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Direito das Sucessões Resumo 05

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS
CURSO DE DIREITO
WANIA ALVES FERREIRA FONTES
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DIREITO DAS SUCESSÕES – RESUMO 05
DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
Conceito de indignidade: Constitui uma sanção civil imposta ao herdeiro ou legatário, privando-o do direito sucessório por haver praticado contra o de cujus os atos considerados ofensivos, enumerados na lei: atentado contra a vida, contra a honra e contra a liberdade de testar (CC, art. 1.814/1818).
Fundamentos da exclusão:
Vontade presumida do autor da herança.
Repressão aos atos ilícitos.
Princípio da ordem pública, repúdio à ingratidão.
Causas de exclusão (CC, art. 1.814)
autoria ou participação em crime de homicídio doloso, ou em sua tentativa, contra o autor da herança, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente. (A ação deve ser dolosa, inexiste obrigação da existência de sentença criminal, bastando a declaração em juízo cível).
					
acusar o de cujus caluniosamente em juízo ou incorrer em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro. (A acusação deve ser feita em juízo e segundo a jurisprudência em juízo criminal. A acusação deve ser falsa. Crimes contra a honra dizem respeito à calúnia, difamação e injuria – artigos 138/140 do CP) 
inibir ou obstar, por violência ou meios fraudulentos, o de cujus de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. (impedir o autor da herança de testar, impedir o autor da herança de revogar testamento já feito, suprimir testamento cerrado ou particular do de cujus, elabora testamento falso).
Distinção entre a indignidade para suceder, ilegitimidade de suceder e deserdação. 
Indignidade de suceder: Ocorre quando o herdeiro comete os atos previstos no artigo 1.814. (ocorre com qualquer tipo de herdeiro, ou seja, legítimos necessários e não necessários e os testamentários) e deve ser declarado por sentença.
Deserdação: É instituto que só ocorre em face dos herdeiros legítimos na modalidade necessários e só pode ser feita por testamento. (art. 1962 e 963 do Código Civil). É ato do autor da herança que deve declarar a causa.
Ilegitimidade para suceder: Ocorre nos casos em que a lei proíbe determinadas pessoas em determinadas circunstancias de serem beneficiários de testamento. (art. 1.801 do C.C). Não chegam a serem titulares da herança.
A exclusão pressupõe:
Seja herdeiro legítimo, testamentário ou legatário;
Pratique uma das causas previstas no artigo 1.814, configuradoras da indignidade;
Não tenha sido reabilitado pelo de cujus;
Tenha uma sentença declaratória da indignidade. 
Os descendentes do indigno herdam como se ele fosse falecido (representação). 
O indigno não terá direito ao usufruto nem administração dos bens que seus filhos menores herdaram. 
A ação que deve ser movida por interessados tem o prazo decadencial de 04 (quatro) anos.
Os efeitos da sentença declaratória de indignidade retroagem (ex tunc) à data da abertura da sucessão, considerando o indigno como pré-morto ao de cujus.
Reabilitação do indigno
O art. 1.818 do CC possibilita a reabilitação ou perdão do indigno, permitindo-lhe ser admitido a suceder se o ofendido, cujo herdeiro ele for, assim o determinar em testamento ou em outro ato autêntico. Pode este ser considerado qualquer declaração, por instrumento público ou particular, autenticada pelo escrivão.
Em relação ao herdeiro testamentário, se o testamento foi realizado após o conhecimento do testador do ato praticado pelo beneficiado, este tem direito de herdar nos limites do testamento. 
Procedimento para obtenção da exclusão 
A exclusão do indigno depende de propositura de ação, pois, depende de sentença.
O C.C/2002 não determina rito.
O CPC de 2015 no artigo 627 e 628 determina procedimento comum em situações onde se tenha matéria de prova, que é o mais razoável. 
O C.C/2002 não determina que a legitimidade para a propositura da ação intentada por quem tenha interesse na sucessão. A doutrina entende que tem legitimidade os que possuem interesse por força do CPC. A petição inicial pode ser deferida se autor carecer de interesse processual. (art. 330, III). Registre-se que o Ministério Público tem interesse em existindo menores, ou possibilidade do patrimônio passar para os Estados, União e Municípios. 
O prazo para propositura da ação é de quatro anos, prazo decadencial, contado da abertura da sucessão (CC, art. 1.815, parágrafo único). 
Efeitos da exclusão
São pessoais os efeitos da exclusão. Os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão (CC, art. 1.816), por estirpe ou representação. Isto só ocorre na sucessão legítima e não na testamentária, salvo se o testador deixou de forma expressa outro herdeiro. 
Os efeitos retroagem à data da abertura da sucessão: o indigno é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles (art. 1.817, parágrafo único). 
Os bens retirados do indigno são chamados de bens ereptícios. 
A exclusão acarreta, também, a perda do direito ao usufruto e à administração dos bens que a seus filhos couberem na herança e à sucessão eventual desses mesmos bens (art. 1.816, parágrafo único). 
Embora a sentença tenha efeito retroativo, não pode prejudicar direitos de terceiros de boa-fé. São válidas as alienações onerosas a estes feitas pelo herdeiro, quando ostentava a condição de herdeiro aparente (arts. 1.817 e 1.360).
HERANÇA JACENTE E VACANTE (ARTS 1819 A 1823)
Considerações iniciais
Em relação à herança jacente e vacante é necessário falar em sucessão do Município, do Distrito Federal e da União. A administração pública não é herdeira e como tal foi retirada da ordem de vocação hereditária no CC/2002. À administração pública não é dado o direito de saisine, isto é, não se torna proprietária dos bens da herança no momento da morte do de cujus, como acontece com os demais herdeiros. Quando o falecido não deixar testamento nem herdeiros conhecidos ou quando estes repudiarem a herança, os bens irão para o Município ou Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições ou União se situados em Território Federal, mas não de imediato. Há um procedimento legal.
Herança Jacente (artigos 1.819 a 1.823)
Falecendo uma pessoa sem deixar herdeiro legítimo ou testamento seus bens são arrecadados. 
Será nomeado (curador) para conservá-los e administrá-los. 
É situação transitória dos bens. Não goza de personalidade jurídica; é uma universalidade de direito. São expedidos editais convocando eventuais sucessores.
 Após a realização de todas as diligências, não aparecendo herdeiro e decorrido um ano após o primeiro edital, haverá a declaração de vacância.
A declaração de vacância não prejudica herdeiros necessários que possuem o prazo de 5 anos para se habilitarem, mas prejudica os herdeiros colaterais que perdem o direito após 1 ano da publicação do primeiro edital.
Se todos os chamados à sucessão renunciarem será decretada a vacância desde logo.
Herança Vacante
Superada esta primeira fase, os bens passam, então, para a propriedade do Estado (em sentido amplo). Mas ainda não de forma plena, mas apenas resolúvel (propriedade resolúvel —> é a que pode se “resolver”, ou seja, se extinguir). Somente após 05 (cinco) anos da abertura da sucessão, a propriedade passa para o domínio público (Município, Distrito Federal ou União). Comparecendo herdeiro, converte-se a arrecadação em inventário regular.
O Poder Público, pelo atual Código, não consta mais do rol de herdeiros apontados na ordem de vocação hereditária. É, portanto, um sucessor irregular, desde que haja sentença que declare a vacância dos bens.
Antes de declarada a vacância os bens podem ser requeridos por usucapião.
Com o trânsito em julgado da sentença que declarou a vacância, osherdeiros necessários somente podem pleitear a herança por meio de petição de herança.
PETIÇÃO DE HERANÇA (artigos 1.824 a 1.828)
Conceito
Petição de herança é o requerimento judicial formulado pelo interessado objetivando o reconhecimento de sua qualidade de herdeiro e a defesa dos seus direitos sucessórios. A ação será ajuizada pelo herdeiro em face de quem indevidamente está ofendendo seu direito ao recebimento da herança.
Antes da partilha o herdeiro pode demandar sua qualidade de herdeiro no próprio processo de inventário.
Realizada a partilha a ação de petição de herança deverá ser manuseada.
Natureza jurídica da ação de petição de herança
Ação real universal por visar a aquisição dos bens na sua totalidade ou em parte.
Ação declaratória e condenatória.
Diferente da ação reivindicatória, porque nesta, o objeto da demanda é individualizado. Na petição de herança a demanda é pela universalidade.
Legitimidade ativa para a ação
Herdeiro excluído. (filho não reconhecido, companheiro que não foi incluído na sucessão, herdeiro testamentário que desconhecia o testamento e outros).
Legitimidade passiva
O possuidor dos bens da sucessão com ou sem direito. No polo passivo da ação de petição de herança coloca-se o usurpador dos bens, ou seja, quem os possua, no todo ou em parte, sem o correspondente titulo hereditário; ou, ainda, aquele que, embora com direito a participação na herança, negue essa mesma qualidade a outrem com igual titulo.
Objeto da ação
A universalidade dos bens, ainda que feita a partilha.
Efeitos da sentença de procedência 
Reconhecimento da ineficácia da partilha, pois, a coisa julgada da partilha não atinge o herdeiro que não participou dela, podendo o herdeiro agora reconhecido pedir a simples retificação da partilha realizada anteriormente.
Quanto aos efeitos, a procedência da ação pode atingir o herdeiro aparente, ao simples possuidor e ao terceiro adquirente de maneiras distintas.
O herdeiro aparente – aquele que se encontra na posse dos bens hereditários como se fosse o legitimo titular, terá que restituir os bens hereditários com todos os seus acessórios, bem como, poderá responder por perdas e danos.
Quanto ao terceiro adquirente, se faz necessário verificar se tal bem foi adquirido gratuitamente ou de forma onerosa. Se gratuito, o terceiro será obrigado a devolver os bens ao herdeiro, pois a alienação gratuita é invalida. Se tiver caráter oneroso e se o terceiro estiver de boa-fé, não está obrigado a restituição, devendo o herdeiro aparente, restituir o herdeiro com o preço recebido.
DO HERDEIRO APARENTE
É herdeiro que se encontra na posse do patrimônio como se herdeiro fosse, sem, no entanto, o ser. Isto pode ocorrer em razão do desconhecimento de herdeiro, de testamento nulo, de desconhecimento de testamento, dentre outros. 
São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu.
DA PRESCRIÇÃO
Muito se discute sobre o prazo prescricional da petição de herança. Alguns doutrinadores como Giselda Hironaka sustentam que a ação é imprescritível, porque a qualidade de herdeiro não se perde, logo a ação pode ser proposta a qualquer tempo.
Segundo o melhor entendimento, o prazo prescricional é de dez anos, contados a partir da abertura da sucessão, isto porque, versa sobre direito de propriedade. Neste compasso é a Súmula 149 do STF “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”. 
A prescrição nos termos do artigo 205 do Código Civil é de 10 anos em razão de não se ter prazo menor descrito em lei. Referida prescrição está sujeita a todas as causas de suspensão e interrupção, previstas no Código Civil.

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