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TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SERGE MOSCOVICI

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Acadêmico: Wilfredo Enrique Fernández Vidal - Psicologia: 8º período.
Teoria das representações sociais: Serge Moscovici
A teoria das representações sociais é o resultado da pesquisa realizada pelo psicólogo Serge Moscovici (1961) sobre a percepção que tinham os franceses sobre a psicanálise cujo relato está conteúdo na obra original "La psychanalyse - Son image et son public". 
O presente estudo sobre a representação social da Psicanálise não é um trabalho de Psicanálise, mas uma pesquisa de Psicologia Social e de Sociologia do Conhecimento. Especialidade médico-psicológica, action-research, ciência do homem aberta para outras ciências humanas, a Psicanálise penetrou amplamente no que se designa por "grande público" e "atualidade". Ela constitui um excelente objeto de estudo para se averiguar em que se converte uma disciplina científica e técnica quando passa do domínio dos especialistas para o domínio comum, como o grande público a representa e modela e por que vias se constitui a imagem que dela se faz. Estas duas questões comandam a economia da obra. A primeira pôde ser abordada por meio de pesquisa de opinião e de questionários endereçados a amostras de população; a segunda, por meio de uma análise minuciosa, quando não exaustiva, dos conteúdos da imprensa francesa durante um período determinado.* A pesar da extensão do manuscrito original, não há prolixidade nem repetição. A exposição não é sobrecarregada pelo aparato estatístico, embora a precisão quantitativa não nada deixe a desejar.Sic. (MOSCOVICI, 1978, p. 7 apud LAGACHE, 1978, Prefacio).
 Assim, Lagache (Ibidem.) nos explica claramente quais eram os objetivos de Moscovici no ano 1961, e a metodologia usada para os resultados, tendo como resultado um modelo de pesquisa que poderia ser aplicado em outras disciplinas. Assim sendo, hoje em dia contamos com esse modelo de pesquisa que descreveremos de forma sucinta de acordo com as necessidades desse trabalho, começando pela definição das representações sociais segundo as conclusões de Serge Moscovici após de sua pesquisa e de analisar o trabalho de Wundt sobre a psicologia experimental e os argumentos de Durkheim sobre a sociologia como uma psicologia social e o interacionismo simbólico de George Herbert Mead.
 Moscovici (Op. Cit. p. 18) nos define concretamente o que são as representações sociais (RS) assim: "corpus organizado de conhecimentos e uma das atividades psíquicas graças às quais os homens tornam inteligível a realidade física e social, inserem-se num grupo ou uma ligação cotidiana de trocas, e liberam a imaginação". 
 São criações psicológicas que quase podem ser tocadas; elas estão presentes em todos os aspectos da nossa interação social e no nosso contato com tudo o que é produzido e consumido pelos seres humanos. Estão associadas à sustância simbólica usada na sua criação e prática que resulta do uso dessa substancia. (Ibidem. p. 41). "Na minha opinião, a tarefa principal da psicologia social é estudar tais representações, suas propriedades, suas origens e seu impacto". (MOSCOVICI, 2007, p. 41).
Figura 1: Diagrama da teoria das representações sociais de S. Moscovici
 
 Para expor a teoria das representações sociais de forma prática e compreensível, utilizaremos um diagrama elaborado por Fernández (2006, tradução ao português nossa) que aparece na figura Nº1. Seguindo esse diagrama podemos apreciar que em um contexto determinado, seja físico ou virtual, em donde interagem seres humanos, geralmente, penetra uma ideologia, uma pessoa, uma ciência o uma coisa denominada Objeto; o que se percebe do objeto é a Informação graças aos médios de comunicação -Fontes de informação que a dispersam e facilitam o acesso a ela- que podem ser: interação social, mídia, instituições ou organizações que agrupam minorias denominadas grupos de pressão minoritária. Segundo Moscovici (1978, p. 67) "A informação relaciona-se com a organização dos conhecimentos que um grupo possui a respeito de um objeto social". 
 A informação se difunde e chega às pessoas que assumem uma Atitude ante o objeto: "uma pessoa se informa e se representa alguma coisa unicamente depois de ter adotado uma posição e em função da posição tomada". (Ib. p. 74).
 Após das dimensões anteriores a terceira dimensão das representações sociais é o Campo de Representação ou Representacional que "remete-nos à ideia de imagem, de 
modelo social, ao conteúdo concreto e limitado das proposições atinentes a um a um aspecto preciso do objeto da representação". (Ib. p. 69). Tal como se fosse uma imagem criada a partir de múltiplos conceitos diferentes para se referir a um mesmo objeto, incentivadas pela busca do consenso necessário para a interação social mediante o fenômeno denominado Pressão à inferência.
 Moscovici invoca á Teoria da Dissonância Cognitiva de Leon Festinger para explicar essa parte do processo das RS; parafraseando a Festinger (1957), a dissonância cognitiva consiste em pensar uma coisa e fazer outra; mas, devido à tendência dos seres humano a manter o equilíbrio entre o agir e o pensar, os indivíduos fazem o seguinte a) Desconhecem o valor dos fatores dissonantes; b) aumentam o volume de fatores consonantes para superar os dissonantes c) trocam os fatores ou convicções dissonantes por outros fatores coerentes entre sim; analogicamente, quando uma pessoa tem uma informação sobre um objeto que não concorda com a RS do objeto representado, procura mais conhecimento sobre o objeto para que a sua interação no campo representacional seja mais correlato com a RS do objeto. 
 O campo representacional está ligado ao núcleo figurativo. Os dois são as duas caras da representação social como se fossem segundo o autor dessa teoria, as duas caras de uma mesma moeda: a significação (a parte simbólica) e a figura (imagem mental, podemos inferir); a cada significação corresponde uma figura e a cada figura uma significação. (MOSCOVICI, op. cit. p. 75). Outra inferência derivada dessa analogia, e usando a linguagem saussuriana é que a que o núcleo figurativo é o significante; o campo representacional, o significado da RS.
 Objetivação e Ancoragem são os dois últimos elementos que participam desse processo. O primeiro define concretamente o objeto representado; o segundo, determina o objeto está pronto para ser usado. (Ibidem, p. 110). 
 De Alba (2009 apud Fernández 2004) afirma que a "objetivação transforma uma representação abstrata numa concreta, permitindo aos indivíduos e grupos expressar ideias que adquirem forma pela língua e pela socialização" (tradução do espanhol). Para Mora (2002), essa fase inclui a Seleção e Descontextualizarão de dados originais, os integra ao núcleo figurativo e os naturaliza. 
 Voltando para o criador da teoria que estamos caracterizando (Ibidem, p. 111)
o processo de objetivação acontece quando as pessoas selecionam as palavras que descrevem o objeto e as descontextualizam ou deslocam, tal deslocamento, no caso de um conhecimento 
científico, consiste em "movimentar" os termos do jargão cientifico e trazer para o senso comum, onde se cria uma nova estrutura linguística que define concretamente o objeto, objetivamente, sendo adotado como algo natural dentro do contexto. Esse processo de Naturalização é seguido do Ancoragem, a inclusão da nova RS dentro do repertorio de comunicação da comunidade que habita nesse contexto específico. 
 Pode ser observado que "Moscovici (1979) apresenta uma análise complexa e sistemática do processo de objetivação que, as vezes, parece denso, mas se explica pela sua preocupação constante para não desarticular inapropriadamente um fenômeno global que não segue uma sequência rígida nem causal". (MORA, 2002, p. 12 - Tradução nossa). 
 Finalmente, essa teoria parte da "diversidade dos indivíduos, atitudes e fenômenos, em toda sua estranheza e imprevisibilidade. Seu objetivo é descobrir como os indivíduose grupos podem construir um mundo estável, previsível, a partir de tal diversidade". (MOSCOVICI, 2007, p. 79)
DIAGRAMA DA TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE SERGE MOSCOVICI – Fonte: Fernández (2005)
Quadros cor cinza: Elementos que constituem a imagem
Objetivação
Seleção
Deslocamento
Estruturação
Naturalização
Grupos minoritários de pressão
Campo representacional (Pressão à inferência)
Objeto
Médios de Comunicação 
Informação
(Dispersão)
Contexto específico
Atitude
(Focalização)
Ancoragem
REPRESENTAÇÃO SOCIAL
(Núcleo figurativo)

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