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O Desenvolvimento Mental da Criança

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Disciplina: Introdução à Psicologia
Discente: Jéverson de Andrade
Resumo Crítico V
O Desenvolvimento Mental da Criança
Para Piaget, da mesma maneira que o corpo evolui assim também a vida mental evolui na direção de um equilíbrio final, ou seja, o espírito adulto. Trata-se de uma evolução progressiva, passando do estado de menor equilíbrio para um equilíbrio superior; seja no campo intelectual ou na vida afetiva e ainda nas relações sociais; obedecem a lei da estabilização gradual, pois “a ação humana consiste neste movimento continuo e perpétuo reajuste e equilibração” (p. 14). 
No capítulo primeiro do livro Seis Estudos de Psicologia, Jean Piaget estrutura formas de organização da atividade mental sob dois aspectos: “motor ou intelectual, de uma parte e afetivo, de outra, com suas dimensões individual e social” (p.13).
Primeiro é o período recém-nascido e o lactente: este é marcado por um extraordinário desenvolvimento mental e decisivo para todo o curso da evolução psíquica: representa a conquista, através da percepção e dos movimentos, de todas as acessibilidades que cerca a criança. No recém-nascido, a vida mental é basicamente voltada ao exercício das coordenações sensoriais e motoras de fundo hereditário. Em suma, trata-se primeiramente de assimilar uma parte do seu universo à sucção, a ponto que se poderia exprimir seu comportamento inicial, dizendo-se que para ele, o mundo é essencialmente uma realidade a sugar. Posteriormente essa percepção do seu universo se estende a realidade do olhar, ouvir e, logo que os movimentos lhes permitir, a manipulação. Esses conjuntos perceptivos formam um sistema, e Piaget os chamam de esquema senso-motores. O mais importante ainda para o desenvolvimento é a inteligência prática ou senso-motora. Fala-se de uma “inteligência prática, que se refere à manipulação dos objetos e que só utiliza, em lugar de palavras e conceitos, percepções e movimentos, organizados em ‘esquemas de ação’” (p.18). 
São quatro os processos fundamentais que caracterizam esta revolução intelectual: as construções de categoria do objeto e do espaço, da causalidade e do tempo. Contudo é a “conduta” que ele focaliza na analise da vida mental, pois se trata de um reestabelecimento ou fortalecimento do equilíbrio. Esta conduta supõe instrumento ou técnica que são o movimento e a inteligência, que por sua vez provoca mudanças e valores finais como os sentimentos. “Afetividade e inteligência são, assim, indissociáveis e constituem os dois aspectos complementares de toda conduta humana” (p. 22).
No segundo período Piaget reflete a primeira infância. Graças à linguagem, a criança consegue reconstruir suas ações passadas sob forma de narrativa e antecipar suas ações pela representação verbal. Aqui se desenvolve o cerne do segundo período que se desdobra em três consequências: “uma possível troca entre os indivíduos, ou seja, o início da socialização da ação. Uma interiorização da palavra, [...] que tem como base a linguagem interior e o sistema de signos, e finalmente, uma interiorização da ação como tal, que [...] pode dai em diante se reconstruir no plano intuitivo das imagens e das experiências mentais” (p.23). Em função das modificações gerais da ação, há a transformação da inteligência sob a dupla influência da linguagem e da socialização. Destaca-se a gênese do pensamento: consiste primeiramente em uma incorporação ou assimilações puras, cujo egocentrismo exclui toda objetividade. Posteriormente as formas dos pensamentos são adaptadas aos outros e ao real, que prepara o pensamento lógico. O autor segue seu raciocínio refletindo sobre a intuição, “que é uma simples interiorização das percepções e dos movimentos sob a forma de imagens representativas e de experiências mentais que prolongam, assim, os esquemas senso-motores sem coordenação propriamente racional” (p. 35). Mas também em toda conduta, “as motivações e o dinamismo energético provem da afetividade, enquanto que as técnicas e o ajustamento dos meios empregados constituem os aspectos cognitivos” (p. 38) sobre isto, Piaget chama em seu livro de a vida afetiva. 
No nível deste desenvolvimento há três novidades afetivas essenciais dos sentimentos interindividuais: afeições, simpatias e antipatias. Estão “ligadas à socialização das ações, a aparição de sentimentos morais intuitivos, que provem das relações entre adultos e crianças, e as regulações de interesses e valores” (p. 38).
No terceiro período o autor dá seguimento à infância de sete a doze anos, época da escolaridade, marcada por modificações decisivas no desenvolvimento mental. Neste período observa-se o aparecimento de formas de organizações novas, que completa as construções iniciadas no período anterior, e que trará mais equilíbrio e que inaugura novas construções. Segundo Piaget, neste período nota-se um progresso das atividades, havendo tanto concentração individual (reflexão) quanto uma capacidade de colaboração afetiva com os outros, pois não confunde o seu eu com o dos outros. Não obstante torna-se notável a mudança das atitudes socais. Com os progressos mentais a criança diminui o egocentrismo e o animismo dá lugar a uma espécie de causalidade, fundada no princípio da identidade. Ocorre uma assimilação racional; começa a estruturar a realidade pela ação.
As operações do pensamento, depois dos sete anos correspondem à intuição que seria o equilíbrio máximo que atinge na primeira infância. A partir dessa idade, a criança passa de intuição (egocentrismo intelectual) para a operação, por um sistema de conjunto, ou seja, uma transformação do pensamento. 
O respeito mútuo da origem do respeito unilateral. Conduz também a uma organização das vontades e a novas formas de sentimentos morais, distintas da obediência inicial dos adultos. Os pequenos brincam sem se importar com as regras estabelecidas. Já para os grandes, as regras são acordos estabelecidos entre eles. Gerando uma honestidade, uma vez que não se pode violar o acordo.
No quarto período Piaget reflete sobre a adolescência. Evidentemente é o período da maturação do extinto sexual marcado por desequilíbrios momentâneos que inicialmente perturbam a afetividade e o pensamento, mas posteriormente os fortalece.
Neste período “o pensamento formal é possível, e as operações lógicas começam a ser transpostas do plano da manipulação concreta para as ideias, expressas em linguagem qualquer, [...] mas sem o apoio da percepção, da experiência nem mesmo da crença” (p. 63). Também neste período o egocentrismo metafísico encontra aos poucos uma correção na reconciliação entre o pensamento formal e a realidade. Certos períodos, o adolescente parece completamente antissocial e a sociedade. Para Piaget o universo prático é devido ao desenvolvimento mental. 
A postulação de Piaget sobre desenvolvimento mental da criança, conforme consegui abstrair do capítulo, resume-se em uma marcha continua para o equilíbrio. Hoje, consigo fazer uma introspecção e analisar em mim estes desenvolvimentos acontecendo quase que no mesmo ritmo.
Referencia bibliográfica:
Piaget, J. (1982). Seis Estudos de Psicologia. Forense-Universitária. Rio de Janeiro.

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