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Direito	
  Civil	
  
Pessoa	
  Jurídica	
  
	
  
Conceito	
  e	
  característica	
  	
  
A	
   razão	
   de	
   ser	
   da	
   pessoa	
   jurídica	
   está	
   na	
   necessidade	
   ou	
   na	
   conveniência	
   de	
   os	
  
indivíduos	
   unires	
   esforços	
   e	
   utilizarem	
   recursos	
   coletivos	
   para	
   a	
   realização	
   de	
  
objetivos	
  comuns,	
  que	
  transcendem	
  as	
  possibilidades	
  individuais.	
  Essa	
  	
  constatação	
  
motivou	
   a	
   organização	
   de	
   pessoas	
   e	
   bens	
   com	
   o	
   reconhecimento	
   do	
   direito,	
   que	
  
atribuiu	
  personalidade	
  ao	
  grupo,	
  distinta	
  da	
  de	
  cada	
  um	
  de	
  seus	
  mentos,	
  passando	
  
este	
  a	
  atuar,	
  na	
  vida	
  jurídica,	
  com	
  personalidade	
  própria.	
  	
  
	
  
Consiste	
  em	
  um	
  conjunto	
  de	
  pessoas	
  ou	
  de	
  bens	
  dotado	
  de	
  personalidade	
   jurídica	
  
própria	
  e	
  constituído	
  na	
  forma	
  da	
  lei	
  para	
  a	
  consecução	
  de	
  fins	
  comuns.	
  São	
  sujeitos	
  
de	
  direitos	
  e	
  deveres.	
  
	
  
A	
  principal	
  característica	
  das	
  pessoas	
  jurídicas	
  é	
  a	
  de	
  que	
  atuam	
  na	
  vida	
  jurídica	
  com	
  
personalidade	
   diversa	
   da	
   dos	
   indivíduos	
   que	
   as	
   compõem.	
   Há	
   distinção	
   entre	
   o	
  
patrimônio	
  da	
  pessoa	
  jurídica	
  e	
  o	
  dos	
  seus	
  instituidores.	
  Não	
  podem,	
  em	
  regra,	
  ser	
  
penhorados	
  os	
  bens	
  dos	
  sócios	
  por	
  dívida	
  da	
  sociedade.	
  
	
  
Teorias	
  
1. Teoria	
   da	
   Ficção	
   Legal	
   (Savigny)	
   –	
   considera	
   a	
  pessoa	
   jurídica	
  uma	
   criação	
  
artificial	
   da	
   lei,	
   um	
   ente	
   fictício,	
   pois	
   somente	
   a	
   pessoa	
   natural	
   pode	
   ser	
  
sujeito	
   da	
   relação	
   jurídica	
   e	
   titular	
   de	
   direitos	
   subjetivos.	
   Desse	
   modo,	
   só	
  
entendida	
   como	
  uma	
   ficção	
  pode	
  essa	
   capacidade	
   jurídica	
   ser	
  estendida	
  às	
  
pessoas	
  jurídicas,	
  para	
  fins	
  patrimoniais.	
  
2. Teoria	
   da	
   Realidade	
   Objetiva	
   ou	
   Orgânica	
   (Zitelmann)–	
   sustenta	
   que	
   a	
  
pessoa	
  jurídica	
  é	
  uma	
  realidade	
  sociológica,	
  ser	
  com	
  vida	
  própria,	
  que	
  nasce	
  
por	
   imposição	
   das	
   formas	
   sociais.	
   Proclama	
   que	
   a	
   vontade,	
   publica	
   ou	
  
privada,	
   é	
   capaz	
   de	
   dar	
   vida	
   a	
   um	
   organismo,	
   que	
   passa	
   a	
   ter	
   existência	
  
própria,	
  distinta	
  da	
  de	
  seus	
  membros,	
  capaz	
  de	
  tornar-­‐se	
  sujeito	
  de	
  direito,	
  
real	
  e	
  verdadeiro.	
  
3. Teoria	
  da	
  Realidade	
  Técnica	
  (Planiol	
  e	
  Ripert)	
  (adotada	
  no	
  Brasil)	
  –	
  a	
  forma	
  
encontrada	
  pelo	
  direito	
  para	
  reconhecer	
  a	
  existência	
  de	
  grupos	
  de	
  indivíduos	
  
que	
   se	
   unem	
   na	
   busca	
   de	
   fins	
   determinados.	
   A	
   personalidade	
   jurídica	
   é,	
  
portanto,	
  um	
  atributo	
  que	
  o	
  Estado	
  defere	
  a	
  certas	
  entidades	
  havidas	
  como	
  
merecedoras	
  dessa	
  benesse	
  por	
  observares	
  determinados	
  requisitos	
  por	
  ele	
  
estabelecidos.	
   Por	
   serem	
   titulares	
   de	
   direitos	
   e	
   deveres,	
   são	
   reais	
   e	
   não	
  
ficção.	
  São,	
  inclusive,	
  uteis	
  aos	
  homens	
  ,que	
  se	
  beneficiam	
  delas.	
  Vontade	
  +	
  
interesse	
  lícito.	
  
4. Teoria	
   Institucionalista	
   ou	
   da	
   realidade	
   jurídica	
   (Hauriou)	
   –	
   considera	
   as	
  
pessoas	
  jurídicas	
  como	
  organizações	
  sociais	
  destinadas	
  a	
  um	
  serviço	
  ou	
  ofício	
  
e,	
  por	
  isso,	
  personificadas.	
  Só	
  se	
  torna	
  pessoa	
  jurídica	
  quando	
  a	
  organização	
  
está	
  desenvolvida.	
  	
  
	
  
	
  
	
  
Requisitos	
  para	
  a	
  constituição	
  de	
  pessoa	
  jurídica	
  	
  
A	
  formação	
  da	
  pessoa	
  jurídica	
  exige	
  uma	
  pluralidade	
  de	
  pessoas	
  ou	
  de	
  bens	
  e	
  uma	
  
finalidade	
  especifica	
  (elementos	
  de	
  ordem	
  material),	
  bem	
  como	
  um	
  ato	
  constitutivo	
  
e	
  respectivo	
  registro	
  no	
  órgão	
  competente	
  (elemento	
  formal).	
  
1. Vontade	
   humana	
   criadora:	
   intenção	
   de	
   criar	
   uma	
   entidade	
   distinta	
   da	
   de	
  
seus	
  membros.	
  Materializa-­‐se	
  no	
   ato	
  de	
   constituição,	
   que	
  deve	
   ser	
   escrito.	
  
São	
   necessárias	
   duas	
   ou	
  mais	
   pessoas	
   com	
   vontades	
   convergentes,	
   ligadas	
  
por	
  uma	
  intenção	
  comum.	
  
2. Observância	
  das	
  condições	
  legais:	
  elaboração	
  e	
  registro	
  do	
  ato	
  constitutivo.	
  
O	
  ato	
  deve	
  ser	
  levado	
  a	
  registro	
  para	
  que	
  comece,	
  então,	
  a	
  existência	
  legal	
  da	
  
pessoa	
   jurídica	
   de	
   direito	
   privado.	
   Antes	
   do	
   registro,	
   não	
   passará	
   de	
  mera	
  
sociedade	
  de	
  fato	
  ou	
  sociedade	
  nao	
  personificada.	
  O	
  registro	
  será	
  precedido,	
  
quando	
  necessário,	
  de	
  autorização	
  ou	
  aprovação	
  do	
  Poder	
  Executivo.	
  O	
  ato	
  é	
  
requisito	
  formal	
  exigido	
  pela	
  sei	
  e	
  se	
  denomina:	
  
a. Estatuto,	
  em	
  se	
  tratando	
  de	
  associações,	
  que	
  não	
  têm	
  fins	
  lucrativos;	
  
b. Contrato	
   social,	
   no	
   caso	
   de	
   sociedades,	
   simples	
   ou	
   empresarias,	
  
antigamente	
  denominadas	
  civis	
  e	
  comerciais;	
  
c. Escritura	
  pública	
  ou	
  testamento,	
  em	
  se	
  tratando	
  de	
  fundações.	
  
3. Licitude	
  de	
  seu	
  objetivo:	
  a	
  licitude	
  de	
  seu	
  objetivo	
  é	
  indispensável.	
  Deve	
  ele	
  
ser,	
   também,	
   determinado	
   e	
   possível.	
   Nas	
   sociedades	
   em	
   geral,	
   civis	
   ou	
  
comerciais,	
  o	
  objetivo	
  é	
  o	
  lucro	
  pelo	
  exercício	
  da	
  atividade.	
  	
  
Nas	
   fundações,	
   os	
   fins	
   podem	
   ser	
   religiosos,	
   morais,	
   culturais	
   ou	
   de	
  
assistência,	
  admitindo-­‐se	
  possam	
  elas	
  se	
  prestar	
  a	
  outras	
   finalidades,	
  desde	
  
que	
  afastado	
  o	
  caráter	
  lucrativo.	
  	
  
E	
   nas	
   associações,	
   de	
   fins	
   não	
   econômicos,	
   os	
   objetivos	
   colimados	
   são	
   de	
  
natureza	
   cultural,	
   educacional,	
   esportiva,	
   religiosa,	
   filantrópica,	
   recreativa,	
  
moral	
  etc.	
  	
  
Objetivos	
  ilícitos	
  ou	
  nocivos	
  constituem	
  causa	
  de	
  extinção	
  da	
  pessoa	
  jurídica.	
  
A	
   existência	
   das	
   pessoas	
   jurídicas	
   de	
   direito	
   público	
   decorre,	
   todavia,	
   de	
  
outros	
   fatores,	
   como	
   a	
   lei	
   e	
   o	
   ato	
   administrativo,	
   bem	
   como	
   de	
   fatos	
  
históricos,	
   de	
   previsão	
   constitucional	
   e	
   de	
   tratados	
   internacionais,	
   sendo	
  
regidas	
  pelo	
  direito	
  púbico,	
  e	
  não	
  pelo	
  Código	
  Civil.	
  
	
  
Classificação	
  quanto	
  à	
  nacionalidade• nacional:	
  a	
  sociedade	
  organizada	
  de	
  conformidade	
  com	
  a	
  lei	
  brasileira	
  e	
  que	
  
tenha	
  no	
  País	
  a	
  sede	
  de	
  sua	
  administração.	
  
• estrangeira:	
  Qualquer	
  que	
  seja	
  o	
  seu	
  objeto,	
  não	
  pode,	
  sem	
  autorização	
  do	
  
Poder	
   Executivo,	
   funcionar	
   no	
   País,	
   ainda	
   que	
   por	
   estabelecimentos	
  
subordinados,	
  podendo,	
   todavia,	
   ressalvados	
  os	
   casos	
  expressos	
  em	
   lei,	
   ser	
  
acionista	
  de	
  sociedade	
  anônima	
  brasileira.	
  
	
  
Classificação	
  quanto	
  à	
  estrutura	
  interna	
  
• corporação	
   (universitas	
   personarum):	
   caracteriza-­‐se	
   pelo	
   seu	
   aspecto	
  
eminentemente	
   pessoal.	
   Constitui	
   um	
   conjunto	
   de	
   pessoas,	
   reunidas	
   para	
  
melhor	
  consecução	
  de	
  seus	
  objetivos;	
  
• fundação	
   (universitas	
   bonorum):	
   o	
   aspecto	
   dominante	
   é	
   o	
  material;	
   além	
  
disso,	
   compõe-­‐se	
   de	
   um	
   patrimônio	
   personalizado	
   e	
   destinado	
   a	
  
determinado	
  fim.	
  Constitui	
  ela	
  um	
  acervo	
  de	
  bens,	
  que	
  recebe	
  personalidade	
  
para	
   a	
   realização	
   de	
   fins	
   determinados.	
   Compõe-­‐se	
   de	
   dois	
   elementos:	
   o	
  
patrimônio	
  e	
  o	
  fim	
  (estabelecido	
  pelo	
  instituidor	
  e	
  não	
  lucrativo).	
  	
  
	
  
O	
   que	
   as	
   distingue	
   basicamente	
   é	
   que	
   as	
   primeiras	
   visam	
   à	
   realização	
   de	
   fins	
  
internos,	
  estabelecidos	
  pelos	
  sócios.	
  Os	
  seus	
  objetivos	
  são	
  voltados	
  para	
  o	
  interesse	
  
e	
   o	
   bem-­‐estar	
   de	
   seus	
  membros,	
   visando	
   atingir,	
   pois,	
   fins	
   internos	
   e	
   comuns.	
   As	
  
fundações,	
  ao	
  contrário,	
  têm	
  objetivos	
  externos,	
  estabelecidos	
  pelo	
  instituidor.	
  Nas	
  
corporações,	
  também	
  existe	
  patrimônio,	
  mas	
  é	
  elemento	
  secundário,	
  apenas	
  para	
  a	
  
realização	
  de	
  um	
  fim.	
  Nas	
  fundações,	
  o	
  patrimônio	
  é	
  elemento	
  essencial.	
  
	
  
As	
  corporações	
  dividem-­‐se	
  em:	
  
• associações:	
   as	
   associações	
   não	
   têm	
   fins	
   lucrativos,	
  mas	
   religiosos,	
  morais,	
  
culturais,	
  assistenciais,	
  desportivos	
  ou	
  recreativos.	
  
• Sociedades:	
  as	
  sociedades,	
  como	
  dito,	
  podem	
  ser	
  simples	
  e	
  empresárias.	
  As	
  
simples	
  têm	
  fim	
  econômico	
  e	
  visam	
  lucro,	
  que	
  deve	
  ser	
  distribuído	
  entre	
  os	
  
sócios.	
   São	
   constituídas,	
   em	
   geral,	
   por	
   profissionais	
   de	
   uma	
   mesma	
   área	
  
(escritórios	
  de	
  engenharia,	
  de	
  advocacia	
  etc.)	
  ou	
  por	
  prestadores	
  de	
  serviços	
  
técnicos.	
  As	
  sociedades	
  empresárias	
  também	
  visam	
  lucro.	
  Distinguem-­‐se	
  das	
  
sociedades	
   simples	
  porque	
   têm	
  por	
  objeto	
  o	
   exercício	
  de	
   atividade	
  própria	
  
de	
  empresário	
  sujeito	
  ao	
  registro	
  previsto	
  no	
  art.	
  967	
  do	
  Código	
  Civil.	
  
	
  
Pessoas	
  jurídicas	
  de	
  direito	
  privado	
  
“São	
  pessoas	
  jurídicas	
  de	
  direito	
  privado:	
  
I	
  —	
  as	
  associações;	
  
II	
  —	
  as	
  sociedades;	
  
III	
  —	
  as	
  fundações;	
  
IV	
  —	
  as	
  organizações	
  religiosas;	
  
V	
  —	
  os	
  partidos	
  políticos.”	
  
	
  
	
  
Associações	
  
	
  
Conceito	
  
As	
  associações	
  são	
  pessoas	
  jurídicas	
  de	
  direito	
  privado	
  constituídas	
  de	
  pessoas	
  que	
  
reúnem	
  os	
   seus	
   esforços	
   para	
   a	
   realização	
   de	
   finalidade	
   não	
   lucrativa.	
   (não	
   visam	
  
lucros).	
  
	
  
A	
  definição	
   legal	
   ressalta	
  o	
   seu	
  aspecto	
  eminentemente	
  pessoal.	
  Não	
  há,	
   entre	
  os	
  
membros	
   da	
   associação,	
   direitos	
   e	
   obrigações	
   recíprocos	
   nem	
   intenção	
   de	
   dividir	
  
resultados,	
   sendo	
   os	
   objetivos	
   altruísticos,	
   científicos,	
   artísticos,	
   beneficentes,	
  
religiosos,	
  educativos,	
  culturais,	
  políticos,	
  esportivos	
  ou	
  recreativos.	
  A	
  CF	
  garante	
  a	
  
liberdade	
  de	
  associação	
  para	
  fins	
  lícitos.	
  	
  
	
  
Uma	
  associação	
  pode	
  realizar	
  negócios	
  para	
  manter	
  ou	
  aumentar	
  o	
  seu	
  patrimônio	
  
sem	
  proporcionar	
  ganhos	
  aos	
  associados.	
   	
  
	
  
Requisitos	
  para	
  a	
  elaboração	
  dos	
  estatutos	
  
O	
  art.	
  54	
  do	
  Código	
  Civil	
  dispõe	
  que	
  o	
  estatuto	
  das	
  associações	
  conterá,	
  sob	
  pena	
  de	
  
nulidade:	
  
“I	
  —	
  a	
  denominação,	
  os	
  fins	
  e	
  a	
  sede	
  da	
  associação;	
  
II	
  —	
  os	
  requisitos	
  para	
  a	
  admissão,	
  demissão	
  e	
  exclusão	
  dos	
  associados;	
  
III	
  —	
  os	
  direitos	
  e	
  deveres	
  dos	
  associados;	
  
IV	
  —	
  as	
  fontes	
  de	
  recursos	
  para	
  sua	
  manutenção;	
  
V	
  —	
  o	
  modo	
  de	
  constituição	
  e	
  de	
  funcionamento	
  dos	
  órgãos	
  deliberativos;	
  
VI	
  —	
  as	
  condições	
  para	
  a	
  alteração	
  das	
  disposições	
  estatutárias	
  e	
  para	
  a	
  dissolução;	
  
VII	
   —	
   a	
   forma	
   de	
   gestão	
   administrativa	
   e	
   de	
   aprovação	
   das	
   respectivas	
   contas”	
  
(redação	
  dada	
  pela	
  Lei	
  n.	
  11.127,	
  de	
  28.6.2005).	
  
	
  
Exclusão	
  e	
  retirada	
  de	
  associado	
  
Destaque	
   especial	
   deve	
   ser	
   dado	
   à	
   previsão	
   da	
   exclusão	
   de	
   associado,	
   que	
   só	
   é	
  
admissível	
  havendo	
  justa	
  causa,	
  assim	
  reconhecida	
  em	
  procedimento	
  que	
  assegure	
  
direito	
   de	
   defesa	
   e	
   de	
   recurso,	
   nos	
   termos	
   previstos	
   no	
   estatuto.	
   A	
   quebra	
   da	
  
affectio	
   societatis,	
   por	
   ser	
   esta	
   elemento	
   essencial	
   a	
   qualquer	
   associação	
   ou	
  
sociedade,	
  pode	
  constituir	
  justa	
  causa	
  para	
  a	
  referida	
  exclusão.	
  
	
  
A	
  expressão	
  “justa	
  causa”	
  exige	
  demonstração	
  fática,	
  decisão	
  fundamentada	
  tomada	
  
pela	
   maioria,	
   conforme	
   quorum	
   estabelecido	
   no	
   estatuto,	
   com	
   respeito	
   ao	
  
contraditório	
   e	
   ao	
   direito	
   à	
   ampla	
   defesa.	
   A	
   inovação	
   permite	
   que	
   o	
   estatuto	
  
regulamente	
  a	
  exclusão	
  do	
  associado,	
  bem	
  como	
  a	
  defesa	
  deste	
  e	
  o	
  recurso	
  cabível.	
  
	
  
Eventualmente,	
  a	
  exclusão	
  do	
  associado	
  poderá	
  ser	
  discutida	
  no	
  âmbito	
  judicial,	
  com	
  
aplicação	
   do	
   princípio	
   da	
   eficácia	
   horizontal	
   dos	
   direitos	
   fundamentais,	
   como	
   já	
  
reconheceu	
  o	
  Supremo	
  Tribunal	
  Federal.	
  
	
  
É	
  permitido	
  ao	
  associado	
  retirar-­‐se	
  a	
  qualquer	
  tempo,	
  sem	
  necessidade	
  de	
  justificar	
  
o	
   pedido,	
   pois	
   ninguém	
   poderá	
   ser	
   compelido	
   a	
   associar-­‐se	
   oua	
   permanecer	
  
associado.	
   Pode	
   o	
   estatuto	
   impor	
   certas	
   condições	
   para	
   a	
   sua	
   retirada,	
   como	
   o	
  
cumprimento	
   de	
   obrigações	
   sociais	
   eventualmente	
   assumidas,	
   mas	
   não	
   poderá	
  
obrigar	
  o	
  associado	
  a	
  permanecer	
  filiado	
  à	
  entidade.	
  
	
  
Destituição	
  dos	
  administradores	
  e	
  alteração	
  dos	
  estatutos	
  
O	
  art.	
  55	
  do	
  Código	
  Civil	
  estabelece	
  que	
  os	
  associados	
  devem	
  ter	
  direitos	
  iguais,	
  mas	
  
acrescenta	
   que	
   o	
   estatuto	
   poderá	
   instituir	
   categorias	
   com	
   vantagens	
   especiais.	
  
Poderá	
   este,	
   assim,	
   apesar	
   de	
   os	
   associados	
   deverem	
   ter	
   direitos	
   iguais,	
   criar	
  
posições	
   privilegiadas	
   ou	
   conferir	
   direitos	
   preferenciais	
   para	
   certas	
   categorias	
   de	
  
membros,	
  por	
  exemplo,	
  a	
  dos	
  fundadores,	
  que	
  não	
  poderão	
  ser	
  alterados	
  sem	
  o	
  seu	
  
consenso,	
  mesmo	
  que	
  haja	
  decisão	
  assemblear	
  aprovando	
  tal	
  alteração.	
  
	
  
A	
  Lei	
  n.	
  11.127,	
  de	
  28	
  de	
  junho	
  de	
  2005,	
  deu	
  nova	
  redação	
  ao	
  art.	
  59	
  do	
  Código	
  Civil,	
  
do	
  seguinte	
  teor:	
  
“Compete	
  privativamente	
  à	
  assembleia	
  geral:	
  
I	
  —	
  destituir	
  os	
  administradores;	
  
II	
  —	
  alterar	
  o	
  estatuto.	
  
Parágrafo	
  único.	
  Para	
  as	
  deliberações	
  a	
  que	
  se	
  referem	
  os	
  incisos	
  I	
  e	
  II	
  deste	
  artigo	
  é	
  
exigido	
   deliberação	
   da	
   assembleia	
   especialmente	
   convocada	
   para	
   esse	
   fim,	
   cujo	
  
quorum	
   será	
   o	
   estabelecido	
   no	
   estatuto,	
   bem	
   como	
   os	
   critérios	
   de	
   eleição	
   dos	
  
administradores.”	
  
	
  
A	
   referida	
   lei	
   adaptou	
   também	
   a	
   redação	
   do	
   art.	
   60	
   do	
   aludido	
   diploma,	
  
prescrevendo	
   que	
   “a	
   convocação	
   dos	
   órgãos	
   deliberativos	
   far-­‐se-­‐á	
   na	
   forma	
   do	
  
estatuto,	
  garantido	
  a	
  1/5	
  (um	
  quinto)	
  dos	
  associados	
  o	
  direito	
  de	
  promovê-­‐la”.	
  
	
  
A	
  intransmissibilidade	
  da	
  qualidade	
  de	
  associado	
  
A	
  qualidade	
  de	
  associado,	
  segundo	
  prescreve	
  o	
  art.	
  56	
  do	
  Código,	
  “é	
  intransmissível,	
  
se	
   o	
   estatuto	
   não	
   dispuser	
   o	
   contrário”.	
   Poderá	
   este,	
   portanto,	
   autorizar	
   a	
  
transmissão,	
   por	
   ato	
   inter	
   vivos	
   ou	
   causa	
   mortis,	
   dos	
   direitos	
   dos	
   associados	
   a	
  
terceiro.	
   A	
   transferência	
   de	
   quota	
   ou	
   fração	
   ideal	
   do	
   patrimônio	
   da	
   associação,	
  
pertencente	
  ao	
   titular,	
   ao	
  adquirente	
  ou	
  ao	
  herdeiro,	
  não	
   importará,	
  de	
  per	
   si,	
  na	
  
atribuição	
  a	
  estes	
  da	
  qualidade	
  de	
  associados,	
  salvo	
  disposição	
  diversa	
  do	
  estatuto	
  
(art.	
  56,	
  parágrafo	
  único).	
  
	
  
Significa	
  dizer	
  que	
  a	
  transmissão	
  patrimonial	
  não	
  importará,	
  em	
  regra,	
  na	
  atribuição	
  
da	
   qualidade	
   de	
   associado,	
   sujeita	
   ao	
   preenchimento	
   de	
   determinados	
   requisitos	
  
exigidos	
   no	
   estatuto.	
   Este	
   pode,	
   no	
   entanto,	
   permitir	
   a	
   sucessão	
   no	
   quadro	
  
associativo,	
  havendo	
  transmissão	
  da	
  quota	
  social.	
  
	
  
Destino	
  dos	
  bens	
  em	
  caso	
  de	
  dissolução	
  da	
  associação	
  
Em	
   caso	
   de	
   dissolução	
   da	
   associação,	
   os	
   bens	
   remanescentes	
   serão	
   destinados	
   “à	
  
entidade	
   de	
   fins	
   não	
   econômicos	
   designada	
   no	
   estatuto,	
   ou,	
   omisso	
   este,	
   por	
  
deliberação	
   dos	
   associados,	
   a	
   instituição	
   municipal,	
   estadual	
   ou	
   federal,	
   de	
   fins	
  
idênticos	
  ou	
  semelhantes”	
  (CC,	
  art.	
  61).	
  Podem	
  os	
  associados,	
  pelo	
  estatuto	
  ou	
  por	
  
sua	
   própria	
   deliberação,	
   antes	
   da	
   destinação	
   dos	
   referidos	
   bens	
   remanescentes,	
  
“receber	
  em	
  restituição,	
  atualizado	
  o	
  respectivo	
  valor,	
  as	
  contribuições	
  que	
  tiverem	
  
prestado	
  ao	
  patrimônio	
  da	
  associação”	
  (art.	
  61,	
  §	
  1º).	
  
As	
  sociedades	
  
	
  
Celebram	
   contrato	
   de	
   sociedade	
   as	
   pessoas	
   que	
   reciprocamente	
   se	
   obrigam	
   a	
  
contribuir,	
   com	
   bens	
   ou	
   serviços,	
   para	
   o	
   exercício	
   de	
   atividade	
   econômica	
   e	
   a	
  
partilha,	
  entre	
  si,	
  dos	
  resultados.	
  A	
  atividade	
  pode	
  restringir-­‐se	
  à	
   realização	
  de	
  um	
  
ou	
  mais	
  negócios	
  determinados	
  (art.	
  981	
  e	
  parágrafo	
  único).	
  
	
  
As	
  sociedades	
  podem	
  ser	
  simples	
  e	
  empresárias:	
  
• Sociedades	
  simples:	
  são	
  constituídas,	
  em	
  geral,	
  por	
  profissionais	
  que	
  atuam	
  
em	
   uma	
   mesma	
   área	
   ou	
   por	
   prestadores	
   de	
   serviços	
   técnicos	
   (clínicas	
  
médicas	
  e	
  dentárias,	
   escritórios	
  de	
  advocacia,	
   instituições	
  de	
  ensino	
  etc.)	
   e	
  
têm	
   fim	
   econômico	
   ou	
   lucrativo.	
   Mesmo	
   que	
   eventualmente	
   venham	
   a	
  
praticar	
  atos	
  próprios	
  de	
  empresários,	
  tal	
  fato	
  não	
  altera	
  a	
  sua	
  situação,	
  pois	
  
o	
  que	
  se	
  considera	
  é	
  a	
  atividade	
  principal	
  por	
  elas	
  exercida.	
  
	
  
• Sociedades	
   empresárias:	
   também	
   visam	
   ao	
   lucro,	
   mas	
   distinguem-­‐se	
   das	
  
sociedades	
   simples	
  porque	
   têm	
  por	
  objeto	
  o	
   exercício	
  de	
   atividade	
  própria	
  
de	
   empresário	
   sujeito	
   ao	
   registro	
   previsto	
   no	
   art.	
   967	
   do	
   Código	
   Civil.	
  
Considera-­‐se	
   empresário,	
   diz	
   o	
   art.	
   966,	
   “quem	
   exerce	
   profissionalmente	
  
atividade	
  econômica	
  organizada	
  para	
  a	
  produção	
  ou	
  a	
  circulação	
  de	
  bens	
  ou	
  
de	
  serviços”.	
  Como	
  é	
  a	
  própria	
  pessoa	
  jurídica	
  a	
  empresária	
  —	
  e	
  não	
  os	
  seus	
  
sócios	
   —,	
   o	
   correto	
   é	
   falar-­‐se	
   “sociedade	
   empresária”,	
   e	
   não	
   “sociedade	
  
empresarial”	
  (isto	
  é,	
  “de	
  empresários”).	
  
	
  
Empresa	
   e	
   estabelecimento	
   são	
   conceitos	
   diversos,	
   embora	
   essencialmente	
  
vinculados,	
  distinguindo-­‐se	
  ambos	
  do	
  empresário	
  ou	
  sociedade	
  empresária,	
  que	
  são	
  
os	
  titulares	
  da	
  empresa.	
  
	
  
As	
   sociedades	
   empresárias	
   assumem	
   as	
   formas	
   de:	
   sociedade	
   em	
   nome	
   coletivo,	
  
sociedade	
   em	
   comandita	
   simples,	
   sociedade	
   em	
   comandita	
   por	
   ações,	
   sociedade	
  
limitada	
  e	
  sociedade	
  anônima	
  ou	
  por	
  ações	
  (arts.	
  1.039	
  a	
  1.092).	
  	
  
	
  
Equipara-­‐se	
  à	
  sociedade	
  empresária	
  a	
  sociedadeque	
  tenha	
  por	
  fim	
  exercer	
  atividade	
  
própria	
   de	
   empresário	
   rural,	
   que	
   seja	
   constituída	
   de	
   acordo	
   com	
  um	
  dos	
   tipos	
   de	
  
sociedade	
  empresária	
  e	
  que	
  tenha	
  requerido	
  sua	
  inscrição	
  no	
  Registro	
  de	
  Empresas	
  
de	
  sua	
  sede	
  (CC,	
  art.	
  984).	
  
	
  
Fundações	
  
	
  
Conceito	
  
As	
  fundações	
  constituem	
  um	
  acervo	
  de	
  bens,	
  que	
  recebe	
  personalidade	
  jurídica	
  para	
  
a	
   realização	
   de	
   fins	
   determinados,	
   de	
   interesse	
   público,	
   de	
   modo	
   permanente	
   e	
  
estável.	
   Na	
   dicção	
   de	
   Clóvis,	
   “consistem	
   em	
   complexos	
   de	
   bens	
   (universitates	
  
bonorum)	
   dedicados	
   à	
   consecução	
   de	
   certos	
   fins	
   e,	
   para	
   esse	
   efeito,	
   dotados	
   de	
  
personalidade”.	
  Decorrem	
  da	
  vontade	
  de	
  uma	
  pessoa,	
  o	
   instituidor,	
  e	
  seus	
  fins,	
  de	
  
natureza	
  religiosa,	
  moral,	
  cultural	
  ou	
  assistencial,	
  são	
  imutáveis.	
  
	
  
Espécies	
  
As	
  fundações	
  podem	
  ser:	
  
• particulares:	
  reguladas	
  no	
  Código	
  Civil,	
  arts.	
  62	
  a	
  69.	
  Dispõe	
  o	
  primeiro:	
  “Art.	
  
62.	
  Para	
  criar	
  uma	
  fundação,	
  o	
  seu	
   instituidor	
   fará,	
  por	
  escritura	
  pública	
  ou	
  
testamento,	
   dotação	
   especial	
   de	
   bens	
   livres,	
   especificando	
   o	
   fim	
   a	
   que	
   se	
  
destina,	
  e	
  declarando,	
  se	
  quiser,	
  a	
  maneira	
  de	
  administrá-­‐la”;	
   	
  
	
  
• públicas:	
   estas	
   são	
   instituídas	
   pelo	
   Estado,	
   pertencendo	
   os	
   seus	
   bens	
   ao	
  
patrimônio	
   público,	
   com	
   destinação	
   especial,	
   regendo-­‐se	
   por	
   normas	
  
próprias	
  de	
  direito	
  administrativo.	
  
	
  
Elementos	
  
A	
  fundação	
  compõe-­‐se,	
  assim,	
  de	
  dois	
  elementos:	
  
a)	
  o	
  patrimônio;	
  e	
  
b)	
  o	
  fim.	
  
	
  
O	
   fim	
  é	
  estabelecido	
  pelo	
   instituidor	
  e	
  não	
  pode	
  ser	
   lucrativo,	
  mas,	
   sim,	
   social,	
  de	
  
interesse	
  público.	
  A	
  propósito,	
  inovou	
  o	
  Código	
  de	
  2002	
  ao	
  prescrever,	
  no	
  parágrafo	
  
único	
  do	
  supratranscrito	
  art.	
  62,	
  que	
  a	
  “fundação	
  somente	
  poderá	
  constituir-­‐se	
  para	
  
fins	
  religiosos,	
  morais,	
  culturais	
  ou	
  de	
  assistência”.	
  A	
  limitação,	
  inexistente	
  no	
  Código	
  
de	
   1916,	
   tem	
   a	
   vantagem	
   de	
   impedir	
   a	
   instituição	
   de	
   fundações	
   para	
   fins	
  menos	
  
nobres	
  ou	
  mesmo	
  fúteis.	
  
	
  
Registre-­‐se	
  que	
  se	
  vem	
  entendendo	
  que	
  a	
  enumeração	
  aparentemente	
  restritiva	
  dos	
  
fins	
   de	
   uma	
   fundação	
   no	
   citado	
   dispositivo	
   legal	
   é	
   meramente	
   exemplificativa,	
  
admitindo-­‐se	
  possa	
  ela	
  se	
  prestar	
  a	
  outras	
  finalidades,	
  desde	
  que	
  afastado	
  o	
  caráter	
  
lucrativo.	
  	
  
	
  
Necessidade	
  de	
  que	
  os	
  bens	
  sejam	
  livres	
  e	
  suficientes	
  
A	
  necessidade	
  de	
  que	
  os	
  bens	
  sejam	
  livres	
  é	
  intuitiva,	
  pois	
  a	
  incidência	
  de	
  qualquer	
  
ônus	
  ou	
  encargo	
  sobre	
  eles	
  colocaria	
  em	
  risco	
  a	
  própria	
  existência	
  da	
  instituição,	
  na	
  
eventualidade	
  de	
  se	
  desfalcarem	
  ou	
  virem	
  a	
  desaparecer,	
  frustrando	
  a	
  realização	
  de	
  
seus	
  objetivos.	
  
	
  
Dispõe	
   o	
   art.	
   63	
   do	
   Código	
   Civil	
   que,	
   quando	
   “insuficientes	
   para	
   constituir	
   a	
  
fundação,	
   os	
   bens	
   a	
   ela	
   destinados	
   serão,	
   se	
   de	
   outro	
   modo	
   não	
   dispuser	
   o	
  
instituidor,	
   incorporados	
   em	
   outra	
   fundação	
   que	
   se	
   proponha	
   a	
   fim	
   igual	
   ou	
  
semelhante”.	
   Denota-­‐se	
   a	
   intenção	
   de	
   respeitar	
   a	
   vontade	
   do	
   instituidor.	
   Se	
   a	
  
fundação	
  por	
  ele	
   idealizada	
  não	
  puder	
  ser	
  concretizada	
  por	
  esse	
  motivo,	
  os	
  bens	
  a	
  
ela	
   destinados	
   serão	
   aproveitados	
   em	
   outra	
   instituição	
   de	
  mesmo	
   fim,	
   dando-­‐lhe	
  
eficácia	
  ou	
  incrementando	
  o	
  seu	
  patrimônio.	
  	
  
	
  
Constituição	
  da	
  fundação	
  
A	
  constituição	
  da	
  fundação	
  se	
  desdobra	
  em	
  quatro	
  fases:	
  
• Ato	
  de	
  dotação	
  ou	
  de	
  instituição,	
  que	
  compreende	
  a	
  reserva	
  ou	
  destinação	
  
de	
   bens	
   livres,	
   com	
   indicação	
   dos	
   fins	
   a	
   que	
   se	
   destinam	
   e	
   a	
   maneira	
   de	
  
administrá-­‐los.	
  Far-­‐se-­‐á	
  por	
  ato	
  inter	
  vivos	
  (escritura	
  pública)	
  ou	
  causa	
  mortis	
  
(testamento).	
  O	
  patrimônio	
  há	
  de	
  ser	
  apto	
  a	
  produzir	
  rendas	
  ou	
  serviços	
  que	
  
possibilitem	
  a	
   consecução	
   dos	
   fins	
   visados	
   pelo	
   instituidor,	
   sob	
   pena	
   de	
   se	
  
frustrar	
   a	
   iniciativa,	
   e	
   pode	
   ser	
   constituído	
   por	
   diversas	
   espécies	
   de	
   bens	
  
(imóveis,	
   móveis,	
   créditos	
   etc.).	
   Deve	
   o	
   instituidor,	
   feita	
   a	
   dotação	
   por	
  
escritura	
   pública,	
   transferir-­‐lhes	
   a	
   propriedade	
   ou	
   outro	
   direito	
   real	
   sobre	
  
eles,	
   sob	
   pena	
   de	
   serem	
   registrados	
   em	
   nome	
   dela	
   por	
   mandado.	
   Ocorre	
  
que,	
  mesmo	
  com	
  a	
  criação	
  direta	
  da	
  entidade	
  pelo	
  ato	
  de	
  dotação,	
   ficará	
  o	
  
bem	
   no	
   patrimônio	
   do	
   instituidor	
   até	
   o	
   momento	
   em	
   que	
   se	
   operar	
   a	
  
constituição	
   da	
   pessoa	
   jurídica	
   da	
   fundação,	
   mediante	
   um	
   procedimento	
  
complexo.	
  
	
  
• Elaboração	
   do	
   estatuto,	
   que	
   pode	
   ser:	
   a)	
   direta	
   ou	
   própria	
   (pelo	
   próprio	
  
instituidor);	
  ou	
  b)	
  fiduciária	
  (por	
  pessoa	
  de	
  sua	
  confiança,	
  por	
  ele	
  designada).	
  
O	
   instituidor	
   podetanto	
   elaborar	
   o	
   estatuto	
   por	
   inteiro	
   como	
   formular-­‐lhe	
  
somente	
  as	
  bases,	
  ou	
  seja,	
  as	
  cláusulas	
  gerais,	
  que	
  deverão	
  ser	
  desenvolvidas	
  
pelo	
  administrador	
  que	
  aceitou	
  a	
  incumbência.	
  Se	
  o	
  instituidor	
  não	
  elabora	
  o	
  
estatuto	
  nem	
  indica	
  quem	
  deva	
  fazê-­‐lo,	
  o	
  Ministério	
  Público	
  poderá	
  tomar	
  a	
  
iniciativa.	
   Isso	
   também	
   acontecerá	
   se	
   a	
   pessoa	
   designada	
   não	
   cumprir	
   o	
  
referido	
   encargo	
   no	
   prazo	
   que	
   lhe	
   foi	
   assinalado	
   pelo	
   instituidor	
   ou,	
   não	
  
havendo	
  prazo,	
  em	
  cento	
  e	
  oitenta	
  dias.	
   	
  
	
  
• Aprovação	
   do	
   estatuto:	
   o	
   estatuto	
   é	
   encaminhado	
   ao	
   Ministério	
   Público	
  
Estadual	
  da	
  localidade,	
  que	
  é	
  a	
  autoridade	
  competente	
  aque	
  se	
  refere	
  o	
  art.	
  
65	
  do	
  Código	
  Civil,	
  para	
  aprovação.	
  Antes,	
   verificará	
   se	
  o	
  objeto	
  é	
   lícito,	
   se	
  
foram	
   observadas	
   as	
   bases	
   fixadas	
   pelo	
   instituidor	
   e	
   se	
   os	
   bens	
   são	
  
suficientes.	
   O	
   Ministério	
   Público,	
   em	
   quinze	
   dias,	
   aprovará	
   o	
   estatuto,	
  
indicará	
   modificações	
   que	
   entender	
   necessárias	
   ou	
   lhe	
   denegará	
   a	
  
aprovação.	
   O	
   juiz,	
   antes	
   de	
   suprir	
   a	
   aprovação,	
   poderá	
   também	
   fazer	
  
modificações	
   no	
   estatuto,	
   a	
   fim	
   de	
   adaptá-­‐lo	
   aos	
   fins	
   pretendidos	
   pelo	
  
instituidor.	
  Da	
  decisão	
  do	
  juiz	
  também	
  cabe	
  recurso,	
  que	
  é	
  o	
  de	
  apelação,	
  à	
  
instância	
   superior.	
   Igualmente	
   compete	
   ao	
   juiz	
   aprovar	
   o	
   estatuto	
   quando	
  
este	
   é	
   elaborado	
   pelo	
   órgão	
   do	
  Ministério	
   Público,	
   suprindo	
   a	
   omissão	
   do	
  
instituidor	
  ou	
  da	
  pessoa	
  por	
  ele	
  encarregada	
  de	
  cumprir	
  o	
  encargo.	
   	
  
	
  
• Registro,	
  que	
  se	
   faz	
  no	
  Registro	
  Civil	
  das	
  Pessoas	
   Jurídicas.	
  É	
   indispensável,	
  
pois	
  só	
  com	
  ele	
  começa	
  a	
  fundação	
  a	
  ter	
  existência	
  legal.	
  O	
  art.	
  46	
  do	
  novo	
  
Código	
   exige	
   que	
   o	
   registro	
   declare,	
   dentre	
   outros	
   dados,	
   “o	
   nome	
   e	
   a	
  
individualização	
   dos	
   fundadores	
   ou	
   instituidores,	
   e	
   dos	
   diretores”	
   e	
   “as	
  
condições	
   de	
   extinção	
   da	
   pessoa	
   jurídica	
   e	
   o	
   destino	
   do	
   seu	
   patrimônio,	
  
nesse	
   caso”.	
   Dispõe	
   o	
   art.	
   115	
   da	
   Lei	
   dos	
   Registros	
   Públicos	
   que	
   “não	
  
poderão	
  ser	
  registrados	
  os	
  atos	
  constitutivos	
  de	
  pessoas	
  jurídicas,	
  quando	
  o	
  
seu	
   objeto	
   ou	
   circunstâncias	
   relevantes	
   indiquem	
   destino	
   ou	
   atividade	
  
ilícitos,	
  ou	
  contrários,	
  nocivos	
  ou	
  perigosos	
  ao	
  bem	
  público,	
  à	
  segurança	
  do	
  
Estado	
   e	
   da	
   coletividade,	
   à	
   ordem	
   pública	
   ou	
   social,	
   à	
   moral	
   e	
   aos	
   bons	
  
costumes”.	
  O	
  desvirtuamento	
  posterior	
   ao	
   registro,	
   passando	
  a	
   fundação	
  a	
  
exercer	
  atividade	
  ilícita	
  ou	
  nociva,	
  constitui	
  causa	
  de	
  dissolução,	
  cabendo	
  ao	
  
Ministério	
  Público	
  a	
  iniciativa	
  se	
  não	
  o	
  fizerem	
  os	
  sócios	
  ou	
  alguns	
  deles.	
  
	
  
A	
  função	
  do	
  Ministério	
  Público	
  de	
  velar	
  pelas	
  fundações	
  
A	
  fiscalização	
  da	
  fundação	
  compete	
  ao	
  Ministério	
  Público	
  do	
  Estado	
  em	
  que	
  estiver	
  
situada.	
  Se	
  a	
  sua	
  atividade	
  se	
  estender	
  por	
  mais	
  de	
  um	
  Estado,	
  a	
  atuação	
  caberá,	
  em	
  
cada	
  um	
  deles,	
  ao	
  respectivo	
  Parquet.	
  A	
  função	
  fiscalizatória	
  do	
  Promotor	
  de	
  Justiça	
  
evita	
  a	
  indevida	
  utilização	
  da	
  fundação	
  para	
  fins	
  ilícitos	
  e	
  obsta	
  o	
  desvirtuamento	
  de	
  
seus	
   objetivos.	
   Poderá	
   ele	
   propor	
   medidas	
   judiciais	
   para	
   remover	
   o	
   improbo	
  
administrador	
   da	
   fundação	
   ou	
   lhe	
   pedir	
   contas	
   que	
   está	
   obrigado	
   a	
   prestar	
   e	
   até	
  
mesmo	
  para	
  extingui-­‐la,	
  se	
  desvirtuar	
  as	
  suas	
  finalidades	
  e	
  tornar-­‐se	
  nociva.	
  
	
  
Alteração	
  no	
  estatuto	
  
Qualquer	
   alteração	
   no	
   estatuto	
   da	
   fundação	
   deve	
   ser	
   submetida	
   à	
   aprovação	
   do	
  
Ministério	
  Público,	
  devendo-­‐se	
  observar	
  os	
  requisitos	
  exigidos	
  no	
  art.	
  67	
  do	
  Código	
  
Civil.	
   É	
  mister,	
   portanto,	
   que	
   a	
   reforma:	
   “I	
  —	
   seja	
   deliberada	
   por	
   dois	
   terços	
   dos	
  
competentes	
  para	
  gerir	
  e	
  representar	
  a	
  fundação;	
  II	
  —	
  não	
  contrarie	
  ou	
  desvirtue	
  o	
  
fim	
   desta;	
   III	
   —	
   seja	
   aprovada	
   pelo	
   órgão	
   do	
   Ministério	
   Público,	
   e,	
   caso	
   este	
   a	
  
denegue,	
  poderá	
  o	
  juiz	
  supri-­‐la,	
  a	
  requerimento	
  do	
  interessado”.	
  
	
  
Os	
  fins	
  ou	
  objetivos	
  da	
  fundação	
  não	
  podem,	
  todavia,	
  ser	
  modificados,	
  nem	
  mesmo	
  
pela	
   vontade	
   unânime	
   de	
   seus	
   dirigentes.	
   São	
   inalteráveis,	
   porque	
   somente	
   o	
  
instituidor	
   pode	
   especificá-­‐los	
   e	
   sua	
   vontade	
   deve	
   ser	
   prestigiada.	
   Se	
   a	
   alteração	
  
estatutária	
   não	
   houver	
   sido	
   aprovada	
   por	
   unanimidade,	
   “os	
   administradores	
   da	
  
fundação,	
   ao	
   submeterem	
   o	
   estatuto	
   ao	
   órgão	
   do	
  Ministério	
   Público,	
   requererão	
  
que	
   se	
   dê	
   ciência	
   à	
   minoria	
   vencida	
   para	
   impugná-­‐la,	
   se	
   quiser,	
   em	
   dez	
   dias”.	
  
Permite-­‐se,	
  assim,	
  que	
  o	
  Judiciário	
  exerça	
  o	
  controle	
  da	
  legalidade	
  do	
  ato,	
  visto	
  que	
  
ao	
   Ministério	
   Público	
   compete	
   apenas	
   o	
   dever	
   de	
   fiscalizar,	
   e	
   não	
   o	
   direito	
   de	
  
decidir.	
  
	
  
Inalienabilidade	
  dos	
  bens	
  
Não	
   podem	
   os	
   dirigentes	
   da	
   fundação	
   alienar,	
   de	
   qualquer	
   forma,	
   os	
   bens	
   da	
  
fundação,	
   que	
   são	
   inalienáveis,	
   porque	
   sua	
   existência	
   é	
   que	
   assegura	
   a	
  
concretização	
   dos	
   fins	
   visados	
   pelo	
   instituidor,	
   salvo	
   determinação	
   em	
   sentido	
  
diferente	
   por	
   parte	
   deste.	
   Mas	
   a	
   inalienabilidade	
   não	
   é	
   absoluta.	
   Comprovada	
   a	
  
necessidade	
   da	
   alienação,	
   pode	
   ser	
   esta,	
   em	
   casos	
   especiais,	
   autorizada	
   pelo	
   juiz	
  
competente,	
  com	
  audiência	
  do	
  Ministério	
  Público,	
  aplicando-­‐se	
  o	
  produto	
  da	
  venda	
  
na	
   própria	
   fundação,	
   em	
   outros	
   bens	
   destinados	
   à	
   consecução	
   de	
   seus	
   fins,	
   de	
  
acordo	
  com	
  a	
  jurisprudência.	
  Feita	
  sem	
  autorização	
  judicial,	
  é	
  nula.	
  Com	
  autorização	
  
judicial,	
   pode	
   ser	
   feita,	
   ainda	
   que	
   a	
   inalienabilidade	
   tenha	
   sido	
   imposta	
   pelo	
  
instituidor.	
  
	
  
Extinção	
  das	
  fundações	
  e	
  destino	
  do	
  patrimônio	
  
As	
  fundações	
  extinguem-­‐se	
  em	
  dois	
  casos,	
  especificados	
  no	
  art.	
  69	
  do	
  Código	
  Civil:	
  
• Se	
  se	
   tornar	
   ilícita	
   (nociva),	
   impossível	
  ou	
   inútil	
   a	
   sua	
   finalidade:	
  a	
  primeira	
  
hipótese	
  é	
  rara,	
  mas	
  poderá	
  ocorrer	
  se	
  houver	
  grave	
  e	
  criminoso	
  desvio	
  de	
  
finalidade	
   ou	
   mudança	
   no	
   ordenamento	
   jurídico,	
   tornando	
   ilícito	
   fato	
   que	
  
antesnão	
   era.	
   A	
   impossibilidade	
   decorre,	
   via	
   de	
   regra,	
   de	
   problemas	
  
financeiros,	
   decorrentes,	
  muitas	
   vezes,	
   de	
  mudanças	
   na	
   política	
   econômica	
  
do	
   país	
   ou	
   de	
   má	
   administração.	
   A	
   inutilidade	
   da	
   finalidade	
   pode	
   ocorrer	
  
principalmente	
   quando	
   o	
   fim	
   colimado	
   já	
   foi	
   alcançado,	
   como	
   no	
   caso	
   de	
  
erradicação	
  de	
  determinada	
  moléstia	
  que	
  a	
  fundação	
  visava	
  combater.	
   	
  
	
  
• Se	
   vencer	
   o	
   prazo	
   de	
   sua	
   existência:	
   a	
   lei	
   não	
   estabelece	
   prazo	
   para	
   a	
  
duração	
  da	
  fundação,	
  mas	
  o	
  instituidor	
  pode	
  fixá-­‐lo.	
  Só	
  neste	
  caso	
  se	
  aplica,	
  
pois,	
  a	
  hipótese	
  de	
  extinção	
  da	
  fundação	
  em	
  consequência	
  do	
  vencimento	
  do	
  
prazo	
  de	
  sua	
  existência.	
  
	
  
Nos	
   casos	
   mencionados,	
   cabe	
   ao	
   Ministério	
   Público	
   ou	
   a	
   qualquer	
   interessado	
  
promover	
  a	
  extinção	
  da	
  fundação	
  e	
  possibilitar,	
  com	
  isso,	
  o	
  atendimento	
  de	
  outras	
  
finalidades,	
  com	
  a	
  incorporação	
  do	
  patrimônio	
  a	
  outra	
  fundação	
  de	
  fim	
  semelhante.	
  
Dispõe,	
  com	
  efeito,	
  o	
  art.	
  69	
  do	
  Código	
  Civil:	
  
	
  
Art.	
  69.	
  Tornando-­‐se	
  ilícita,	
  impossível	
  ou	
  inútil	
  a	
  finalidade	
  a	
  que	
  visa	
  a	
  fundação,	
  ou	
  
vencido	
   o	
   prazo	
   de	
   sua	
   existência,	
   o	
   órgão	
   do	
   Ministério	
   Público,	
   ou	
   qualquer	
  
interessado,	
   lhe	
   promoverá	
   a	
   extinção,	
   incorporando-­‐se	
   o	
   seu	
   patrimônio,	
   salvo	
  
disposição	
   em	
   contrário	
   no	
   ato	
   constitutivo,	
   ou	
   no	
   estatuto,	
   em	
   outra	
   fundação,	
  
designada	
  pelo	
  juiz,	
  que	
  se	
  proponha	
  a	
  fim	
  igual	
  ou	
  semelhante.	
  
	
  
Com	
   a	
   extinção	
   da	
   fundação,	
   nas	
   hipóteses	
   mencionadas,	
   o	
   patrimônio	
   terá	
   o	
  
destino	
  previsto	
  pelo	
  instituidor	
  no	
  ato	
  constitutivo.	
  Se	
  não	
  foi	
  feita	
  essa	
  previsão,	
  o	
  
art.	
   69	
   supratranscrito	
   determina	
   que	
   seja	
   incorporado	
   em	
   outra	
   fundação	
  
(municipal,	
   estadual	
   ou	
   federal,	
   aplicando-­‐se	
   por	
   analogia	
   o	
   art.	
   61	
   do	
   mesmo	
  
diploma)	
  designada	
  pelo	
  juiz,	
  que	
  se	
  proponha	
  a	
  fim	
  igual	
  ou	
  semelhante.	
  
	
  
A	
  lei	
  não	
  esclarece	
  qual	
  o	
  destino	
  do	
  patrimônio	
  se	
  não	
  existir	
  qualquer	
  fundação	
  de	
  
fins	
   iguais	
   ou	
   semelhantes.	
   Nesse	
   caso,	
   entende	
   a	
   doutrina	
   que	
   os	
   bens	
   serão	
  
declarados	
   vagos	
   e	
   passarão,	
   então,	
   ao	
   Município	
   ou	
   ao	
   Distrito	
   Federal	
   se	
  
localizados	
   nas	
   respectivas	
   circunscrições,	
   incorporando-­‐se	
   ao	
   domínio	
   da	
   União	
  
quando	
  situados	
  em	
  território	
  federal,	
  aplicando-­‐se	
  por	
  analogia	
  o	
  disposto	
  no	
  art.	
  
1.288	
  do	
  Código	
  Civil.	
  
DESCONSIDERAÇÃO	
  DA	
  PERSONALIDADE	
  JURÍDICA	
  
Conceito	
  
O	
  ordenamento	
   jurídico	
   confere	
  às	
  pessoas	
   jurídicas	
  personalidade	
  distinta	
  da	
  dos	
  
seus	
  membros.	
  Esse	
  princípio	
  da	
  autonomia	
  patrimonial	
  possibilita	
  que	
  sociedades	
  
empresárias	
  sejam	
  utilizadas	
  como	
  instrumento	
  para	
  a	
  prática	
  de	
  fraudes	
  e	
  abusos	
  
de	
  direito	
  contra	
  credores,	
  acarretando-­‐lhes	
  prejuízos.	
  Pessoas	
  inescrupulosas	
  têm-­‐
se	
  aproveitado	
  desse	
  princípio	
  com	
  a	
  intenção	
  de	
  se	
  locupletarem	
  em	
  detrimento	
  de	
  
terceiros,	
   utilizando	
   a	
   pessoa	
   jurídica	
   como	
  uma	
   espécie	
   de	
   “capa”	
   ou	
   “véu”	
   para	
  
proteger	
  os	
  seus	
  negócios	
  escusos.	
  
	
  
A	
   reação	
   a	
   esses	
   abusos	
   ocorreu	
   em	
   diversos	
   países,	
   dando	
   origem	
   à	
   teoria	
   da	
  
desconsideração	
  da	
  personalidade	
  jurídica.	
  Permite	
  tal	
  teoria	
  que	
  o	
  juiz,	
  em	
  casos	
  de	
  
fraude	
   e	
   de	
   má-­‐fé,	
   desconsidere	
   o	
   princípio	
   de	
   que	
   as	
   pessoas	
   jurídicas	
   têm	
  
existência	
  distinta	
  da	
  de	
  seus	
  membros	
  e	
  os	
  efeitos	
  dessa	
  autonomia	
  para	
  atingir	
  e	
  
vincular	
  os	
  bens	
  particulares	
  dos	
  sócios	
  à	
  satisfação	
  das	
  dívidas	
  da	
  sociedade.	
  
	
  
Como	
   bem	
   esclarece	
   Fábio	
   Ulhoa	
   Coelho,	
   “a	
   decisão	
   judicial	
   que	
   desconsidera	
   a	
  
personalidade	
  jurídica	
  da	
  sociedade	
  não	
  desfaz	
  o	
  seu	
  ato	
  constitutivo,	
  não	
  o	
  invalida,	
  
nem	
   importa	
   a	
   sua	
   dissolução.	
   Trata,	
   apenas	
   e	
   rigorosamente,	
   de	
   suspensão	
  
episódica	
   da	
   eficácia	
   desse	
   ato.	
   Quer	
   dizer,	
   a	
   constituição	
   da	
   pessoa	
   jurídica	
   não	
  
produz	
  efeitos	
  apenas	
  no	
  caso	
  em	
  julgamento,	
  permanecendo	
  válida	
  e	
  inteiramente	
  
eficaz	
  para	
  todos	
  os	
  outros	
  fins...	
  Em	
  suma,	
  a	
  aplicação	
  da	
  teoria	
  da	
  desconsideração	
  
não	
  importa	
  dissolução	
  ou	
  anulação	
  da	
  sociedade”.	
  
	
  
Cumpre	
   distinguir,	
   pois,	
   despersonalização	
   de	
   desconsideração	
   da	
   personalidade	
  
jurídica.	
   A	
   primeira	
   acarreta	
   a	
   dissolução	
   da	
   pessoa	
   jurídica	
   ou	
   a	
   cassação	
   da	
  
autorização	
  para	
  seu	
  funcionamento,	
  enquanto	
  na	
  segunda	
  “subsiste	
  o	
  princípio	
  da	
  
autonomia	
   subjetiva	
   da	
   pessoa	
   coletiva,	
   distinta	
   da	
   pessoa	
   de	
   seus	
   sócios	
   ou	
  
componentes,	
  mas	
  essa	
  distinção	
  é	
  afastada,	
  provisoriamente	
  e	
  tão	
  só	
  para	
  o	
  caso	
  
concreto”.	
  
	
  
A	
  desconsideração	
  no	
  direito	
  brasileiro	
  
Rubens	
  Requião	
   foi	
  o	
  primeiro	
   jurista	
  brasileiro	
  a	
   tratar	
  da	
   referida	
  doutrina	
  entre	
  
nós,	
   no	
   final	
   dos	
   anos	
   1960,	
   sustentando	
   a	
   sua	
   utilização	
   pelos	
   juízes,	
  
independentemente	
  de	
  específica	
  previsão	
  legal46.	
  E	
  o	
  primeiro	
  diploma	
  a	
  se	
  referir	
  
a	
  ela	
  é	
  o	
  Código	
  de	
  Defesa	
  do	
  Consumidor	
  que,	
  no	
  art.	
  28	
  e	
  seus	
  parágrafos,	
  autoriza	
  
o	
   juiz	
   a	
   desconsiderar	
   a	
   personalidade	
   jurídica	
   da	
   sociedade	
   quando,	
   “em	
  
detrimento	
  do	
  consumidor,	
  houver	
  abuso	
  de	
  direito,	
  excesso	
  de	
  poder,	
   infração	
  da	
  
lei,	
   fato	
  ou	
  ato	
   ilícito	
  ou	
  violação	
  dos	
  estatutos	
  ou	
  contrato	
  social”,	
  bem	
  como	
  nos	
  
casos	
   de	
   “falência,	
   estado	
   de	
   insolvência,	
   encerramento	
   ou	
   inatividadeda	
   pessoa	
  
jurídica	
  provocados	
  por	
  má	
  administração”.	
  E,	
  ainda,	
  “sempre	
  que	
  sua	
  personalidade	
  
for,	
   de	
   alguma	
   forma,	
   obstáculo	
   ao	
   ressarcimento	
   de	
   prejuízos	
   causados	
   aos	
  
consumidores”.	
  
	
  
A	
   Lei	
  n.	
  9.605,	
  de	
  12	
  de	
   fevereiro	
  de	
  1998,	
  que	
  dispõe	
   sobre	
  atividades	
   lesivas	
  ao	
  
meio	
  ambiente,	
  também	
  permite	
  a	
  desconsideração	
  da	
  pessoa	
  jurídica	
  “sempre	
  que	
  
sua	
  personalidade	
  for	
  obstáculo	
  ao	
  ressarcimento	
  de	
  prejuízos	
  causados	
  à	
  qualidade	
  
do	
  meio	
  ambiente”	
  (art.	
  4º).	
  
	
  
Dentre	
   as	
   regras	
   disciplinadoras	
   da	
   vida	
   associativa	
   em	
   geral,	
   previstas	
   no	
   novo	
  
Código	
   Civil,	
   destaca-­‐se	
   a	
   que	
   dispõe	
   sobre	
   a	
   repressão	
   do	
   uso	
   indevido	
   da	
  
personalidade	
  jurídica,	
  quando	
  esta	
  for	
  desviada	
  de	
  seus	
  objetivos	
  socioeconômicos	
  
para	
  a	
  prática	
  de	
  atos	
  ilícitos	
  ou	
  abusivos.	
  Prescreve,	
  com	
  efeito,	
  o	
  art.	
  50:	
  
	
  
“Art.	
  50.	
  Em	
  caso	
  de	
  abuso	
  da	
  personalidade	
   jurídica,	
  caracterizado	
  pelo	
  desvio	
  de	
  
finalidade,	
   ou	
   pela	
   confusão	
   patrimonial,	
   pode	
   o	
   juiz	
   decidir,	
   a	
   requerimento	
   da	
  
parte,	
   ou	
   do	
   Ministério	
   Público	
   quando	
   lhe	
   couber	
   intervir	
   no	
   processo,	
   que	
   os	
  
efeitos	
  de	
  certas	
  e	
  determinadas	
  relações	
  de	
  obrigações	
  sejam	
  estendidos	
  aos	
  bens	
  
particulares	
  dos	
  administradores	
  ou	
  sócios	
  da	
  pessoa	
  jurídica.”	
  
	
  
Embora	
   o	
   dispositivo	
   transcrito	
   não	
   utilize	
   a	
   expressão	
   “desconsideração	
   da	
  
personalidade	
  jurídica”,	
  a	
  redação	
  original	
  do	
  Projeto	
  de	
  Código	
  Civil	
  e	
  as	
  emendas	
  
apresentadas	
   demonstram	
   que	
   a	
   intenção	
   do	
   legislador	
   era	
   a	
   de	
   incorporá-­‐la	
   ao	
  
nosso	
  direito.	
  
	
  
	
  
	
  
Domicílio	
  
	
  
Conceito	
  
A	
  noção	
  de	
  domicílio	
  é	
  de	
  grande	
  importância	
  no	
  direito.	
  Como	
  as	
  relações	
  jurídicas	
  
se	
   formam	
   entre	
   pessoas,	
   é	
   necessário	
   que	
   estas	
   tenham	
   um	
   local,	
   livremente	
  
escolhido	
  ou	
  determinado	
  pela	
  lei,	
  onde	
  possam	
  ser	
  encontradas	
  para	
  responder	
  por	
  
suas	
   obrigações.	
   Todos	
   os	
   sujeitos	
   de	
   direito	
   devem	
   ter,	
   pois,	
   um	
   lugar	
   certo	
   no	
  
espaço,	
   de	
   onde	
   irradiem	
   sua	
   atividade	
   jurídica.	
   Esse	
   ponto	
   de	
   referência	
   é	
   o	
   seu	
  
domicílio.	
  
	
  
O	
   vocábulo	
   “domicílio”	
   tem	
   significado	
   jurídico	
   relevante	
   em	
   todos	
   os	
   ramos	
   do	
  
direito,	
  especialmente	
  no	
  direito	
  processual	
  civil.	
  
	
  
Domicílio	
  da	
  pessoa	
  natural	
  
O	
   novo	
   Código	
   trata	
   conjuntamente	
   do	
   domicílio	
   da	
   pessoa	
   natural	
   e	
   da	
   pessoa	
  
jurídica	
  no	
  Título	
  III	
  do	
  Livro	
  I	
  da	
  Parte	
  Geral.	
  
	
  
Conceito	
  
Pode-­‐se	
  simplesmente	
  dizer	
  que	
  domicílio	
  é	
  o	
   local	
  onde	
  o	
   indivíduo	
  responde	
  por	
  
suas	
  obrigações	
  ou	
  o	
  local	
  em	
  que	
  estabelece	
  a	
  sede	
  principal	
  de	
  sua	
  residência	
  e	
  de	
  
seus	
  negócios.	
  É,	
  em	
  última	
  análise,	
  a	
  sede	
  jurídica	
  da	
  pessoa,	
  onde	
  ela	
  se	
  presume	
  
presente	
  para	
  efeitos	
  de	
  direito	
  e	
  onde	
  pratica	
  habitualmente	
  seus	
  atos	
  e	
  negócios	
  
jurídicos.	
  
	
  
Nas	
  definições	
  apontadas,	
  sobressaem-­‐se	
  duas	
  ideias:	
  a	
  de	
  morada	
  e	
  a	
  de	
  centro	
  de	
  
atividade.	
  O	
  Código	
  Civil	
  brasileiro,	
  seguindo	
  o	
  modelo	
  do	
  suíço,	
  define	
  domicílio	
  no	
  
art.	
  70,	
  verbis:	
  
“Art.	
  70.	
  O	
  domicílio	
  da	
  pessoa	
  natural	
  é	
  o	
  lugar	
  onde	
  ela	
  estabelece	
  a	
  sua	
  residência	
  
com	
  ânimo	
  definitivo.”	
  
	
  
E,	
  no	
  art.	
  72,	
  caput,	
  concernente	
  à	
  atividade	
  externa	
  da	
  pessoa,	
  especialmente	
  a	
  de	
  
natureza	
  profissional,	
  dispõe:	
  
“Art.	
  72.	
  É	
  também	
  domicílio	
  da	
  pessoa	
  natural,	
  quanto	
  às	
  relações	
  concernentes	
  à	
  
profissão,	
  o	
  lugar	
  onde	
  esta	
  é	
  exercida.”	
  
	
  
O	
  conceito	
  de	
  domicílio	
  civil	
  é	
  composto,	
  pois,	
  de	
  dois	
  elementos:	
  
	
  
• Primeiro	
   elemento:	
   residência.	
   A	
   residência	
   é,	
   portanto,	
   apenas	
   um	
  
elemento	
  componente	
  do	
  conceito	
  de	
  domicílio,	
  que	
  é	
  mais	
  amplo	
  e	
  com	
  ela	
  
não	
  se	
  confunde.	
  Residência,	
  como	
  foi	
  dito,	
  é	
  simples	
  estado	
  de	
  fato,	
  sendo	
  o	
  
domicílio	
   uma	
   situação	
   jurídica.	
   Residência,	
   que	
   indica	
   a	
   radicação	
   do	
  
indivíduo	
  em	
  determinado	
   lugar,	
   também	
  não	
  se	
  confunde	
  com	
  morada	
  ou	
  
habitação,	
  local	
  que	
  a	
  pessoa	
  ocupa	
  esporadicamente,	
  como	
  a	
  casa	
  de	
  praia	
  
ou	
  de	
  campo,	
  o	
  hotel	
  em	
  que	
  passa	
  uma	
  temporada	
  ou	
  mesmo	
  o	
  local	
  para	
  
onde	
  se	
  mudou	
  provisoriamente	
  até	
  concluir	
  a	
  reforma	
  de	
  sua	
  casa.	
  É	
  mera	
  
relação	
  de	
  fato,	
  de	
  menor	
  expressão	
  que	
  residência.	
  
	
  
Uma	
   pessoa	
   pode	
   ter	
   um	
   só	
   domicílio	
   e	
   mais	
   de	
   uma	
   residência.	
   Pode	
   ter	
  
também	
  mais	
  de	
  um	
  domicílio,	
  pois	
  o	
  Código	
  Civil	
  brasileiro,	
  adotando	
  o	
  critério	
  
das	
   legislações	
  alemã,	
  austríaca,	
   grega	
  e	
   chilena,	
  dentre	
  outras,	
  e	
  afastando-­‐se	
  
da	
   orientação	
   do	
   direito	
   francês,	
   admite	
   a	
   pluralidade	
   domiciliar.	
   Para	
   tanto,	
  
basta	
  que	
  tenha	
  diversas	
  residências	
  onde,	
  “alternadamente,	
  viva”,	
  como	
  dispõe	
  
o	
   art.	
   71,	
   ou,	
   além	
  do	
   domicílio	
   familiar,	
   tenha	
   também	
  domicílio	
   profissional,	
  
como	
  prescreve	
  o	
  art.	
  72	
  do	
  Código	
  Civil,	
  verbis:	
  
	
  
“Art.	
  72.	
  É	
  também	
  domicílio	
  da	
  pessoa	
  natural,	
  quanto	
  às	
  relações	
  concernentes	
  
à	
  profissão,	
  o	
  lugar	
  onde	
  esta	
  é	
  exercida.	
  
Parágrafo	
   único.	
   Se	
   a	
   pessoa	
   exercitar	
   profissão	
   em	
   lugares	
   diversos,	
   cada	
   um	
  
deles	
  constituirá	
  domicílio	
  para	
  as	
  relações	
  que	
  lhe	
  corresponderem.”	
  
	
  
Admite-­‐se	
   também	
  que	
  uma	
  pessoa	
  possa	
   ter	
  domicílio	
   sem	
  possuir	
   residência	
  
determinada	
   ou	
   em	
   que	
   esta	
   sejade	
   difícil	
   identificação.	
   Preleciona	
   Orlando	
  
Gomes	
   que,	
   nesses	
   casos,	
   para	
   resguardar	
   o	
   interesse	
   de	
   terceiros,	
   vem-­‐se	
  
adotando	
  a	
   teoria	
  do	
  domicílio	
  aparente,	
   segundo	
  a	
  qual,	
  no	
  dizer	
  de	
  Henri	
  de	
  
Page,	
   “aquele	
   que	
   cria	
   as	
   aparências	
   de	
   um	
   domicílio	
   em	
   um	
   lugar	
   pode	
   ser	
  
considerado	
  pelo	
  terceiro	
  como	
  tendo	
  aí	
  seu	
  verdadeiro	
  domicílio”.	
  A	
  propósito,	
  
preceitua	
  o	
  art.	
  73	
  do	
  Código	
  Civil:	
  “Ter-­‐se-­‐á	
  por	
  domicílio	
  da	
  pessoa	
  natural,	
  que	
  
não	
   tenha	
   residência	
   habitual,	
   o	
   lugar	
   onde	
   for	
   encontrada”.	
   É	
   o	
   caso,	
   por	
  
exemplo,	
  dos	
  ciganos	
  e	
  andarilhos	
  ou	
  de	
  caixeiros	
  viajantes,	
  que	
  passam	
  a	
  vida	
  
em	
   viagens	
   e	
   hotéis	
   e,	
   por	
   isso,	
   não	
   têm	
   residência	
   habitual.	
   Considera-­‐se	
  
domicílio	
  o	
  lugar	
  onde	
  forem	
  encontrados.	
  Parece-­‐nos	
  mais	
  adequada	
  à	
  hipótese	
  
a	
   expressão	
   “domicílio	
   ocasional”,	
   empregada	
   por	
   Vicente	
   Ráo,	
   ou	
   ainda	
  
“domicílio	
  presumido”.	
  
	
  
• Segundo	
   elemento:	
   ânimo	
   definitivo.	
   Consiste	
   na	
   intenção	
   de	
   se	
   fixar	
   em	
  
determinado	
   local,	
   de	
   forma	
   permanente.	
   As	
   pessoas	
   podem	
   mudar	
   de	
  
domicílio.	
   Para	
   que	
   a	
   mudança	
   se	
   caracterize,	
   não	
   basta	
   trocarem	
   de	
  
endereço.	
   É	
   necessário	
   que	
   estejam	
   imbuídas	
   da	
   “intenção	
  manifesta	
   de	
   o	
  
mudar”,	
  como	
  exige	
  o	
  art.	
  74	
  do	
  Código	
  Civil.	
  Essa	
  intenção	
  é	
  aferida	
  por	
  sua	
  
conduta	
   e,	
   segundo	
   dispõe	
   o	
   parágrafo	
   único	
   do	
   mencionado	
   dispositivo	
  
legal,	
  resultará	
  do	
  que	
  declarar	
  “às	
  municipalidades	
  dos	
  lugares,	
  que	
  deixa,	
  e	
  
para	
  onde	
  vai,	
  ou,	
  se	
  tais	
  declarações	
  não	
  fizer,	
  da	
  própria	
  mudança,	
  com	
  as	
  
circunstâncias	
   que	
   a	
   acompanharem”.	
   Essas	
   circunstâncias	
   podem	
   ser,	
   por	
  
exemplo:	
  a	
  matrícula	
  dos	
  filhos	
  em	
  escola	
  da	
  nova	
  localidade,	
  a	
  transferência	
  
de	
   linha	
  telefônica,	
  a	
  abertura	
  de	
  contas	
  bancárias,	
  posse	
  em	
  cargo	
  público	
  
etc.	
  
	
  
Perde-­‐se	
   o	
   domicílio,	
   porém,	
   não	
   só	
   pela	
   sua	
   mudança	
   mas	
   também	
   por	
  
determinação	
   de	
   lei	
   (quando	
   venha	
   a	
   ocorrer	
   uma	
   hipótese	
   de	
   domicílio	
   legal	
  
que	
  prejudique	
  o	
  anterior)	
  e	
  pela	
  vontade	
  ou	
  eleição	
  das	
  partes,	
  nos	
  contratos,	
  
no	
  que	
  respeita	
  à	
  execução	
  das	
  obrigações	
  deles	
  resultantes	
  (CC,	
  art.	
  78).	
  
 
	
  
	
  
Espécies	
  
O	
  primeiro	
  domicílio	
   da	
  pessoa,	
   que	
   se	
  prende	
  ao	
   seu	
  nascimento,	
   é	
  denominado	
  
domicílio	
  de	
  origem	
  e	
  corresponde	
  ao	
  de	
  seus	
  pais,	
  à	
  época.	
  O	
  domicílio	
  pode	
  ser:	
  
	
  
Domicílio	
   único	
   e	
   domicílio	
   plúrimo:	
   como	
   já	
   dito,	
   uma	
   pessoa	
   pode	
   ter	
   um	
   só	
  
domicílio,	
   onde	
   vive	
   com	
   sua	
   família,	
   denominado	
   domicílio	
   único	
   ou	
   familiar,	
   ou	
  
mais	
   de	
   um,	
   pois	
   o	
   nosso	
   Código	
   admite	
   a	
   pluralidade	
   domiciliar.	
   Configura-­‐se	
   o	
  
domicílio	
   plúrimo	
   quando	
   a	
   pessoa	
   natural	
   tem	
   diversas	
   residências,	
   onde	
  
alternadamente	
   vive	
   (CC,	
   art.	
   71),	
   ou,	
   além	
   do	
   domicílio	
   familiar,	
   tem	
   também	
  
domicílio	
  profissional,	
  que	
  é	
  o	
  local	
  em	
  que	
  exercita	
  sua	
  profissão.	
  Se	
  a	
  exercitar	
  em	
  
lugares	
   diversos,	
   cada	
   um	
   deles	
   constituirá	
   domicílio	
   para	
   as	
   relações	
   que	
   lhe	
  
corresponderem	
  (art.	
  72,	
  parágrafo	
  único).	
  
	
  
Domicílio	
   real	
   e	
   domicílio	
   presumido:	
   também	
   como	
   já	
   mencionado,	
   as	
   pessoas	
  
têm,	
  em	
  geral,	
  residência	
  fixa,	
  considerada	
  domicílio	
  real.	
  Algumas,	
  todavia,	
  passam	
  
a	
  vida	
  em	
  viagens	
  e	
  hotéis,	
  sem	
  terem	
  residência	
  habitual.	
  Neste	
  caso,	
  ter-­‐se-­‐á	
  por	
  
domicílio	
  o	
  lugar	
  onde	
  forem	
  encontradas	
  (CC,	
  art.	
  73),	
  presumindo-­‐se	
  ser	
  este	
  o	
  seu	
  
domicílio	
  (domicílio	
  presumido).	
  
	
  
Domicílio	
   necessário	
   ou	
   legal	
   e	
   voluntário:	
   o	
   domicílio	
   necessário	
   ou	
   legal	
   é	
   o	
  
determinado	
  pela	
   lei,	
  em	
  razão	
  da	
  condição	
  ou	
  situação	
  de	
  certas	
  pessoas.	
  Nesses	
  
casos,	
  deixa	
  de	
  existir	
   liberdade	
  de	
  escolha.	
  O	
  art.	
  76	
  do	
  Código	
  Civil	
   relaciona	
  tais	
  
pessoas,	
   enquanto	
   o	
   parágrafo	
   único	
   indica	
   os	
   respectivos	
   domicílios,	
   conforme	
  
quadro	
  a	
  seguir:	
  
	
  
DOMICÍLIO	
  NECESSÁRIO	
  OU	
  LEGAL	
  
O	
  do	
  incapaz	
   É	
  o	
  do	
  seu	
  representante	
  legal	
  
O	
  do	
  servidor	
  público	
   É	
  o	
  lugar	
  em	
  que	
  exercer	
  permanentemente	
  suas	
  funções	
  
	
  
O	
  do	
  militar	
  
É	
   onde	
   servir,	
   e,	
   sendo	
   da	
  Marinha	
   ou	
   da	
  Aeronáutica,	
   a	
  
sede	
   do	
   comando	
   a	
   que	
   se	
   encontrar	
   imediatamente	
  
subordinado	
  
O	
  do	
  marítimo	
   É	
  onde	
  o	
  navio	
  estiver	
  matriculado	
  
O	
  do	
  preso	
   É	
  o	
  lugar	
  em	
  que	
  cumpre	
  a	
  sentença	
  
	
  
Observa-­‐se,	
  no	
   tocante	
  ao	
   incapaz	
  menor,	
   tutelado	
  ou	
  curatelado,	
  que	
  o	
  domicílio	
  
obrigatório	
  lhe	
  é	
  imposto	
  em	
  razão	
  do	
  estado	
  de	
  dependência	
  em	
  que	
  se	
  encontra	
  e,	
  
no	
   caso	
   do	
   preso,	
   em	
   decorrência	
   de	
   sua	
   situação	
   especial.	
   Nos	
   demais	
   casos,	
   a	
  
atribuição	
  provém	
  da	
  profissão	
  ou	
  atividade	
  exercida.	
  
	
  
Há	
  outras	
  hipóteses	
  de	
  domicílio	
  necessário	
  na	
  lei	
  civil:	
  
	
  
• o	
  de	
  cada	
  cônjuge	
  será	
  o	
  do	
  casal	
  (art.	
  1.569);	
  
o	
   agente	
   diplomático	
   do	
   Brasil	
   que,	
   citado	
   no	
   estrangeiro,	
   alegar	
  
extraterritorialidade	
   sem	
   designar	
   onde	
   tem,	
   no	
   país,	
   o	
   seu	
   domicílio	
   poderá	
   ser	
  
demandado	
  no	
  Distrito	
   Federal	
   ou	
  no	
  último	
  ponto	
  do	
   território	
  brasileiro	
  onde	
  o	
  
teve	
  (art.	
  77);	
  
• o	
   viúvo	
   sobrevivente	
   conserva	
   o	
   domicílio	
   conjugal	
   enquanto,	
  
voluntariamente,	
  não	
  adquirir	
  outro	
  (RF,	
  159/81)112.No	
   sistema	
   da	
   pluralidade	
   domiciliar	
   acolhido	
   pelo	
   nosso	
   direito,	
   as	
   pessoas	
   não	
  
perdem	
   automaticamente	
   o	
   domicílio	
   que	
   antes	
   possuíam	
   ao	
   receberem,	
   por	
  
imposição	
   legal,	
   o	
   novo.	
   Tal	
   poderá	
   ocorrer	
   se	
   porventura	
   se	
   estabelecerem	
   com	
  
residência	
  definitiva	
  no	
  local	
  do	
  domicílio	
  legal.	
  	
  
	
  
O	
  domicílio	
  voluntário	
  pode	
  ser:	
  
	
  
a)	
  geral	
  (escolhido	
  livremente);	
  e	
  
b)	
  especial	
  (fixado	
  com	
  base	
  no	
  contrato,	
  sendo	
  denominado,	
  conforme	
  o	
  caso,	
  foro	
  
contratual	
  ou	
  de	
  eleição).	
  
	
  
• Domicílio	
   voluntário	
   geral	
   ou	
   comum:	
   é	
   aquele	
   que	
   depende	
   da	
   vontade	
  
exclusiva	
   do	
   interessado.	
   Qualquer	
   pessoa,	
   não	
   sujeita	
   a	
   domicílio	
  
necessário,	
  tem	
  a	
  liberdade	
  de	
  estabelecer	
  o	
  local	
  em	
  que	
  pretende	
  instalar	
  a	
  
sua	
   residência	
   com	
   ânimo	
   definitivo,	
   bem	
   como	
   de	
   mudá-­‐lo,	
   quando	
   lhe	
  
convier	
  (CC,	
  art.	
  74).	
  
	
  
• Domicílio	
  voluntário	
  especial:	
  pode	
  ser	
  o	
  do	
  contrato,	
  a	
  que	
  alude	
  o	
  art.	
  78	
  
do	
  Código	
  Civil,	
  e	
  o	
  de	
  eleição,	
  disciplinado	
  no	
  art.	
  111	
  do	
  Código	
  de	
  Processo	
  
Civil.	
  
	
  
	
  
• Foro	
  do	
  contrato:	
  é	
  a	
  sede	
  jurídica	
  ou	
  o	
  local	
  especificado	
  no	
  contrato	
  para	
  o	
  
cumprimento	
  das	
  obrigações	
  dele	
  resultantes.	
  
	
  
• Foro	
   de	
   eleição:	
   é	
   o	
   escolhido	
   pelas	
   partes	
   para	
   a	
   propositura	
   de	
   ações	
  
relativas	
   às	
   referidas	
   obrigações	
   e	
   direitos	
   recíprocos.	
   Prescreve	
   o	
  
mencionado	
   art.	
   111	
   do	
   Código	
   de	
   Processo	
   Civil	
   que	
   as	
   partes	
   “podem	
  
modificar	
   a	
   competência	
   em	
   razão	
   do	
   valor	
   e	
   do	
   território,	
   elegendo	
   foro	
  
onde	
  serão	
  propostas	
  as	
  ações	
  oriundas	
  de	
  direitos	
  e	
  obrigações”.	
  
	
  
Domicílio	
  da	
  pessoa	
  jurídica	
  
A	
   rigor,	
   a	
   pessoa	
   jurídica	
   de	
   direito	
   privado	
   não	
   tem	
   residência,	
   mas	
   sede	
   ou	
  
estabelecimento,	
  que	
  se	
  prende	
  a	
  determinado	
  lugar.	
  Trata-­‐se	
  de	
  domicílio	
  especial,	
  
que	
  pode	
   ser	
   livremente	
   escolhido	
   “no	
   seu	
   estatuto	
  ou	
   atos	
   constitutivos”.	
  Não	
  o	
  
sendo,	
   o	
   seu	
   domicílio	
   será	
   “o	
   lugar	
   onde	
   funcionarem	
   as	
   respectivas	
   diretorias	
   e	
  
administrações”	
  (CC,	
  art.	
  75,	
  IV).	
  Este	
  será	
  o	
  local	
  de	
  suas	
  atividades	
  habituais,	
  onde	
  
os	
  credores	
  poderão	
  demandar	
  o	
  cumprimento	
  das	
  obrigações.	
  
	
  
A	
   Súmula	
   363	
   do	
   Supremo	
   Tribunal	
   Federal	
   proclama	
   que	
   “a	
   pessoa	
   jurídica	
   de	
  
direito	
  privado	
  pode	
  ser	
  demandada	
  no	
  domicílio	
  da	
  agência	
  ou	
  estabelecimento	
  em	
  
que	
   se	
   praticou	
   o	
   ato”.	
   Com	
   efeito,	
   o	
   art.	
   75,	
   §	
   1º,	
   do	
   Código	
   Civil	
   admite	
   a	
  
pluralidade	
  de	
   domicílio	
   dessas	
   entidades,	
   prescrevendo:	
   “Tendo	
   a	
   pessoa	
   jurídica	
  
diversos	
   estabelecimentos	
   em	
   lugares	
   diferentes,	
   cada	
   um	
   deles	
   será	
   considerado	
  
domicílio	
  para	
  os	
  atos	
  nele	
  praticados”.	
  Desse	
  modo,	
  se	
  a	
  pessoa	
  jurídica	
  tiver	
  filiais,	
  
agências,	
  departamentos	
  ou	
  escritórios	
  situados	
  em	
  comarcas	
  diferentes,	
  poderá	
  ser	
  
demandada	
  no	
  foro	
  em	
  que	
  tiver	
  praticado	
  o	
  ato.	
  Assim	
  também	
  dispõe	
  o	
  art.	
  100,	
  
IV,	
  a	
  e	
  b,	
  do	
  Código	
  de	
  Processo	
  Civil121.	
  Se	
  a	
  administração	
  ou	
  a	
  diretoria	
   tiver	
  a	
  
sede	
   no	
   estrangeiro,	
   haver-­‐se-­‐á	
   por	
   domicílio	
   da	
   pessoa	
   jurídica	
   o	
   lugar	
   do	
  
estabelecimento	
   situado	
   no	
   Brasil	
   onde	
   as	
   obrigações	
   foram	
   contraídas,	
  
correspondente	
  a	
  cada	
  agência	
  (CC,	
  art.	
  75,	
  §	
  2º).	
  
	
  
As	
   pessoas	
   jurídicas	
   de	
   direito	
   público	
   interno	
   têm	
   por	
   domicílio	
   a	
   sede	
   de	
   seu	
  
governo.	
  Assim,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  75	
  do	
  Código	
  Civil	
  que	
  o	
  domicílio	
  da	
  União	
  é	
  o	
  Distrito	
  
Federal;	
  dos	
  Estados,	
  as	
  respectivas	
  capitais;	
  e	
  do	
  Município,	
  o	
  lugar	
  onde	
  funcione	
  a	
  
administração	
  municipal.	
  
	
  
Consoante	
  dispõe	
  o	
  art.	
  99,	
  I,	
  do	
  Código	
  de	
  Processo	
  Civil,	
  a	
  União	
  aforará	
  as	
  causas	
  
na	
   capital	
   do	
   Estado	
   em	
   que	
   tiver	
   domicílio	
   a	
   outra	
   parte.	
   E	
   será	
   demandada,	
   ad	
  
libitum	
  do	
  autor,	
  no	
  Distrito	
  Federal	
  ou	
  na	
  capital	
  do	
  Estado	
  em	
  que	
  ocorreu	
  o	
  ato	
  
que	
  deu	
  origem	
  à	
  demanda	
  ou	
  em	
  que	
  se	
  situe	
  o	
  bem	
  (CF,	
  art.	
  109,	
  §§	
  1º	
  a	
  4º).	
  Os	
  
Estados	
   têm	
  por	
   sede	
   jurídica	
   as	
   suas	
   capitais	
   (CPC,	
   art.	
   99,	
   II),	
   e	
   os	
  Municípios,	
   a	
  
sede	
  da	
  administração	
  municipal.	
  
	
  
Atos	
  do	
  registro	
  civil	
  
Registro	
  civil	
  é	
  a	
  perpetuação,	
  mediante	
  anotação	
  por	
  agente	
  autorizado,	
  dos	
  dados	
  
pessoais	
  dos	
  membros	
  da	
  coletividade	
  e	
  dos	
  fatos	
  jurídicos	
  de	
  maior	
  relevância	
  em	
  
suas	
   vidas,	
   para	
   fins	
   de	
   autenticidade,	
   segurança	
   e	
   eficácia.	
   Tem	
   por	
   base	
   a	
  
publicidade,	
  cuja	
  função	
  específica	
  é	
  provar	
  a	
  situação	
  jurídica	
  do	
  registrado	
  e	
  torná-­‐
la	
   conhecida	
   de	
   terceiros.	
   No	
   registro	
   civil,	
   efetivamente,	
   pode-­‐se	
   encontrar	
   a	
  
história	
   civil	
   da	
   pessoa,	
   por	
   assim	
   dizer,	
   a	
   biografia	
   jurídica	
   de	
   cada	
   cidadão,	
   na	
  
expressão	
  de	
  Nicola	
  e	
  Francesco	
  Stolfi.	
  
	
  
A	
  matéria	
  é	
  regida	
  pelo	
  Código	
  Civil,	
  que	
  se	
  limitou	
  a	
  determinar	
  o	
  registro	
  dos	
  fatos	
  
essenciais	
  ligados	
  ao	
  estado	
  das	
  pessoas,	
  e	
  pela	
  Lei	
  n.	
  6.015,	
  de	
  31	
  de	
  dezembro	
  de	
  
1973,	
  que	
  dispõe	
  sobre	
  os	
  Registros	
  Públicos.	
  O	
  art.	
  9º	
  do	
  Código	
  Civil,	
  efetivamente,	
  
apenas	
  indica	
  os	
  atos	
  sujeitos	
  a	
  registro	
  público:	
  
	
  
“I	
  —	
  os	
  nascimentos,	
  casamentos	
  e	
  óbitos;	
  
II	
  —	
  a	
  emancipação	
  por	
  outorga	
  dos	
  pais	
  ou	
  por	
  sentença	
  do	
  juiz;	
  
III—	
  a	
  interdição	
  por	
  incapacidade	
  absoluta	
  ou	
  relativa;	
  
IV	
  —	
  a	
  sentença	
  declaratória	
  de	
  ausência	
  e	
  de	
  morte	
  presumida.”	
  
	
  
O	
   registro	
   civil,	
   por	
   sua	
   importância	
   na	
   vida	
   das	
   pessoas,	
   interessa	
   a	
   todos:	
   ao	
  
próprio	
   registrado,	
   a	
   terceiros	
   que	
   com	
   ele	
  mantenham	
   relações	
   e	
   ao	
   Estado.	
   Os	
  
principais	
   fatos	
   da	
   vida	
   humana,	
   como	
   o	
   nascimento,	
   o	
   casamento,	
   o	
   óbito,	
   a	
  
separação	
  judicial	
  e	
  o	
  divórcio,	
  são	
  ali	
  retratados	
  e	
  fixados	
  de	
  forma	
  perene.	
  
	
  
São	
  averbados	
  em	
   registro	
  público:	
   a)	
   as	
   sentenças	
  que	
  decretarem	
  a	
  nulidade	
  ou	
  
anulação	
   do	
   casamento,	
   o	
   divórcio,	
   a	
   separação	
   judicial	
   e	
   o	
   restabelecimento	
   da	
  
sociedade	
   conjugal;	
   b)	
   os	
   atos	
   judiciais	
   ou	
   extrajudiciais	
   que	
   declararem	
   ou	
  
reconhecerem	
  a	
  filiação	
  (CC,	
  art.	
  10).	
  A	
  letra	
  c	
  do	
  mencionado	
  art.	
  10,	
  que	
  impunha	
  
a	
   averbação	
   dos	
   atos	
   judiciais	
   ou	
   extrajudiciais	
   de	
   adoção,	
   foi	
   revogada	
   pela	
   Lei	
  
Nacional	
   da	
   Adoção	
   (Lei	
   n.	
   12.010/2009).	
   Averbação	
   é	
   qualquer	
   anotação	
   feita	
   à	
  
margem	
   do	
   registro	
   para	
   indicar	
   as	
   alterações	
   ocorridas	
   no	
   estado	
   jurídico	
   do	
  
registrado.	
  
	
  
São	
  obrigados	
  a	
  fazer	
  a	
  declaração	
  de	
  nascimento,	
  pela	
  ordem:	
  
a)	
  os	
  pais;	
  
b)	
  o	
  parente	
  mais	
  próximo;	
  
c)	
  os	
  administradores	
  de	
  hospitais	
  ou	
  os	
  médicos	
  e	
  parteiras;	
  
d)	
  pessoa	
  idônea	
  da	
  casa	
  em	
  que	
  ocorrer	
  o	
  parto;	
  e	
  
e)	
  as	
  pessoas	
  encarregadas	
  da	
  guarda	
  do	
  menor	
  (LRP,	
  art.	
  52).	
  
	
  
O	
  Registro	
  Civil	
  está	
  a	
  cargo	
  de	
  pessoas	
  que	
  recebem	
  delegação	
  do	
  poder	
  público	
  e	
  
são	
  denominadas	
  Oficiais	
  do	
  Registro	
  Civil	
  das	
  Pessoas	
  Naturais.	
  Outras	
  pessoas	
  têm,	
  
também,	
   competência	
   para	
   exercer	
   essas	
   funções,	
   como	
   o	
   comandante	
   de	
  
aeronaves,	
   que	
  pode	
   lavrar	
   certidão	
  de	
  nascimento	
  e	
  dos	
  óbitos	
   que	
  ocorrerem	
  a	
  
bordo	
   (Código	
   Brasileiro	
   de	
   Aeronáutica,	
   art.	
   173),	
   bem	
   como	
   as	
   autoridades	
  
consulares	
  (LINDB,	
  art.	
  18).	
  
Bens	
  
	
  
A	
  parte	
  geral	
  do	
  código	
  civil	
  trata	
  das	
  pessoas,	
  naturais	
  e	
  jurídicas,	
  como	
  sujeitos	
  de	
  
direito	
   e	
   dos	
   bens	
   como	
   objeto	
   das	
   relações	
   jurídicas	
   que	
   se	
   formam	
   entre	
   os	
  
referidos	
  sujeitos.	
  	
  
	
  
Objeto	
  da	
  relação	
  jurídica	
  é	
  tudo	
  o	
  que	
  se	
  pode	
  submeter	
  ao	
  poder	
  dos	
  sujeitos	
  de	
  
direito,	
  como	
  instrumento	
  de	
  realização	
  de	
  suas	
  finalidades	
  jurídicas.	
  	
  
	
  
Coisa	
   é	
   o	
   gênero	
   do	
   qual	
   bem	
   é	
   espécie.	
   É	
   tudo	
   que	
   existe	
   objetivamente,	
   com	
  
exclusão	
  do	
  homem.	
  Bens	
  são	
  coisas	
  que,	
  por	
  serem	
  úteis	
  e	
  raras,	
  são	
  suscetíveis	
  de	
  
apropriação	
   e	
   contém	
   valor	
   econômico.	
   Somente	
   interessam	
   ao	
   direito	
   coisas	
  
suscetíveis	
  de	
  apropriação	
  exclusiva	
  pelo	
  homem.	
  	
  
	
  
Bens	
  são	
  coisas	
  materiais,	
  concretas,	
  uteis	
  aos	
  homens	
  e	
  de	
  expressão	
  econômica,	
  
suscetíveis	
   de	
   apropriação,	
   bem	
  como	
  as	
  de	
  existência	
   imaterial	
   economicamente	
  
apreciáveis	
  (direitos	
  autorais,	
  de	
  invenção,	
  etc).	
  
	
  
Dos	
  bens	
  em	
  si	
  mesmos	
  
• Bens	
   corpóreos:	
   são	
   os	
   que	
   têm	
   existência	
   física,	
   material	
   e	
   podem	
   ser	
  
tangidas	
   pelo	
   homem.	
   (gases,	
   diversas	
   fontes	
   de	
   energia,	
   como	
   o	
   a	
  
eletricidade,	
  o	
  gás,	
  o	
  vapor.)	
  
• Bens	
   incorpóreos:	
   são	
   os	
   que	
   têm	
   existência	
   abstrata	
   ou	
   ideal	
   e	
   valor	
  
econômico,	
  como	
  o	
  direito	
  autoral,	
  o	
  credito,	
  a	
  sucessão	
  aberta,	
  o	
  fundo	
  de	
  
comercio,	
  o	
  software,	
  o	
  know-­‐how	
  etc.	
  São	
  criações	
  da	
  mente	
  reconhecidas	
  
pela	
  ordem	
  jurídica.	
  
• Bens	
   imóveis:	
   (bens	
  de	
  raiz)	
  o	
  solo	
  e	
  tudo	
  quanto	
  se	
   lhe	
   incorporar	
  natural	
  
ou	
  artificialmente	
  (art.	
  79).	
  Direitos	
  reais	
  sobre	
  imóveis	
  para	
  os	
  efeitos	
  legais:	
  
os	
   direitos	
   reais	
   sobre	
   imóveis	
   e	
   as	
   ações	
   que	
   os	
   asseguram;	
   o	
   direito	
   à	
  
sucessão	
  aberta	
  (art.	
  80).	
  
o Por	
   natureza:	
   somente	
  o	
  solo,	
   com	
  sua	
  superfície,	
   subsolo	
  e	
  espaço	
  
aéreo.	
  
o Por	
  acessão	
  naturais:	
  árvores	
  e	
  os	
  frutos	
  pendentes,	
  bem	
  como	
  todos	
  
os	
   acessórios	
   e	
   adjacências	
   naturais.	
   (pedras,	
   fontes	
   e	
   os	
   cursos	
   de	
  
água,	
  superficiais	
  ou	
  subterrâneos,	
  que	
  corram	
  naturalmente)	
  
o Por	
  acessão	
  artificial	
  /	
  física:	
  incorporado	
  permanentemente	
  ao	
  solo	
  
pelo	
   homem	
   (árvores	
   plantadas	
   pelo	
   homem	
   /	
   edifícios	
   e	
   as	
  
construções	
   que	
   não	
   se	
   possa	
   retirar	
   sem	
   destruição,	
   modificação,	
  
fratura	
  ou	
  dano)	
  (art.	
  81)	
  
o Por	
   determinação	
   legal:	
   trata-­‐se	
   de	
   bens	
   incorpóreos,	
   imateriais	
  
(direito),	
   que	
   não	
   são,	
   em	
   si,	
   móveis	
   o	
   imóveis.	
   “os	
   direitos	
   reais	
  
sobre	
   imóveis	
   e	
   as	
   ações	
   que	
   os	
   asseguram;	
   o	
   direito	
   à	
   sucessão	
  
aberta	
  (art.	
  80)”.	
  
• Bens	
   móveis:	
   suscetíveis	
   de	
  movimento	
   próprio,	
   ou	
   de	
   remoção	
   por	
   força	
  
alheia,	
  sem	
  alteração	
  da	
  sustância	
  ou	
  da	
  destinação	
  econômico-­‐social.	
  
o Por	
   natureza	
   /	
   essência:	
   são	
   bens	
   que,	
   sem	
   deterioração	
   na	
  
substância,	
   podem	
   ser	
   transportados	
   de	
   um	
   lugar	
   para	
   outro,	
   por	
  
força	
  própria	
  ou	
  estranha.	
  
§ Semoventes:	
   são	
  suscetíveis	
  de	
  movimento	
  próprio,	
  como	
  os	
  
animais.	
  
§ Móveis	
  propriamente	
  ditos:	
  são	
  os	
  que	
  admitem	
  remoção	
  por	
  
força	
   alheia,	
   sem	
   dano,	
   como	
   os	
   objetos	
   inanimados,	
   não	
  
imobilizados	
   por	
   sua	
   destinação	
   econômico-­‐social.	
   (moedas,	
  
títulos	
   da	
   dívida	
   pública	
   e	
   de	
   dívida	
   particular,	
   mercadorias,	
  
ações	
   de	
   companhias,

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