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A CARGA TRIBUTÁRIA ASFIXIA AS PEQUENAS EMPRESAS

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A CARGA TRIBUTÁRIA ASFIXIA AS PEQUENAS EMPRESAS�
Roberto Luís Margatho Glingani
É um princípio banal de justiça que não deve tratar de forma igual os desiguais. Parece-nos, contudo, que isto não se aplica às pequenas empresas no Brasil. Malgrado o empenho de entidades como o SEBRAE, as federações e os sindicatos representativos dos negócios de pequeno porte, independentemente das indústrias em que atuem, a diversidade, a complexidade de apuração e de registro, a burocracia implícita a tais processos e as próprias alíquotas cobradas lhes impõem verdadeira asfixia.
Uma das maiores evidências do impacto de uma legislação tributária injusta, além, é claro, de outros fatores, é o fantástico crescimento da economia informal – que chega a ser estimada em mais de 30% do Produto Interno Bruto. As atividades da economia marginal, além de promover significativamente evasão de tributos – bem dentro da velha evidência de que, no Brasil, os impostos nem sempre são pagos porque são caros e que são caros porque nem sempre são pagos -, ainda fazem uma concorrência desleal aos empresários formalmente estabelecidos. Para os muitos milhares de pessoas que atuam à margem das leis, é compensador incorrer em certos riscos, como a apreensão de mercadorias, as multas, as extorsões, a falta de apoio previdenciário, etc., do que arcar com os custos e os problemas próprios das empresas. Conforme tivemos a oportunidade de discutir em algumas ocasiões com dirigentes do Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo, o problema dos ambulantes, sacoleiros e afins é insolúvel, pelo menos a curto e médio prazos. Talvez o lado pior desse fenômeno da economia informal sejam as suas conseqüências futuras: de alguma forma, a sociedade acabará arcando com a responsabilidade do amparo (assistência médica, moradia e alimentação, principalmente) a tanta gente que nunca contribuiu para os órgãos previdenciários, no instante em que, por força da idade ou outro fator importante, não mais lhes seja possível o exercício das suas práticas (mesmo que sejam de subsistência).
É muito provável que uma política tributária mais justa, mais flexível, descomplicada e consistente – esperada com urgência – possa corrigir aquelas e várias outras distorções. Por exemplo, para gerenciar apenas as suas incidências tributárias (há mais de 50 tributos no país!), uma empresa de pequeno porte, da mesma forma que qualquer gigantesca corporação multinacional, precisa de assistência contínua de um especialista – no mínimo, de um contador competente -, e os honorários que lhe são devidos podem ter um peso elevado na composição dos seus custos fixos. Ora, não pagar impostos é crime e uma infração à ética, mas pagar mais do que o devido é um desatino. No entanto, saber o que é estritamente devido depende de uma orientação tributária eficaz – o que pode estar além das possibilidades ou mesmo das prioridades dos empreendedores de pequeno portes negócios. Há, portanto, a necessidade premente de reformas fiscal e tributária, à altura das demandas não só da sociedade empresarial como também da economia como um todo. 
� Texto de Roberto Luís Margatho Glingani 
Fonte: Longenecker, Justin, et al. Administração de Pequenas Empresas: Ênfase na Gerência Empresarial. São Paulo: Makron Books, 1997.
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