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Aula 8 Modelos clássicos da análise sociológica a contribuição de Karl Marx

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Aula 8: Modelos clássicos da análise sociológica: a contribuição de Karl Marx
Objetivo desta Aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
1) Avaliar a concepção marxista de análise da sociedade;
2) Avaliar os conceitos de dialética e materialismo histórico;
3) Identificar conceitos fundamentais na análise marxista, tais como ideologia, alienação e práxis;
4) Descrever o conceito de modo de produção.
Nesta aula você será apresentado a mais um modelo clássico de compreensão da realidade social. Trata-se da contribuição de Karl Marx, um dos autores mais estudados pelos analistas sociais.
Conceitos fundamentais da teoria marxista serão trabalhados, com vistas à sua utilização na análise de situações sociais concretas.
O Método de Análise
→Max Weber 
→Émile Durkheim
→Karl Max
Karl Marx, ao lado de Émile Durkheim e de Max Weber, faz parte do grupo de autores considerados como clássicos do pensamento sociológico. Sua obra marcaria de modo significativo o pensamento ocidental, sendo o seu objeto de pesquisa a sociedade capitalista da época, com o foco principal na forma como se encontrava organizado o trabalho na sociedade. Segundo Marx é por meio do trabalho que os homens se relacionam entre si e com a natureza. O método de abordagem da vida social, elaborado por Marx, receberia o nome de materialismo histórico e teria como características a análise dos processos históricos com base nos princípios da dialética.
A Dialética
Os princípios da dialética contemporânea tem origem no pensamento do filósofo alemão Wilhelm f. Hegel, pensador que influenciou consideravelmente a visão de Marx. Segundo a dialética hegeliana, a contradição e o conflito seriam partes integrantes da própria essência ou substância da realidade. Consequentemente, o mundo real seria marcado por um incessante movimente de superação e transformação, motivado pelo choque entre forças contrárias ou antagônicas presente no seu interior. Elas o levariam a um processo incessante de negação, conservação e síntese.
Aplicada aos fenômenos historicamente produzidos, a abordagem dialética presente na sociologia presente marxista cuida de apontar as contradições constitutivas da vida em sociedade como as motivadoras dos processos, que resultam na negação e na superação de uma determinada ordem social (QUINTANEIRO, Tania (Org.). Um toque de Clássico: Durkeimh, Max e Weber. Ed. UFMG. Belo Horizonte. 2009.
*GEORG WILHELM FRIEDERICH (1770-1831)
O Materialismo histórico
Karl Marx afirmava que o mundo das ideias (formas de consciência), do conhecimento, das crenças, dos princípios políticos está relacionado ao modo como o mundo do trabalho se encontra organizado na sociedade. Em outras palavras, a consciência dos indivíduos seria poderosamente influenciada pelo modo como são produzidas as condições materiais da vida, o que inclui o vestuário, a comida, a moradia etc. 
Na  Antiguidade, esses bens eram produzidos principalmente pelos escravos, na Idade Média, pelos servos e, no capitalismo, pelos trabalhadores assalariados. Para Marx, o modo de produção de materiais influenciaria todas as demais relações estabelecidas em sociedade. Daí a importância, para o autor, do modo de organização da produção social. Por isso, para Marx, segundo os princípios do Materialismo Histórico, as sociedades são compreendidas como modos de produção.
A forma como os indivíduos manifestam a sua vida reflete muito aquilo que são. Coincidindo, portanto, com a sua produção: aquilo que produzem e a forma como produzem. Aquilo que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais de sua produção (QUINTANEIRO, Tania (org.). Um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Ed. UFMG. Belo Horizonte, 2009).
O Modo de Produção
Entende-se por modo de produção a maneira pela qual os homens obtêm seus meios de existência material, isto é, os bens de que necessitam para viver. Na história, podemos distinguir alguns modos de produção como o escravismo na antiguidade, o feudalismo, o capitalismo e o socialismo. O modo de produção de uma sociedade pode ser identificado de acordo com o nível ou estágio desenvolvimento das forças produtivas e do tipo de relações de produção predominantes. 
*Modo de Produção Escravista (Antiguidade Clássica: Grécia e Roma)
*Modo de Produção Feudal (Idade Média)
*Modo de Produção Capitalista (Sociedade contemporânea)
O conceito de forças reprodutivas refere-se aos instrumentos e habilidades utilizados na produção material, sendo o seu desenvolvimento cumulativo. A ideia de relações sociais de produção implica em diferentes formas de organização, da distribuição, da posse e da propriedade dos meios de produção, que são as indústrias, as fábricas, os bancos etc. De forma sintética, seriam as relações estabelecidas pelos indivíduos entre si e com o grupo, para a organização do trabalho social. O processo de produção de reprodução da vida através do trabalho é, para Marx, a principal atividade humana aquela que constitui a sua história social; é o fundamento do materialismo histórico, enquanto método de análise da vida econômica, social, política, intelectual.
(QUINTANEIRO, Tania (org.). Um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Ed. UFMG. Belo Horizonte, 2009).
A Luta de Classes
A presença de diferentes classes sociais nos diversos modos de produção, com interesses muitas vezes antagônicos, levou Marx a considerar a luta de classes como o motor das transformações da história humana. No capitalismo, a duas classes principais são a burguesia, classe dominante e dona dos meios de produção e o proletariado, formado pelos trabalhadores que vendem no mercado o único bem que possuem, a sua força de trabalho.
Para fins analíticos, Marx distingue conceitualmente as classes enquanto grupos de pessoas que compartilham determinadas condições objetivas, ou seja, a mesma situação no que se refere à propriedade dos meios de produção. (...) As classes sempre se enfrentaram e mantiveram uma luta constante, velada em algumas vezes e, noutras, franca e aberta; luta que terminou sempre com a transformação revolucionária de toda a sociedade (QUINTANEIRO, 2009, p. 81).
Na sociedade capitalista, segundo Marx, esse antagonismo de classes se daria entre a BURGUESIA e o PROLETARIADO.
Ideologia
De acordo com Marilena Chauí, ideologia é “o conjunto de proposições existentes com a finalidade de fazer aparentar os interesses da classe dominante com o interesse coletivo, construindo uma hegemonia daquela classe, tornando-se uma verdade absoluta e natural”.
Assim, a manutenção a ordem social requer dessa maneira menor uso da violência. A ideologia torna-se um dos instrumentos da reprodução do status quo e da própria sociedade.
“O vencedor ou o poderoso é transformado em um único sujeito da historia não só porque impediu que houvesse a história dos vencidos (ao serem derrotados, os vencidos perderam o ‘direito’ a história), mas simplesmente porque sua ação histórica consiste em eliminar fisicamente e os vencidos ou, então, se precisa do trabalho deles, elimina sua memória, fazendo com que lembre apenas dos feitos dos vencedores. Não é assim, por exemplo, que os estudantes negros ficam sabendo que a Abolição foi um feito da Princesa Izabel? As lutas dos escravos estão sem registros e tudo que delas sabemos está registrado pelos senhores brancos. Não há direito à memória para o negro. Nem para o índio. Nem para os camponeses. Nem para os operários”.
Alienação
Na linha de montagem da indústria capitalista, o trabalhador foi separado do controlo autônomo que exercia sobre seu trabalho e também do fruto deste. Nesse caso, a única relação mantida com a sua atividade produtiva é o recebimento do salário. O trabalho é, então, percebido pelo trabalhador como algo fora de si, que pertence a outros. A isso, Marx dá o nome de alienação.
Por causa do trabalho alienado a que estão submetidos, os homens adquirem uma consciência falsa do mundo em que vivem. Veem o trabalho alienado e a dominação de uma classe social sobre a outra como fatos naturais.(...) A suprema ironia do capitalismo é fazer com que o dominado pense com a cabeça do dominador e é esta a forma de dominação mais visceral (RODRIGUES, Alberto tolsi. Sociologia da Educação, Editora Lamparina, Petrópolis, 2008, pag.41).
ATIVIDADE PROPOSTA
O PAPEL DA MÍDIA
Quando jornalistas são questionados, eles respondem de fato: “nenhuma pressão é feita sobre mim, escrevo o que quero”. E isto é verdade. Apenas deveríamos acrescentar que, se eles assumem posições contrárias às normas dominantes, não escreveriam seus editoriais. Não se trata de uma regra absoluta, é claro. Eu mesmo sou publicado na mídia norte-americana. Os Estados Unidos não são um país totalitário. (...)
Com certo exagero, nos países totalitários, o Estado decide a linha a seguir e todos devem se conformar. As sociedades democráticas funcionam de outra forma: a linha jamais é anunciada como tal; ela é subliminar. Realizamos de certa forma, uma “lavagem cerebral em liberdade”.
Na grande mídia, mesmo os debates mais apaixonados se situam na esfera dos parâmetros implicitamente consentidos – o que mantém na marginalidade muitos pontos de vista contrários.
Fonte: Revista Le Monde, Diplomatique Brasil, ago. 2007, (trecho de entrevista com Noam Chomsky).
O texto acima faz referência a dois importantes conceitos marxistas: ideologia e alienação. Mostre como eles se apresentam e se relacionam no texto.
Referências bibliográficas:
(QUINTANEIRO, Tania (org.). Um Toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber. Ed. UFMG. Belo Horizonte, 2001).
(RODRIGUES, Alberto tolsi. Sociologia da Educação, Editora Lamparina, Petrópolis, 2008, pag.41).
RESPOSTA: 
Há mecanismos na própria sociedade que impedem a tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de que vivem numa sociedade de mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, no estudo, há possibilidade de mudança, ou seja, “um dia eu chego lá”...E se não chegam “é porque não tiveram sorte ou competência”.
No trecho apresentado percebe-se claramente a relação entre ideologia e alienação, neste sentido os mecanismos são as ideologias. Para exemplificar isso podemos criar uma “lavagem cerebral em liberdade”. Na grande mídia, mesmo os debates mais apaixonados se situam na esfera dos parâmetros implicitamente consentidos – o que mantém na marginalidade muitos pontos de vista contrário. 
Síntese da Aula
Nesta aula, você:
Aprendeu a concepção marxista da análise da sociedade;
Identificou conceitos fundamentais da teoria marxista e aprendeu a aplicá-los na análise de situações concretas da vida social.

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