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Fundamentos de Direito Empresarial

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Fundamentos do 
Direito Empresarial
 
 
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Fundamentos do Direito 
Empresarial
Capítulo 1: Fundamentos do Direito e 
Introdução ao Direito Empresarial ........................ 7
Objetivos da sua aprendizagem ........................................ 7
Você se lembra? ...................................................................... 8
1.1 Direito Objetivo e Direito Subjetivo .................................... 9
1.2 Direito Empresarial ................................................................. 20
Atividades ............................................................................................ 27
Reflexão................................................................................................... 27
Leituras recomendadas ................................................................................ 28
Referências ..................................................................................................... 28
No próximo capítulo .......................................................................................... 29
Capítulo 2: Estabelecimento Empresarial, Nome Empresarial, Direito 
Societário, dos Atos Constitutivos da Sociedade e dos Agentes Societários. ... 31
Objetivos da sua aprendizagem ................................................................................ 31
Você se lembra? .......................................................................................................... 31
2.1 Conceito e os elementos formadores do estabelecimento empresarial ................. 32
2.2 Atribuições dos Sócios ........................................................................................... 44
Atividades ...................................................................................................................... 48
Reflexão ......................................................................................................................... 49
Leituras recomendadas ................................................................................................... 49
Referências .................................................................................................................... 49
No próximo capítulo ..................................................................................................... 50
Capítulo 3: Tipos Societários no Sistema Jurídico Brasileiro: 
A Sociedade Limitada e a Sociedade Anônima ..................................................... 51
Objetivos da sua aprendizagem .............................................................................. 51
Você se lembra? ................................................................................................... 52
3.1 A nova construção societária segundo o Código Civil de 2002 ................ 53
3.2 Estrutura da Sociedade Limitada .......................................................... 58
3.3 Estrutura da Sociedade Anônima ...................................................... 63
Atividades ............................................................................................. 70
Reflexão ............................................................................................ 71
Leituras recomendadas ................................................................. 72
Referências .............................................................................. 72
No próximo capítulo ........................................................... 72
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oCapítulo 4: Empresa, Relação com o Consumidor e Títulos de Crédito. ................ 73Objetivos da sua aprendizagem ...................................................................................... 74
Você se lembra? .............................................................................................................. 74
4.1 Conceito de consumidor .......................................................................................... 75
4.2 Atributos dos títulos de créditos ............................................................................. 101
Atividades ..................................................................................................................... 152
Reflexão ........................................................................................................................ 153
Leitura recomendada ..................................................................................................... 153
Referências .................................................................................................................... 153
No próximo capítulo ..................................................................................................... 154
Capítulo 5: Contratos Empresariais, Recuperação Judicial, 
Extrajudicial e Falência da Empresa. ....................................................................... 155
Objetivos da sua aprendizagem .................................................................................... 155
Você se lembra? ............................................................................................................ 156
5.1 Princípios dos contratos ......................................................................................... 157
5.2 Recuperação judicial .............................................................................................. 182
5.3 Falência ................................................................................................................. 186
Atividades ..................................................................................................................... 188
Reflexão ........................................................................................................................ 188
Leitura recomendada ..................................................................................................... 189
Referências .................................................................................................................... 189
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o Fundamentos de Direito Empresarial 
O Direito é único, porém é estudado em di-
versas disciplinas que se formam de acordo com 
os fatos sociais que as envolvem. 
Importante dizer que tais fatos sociais, para aden-
trarem para o universo do Direito, necessitam ter por 
característica o fato de possuírem uma importância para a 
sociedade.
Por exemplo, se voltarmos cem anos da história de nosso país, 
dificilmente vamos encontrar legislação que trate de Direito 
Ambiental. Certamente, por que as questões ambientais não eram 
relevantes à sociedade do início do século XX. 
No entanto, a cada dia a preocupação com a preservação do meio 
ambiente ganha maior proporção, fazendo com que o Direito se ocupe 
com este fato social.
Da mesma maneira, as empresas possuem um importante significado na 
atualidade. São as maiores empregadoras, as maiores contribuintes para 
o fisco, a atividade que produz todos os bens e serviços que necessitamos 
consumir, sem contar que representam o motor da economia, fazendo cir-
cular riquezas em nossa sociedade.
Não poderia ser diferente! O Direito também busca regular as atividades 
empresariais, nos seus mais diversos aspectos, como as sociedades em-
presárias, os contratos empresariais, os títulos de crédito, as marcas e 
patentes e até mesmo as questões que envolvem as empresas em crise, 
ou seja, os processos de falência e de recuperação de empresa.
É fato que das micro-empresas às multinacionais, as mesmas se es-
truturam juridicamente na forma de sociedades empresárias, seja 
na forma de uma limitada ou na qualidade de uma sociedade 
anônima. 
Além disso, os títulos de crédito é uma figura jurídica que 
está em nosso convívio a todo momento. 
Imprescindível que o aluno compreenda o conceito derelação de consumo, os direitos do consumidor, fren-
te às práticas abusivas cometidas pelo fornecedor 
e, os aspectos referentes à oferta de produtos e 
serviços previstos no Código de Defesa do Consumidor, inclusive, porque 
gestão comprometida com a responsabilidade social deve ser exemplar no 
cumprimento da legislação de um modo geral, notadamente da legislação 
consumerista (Código de Defesa do Consumidor).
 Esperamos que ao final desta disciplina, o aluno possa compreender 
as principais questões que envolvem o Direito Empresarial, Direito Fali-
mentar, Direito Cambiário e as Relações de Consumo, a fim de que este 
conhecimento seja utilizado como ferramenta para as tarefas profissionais 
e que, os futuros gestores vejam nos desafios que o mercado profissional 
lhes impõe como oportunidades de se destacarem com uma atuação pro-
fissional respaldada na legalidade, no compromisso com a comunidade e 
não apenas em busca da lucratividade a qualquer preço e a qualquer custo. 
Esta forma de gestão é ultrapassada e ganha cadê vez menos espaço 
dado as exigências e os desafios que são apresentados no cotidiano profis-
sional.
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Fundamentos do 
Direito e Introdução ao 
Direito Empresarial
Este primeiro capítulo, intitulado “Fun-
damentos do Direito e Introdução ao Direito 
Empresarial”, tem como principal objetivo in-
troduzir ao estudante o conceito de Direito, os prin-
cipais aspectos que envolvem o nosso ordenamento 
jurídico e os principais ramos do Direito.
Embora este seja um dos capítulos mais teóricos dessa 
disciplina, não deixa de buscar, em cada um dos conceitos apre-
sentados, algum raciocínio prático que possa ajudar você, aluno, 
a compreender melhor as regras que envolvem a nossa sociedade.
Antes de estudarmos especificamente o Direito Empresarial e 
suas principais normas, objetivo inclusive desta disciplina, é primor-
dial uma análise, neste primeiro capítulo, do conceito de Direito, seus 
principais aspectos e ramos.
O primeiro capítulo também tem por objetivo apresentar o signi-
ficado do termo empresa, segundo o Código Civil Brasileiro. De posse 
desta compreensão, vamos distinguir duas figuras que exercem as ativi-
dades empresariais: o empresário individual e a sociedade empresária. 
Por fim, iremos abordar as obrigações gerais dos empresários, que são a 
inscrição de sua atividade na Junta Comercial e a realização da escritura-
ção mercantil e dos levantamentos contábeis.
Objetivos da sua aprendizagem
• Compreender a ordem jurídica e a formação da sociedade;
• Analisar as formas de interpretação e integração da norma jurídica;
• Entender a distinção entre Direito Público e Privado;
• Verificar os ramos do Direito Público;
• Estudar os ramos de Direito Público.
Você se lembra?
Você se lembra do significado da palavra Direito? Suas concepções, sua 
origem? Neste capítulo, analisaremos estas questões, bem como todos os 
ramos do Direito público e privado.
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Fundamentos do Direito e Introdução ao Direito Empresarial – Capítulo 1
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C.C Direito Objetivo e Direito Subjetivo 
Preambularmente, pode-se dizer que o Direito se submete a duas 
classificações – Direito objetivo e Direito subjetivo. O Direito objetivo 
se refere ao agrupamento de normas que devem ser observadas por todos 
aqueles que vivem em sociedade, ou seja, são as normas de um modo ge-
ral e que uma vez violadas geram consequências jurídicas. 
Ex: as normas que compõem o Código Civil Brasileiro. 
O Direito subjetivo, por sua vez, são as normas que o indivíduo 
deverá invocar para defender seus interesses segundo e como determina 
a Lei. 
Ex: as normas que conduzem os processos a exemplo do Código de 
Processo Civil. 
C.C.C Direito PúbCico e Direito Privado
O direito Nacional pode ser dividido em Público e Privado. O pri-
meiro retrata uma organização do Estado, regida por normas de ordem 
pública, ou seja, normas que não podem ser alteradas pela simples vonta-
de das partes. Temos, por exemplo, que a obrigação de pagar determinado 
tributo é considerada norma de ordem pública. 
As normas de ordem privada ou do direito privado envolvem as 
relações entre particulares, por exemplo, normas contratuais oriundas da 
manifestação da vontade dos interessados. Assim, o Direito Privado é o 
que diz respeito aos interesses dos cidadãos no relacionamento recíproco 
e às normas contratuais utilizadas entre particulares, manifestando a von-
tade das partes e vigorando como lei entre os contratantes.
C.C.2 Fontes do Direito
Antes de estudarmos especificamente o Novo Código Civil, é de 
suma importância, analisarmos, as fontes do direito.
A expressão “fonte” tem o significado de nascente, ou seja, o local 
onde brota algo. Então, a utilização da expressão “fontes do direito”, nada 
mais é do que a determinação da origem do direito. 
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Qual o conceito de Lei?
Lei em sentido formal é a norma emana-
da do Estado, e tem caráter imperativo. Lei 
em sentido material é a disposição imperati-
va, que tem caráter geral, contendo regra de 
direito positivo.
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As fontes podem ser classificadas em diretas e indiretas. As fontes 
diretas ou imediatas enquadram-se a lei e o cos-
tume. Já as fontes indiretas ou mediatas 
elencam-se a analogia e os princípios 
gerais do direito.
Abaixo da Constituição, exis-
tem as leis ordinárias, como: o Có-
digo Civil, que trata de direitos e 
obrigações, de contratos, de regras 
sobre família e sucessões, sobre 
coisas; leis sobre organização de 
sociedades, como a Lei das Socieda-
des por Ações (Lei n. 6.404/76); sobre 
benefícios da Previdência Social (Lei n. 
8.213/91), etc. (MARTINS, 2008).
Quanto à natureza, as leis podem ser classificadas em materiais e 
instrumentais ou processuais. As leis materiais regulam os direitos das 
pessoas, como o direito ao casamento, à filiação, ao contrato de trabalho 
e aos direitos trabalhistas, etc. As leis instrumentais ou processuais são 
o meio que a pessoa tem para fazer valer seu direito material, que são os 
Códigos de Processo Civil (CPC), Código de Processo Penal (CPP) e ou-
tras normas (MARTINS, 2008).
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O costume é a norma jurídica que não faz parte da legislação. É 
criado espontaneamente pela sociedade, sendo produzido por uma práti-
ca geral, constante e reiterada. A aplicação do costume varia conforme o 
ramo do Direito. Em Direito Comercial, o costume tem considerável im-
portância, já no Direito Penal, o costume, com força de lei, é radicalmente 
proibido. Segundo o Código Penal, não há crime sem lei anterior que o 
defina (COTRIM, 2008).
Por outro lado, a doutrina, a jurisprudência e a equidade são consi-
deradas fontes auxiliares de interpretação do direito.
A doutrina – a lição dos doutos – é fonte secundária do Direito. De 
forma ampla, a investigação doutrinária exerce, atualmente, sua ação na 
elaboração do Direito Positivo da seguinte maneira (PINHO, NASCI-
MENTO, 2004):
• como base justificativa e interpretativa do texto legal;
• como fonte supletiva das deficiências e omissões do texto legal;
• como solução das questões para as quais a lei não fornece ele-mentos; 
• como repositório de princípios que não podem ser submetidos 
à lei escrita pela própria natureza.
A jurisprudência consiste no modo pelo qual os tribunais se orien-
tam na solução das diferentes questões. Expressa-se por meio das senten-
ças e acórdãos proferidos nas demandas. Essas decisões, quando tomadas 
em determinado sentido, passam a ser invocadas como precedentes a se-
rem seguidos (PINHO, NASCIMENTO, 2004).
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Já a equidade é o processo por meio do qual o intérprete/juiz pode 
solucionar o caso utilizando-se de seus valores de Justiça.
Há na doutrina nacional quem adote a classificação de fonte mate-
rial do direito, ou seja, é representado pelas relações da própria sociedade 
que os fornece alguns elementos como: materiais (psicológico, filosófico) 
e históricos (retrata a conduta do homem no tempo).
Enfim, a teoria das fontes do direito é um instrumento de suma im-
portância para regular o aparecimento contínuo e plural das normas de 
comportamento.
C.C.3 Integração da Norma JurCdica
O processo de integração das normas jurídicas está relacionado à 
ideia de que é impossível que o legislador preveja, por mais cauteloso que 
ele seja, todos os fatos e acontecimentos da vida real que devem merecer 
proteção do Direito.
É possível que ao tentar solucionar determinado caso, o juiz não encon-
tre no ordenamento jurídico lei específica que possibilite por fim ao conflito. 
Neste caso, deverá o magistrado se valer dos meios de integração da norma 
jurídica, quais sejam: a analogia, a equidade e os princípios gerais do direito.
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O que significa 
constituição?
Chama-se Constituição o complexo 
de regras que determinam a estrutura 
e o funcionamento dos poderes públicos e 
asseguram a liberdade dos cidadãos. É a lei 
fundamental de um país, anterior e posterior 
a todas as outras: fixa as relações recíprocas 
entre governantes e governados e não pode 
ser modificada senão pelos meios excep-
cionais indicados no próprio texto ou por 
uma revolução triunfante (PINHO, 
NASCIMENTO, 2004).
As lacunas podem ser de várias espécies: voluntárias, quando a ine-
xistência de normas é proposital pelo legislador, e involuntárias, quando 
o legislador efetivamente não previu a situação. Por vezes, essa omissão 
é absolutamente clara e manifesta; às vezes, o sistema apresenta normas 
que apenas aparentemente se aplicam. Em outras oportunidades, a inte-
gração faz-se necessária porque as disposições legais se chocam, são con-
traditórias, ocorrendo as chamadas antinomias (VENOSA, 2008).
C.C.4 Ramos do Direito
Veremos que o Direito Público pode ser dividido da seguinte forma: 
Direito Constitucional, Administrativo, Econômico, Financeiro, Tributá-
rio, Da Seguridade Social e Processual (Trabalhista, Civil, Penal).
Direito constitucional e administrativo
O direito constitucional pode ser compreendido como um ramo do 
direito público que estuda as regras estruturais do Estado, relativas à orga-
nização político-estatal, definindo o regime político, a forma de Estado e 
delimitando a relação do Estado e o povo 
por meio do reconhecimento de garan-
tias e direitos fundamentais. 
Vale lembrar, o direito cons-
titucional é a esfera da ordenação 
estatal que se relaciona intima-
mente com os demais ramos do 
direito, coordenando-os e traçan-
do sua base estrutural. Da mesma 
forma, o direito constitucional é 
considerado o marco inicial de todo 
direito do Estado.
Já a expressão Constituição possui 
vários sentidos. Assim, em sentido lógico-jurídico, 
a Constituição é a norma hipotética fundamental. Essa concepção jurídica 
positiva é o conjunto de normas que regulam a criação de outras normas, 
ou seja, é a lei em seu mais alto grau (KELSEN, 1962).
A primeira Lei Magna brasileira foi a Constituição de 25 de março 
de 1824, denominada de Constituição Política do Império do Brasil. A 
segunda foi a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 
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de 24 de fevereiro de 1891. A terceira foi a Constituição da República dos 
Estados Unidos do Brasil, de 16 de julho de 1934. A quarta foi a Norma 
Magna editada por ocasião do golpe de Getúlio Vargas e a instituição do 
Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, denominada Constituição dos 
Estados Unidos do Brasil (MARTNS, 2008).
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A quinta foi a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de 
janeiro e 1967, foi editada por ocasião do regime militar e do golpe militar 
de 1964. A Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro de 1969, não 
é exatamente uma Constituição, mas uma emenda 
constitucional. Na prática, acaba sendo uma 
Constituição, pois alterou toda a Constitui-
ção de 1967. A última é a Constituição da 
República Federativa do Brasil, de 5 de 
outubro de 1988. Foi inspirada, em parte, 
nas Constituições portuguesa e italiana e 
no que havia de mais moderno na época 
(MARTINS, 2008).
O Estado é o principal objeto do direito 
constitucional. A noção jurídica de Estado apoia-se 
em quatro elementos básicos: território, povo, governo e soberania. 
O direito administrativo, por sua vez, mantém relações concretas 
com o direito constitucional, pois atua junto aos agentes, os órgãos e as 
pessoas jurídicas administrativas, que de alguma forma atuam ou fazem 
parte da administração pública, e ainda às atividades de natureza pública, 
referentes à atuação do Estado.
 
Conexão: 
Para maiores informa-
ções com relação à Constitui-
ção Federal, o estudante poderá 
acessar o site <www.stf.jus.br> 
onde encontramos todas as normas 
existentes na Constituição Federal 
e nas Constituições dos Estados.
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Nesse sentido, o conceito que permanece no tempo sobre direito 
administrativo e que embasou as demais obras doutrinárias brasileiras, é 
do autor Hely Lopes Meirelles. Segundo o autor, o direito administrativo 
“sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem as 
atividades públicas tendentes a realizar concreta, direita e imediatamente 
os fins desejados pelo Estado” (MEIRELLES, 1991).
Note que a esse ramo do direito público cumpre a função de atuar nas 
formas de relacionamento entre os particulares e a administração pública.
Direito econômico, financeiro e tributário
O direito econômico é considerado um ramo do direito público que 
estuda o conjunto de regras, princípios e instituições que visam à inter-
venção do Estado no domínio econômico. 
Referida intervenção tem, por sua vez, a finalidade de regular o 
mercado de forma direta ou indireta. A primeira ocorre, por exemplo, 
quando o Estado se utiliza de sociedades de economia mista e das empre-
sas públicas para realização de seus fins. Já a intervenção indireta pode ser 
notada quando o Estado apoia a atividade econômica dos particulares.
O Direito Financeiro é um ramo autônomo da ciência do direito, 
conforme se verifica no inciso I, do artigo 24 da 
Constituição Federal, e é representado por um 
conjunto de princípios e regras que buscam 
regular a atividade financeira do Estado.Entre as atividades que o Estado desen-
volve, tutelando necessidades públicas, 
algumas são essenciais (segurança pública, 
prestação jurídica, etc.) outras complemen-
tares, protegendo outros itens (secundários), 
exercidas através de concessionárias.
A finalidade da atividade financeira é a realiza-
ção dos serviços públicos e o atendimento das necessidades públicas, ou 
seja, as necessidades coletivas encampadas pelo poder político, inseridas 
no ordenamento jurídico. Logo, a atividade financeira encontra-se pautada 
em três necessidades públicas principais: prestação de serviço, exercício 
do poder de polícia e intervenção econômica.
Outros temas como a lei de responsabilidade fiscal (lei complemen-
tar n. 101 de 04 de maio de 2000) e os precatórios também são analisados 
pelo direito financeiro.
 
Conexão: 
Para maiores informa-
ções com relação ao Direito 
Financeiro, o estudante poderá 
acessar o site <www.planalto.gov.
br>, onde encontramos todas as 
normas existentes na Constituição 
Federal e nas Constituições dos 
Estados.
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O que significa 
Direito Tributário?
A doutrina jurídica tributária é rica 
nos conceitos de tributo, contudo, cabe 
aqui trazermos a definição da lei, regu-
lamentada no art. 3º do Código Tributário 
Nacional, senão vejamos: “Tributo é toda pres-
tação pecuniária compulsória, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída 
em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente 
vinculada”.
O último ramo do direito deste item é o direito tributário, que pode 
ser considerado como um conjunto de prin-
cípios e regras que regem o poder fiscal 
do Estado, representado pela institui-
ção, arrecadação e fiscalização de 
tributos devidos pelos indivíduos 
ao governo.
Note-se ainda, que tributo 
é o gênero dos quais são espécies 
os impostos, as taxas, as contri-
buições de melhoria. Há autores 
nacionais que entendem que os 
empréstimos compulsórios e as contri-
buições de melhorias, embora integrantes 
da categoria taxas e impostos, também se enquadram 
como espécies do gênero tributo.
A relação tributária tem seus marcos estruturais regulados pela 
Constituição, que ao mesmo tempo outorga ao Estado o direito de instituir 
e arrecadar tributos (veja o art. 145 da Constituição), assim como limita 
este direito (no art. 150, por exemplo) e cerca o contribuinte de garantias 
contra os excessos tributários, infelizmente tão comuns.
Direito penal e processual
O Direito Penal é o ramo do direito público que regula o poder pu-
nitivo do Estado, bem como as normas jurídicas que ligam o crime à pena, 
disciplinando as relações jurídicas daí resultantes. 
O princípio base do Direito Penal chamado de Reserva Legal é re-
tratado no artigo 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal, “não há cri-
me sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. 
Outros princípios nos informam que a lei penal é irretroativa, contudo 
poderá retroagir para beneficiar o réu. Tal princípio assegura que ninguém 
seja punido por fato atípico. Típico é o fato que se molda a conduta des-
crita na lei penal. Daí decorre que o conjunto de normas penais incrimina-
doras é taxativo e não exemplificativo.
O Direito Penal é o principal instrumento dos governos autoritários, 
na instauração e manutenção de regimes antidemocráticos. Por esta razão, 
a Constituição de 1988, preocupada em evitar que se repitam no Brasil 
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as atrozes desumanidades testemunhadas durante o período da Ditadura 
Militar, consignou uma série de garantias penais em favor do indivíduo.
Outro ponto estudado pelo Direito Penal refere-se ao crime con-
sumado e tentado. De forma bem simples, é consumado o crime quando 
estão presentes todos os elementos de sua definição legal (O criminoso 
passa pelas seguintes etapas cogitação, preparação, execução e consuma-
ção). Por outro lado, o crime é tentado quando o agente percorre toda a 
trajetória do crime até a execução, e, uma vez iniciada a execução, não se 
consuma o resultado típico (crime) “por razões alheias à vontade do agen-
te”, ou seja, não ocorre o resultado.
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Ainda, a infração penal pode ser praticada de forma dolosa, ou seja, 
o agente pratica a conduta buscando alcançar o resultado criminoso, há 
intenção criminosa, ou culposa, isto é, quando o agente não tem intenção 
do resultado criminoso, mas, o mesmo ocorre, em razão de negligência, 
imprudência ou imperícia.
Por fim, o direito processual é o ramo do direito público que regula 
as atividades do poder judiciário e das partes em conflito no decorrer do 
processo judicial. Pode ser dividido em Direito Processual Civil, Proces-
sual Penal, Processual do Trabalho e Processual Militar.
Dentre as várias formas de soluções dos conflitos, o processo se 
apresenta como um instrumento para a resolução imparcial dos conflitos 
que se verificam na vida social, composto, por três sujeitos: o autor e o 
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réu nos polos contrastantes da relação processual, como sujeitos parciais; 
e, como sujeito imparcial, o juiz representando o interesse coletivo orien-
tado para a justa resolução do litígio. No entanto, não se esgotou o rol de 
sujeitos processuais: órgãos auxiliares da justiça, intervenção de terceiros, 
advogado.
Inserido na Organização judiciária brasileira verificamos que são 
órgãos do Poder Judiciário:
a) supremo tribunal federal;
b) superior tribunal de justiça; 
c) tribunal superior do trabalho, os tribunais e juízes do trabalho;
d) tribunais regionais federais e juízes federais;
e) tribunais e juízes eleitorais;
f) tribunais e juízes militares.
g) tribunais e juízes dos estados, do distrito federal e dos territórios.
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Direito da seguridade social
O Direito da Seguridade Social representa o conjunto de princípios e 
normas, que têm por objetivo estabelecer um sistema de garantias aos indi-
víduos contra atos que dificultem ou impeçam o provimento de suas necessi-
dade básicas, como direito à saúde, assistência social e a previdência social.
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Qual o conceito de Direito 
Civil?
O direito civil é o ramo do direito privado 
que rege as relações entre os particulares, 
disciplinando a vida das pessoas desde a 
concepção até a morte, regulamentando as 
relações de família e patrimoniais no âmbito 
da sociedade.
A Seguridade Social, dessa forma, divide-se em três grandes áreas: 
Previdência Social, Saúde e Assistência Social. A fruição das prestações 
da Previdência é condicionada ao pagamento de contribuições sociais, re-
quisito inexistente quanto à Saúde e à Assistência Social, cujos benefícios 
e serviços podem ser gozados sem necessidade de qualquer contribuição 
específica. <http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/consideracoes-
sobre-fontes-de-custeio-da-seguridade-social-4822322.html>
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Ramos do direito privado
Divide-se o Direito Privado em: Direito Civil, Comercial e do Tra-
balho. É importantedestacar que alguns autores consideram o Direito do 
Trabalho como pertencente à categoria do Direito Público.
Direito Civil
O mais antigo ramo do Direito, “o Direito 
Civil disciplina as relações jurídicas concer-
nentes às pessoas, aos bens e a suas rela-
ções”. (VENOSA, p. 96)
Tradicionalmente considerado o 
príncipe entre os ramos do Direito, o 
Direito Civil avistou sua majestade ruir 
por força da afirmação, cabal no século 
XX, da supremacia da Constituição e do 
Direito Constitucional. Não obstante, não 
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perde sua enorme importância em razão da extensão de sua incidência 
sobre a vida cotidiana.
É no Direito Civil que vamos encontrar a regulamentação atinente 
ao status da pessoa natural com seus direitos da personalidade, à pessoa 
jurídica, a seus bens e domicílio, aos fatos jurídicos, seus requisitos, 
efeitos, defeitos e prova, às obrigações em geral, entre elas os contratos, 
às coisas, bens, objeto de posse, propriedade e outros direitos reais, às 
relações de família, como casamento e parentesco, e às sucessões. O Di-
reito Civil cobre eventos, que se estendem desde antes do nascimento da 
pessoa (na proteção do nascituro) até depois de sua morte (na destinação 
de seu patrimônio).
Nos demais capítulos, aprofundaremos os nossos estudos no Direito 
Civil, em especial, nas normas referentes à formação e extinção dos con-
tratos.
Direito do trabalho
O Direito do Trabalho é o ramo da ciência 
do direito que disciplina as normas, as institui-
ções jurídicas e os princípios que inerentes às 
relações de trabalho subordinado, determinam 
os seus sujeitos e as organizações destinadas 
à proteção desse trabalho em sua estrutura e 
atividade.
Atualmente, o mais importante texto legal 
trabalhista do Brasil é a CLT, em que se encontra 
reunida a maioria das leis, antes esparsas, sobre a matéria 
trabalhista (DOWER, 2005).
O Direito Empresarial faz parte do Ramo de Direito Privado e será 
conceituado a seguir. 
C.2 Direito EmpresariaC
O Direito Empresarial tem por objeto a atividade comercial em ge-
ral, atinando, portanto, a uma realidade altamente complexa e dinâmica.
 
Conexão: 
Para maiores informa-
ções com relação ao Direito 
do Trabalho, o estudante poderá 
acessar o site <www.tst.gov.br>, 
onde encontramos atos e instru-
ções normativas referentes à 
relação entre empregado e 
empregador.
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C.2.C Conceito de Empresário
Uma das grandes inovações trazidas pelo novo Código Civil Bra-
sileiro é a adoção da teoria da empresa, também conhecida como teoria 
subjetivista ou teoria italiana, em homenagem ao Código Italiano de 1943, 
que primeiramente adotou esta sistematização.
A teoria da empresa é tida como uma evolução legislativa, pois é 
sucessora da teoria francesa dos atos de comércio. Em nosso ordenamento 
jurídico atual, a empresa encontra abrigo no texto legal do artigo 9661 do 
Código Civil.
Como bem observado pelos doutrinadores, o legislador pátrio não 
definiu expressamente o termo empresa, optando por conceituar o em-
presário. Porém, interpretando o referido texto legal, podemos extrair o 
significado de atividade empresarial.
Deste modo, atividade empresarial é toda atividade econômica 
organizada para a produção de bens, circulação de bens ou prestação de 
serviços.
Organização dos fatores
 de produção:
- capital
- bens
- mão-de-obra
- tecnologia
O primeiro elemento de destaque é a expressão “atividade econômi-
ca”. Isto significa que empresa é uma atividade lucrativa, ou seja, uma ati-
vidade que produz lucros2, e estes são utilizados para remunerar o capital 
aplicado de pessoas que investiram no empreendimento.
É importante frisar que desenvolver atividade econômica é da 
própria natureza das sociedades, pois nenhuma outra razão influencia o 
ânimo de manter a atividade empresarial. Mas as sociedades podem ser 
simples ou empresária, portanto o fato de desenvolver uma atividade eco-
nômica não enseja a uma pessoa jurídica o status de empresária.
Necessariamente, as sociedades devem dedicar-se a uma atividade 
de caráter organizacional dos fatores produtivos. Isto significa que é pre-
1	 Considera-se	empresário	quem	exerce	profissionalmente	atividade	econômica	organizada	para	a	produção	ou	
a	circulação	de	bens	ou	de	serviços.
2	 É	o	ganho	financeiro	produzido	pela	diferença	entre	a	somatória	de	recursos	financeiros	obtidos	no	mercado	e	
as	despesas	oriundas	da	atividade.	 	
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ciso reunir capital, bens, mão de obra e tecnologia e dar a estes elementos 
uma organização para atingir a sua finalidade de mercado.
Por último, a sociedade empresária, por meio de sua atividade eco-
nômica organizada, servirá o mercado com a produção de bens (indús-
tria), a circulação de bens (comércio) ou a prestação de serviços.
C.2.2 Obrigações do Empresário
Todo empresário ou sociedade empresária, diariamente, deve cum-
prir inúmeras obrigações civis, trabalhistas, previdenciárias e tributárias. 
Assim, fazem parte da rotina financeira dos empresários o pagamento de 
fornecedores, os financiamentos bancários, os salários, as contribuições 
previdenciárias e os demais tributos.
No entanto, as obrigações gerais dos empresários não tratam dos 
compromissos do cotidiano do empresário, e sim do cumprimento de 
alguns deveres estabelecidos pela lei para que esteja na condição de “em-
presário regular”.
As obrigações gerais dos empresários estão previstas no Código 
Civil Brasileiro e são as seguintes: inscrição na Junta Comercial, escritu-
ração e levantamento das demonstrações contábeis.
C.2.3 Pressupostos para atividade reguCar do empresário
O artigo 967 do Código Civil Brasileiro diz ser obrigatória a inscri-
ção do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respec-
tiva sede, antes do início de sua atividade.
A legislação sempre exige o registro público para os atos da vida ci-
vil mais importantes, em razão de sua repercussão jurídica. Assim, é obri-
gatório o registro do nascimento, do casamento, do óbito, da propriedade 
imobiliária, dentre outros. O efeito maior em manter o registro público de 
determinados atos ou fatos é o de tornar públicos e acessíveis os dados 
mantidos em registro.
Da mesma maneira, o exercício de uma atividade empresarial é de 
grande repercussão jurídica e, em virtude disso, o Código Civil exige o 
registro prévio do empresário ou da sociedade empresária, antes do início 
da exploração de empresa.
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No Brasil, os registros públicos mercantis são realizados pelas Jun-
tas Comerciais dos estados, e estas são coordenadas pelo Departamento 
Nacional de Registro de Comércio (DNRC).
As Juntas Comerciais executam três espécies de registro: a matrícu-
la dos auxiliares das empresas (leiloeiros, tradutores públicos, armazém-
geral), autenticação da escrituração empresarial, o registro dos empresá-
rios e das sociedades empresárias.
Segundo o art. 968 do Código civil, a inscrição do empresário se 
fará mediante requerimento que contenha: nome, nacionalidade, domicí-
lio, estado civil e, se casado, o regime de bens do empresário; a firma, com 
a respectivaassinatura autógrafa; o capital; o objeto e a sede da empresa.
Com o deferimento do registro pela Junta Comercial, a inscrição 
será tomada por termo no livro próprio e obedecerá a número de ordem 
contínuo para todos os empresários inscritos. À margem da inscrição do 
empresário, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer 
modificações nela ocorrentes
O empresário que constituir um estabelecimento secundário deverá 
averbar a existência desta filial na Junta Comercial da respectiva sede. Do 
mesmo modo, se instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à ju-
risdição de outra Junta Comercial, nesta deverá também inscrevê-la, com 
a prova da inscrição originária.
É importante abordar as consequências jurídicas pela falta do regis-
tro do empresário ou da sociedade empresária perante a Junta Comercial. 
Sendo um empresário irregular, ou seja, sem registro, não poderá obter 
seus cadastros perante os órgãos públicos, tais como Receita Federal 
(CNPJ), Secretaria da Fazenda Estadual (inscrição estadual) ou Secretaria 
da Fazenda Municipal (inscrição municipal).
Também terá como consequência o impedimento para requerer a 
falência de outro empresário, solicitar perante o Poder Judiciário a sua 
recuperação de empresa e outras responsabilidades jurídicas em virtude 
de sua irregularidade.
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C.2.4 Escrituração dos Livros Contábeis
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A escrituração é a atividade de registrar informações relativas a 
movimentações financeiras e patrimoniais do empresário. Trata-se de uma 
atividade já praticada desde o desenvolvimento do próprio comércio, pela 
sociedade humana, em virtude de ser um mecanismo próprio para o con-
trole gerencial da atividade econômica.
Assim, desde os primórdios da atividade econômica comercial, os 
comerciantes faziam uso de livros, denominados diários, para controlar 
seu negócio, assim como obter informações a respeito do resultado positi-
vo ou negativo do empreendimento.
Em virtude da riqueza de informações encontradas nos livros dos 
comerciantes, estes começaram utilizar suas anotações como meio de 
prova, sempre que solicitado para a realização de prestação de contas. Da 
mesma forma, o Estado, com o seu poder de tributar, também se interes-
sou pelos livros dos comerciantes para exercer sua atividade fiscalizatória 
sobre as atividades comerciais.
Portanto, na atualidade, os livros que registram a escrituração em-
presarial possuem três finalidades, conforme estas foram surgindo no de-
correr da história: gerencial, documental e fiscalizatória. Com base nesta 
importância, os empresários possuem a obrigação de manterem a escritu-
ração de sua atividade econômica.
O artigo 1.179 do Código Civil Brasileiro determina que “o empre-
sário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de con-
tabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus 
livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar 
anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.”
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O texto legal acima estabelece, em um único momento, duas obri-
gações dos empresários e das sociedades empresárias: a escrituração dos 
livros e a realização periódica das demonstrações contábeis.
 Os livros de escrituração são:
• 1.Livros Fiscais
 – Registro de Compras 
 – Registro de Inventário 
 – LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real do Imposto de 
Renda 
 – Registro de entradas ICMS-IPI 
 – Registro de saídas ICMS-IPI 
 – Registro de apuração IPI-ICMS 
• Livros Contábeis
 – Livro Razão 
 – Livro Diário 
• Livros do Direito Privado
 – Registros de Duplicatas 
 – Livros Societários 
 – Livros da Socidade Empresáriais 
Além desses, é possível encontrar exigências legais de ordem previ-
denciária e do Direito do Trabalho, tais como livro de registro de empre-
gado, livro de inspeção do trabalho, dentro outros.
Entretanto, o Direito Empresarial cuida apenas da obrigação de 
manter a escrituração de um livro, ou seja, o livro Diário. O artigo 1.180 
do Código Civil tem a seguinte redação: “além dos demais livros exigidos 
por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no 
caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.”
No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracteriza-
ção do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, 
todas as operações relativas ao exercício da empresa.
A escrituração do Diário será feita em idioma e moeda corrente 
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, 
sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou 
transportes para as margens, e ficará sob a responsabilidade de contabilis-
ta legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.
Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não 
excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações 
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sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde 
que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro 
individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfei-
ta verificação.
Também serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de re-
sultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências 
Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária.
O livro Diário, juridicamente, é o maior instrumento de provas em 
favor ou contra o empresário que o escriturou. Assim, este poderá utilizar 
sua escrituração para fazer prova contra outro empresário ou, então, o 
Diário será utilizado para a realização de provas periciais contábeis, em 
processos de falência, recuperação de empresa, prestação de contas e dis-
solução de sociedade.
Para estar regularmente escriturado, o livro Diário depende de estar 
autenticado pela Junta Comercial, segundo o artigo 1.182 do Código Ci-
vil. A falta de escrituração ou a sua irregularidade poderá acarretar diver-
sas responsabilidades jurídicas, dentre as quais a presunção de veracidade 
dos fatos alegados e que não se encontram escriturados até mesmo a tipi-
ficação de crime falimentar.
C.2.5 Demonstrações contábeis
A última exigência que a lei civil faz aos empresários e às socieda-
des empresárias é o levantamento pe-
riódico das demonstrações contábeis. 
O artigo 1.179 do Código Civil Bra-
sileiro determina que o empresário e 
a sociedade empresária são obrigados 
a levantar anualmente o balanço pa-
trimonial e o de resultado econômico.
O balanço patrimonial é de-
monstração contábil que evidencia a 
situação patrimonial da empresa em 
determinada data. Assim, a finalidade 
é apresentar a posição contábil, finan-
ceira e econômica do empresário ou da 
sociedade empresária em determinada 
data, representando uma situação do patrimônio em determinada data.
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A Demonstração do Resultado do Exercício destina-se a evi-
denciar a formação do resultado líquido em um exercício (perí-
odo de um ano), por meio do confronto das receitas, dos custos 
e das despesas,apuradas segundo o princípio contábil do regime 
de competência.
É importante salientar que essas duas demonstrações contábeis 
são imprescindíveis para a administração de uma sociedade prestar 
contas aos sócios em assembleia-geral ordinária. Portanto, é por meio 
do balanço patrimonial e do resultado de exercício que os sócios (quo-
tistas ou acionistas) podem aprovar ou rejeitar as contas prestadas 
pela diretoria, assim como deliberar sobre os lucros resultantes do 
exercício.
Cabe destacar, ainda, que a ausência das demonstrações contá-
beis pode gerar várias complicações aos empresários, tais como difi-
culdade na obtenção de crédito, vedação de participação de licitação 
pública, dentre outras.
Atividades
01. Qual o conceito de Direito?
02. Explique qual a diferença entre o direito público e privado.
03. Você seria capaz de, com as suas palavras, explicar o objeto de estudo 
do direito financeiro, econômico e tributário?
RefCexão
O Direito Empresarial, por meio da figura das sociedades empre-
sáriais, possibilitou segurança jurídica àqueles que desejam investir em 
alguma atividade econômica.
 Tal segurança encoraja quem pretende exercer atividade empresa-
rial, pois o risco do negócio, que é natural em qualquer economia, pode 
ser minimizado com a constituição de sociedades que tenham por caracte-
rística adotar o critério da responsabilidade limitada dos sócios para com 
as obrigações geradas pela empresa. 
No entanto, é perfeitamente imaginável que este escudo protetor 
possa também ser utilizado como um mecanismo pernicioso, viabilizando 
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possibilidades àqueles que pretendem aplicar fraudes no mercado, valen-
do-se de uma sociedade empresária. 
O atual Código Civil, assim como outras legislações anteriores, 
previu esta situação e adotou o mecanismo jurídico da desconsideração 
da personalidade jurídica das sociedades. Assim, caso seja provado que 
sócios abusaram da personalidade jurídica de uma sociedade, criando para 
esta obrigações a fim de enriquecerem e valendo-se do manto protetor da 
responsabilidade limitada, eles poderão ter seus patrimônios particulares 
afetados por tais obrigações, por determinação do Poder Judiciário.
Leituras recomendadas
ALMEIDA Jr., Jesualdo Eduardo de. O direito de empresa no novo 
Código Civil. Revista Síntese de direito civil e processual civil, n. 
19,ano IV, set-out., p. 131-144. Porto Alegre: Síntese, 2002.
ALMEIDA, Betyna Ribeiro de. Aspectos da teoria jurídica da em-
presa.Revista de Direito Mercantil. São Paulo, v.119, p.236-254. jul./
set., 2000.
ASQUINI, Alberto. Perfis da empresa. Trad. Fábio Konder Compara-
to. Revista de Direito Mercantil. São Paulo, v. 104, pp. 109-126. out./
dez., 1996.
BULGARELLI, Waldirio. A teoria jurídica da empresa. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1985.
Referências
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. 4. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2010. v. 1.
COMPARATO, Fábio Konder. O poder de controle na sociedade 
anônima. 2 ed. São Paulo: RT, 1977.
REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São 
Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
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No próximo capCtuCo
Com a introdução sobre Direito Empresarial, na qual destacamos o 
conceito de empresa adotado pelo Código Civil Brasileiro, os empresários 
individuais e as sociedades empresárias, assim como as obrigações gerais 
destes, estamos aptos a dar continuidade ao estudo sobre as sociedade 
empresárias.
Assim, para compreender a estruturação jurídica das sociedades 
empresárias contratuais, vamos abordar temas de grande relevância, tais 
como estabelecimento empresarial, nome empresarial, direito societário, 
dos atos constitutivos da sociedade e dos agente
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Minhas anotações:
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Estabelecimento 
Empresarial, Nome 
Empresarial, Direito 
Societário, dos Atos 
Constitutivos da Sociedade 
e dos Agentes Societários.
Este capítulo ocupa-se do estudo das sociedades 
contratuais. Muito embora as sociedades anônimas não 
sejam classificadas como sociedades contratuais, o fato 
é que a maioria das sociedades constituídas no Brasil está 
estruturada na forma contratual, em especial destaque para as 
sociedades limitadas.
Portanto, em virtude deste fato, julgamos ser fundamental realizar 
um estudo mais aprofundado sobre a estrutura jurídica e o funciona-
mento das sociedades contratuais.
Além disso, as noções que teremos neste capítulo serão importantes 
para compreender as sociedades institucionais, como são as sociedade 
anônimas, por meio da análise de suas distinções.
Objetivos da sua aprendizagem
• Compreender os elementos que compõem as sociedades empresárias 
contratuais; como é constituída juridicamente uma sociedade empre-
sária contratual e os direitos básicos de sócios. 
• Visualizar quais são os pilares de sustentação de uma sociedade, além 
de possibilitar na prática, que tenhamos noção das principais cláusu-
las a serem negociadas ao elaborar um contrato ou um estatuto social.
Você se lembra?
Você já teve oportunidade de ler o contrato social de uma so-
ciedade empresária? Muitos de nós, especialmente para efeito 
cadastral, já nos deparamos com atos constitutivos de uma 
sociedade. O que significam e, principalmente, quais são 
as implicações jurídicas de cada cláusula prevista em um 
contrato social? Estes pontos serão abordados a seguir. 
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2.C Conceito e os eCementos formadores do 
estabeCecimento empresariaC
Segundo o Código Civil Brasileiro, em seu artigo 1.142, compreen-
de-se por estabelecimento o conjunto de bens organizados para a ativida-
de da empresa, podendo ser executado por empresário ou até mesmo por 
sociedade empresária (MAMEDE, 2009). São as seguintes ilações que 
podem ser extraídas do referido artigo pelas lições de Mamede (2009 p. 
257): “fica claro, portanto, que (1) estabelecimento e (2) empresa são con-
ceitos distintos, que não se confundem. O estabelecimento serve de exer-
cício da empresa [...] e a empresa, aqui, é considerada pelos bens (coisas e 
direitos) que a compõem”.
Quanto aos elementos formadores do estabelecimento empresarial, 
embora não haja um consenso entre os juristas, em linhas gerais pode-se 
dizer que é ele composto tanto por elementos materiais (ou corpóreos) e 
como por elementos imateriais (incorpóreos) (COELHO, 2008). Os ele-
mentos corpóreos abrangem mobiliário, utensílios, máquinas, veículos, 
estoque, etc., ou seja, todo o arsenal de bens que o empresário ou a socie-
dade empresarial utiliza para exercer a sua atividade empresarial de forma 
organizada.
Em relação aos elementos incorpóreos, pode-se mencionar os bens 
industriais, desenhos industriais, marca registrada, patentes de invenção, 
nome empresarial e o próprio ponto que se refere ao local onde a socieda-
de empresarial exerce sua atividade econômica.
2.C.C Da pessoa fCsica e da pessoa jurCdica 
A pessoa jurídica nasce a partir da necessidade de personalizar o 
grupo de pessoas, dando-lhe personalidade própria para que possa realizar 
seus fins. Nessa linha de raciocínio a pessoa jurídica pode ser conceituada 
como sendo um grupo humano, criado pela lei e que possui personalidade 
jurídica própria.
Desse modo, a vontade humana, a observânciados requisitos da lei 
para sua criação e a licitude do seu objeto formam os pressupostos básicos 
para o surgimento e a existência da pessoa jurídica. 
A expressão pessoa jurídica serve para designar as empresas, insti-
tuições e entidades que também são capazes de assumir direitos e obriga-
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Estabelecimento Empresarial, Nome Empresarial, Direito Societário, dos Atos Constitutivos da Sociedade e dos Agentes Societários. – Capítulo 2
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ções. Elas serão representadas, nos atos da vida jurídica, pelos seus dire-
tores ou por quem os respectivos estatutos designarem (COTRIM, 2008).
As pessoas jurídicas podem ser de direito público externo ou interno 
e de direito privado.
As de direito público interno são divididas da seguinte forma:
a) União;
b) Estados;
c) Distrito Federal;
d) Municípios; 
e) Autarquias;
f) Associações públicas e
g) outras entidades de caráter público criadas por lei.
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Já as pessoas jurídicas de direito público ex-
terno são consideradas os estados estrangeiros 
e as pessoas que forem regidas pelo direito 
internacional público, como a Organização 
das Nações Unidas (ONU) e Organização 
dos Estados Americanos (OEA) e outras.
Por outro lado, são de Direito Pri-
vado: as associações, as sociedades, as 
fundações, as organizações religiosas e os 
partidos políticos.
 
Conexão: 
Para maiores informa-
ções com relação à legislação 
pertinente às pessoas jurídicas de 
direito privado ou informações quanto 
aos requisitos necessários à abertura 
de uma empresa, o estudante poderá 
acessar o site <www.receita.fazen-
da.gov.br>
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Segundo o artigo 53 do Código Civil, constituem-se as associações 
pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
É Importante ressaltar que começa a existência legal das pessoas 
jurídicas de Direito Privado com a inscrição de seus contratos, atos consti-
tutivos, estatutos ou compromissos em seu registro peculiar, regulado por 
lei especial. E, termina a existência da pessoa jurídica por sua dissolução 
ou extinção
2.C.2 Estrutura do direito societário no sistema 
jurCdico brasiCeiro
A constituição das socieda-
des contratuais
As sociedades empresárias 
são ficções jurídicas, pois não 
possuem vida própria, a não ser a 
sua própria personalidade que o 
Direito lhes atribui. Para tanto, faz-
se necessária a reunião de vários 
elementos para que o propósito de 
duas ou mais pessoas se transforme 
juridicamente na constituição de 
uma sociedade.
Os requisitos de validade
De início, devemos obser-
var que a constituição de uma 
sociedade tem a natureza de um 
negócio jurídico1. Portanto, é in-
dispensável que os primeiros elementos a ser identificados para constituir 
uma sociedade são aqueles previstos no art. 104 do Código Civil, ou seja, 
(I) agente capaz, (II) objeto lícito, determinado ou determinável, e (III) 
forma prescrita ou não defesa em lei.
Porém, antes de adentrarmos os requisitos de validade contidos 
no art. 104 do Código Civil, convém aprofundar um pouco mais a afir-
1	 Negócio	jurídico	é	um	acordo	de	vontades	capaz	de	criar,	modificar	ou	extinguir	direitos	e	obrigações	na	ordem	
civil.
GeorGe Doyle / STockByTe / GeTTy im
aGeS
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mação de que “a constituição de uma sociedade tem a natureza de um 
negócio jurídico”.
Como ensina o Direito Civil, o negócio jurídico consiste em um 
acordo de vontades para adquirir, modificar ou extinguir direitos e obri-
gações de ordem civil. Desse modo, o termo “vontades” pressupõe a exis-
tência, no mínimo, de duas pessoas.
Esse particular será tratado em um item específico chamado plu-
ralidade de partes, que é um elemento especial presente na formação de 
uma sociedade empresária. Mas é importante entender que a sociedade é, 
primeiramente, um encontro de duas ou mais pessoas que possuem inte-
resses convergentes e que vão unir esforços e recursos para desenvolver, 
em união, uma atividade empresarial.
Outro elemento fundamental e não contido no art. 104 do Código 
Civil é a vontade, ou seja, a manifestação livre de uma intenção, sendo 
que qualquer defeito relativo à expressão da vontade poderá anular o ne-
gócio jurídico.
No estudo de sociedades, a vontade está contida em um elemento 
específico denominado affectio societatis, expressão que significa a inten-
ção de se associar em sociedade.
A capacidade de exercício
A capacidade de que trata o art. 104, I, do Código Civil é a capaci-
dade de exercício, aquela entendida como a capacidade de manifestar a 
vontade e exercer pessoalmente direitos e responder pelas obrigações. O 
Código Civil a classifica em incapacidade absoluta (art. 3o) e incapacidade 
relativa (art. 4o).
Muito se discute quanto à participação de menor na sociedade limi-
tada. Requião (2010) defende que o menor incapaz não pode participar 
como sócio, ainda que resultante de sucessão hereditária.
Entretanto, Coelho (2010), apoiado no entendimento do Supremo 
Tribunal Federal e orientação do Departamento Nacional de Registro de 
Comércio às Juntas Comerciais, diz ser possível a participação de menor 
em sociedade limitada se obedecidos três pressupostos: I) o menor não 
pode exercer gerência, II) o capital social deverá estar totalmente integra-
lizado, e III) deverá ser observada a legislação civil na formalização da 
assistência ou da representação do menor.
Quanto aos interditos, o posicionamento é que não poderão partici-
par de sociedade, mesmo pelo seu curador. No entanto, se a incapacidade 
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no curso de uma sociedade não a dissolve, pode o interditado prosseguir 
representado pelo seu curador. Mas também encontramos posiciona-
mentos doutrinários divergentes quanto à manutenção do interditado 
na sociedade.
Objeto lícito, possível e determinado
O segundo requisito de validade contido no art. 104 do Código Civil 
é quanto ao objeto do negócio jurídico. Nas sociedades, o objeto social, 
ou seja, a finalidade a que se destina precisa ser uma atividade empresária 
lícita, concretamente possível de ser realizada e determinada a certo ramo 
de mercado.
A forma
Por fim, a forma deverá ser atendida, sendo que, regra geral, não é 
exigida forma especial para a constituição de sociedade, podendo ser pro-
vada sua existência por qualquer meio. Mas as formadas por instrumento 
escrito – e levado este à inscrição no Registro Público de Empresas Mer-
cantis – possuem vantagens concedidas pelas leis civis e tributárias.
Os elementos específicos
Com os requisitos de validade que todo o negócio jurídico deve 
possuir, a constituição de uma sociedade deve atender a alguns outros 
requisitos específicos, quais sejam: I) pluralidade de sócios, II) constitui-
ção de capital social, III) affectio societatis e IV) participação no lucro e 
nas perdas.
A pluralidade de sócios
O Direito brasileiro tem como regra não admitir a sociedade unipes-
soal. Assim, a sociedade empresária deve ser formada pelo envolvimento 
jurídico de pelo menos duas pessoas. Este entendimento é deduzido do 
próprio art. 981 do Código Civil, ao dizer que “celebram contrato de so-
ciedadeas pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens 
ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre 
si, dos resultados” (grifamos).
Entretanto, o próprio ordenamento jurídico permite algumas. Ape-
nas para citar, é permitida a unipessoalidade das subsidiárias integrais 
(art. 251 da Lei no 6.404/76) e casos de unipessoalidade incidental tempo-
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rária nas sociedades limitada (art. 1033, IV, do Código Civil) e nas socie-
dades anônimas (art. 206, I, d, da Lei no 6.404/76).
A constituição de capital social
Por sua vez, a constituição de capital social significa a somatória 
das contribuições econômicas dos sócios para a formação da sociedade, 
podendo este aporte, dependendo do tipo social, ser em dinheiro, bens, 
direitos e serviços.
Necessariamente, todo sócio tem a obrigação de participar economi-
camente da formação do capital social para participar de uma sociedade. 
Assim, deve o sócio se obrigar a contribuir com uma parte do capital 
social, ato este que denominamos tecnicamente de subscrição de capital, 
e cumprir com sua obrigação de expressão econômica, ao entregar ou 
fazer algo, o que também denominamos tecnicamente de integralização 
de capital.
Assim, a subscrição de capital se dá, ao formar uma sociedade, com 
a obrigação contida nos seus atos constitutivos e assumida por um sócio. 
Posteriormente, a integralização ocorre com o cumprimento da obrigação 
assumida ao subscrever o capital social.
A integralização do capital social, em geral, não necessita ser total-
mente integralizado no início de suas atividades, podendo ser realizada a 
prazo, conforme prevê o art. 10042 do Código Civil.
É importante destacar que o capital social é dividido em partes, as 
quais denominamos quotas ou ações. A divisão é realizada para medir 
o grau de participação de cada sócio em direitos e obrigações perante a 
sociedade. Este mecanismo deve existir porque os sócios não precisam 
contribuir igualmente com a formação do capital social. Portanto, em 
uma escala medida por quotas ou ações subscritas, os sócios terão maior 
ou menor participação na sociedade, conforme o número de unidades do 
capital social titularizadas.
Affectio societatis
Affectio societatis é uma expressão latina que significa a intenção de 
se associar em sociedade, ou seja, a vontade dos sócios em formar e man-
ter uma sociedade. Como observa Fábio Ulhoa Coelho:
2 Art. 1004.	 Os	 sócios	 são	 obrigados,	 na	 forma	 e	 no	 prazo	 previstos,	 às	 contribuições	
estabelecidas	 no	 contrato	 social,	 e	 aquele	 que	 deixar	 de	 fazê-lo,	 nos	 trinta	 dias	 seguintes	
ao	 da	 notificação	 pela	 sociedade,	 responderá	 perante	 esta	 pelo	 dano	 emergente	 
da mora.
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“A utilidade do conceito de affectio societatis é pequena. Serve de 
referência ao desfazimento do vínculo societário, por desentendi-
mento entre os sócios, no tocante à condução dos negócios sociais, 
repartição dos sucessos ou responsabilização pelos fracassos da em-
presa. Quando se diz ter ocorrido a quebra da affectio, isso significa 
que os sócios não estão mais motivados o suficiente para manterem 
os laços societários que haviam estabelecido.”
Participação nos lucros e nas perdas
O art. 1.008 do Código Civil diz ser “nula a estipulação contratual 
que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas”. A parti-
cipação nos resultados sociais é o principal motivo para qualquer pessoa 
se unir a outras, numa sociedade empresária, pois o fim maior é explora-
rem uma atividade empresarial para remunerar o capital investido para 
sua constituição.
A participação nos resultados e nas perdas é diretamente proporcio-
nal à quantidade com que cada sócio participou na formação do capital 
social. Com relação à participação nos resultados, estes serão distribu-
ídos anualmente entre os sócios, após deliberação, ocorrendo casos de 
distribuição obrigatória de parte dos resultados sociais de um exercício 
(art. 2023 da Lei no 6.404/76).
Com relação às perdas, todos os sócios deverão responder subsidia-
riamente às obrigações da sociedade, quando não restar patrimônio social 
para responder pelas obrigações contraídas pela sociedade. Como já vi-
mos, esta responsabilidade subsidiária poderá ser ilimitada ou limitada, 
sendo esta restringida proporcionalmente ao capital investido pelo sócio.
As cláusulas contratuais
O contrato social, como qualquer contrato, é considerado um ato 
único, mas seu conteúdo é desdobrado em cláusulas ou preceitos menores 
e específicos a cada interesse ajustado entre as partes.
3 Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no 
estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas:
I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores:
a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e
b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios anteriores;
II - o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que tiver sido 
realizado, desde que a diferença seja registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197);
III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em exercícios 
subsequentes, deverão ser acrescidos ao primeiro dividendo declarado após a realização. 
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As cláusulas encontradas em um contrato social são divididas em: 
essenciais, as quais são indispensáveis ao arquivamento na Junta Comer-
cial, e as acidentais, que correspondem às negociações específicas feitas 
pelos sócios de uma sociedade em particular.
Deve-se ressaltar que o contrato social que não possuir as cláusulas 
essenciais não será inscrito nas Juntas Comerciais, que se guiam pelo 
art. 53, III, do Decreto no 1.800/96, o qual regulamentou a Lei no 8.934, 
de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Em-
presas Mercantis e Atividades Afins.
As cláusulas essenciais
O referido texto legal estabelece que o contrato social deve conter 
as seguintes cláusulas:
• o tipo de sociedade mercantil adotado;
• a declaração precisa e detalhada do objeto social;
• o capital da sociedade mercantil, a forma e o prazo de sua integra-
lização, o quinhão de cada sócio, bem como a responsabilidade 
dos sócios;
• o nome por extenso e a qualificação dos sócios procuradores, 
representantes e administradores, compreendendo: para pessoa 
física, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência, 
documento de identidade, seu número e órgão expedidor e número 
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), dispensada a 
indicação deste último no caso de brasileiro ou estrangeiro domici-
liado no exterior; para pessoa jurídica, nome empresarial, endereço 
completo e, se sediada no País, o Número de Identificação do Re-
gistro de Empresas (NIRE)ou do Cartório competente e o número 
de inscrição no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ);
• o nome empresarial, o município da sede, com endereço com-
pleto, e foro, bem como os endereços completos das filiais 
declaradas;
• o prazo de duração da sociedade mercantil e a data de encerra-
mento de seu exercício social, quando não coincidente com o 
ano civil.
Coelho (2010) observa, em sua obra, que o art. 997 e o art. 1.054 do 
Código Civil não têm servido de orientação dos órgãos de registro mer-
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cantil. Decerto, as Juntas Comerciais ainda seguem o estabelecido no art. 
53, III, do Decreto no 1.800/96.
Apesar desse posicionamento, entendemos ser importante que o 
contrato social estabeleça os poderes e as atribuições dos administradores, 
como previsto no art. 997, VI, do Código Civil.
A forma
Segundo o art. 997 do Código Civil, a sociedade constitui-se me-
diante contrato escrito, particular ou público. Assim, entendemos que a 
forma correta é por instrumento público ou particular. O contrato social 
por instrumento público se dá por meio de escritura pública lavrada por 
oficial de notas, que reduz a termo a vontade manifestada pelos sócios.
É imprescindível esclarecer que a condição de validade do registro 
do ato constitutivo depende do visto de um advogado, conforme previsto 
no art. 1o, § 2o, da Lei no 8.906/94.
Apesar de entendermos ser correta a forma escrita, por instrumen-
to público ou particular, o art. 9874 do Código Civil empresta validade 
perante terceiros a sociedade de fato, não sendo necessária a exibição de 
prova escrita para provar a sua existência.
Os direitos de sócios
Em princípio, acreditamos que o sócio possui apenas o direito de 
participar dos resultados financeiros da sociedade de que participa. Mas 
todos os sócios, independentemente do tipo da sociedade, possuem:
• direitos patrimoniais;
• direitos políticos;
• direito de fiscalizar a administração da sociedade;
• direito de retirada; e
• direito de preferência.
4 Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, 
mencionará:
I	 -	 nome,	 nacionalidade,	 estado	 civil,	 profissão	 e	 residência	 dos	 sócios,	 se	 pessoas	 naturais,	 e	 a	 firma	 ou	 a	
denominação,	nacionalidade	e	sede	dos	sócios,	se	jurídicas;
II	-	denominação,	objeto,	sede	e	prazo	da	sociedade;
III	 -	 capital	 da	 sociedade,	 expresso	 em	 moeda	 corrente,	 podendo	 compreender	 qualquer	 espécie	 de	 bens,	
suscetíveis	de	avaliação	pecuniária;
IV	-	a	quota	de	cada	sócio	no	capital	social,	e	o	modo	de	realizá-la;
V	-	as	prestações	a	que	se	obriga	o	sócio,	cuja	contribuição	consista	em	serviços;
VI	-	as	pessoas	naturais	incumbidas	da	administração	da	sociedade,	e	seus	poderes	e	atribuições;
VII	-	a	participação	de	cada	sócio	nos	lucros	e	nas	perdas;
VIII	-	se	os	sócios	respondem,	ou	não,	subsidiariamente,	pelas	obrigações	sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.
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Exercício social é o período
 correspondente a um ano
Os direitos patrimoniais
Toda sociedade, ao iniciar a sua atividade empresarial, conta ape-
nas com o capital social que, contabilmente, é considerado um passivo. 
Com o decorrer do exercício da atividade, que tem por finalidade últi-
ma gerar lucros, a sociedade passa a conquistar ativos que integrarão o 
patrimônio social.
Após um exercício social, os lucros acumulados no período terão 
seu destino decidido pelos sócios. Comumente, estes recursos financeiros 
são distribuídos proporcionalmente aos sócios. Porém, podem ser con-
vertidos em ativo imobilizado, por meio 
de aquisição de bens que integrarão o 
patrimônio social.
Assim, os direitos patrimo-
niais de sócio podem ser consi-
derados:
• o recebimento de 
pa r t e dos luc ros 
acumulados em um 
exercício social;
• a participação no pa-
trimônio social, quando 
ocorrer extinção da socieda-
de, dissolução parcial ou retirada 
do sócio ou, nas sociedades anônimas, transformação de ações 
ordinárias ou preferenciais em ações de fruição.
Tanto a participação nos lucros do exercício como a participação 
no patrimônio social serão proporcionais ao investimento realizado pelo 
sócio ao participar do capital social.
Os direitos políticos
A sociedade, como toda pessoa jurídica, é uma entidade mera-
mente jurídica, pois não possui existência física. Porém, dotadas de 
personalidade jurídica, as sociedades exercem a atividade à qual está 
destinada, adquirindo direitos e contraindo obrigações, ou seja, praticando 
negócios jurídicos.
Sabemos que os negócios jurídicos são atos de vontade. Como uma 
sociedade não possui vontade própria, compete aos seus representantes 
decidir sempre por lograr os fins sociais.
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Das decisões tomadas para a consecução dos fins a que se destina a 
sociedade, algumas são tomadas pelo seu corpo diretivo, ou seja, aqueles 
que cuidam diretamente da administração social.
No entanto, outras decisões, pela repercussão causada aos interesses 
da sociedade, necessitam de ser tomadas por meio do consenso entre to-
dos os sócios, através de um órgão social denominado assembleia.
Os direitos políticos de sócio se referem justamente na faculdade de 
este participar ativamente nas decisões em favor da sociedade, com rela-
ção aos assuntos que merecem tratamento em assembleia.
Vale lembrar que os direitos políticos atribuídos ao sócio são regra, 
sendo que, especificamente às sociedades anônimas, cabe a exceção, 
quando a lei permite à companhia emitir ações sem direito a voto, as cha-
madas ações preferenciais.
Direito de fiscalização
Em uma sociedade com a presença de poucos sócios, geralmente 
estes participam da sociedade não apenas como investidores, mas como 
administradores e colaboradores diretos, portanto interados de todos os 
acontecimentos de interesse da sociedade.
Em outras sociedades, devido ao grande número de sócios e à com-
plexidade de sua atividade empresarial, podemos observar a presença de 
sócios administradores, aqueles que, além de integrarem o quadro social, 
participam de órgãos administrativos, como o conselho de administração 
e a diretoria. 
Outros, menos interessados em participar ativamente da adminis-
tração da sociedade, permanecem apenas como investidores. Pelo fato 
de estes não estarem diretamente ligados à administração da sociedade, 
é-lhes garantido o direito de fiscalização, que ocorre de duas maneiras: di-
retamente, quando os administradores devem prestar contas de sua gestão 
em assembleia-geral ordinária, e indiretamente, por meio de órgão social 
denominado conselho fiscal.
Direito de retirada
O direito de retirada possui tratamento constitucional, pois 
o art. 5o, XX, da Constituição Federal estabelece que “ninguém poderá ser 
compelido a associar-se ou a permanecer associado”.
Vimos em aula anterior que a constituição de uma sociedade empre-
sária é um ato de vontade, em que duas ou mais pessoas resolvem se unir 
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