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1 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO Disciplina: PROJETO DE RESTAURAÇÃO Prof a . Filomena Longo O que é teoria? Teoria estrutura o que pensar, estrutura o conceito no monumento da intervenção. Foge do voluntarismo pernóstico (Odete Dourado). Qual a função do arquiteto restaurador? O arquiteto restaurador é incumbido da manutenção do passado através da restauração do patrimônio histórico. (Odete Dourado). Qual o conceito de restauração no século XIX? - França O monumento deveria ser preservado na sua integridade permanente. EUGÊNIO MANUEEL VIOLLET LE-DUC – França RESTAURO ESTILÍSTICO - Tem como base na restauração a linha de pensamento a reconstituição formal RESTAURO ESTILÍSTICO Visa construir o monumento na sua forma primitiva; Descobrindo as leis que motivaram a origem do monumento, o restaurador pode descobrir o que falta. AUTENTICIDADE DO MONUMENTO É FORMA E PRODUÇÃO Não privilegia a matéria como expressão, como imagem, privilegia sim a grande estrutura; Le-Duc tinha o modelo dos estilos como base. Restaura Notre-Dame (Paris). RECONSTITUIÇÃO FORMAL Linha de pensamento que tem como influência o Restauro Estilístico sendo o seu grande expoente Viollet Le-Duc (século XIX). Qual o principal objetivo que norteia a linha de pensamento da reconstituição formal? Recomposição do monumento, tendo a unidade estilística como diretriz. O monumento é avaliado principalmente pelo seu vocabulário formal (predomínio do estilo) RESTAURO ESTILÍSTICO / RECONSTITUIÇÃO FORMAL PRINCIPAIS CARACTERISTICAS Busca unidade estilística do edifício. Monumento avaliado principalmente pelo vocabulário formal. “Depuração” do monumento através da remoção dos acréscimos, busca do estilo “puro”. 2 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo Restauração tem caráter reconstrutivo. RESTAURO ESTILÍSTICO – Aspecto da Técnica Usa os sistemas construtivos tradicionais do monumento, manter as características estruturais originais, não somente em sua aparência externa, mas em seu modo de funcionar Quando o uso do material e dos sistemas construtivos tradicionais revela-se econômica e tecnicamente contra-indicada é pratica ocultar os materiais novos introduzidos. RESTAURO ESTILÍSTICO – Aspecto da Utilização Há preocupação em manter a integridade do monumento. O novo uso não deve macular a arquitetura original (uso condigno ao monumento). A alternativa de novos usos (reciclagem) para os monumentos é restrito, em função de um uso condigno, tendo que ser levada em conta à original destinação PRINCIPAIS CRÍTICAS AO RESTAURO ESTILÍSTICO/RECONSTITUIÇÃO FORMAL Valorização excessiva da INSTÂNCIA ESTÉTICA em detrimento da INSTÂNCIA HISTÓRICA Desaparecimento das marcas que exemplificam a história do monumento em nome do restabelecimento das suas características estilísticas INGLATERRA (Primeiro país a se industrializar em larga escala) Inglaterra – Século XIX – Surgiu um movimento antagônico que visava a preservação da matéria original do monumento e que levava em conta as modificações e ampliações posteriores, considerando-as como históricas e dignas de ser preservadas. Respeito absoluto pela edificação, pelo Estado em que se encontra na época Qual a postura dos arquitetos na Inglaterra em relação aos prédios históricos? Havia respeito absoluto pela edificação e praticamente uma repulsa por qualquer tipo de intervenção. A POSTURA ERA DE RENÚNCIA EM RELAÇÃO À OBRA, SENDO QUE A CONTEMPLAÇÃO A ÚNICA ATITUDE A TOMAR. JOHN RUSKIN Foi um dos principais teóricos dessa tendência conhecida na Itália - RESTAURO ROMÂNTICO 3 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo RESTAURO ROMÂNTICO - SÉCULO XIX - Grande influência INGLATERRA John Ruskin Nasceu em 1819, crítico de arte. Estudioso da arquitetura medieval. Admirador do gótico como Viollet – Le Duc. John Ruskin amava o gótico pelo seu poder de sugestão, à nervura, superfície, altura, detalhe. Viollet – Le Duc no gótico se interessava pelo seu funcionamento e estrutura. Qual a base da teoria de John Ruskin? Posição ideológica era contra a produção industrial, a arte tem que ser feita pelo homem. LE-DUC – AUTENTICIDADE É FORMA E PROPORÇÃO. RUSKIN – AUTENTICIDADE DA MATÉRIA É QUE TRÁS AS MARCAS DO TEMPO e com o passar do tempo é que se acrescenta a ESTETICIDADE. JOHN RUSKIN O restauro é a pior destruição que o edifício pode sofrer, acompanhada da falsa descrição da coisa que perdemos. O intuito era deixar o monumento tal como se apresentava com antipatia, total a qualquer tipo de ação cirúrgica à qual os arquitetos restauradores estão sujeitos. Como considerava as intervenções? Considerava as intervenções “puramente” uma falsidade. Restauro Romântico John Ruskin (Inglaterra) - Século XIX - Arte tem que ter emoção, vale pelo seu poder de sugestão (ruínas) Restauro Estilístico - Viollet Le-Duc (França) - Século XIX - Não tem emoção, é objetivo, claro, racional (pos ITÁLIA - Final do século XIX – (Conservação mais amadurecida) RESTAURO HISTÓRICO - Luca Beltrami O monumento é considerado como um documento. As intervenções nele feitas são baseadas em dados de arquivos, livros, gravuras. Assim como na análise da própria construção. As recriações do restauro estilístico (Le-Duc), deveriam ser substituídas pelas intervenções fundamentadas em provas fornecidas pela pesquisa histórica e pelo próprio objeto em estudo, alta dose de subjetividade. 4 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo RESTAURO MODERNO - Camillo Boito Procurava conservar todas as adições e modificações realizadas no decorrer do tempo e conservando inclusive as marcas da próprio passagem no tempo. CAMILLO BOITO Tenta fazer uma fusão entre as duas concepções antagonistas Le-Duc (positivista, objetivo) e Ruskin. (romântico e sugestivo) É quase impossível - Não se consegue atender a tríade da FORMA X PROPORÇÃO X MATÉRIA 1. Deveriam ser preservadas as adições (obras de conservação) e as modificações feitas no decorrer do tempo, inclusive, as marcas da própria passagem do tempo. 2. Nas obras de reforço, é importante que a pátina permaneça, ela mostra o tempo. 3. Respeitar todos os acréscimos que tenham valor de arte, mesmo que não mostre a unidade do monumento. 4. As adições (acréscimos) e renovações deveriam ser evitadas mas, caso necessárias, somente poderiam ser feitas baseadas em documentos seguros e fidedignos. 5. As intervenções deveriam ter características que as distinguissem da obra original, através do emprego de materiais diversos e sem alterar o equilíbrio da composição do edifício. 6. Adotar nos acréscimos, linhas limpas, ficando evidente a parte antiga (morta) e a nova (viva). 7. Cuidar do ambiente com o mesmo cuidado que se tem com o monumento. 8. Os trabalhos executados durante a operação de restauro deveriam ainda ser documentados e ter marcas que o identificassem. “... Mas, uma coisa é conservar, outra é restaurar, ou melhor, muitas vezes uma coisa é o contrário da outra; e meu discurso se endereça não aos conservadores, homens necessários e beneméritos, mas sim aos restauradores, homens quase sempre supérfluos e perigosos” (Camilo Boito) 1883 – Boito participou do IV Congresso de Engenheirose arquitetos italianos de 1883, realizado em Roma. O documento resultante do Congresso tem como base os preceitos de Boito e é considerada a PRIMEIRA CARTA DE RESTAURAÇÃO DO PAÍS. 5 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo ARCO DE TITO = Foi construído em 81 D.C. – Após a morte de Tito, para celebrar seus jeitos militares ÁUSTRIA Século XIX (meados/final) CAMILLO SITTE Possuía um senso agudo das transformações que se processavam na época, em grande parte da industrialização Contra a excessiva rigidez e simetria dos projetos urbanísticos contemporâneos Criticava o isolamento dos monumentos defendia conjuntos urbanos antigos. Defendia a preservação dos tecidos urbanos tradicionais, preocupou-se com a estética das cidades, defendendo o urbanismo como arte, e com a preservação de edificações históricas. ALOIS RIEGL (Tenta compor uma teoria para elaborar uma legislação) Um analista objetivo, que procurava examinar as várias facetas que a questão da conservação comportava e a pertinência de seus argumentos. Para examinar as várias formas, os vários pontos de vista que se podem ter em relação aos monumentos. Esquematizou os monumentos em valores de rememoração e de contemporaneidade. 6 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo A – Valores de Rememoração / Valores enquanto memória 1. - VALOR DE ANTIGUIDADE / VALOR DO ANTIGO A eficácia estética do monumento reside nos traços de decomposição da obra acabada pelas forças mecânicas e químicas da natureza, não tem interesse na conservação do monumento em seu estado original. Valor fundamentado na degradação O monumento emana sentimento, emoção mesmo com pouca informação do material, das formas do que foi. Marca o transcorrer do tempo, não está ligado ao intelecto. “... Uma só coisa deve ser evitada a todo custo do ponto de vista do valor de antiguidade: a intervenção arbitrária da mão do homem no estado do monumento. Não se deve nem acrescentar, nem eliminar, nem substituir aquilo que se alterou no decorrer dos anos sob ação das forças naturais assim como não se deve suprimir os acréscimos que alteram a forma original.” ALOIS RIEGL 2. - VALOR HISTÓRICO O valor histórico é tanto mais alto no monumento, quanto mais transparece o estado original. Não se trata de conservar o tempo - Se conserva o monumento mais original tendo que ficar fixo no decorrer do tempo. Ele é documento, valor de informação, valor científico Deter toda degradação a partir da intervenção no monumento. 3. -VALOR DE REMEMORAÇÃO INTENCIONAL Valor es de Anti guid ade Valor Históri co Valor de Reme moraç ão Intenci onal 7 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo Reivindica para o monumento a imortalidade, o eterno presente, a perenidade do estado original. A ação dos agentes naturais, que se opõe a realização dessa exigência, deve assim ser combatida com energia, e seus efeitos contrariados sem cessar. Permite a intervenção mesmo que a degradação não seja natural, leve em conta as degradações anteriores. QUANTO MAIOR O VALOR DO ANTIGO, MENOR O VALOR HISTÓRICO E VICE-VERSA. B – VALORES DE CONTEMPORANEIDADE / CULTO AOS MONUMENTOS 1. VALOR DE USO/ INSTRUMENTAL A existência do edifício - O edifício tem que continuar existindo para que se impeça a sua degradação. Para você respeitar o antigo é necessário você usar o moderno (pessoas, etc.) ou o próprio uso moderno, para mostrar o quanto ele é antigo Conflito entre o valor do antigo e o valor de uso 2. VALOR ARTÍSTICO Valor de Novidade – tudo que é novo tem que ter valor de novidade, tem que estar íntegro (concluído) sua forma e cor. O valor de novidade é o maior inimigo do valor antigo 3. VALOR ARTÍSTICO RELATIVO O Valor Artístico é sempre relativo por que a arte não é absoluta, não é valor enquanto memória. RESTAURAÇÃO – SÉC. XX I – CARTA DE RESTAURO DE ATENAS 2 – Restauro Científico - GUSTAVO GIOVANNONI (Itália) 3 – CARTA DE VENEZA 4 – Restauro Crítico – CESARE BRANDI GUSTAVO GIOVANNONI (Itália) - INÍCIO DA DÉCADA DE 30 RESTAURO CIENTÍFICO 8 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo Reelaborou a teoria de Camillo Boito Conferiu grande importância aos valores históricos e documentais do um monumento. VALORES HISTÓRICOS - mais relevantes do que os elementos formais RESTAURO CIENTÍFICO = tem sua origem na teoria de Gustavo Giovannoni, que adota a postura de que o valor Histórico do monumento tem mais importância e relevância do que os elementos formais. GUSTAVO GIOVANNONI - CARTA Del Restauro Italiano -1932 Teoria bastante difundida na Itália no período entre guerras Propõe dar máxima importância às obras de Manutenção e de Consolidação para salvar o monumento; Limita o caso de reconstrução: Reconstruir somente aqueles elementos nos quais seja demonstrada a legitimidade e a utilidade, mas do que com a unidade arquitetônica. Elementos Acrescentados, documentação apontando data; Complemento de antigas linhas, materiais diversos dos primitivos e modelos de invólucro e ornamentos esquemáticos de modo a obter efeito sintético, sem provocar engano da imitação. Ex: Restauro do Arco de Tito executado por Giuseppe Valadier entre 1819 e 1821 (séc. XIX) Construções novas: é necessário que a obra se mostre totalmente moderna contenha expressões simples, na construção utilizar elementos neutros, que não acrescentam formas estilísticas nem em harmonia nem em contraste. CLASSIFICAVA OS MONUMENTOS A. Segundo a sua origem, estado de conservação. B. Segundo a importância e o caráter dos monumentos. CLASSIFICAÇÃO DOS MONUMENTOS SEGUNDO A SUA ORIGEM, ESTADO DE CONSERVAÇÃO. Monumentos Mortos = aqueles de uma civilização distante da moderna. Ex:Monumentos da Antiguidade Clássica para os quais normalmente se exclui uma reutilização. Monumentos Vivos = aqueles de um passado mais próximo com um uso que ainda subsiste. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A IMPORTÂNCIA E O CARÁTER DOS MONUMENTOS. Monumentos Maiores = grande significado histórico 9 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo Monumentos Menores = meramente ambientais. C) Classificação das Intervenções. Restauro de Consolidação = Restabelece: A estabilidade das construções fatigadas, ruinosas, falhas, podendo utilizar todos os meios da técnica e especialmente as moderníssimas de estruturas de ferro ou concreto armado. Restauro de Recomposição (anastilose) = quando os elementos, ordinariamente de pedra talhada ou ferro, retornam à própria posição com o acréscimo apenas de partes faltantes secundárias. Restauro de Libertação = Quando se retiram massas amorfas que, no exterior ou no interior, encerram o próprio monumento e este retoma o seu aspecto artístico simples ou múltiplo. Restauro de Complemento e de Renovação: Os acréscimos tendem a reintegrar a obra ou a utilizá-la com elementos novos. GUSTAVO GIVANNONI - Projetos de Restauração fossem, em estudos rigorosos, classificando metodicamente os casos possíveis, mas dando maior atenção ao valor documental e histórico do monumento do que ao valor artísticoe estético. RESTAURAÇÃO SEGUNDO PÓS-GUERRA A Segunda Guerra Mundial é o período que se seguiu a ela Mudaram os debates Atuação no campo do patrimônio histórico DEVASTAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO - Foi causada pelo conflito da Guerra O que fez ocasionar profunda mudança na forma de se atuar no campo do Patrimônio Histórico? Grandes transformações geradas pelas tentativas de reconstrução e modernização das cidades. A especulação imobiliária e a renovação muitas vezes brutal, de vários centros urbanos. O que ocasionou na Itália as destruições causadas pela guerra? Ocasionou o questionamento do método do restauro científico e das teorias ponderadas e equilibradas. Qual o estado que se apresentavam os monumentos na Itália? Milhares de monumentos e centenas de centros históricos destruídos. Qual o procedimento adotado na Itália? Monumentos nos quais os danos eram limitados: Foram feitas recomposições e reconstituições. 10 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo Danos de maior envergadura. Reconstrução com formas simplificadas, ou, na presença de documentos elucidativos, à reconstrução como era. Destruição em larga escala. Tentou-se a anastilose Destruição total Não se fazia qualquer tipo de intervenção. O que os levou a utilizar a reconstrução em larga escala? O sentimento de perda gerado pela destruição de numerosas obras de arte. O que aconteceu com o método que vinha se desenvolvendo do “restauro científico”? Foram expostas suas limitações e inviabilidade, dada a magnitude da destruição. Restauro científico (ou filosófico): tinha uma preocupação excessiva, com os aspectos históricos e o valor documental do monumento sendo posta em xeque a recuperação do monumento, passando-se a dar maior importância ao caráter ARTÍSTICO e ESTÉTICO da obra à sua mensagem formal. Como as intervenções restaurativas passaram a ser analisadas? Cada caso deveria ser analisado de forma crítica, constituindo uma realidade em si, não podendo ser enquadrado em modelos. CESARE BRANDI – Teórico da preservação italiana Os textos que elaborava, teve grande influência na elaboração da CARTA DEL RESTAURO 1972. O que abordava CESARE BRANDI nos seus textos? Fazia a distinção entre restauração de produtos industrializados, voltada para, recuperar a sua funcionalidade e a aquela de restauração de obras de arte, que leva em consideração seus estéticos e históricos. DISCUSSÃO SOBRE A DEFINIÇÃO DE RESTAURO RESTAURO - INTERVENÇÕES para dar novamente eficiência a qualquer produto da atividade humana (pré-conceito). A que produto da atividade humana o conceito de restauração se aplica? Produtos da Atividade Humana - Restauro relativo a objetos industriais Restauro relativo às obras de arte Restauro relativo a objetos industriais - A intervenção deve ter como objetivo restituir a funcionalidade do produto. 11 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo Restauro relativo às obras de arte - A intervenção deveria restabelecer a obra de arte como obra de arte. Qual o conceito de obra de arte para CESARE BRANDI? A obra de arte só poderia ser considerada como tal pelo reconhecimento que dela se fizesse, ou seja, o objeto precisa ser reconhecido como obra de arte, em um determinado lugar, momento e cultura por alguém. CESARE BRANDI afirmou que é a obra de arte que condiciona a restauração e não a restauração que condiciona a obra de arte. CESARE BRANDI especificou as duas “instâncias” que a obra de arte possui: Instância Estética – ligada a artisticidade. Instância Histórica – relacionada a uma produção humana que se, encontra em um dado tempo e lugar. DEFINIÇÃO DE RESTAURO - CESARE BRANDI “O restauro constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dupla polaridade estética e histórica, com vistas à sua transmissão ao futuro”. PRIMEIRO AXIOMA (conseqüência de uma verdade já estabelecida) – CESARE BRANDI. “RESTAURA-SE SOMENTE A MATÉRIA DA OBRA DE ARTE” Matéria e Imagem é extensão uma da outra. A Imagem tem como suporte a consistência material da obra. O que é matéria da obra? 1. A matéria é o meio de manifestação da imagem e não o fim. 2. A matéria é um suporte da imagem, sem o suporte desaparece a obra de arte. 3. A imagem vai além da matéria. BRANDI - A INSTÂNCIA ESTÉTICA que detém a primazia, pois a singularidade de uma obra de arte em relação a MATÉRI A Dupla função. Estrutura Aspecto 12 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo outros produtos da atividade humana não depende da sua materialidade, mas de seu caráter artístico. Por que a instância estética tem predominância sobre a instância histórica? Por que o monumento é uma obra de arte, devido a esta especificidade ele é visto como objeto único. Em caso de conflito entre as duas funções da matéria. Qual a que deve permanecer? • O ASPECTO deve permanecer sobre a ESTRUTURA. ASPECTO - IMAGEM • A Estrutura pode ser Modificada (reforçada) desde que não altere o aspecto. Matéria quanto aspecto vai dar a especialidade peculiar da obra, aquela matéria é matéria quanto aspecto. Ex: Uma pintura sobre madeira Madeira – é a matéria enquanto estrutura. Pintura – é a matéria enquanto aspecto. Ex: Ladrilho que reveste a parede Madeira enquanto estrutura – alvenaria. Matéria enquanto aspecto – ladrilho que reveste a alvenaria SEGUNDO AXIOMA (conseqüência de uma verdade já estabelecida) – CESARE BRANDI “O restauro deve visar ao RESTABELECIMENTO DA UNIDADE POTENCIAL DA OBRA DE ARTE, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falto histórico, e sem cancelar qualquer traço da passagem da obra de arte no tempo”. O que é Unidade Potencial? É a unidade do inteiro. A obra de arte possui UNIDADE DO INTEIRO, ou seja, existe uma espécie de atração quando uma obra é constituída por partes, com aquela que existe uma espécie de atração de uma parte com a outra que faz dela uma coisa só. A unidade da obra de arte goza da unidade do inteiro, portanto todas as partes estão imbricadas, é como o homem, ele goza da unidade do inteiro. Se é perdido um pedaço da obra de arte. Ela está mutilada? O que está mutilado é sua potencialidade a sua unidade do inteiro permanece. O restauro será recuperar a unidade potencial perdida na sua plenitude. A potencialidade será exigível na proporção direta dos requisitos formais ainda existentes nos fragmentos. Na obra mutilada, ainda existe potencialmente essa unidade? ONDE? 1. Nela própria, nos fragmentos. O restauro é recuperar essa unidade potencial na sua plenitude. 2. Obras em que grande parte foi perdida, a unidade potencial fica comprometida, não existe mais matéria como aspecto e sim só como estrutura ( 13 Projeto de Restauro Profª Filomena Mata Longo RUÍNA NÃO SE RESTAURA- DEIXA DE EXISTIR A MATÉRIA ENQUANTO ASPECTO ) CONCLUSÃO – AÇÃO DO RESTAURO 1. Não se restaura por analogia. A obra de arte é única 2. O restauro está destinado a desenvolver a unidade potencial. Deve desenvolver sugestões implícitas, ditas nos próprios fragmentos, tal intervenção integrativa cai naturalmente sobre a instância estética e histórica, deverão determinar parao restaurador até a que momento da obra de arte deve restabelecer evitando nesse processo, tanto a ofensa estética quanto a ofensa histórica.
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