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Estratégias de Leitura Jornalística

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Indaial – 2021
Estratégias dE LEitura 
JornaLística
Profª. Camila Maurer
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Profª. Camila Maurer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M453e
 Maurer, Camila
 
 Estratégias de leitura jornalística. / Camila Maurer – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
 
 175 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-688-7
 ISBN Digital 978-65-5663-686-3 
 
 1. Técnicas de redação jornalística. - Brasil. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci. 
 CDD 070
aprEsEntação
Acadêmico, bem-vindo ao Livro Didático de Técnicas de Redação 
Jornalística. Este livro vai ajudá-lo a entender a lógica do texto jornalístico, 
os formatos nos quais ele se apresenta e seus objetivos de comunicação. O 
conteúdo presente neste livro será usado por você em todos os momentos 
da sua carreira como jornalista e, com a experiência, a aplicação das técnicas 
que você aprenderá aqui será internalizada e se tornará quase automática. 
Como você vai ver, existem muitos formatos de texto jornalístico. 
E cada um desses formatos integra um gênero jornalístico, ou seja, uma 
categoria mais ampla que reúne textos com objetivos de comunicação 
similares. Neste livro, vamos estudar mais profundamente os três principais 
gêneros jornalísticos: informativo, opinativo e interpretativo. 
Na Unidade 1, vamos estudar o gênero informativo. Você vai conhe-
cer as características que definem essa categoria, vai entender os critérios 
usados pelos jornalistas para definir o que é notícia e, principalmente, vai 
aprender a escrever notas, notícias e reportagens factuais. 
A Unidade 2 é dedicada ao gênero opinativo, que compreende 
formatos como o editorial, os artigos e as crônicas. Você vai estudar as 
características e funções dos textos jornalísticos que emitem opiniões 
e entender a importância da separação entre informação e opinião no 
jornalismo moderno. Também vai aprender as técnicas específicas de redação 
dos formatos que compõem o gênero opinativo. 
Na Unidade 3, vamos estudar o gênero interpretativo, do qual 
fazem parte as reportagens em profundidade, as reportagens explicativas 
e os perfis, por exemplo. Você vai ver que esse gênero tem ganhado força 
no contexto atual, em que há abundância de informação disponível e as 
pessoas anseiam não apenas por conhecer a notícia, mas principalmente por 
compreendê-la em suas mais variadas implicações. 
O terceiro tópico de cada unidade é sempre dedicado às técnicas 
de redação específicas do gênero estudado. Assim, este livro foi pensado 
para ser usado como uma espécie de manual de redação, ao qual você pode 
voltar sempre que precisar escrever um texto jornalístico. Aproveite este 
livro ao máximo!
Bons estudos!
 
Profª. Camila Maurer
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO ............................................................................ 1
TÓPICO 1 — A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO ..................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 GÊNEROS E FORMATOS JORNALÍSTICOS .............................................................................. 3
3 GÊNERO INFORMATIVO .............................................................................................................. 5
3.1 FATO JORNALÍSTICO ................................................................................................................... 6
4 NOTICIABILIDADE E VALORES-NOTÍCIA .............................................................................. 7
4.1 VALORES-NOTÍCIA ...................................................................................................................... 7
4.1.1 Valores notícia de seleção: critérios substantivos .............................................................. 8
4.1.2 Valores-notícia de construção: critérios contextuais ....................................................... 13
4.1.3 Valores-notícia de construção ............................................................................................ 14
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 15
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 16
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS ............................................. 19
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19
2 NOTÍCIA ............................................................................................................................................ 19
2.1 ESTRUTURA DA NOTÍCIA: A PIRÂMIDE INVERTIDA ...................................................... 20
2.2 TIPOS DE NOTÍCIAS .................................................................................................................. 22
2.2.1 Notícias sintéticas e analíticas ............................................................................................ 22
2.2.2 Notícias previsíveis, imprevisíveis e mistas .................................................................... 22
2.2.3 Notícias quentes e frias ....................................................................................................... 23
2.3 EXEMPLOS DE NOTÍCIAS ......................................................................................................... 23
3 NOTA ..................................................................................................................................................25
4 REPORTAGEM .................................................................................................................................. 26
5 SUÍTE ................................................................................................................................................... 28
5.1 EXEMPLO SUÍTE .......................................................................................................................... 29
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE REDAÇÃO DE TEXTOS INFORMATIVOS ............................. 37
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37
2 LINGUAGEM JORNALÍSTICA ..................................................................................................... 37
3 DIRETRIZES PARA REDAÇÃO DE TEXTOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS ............. 38
3.1 LEAD E PIRÂMIDE INVERTIDA .............................................................................................. 39
3.1.1 Tipos de lead ........................................................................................................................ 40
3.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO INFORMATIVO ...................................................................... 41
3.2.1 Dicas para ter em mente durante a redação .................................................................... 42
3.3 DIFERENÇAS ENTRE TEXTOS PARA MEIOS IMPRESSOS,
 ELETRÔNICOS E DIGITAIS ....................................................................................................... 45
3.3.1 Dicas gerais para redação de textos informativos para rádio ....................................... 46
3.3.2 Dicas gerais para redação de textos para televisão ......................................................... 48
3.3.1 Dicas gerais para redação de textos para internet .......................................................... 49
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 51
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 54
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 55
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 57
UNIDADE 2 — JORNALISMO OPINATIVO ................................................................................ 59
TÓPICO 1 — A OPINIÃO NO JORNALISMO .............................................................................. 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61
2 GÊNERO OPINATIVO ..................................................................................................................... 61
2.1 QUEM OPINA NO JORNALISMO BRASILEIRO .................................................................. 64
3 A SEPARAÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO E OPINIÃO ............................................................. 65
3.1 JORNALISMO COMO FÓRUM DE IDEIAS ............................................................................ 66
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 69
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS OPINATIVOS .................................................... 71
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71
2 EDITORIAL ....................................................................................................................................... 71
2.1 LINGUAGEM E TEMAS ............................................................................................................ 72
2.2 CARACTERÍSTICAS DO EDITORIAL ...................................................................................... 74
3 ARTIGO ............................................................................................................................................... 75
4 COLUNA ............................................................................................................................................. 79
5 COMENTÁRIO .................................................................................................................................. 82
6 RESENHA ............................................................................................................................................ 83
7 CRÔNICA ............................................................................................................................................ 85
8 CARTA ................................................................................................................................................. 90
9 CHARGE .............................................................................................................................................. 91
10 CARICATURA ............................................................................................................................... 92
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 96
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE REDAÇÃO DE TEXTOS OPINATIVOS .................................... 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99
2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS TEXTOS OPINATIVOS ................................................ 99
3 ARGUMENTAÇÃO ........................................................................................................................ 101
4 ESTRUTURA DO TEXTO OPINATIVO ..................................................................................... 102
5 OPINIÃO NO RÁDIO E NA TV .................................................................................................. 105
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 114
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 116
UNIDADE 3 — JORNALISMO INTERPRETATIVO .................................................................. 117
TÓPICO 1 — INTERPRETAÇÃO E EXPLICAÇÃO NO JORNALISMO ................................ 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 119
2 GÊNERO INTERPRETATIVO: CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES ..................................... 119
2.1 FRONTEIRAS ENTRE OPINIÃO, INFORMAÇÃO E INTERPRETAÇÃO ...................... 120
3 JORNALISMO INTERPRETATIVO NO BRASIL: INCURSÕES PIONEIRAS .................. 122
3.1 CARACTERÍSTICAS DOS TEXTOS INTERPRETATIVOS................................................... 124
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INTERPRETATIVOS ..................................... 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131
2 GRANDE REPORTAGEM ............................................................................................................. 131
3 REPORTAGEM INVESTIGATIVA .............................................................................................. 135
4 REPORTAGEM LITERÁRIA ......................................................................................................... 139
5 LIVRO-REPORTAGEM .................................................................................................................. 139
5.1 LIVRO-REPORTAGEM NO BRASIL E NO MUNDO ........................................................... 141
6 PERFIL ................................................................................................................................................ 142
7 TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS: JORNALISMO EXPLICATIVO
 E JORNALISMO LONGFORM ..................................................................................................... 145
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 148
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 149
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE REDAÇÃO DE TEXTOS INTERPRETATIVOS ..................... 151
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 151
2 DIFERENÇAS ENTRE FORMATOS CONVENCIONAIS
 E FORMATOS LITERÁRIOS ........................................................................................................ 151
3 TÉCNICAS DE REDAÇÃO DE FORMATOS CONVENCIONAIS ...................................... 152
4 TÉCNICAS DE REDAÇÃO DE FORMATOS LITERÁRIOS .................................................. 155
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 164
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 170
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 171
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 173
1
UNIDADE 1 — 
JORNALISMO INFORMATIVO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• distinguir o gênero informativo de outros gêneros presentes no 
jornalismo brasileiro;
• reconhecer formatos jornalísticos que integram o gênero informativo;
•	 identificar	 as	 características	 específicas	 de	 cada	 um	 dos	 formatos	
jornalísticos informativos;
• aplicar as técnicas de redação de textos jornalísticos informativos.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
TÓPICO 2 – FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
TÓPICO 3 – TÉCNICAS DE REDAÇÃO DE TEXTOS INFORMATIVOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico, você vai conhecer quais são os gêneros e for-
matos existentes no jornalismo brasileiro. Vamos nos aprofundar nos estudos do 
gênero informativo, que é o tema desta unidade, e entender porque a informação 
é o elemento fundamental do jornalismo moderno.
Vamos abordar as principais características do gênero jornalístico 
informativo,	que	passou	a	ser	dominante	na	imprensa	a	partir	do	final	do	século	
XIX e início do século XX. Verá que a primazia da informação sobre a opinião é 
uma invenção do jornalismo moderno e que, até a década de 1830, a opinião e a 
defesa de causas políticas era a prática dominante nos jornais. 
Também vamos conhecer os critérios que os jornalistas usam para 
hierarquizar os fatos do mundo e transformá-los em notícia. Esses critérios são 
chamados valores-notícia e são um conjunto de regras compartilhadas pela 
comunidade jornalística desde o início do século XX. A partir do estudo desses 
critérios, você vai entender porque alguns acontecimentos se transformam em 
notícia e outros não.
2 GÊNEROS E FORMATOS JORNALÍSTICOS 
Todos	os	textos	jornalísticos	podem	ser	classificados	de	acordo	com,	no	
mínimo, dois fatores: o gênero do qual faz parte e o formato em que se apresenta. 
Muitos autores se dedicaram ao estudo dos gêneros e formatos jornalísticos. Nos 
estudos de jornalismo realizados no Brasil, destacam-se os trabalhos de Luiz 
Beltrão (1980) e José Marques de Melo (2003). 
Os	gêneros	refletem	aquilo	que	os	cidadãos	querem	e	precisam	saber/
conhecer/acompanhar,	 porque	 justamente	 nos	 gêneros	 esse	 público	
encontra respaldo para suas ações cotidianas ou, mesmo, para o 
exercício	 da	 cidadania.	 Atender	 às	 finalidades	 condensadas	 nessas	
cinco vertentes é a razão de ser do trabalho da imprensa, que foi se 
construindo ao passo do próprio desenvolvimento da sociedade 
(ASSIS; MELO, 2016, p. 49-50). 
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
4
Assis	e	Melo	(2016)	explicam	que	cada	gênero	é	definido	a	partir	de	duas	
características básicas: sua capacidade para agrupar uma variedade de formatos 
com	características	comuns	e	sua	função	social.	Assim,	o	modelo	classificatório	
proposto por Melo (2003) considera a existência de cinco gêneros jornalísticos, 
cada um deles destinado a suprir uma necessidade social: 
• Informativo: vigilância social.
• Opinativo: fórum de ideias.
• Interpretativo: papel educativo, esclarecedor.
• Diversional: distração, lazer.
• Utilitário: auxílio nas tomadas de decisões cotidianas.
Os formatos jornalísticos, por sua vez, são os modos como a informação 
é construída para ser apresentada ao público. Essa construção obedece a normas 
e parâmetros estruturais que dizem respeito tanto ao modo de apresentação do 
texto	quanto	ao	próprio	processo	de	coleta	de	 informação.	A	classificação	de	
Melo (2003) sugere a seguinte distribuição de formatos em cada um dos gêneros 
já citados:
• Gênero informativo: nota, notícia, reportagem e entrevista.
• Gênero opinativo: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, caricatura, 
carta e crônica.
• Gênero	interpretativo:	análise,	perfil,	enquete,	cronologia,	dossiê.
• Gênero diversional: história de interesse humano e história colorida.
• Gênero utilitário: indicador, cotação, roteiro e serviço.
A obra de Luiz Beltrão (1980), anterior à de Marques de Melo (2003), 
defende a existência de três gêneros jornalísticos: informativo, opinativo e inter-
pretativo. Para o autor, os formatos jornalísticos são assim distribuídos:
• Gênero informativo: notícia, reportagem, história de interesse humano e 
informação pela imagem.
• Gênero opinativo: editorial, artigo, crônica, opinião ilustrada e opinião do 
leitor.
• Gênero interpretativo: reportagem em profundidade.
Neste livro, vamos estudar com mais profundidade os gêneros informati-
vo, opinativo e interpretativo. Cada um deles será contemplado em uma unida-
de. É importante que você tenha em mente, ao estudar o assunto, que jornalismo 
não é uma ciência exata, ou seja,sempre pode haver diferenças de interpretação 
dependendo	do	autor,	pois	há	muitas	formas	de	refletir	sobre	o	mesmo	assunto.	
É importante, também, destacar que a prática jornalística está em constan-
te evolução e que os formatos em que a informação se apresenta e as nomenclatu-
ras que eles recebem se transformam com o tempo. 
TÓPICO 1 — A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
5
Afinal	 de	 contas,	 uma	 forma	 jornalística	 não	 surge	 do	 nada.	 Ela,	
em geral, é sinal do aprimoramento de um processo que tem raízes 
na própria constituição da imprensa, situada temporalmente no 
século 17. E é do tratamento primário da informação – proposto 
tão somente a relatar o real – que as “subrotinas” dos gêneros se 
desdobram. Algumas conquistam validação. Outras, no entanto, 
desaparecem tão rápido quanto surgem. Nossa tarefa é observá-
las constantemente, pois somente assim conseguimos vislumbrar a 
evolução do Jornalismo (ASSIS; MELO, 2016, p. 52).
3 GÊNERO INFORMATIVO 
Agora que você já sabe o que são os gêneros e formatos jornalísticos, 
podemos começar a estudar com mais profundidade o tema central desta 
unidade, o gênero informativo. Como o próprio nome denota, a informação é o 
elemento central dos formatos que compõem esse gênero. Os textos jornalísticos 
informativos objetivam relatar um determinado fato ao conhecimento do público. 
Na	definição	clássica	de	Beltrão	(1980,	p.	29),	o	gênero	informativo	diz	respeito	ao	
“relato puro e simples de fatos pertencentes ao presente imediato ou ao passado 
que	sejam	socialmente	significativos”.	
O gênero informativo tem uma função de vigilância social. É através 
dele que “a instituição jornalística assume o papel de observadora atenta da 
realidade, cabendo ao jornalista proceder como ‘vigia’, registrando os fatos, os 
acontecimentos e informando-os à sociedade” (MELO, 2003, p. 28). A partir das 
informações disseminadas pela imprensa, os cidadãos adquirem conhecimento 
dos fatos do mundo e podem agir e se posicionar em relação a eles. 
O gênero informativo é o mais presente nos veículos noticiosos 
contemporâneos, como jornais impressos, telejornais diários e portais de 
notícias. Mas nem sempre foi assim. Até aproximadamente 1830, os jornais eram 
patrocinados por partidos políticos e serviam para defender determinadas causas 
políticas, ou seja, eram repletos de opiniões, críticas e propaganda política. Com 
o	 surgimento	 dos	 jornais	 populares,	 vendidos	 a	 preços	 baixos	 e	 financiados	
pela publicidade, os editores começaram a privilegiar os relatos dos fatos, sem 
opiniões e julgamentos de valor, estabelecendo um novo padrão e um ideal para 
a prática jornalística: a objetividade (SCHUDSON, 2010). A partir desse ideal, 
surgiram outros, que se encontram nas bases do jornalismo praticado ainda hoje, 
tais como a busca pela verdade, a independência e a noção de serviço público 
(TRAQUINA, 2005). 
Os principais formatos jornalísticos informativos encontrados no 
jornalismo brasileiro são a nota, a notícia e a reportagem. Cada um deles possui 
características próprias, mas todos têm a informação, pura e simples, como 
elemento central, como veremos no Tópico 2 desta unidade. Antes de estudarmos 
as	 características	 específicas	 de	 cada	 um	 desses	 formatos,	 é	 preciso	 que	 você	
compreenda dois conceitos centrais: fato jornalístico e noticiabilidade.
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
6
3.1 FATO JORNALÍSTICO
O jornalismo informativo se ocupa de fatos, ou seja, de acontecimentos 
reais. Mas não de todos os fatos do mundo, até porque isso seria impossível. 
Apenas dos fatos considerados jornalísticos, noticiáveis. Por esse motivo, é 
importante que você compreenda de que forma um acontecimento do mundo se 
transforma em fato jornalístico. 
O	conceito	de	 fato	 tem	 sido	objeto	de	 reflexão	de	filósofos,	 sociólogos,	
historiadores e comunicólogos há muito tempo. A palavra fato vem do termo 
em latim factum, particípio do verbo facere (fazer). O conceito de fato, portanto, 
faz referência a eventos que realmente aconteceram. (SPONHOLZ, 2009). O fato 
jornalístico, por sua vez, também é um conceito que pode adquirir muitos sentidos 
dependendo do contexto em que é utilizado. No entanto, para os objetivos deste 
livro,	adotamos	a	definição	de	Bahia	(2010,	p.	154),	para	quem	o	fato	jornalístico	é:
Semelhante ao acontecimento. O que acontece e é notícia. Assim como 
a notícia é a matéria-prima do jornalismo, o fato é a matéria-prima 
da notícia. Em comunicação de massa, o termo associa concepções 
de valor (como importância, hierarquia, atualidade, interesse etc.) e 
associa, necessariamente, a coisa ou ação feita, o caso em si mesmo e 
suas consequências, o que existe e o que é real. É por isso que se diz 
popularmente: “contra os fatos não há argumentos”, sedimentando no 
jornalismo a impressão de que a verdade do que se fala, se vê ou se 
escreve, está (ou existe) na realidade dos fatos.
Os	 jornalistas	 são	 a	 categoria	 profissional	 a	 qual	 é	 dado,	 socialmente,	
o direito de falar sobre os fatos. Sendo assim, o relato jornalístico é tido como 
digno de crença. No entanto, é importante ressaltar que os jornalistas não levam 
ao conhecimento do público o fato em si, mas um relato do fato, orientado por 
uma	série	de	técnicas	de	captação,	redação	e	edição	e	 influenciado	por	valores	
profissionais	e	rotinas	produtivas.	
Por isso, dizemos que os jornalistas fazem a mediação entre os fatos e o 
público, trabalhando como tradutores da realidade social. Tenha sempre em mente 
que os jornalistas trabalham com um recorte da realidade e sua capacidade de 
relatar os fatos é limitada pelas rotinas produtivas, ainda que seja genuinamente 
voltada para a busca da verdade, a precisão e a objetividade. 
Você tem curiosidade de saber como funciona a redação de um grande jornal? 
Neste vídeo, disponível no canal do jornal O Globo, no YouTube, você pode entender um 
pouco do clima, a rotina e algumas curiosidades sobre a redação desse jornal, que é um 
dos mais lidos do país: https://www.youtube.com/watch?v=QFbhzRt73MA.
DICAS
TÓPICO 1 — A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
7
4 NOTICIABILIDADE E VALORES-NOTÍCIA 
Como os acontecimentos se transformam em notícia? Para decidir quais 
acontecimentos do mundo se tornarão notícias, os jornalistas avaliam os fatos da 
realidade social através de uma série de critérios que são chamados de valores-
notícia ou critérios de noticiabilidade. 
Esses	valores	são	parte	fundamental	da	cultura	profissional	dos	 jorna-
listas e estão internalizados no cotidiano das redações. Por esse motivo, muitos 
jornalistas	sentem	dificuldade	de	explicar	o	que	é	notícia	ou	o	que	é	noticiável,	
apesar de trabalharem com os critérios de noticiabilidade diariamente, de for-
ma espontânea. Autores como Silva (2005, p. 96) entendem a noticiabilidade de 
forma ampla:
como todo e qualquer fator potencialmente capaz de agir no proces-
so da produção da notícia, desde características do fato, julgamentos 
pessoais	do	jornalista,	cultura	profissional	da	categoria,	condições	fa-
vorecedoras ou limitantes da empresa de mídia, qualidade do material 
(imagem e texto), relação com as fontes e com o público, fatores éticos 
e ainda circunstâncias históricas, políticas, econômicas e sociais. 
Nos estudos de jornalismo no Brasil, os critérios de noticiabilidade 
apontados pelo jornalista e professor luso americano Nelson Traquina (2005), 
em consonância com o trabalho do sociólogo italiano Mauro Wolf, adquiriram 
proeminência. E é sobre eles que vamos estudar a seguir. 
4.1 VALORES-NOTÍCIA
“Os jornalistas têm seus óculos particulares através dos quais veem certas 
coisas e não outras, e veem de uma certa maneira as coisas que veem. Operam 
uma seleção e uma construção daquilo que é selecionado” (BOURDIEU, 1997 
apud TRAQUINA, 2005, p. 77). Esses óculos particulares através dos quais os 
jornalistas enxergam o mundo são seus valores-notícia. Como veremos, Traquina 
(2005) aponta uma distinção entre dois tipos de valores-notícia: os valoresde 
seleção e os valores de construção. 
Os valores de seleção referem-se aos critérios usados pelos jornalistas para 
decidir quais acontecimentos serão ou não noticiados. Esses valores (de seleção) 
são divididos em dois subgrupos: os critérios substantivos, que dizem respeito 
ao valor do acontecimento em si, sua importância e o interesse que desperta; e 
os critérios contextuais, que se referem ao contexto de produção da notícia. Os 
valores de construção são qualidades que um acontecimento possui no que diz 
respeito a sua construção como notícia. Essas qualidades funcionam como guias 
para a apresentação da notícia, “sugerindo o que deve ser realçado, o que deve 
ser omitido, o que deve ser prioritário na construção do acontecimento como 
notícia” (TRAQUINA, 2005, p. 78). 
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
8
4.1.1 Valores notícia de seleção: critérios substantivos
Os valores-notícia que relatamos a seguir dizem respeito ao contexto em 
que se dá à importância da notícia. 
• Morte: “onde há morte, há jornalistas” (TRAQUINA, 2005, p. 79). A morte é um 
dos valores-notícia mais importantes para os jornalistas e isso explica o fato de 
que muitas pessoas têm a impressão de que os jornais só trazem notícias ruins. 
Acontecimentos que causam grandes números de mortes, como acidentes, 
desastres naturais e guerras, sempre terão espaço de destaque na hierarquia 
das notícias. Notícias que falam de morte, infelizmente, são rotineiras na 
prática jornalística. Em algumas oportunidades, no entanto, o jornalismo usa 
recursos discursivos que fogem da rotina para atrair a atenção do público e 
valorizar a notícia, como no caso do exemplo da Figura 1, em que o jornal O 
Globo	renunciou	às	fotografias	da	capa	para	chamar	a	atenção	para	o	número	
de mortes causadas pela pandemia de Covid-19 no Brasil. 
FIGURA 1 – CAPA DO JORNAL O GLOBO EM 10 DE MAIO DE 2020
FONTE: <https://www.vercapas.com.br/capa/o-globo/2020-05-10/>. Acesso em: 25 abr. 2021. 
TÓPICO 1 — A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
9
• Notoriedade:	a	importância	e/ou	fama	do	ator	principal	de	um	acontecimento	
também é um valor-notícia fundamental. Esse valor não se aplica apenas ao 
mundo das celebridades da música ou do cinema. Cada setor da sociedade tem 
suas próprias estrelas: políticos poderosos, pessoas que ocupam altos cargos 
públicos, grandes empresários e representantes das elites. “Dito de uma forma 
muito simples, o nome e a posição da pessoa são importantes como fator de 
noticiabilidade. O que o Presidente da República faz é importante porque o 
Presidente da República é importante” (TRAQUINA, 2005, p. 80). O exemplo da 
capa apresentada na Figura 2 é característico deste valor notícia, pois retrata o 
dia em que o apresentador e empresário Silvio Santos foi mantido refém em sua 
própria	casa	por	um	homem	que	havia	sequestrado	sua	filha	alguns	dias	antes.	
As investigações contaram com a presença do então governador do Estado de 
São Paulo, Geraldo Alckmin, o que reforça a notabilidade dos envolvidos. 
FIGURA 2 – CAPA JORNAL AGORA SÃO PAULO EM 31DE AGOSTO DE 2001
FONTE: <https://bit.ly/3zkStkM>. Acesso em: 25 abr. 2021.
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
10
• Proximidade:	esse	valor-notícia	diz	respeito	não	apenas	a	questões	geográficas,	
mas também questões culturais. Os fatos que acontecem próximos da sede da 
empresa jornalística têm mais chances de se tornarem notícia do que aqueles 
que ocorrem mais distantes do público do veículo. Um acidente que resulta em 
uma morte na cidade sede de uma emissora de TV local tem grandes chances 
de ser noticiado em um de seus telejornais, por exemplo. Um acidente que 
ocorre em uma cidade mais distante de sua área de cobertura, só será noticiado 
se tiver um grande número de mortes, pois, nesse caso, o valor-notícia morte 
se sobrepõe ao valor proximidade. 
• Relevância: um dos valores-notícia mais importantes da cultura jornalística, 
pois faz referência ao compromisso do jornalista de “informar o público dos 
acontecimentos que são importantes porque têm um impacto sobre a vida das 
pessoas” (TRAQUINA, 2005, p. 80).
• Novidade: Os jornalistas são apaixonados por mostrar novidades ou fatos que 
estão acontecendo pela primeira vez. A notícia deve, necessariamente, ser algo 
novo, fresco, recente. Se não for, não se transformará em notícia. Para voltar a 
falar sobre um assunto que já foi notícia (suíte), é preciso que algo novo tenha 
acontecido em relação ao fato original: uma nova informação descoberta, uma 
movimentação processual, uma nova declaração. 
• Tempo: esse valor-notícia se apresenta no jornalismo de muitas maneiras. 
A publicação, na atualidade, de uma determinada notícia pode servir como 
“gancho” para outro acontecimento que tenha alguma relação com esse 
assunto, atualizando-o. Por exemplo, a cada vez que um acidente de grandes 
proporções acontece, os veículos jornalísticos tendem a recuperar o histórico 
do fato e produzir novas notícias sobre temas correlatos, como: segurança e 
fiscalização	nas	estradas,	projetos	de	lei	em	tramitação	que	tratam	do	assunto,	
situação atual das vítimas de acidentes semelhantes, entre outras muitas 
possibilidades. O fator “tempo” também se apresenta no jornalismo através 
de	datas	 específicas,	 as	 chamadas	 efemérides:	 o	 aniversário	de	uma	 cidade,	
a marca de X anos de um evento histórico ou fato importante. Também nesse 
sentido, é comum a produção de matérias pautadas por datas comemorativas 
específicas,	 como	Dia	 das	Mães,	 por	 exemplo.	 Segundo	 o	 autor,	 o	 tempo	 é	
um valor-notícia que se apresenta também em uma terceira forma: quando 
um assunto ganha noticiabilidade e permanece durante longo período sendo 
noticiado a cada novidade. 
TÓPICO 1 — A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
11
• Notabilidade: é a qualidade que um acontecimento tem de ser visível. Sobre 
esse valor-notícia, Traquina (2005) adverte para a forma como a cultura 
jornalística está mais voltada para a cobertura de acontecimentos do que de 
problemáticas. Porque os acontecimentos são facilmente notáveis, visíveis, 
enquanto as problemáticas estão mais abaixo da superfície dos fatos. Essa é uma 
limitação imposta pelo ritmo do trabalho jornalístico, sobretudo no jornalismo 
informativo. Um acontecimento se torna notável, do ponto de vista jornalístico, 
a partir de uma série de fatores, tais como a quantidade de pessoas envolvidas, 
seu caráter insólito (distante do considerado “normal), seu caráter de “falha” 
(acidentes na aviação, acidentes nucleares) ou fazer referência ao excesso ou 
escassez (temperaturas excessivamente altas, safras recordes, estiagem). 
• Inesperado: esse valor faz referência aos acontecimentos que surpreendem as 
expectativas, grandes acontecimentos que alteram toda a rotina de produção 
do dia e derrubam todas as outras pautas, como o atentado de 11 de setembro 
de 2001 ao World Trade Center, em Nova Iorque. Para se ter uma ideia da 
dimensão dessa notícia, até mesmo os canais de conteúdo infantil transmitiram, 
ao	 vivo,	 a	 cobertura	 do	 atentado.	 Neste	 caso	 específico,	 o	 valor-notícia	 do	
inesperado chega a se sobrepor, em alguns momentos da cobertura, ao valor 
relativo à morte. Perceba que a capa apresentada na Figura 3 deu mais destaque 
ao “terror” (letras em tamanho maior na parte mais alta da página) do que ao 
número de mortos, informação que vem logo abaixo, em tamanho menor. 
O termo “gancho” é um jargão jornalístico que faz referência a um modo de 
contextualizar ou atualizar uma matéria. Por exemplo, a ocorrência de uma enchente em 
uma determinada localidade pode servir de gancho para falar sobre outras enchentes que 
já aconteceram no mesmo local. Outro exemplo: uma data comemorativa, como o Dia das 
Mães, pode servir de gancho para uma matéria sobre os desafios da maternidade.
NOTA
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
12
FIGURA 3 – CAPA JORNAL AGORA SÃO PAULO EM 12 DE SETEMBRO DE 2001
FONTE: <https://bit.ly/3zkStkM>. Acesso em: 25 abr. 2021.
• Conflito/controvérsia: diz respeito à violênciafísica ou simbólica: uma 
discussão verbal entre parlamentares ou uma confusão generalizada entre 
torcidas de futebol, por exemplo. 
• Infração:	está	relacionado	ao	valor	anterior	(conflito),	mas	é	mais	abrangente,	
pois faz referência à transgressão de regras. Esse valor-notícia se faz 
presente, principalmente, na cobertura de crimes. O crime é visto como um 
fenômeno que faz parte da sociedade. Desse modo, a ocorrência de certos 
tipos de crimes comuns é tratada como rotineira pelo jornalismo. No entanto, 
existem ocorrências que ganham notoriedade na imprensa por apresentarem 
características que vão além do normalmente noticiado, como nos casos dos 
crimes em que são empregados métodos extremamente violentos ou com 
grande número de vítimas. 
TÓPICO 1 — A INFORMAÇÃO NO JORNALISMO
13
• Escândalo: enquadram-se nesse valor notícia revelações bombásticas basea-
das em investigações, como o caso Watergate, por exemplo. 
4.1.2 Valores-notícia de construção: critérios contextuais
Os valores-notícia que relatamos a seguir dizem respeito ao contexto em 
que se dá à captação e produção da notícia. 
• Disponibilidade: diz respeito à facilidade de cobrir determinado acontecimento. 
Às vezes, um acontecimento tem potencial para virar notícia, pois reúne um 
ou mais critérios de seleção substantivos. No entanto, sua cobertura exigiria 
recursos	(financeiros,	humanos,	técnicos)	que	não	estão	disponíveis	ou	que	a	
empresa jornalística prefere não investir naquele determinado acontecimento. 
• Equilíbrio: a quantidade de notícias sobre um mesmo assunto pode “derrubar” 
o valor-notícia de outras semelhantes, para que o noticiário não se torne 
repetitivo e apresente notícias variadas. 
• Visualidade: esse valor-notícia faz referência à possibilidade ou não de 
fornecer ao público elementos visuais, como fotos e imagens. Esse critério é 
especialmente importante para o jornalismo de televisão. Um acontecimento 
potencialmente	noticiável	pode	ficar	fora	do	noticiário	se	não	existem	imagens	
de	 qualidade	 suficiente	 para	 ilustrar	 o	 fato.	 O	 contrário	 também	 se	 aplica:	
imagens de boa qualidade e abundantes podem garantir a inserção de um fato 
no noticiário. 
• Concorrência: todas as empresas jornalísticas têm concorrentes diretos e 
indiretos. Por isso estão sempre à procura de “furos” e informações exclusivas 
que os concorrentes não têm. Assim, um furo ou uma informação exclusiva 
sempre terão enorme valor na hierarquia das notícias e são apresentados ao 
público com grande destaque. 
“Furo” é um jargão utilizado para designar uma informação publicada por um 
veículo de imprensa antes de todos os demais veículos.
NOTA
• Dia noticioso: na rotina de uma redação jornalística, nenhum dia é igual ao 
outro. Alguns dias são repletos de acontecimentos noticiáveis, outros não. Nos 
dias em que não há muitas boas notícias a serem publicadas, acontecimentos 
com baixa noticiabilidade conseguem ser publicados. 
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
14
4.1.3 Valores-notícia de construção
Os	valores	de	 construção	 entram	em	cena	no	momento	da	 construção/
redação da notícia. Todo acontecimento pode ser visto de múltiplas formas, mas 
toda notícia tem uma limitação de tempo e espaço que pode ocupar na página 
do jornal ou no noticiário. Com isso, alguns elementos são incluídos no relato 
noticioso e outros são ignorados. 
• Simplificação: notícias simples, desprovidas de ambiguidades, têm mais 
chances de serem notadas e compreendidas. Por esse motivo, faz parte da 
prática	profissional	a	simplificação	do	relato	através	de	técnicas	que	tornam	o	
texto mais fácil de ser compreendido. 
• Amplificação: em algumas situações, os jornalistas usam estratégias 
de	 amplificação	 para	 chamar	 atenção	 para	 as	 notícias.	 São	 exemplos	 de	
amplificação	citados	por	Traquina	(2005,	p.	91)	as	seguintes	manchetes:	“Brasil	
chora a morte de Senna” e “América chora a morte de Nixon”. 
• Relevância: é tarefa do jornalista fazer com que a notícia seja vista como 
relevante	 pelo	 público,	 estabelecendo	 conexões	 entre	 a	 notícia	 e	 os	 reflexos	
dela para a vida das pessoas. 
• Personalização: as notícias que privilegiam o fator humano têm mais chances 
de atrair a atenção do público. O jornalista personaliza a narrativa ao destacar 
as pessoas envolvidas no acontecimento. Segundo o autor, a personalização é 
uma estratégia importante para agarrar o leitor, pois “pessoas se interessam 
por outras pessoas” (TRAQUINA, 2005, p. 92). 
• Dramatização: este valor-notícia contextual faz referência ao reforço dos as-
pectos	emocionais	e	conflituosos	dos	acontecimentos.	O	excesso	no	uso	deste	
critério pode levar ao sensacionalismo e à queda da qualidade informativa 
do noticiário. 
• Consonância: quanto mais um determinado acontecimento se encaixa em uma 
narrativa já existente, mais chances ele tem de atrair a atenção do público. 
15
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
•	 Os	textos	jornalísticos	são	classificados	de	acordo	com	gêneros	e	formatos.	
• O gênero informativo é caracterizado pela primazia da informação, dissociada 
da opinião.
• Os principais formatos que compõem esse gênero jornalístico são a nota, a 
notícia e a reportagem.
• Os critérios usados pelos jornalistas para transformar os fatos em notícias são 
chamados critérios de noticiabilidade ou valores-notícia. 
16
1 Luiz Beltrão e José Marques de Melo dedicaram-se ao estudo dos gêneros e 
formatos	presentes	no	jornalismo	brasileiro.	As	classificações	propostas	por	
cada	um	desses	autores	são	diferentes	entre	si.	Com	base	na	classificação	
proposta por cada um desses autores, assinale a alternativa CORRETA:
a)	(			)	 A	 classificação	 proposta	 por	 Luiz	 Beltrão	 compreende	 os	 gêneros	
informativo, opinativo, interpretativo e utilitário. 
b) ( ) Os formatos nota, notícia e reportagem integram o gênero 
interpretativo.
c)	 (			)	 A	 classificação	 de	 José	 Marques	 de	 Melo	 compreende	 os	 gêneros	
informativo, opinativo, interpretativo, diversional e utilitário.
d) ( ) Editorial, artigo e crônica são formatos que integram o gênero 
informativo. 
2 José Marques de Melo adota uma visão funcionalista dos gêneros 
jornalísticos,	isto	é,	a	classificação	proposta	por	ele	considera	que	cada	um	
dos gêneros presentes no jornalismo brasileiro possui uma função social 
específica.	Considerando	a	classificação	de	José	Marques	de	Melo,	analise	
as sentenças a seguir:
I- O gênero diversional compreende materiais com o objetivo de auxiliar a 
tomada de decisões cotidianas.
II- O gênero informativo tem função de vigilância social. 
III- O gênero opinativo tem papel educativo e esclarecedor.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
3 Os jornalistas utilizam uma série de critérios para hierarquizar as os fatos 
do mundo e decidir quais deles vão se transformar em notícia, ou seja, 
quais deles serão publicados. Esses critérios são chamados de critérios de 
noticiabilidade	 ou	 valores-notícia.	Nelson	 Traquina	 classifica	 os	 valores-
notícia em valores de seleção (substantivos e contextuais) e valores de 
construção.	Com	base	no	que	você	estudou	de	valores-notícia,	classifique	V	
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
AUTOATIVIDADE
17
(			)	 Amplificação,	 relevância	 e	 dramatização	 são	 valores-notícia	 de	
construção. 
(			)	 Consonância	e	simplificação	são	valores	de	seleção	contextuais.	
( ) Morte, proximidade e novidade são valores de seleção substantivos. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V. 
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4	 Todos	 os	 textos	 jornalísticos	 podem	 ser	 classificados	 de	 acordo	 com,	 no	
mínimo, dois fatores: o gênero do qual faz parte e o formato em que se 
apresenta. O gênero informativo, o qual estamos estudando nestaunidade, 
compreende os formatos nota, notícia e reportagem. Com base no que você 
estudou e nos seus conhecimentos sobre jornalismo, sintetize as principais 
características do gênero jornalístico informativo. 
5 Segundo Nelson Traquina, os valores notícia são divididos em duas catego-
rias: valores de seleção (substantivos e contextuais) e valores de construção. 
Com base no texto, explique a diferença entre cada uma dessas categorias 
de valores-notícia.
18
19
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, neste tópico estudaremos os principais formatos de textos 
jornalísticos informativos: a nota, a notícia e a reportagem. Para começar, vamos 
estudar os conceitos e características de cada um desses formatos, para que você 
seja capaz de distinguir cada um deles quando ler um jornal ou navegar por 
portais de notícia. 
Ao longo deste tópico, você verá exemplos de cada um dos formatos que 
vamos estudar. É importante que você complemente essa experiência de auto-
aprendizagem consumindo material informativo, amplamente disponível em 
múltiplas plataformas (jornais impressos, portais de notícia, rádio, televisão e até 
redes sociais). Enquanto estiver consumindo esse material, procure aplicar mental-
mente	o	que	aprendeu	aqui,	classificando	os	textos	de	acordo	com	seus	formatos.	
Algumas vezes, você vai perceber que os limites entre os formatos 
jornalísticos se tornam tênues. Isso acontece porque o jornalismo é uma atividade 
em constante aperfeiçoamento e transformação, que se esforça para atender às 
demandas sociais e se adaptar aos suportes e tecnologias, que mudam cada vez 
mais depressa. Por isso, uma notícia de jornal impresso é ligeiramente diferente 
da notícia sobre o mesmo fato no portal de notícias. O mesmo acontece em relação 
à televisão e ao rádio. Os textos jornalísticos adquirem feições ligeiramente 
diferentes dependendo da mídia para os quais são produzidos e do público 
para	os	quais	 são	dirigidos.	O	 importante	é	que	você	 seja	 capaz	de	 identificar	
as	 características	 gerais	 e,	 principalmente,	 a	 lógica	 que	 define	 quais	 assuntos	
merecerão uma nota, uma notícia ou uma reportagem.
2 NOTÍCIA 
A notícia é o formato mais importante do jornalismo informativo. Ela não 
é apenas um formato de texto, mas um modo de enxergar a realidade através de 
valores	que	são	próprios	do	jornalismo	e	que	definem	a	prática	jornalística	como	
tal. A notícia é o principal produto do jornalismo moderno. “Comerciar e trabalhar 
com notícias é função básica dos jornais. Eles compram e vendem informações 
[...]. Depois de passar por uma elaboração técnica, a notícia é vendida a varejo, ao 
público, ao leitor, ao receptor” (ERBOLATO, 2001, p. 50). 
20
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
A	notícia	característica	do	 jornalismo	moderno	pode	ser	definida	como	
“o relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante, e 
de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante” (LAGE, 2011, 
p. 17). O Manual de Redação da Folha de São Paulo, maior jornal em circulação do 
país,	define	a	notícia	como	o	“puro	registro	dos	fatos,	sem	opinião”	(MANUAL	
[...], 2010). 
Iniciar a notícia sempre pelo fato mais importante ou interessante é a 
característica que a diferencia de outras formas de narrativa, como as narrativas 
literárias,	teatrais	ou	cinematográficas,	por	exemplo.	Por	isso,	dizemos	que	a	notícia	
“não trata exatamente de narrar os acontecimentos, mas de expô-los” (LAGE, 2011, 
p. 17). Isso pode parecer estranho, em um primeiro momento. Mas, se pararmos 
para pensar, sempre que algo impactante nos acontece, nossa tendência é contar 
para as pessoas expondo, primeiro, o fato principal e esclarecendo os detalhes 
depois, conforme o interesse do nosso interlocutor. Como explica Lage (2011 p. 
21), tanto na tradição oral quanto na notícia, “os eventos estão ordenados não 
por sua sequência temporal, mas pelo interesse ou importância decrescente, na 
perspectiva de quem conta e, sobretudo, na suposta perspectiva de quem ouve”. 
A notícia trata de fatos, isto é, de coisas que verdadeiramente aconteceram 
no mundo real. Por esse motivo, conceitos subjetivos não são usados nos textos 
noticiosos: “não é notícia o que alguém pensou, imaginou, concebeu, sonhou, mas o 
que alguém disse, propôs, relatou ou confessou” (LAGE, 2011, p. 25, grifo do original). 
A notícia não pode argumentar, concluir ou defender hipóteses. Ela deve 
apenas expor fatos verdadeiros. Nas palavras de Lage (2011, p. 25), “o que não 
é verdade, numa notícia, é fraude ou erro”. A notícia é um relato objetivo e 
imparcial dos fatos, isento de opiniões e juízos de valor. Os únicos autorizados a 
opinar nos textos jornalísticos informativos são as fontes (os entrevistados), cujas 
declarações	são	identificadas	pelo	uso	de	aspas.	
É a partir das notícias que as pessoas têm condições de tomar conheci-
mento dos fatos que acontecem ao seu redor e de tomar posição ou decisões em 
relação a eles. E isso só é possível graças ao trabalho dos jornalistas, que fazem 
um processo de mediação, ao selecionar (a partir dos critérios de noticiabilidade), 
formatar e publicar os fatos que os leitores querem ou precisam saber. Por isso a 
notícia deve ser recente, inédita, verdadeira, objetiva e de interesse público. “Só 
se considera completa uma notícia quando ela proporciona ao leitor a ideia exata 
e minuciosa sobre um acontecimento, ou mesmo previsão do que vai ocorrer” 
(ERBOLATO, 2001, p. 57).
2.1 ESTRUTURA DA NOTÍCIA: A PIRÂMIDE INVERTIDA
O primeiro parágrafo da notícia é chamado de lead (do verbo em inglês, 
conduzir). É no lead da notícia que está a informação mais importante, mais 
interessante ou mais recente do fato que será relatado. Nesse primeiro parágrafo, 
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
21
são respondidas, no mínimo, quatro perguntas fundamentais a respeito do fato: 
o que aconteceu? Quem estava envolvido? Quando aconteceu? Onde aconteceu? 
Essas perguntas são também chamadas de elementos da notícia. 
Os parágrafos seguintes complementam o lead e são chamados de docu-
mentação. É na documentação que se acrescentam as informações complemen-
tares e contextuais do fato, que podem responder outras duas perguntas: como 
aconteceu? Por que aconteceu?
No Tópico 3 desta unidade, você vai conhecer os diversos tipos de lead e suas 
aplicações, quando estudarmos as técnicas de redação de textos jornalísticos informativos.
ESTUDOS FU
TUROS
Este formato de texto é conhecido como pirâmide invertida: as informa-
ções mais importantes para compreender o fato estão na parte de cima e as infor-
mações menos importantes estão na base. “Na pirâmide invertida, a sequência é 
esta: a) entrada ou fatos culminantes; b) fatos importantes ligados à entrada; c) 
pormenores interessantes; d) detalhes dispensáveis” (ERBOLATO, 2001, p. 66). 
As origens históricas desse tipo de texto remetem às práticas jornalísticas 
inauguradas nos Estados Unidos, no século XIX, durante a Guerra Civil 
Americana	 (1861-1865).	 Durante	 o	 conflito,	 os	 repórteres	 enviados	 ao	 campo	
de batalha transmitiam notícias para a redação via telefone. Mas o sistema 
de telecomunicação era ainda muito precário. Por isso, cada repórter ditava 
ao telefone, um por vez, apenas o primeiro parágrafo do texto (o lead). Na 
sequência, cada um deles ditava o segundo parágrafo. Essa era uma forma de 
garantir que as informações mais importantes seriam publicadas, mesmo que 
a comunicação falhasse e não fosse possível passar o segundo parágrafo para 
a redação (FONTCUBERTA, 1993). Além disso, se houvesse muitas notícias a 
serem	publicadas	e	não	houvesse	espaço	suficiente,	bastaria	“cortar	a	notícia	pelo	
pé”, ou seja, excluir o último parágrafo. 
O primeiro texto escrito a partir dessa técnica teria sido publicado pelo 
jornal New York Times, em abril de 1865. As agências de notícias, como a norte-
americana Associated Press, também tiveram importante papel na disseminaçãodesse estilo de texto, que se tornaria um padrão para jornais impressos de todo o 
mundo e, posteriormente, transposto para os meios eletrônicos e digitais. 
22
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
2.2 TIPOS DE NOTÍCIAS 
Neste subtópico, vamos estudar alguns exemplos de notícias publicadas 
em jornais impressos e portais de notícias. A partir desses exemplos, vamos 
verificar	como	a	estrutura	da	pirâmide	invertida,	cujas	origens	remetem	ao	século	
XIX,	ainda	são	verificadas	nos	textos	jornalísticos	informativos	de	hoje.	Autores	
como	Erbolato	 (2001),	 propõem	uma	 classificação	 das	 notícias	 de	 acordo	 com	
uma série de características:
• Quanto aos elementos que as compõem, as notícias podem ser sintéticas ou 
analíticas.
• Quanto à ocorrência em si, as notícias podem ser previsíveis, imprevisíveis ou 
mistas.
• Quanto à oportunidade de publicação, as notícias podem ser quentes ou frias.
• Quanto ao local da ocorrência, as notícias podem ser internacionais, nacionais 
(que podem ser estaduais e regionais) ou locais. 
2.2.1 Notícias sintéticas e analíticas
Notícias sintéticas são aquelas que respondem apenas a três perguntas 
fundamentais: quem? Quê? Quando? Podem ser representadas pela fórmula: 
3Q = NS.
Notícias analíticas são as notícias completas, que respondem a todas as 
perguntas fundamentais: quem? Quê? Quando? Onde? Por quê? Como? Para 
facilitar a memorização, podem ser representadas pela fórmula: 3Q + O + P + 
C = NA.
2.2.2 Notícias previsíveis, imprevisíveis e mistas
As notícias previsíveis são aquelas que já se sabe que vão ocorrer (uma 
competição, uma inauguração, uma audiência, uma eleição ou qualquer outro 
evento com data marcada). Nesses casos, o jornalista se prepara previamente 
para presenciar e cobrir o fato. 
As notícias imprevisíveis são acontecimentos que ninguém pode prever, 
como acidentes, incêndios ou desastres naturais. Nesses casos, os editores 
precisam encaixar a cobertura do fato na escala do dia. 
As notícias mistas também são situações comuns no cotidiano das 
redações. São aquelas situações em que o repórter sai para cobrir algo que já 
estava previsto e, no decorrer do trabalho, algo imprevisível e com maior valor-
notícia acontece. Nesses casos, a cobertura tem seu alvo ajustado para o fato mais 
importante e impactante. 
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
23
2.2.3 Notícias quentes e frias
Notícias quentes são notícias urgentes, que devem ser publicadas o 
quanto antes. São elas que agitam o dia-a-dia das redações e exigem agilidade 
dos repórteres e editores. 
Já as notícias frias são aquelas que podem esperar para serem publicadas, 
geralmente com menor valor-notícia, que só serão publicadas na ausência de 
notícias quentes. 
2.3 EXEMPLOS DE NOTÍCIAS
Agora, vamos aos exemplos de notícias publicadas em jornais impressos 
e portais de notícias.
Exemplo 1: o exemplo a seguir é de uma notícia de abrangência nacional, 
publicada pela versão on-line da Folha de S.Paulo. No cotidiano da redação, 
chamamos este tipo de notícia de “burocrática”, pois ela chega à redação através 
de	um	anúncio	de	um	órgão	oficial,	normalmente	uma	nota,	 como	neste	caso.	
Apesar de não ser quente (urgente) é relevante para o leitor. 
Pix terá pagamento semelhante a boleto a partir de maio (título ou manchete)
Na	nova	ferramenta	é	possível	configurar	outras	informações	além	do	valor,	
como juros, multa e descontos, como é feito no boleto bancário. (linha de apoio)
O Banco Central anunciou, nesta quinta-feira (22), que o serviço 
de cobrança semelhante ao boleto bancário no Pix, sistema de pagamentos 
instantâneos, começará a funcionar em 14 de maio. (lead)
Chamado de Pix Cobrança, a ferramenta permitirá que a empresa ou o 
prestador de serviço emita um QR Code para receber pagamentos imediatos em 
pontos de venda ou comércio eletrônico, por exemplo, além de cobranças com 
vencimento	futuro.	Na	ferramenta,	é	possível	configurar	outras	informações	
além do valor, como juros, multa e descontos, como é feito no boleto bancário.
Até julho, as instituições que participam do sistema passarão por 
período de adaptação.
“A regra estabelece que as instituições participantes do Pix, que não 
conseguirem proporcionar a experiência completa de pagamento (leitura do 
QR Code e pagamento em data futura) no período de 14 de maio a 30 de junho, 
terão que, no mínimo, possibilitar a leitura e o pagamento na data da leitura 
do QR Code, com todos os encargos e abatimentos calculados corretamente”, 
diz o BC em nota.
24
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
“Esse é um período transitório, que dá as instituições um tempo 
adicional	para	finalizar	as	adequações	nos	 sistemas.	A	partir	de	1º	de	 julho	
todos os participantes precisam ser capazes de fazer a leitura do QR Code e 
possibilitar o pagamento do QR Code para data futura”, completa.
O BC também anunciou o Pix Agendado, que será obrigatório a partir 
de	1º	de	setembro	de	2021.	Desde	novembro	do	ano	passado,	quando	o	novo	
sistema de pagamentos foi lançado, essa é uma funcionalidade facultativa.
“Desde o lançamento do Pix, em novembro de 2020, essa é uma 
funcionalidade facultativa, e entende-se que este seja um prazo razoável para 
que todas as instituições façam os ajustes necessários nos seus sistemas e 
interfaces	(aplicativos	e	internet	banking)”,	afirmou	a	autarquia.
Com a ferramenta, o cliente pode agendar uma transferência ou 
pagamento por Pix para data futura com o uso da chave, por exemplo.
“Tal medida visa ampliar ainda mais a comodidade dos pagadores, 
garantindo, que todos os usuários, independente da instituição que possuem 
conta, possam agendar um Pix”, disse a nota.
FONTE: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/04/pix-tera-pagamento-semelhante-
a-boleto-a-partir-de-maio.shtml>. Acesso em: 22 abr. 2021.
Exemplo 2: a notícia que veremos agora, ao contrário, é uma notícia 
quente (acidente com feridos) e ainda tem um elemento relativamente inusitado: 
o acidente aconteceu depois que a motorista desmaiou ao volante. Ela foi 
publicada pelo portal de notícias G1 (Campinas e região) em 22 de abril de 2021 
e faz referência a um fato que tem relevância local.
Motorista passa mal, perde controle do veículo e provoca acidente com 
feridos em Campinas (título)
De	acordo	com	a	Emdec,	a	condutora	desmaiou	ao	volante;	três	pessoas	ficaram	
feridas. (linha de apoio)
Uma motorista de 51 anos desmaiou ao volante, invadiu a pista contrá-
ria e provocou um acidente com outros dois veículos nesta quinta-feira (22) em 
Campinas (SP). A colisão ocorreu na Estrada da Rhodia, no cruzamento com 
a	Rua	do	Sol,	sentido	Centro-bairro,	no	início	da	tarde.	Três	pessoas	ficaram	
feridas. (lead)
Segundo a Emdec, empresa responsável por organizar o trânsito da 
cidade, a motorista perdeu o controle da direção do veículo e atingiu um outro 
carro que vinha no sentido contrário. Na sequência, um terceiro se envolveu 
na colisão.
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
25
A Emdec informou que houve registro de lentidão próximo ao local do 
acidente, no distrito de Barão Geraldo.
Os três feridos foram socorridos. A motorista que provocou o acidente, foi 
resgatada pelo helicóptero Águia da Polícia Militar e encaminhada ao Hospital 
de Clínicas (HC) da Unicamp.
Uma mulher de 53 anos, que dirigia um dos veículos atingidos, foi para o Hospital 
Ouro Verde. Já o condutor do outro carro, de 55 anos, foi atendido no local.
Não há informações sobre o estado de saúde dos feridos.
FONTE: <https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2021/04/22/motorista-passa-mal-
perde-controle-do-veiculo-e-provoca-acidente-com-feridos-em-campinas.ghtml>. Acesso em: 
13 ago. 2021.
3 NOTA 
A	nota	é	comumente	definida	como	uma	notícia	em	tamanho	reduzido.	
Normalmente	tematiza	fatos	que	não	têm	importância	suficiente	para	ocuparem	
o espaço de uma notícia ou fatos dos quais ainda não se tem muitas informações. 
As notas também iniciam a partir da informação mais importante e usam 
a técnica do lead. Assim comoa notícia, são relatos objetivos e imparciais de um 
fato. Normalmente, não incluem declarações das fontes (entrevistados). 
Na maior parte dos casos, as notas contemplam apenas as quatro 
primeiras perguntas do lead: o que aconteceu? Quem estava envolvido? Onde 
aconteceu? Quando aconteceu? Por esse motivo, podem ser consideradas 
sinônimos de notícias sintéticas, sobre as quais já falamos. No contexto atual, as 
notas informativas são mais comuns no rádio e na televisão. Vejamos um exemplo 
de nota de rádio:
LOC – Subiu para 145 o número de mortos em razão da pandemia do novo 
coronavírus somente na cidade de Florianópolis. A secretaria da saúde 
do município iniciou uma campanha para conscientizar os moradores a 
não frequentarem bares e restaurantes e evitarem a aglomeração em locais 
públicos. Para os infectologistas, a transmissão continua aumentando porque 
as pessoas não respeitam as orientações das autoridades. Só esta semana, três 
restaurantes foram fechados porque não estavam cumprindo as determinações 
da prefeitura. 
26
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
4 REPORTAGEM
As origens históricas da reportagem moderna, assim como da notícia, 
remetem aos Estados Unidos do século XIX, quando se desenvolveu um 
conjunto de técnicas para apuração e apresentação da informação jornalística 
que caracterizam, até os dias de hoje, o discurso jornalístico e o diferenciam de 
outras formas de comunicação pública. A reportagem é um formato jornalístico 
informativo cuja característica principal é a predominância da forma narrativa. 
Enquanto a notícia apenas relata os fatos com o objetivo de torná-los públicos (texto 
expositivo), a reportagem narra o modo como os fatos aconteceram, com maior 
liberdade de linguagem e procedimentos estilísticos que humanizam a história. 
As reportagens são mais longas, mais aprofundadas e mais contextualizadas do 
que	as	notícias.	Na	definição	de	Lage	(2003,	p.	112-113),	a	reportagem	é	uma	
exposição que combina interesse do assunto com o maior número 
de dados, formando um todo compreensível e abrangente. Difere 
da notícia porque esta, sendo comumente rompimento ou mudança 
na ocorrência normal dos fatos, pressupõe apresentação bem mais 
sintética e fragmentária.
Características como objetividade, atualidade e precisão também devem 
estar presentes em todas as reportagens, pois, como assinalam Ferrari e Sodré 
(1986, p. 17):
[...] não se pode esquecer que o discurso de comunicação de massa está 
subordinado a seu objetivo primordial – a informação – e que, embora 
possa haver variedade nos enunciados, os dados referenciais ligados a 
fatos e pessoas assumem proeminência. Isso, tanto no que se refere à 
notícia como à reportagem. 
O verbete do Manual da Folha de S.Paulo sobre reportagem traz a seguinte 
definição:
Reportagens têm por objetivo transmitir ao leitor, de maneira ágil, 
informações novas, objetivas (que possam ser constatadas por terceiros) 
e precisas sobre fatos, personagens, ideias e produtos relevantes. Para 
tanto, elas se valem de ganchos oriundos da realidade, acrescidos de 
uma hipótese de trabalho e de investigação jornalística (MANUAL 
[...], 2010, p. 24). 
As diferenças entre a notícia e a reportagem começam na pauta, ou seja, 
no planejamento da matéria (LAGE, 2003). No caso das notícias, as pautas são 
apenas a programação dos fatos do dia (acompanhamentos de fatos do dia 
anterior, eventos agendados, fatos que chegam à redação através de leitores). A 
pauta da reportagem, por outro lado, é mais completa e conta com as informações 
já disponíveis do tema, sugestões de abordagem, agendamento de fontes, prazos 
de produção, entre outras informações possíveis, dependendo da extensão do 
trabalho de reportagem que será necessário. 
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
27
Existem muitos estilos de reportagem, algumas delas pertencentes ao 
gênero informativo (o qual estamos estudando nesta unidade) e outras que 
pertencem ao gênero interpretativo (como as reportagens em profundidade, 
literárias,	explicativas	e	perfis,	que	serão	abordadas	na	Unidade	3	deste	livro).	
Ferrari	 e	Sodré	 (1986)	propõem,	em	um	texto	clássico	da	área,	a	 classifi-
cação das reportagens informativas: reportagem de fatos, reportagem de ação e 
reportagem documental. Tais nomenclaturas variam de acordo com os autores. O 
importante é que você compreenda as principais características de cada uma delas. 
A reportagem de fatos é aquela que relata acontecimentos de forma 
objetiva e obedece, assim como as notícias, à estrutura de pirâmide invertida, 
que você já conhece, em que os fatos são narrados por ordem de importância. 
Essa forma de reportagem é a mais comum nos jornais impressos diários e nos 
telejornais e trata de fatos quentes, isto é, que aconteceram no mesmo dia ou no 
dia	anterior.	Por	terem	relevância	e	 interesse	público	suficientes,	ganham	mais	
espaço na hierarquia das notícias, assumindo a forma de reportagem, que traz 
uma quantidade maior de informação e detalhamento do fato do que a notícia. 
A reportagem de capa do principal jornal diário da sua cidade hoje, certamente é 
uma reportagem de fatos. 
 A reportagem de ação é um relato mais movimentado dos fatos, 
que abre com a informação (ou cena) mais atraente e, ao longo do texto, vai 
expondo as demais informações e contextualizações. Esse tipo de reportagem 
valoriza o desenrolar dos acontecimentos e, mesmo que seja impressa, leva o 
leitor	a	imaginar	as	cenas,	como	num	filme.	Esse	formato	de	reportagem	é	mais	
comum na TV, em situações em que o repórter está envolvido na ação e não é 
mero observador distante. 
A cobertura levada ao ar pelo Jornal Nacional, em novembro de 2010, sobre 
a ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, apresenta bons exemplos de 
reportagens de ação. Como se pode ver nos vídeos, os repórteres usavam até coletes 
a prova de balas para se proteger, pois estavam acompanhando de perto as operações 
policiais que tinham como objetivo recuperar o controle sobre uma área dominada pelo 
tráfico de drogas. Confira no site do Memória Globo, disponível em: https://glo.bo/37Ipvzk.
DICAS
https://glo.bo/37Ipvzk
28
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
A reportagem documental é uma narrativa que faz uso abundante de 
documentos para relatar uma determinada história de forma objetiva, mostrando 
“provas documentais” que fundamentam o que está sendo narrado, aliadas a 
depoimentos que complementam a abordagem. Essas reportagens exigem muita 
pesquisa e, em muitas situações, têm caráter de denúncia. 
Notícias podem motivar reportagens. O desabamento de um prédio 
(notícia quente e imprevisível) pode ser usado como gancho para uma reportagem 
sobre	a	fiscalização	de	obras,	por	exemplo.	E	isso	nos	leva	ao	tema	do	próximo	
subtópico, as suítes. 
5 SUÍTE
No jornalismo, chamamos de suíte as notícias ou reportagens que dão 
sequência a um assunto já noticiado, “quando a matéria é quente e continua a 
despertar o interesse dos leitores” (ERBOLATO, 2001, p. 74). O termo vem do 
francês suite,	que	significa	sequência.	
É obrigação dos jornalistas acompanhar fatos de grande relevância e 
levar aos leitores novas matérias sobre o assunto. Mas é importante salientar que 
as suítes só se aplicam quando há novas informações ou desdobramentos de 
um fato. Por exemplo: nos dias posteriores a um acidente de avião, é altamente 
provável que os veículos de comunicação produzam reportagens sobre as 
possíveis causas do acidente, as investigações que estão sendo conduzidas pelas 
autoridades, o estado de saúde de eventuais sobreviventes etc. Crimes de grande 
impacto social também costumam receber cobertura da imprensa até que sejam 
solucionados pela Justiça. 
Alguns fatos jornalísticos adquirem tanta repercussão na sociedade 
que as suítes podem se estender ao longo de várias semanas ou até meses. As 
suítes podem se apresentar tanto no formato de notícia, quanto de reportagem, a 
depender da importância editorial ainda conferida ao assunto. Devem ser iniciadassempre pelos fatos mais recentes sobre o assunto (no lead), mas precisam de certo 
nível de contextualização, pois os leitores de hoje podem não ter conhecimento 
do fato já noticiado ou não lembrar do que se trata. Essa contextualização pode 
ser	realizada	em	um	parágrafo,	logo	após	o	lead,	ou	ao	final	da	matéria,	muitas	
vezes destacada pelo entretítulo “entenda o caso” ou similar.
Entretítulo ou intertítulo é o nome que se dá, no jargão jornalístico, para cada 
um dos títulos que separa os blocos de texto que compõem uma reportagem longa.
NOTA
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
29
Para produzir uma suíte, é preciso que o repórter tenha conhecimento de 
tudo o que já foi publicado sobre o assunto pelo seu veículo de comunicação, além 
de acompanhar a concorrência. Desse modo, evitam-se informações repetitivas e 
contradições (ERBOLATO, 2001). 
5.1 EXEMPLO SUÍTE
Vejamos o exemplo a seguir. Trata-se de uma suíte sobre a morte de uma 
criança, publicada no site do jornal Folha de S.Paulo, em 13 de abril de 2021. O fato 
ocorreu em 7 de março de 2021 e apresentou uma série de desdobramentos, como 
a prisão da mãe e do padrasto da criança, investigados por suposto homicídio. 
Perceba que a matéria transcrita a seguir traz uma informação nova: a 
babá da criança fez um novo depoimento à polícia e mudou sua versão dos 
fatos. Veja, também, que a notícia faz uso do entretítulo “entenda o caso” para 
relembrar fatos anteriormente já noticiados sobre o assunto:
Babá diz que mãe de Henry pediu que ela mentisse e apagasse mensagens 
(título)
Funcionária relatou três episódios de possível violência do vereador Dr. 
Jairinho contra o menino (linha de apoio)
Rogério Pagnan e Júlia Barbon (repórteres)
São Paulo e Rio de Janeiro (localização)
A	 babá	 Thayná	 de	 Oliveira	 Ferreira,	 25,	 confirmou	 em	 novo	
depoimento à Polícia Civil do Rio que escondeu o histórico de violência 
praticada pelo vereador Dr. Jairinho contra o menino Henry Borel, morto aos 
4 anos, a pedido da própria mãe da vítima, a professora Monique Medeiros 
(lead).
Nesse novo depoimento, Thayná contou ter presenciado três ocasiões 
em que a criança foi levada ao quarto do casal pelo padrasto, quando 
supostamente foi agredido, e não só o episódio do dia 12 de fevereiro, como 
veio a público no dia da prisão do casal, em 8 de abril. Ainda segundo a versão 
da babá, foi Monique quem pediu que ela excluísse as mensagens de seu 
celular quando foi chamada ao escritório do advogado do casal, André França 
Barreto, dias antes de seu primeiro depoimento à polícia. Nessa conversa 
inicial, estariam presentes somente ela e a ex-patroa.
“Que Monique então começou a falar para a declarante que quando 
ela fosse depor em sede policial era para ela falar que nunca havia visto nada, 
nunca havia ouvido nada e que era para apagar todas as mensagens”, diz 
trecho do novo relato da funcionária concluído na madrugada desta terça (13).
30
UNIDADE 1 — JORNALISMO INFORMATIVO
A polícia solicitou que Thayná voltasse à delegacia após a descoberta 
de trocas de mensagens entre ela e Monique que indicaram que a criança foi 
agredida dentro do quarto do casal um mês antes de morrer. Na primeira vez 
em que foi chamada pelos policiais, em 24 de março, nada disso foi contado.
As mensagens só foram recuperadas porque os investigadores usaram 
um programa especial israelense que resgata o histórico dos aparelhos 
celulares.
No novo depoimento, a ex-funcionária do casal disse ter concordado 
em sustentar a falsa versão por medo. “A declarante respondeu que mentiu 
por medo, já que, por ter visto o que Jairinho tinha feito contra uma criança, 
ficou	com	medo	que	algo	 também	pudesse	acontecer	 com	ela	própria”,	diz	
trecho do depoimento.
Thayná conta ainda que seu noivo, seu tio, sua tia e sua mãe trabalham 
para a família ou arranjaram empregos na Prefeitura do Rio de Janeiro na 
gestão de Marcelo Crivella (Republicanos) por intermédio do vereador, que 
foi líder do ex-prefeito na Câmara Municipal.
Além da suposta agressão sofrida em 12 de fevereiro, a babá conta que 
outra situação anormal ocorreu dez dias antes, na manhã de 2 de fevereiro, 
quando a mãe saiu para jogar futevôlei. Ela diz que Henry estava no quarto 
dele quando passou a chamar pela mãe. Jairinho então se irritou, disse que o 
menino era mimado e o chamou para uma conversa no quarto do casal.
Ele	então	ficou	cerca	de	30	minutos	trancado	com	a	criança	ali	dentro.	
Ao ser questionado pela babá sobre o que havia ocorrido com o padrasto, 
Henry teria dito que “tinha esquecido, que estava com soninho”.
Na tarde desse mesmo dia, a babá o levou para a brinquedoteca, onde 
ele não quis brincar com outras crianças por sentir dores no joelho. Thayná 
disse que não associou as queixas do menino ao episódio com Jairinho pela 
manhã, mas que contou todos esses detalhes para a mãe dele.
A terceira vez em que a criança foi supostamente agredida pelo 
vereador ocorreu em data em que ela não se recorda ao certo, possivelmente na 
última semana de fevereiro. Nesse dia, ainda segundo a babá, Jairinho chegou 
“excepcionalmente mais cedo do trabalho” e, sem nenhum motivo, chamou 
Henry para o quarto do casal, trancando novamente a porta.
Thayná disse ter batido e solicitado para que abrissem. Quando isso 
aconteceu, percebeu o menino “visivelmente intimidado”. Ao questionar o 
que	havia	ocorrido,	ele	inicialmente	negou,	mas,	com	a	insistência,	afirmou	ter	
caído da cama.
TÓPICO 2 — FORMATOS JORNALÍSTICOS INFORMATIVOS
31
Jairinho negou à babá que o menino tivesse sofrido a queda, mas não 
apresentou nenhuma outra explicação para a situação. Nesse mesmo dia, 
Henry reclamou de dores de cabeça e, segundo a babá, também tinha marcas 
roxas no braço.
Henry então foi morto na madrugada do dia 8 de março. A babá relatou 
que	ficou	sabendo	pela	irmã	de	Jairinho,	Thalita,	que	disse	por	telefone	que	o	so-
brinho passou mal e faleceu. “Como assim, passou mal e morreu? É uma crian-
ça”,	teria	questionado	a	funcionária,	mas	Thalita	confirmou	e	logo	desligou.
Entenda o caso (entretítulo ou intertítulo)
Henry	passou	o	fim	de	semana	anterior	à	sua	morte	com	o	pai,	que	o	
deixou no condomínio da mãe e do namorado na noite do dia 7 de março, um 
domingo, sem lesões aparentes. Na mesma madrugada, Monique e Jairinho 
levaram o garoto às pressas para o hospital, onde ele já chegou morto. Um exa-
me de necropsia concluiu que as causas do óbito foram “hemorragia interna” e 
“laceração hepática” (lesão no fígado), produzidas por uma “ação contunden-
te” (violenta). Ele tinha outras diversas lesões e hematomas pelo corpo.
Em	depoimento,	a	mãe	afirmou	que	estava	assistindo	a	uma	série	com	
o namorado em outro quarto e despertou de madrugada com a TV ligada. 
Acordou Jairinho, que havia tomado remédios para dormir, e foi até o quarto 
do casal onde Henry estava dormindo. Chegando lá, teria visto o menino caído 
no chão, com os olhos revirados, as mãos e pés gelados e sem respirar.
A polícia ouviu dezenas de pessoas durante as investigações, entre elas 
a faxineira que limpou o apartamento no dia da morte (antes da perícia), uma 
ex-namorada	do	vereador	que	o	acusou	de	agressões	contra	ela	e	sua	filha,	na	
época criança, a psicóloga do menino e as pediatras que o atenderam. Mais de 
dez celulares foram apreendidos em diferentes endereços ligados à família da 
criança e à babá.
Após o conhecimento das mensagens trocadas entre Thayná e Monique, 
os policiais pediram a prisão temporária do casal, que foi aceita pela Justiça. 
Com essa medida, a Folha apurou que a polícia também quer que testemunhas 
criem coragem para relatar o que viram.
FONTE:<https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/04/baba-diz-que-mae-de-henry-
pediu-que-ela-mentisse-e-apagasse-mensagens.shtml>. Acesso em 13 abr. 2021.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/04/baba-diz-que-mae-de-henry-pediu-que-ela-mentisse-e-apagasse-mensagens.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/04/baba-diz-que-mae-de-henry-pediu-que-ela-mentisse-e-apagasse-mensagens.shtml

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