração rápida e precisa, o método de calibração tipo bolha de sabão ainda é bastante utilizado devido ao seu baixo custo e a resultados satisfatórios. A vazão é calculada através da cronometragem do tempo de percurso da bolha de sabão na bureta. Calibradores eletrônicos: possuem o mesmo princípio de funcionamento do método de bolha de sabão, porém o resultado já é dado no display do equipamento. NORMAS E RESULTADOS 77 Mas o que devemos observar nestas normas? Os limites de tolerância de cada agente presente. E você se lembra do que são esses limites? Limites de Tolerância: segundo a NR-15 (2014) “é a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral”. • A Norma Regulamentadora nº 15 do Ministério do Trabalho e Emprego é responsável pela caracterização das atividades e operações insalubres e traz em seu texto os limites de tolerância de vários agentes físicos, químicos e biológicos. INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS 78 Uma vez definido o grupo de exposição homogêneo e realizadas todas as avaliações qualitativas e quantitativas é hora de tomar uma decisão quanto ao grau de exposição deste grupo aos agentes presentes. Esta decisão pode ser baseada no julgamento profissional (qualitativo), ou nas medições realizadas in loco (quantitativas), ou ainda na combinação de ambos os métodos. • Caso seja constatado que a exposição está acima dos limites aceitáveis, é necessário realizar uma investigação mais detalhada para descobrir como é a fonte de emissão desses agentes para que as medidas de controle sejam adotadas. O processo de avaliação ambiental não para no momento da implantação dessas medidas, são necessárias novas amostragens após a implantação para o monitoramento do ambiente. NORMAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS 79 NR 15 ACGIH NHO - FUNDACENTRO ACGIH Quando falamos de ACGIH e seus limites de tolerância, devemos lembrar que esses devem ser aplicados para fins de prevenção, como na elaboração do PPRA. Esta é apenas uma recomendação e não deve ser utilizada como documento legal. MEDIDAS DE CONTROLE 80 MEDIDAS RELATIVAS AO AMBIENTE - Mudança ou alteração do processo ou operação. - Encerramento ou enclausuramento da operação. - Segregação da operação ou do processo. - Umidificação do processo. - Ventilação geral diluidora. - Ventilação local exaustora. - Ordem e limpeza do ambiente laboral. MEDIDAS RELATIVAS AO HOMEM - Limitação do tempo de exposição. - Educação e Treinamento. - Equipamentos de Proteção Individuais. - Controle médico. 81 PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA 82 Quando falamos em agentes químicos, sabemos que a via de absorção mais comum é a respiratória, logo, os programas de segurança do trabalho voltados a agentes químicos remetem-se à proteção respiratória. A fundacentro criou uma espécie de manual sobre o Programa de Proteção Respiratória. Existe, ainda, a Instrução Normativa SSST/MTB nº 1, de 11 de abril de 1994 (DOU de 15/04/1994), que estabelece o Regulamento Técnico sobre o uso de equipamentos para proteção respiratória. PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA E SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO O objetivo principal deste programa é a minimização da exposição dos trabalhadores ao ar contaminado com poeiras, névoas, fumos, gases e vapores de forma a controlar o surgimento de doenças ocupacionais. Vale lembrar que a adoção de medidas preventivas deve-se iniciar pelas medidas coletivas (administrativas e de engenharia) e apenas quando todas essas possibilidades estiverem esgotadas inicia-se o processo de escolha dos equipamentos de proteção individual. HIGIENE DO TRABALHO Prof. (a).: Esp. Morgana Freitas Unid. III AGENTES BIOLÓGICOS AGENTES BIOLÓGICOS 84 Segundo Vilela (2008, p. 9), os riscos biológicos, no âmbito das Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde no Trabalho – NR, incluem-se no conjunto dos riscos ambientais, junto aos riscos físicos e químicos, conforme pode ser observado pela transcrição do item 9.1.5 da Norma Regulamentadora nº 9 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA: 9.1.5. Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. A NR 32 considera agentes biológicos os microrganismos geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons (BRASIL, 2011). 85 A necessidade de proteção contra o risco biológico é definida: • Pela fonte do material. • Pela natureza da operação. • Pela natureza do experimento a ser realizado. • Pelas condições ambientais de sua realização. CLASSIFICAÇÃO E FORMAS DE DISPERSÃO NO AMBIENTE A NR 32 (BRASIL, 2011) trata da classificação dos agentes biológicos no seu Anexo I e, segundo Vilela (2008), estes encontram-se resumidamente no Quadro 13. 86 O MINISTÉRIO DA SAÚDE (BRASIL, 2010) classifica os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas, os quais são distribuídos em classes de risco, assim definidas: • Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos sadios. Exemplos: Lactobacillus sp. e Bacillus subtilis. • Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplos: Schistosoma mansoni e Vírus da Rubéola. • Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem, usualmente, medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). • Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes agentes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidadede disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Exemplos: Vírus Ebola e Vírus Lassa. CONTRAÇÃO DOS AGENTES PELO ORGANISMO 87 As “vias de ingresso” ou de contato com o organismo, consideradas tradicionalmente, são as vias respiratória (inalação), cutânea (por meio da pele intacta) e digestiva (ingestão). A respiratória é a de maior importância industrial, seguida da via dérmica (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2007). A NR 32 (BRASIL, 2011) define como vias de transmissão o percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de exposição até o hospedeiro. A transmissão pode ocorrer das seguintes formas: • Direta: transmissão do agente biológico, sem a intermediação de veículos ou vetores. • Indireta: transmissão do agente biológico por meio de veículos ou vetores. 88 DOENÇAS RELACIONADAS HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS - HIV (AIDS) 89 Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Materiais biológicos com risco de transmissão do HIV no ambiente de trabalho: sangue, qualquer fluido orgânico contendo sangue, secreção vaginal, sêmen, tecidos, líquido peritoneal, líquido pleural, líquido pericárdico, líquido amniótico, líquor, líquido articular, saliva (em ambientes odontológicos) e material concentrado de HIV (laboratório de pesquisa, com vírus em grande quantidade) (ABREU JUNIOR, 2002). 90 VHA - HEPATITE A A Hepatite A é contagiosa e é chamada de Hepatite infecciosa. A via de transmissão é a fecal-oral pelo próprio homem, com o contato de Mãos sujas e, também, por água e comidas contaminadas. Os sintomas mais presentes são: tonturas, febre, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras, dor abdominal, cansaço, enjoo e vômitos. VHB – HEPATITE B A Hepatite B é infecciosa e é também intitulada de soro homóloga. Ela é classificada como uma doença sexualmente transmissível por apresentar-se no sangue, sêmen e leite materno. VHC – HEPATITE C A Hepatite C apresenta-se no sangue, e não tem vacina que combata a doença. VHD – HEPATITE D A Hepatite D só infecta uma pessoa quando ela possui o vírus do tipo B. Então, a aplicação da vacina contra a Hepatite B é importante. HIGIENE DO TRABALHO MÉTODOS E INSTRUMENTAÇÃO 91 Os métodos de avaliação, basicamente, são qualitativos, pois não se pode mensurar quantitativamente a presença destes no ambiente de trabalho, e consistem no conhecimento das atividades, a avaliação dos riscos e o controle, de forma a implementar medidas eficazes e a atuar preventivamente, para que os profissionais não sejam acometidos por doenças no seu ambiente laboral. PROCESSOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE EXPOSIÇÃO AOS AGENTES • Exposição derivada da atividade laboral que implique a utilização ou manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal do trabalho. É conhecida também como exposição com intenção deliberada. Nesses casos, na maioria das vezes, a presença do agente já está estabelecida e determinada. O reconhecimento dos riscos será relativamente simples, pois as características do agente são conhecidas e os procedimentos de manipulação estão bem determinados, assim como os riscos de exposição (VILELA, 2008). 92 Vilela (2008) ainda relata que, na área de saúde, alguns exemplos poderiam ser: atividades de pesquisa ou desenvolvimento que envolvam a manipulação direta de agentes biológicos, atividades realizadas em laboratórios de diagnóstico microbiológico, atividades relacionadas à biotecnologia (desenvolvimento de antibióticos, enzimas e vacinas, entre outros). • Exposição que decorre da atividade laboral sem que essa implique a manipulação direta deliberada do agente biológico como objeto principal do trabalho. Nesses casos, a exposição é considerada não deliberada. Alguns exemplos de atividades: atendimento em saúde, laboratórios clínicos (com exceção do setor de microbiologia), consultórios médicos e odontológicos, limpeza e lavanderia em serviços de saúde (VILELA, 2008). Para Vilela (2008), a diferenciação desses dois tipos de exposição é importante porque condiciona o método de análise dos riscos e, consequentemente, as medidas de proteção a serem adotadas. Mas, afinal, é preciso identificar como se estabelece a exposição aos riscos biológicos: Veículo ou material biológico: • Sangue, secreção vaginal, sêmen e tecidos. • Líquidos de serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, líquor, líquido articular e saliva. • Suor, lágrima, fezes, urina, escarro. • Ar. E o tipo de exposição, que pode ser: • Perfurocortante. • Mucosa. • Pele íntegra. • Inalação de gotículas/aerossóis. NORMAS E RESULTADOS 93 A NR 32 trata da identificação de agentes biológicos para confecção do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). A importância dessa identificação pode auxiliar no estabelecimento de serviço de saúde na prevenção de doenças, com o uso adequado de equipamento de proteção individual, equipamento de proteção coletiva, vacinação etc. LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS Um estudo realizado por Galon et al. (2011, p. 161) mostra que foram encontradas 12 leis nacionais que regulamentam a saúde e a segurança ocupacional relacionadas aos agentes biológicos e aos trabalhadores de saúde. A maioria das leis brasileiras que regulamentam a saúde e segurança ocupacional é apresentada na forma de Normas Regulamentadoras (NRs), aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978, a saber. Pág. 163 E 164 NR 32 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE 94 A referida NR é a única que normatiza a saúde e segurança dos profissionais da área da saúde, esta que é importante e necessária, pois até então inexistia legislação específica que tratasse da segurança e saúde no trabalho. A implantação desta norma proporciona mudanças benéficas, e essas poderão ser alcançadas uma vez que as medidas de proteção deverão ser feitas com o intuito de promover a segurança no trabalho e a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais (MARZIALE; ROBAZZI, 2004). • A NR 32 abrange as situações de exposição a riscos para a saúde do profissional, a saber: dos riscos biológicos; dos riscos químicos; da radiação ionizante. Abrange ainda a questão da obrigatoriedade da vacinação do profissional de enfermagem (tétano, hepatite e o que mais estiver contido no PCMSO), com reforços pertinentes, conforme recomendação do Ministério da Saúde, devidamente registrada em prontuário funcional com comprovante ao trabalhador. Determina, ainda, algumas situações na questão de vestuário e vestiários, refeitórios, resíduos, capacitação contínua e permanente na área específica de atuação, entre outras não menos importantes (FAMEMA, 2015). NORMAS INTERNACIONAIS 95 As normas nacionais e internacionais definem funções que envolvem adaptação do ambiente de trabalho, mudança das práticas e comportamento dos trabalhadores, fornecimento gratuito de materiais e equipamentos seguros, assistência médica, capacitação e vigilância (GALON et al, 2011). INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES Após a identificação dos agentes e o levantamento das classes de riscos, dos grupos de profissionais expostos em cada ambiente laboral, se faz necessário o levantamento das medidas de contenção, que são tidas conforme o tipo de atividade desenvolvida e a patogenicidade dos organismos manipulados e/ou presentes no ambiente, conforme pré- avaliação. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO 96 Segundo a NR 32(BRASIL, 2011), A Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (2005) dispõe, em seu material sobre os riscos biológicos, os EPCs e EPIs necessários para o desenvolvimento de atividades em diferentes níveis de risco, conforme o Quadro 11, na sequência. Equipamentos de Proteção Individual - EPI, descartáveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato fornecimento ou reposição. Para tanto o item 32.2.4.8 diz que o empregador deve: a) garantir a conservação e a higienização dos materiais e instrumentos de trabalho; e b) providenciar recipientes e meios de transporte adequados para materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos. 97 BOA LEITURA!!! 98
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