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DIFERENÇA DE ADOUBE E SUPERADOUBE

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3.2 – ADOBE 
O adobe é um tijolo de terra crua cuja produção consiste em misturar terra e água, porém, por necessidade de estabilizar as propriedades, que geram rachaduras nos tijolos, durante o processo de cura, é muito comum adicional palha (fibras). Os tijolos são moldados em formas retangulares, o processo de cura se dá ao ar livre por um período que gira em torno de trinta dias, dependendo das condições climáticas. Ele foi utilizado em diversas regiões do mundo, principalmente regiões de clima seco. Devido ao surgimento do tijolo cerâmico, o adobe foi perdendo espaço e seu uso ficou restrito a população com poucos recursos, por isso o adobe e outras técnicas de construção com terra são associadas à pobreza. No Brasil, o adobe ainda é muito utilizado nas regiões Norte e Nordeste e em estados como Minas Gerais e Goiás. Infelizmente, muitas casas não são construídas com os cuidados necessários e acabam degradando-se rapidamente, gerando dúvidas sobre a durabilidade do material.
FIGURA
Existem diversas vantagens no uso do adobe, o barro é um material reutilizável, quando não cozido pode ser triturado e umedecido para voltar ao estado original, sendo assim não gera resíduos em uma obra e não contamina o meio ambiente. O barro é um material econômico que pode ser encontrado na maioria das vezes próximo aos locais de obras e pode vir a substituir outros materiais de construção, é também excelente regulador de umidade e gera excelente conforto térmico e acústico na edificação. Porém, as construções com terra devem ser protegidas da umidade, por ser um material extremamente permeável, quando em contato com água a construção se desintegra aos poucos. Outro problema marcante é que ao secar o barro se contrai podendo aparecer fissuras, para amenizar ou eliminar esse processo é necessário o uso de materiais (fibras naturais, cimento portland, cal) que estabilizem o barro e, durante o processo de cura, molhar os tijolos durante três dias, para que não sequem muito rapidamente.
SUPER ADOBE 
A técnica do super adobe, desenvolvida pelo iraniano radicado nos Estados Unidos, Nader Khalili, na década de 80, consiste em colocar terra em sacos ou tubos 3 de polietileno, posteriormente são feitas as fiadas que depois são apiloadas, conforme ilustram as fig.8.1 e fig.8.2 e coberta por outra fiada e assim sucessivamente, até que se formem as paredes (LENHARDT, 2005). O super adobe vem sendo utilizado por Khalili, na Califórnia, onde já foi comprovada a sua resistência a terremotos, muito comuns nessa região dos Estados Unidos, e foi introduzido no Brasil através do Ecocentro IPEC, que tem várias construções
FIGURA
Há vantagens em se construir com super adobe, pois é uma técnica que não requer grandes conhecimentos técnicos, qualquer pessoa pode fazer a sua própria casa, a construção é muita rápida, para se ter uma idéia, uma construção de 60m², pode ser erguida em até 20 dias, feito por um pequeno grupo de cinco pessoas treinadas. O super adobe é denominado também, construção ecológica, pois todo o material utilizado na construção pode ser reaproveitado ou reciclado e pode ser obtido no local da obra, sem gerar custo de transporte e por consequência consumo de combustíveis não-renováveis. Há também desvantagens, existe limitação vertical, ou seja, a técnica só pode ser usada apenas para construir um pavimento, sem que haja necessidade de outros elementos que tornem a construção mais segura como, pilares e vigas, também existe o problema de contração do solo e fragilidade à umidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O uso da terra na construção civil apresenta diversas vantagens tais como: excelente conforto térmico e acústico, quase não gera resíduo, quase não consome recursos não renováveis (energia elétrica, água), o material é totalmente reciclável, a terra é um material econômico e pode ser obtida no local da obra, não sendo necessário transporte. A maioria das técnicas são de fácil trato, não sendo preciso grande conhecimento para executá-las. Apesar de todos os pontos fortes, existem também pontos fracos que são os seguintes: o material sofre desgaste quando em contato com água, no entanto, pode-se eliminar esse problema usando beirais que façam com que a água passe o mais distante possível das paredes e fundações usando pedras ou baldrames evitando que a água suba por capilaridade e atinja as paredes. No processo de cura há contração da terra, gerando fissuras e rachaduras que deixam a edificação vulnerável às intempéries e a animais (roedores e 13 mosquitos), também não é recomendável construir edificação com mais de um pavimento, a secagem da terra costuma ser bastante lenta, porém varia muito de técnica para técnica. Enfim, as construções com terra são bastante viáveis, tanto do ponto de vista técnico/econômico, como do ponto de vista ecológico, se forem construídas visando à preservação dos recursos, que são finitos, atenderão os pré-requisitos da sustentabilidade, porém, a sustentabilidade será garantida quando houver envolvimento da comunidade, em todo o processo, desde a concepção até a execução final.
- REFERÊNCIAS 
BUSSOLOTI, Fernando, Como funcionam as construções com terra e adobe", 2008, disponível em: Acesso em:28/05/2009.
COELHO, Ana C. V., As técnicas vernaculares de construção aliadas à inovação tecnológica: um possível caminho para a sustentabilidade?, Lisboa, (Terra em seminário 2007), ISNB 978-972-8479-49-7, 1ª edição, 2007.
FARIA, Obede B., A utilização de macrófitas aquáticas na produção de adobe: um estudo de causa no reservatório de salto grande (Americana-SP), São Paulo, (Tese de doutorado), Escola de Engenharia de São Carlos – USP, 2002.
LENHARDT, Frederico P., Construção ecológica – O Super Adobe, 2005, disponível em: < http://www.brasilcidadao.org.br/noticias/textos.asp?id=118> Acesso em: 18/05/09.
www.blogdoalon.com/ftp/ART_150709.pdf

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