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AULAS - Teoria do Newsmaking - RESUMO

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TEORIAS DO JORNALISMO
Profa
. 
Silvânia
 
Sottani TEORIA DO NEWSMAKING E VALORES NOTÍCIA
Teoria do Newsmaking
Trata-se de teoria bastante presente nas discussões acerca da rotina de produção do jornalismo. A partir da interação constante das pessoas especializadas em comunicação (jornalistas, editores, fotógrafos, etc.) surge a notícia. Abandona-se a Teoria do Espelho para entender que, de fato, o jornalismo ajuda a construir a realidade, não sendo mero reprodutor dessa realidade.
Tal atividade deixa de ser encarada como passiva e torna-se ponto de partida para transformação do
cotidiano. A Teoria do Newsmaking avalia uma série de critérios: valores-notícias, grau de noticiabilidade, relações pessoais dentro da organização (empresa que fabrica a notícia), rotinas de produção da reportagem, dentre outras.
Dentro desta avaliação, busca-se entender a cultura profissional do jornalista, a organização do trabalho e os processos produtivos dentro da empresa de uma comunicação. Tal teoria avalia, portanto, em que grau de aparelhamento se avalia a noticiabilidade e o valor-notícia de um evento – um acidente, um jogo de futebol, uma denúncia de corrupção, uma catástrofe natural, um atentado terrorista, etc. Assim, quanto mais inédito, fantástico e diferente o fato social, maior a probabilidade dele se transformar em notícia. 
Nesse processo, há que se considerar, também, o papel das fontes. Além de propor pautas, as fontes passaram a interferir de forma decisiva no processo jornalístico, sendo também produtoras ostensivas de produtos e serviços com atributos de notícias. Partem das práticas e critérios dos jornalistas e tratam de produzir conteúdos que atendem aos requisitos que tornam um acontecimento, uma notícia irrecusável, pronta para publicar. Entre os estudiosos do newsmaking destacam-se Leo Rosten (1974), Bernard Roshco (1975), Michael Schudson (1978, 1995), Gaye Tuchman (1978), Mark Fishman (1980) e o brasileiro Alfredo
Vizeu (2005).
É necessário, também, constatar que há superabundância de fatos no cotidiano, mas sem organização do
trabalho jornalístico é impossível produzir notícias. Assim, o processo de produção de notícias é planejando
como uma rotina industrial:
Os veículos de informação devem cumprir algumas tarefas neste processo:
• Reconhecer entre os fatos, aqueles que podem ser notícia (seleção).
• Elaborar formas de relatar os assuntos (abordagem/angulação).
• Organizar, temporal e espacialmente, o trabalho para que os acontecimentos noticiáveis possam ser trabalhos de maneira organizada.
Conforme Felipe Pena (2005, p.128): “Embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade, não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a submissão a um planejamento produtivo. As normas ocupacionais teriam maior importância do que as preferências pessoais na seleção das notícias”.
Diante da imprevisibilidade dos acontecimentos, as empresas jornalísticas precisam colocar ordem no tempo e no espaço. Para isso, estabelecem determinadas práticas unificadas na produção das notícias. É dessas práticas que se ocupa a teoria do newsmaking.
Práticas do Newsmaking
A Teoria do Newsmaking articula-se com a noção de noticiabilidade:
• Conjunto de critérios, operações e instrumentos (entre eles o Manual de Redação) para escolher dentre inúmeros fatos uma quantidade limitada de notícias.
• A noticiabilidade é negociada na redação por repórteres, editores, diretores e outros autores do processo produtivo.
• A aplicação da noticiabilidade baseia-se em
1 – Valores-notícia (assunto à frente) e
2 – Sistematização do trabalho jornalístico.
Pela Teoria de Newsmaking, o discurso jornalístico é um modo de construção da realidade. A notícia define um acontecimento e reconstitui significados sociais e formas de fazer coisas. Os meios de comunicação são emissores de mensagens socialmente produzidas. Essa teoria investiga com mais detalhes o processo de investigação da notícia e Modelo que postula os discursos jornalísticos e são produzidos a partir de operações (práticas profissionais) e pressões sociais. Alguns elementos são fundamentais para esta teoria, como por exemplo a noticiabilidade, constrangimentos organizacionais, construção de audiência e rotinas de produção.
Para Gaye Tuchman, a notícia define um acontecimento e reconstitui significados sociais e formas de fazer coisas. Um artigo conta uma estória, com lógica própria, teia de fatos e forma narrativa associada. Por outro lado, as notícias esboçam e reproduzem as estruturas institucionais 
(1) A cultura profissional dos jornalistas;
2) A organização do trabalho; 
3) A organização dos processos produtivos). 
No desempenho rotinizado das tarefas, o jornalista trabalha atento a regras organizacionais, que delimitam o campo de atuação. Na medida em que a consciência e o sentido de pertença a um grupo profissional se articulam com os objetivos da organização noticiosa, a produção noticiosa considera-se construção social da realidade. O enquadramento noticioso é constituído por seqüências da vida quotidiana, pedaços selecionados da atividade permanente, fluxos inteligíveis e negociáveis no interior da redação. De acordo com Tuchman, os órgãos de informação, planejados muito semelhantemente a uma rotina industrial, devem cumprir três obrigações para produzir o
noticiário:
1) Tornar possível o reconhecimento de um fato desconhecido como acontecimento notável;
2) Elaborar formas de relatar os acontecimentos que não tenham a pretensão de dar a cada fato ocorrido um tratamento idiossincrático;
3) Organizar, temporal e espacialmente, o trabalho de modo que os acontecimentos noticiáveis possam afluir e ser trabalhados de uma forma planificada.
A noticiabilidade é, assim, um produto de negociações planejadas para escolher as ocorrências diárias de entre a multiplicidade de ações.
Para Tuchman, as tipificações de matérias dividem-se em:
1) Duras: factuais perecíveis;
2) Leves: não perdem atualidade. Ex: exposição de quadros;
3) Súbitas: sem previsão: incêndio;terremoto, vulcão em erupção etc
4) Em desenvolvimento: fatos que vão acontecendo: sequestro ou o caso dos Nardonis;
5) Em sequência: fatos pré-programados: votação das reformas.
Notícia e Acontecimento
Cabe pontuar o lugar do acontecimento na Teoria da Notícia. Determinados acontecimentos, ideias e
temáticas são, de algum modo, os referentes dos discursos jornalísticos. Aparentemente, os acontecimentos são também ocorrências singulares, concretas, observáveis e delimitadas, quer no tempo, quer no espaço, quer em relação a outros acontecimentos, que irrompem da superfície aplanada dos fatos (Rodrigues, 1988).
Tal realidade é uma das razões que torna "manipuláveis" essas ocorrências, isto é, que permite o seu tratamento através de determinadas linguagens, como a escrita ou a linguagem das imagens, pois os acontecimentos necessitam de ser comunicáveis para se tornarem referentes dos discursos jornalísticos e serem, conseqüentemente, comunicados. Todavia, a percepção de que o acontecimento é concreto e delimitado é uma falácia, já que o real é contínuo e os fenômenos são estreitamente interligados.
A natureza dos acontecimentos recai na lei da previsibibilidade ou imprevisibilidade de sua ocorrência, que poderá ser uma marca distintiva, embora não em exclusivo. De qualquer modo, com base nesse pressuposto, poderemos classificar como, à falta de melhor, “verdadeiros” acontecimentos os acontecimentos imprevistos, como uma catástrofe natural; por outro lado, podemos falar de pseudo-acontecimentos, como as conferências de imprensa, ou seja, acontecimentos provocados e fabricados com o fito de se tornarem objeto de discurso jornalístico, que seriam, obviamente, acontecimentos previsíveis. Dentro desta ideia, também é possível falar dos acontecimentos mediáticos, uma noção que apresenta para designar acontecimentos programados e planeados para se tornarem notícia, mas que ocorreriam mesmo sem a presença dosmeios de comunicação, como as ocasiões de Estado (a cerimônia de assinatura de um tratado, por exemplo), as missões heróicas (a partida de um vaivém espacial…) ou as competições simbólicas (jogos olímpicos…).
Pierre Nora (1983) entende que a sociedade é uma espécie de sociedade acontecedora, que segrega diversificados acontecimentos, pelo que não existiriam “pseudo-acontecimentos” ou similares. A diversificação seria, não obstante, acompanhada por uma uniformização formal do desenvolvimento desses “pseudo-acontecimentos” e desses “acontecimentos mediáticos”. Esta uniformização teria correspondência nas próprias representações jornalísticas desses acontecimentos, que teriam caminhado para uma certa homogeneização, apesar da segmentação dos mercados que permitiu a proliferação dos meios jornalísticos em função de públicos-alvo cada vez mais específicos.
Os Valores-Notícia
A partir da teoria do Newsmaking abordada na aula anterior, cuja ação principal repousa na idéia de
noticiabilidade, passamos, agora, a detalhar como ocorre a produção da notícia através daquilo que se denominam valores-notícias, ou seja, a transformação em notícias a partir de diferentes combinações de critérios de seleção. Cabe destacar que os valores-notícias são critérios de relevância e que estão espalhados por todo o processo de produção jornalística, desde a seleção até ao produto final. Eles funcionam como linhas guias, sugerindo aquilo que deve ser realçado e o que dever ser omitido, enfim, o que dever ser prioritário na preparação das notícias para o público. Deste modo, os valores-notícias são regras de fácil compreensão e utilização que são utilizados no trabalho profissional e implicitamente ou explicitamente conduzem os procedimentos operativos numa redação.
Outro aspecto importante relacionado com os valores-notícias está ligado ao tipo de processo de que são parte constitutiva. Os jornalistas não podem sempre que apareça um acontecimento novo criar um novo conjunto de características valores-notícias, que vão fazer oposição ao conjunto de características valores-notícias utilizado em acontecimentos anteriores. Assim tem que haver coerência neste conjunto de características valores-notícias que não são mais do que as linhas guias em todo o processo. Tudo isto serve para tornar rotineira tal tarefa de forma a torná-la exeqüível e gerenciável. Os valores-notícias deverão permitir que a seleção do material seja realizada com rapidez de uma maneira quase “automática”, que seja defensável “postmortem” e se caracterize por certo grau de flexibilidade e de comparação e sobretudo, que não seja susceptível de demasiados impedimentos.
Duas abordagens dos valores-notícias
Análise acadêmica de Galtung e Ruge (1965/1993). Resposta à pergunta: como é que os acontecimentos se tornam notícia.
• Freqüência – a duração de um acontecimento. Quanto tempo um acontecimento leva para acontecer e ganhar noticiabilidade. Quanto mais este processo coincidir com a periodicidade do jornal, mais valor-notícia ele ganha.
• Amplitude do evento – para virar notícia um acontecimento terá de ultrapassar limites.
• Clareza ou falta de ambigüidade – acontecimentos com interpretação mais clara têm mais valor-notícia.
• Significância – relevância e impacto sobre o público
• Consonância – facilidade para inserir o novo acontecimento numa idéia velha. Exemplo: Collorgate 
Watergate.
• Inesperado – acontecimentos inesperados ou raros, dentro dos limites do significativo e do consonante, têm mais valor-notícia.
• Continuidade – fatos que continuam o que já foi notícia.
• Composição – equilíbrio entre as editorias e assuntos.
• Referência a nações de elite – países do centro do capitalismo, ou de importância geopolítica, ganham mais valor-notícia.
• Personalização – as notícias apresentam acontecimentos como frases em que existe um sujeito, uma pessoa ou uma coletividade. Os fatos são conseqüência das ações deste sujeito.
• Negatividade – as notícias negativas:
a) satisfazem melhor o critério da freqüência
b) permitem maior consenso na interpretação
c) têm mais consonância, isto é, se encaixam mais nas imagens do tempo atual
d) são mais inesperadas, mais raras e mais imprevisíveis.
Para Nelson Traquina, os jornalistas têm óculos através dos quais vêem certas coisas e não outras. Vêem de certa maneira as coisas que vêem. Operam uma seleção e uma construção do que é selecionado. Assim, o autor divide seus critérios de noticiabilidade em duas partes:
A. Valor-notícia de seleção, que por sua vez possui duas subdivisões:
• Critérios substantivos (avaliação direta dos fatos)
• Critérios contextuais (contexto do processo de produção)
B. Valor-notícia de construção (seleção de elementos dentro dos acontecimentos dignos de citação na notícia)
• VALORES-NOTÍCIA DE SELEÇÃO (critérios substantivos)
– Morte: “onde há morte, há jornalistas” (pergunta mais comum dos chefes: “quantos corpos?”)
– Notoriedade
– Proximidade (em termos geográficos, mas também culturais)
– Relevância
– Novidade (“primeira vez”; “última vez”)
– Tempo (atualidade, “gancho”)
– Notabilidade: “qualidade de ser tangível, visível”. Greves, por exemplo, são notícia; condições de trabalho, não (aqui incluídos volume de envolvidos, anormal, insólito, falha, excesso/escassez)
– Inesperado (“que história!”)
– Conflito ou controvérsia (violência física ou simbólica)
– Infração (incluído aqui o escândalo, “tipo de acontecimento fulcro na comunidade jornalística”: mito do “cão de guarda”)
• VALORES-NOTÍCIA DE SELEÇÃO (critérios contextuais)
– Disponibilidade (facilidade para a cobertura)
– Equilíbrio (quantidade de notícias sobre este acontecimento que já existe ou existiu)
– Visualidade (disponibilidade de elementos visuais [sobretudo para a TV])
– Concorrência (busca do “furo” e do que os outros veículos de comunicação têm)
– Dia noticioso (acontecimentos disputam com outros fatos o mesmo espaço num dia)
• VALORES-NOTÍCIA DE CONSTRUÇÃO
– Simplificação (sem ambigüidade nem complexidade)
– Amplificação (repercussão anterior à publicação)
– Relevância (jornalista dá essa relevância)
– Personalização (valorizar pessoas)
– Dramatização (“lado emocional, natureza conflitual”)
– Consonância (inserir a notícia numa “narrativa já estabelecida”)

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