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TEORIAS DO JORNALISMO Profa. Silvânia Sottani RESUMO – AULA 01 O CAMPO JORNALÍSTICO NA SOCIEDADE MODERNA Teoria do Jornalismo percorre fenômenos que recobrem aquilo que, contemporaneamente, o pensamento acadêmico tem denominado “campo jornalístico”. Recorrer à noção de campo possibilita a pensar o espaço do jornalismo com um universo estruturado por oposições ao mesmo tempo objetivas e subjetivas, a perceber cada publicação e cada jornalista dentro da rede de estratégias, de solidariedades e de lutas que o ligam a outros membros do campo. Tal noção chama a pensar o campo jornalístico na sua relação com outros espaços sociais. Portanto, a prática jornalística configurou-se em privilegiado campo social da atualidade, a partir da exposição dos seguintes pontos: Campo Social Do lado acadêmico, a noção de campo requisita a percepção de certo saber que rege certas práticas sociais em torno de interesses comuns, a partir da luta dos sujeitos a elas ligados pela apropriação de certo capital (no campo das artes plásticas, a estética, por exemplo; no campo religioso, a fé; no campo político, a credibilidade; no campo educacional, o saber; no campo econômico, o dinheiro) que confere distinção e poder na hierarquia do campo. Segundo Bourdieu, campo social “é um espaço social estruturado, um campo de forças – há dominantes e dominados, há relações constantes, permanentes, de desigualdade, que se exercem no interior desse espaço - que é também um campo de lutas para transformar ou conservar esse campo de forças. Cada um, no interior desse universo, empenha em sua concorrência com os outros a força (relativa) que detém e que define sua posição no campo e, em conseqüência, suas estratégias.” (Bourdieu, 1997: 57). Note-se que esse conceito é inaugural para a compreensão das relações entre agentes sociais em sua atividade ou profissão, no que diz respeito a valores e disputas de poder aí envolvidos e, também, para refletir sobre as práticas sociais como lugares de produção simbólica, no caso do jornalismo, a notícia. Centralidade da mídia De modo geral, no alvorecer do século XX, o campo jornalístico passou a se constituir centrado no dispositivo midiático. A partir daí, com o gradativo avanço da tecnologia e o desenvolvimento acelerado de novos dispositivos técnicos de comunicação e de informação, a presença da mídia se acentuou de forma definitiva no tecido social. Assim, a sociedade - indivíduos, famílias, Estado, empresas - passou a depender cada vez mais do funcionamento dos dispositivos midiáticos. É importante pontuar que houve uma evolução conjuntural daquilo que se poderia chamar de “sociedade dos meios” para “sociedade midiatizada” (John Thompson). Eis algumas características: a) privação de visibilidade pública; b) o campo midiático adquire um papel central na constituição das relações sociais e dos processos de produção de sentidos, cumprindo uma função significativa e estratégica na experiência moderna; c) os campos necessitam do discurso midiático não só por questões de visibilidade junto aos seus públicos, mas também como uma forma de legitimação social; d) porém, eles lidam com essa forma tensional de representação do campo, pois, através de operações enunciativas, o campo midiático mescla, corta, condensa ou apaga as marcas simbólicas dos outros campos. Configuração do campo jornalístico Para melhor compreender a aplicação da noção de campo social na prática jornalística contemporânea, é importante, destacar alguns fatores a singularidade do campo jornalístico: - Os demais campos delegam ao jornalístico parte de sua função discursiva ou expressiva. - O exercício do poder tem natureza enunciativa e, portanto, ele é simbólico e superior aos demais. - Natureza informal da sua simbólica, ou seja, sua linguagem permite a transparência dos outros campos e, inclusive, do seu próprio. - O capital do jornalismo é a credibilidade. - Sua natureza é a gestão dos discursos (de diferentes setores da sociedade e, inclusive os seus próprios). - As funções discursivas (dar a conhecer, fazer saber) predominam sobre as pragmáticas, tendo o poder de incluir/excluir, selecionar, hierarquizar, omitir, mostrar; - Apagamento sistemático de suas marcas enunciativas, através de técnicas que garante a sensação de imparcialidade, objetividade, afastamento das ideologias.
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