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DIREITO VIRGINIA DE faTIMA DIAS EMPRESARIAL E M P R E S A R IA L D IR E IT O V IR G IN IA D E f a T IM A D IA S O Direito é uma área bastante ampla em suas aplicações sociais, sendo o direito empresarial, ainda que extremamente importante, apenas um de seus ramos. As noções acerca do direito em- presarial são necessárias na medida em que pos- sibilitam uma melhor compreensão das normas jurídicas que regulam a atividade empresarial, segmento tão importante para a sociedade em geral por movimentar a economia dos países. De modo mais específico, esse ramo jurídico regula as atividades dos empresários e das sociedades empresárias e dispõe acerca das formalidades que envolvem a abertura de uma empresa e das regras para sua continuidade e extinção, embasa- das na Constituição Federal, no Código Civil e na Lei de Falências e Recuperação de Empresas. Sendo assim, a presente obra traz conhecimentos básicos e de reflexão a respeito do direito empre- sarial, destinados a auxiliar o acadêmico na sua formação profissional. Código Logístico 58709 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6501-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 0 1 1 Direito Empresarial Virgínia de Fátima Dias IESDE 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: ImageFlow/Shutterstock Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ D536d Dias, Virgínia de Fátima Direito empresarial / Virgínia de Fátima Dias. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 112 p. . Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6501-1 1. Direito empresarial - Brasil. I. Título. 19-61462 CDU: 347.7(81) Virgínia de Fátima Dias Mestre em Educação e especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba (FDC). Graduada em Letras Português-Inglês pela PUCPR. Atua na área da educação há mais de 30 anos, é advogada e professora de graduação e pós-graduação. Autora de livros didáticos para ensino a distância. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Noções gerais de direito empresarial 9 1.1 O direito empresarial e os outros ramos do Direito 9 1.2 Teoria jurídica da empresa e a figura do empresário 12 1.3 Capacidade para empresariar 16 2 Elementos da atividade empresarial 20 2.1 Registro da empresa 20 2.2 Nome empresarial 23 2.3 Estabelecimento empresarial 26 3 Teoria geral das sociedades 32 3.1 Constituição da sociedade e elementos essenciais 32 3.2 Administração societária 36 3.3 Desconsideração da personalidade jurídica 40 4 Classificações das sociedades 46 4.1 Responsabilidade dos sócios 46 4.2 Personificação 51 4.3 Regime de dissolução e liquidação 53 5 Tipos empresariais mais utilizados no Brasil 58 5.1 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 58 5.2 Sociedade limitada 61 5.3 Sociedade anônima 64 6 Direito falimentar 72 6.1 Noções básicas da legislação reguladora do direito falimentar 72 6.2 Recuperação de empresa 74 6.3 Falência 79 7 Noções gerais de propriedade industrial 86 7.1 Propriedade industrial e sua importância ao empresário 86 7.2 Marca e sua proteção legal 89 7.3 Patente e suas características 93 8 Títulos de crédito 99 8.1 Conceito, características e importância para a economia 99 8.2 Princípios e atributos 102 8.3 Os títulos em espécie 107 APRESENTAÇÃO A presente obra traz conhecimentos básicos e de reflexão a respeito do direito empresarial, que são destinados a auxiliar você, acadêmico e estudioso desta disciplina, na sua formação profissional. As noções acerca do direito empresarial são necessárias na medida em que possibilitam uma melhor compreensão das normas jurídicas que regulam a atividade empresarial, segmento tão importante para a sociedade em geral por movimentar a economia dos países. A Constituição Federal de 1988, lei mais importante do país, determina que é de atribuição da iniciativa privada a exploração de atividades econômicas. Nesse sentido, o direito empresarial, que é um ramo do direito privado, está entre as áreas jurídicas que normatizam a relação entre os particulares. Mais especificamente, esse ramo jurídico regula as atividades dos empresários e das sociedades empresárias e dispõe acerca das formalidades que envolvem a abertura de uma empresa e das regras para sua continuidade e extinção. Há várias leis que o regulam, sendo a principal delas o Código Civil, que é responsável por normatizar a maioria das relações privadas e traz, a partir do artigo 966, as diretrizes jurídicas do direito de empresa. Considerando que o Direito é bastante amplo em suas aplicações sociais e o direito empresarial, ainda que extremamente importante, é apenas um de seus ramos, no Capítulo 1, para sua maior compreensão, apresentaremos os seguintes assuntos: definição e características das normas jurídicas; relação do direito empresarial com outros ramos do Direito; teoria jurídica da empresa, adotada pelo Código Civil; e capacidade para empresariar como noções gerais do direito empresarial. Já adentrando exclusivamente nos temas atinentes à seara do direito empresarial, trataremos, no Capítulo 2, do registro de empresa, do nome empresarial e do estabelecimento empresarial, elementos essenciais ao exercício da atividade econômica organizada. No Capítulo 3, veremos mais um dos objetos de estudo do direito empresarial: a teoria geral das sociedades, porque, assim como existem as sociedades simples, há também diversos tipos de sociedades empresárias, sobre as quais aprenderemos no Capítulo 4. As sociedades tiveram origem no século XII e, com a evolução social e econômica, foram demandando regulamentação legal cada vez mais aprimorada. Atualmente, existem aquelas sociedades que, por suas características, são as mais utilizadas no Brasil; sendo assim, discutiremos esse assunto no Capítulo 5. Na sequência, faremos a análise da Lei de Falências e Recuperação de Empresas, utilizada em situações de crise econômico-financeira das organizações. Trabalharemos esse tema no Capítulo 6, uma vez que o cenário econômico de um país, por não ter estabilidade, gera tribulações ao administrador de empresas, o qual se vê obrigado a recorrer aos mecanismos legais existentes para garantir a manutenção da atividade econômica. O assunto abordado é instigante porque, de maneira recorrente, temos notícias de grandes empresas que pedem recuperação judicial. No Capítulo 7, aprenderemos que a compreensão do direito empresarial envolve, ainda, o estudo de temas como direito de propriedade, pois as ideias utilizadas pelos empresários são protegidas por lei como bens intangíveis. Por fim, no Capítulo 8, trataremos dos títulos de crédito, os quais são importantes por permitirem que o capital circule de maneira segura e rápida no mercado. Boa leitura! 9Noções gerais de direito empresarial 1 Noções gerais de direito empresarial O direito empresarial é uma área jurídica de grande relevân- cia dentre as áreas do Direito, porque ao regular a organização da atividade empresária, determinando como devem proceder os empresários individuais e a sociedade empresária, busca garan- tir maior segurança jurídica a todos que comeles se relacionam, bem como resguardar as atividades econômicas realizadas pelas empresas. Nesse sentido, é importante compreender o objeto de estu- do do direito empresarial e como ele interage com outras áreas jurídicas, como o direito constitucional, o direito penal e o direito administrativo. Esses conhecimentos auxiliam na compreensão da relevância da aplicação correta das normas jurídicas de direito empresarial. Afinal, é evidente a importância econômico-social que a atividade empresária possui no contexto financeiro de um país, por gerar empregos, garantir uma concorrência saudável ao mercado, ren- der pagamento de tributos ao Estado e proporcionar responsabili- dade ambiental e social. 1.1 O direito empresarial e os outros ramos do Direito Vídeo Direito é uma palavra que pode ser utilizada em vários sentidos, conforme o contexto em que é apresentada. Pode significar ciência ju- rídica, justiça ou norma jurídica. Norma jurídica, segundo Nader (2015, p. 83), “é a conduta exigida ou o modelo imposto de organização social”. O autor assim a concebe 10 Direito Empresarial por tratar-se de regras instituídas pelo Estado para que a sociedade se desenvolva em harmonia. O direito como norma jurídica surge, ainda que de maneira costu- meira, no momento em que o ser humano passa a viver em socieda- de, como um meio de regular e assegurar o convívio social harmônico diante de tantas possibilidades de competição e conflitos decorrentes da vida social. A norma jurídica tem como característica ser bilateral, pois vincula duas ou mais pessoas, estabelecendo poder e dever a elas; abstrata, regulando as situações como normalmente ocorrem; geral, por ser aplicada a todos os indivíduos; imperativa, por determinar exigências e, por fim, coercitiva, ou seja, existe nela a possibilidade do uso da coer- ção, a fim de que seja respeitada. Cada uma das áreas do Direito é regulada por normas jurídicas am- plas, advindas especialmente do direito constitucional e outras especí- ficas às suas áreas. Quando, por exemplo, dois indivíduos decidem associar-se para abrir um estabelecimento comercial e empreender, devem obedecer a algumas regras denominadas normas jurídicas e, por serem voltadas a uma sociedade empresária comercial, tais normas compõem o direito empresarial. O direito empresarial surgiu em 2002 como um "ramo do Direito que regula as relações provenientes da atividade particular de produ- ção e circulação de bens e serviços, exercida com habitualidade e com o intuito de lucro, bem como as relações que lhes sejam conexas e derivadas” (BRUSCATO, 2011, p. 55). Portanto, o objeto do direito empresarial é a regulamentação da atividade empresarial e todas as relações com ela conexas, como as exigências para ser empresário, os tipos e características das socieda- des empresariais, as exigências legais relativas ao registro e ao estabe- lecimento empresarial. O direito empresarial é um ramo relativamente recente, uma vez que surgiu a partir do Código Civil de 2002, porém, suas raízes estão no direito comercial, área bastante antiga do Direito, que remonta às operações mercantis ocorridas na Idade Média. O direito empresarial é uma área jurídica que regula o quê? Atividade 1 11Noções gerais de direito empresarial O direito empresarial não é composto de um conjunto de normas jurí- dicas isoladas das demais áreas do Direito. Ao contrário, em seu exercício é possível perceber que, embora seja um ramo autônomo, com normas e princípios próprios, está estreitamente ligado a outras áreas jurídicas que ora lhe dão suporte, ora se utilizam dele em suas aplicações. Considerando as relações do direito empresarial com as outras áreas jurídicas, Bruscato (2011, p. 47) alerta que: os ramos do direito empresarial, civil, trabalhista, consumeris- ta, econômico, administrativo, tributário e ambiental estão inti- mamente interligados, num equilíbrio nem sempre fácil entre princípios de direito público e direito privado, para o exercício da atividade econômica, que, em seu conjunto, deveria ser capaz de assegurar existência digna a todos e promover a justiça social. Na esteira do que defende Bruscato, o exercício da atividade econô- mica não deve apenas estar voltado ao lucro das empresas, mas, sim, à concretização do princípio da dignidade humana, considerado como princípio norteador do ordenamento jurídico no Brasil. O direito constitucional, ao tratar da ordem econômica e financeira e trazer os valores sociais da propriedade, sustenta a necessidade de que o exercício da atividade empresarial precisa se basear no compro- misso social, seja nas relações trabalhistas, consumeristas ou com o meio ambiente. No que se refere a sua relação com o direito civil, o Direito empre- sarial utiliza-se de conceitos regulados por tal área do direito, como pessoa física e pessoa jurídica, domicílio, negócio jurídico, prescrição e decadência, entre outras. Além disso, é no Código Civil brasileiro de 2002, na sua parte especial, que se encontram as normas basilares do direito empresarial. O direito empresarial relaciona-se também com o direito tributário, ramo do direito público responsável por regular, por meio de suas nor- mas jurídicas, a criação, a arrecadação e a aplicação dos tributos, uma vez que toda pessoa física e jurídica submete-se à vontade do Estado ao pagar tributos e resignar-se a sua fiscalização, garantindo o custeio das atividades que ele desempenha. Ao tratarmos do direito penal, geralmente, imagina-se que tal ramo do direito se aplica apenas em situações de latrocínio, roubo, estelionato. 12 Direito Empresarial Mas é preciso considerar que o regramento jurídico penal também possui leis voltadas ao combate de condutas empresariais lesivas à população e ao Estado, como a Lei n. 9.613, de 1998, que trata da La- vagem de Capitais e a Lei n. 6.385/1986, a qual regula os crimes contra o mercado de capitais. A relação do direito empresarial com o direito administrativo acon- tece, embora o primeiro seja um ramo do direito privado, e o segun- do esteja entre os ramos do direito público, porque as sociedades empresariais e os empresários atuam dentro de determinadas limi- tações impostas pelo direito administrativo, em especial as empresas públicas e sociedades de economia mista que compõem as empresas estatais. A aplicação do direito ambiental exige uma abordagem interdis- ciplinar das normas relativas à proteção, recuperação e melhoria do meio ambiente entre os vários ramos do Direito. Nesse sentido, o direito empresarial envolve-se com o direito ambiental, seja pelo crescente interesse na proteção ambiental (que atinge inegavelmen- te a imagem da empresa), seja para evitar sanções, uma vez que as empresas que exerçam atividades poluidoras sujeitam-se ao licencia- mento ambiental. O direito empresarial guarda também relação com o direito do tra- balho, pois aborda temas voltados à responsabilidade dos gestores, acionistas e controladores, como também da empresa propriamente dita, envolvendo, assim, a proteção dos empregados, cujos contratos são regulados pelas normas de direito do trabalho. 1.2 Teoria jurídica da empresa e a figura do empresárioVídeo Com as relações mercantis na Idade Média, surgiu o direito co- mercial. Em seu início, esse ramo do direito tinha como objetivo dis- ciplinar as atividades desenvolvidas pelos comerciantes reunidos em corporações. Sobre esse momento histórico do direito comercial, Coelho (2010, p. 12-13) explica que: a partir da segunda metade do século XII, com os comerciantes e artesãos se reunindo em corporações de artes e ofícios, inicia-se 13Noções gerais de direito empresarial o primeiro período histórico do direito comercial. Nele, as cor- porações de comerciantes constituem jurisdições próprias cujas decisões eram fundamentadas principalmente nos usos e costu- mes praticados por seus membros. Considerando o ensinamento de Coelho, o direito comercial caracterizou-se como uma área jurídicacorporativista em seu surgimento, restrita apenas aos comerciantes matriculados nas corporações de mercadores. Mas, assim como todas as demais áreas do Direito, o direito comer- cial ampliou-se com a evolução das relações sociais e econômicas. Historicamente, o direito comercial pode ser dividido em três fases: a primeira voltada aos que praticavam o comércio, tendo como núcleo o comerciante matriculado na corporação, denominou-se de fase sub- jetiva; a segunda iniciou-se com o Código de Comércio Napoleônico, de 1807, baseou-se nos atos de comércio, originou-se na França e foi chamada de fase objetiva; e a terceira fase, criada a partir do Código Civil italiano, de 1942, fundamentou-se na teoria jurídica da empresa e é a fase atual (TADDEI, 2002). Em sua fase subjetiva, o direito comercial era autônomo em rela- ção ao direito civil e era elaborado pelos comerciantes reunidos nas corporações, para disciplinar suas atividades profissionais. Com o tem- po, ocorreu um enfraquecimento das corporações de mercadores. Enquanto isso, surgiram na França as primeiras codificações das nor- mas comerciais, e o direito comercial baseou-se nas práticas de atos de comércio enumerados na lei conforme critérios históricos. Com o desenvolvimento das atividades econômicas, a relação de atos comer- ciais existentes na lei não mais atendia à necessidade de normatização das relações comerciais e, assim, surgiu na Itália a nova teoria, adotada pelo legislador brasileiro em 2001, a teoria jurídica da empresa. Conforme explica Coelho (2010, p. 25), apesar da vigência de um Código Comercial ainda inspirado na teoria dos atos de comércio, a doutrina, a jurisprudência e a pró- pria legislação esparsa cuidaram de ajustar o direito comercial, para que pudesse cumprir sua função de solucionar conflitos de interesses entre os empresários por critérios mais adequados à realidade econômica do último quarto do século XX. O vídeo Dicas de Direito Fases do Direito Comercial, publicado pelo canal Leo- nardo Rafful, explica por quais fases passou o di- reito comercial de forma clara e sucinta. Disponível em: https://www.youtu- be.com/watch?v=iB94wGUcOSs. Acesso em: 1 out. 2019. Vídeo Quais são as fases históricas do direito comercial? Atividade 2 14 Direito Empresarial A teoria jurídica da empresa ampliou o campo de abrangência do direito comercial, pois alcançou atividades econômicas até então consi- deradas civis. Sobre tal fato, Bruscato (2011, p. 38) leciona: com a regulamentação do direito de empresa pelo Livro II do Có- digo Civil, que abandonou a teoria dos atos de comércio, revo- gando a primeira parte do Código Comercial de 1850, o antigo comerciante evoluiu para empresário, envolvido com todo tipo de atividade econômica. No Brasil, em decorrência das transformações e avanços ocorridos nas últimas décadas, o Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850, foi revogado pelo Código Civil, de 2002, e atualmente só está em vigor em matérias que se referem ao direito comercial marítimo, dan- do espaço ao direito empresarial, o qual traz a figura do empresário, uma vez que é ele quem exerce a atividade empresária. O Código Civil, de 2002, no artigo 966, determina que se considera “empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica e organizada voltada para a produção ou circulação de bens ou serviços” (BRASIL, 2002). Assim, há propensão para que as normas de direito empresarial se baseiem em atividade profissional econômica de conteúdo empresa- rial, o que acontece sempre por meio de uma empresa, seja ela coletiva ou individual. Entretanto, não há na legislação brasileira atual a definição de em- presa. A lei define apenas o empresário que, segundo ela, organiza a ati- vidade econômica, recaindo sobre ele as normas jurídicas reguladoras dessa atividade. Da definição de empresário apresentada pelo Código Civil é possí- vel destacar elementos caracterizadores da atividade empresária, tais como o profissionalismo, a atividade econômica organizada e a produção ou circulação de bens e serviços (BRASIL, 2002). Quando a norma jurídica determina que o empresário é quem exer- ce profissionalmente uma atividade, traz a necessidade de existir uma sucessão contínua de ações para alcançar o exercício da atividade em- presária e não apenas um ou alguns atos. Conforme menciona Bruscato (2011, p. 62), empresa é um conjunto “de atos organizados e encadeados, praticados pelo comerciante ou empresário, na atividade”. Exemplificando: o fato de você vender seu carro não o torna um empresário. Entretanto, se você formaliza um 15Noções gerais de direito empresarial estabelecimento comercial que tem por objeto social a comercialização de veículos, organiza a atividade com base em tal objeto social e sobre- vive economicamente de tal atividade, você pode ser considerado um empresário. Além da habitualidade no exercício da atividade, existem também os requisitos da pessoalidade (voltados ao modo como a atividade é exercida; é o empresário que desenvolve sua atividade, sozinho ou com empregados) e do monopólio das informações (relaciona-se à for- ma como a atividade acontece, por exemplo, qual é a metodologia de vendas adotada pelo empresário). O termo atividade econômica organizada refere-se à estruturação de bens materiais e imateriais organizados pelo empresário para a busca do lucro. Tais bens são constituídos a partir de um capital inves- tido na empresa. Importante lembrar que, além do capital, existem a mão de obra, os insumos e a tecnologia formando a atividade econô- mica organizada. Por fim, ao trazer produção e circulação de bens e serviços, o le- gislador explicita as atividades econômicas desenvolvidas pelo empre- sário, que são a fabricação de produtos ou mercadorias, bem como o comércio e a intermediação da prestação de serviços. Não são empresários, segundo o parágrafo único do artigo 966 do Código Civil, aqueles que exercem “profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa” (BRASIL, 2002). Excluíram-se, portanto, os profissionais libe- rais do conceito de empresários. Entretanto, quando a atividade inte- lectual integrar uma organização maior, torna-se elemento da empresa e, assim, enquadra-se na definição de empresário. Um exemplo disso é quando um médico deixa de atender em seu consultório, que teve grande expansão, inclusive passando a realizar exames para adminis- trar a clínica em que o consultório se transformou. Nesse caso, o exer- cício da profissão constituiu elemento de empresa. É importante compreender que a figura do empresário não se con- funde com a pessoa do sócio. Conforme explica Mamede (2012, p. 5), o sócio, no entanto, não é, juridicamente, um empresário; é ape- nas o titular de um direito pessoal com expressão patrimonial econômica: uma ou mais frações ideais do patrimônio social, 16 Direito Empresarial frações essas que são chamadas de quotas, nas sociedades con- tratuais e na sociedade cooperativa, de ações, nas sociedades anônimas e nas sociedades em comandita por ações. Assim, como ensinado por Mamede, o sócio é aquele que detém uma parte – chamada tecnicamente de fração – de qualquer sociedade, participando do contrato da sociedade empresarial. Já o empresário é uma pessoa jurídica ou física que organiza a atividade econômica. Também é necessário distinguir o empresário da figura da empresa, uma vez que a última não é um sujeito da relação jurídica, mas, sim, um objeto de tal relação, diferente do que ocorre com o empresário e com o sócio, que são pessoas detentoras de direitos e obrigações. Sobre tal distinção, Bruscato (2011, p. 86) leciona que: “considerar a empresa como sujeito de direito parece esbarrar em questões de or- dem prática. Ela não é dotada de capacidade negocial nem processual. Os titulares da aptidão legal para adquirir e exercer direitose contrair obrigações são o empresário individual ou a sociedade empresária”. Depreende-se de tal ensinamento que a empresa não pode ser con- fundida com o empresário, o qual é sujeito de direitos e obrigações e responde pelos atos praticados em sua constituição, bem como duran- te toda a sua existência. 1.3 Capacidade para empresariar Vídeo Para ser empresário é preciso que a pessoa que pretende empreen- der se encontre em pleno gozo da capacidade civil e não esteja impedi- da por lei. Entenda-se por capacidade civil a aptidão para ser titular de direitos e de contrair obrigações. É no Código Civil brasileiro que se encontra a normatização acerca da capacidade civil. Ele determina quem são os absolutamente inca- pazes, ou seja, quais os indivíduos que possuem direitos, porém não detém nenhum discernimento para a prática dos atos civis e, por isso, precisam ser representados em seus atos por seus responsáveis le- gais. São eles os menores de 16 anos, os que não tiverem o necessá- rio discernimento para a prática desses atos por possuírem alguma enfermidade ou deficiência mental e, por fim, aqueles indivíduos que não podem exprimir a vontade, ainda que por motivo transitório (por 17Noções gerais de direito empresarial exemplo, uma pessoa que se encontra internada em estado de coma em um hospital). Ressaltamos que para a caracterização de uma pessoa com deficiên- cia mental ou de anomalia psíquica é necessária a declaração judicial de sua incapacidade, por meio de propositura de ação de interdição. Na sentença que decreta a interdição, o juiz nomeia um curador ao interditado, que se torna seu representante legal. Para a legislação civil brasileira, são considerados relativamente incapazes (pessoas que possuem algum discernimento para praticar atos da vida civil, mas que precisam ser assistidos por representantes legais para fazê-lo) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; os alcoólatras e os dependentes químicos; os que tenham discernimento reduzido por deficiência mental; os excepcionais e os pródigos (pes- soas que gastam desordenadamente seus bens, ameaçando a estabi- lidade de seus patrimônios). Os atos civis praticados por tais pessoas podem ser anulados, isto é, se o relativamente incapaz praticar um ne- gócio jurídico sem a assistência de seu representante legal, tal ato terá validade no momento da sua execução, mas poderá ser anulado por meio de uma ação judicial (BRASIL, 2002). Portanto, no que se refere à capacidade, o indivíduo pode ser em- presário se, ao iniciar tal atividade, estiver em pleno gozo da capaci- dade civil, o que ocorre aos 18 anos ou com a emancipação que, no Direito brasileiro, pode ocorrer aos 16 anos de idade. No caso do empresário capaz que, posteriormente, perdeu a capa- cidade civil, ele deve ser representado ou assistido, com averbação no registro público de empresas mercantis acerca de tal situação. A ativi- dade econômica pode ter continuidade por meio da condução de um ou mais gerentes, sempre por escolha do juiz, caso o representante legal seja impedido por lei. Acerca da autorização para continuidade da empresa, encontramos em Mamede (2012, p. 20) que: essa posição reflete o princípio da preservação da empresa, fun- dado na constatação de sua função social, ou seja, do benefício econômico de mantê-la. Para tanto, exige-se prévia autorização do Judiciário, ouvido o Ministério Público, devendo ser examina- das as circunstâncias e os riscos da empresa, bem como a conve- niência em continuá-la. No vídeo Você sabe quem pode exercer atividade em- presarial?, publicado pelo canal Franco Maziero // Canal Mais Direito, o autor leciona sobre a capacida- de para ser empresário, conforme determina a le- gislação empresarial bra- sileira, usando exemplos esclarecedores. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=1LoKc83Mij0. Acesso em: 1 out. 2019. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=1LoKc83Mij0 https://www.youtube.com/watch?v=1LoKc83Mij0 18 Direito Empresarial Portanto, deve existir autorização judicial, a qual se condiciona à persuasão do juiz no que se refere à conveniência ou não de autorizar, conforme as normas jurídicas, a continuidade da atividade empresária. Além da capacidade para ser empresário, outra condição é que a pessoa não esteja impedida por lei. Então, embora seja capaz, não pode ser empresário ou mesmo atuar como administrador de sociedade em- presarial aquele que em virtude da natureza da atividade exercida for considerado impedido pela legislação, tais como governadores de es- tado; funcionários públicos federais, estaduais ou municipais; militares da ativa do Exército, da Aeronáutica ou Marinha; magistrados, os cor- retores e leiloeiros; cônsules; médicos em farmácias, drogarias ou la- boratórios farmacêuticos; estrangeiros com visto temporário (BRASIL, 2002). Assim, um profissional que é contador de uma prefeitura (fun- cionário público municipal), por exemplo, não pode ser empresário. Alguns empresários realizam pessoalmente a gestão de sua em- presa, enquanto outros optam por contratar administradores para tal função. De qualquer maneira, conforme previsões legais, não podem ser ad- ministradores de empresas os condenados a alguma pena que proíba, mesmo que por tempo determinado, o acesso a cargos públicos; que tenham praticado crime contra a economia popular; contra as normas de defesa e da concorrência; contra as relações de consumo; contra o sistema financeiro nacional, a fé púbica ou a propriedade. O impedido, ao exercer atividade exclusiva de empresário, respon- de pessoalmente pelas obrigações que contrair. CONSIDERAÇÕES FINAIS O direito perpassa todas as relações sociais, com o objetivo de organi- zar a sociedade e garantir o desenvolvimento social. Por isso, existem normas jurídicas aplicadas a diversas áreas, e os inú- meros ramos do direito se relacionam entre si, uma vez que nas situações cotidianas reguladas pelas normas jurídicas, podem estar envolvidos vá- rios aspectos jurídicos, sejam de direito constitucional, direito civil, direito penal, direito empresarial, entre outros. Nesse contexto, o direito empresarial surge a partir da evolução do direito comercial. Se antes existiu um Código Comercial, instrumento de normatização das atividades comerciais por um longo período da história, Liste três situações que impedem o indivíduo de ser um empresário. Atividade 3 19Noções gerais de direito empresarial tal codificação foi revogada em grande parte pelo Código Civil, de 2002, surgindo a figura extremamente importante do empresário no contexto econômico dos países. A legislação reguladora do direito empresarial não conceitua empresa, mas denomina quem é o empresário – quem pode exercer tão relevan- te atividade econômica para a sociedade – uma vez que gera empregos, possibilita a competitividade econômica, paga tributos ao Estado e possui responsabilidade social. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 6385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385. htm. Acesso em: 1 out. 2019. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10406.htm. Acesso em: 1 out. 2019. BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011. COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. v. 1. MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012. NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2015. TADDEI, M. G. O Direito Comercial e o novo Código Civil brasileiro. Revista Jus Navigandi, v. 7, n. 57, jul. 2002. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/3004. Acesso em: 4 set. 2019. GABARITO 1. O direito empresarial regula a atividade da empresa e todas as relações com ela conexas. 2. As fases históricas do direitoempresarial são a fase do comerciante matriculado na corporação (fase subjetiva), a fase dos atos e comércio (surgida na França) e a fase da teoria jurídica da empresa (italiana). 3. Governadores de estado; funcionários públicos; militares da ativa do Exército, da Aeronáutica ou Marinha; magistrados; corretores e leiloeiros; cônsules; médicos em farmácias, drogarias ou laboratórios farmacêuticos; bem como estrangeiros com visto temporário não podem ser empresários. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm 20 Direito Empresarial Neste capítulo, apresentaremos algumas das obrigações do empresário, bem como alguns dos elementos que compõem a atividade empresarial, considerando a importância econômica e social que as empresas possuem no contexto de um país. Para tanto, serão abordados os temas registro da empresa, nome empresarial e estabelecimento empresarial. Os conhecimentos acerca desses temas são relevantes porque oportunizam o entendimento da aplicação prática que envolve a legislação empresarial. 2.1 Registro da empresa Como uma maneira de dar publicidade, bem como autenticidade aos atos jurídicos praticados pelas empresas mercantis, a legislação brasileira exige que o empresário realize o registro comercial de sua atividade empresarial no Registro Público de Empresas Mercantis. Também as empresas estrangeiras em funcionamento no país de- vem ter seu cadastramento em tal órgão e manter atualizadas suas informações, seja qual for o seu objeto. Afinal, todas as sociedades empresariais, independentemente do objeto a que se dedicam, devem ser registradas na Junta Comercial do estado em que estão sediadas (COELHO, 2010). Os documentos que são utilizados para o registro, segundo a Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994, são o ato constitutivo (estatuto ou contrato social) e as alterações. A partir do registro, as empresas nacionais e estrangeiras recebem o Número de Identificação do Registro de Empresas (NIRE), o qual se re- fere ao registro de legalidade da empresa na Junta Comercial, ou seja, é como se fosse a certidão de nascimento da empresa. Ele é compatibili- Onde é feito o registro das empresas e das sociedades empresariais? Atividade 1 2 Elementos da atividade empresarial Vídeo 21Elementos da atividade empresarial zado com os demais cadastros federais (tal como o do Instituto Nacio- nal de Seguridade Social, por exemplo) e permite às empresas realizar o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) na Receita Federal. Existe uma Junta Comercial em cada unidade federativa, com compe- tência para matrícula, arquivamento, autenticação de livros e cancelamen- to de registro, segundo estabelece a Lei n. 8.934/1994. O ato de registro da empresa na Junta Comercial tem caráter formal, ou seja, atende às formalidades exigidas pela Lei n. 8.934/1994 para a constituição, alteração, dissolução e extinção das sociedades empre- sariais, assim como para o arquivamento da firma individual, os atos relativos a consórcio e grupo de sociedades, a autorização de funciona- mento de empresas estrangeiras e as declarações de microempresas. O não cumprimento da lei quanto ao registro da atividade empresa- rial na Junta Comercial do estado em que está situada acarreta sanções legais. Por exemplo, no caso da sociedade empresarial, os sócios pode- rão responder com seu próprio patrimônio por todas as obrigações da sociedade, além de que tal sociedade (chamada de irregular) não pode requerer recuperação judicial para si ou pedido de falência de outro empresário, conforme previsto na Lei n. 10.101/2005. Ainda acerca do não registro da atividade empresarial nos moldes legais, Bruscato (2011, p. 118) adverte que: aquele que exerce a empresa de modo clandestino desafia a le- gislação fiscal previdenciária e trabalhista, sujeitando-se a conse- quências administrativas, civis e penais. O risco de apreensão de mercadoria, interdição do local de trabalho, incidência de multas e imposição de impedimentos é grande. Caso seja surpreendido, pode perder tudo aquilo que estruturou. Ao optar por manter a empresa irregular, ou seja, sem o devido registro, conforme explicado por Bruscato (2011), o empresário corre sérios riscos em seu negócio, além de sofrer desvantagens, como ficar impedido de participar de licitações ou conseguir financiamentos públi- cos para investir em seus negócios. É necessário ressaltar que a existência da atividade empresarial, realizada pelo empresário individual ou pela sociedade empresarial, não depende do registro, por isso existem sociedades irregulares. En- tretanto, a lei determina a obrigatoriedade de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis (BRASIL, 2002). 22 Direito Empresarial O empresário individual realiza seu cadastro na Junta Comercial, as- sim como a sociedade empresarial tem o registro de seu ato constituti- vo no Registro de Empresas Mercantis. Exemplificando, uma sociedade empresarial que tenha por objeto a comercialização de roupas terá seu ato constitutivo registrado na Junta Comercial. No caso da sociedade simples, ou seja, aquela desenvolvida para realizar atividades intelectuais, artísticas, científicas e literárias, confor- me menciona o parágrafo único do artigo 966, da Lei 10.406, há exigên- cia de registro do ato constitutivo no cartório de registro de pessoas jurídicas, desde que não adote o regime de sociedade limitada. Ado- tado o regime de sociedade limitada, o registro da sociedade simples deve ocorrer na Junta Comercial do estado em que atua. Por exemplo, uma sociedade de médicos faz o registro de seu ato constitutivo no cartório de registro de pessoas jurídicas, mas se os sócios optarem por realizar uma sociedade limitada, em que a responsabilidade dos sócios em relação às obrigações sociais restringe-se ao número de cotas que eles têm na sociedade, o registro do contrato social deve ser feito na Junta Comercial. Há duas espécies de tramitação dos processos de registro de em- presas. A primeira é o regime de decisão singular, que é o mais utili- zado, ocorrendo, por exemplo, na alteração de contrato de sociedade limitada, quando a análise do cumprimento das exigências legais por parte do empresário é feita por apenas um vogal 1Vogal, do latim vocalis (que tem voz), designa a pessoa que per- tence ou faz parte de qualquer corporação ou órgão, tendo voto ou deliberando sobre os casos submetidos à apreciação das mesmas instituições (SILVA, 2004). 1 , pessoa nomeada em âmbito estadual pelo governo do estado ou por um funcionário da Junta designado pelo presidente da Junta Comercial. Já no caso de maior complexidade das análises e decisões, como ocorre no arquivamento de atos referentes a sociedades anônimas, o regime adotado pelas Juntas Comerciais é o de decisão colegiada. O co- légio de vogais é composto de pessoas nomeadas por decreto do gover- nador do estado. Além do registro do ato constitutivo no órgão competente, cabe ao empresário manter a escrituração regular de seus negócios e realizar demonstrações contábeis periódicas, uma vez que ele precisa ter con- trole da própria atividade. No que se refere ao registro na Junta Comercial, há duas exceções legais de atividades empresariais que são dos pequenos empresários e dos empresários rurais. 23Elementos da atividade empresarial Conforme previsão legal (artigo 971 do Código Civil), o trabalha- dor rural – o qual realiza profissionalmente atividades econômicas, como de plantação de vegetais destinados a alimentos – está dis- pensado de realizar inscrição na Junta Comercial, mas pode fazê-lo se assim desejar. Entretanto, ao optar pelo registro de sua atividade econômica, o exercente da atividade rural passa a ser considerado empresário e submete-se a todas as exigências legais voltadas a essa categoriaprofissional (BRASIL, 2002). Por determinação do texto constitucional, a segunda exceção no que- sito de obrigatoriedade de registro da atividade econômica na Junta Co- mercial volta-se ao microempresário e ao empresário de pequeno porte. O artigo 179 da Constituição Federal prevê que: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensa- rão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a in- centivá-las pela simplificação de suas obrigações administrati- vas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. (BRASIL, 1988) Respeitando o texto da Lei Maior, o Código Civil brasileiro dispensa do registro do ato constitutivo o microempresário e o empresário de pequeno porte. O vídeo Registro e Averba- ção (Empresa e Sociedade Simples), publicado pelo canal Hebert V. Durães, explica os significados de registro e averbação da sociedade empresária e da sociedade simples, indicando qual legislação regula a matéria. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=CN57ekpsK8A. Acesso em: 21 nov. 2019. Vídeo 2.2 Nome empresarial Vídeo Assim como a pessoa física necessita de um nome para sua identifi- cação, também é exigido à pessoa jurídica que adote um nome, o qual vai constar em seu ato constitutivo e pelo qual será reconhecida no meio empresarial. O nome empresarial é extremamente importante, não só pelos mo- tivos expostos, mas também porque nos elementos que o compõem podem existir características da atividade empresarial. Por exemplo, o nome Comercial AutoCar Ltda. é uma denominação que indica que o negócio se trata de comércio de peças para automóveis e que a respon- sabilidade dos sócios pelas obrigações sociais é limitada. A legislação empresarial brasileira apresenta algumas regras para a adoção do nome empresarial. Primeiramente, deve-se obedecer aos princípios da novidade, da veracidade e da unidade. https://www.youtube.com/watch?v=CN57ekpsK8A https://www.youtube.com/watch?v=CN57ekpsK8A 24 Direito Empresarial O princípio da veracidade, também denominado princípio da verdade, indica que o nome empresarial não pode conter informações falsas. Bruscato (2011, p. 127), citando Leonardos (1994), afirma que o nome empresarial, devido ao princípio da veracidade, é obrigado a: Corresponder à situação real do comerciante a quem pertence, não podendo conter elementos suscetíveis de falsear ou de pro- vocar confusão, quer quanto à identidade do comerciante em nome individual e ao objeto de seu comércio, quer, no tocante às sociedades, quanto à identificação dos sócios, ao tipo e natu- reza da sociedade, à atividade objeto de seu comércio e outros aspectos a ele relativos. Exemplificando: uma sociedade não pode manter em seu nome empresarial o nome de batismo de um sócio que já não faz mais parte dela ou utilizar o termo Comércio de Produtos Alimentícios para uma empresa cujo objeto é a venda de brinquedos. Já o princípio da novidade determina que não podem coexistir na mesma unidade federativa dois nomes empresariais idênticos em um mesmo segmento econômico. Ocorrendo tal situação, o nome empre- sarial que foi registrado primeiro no ato constitutivo, na Junta Comer- cial, é o que prevalece. Nesse sentido, por exemplo, não é permitido que dois restaurantes da mesma cidade adotem o nome empresarial de Carmem Silva Restaurante, se forem de proprietários diferentes. Para que seja respeitado o princípio da novidade, deve-se providen- ciar, antes do registro do nome empresarial, uma pesquisa na Junta Comercial. Se for encontrado nome similar, é necessário inserir um pe- queno diferencial ou modificar o nome empresarial escolhido. O princípio da unidade determina que o empresário ou a sociedade empresarial só tem a possibilidade de utilizar um único nome empre- sarial para sua atividade econômica, considerando as previsões legais quanto aos tipos de nomes empresariais existentes. A proteção do nome empresarial ocorre apenas no estado em que foi arquivado seu ato constitutivo. Se desejar proteção em todo o terri- tório nacional, a empresa precisa arquivar seu ato constitutivo em to- das as Juntas Comerciais da federação. É compreensível que haja proteção ao nome empresarial, uma vez que existe grande esforço por parte do empresário para conquistar a confiança do consumidor em relação aos produtos ou serviços que for- Cite os princípios que regulam o nome empresarial. Atividade 2 25Elementos da atividade empresarial nece, gerando a reputação da sua empresa, sendo que essa reputação passa a ter valor patrimonial. No campo do direito penal, a legislação define a usurpação do nome empresarial como crime de concorrência desleal, previsto no artigo 195, V, da Lei de Propriedade Industrial, com pena de detenção de três meses a um ano ou multa (BRASIL, 1996). O nome empresarial possui duas características importantes: é ina- lienável e imprescritível. A primeira significa que o nome empresarial não pode ser vendido, uma vez que tal situação acarretaria confusão para as pessoas que se relacionam com a atividade empresarial, como consumidores e fornecedores. A segunda quer dizer que sua não utilização não implica sua perda. Apenas após o encerramento formal da atividade empresária, o nome empresarial deixa de existir e pode ser utilizado por outros empresá- rios do mesmo estado da federação em que foi registrado. Existem dois tipos de nome empresarial: a firma e a denominação. A firma pode ser individual e social. A firma individual é adotada pelo em- presário individual, ou seja, pela pessoa que exerce sozinha a atividade empresarial, e é formada pelo seu nome civil ou pode incluir o ramo de atividade econômica explorada. Por exemplo: João da Silva ou João da Silva Distribuição de Bebidas. A firma ou razão social é adotada pelas sociedades de pessoas em que existam sócios de responsabilidade ilimitada em relação às obriga- ções sociais e, facultativamente, pelas sociedades limitadas, desde que conste de maneira expressa o termo limitada, por extenso ou abrevia- do, no nome empresarial. A razão social é composta da combinação dos nomes de todos os sócios, de alguns ou, ainda, de apenas um sócio, caso em que deverá ser acrescida ao final do nome a expressão & Cia, que significa a exis- tência de outros sócios. Por exemplo: Antônio Silva & Cia. Ltda. Outra especificidade da firma é que, além de ser a identidade do empresário, é também a sua assinatura. Por exemplo: a firma Maria Ribeiro Livros Técnicos deve ter a assinatura Maria Ribeiro Livros Técnicos em todos os instrumentos obrigacionais (contrato social e outros). A denominação é o outro tipo de nome empresarial, o qual deve ser utilizado por sociedades formadas por ações e, também, de maneira 26 Direito Empresarial optativa, pela sociedade limitada. É estruturado por qualquer expres- são de fantasia e, facultativamente, pelo uso de expressão que carac- terize o objeto da sociedade, por exemplo, Natura Cosméticos S.A., em que foi utilizado o nome fantasia Natura, a expressão que caracteriza o objeto da sociedade, Cosméticos, e, por fim, o S.A., sigla que indica o tipo de sociedade (sociedade anônima, a qual só pode usar denominação em seu nome empresarial). O título do estabelecimento é o nome adotado na fachada dos estabelecimentos empresariais e nos letreiros que fazem com que a atividade econômica se torne conhecida, por exemplo, Restaurante Madalosso. Também é conhecido como nome fantasia e não precisa coincidir com o nome empresarial. Ainda, é importante destacar a diferença entre nome empre- sarial e marca, pois são amplamente utilizados no exercício da atividade empresarial. “O primeiro identifica o sujeito de direito (o empresário, pessoa física ou jurídica), enquanto a marca identifica, di- reta ou indiretamente, produtos ou serviços” (COELHO, 2010, p. 186). Exemplificando: Ferrari, Apple, Amazon, IBM, Google, entreoutras, são marcas. Outras diferenças entre marca e nome empresarial podem ser apontadas: enquanto a marca tem sua proteção após o registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, o nome empresarial deve ser registrado na Junta Comercial do estado em que se estabelece; o nome empresarial tem proteção apenas estadual (no estado em que o empresário tem sede ou filial), ao passo que a marca tem proteção nacional; o período de proteção da marca, após o registro no órgão competente, é de dez anos, enquanto o nome empresarial tem prote- ção até que a atividade empresarial seja encerrada. 2.3 Estabelecimento empresarial Vídeo O empresário precisa reunir um conjunto de bens para a exploração de sua atividade econômica, tais como máquinas, veículos, mercado- rias, tecnologia, marcas, entre outros. Tal conjunto de bens é deno- minado, juridicamente, estabelecimento empresarial. O artigo 1.142 do Código Civil brasileiro prevê que se considera “estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empre- sário, ou por sociedade empresária” (BRASIL, 2002). 27Elementos da atividade empresarial O estabelecimento empresarial não deve ser confundido, portanto, com o imóvel onde se desenvolve a atividade empresária, pois é ape- nas um de seus elementos. Bruscato (2011, p. 121, grifos do original) esclarece o tema, ao afir- mar que se percebe: Percebe-se, desde logo, que não se trata dos bens corpóreos ou incorpóreos, considerados individualmente, tampouco de sua consideração em conjunto, mas de todos os elementos que con- tribuem para o desempenho e o sucesso da atividade, conside- rando-se aí a coordenação, a organização, os métodos e práticas na utilização dos bens, por isso, complexo organizado de bens. Depreende-se de tal afirmação que o estabelecimento empresarial nada mais é do que a reunião deliberada e organizada de bens que têm existência material, os chamados bens corpóreos (como livros, joias e terrenos), e de bens imateriais, também conhecidos como bens incor- póreos (como o direito de crédito, o direito de uso da marca e o ponto, que são bens que possuem apenas uma existência jurídica), realizada pelo empresário para obtenção do lucro. Por isso, o direito empresarial brasileiro trata o estabelecimento empresarial como uma universalidade de fato, ou seja, a organização de bens utilizados não decorre da lei (o que geraria a universalidade de direito, como é o caso da massa falida, declarada pela vontade do legislador, por exemplo), mas, sim, da vontade do empresário, o qual articula os fatores de produção para a exploração da atividade econô- mica. Exemplificando: uma padaria é uma universalidade de fato, pois tem reunidos todos os bens necessários para sua atividade comercial. Ressaltamos que o estabelecimento não é sujeito de direito, porque sujeito de direito é o empresário e a sociedade empresarial. O estabele- cimento empresarial é objeto unitário de direito, conforme determina o artigo 1.143 do Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002). Isso significa que as obrigações e direitos decorrentes da atividade empresária re- caem sobre o empresário e/ou a sociedade empresária. Outro aspecto é a distinção entre estabelecimento empresarial, so- ciedade empresarial e empresa. A empresa e a sociedade empresária não são o mesmo que estabe- lecimento, pois a primeira é compreendida como a atividade economi- camente organizada que utiliza o estabelecimento para seu exercício, O vídeo AGU Explica – Es- tabelecimento Empresarial, publicado pelo canal Ad- vocacia-Geral da União – AGU, apresenta uma explanação bastante asser- tiva acerca do que é esta- belecimento empresarial. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=PjZg7AVyWAI. Acesso em: 21 nov. 2019. Vídeo O que é estabelecimento empresarial? Exemplifique. Atividade 3 https://www.youtube.com/watch?v=PjZg7AVyWAI https://www.youtube.com/watch?v=PjZg7AVyWAI 28 Direito Empresarial ao passo que a segunda, conforme elucidado por Bruscato (2011, p. 165), “é aquela que se dedica a explorar, de modo organizado, a atividade econômica, para a produção ou circulação de bens ou de serviços, ex- ceto de natureza intelectual e rural puramente prestadas”. Assim, podemos concluir que o empresário, ou a sociedade empresarial, somado ao estabelecimento formam a empresa, determinando-se a diferença entre os três termos, muito comumente utilizados como sinônimos. O autor, ainda, distingue em sua afirmação a sociedade empresarial da sociedade simples, ao mencionar a exploração de atividade de natureza intelectual. 2.3.1 Aviamento e trespasse do estabelecimento empresarial A capacidade ou aptidão que um estabelecimento empresarial pos- sui para gerar lucros é chamada de aviamento. A existência do aviamento depende da boa organização dos fatores de produção atribuídos pelo empresário ao estabelecimento, de saber administrar bem a empresa e da capacidade de produzir lucros. “É a consequência do capital intelectual investido pelo empresário em seu negócio” (MAMEDE, 2012, p. 255). Por exemplo, o valor na compra de um restaurante é mensurado não só a partir do cálculo dos bens materiais e imateriais investidos que o integram, pois a maneira como esse restaurante é administrado gera o valor que fatura com a clientela mensalmente. Assim, o inves- timento básico em sua estruturação pode ter sido de R$ 30 mil (com cardápio simples), mas ele pode ser avaliado, depois de algum tempo do efetivo atendimento a sua clientela, por valor bem mais alto. Cabe aqui diferenciar clientela e freguesia, visto que são elementos importantes para o aviamento empresarial, pois representam o mercado consumidor. Enquanto clientela tem uma relação pessoal com o estabelecimento empresarial, freguesia é formada por indivíduos que passam diante do estabelecimento e podem se tornar clientes, caso negociam com o empresário ou com a sociedade empresarial (MAMEDE, 2012). 29Elementos da atividade empresarial Nesse contexto, o aviamento como atributo do estabelecimento empresarial deve ser considerado para fins de sua avaliação econômi- ca e, também, nas operações de trespasse, ou seja, na sua alienação. O estabelecimento empresarial pode ser vendido pelo empresário e o contrato de compra e venda relativo a tal negócio jurídico é deno- minado trespasse. O contrato de trespasse só gera efeitos jurídicos após ser averbado na Junta Comercial da localidade do estabelecimento empresarial, sen- do também necessária a publicação na imprensa oficial. Assim, aqueles que se sentirem prejudicados com o negócio jurídico praticado têm o direito de rescindir eventuais contratos mantidos antes da transferên- cia, respeitando o prazo de 90 dias da data da publicação, conforme previsão do artigo 1.148 do Código Civil (BRASIL, 2002). O contrato de trespasse gera outras obrigações ao alienante, como é chamado o empresário que vende seu estabelecimento empresarial. O alienante tem a obrigação de comunicar aos credores, quando não tiver bens suficientes para saldar suas dívidas, a sua intenção de alienar o estabelecimento empresarial. Caso não cumpra tal obrigação legal ou os credores não concordem com a alienação, poderá ser de- cretada por sentença judicial a falência da atividade empresarial. Outra obrigação do empresário que aliena seu estabelecimento é a de não se estabelecer, por cinco anos, com o mesmo ramo de negócio na mesma localidade onde mantinha seu empreendimento que foi alie- nado. Se o fizer, estará praticando concorrência desleal. Já no que se refere ao passivo deixado pelo empresário, a legisla- ção empresarial determina que a responsabilidade é do adquirente, sendo que o alienante tem responsabilidade solidária pelas dívidas pelo prazo de um ano, contando a partir da publicação da transferên- cia do estabelecimento ou do vencimento, no caso das dívidas que es- tão para vencer. Caso exista alguma cláusula no contrato de trespasse que determine prazos diferentes dos estabelecidosem lei, serão válidos apenas entre os contratantes, a fim de que o comprador possa ajuizar ação regressiva contra o alienante. Por exemplo, no contrato de tres- passe realizado em 2019, os contratantes optaram por redigir cláusula que prevê a obrigação do alienante em pagar até 2022 os fornecedores com quem tinha relações comerciais. Caso o alienante concorde com a cláusula e não cumpra posteriormente com tal obrigação, o comprador pode quitar a dívida com os fornecedores e ajuizar ação regressiva con- tra o alienante. 30 Direito Empresarial CONSIDERAÇÕES FINAIS O exercício da atividade empresária exige o cumprimento de algumas formalidades por parte daqueles que vão empreender, bem como a orga- nização dos bens que serão utilizados. Essas formalidades possuem um custo ao empresário, porém são importantes à medida que a obediência às determinações legais para a formalização da atividade não interessa apenas ao empresário e aos seus sócios (se existirem), mas também aos credores, ao fisco, aos funcionários e também à sociedade, pois um empreendimento regularizado gera com- petitividade (permitindo preços justos de produtos e serviços), pagamen- to de tributos, empregos e, muitas vezes, desenvolvimento econômico do local onde está situado o estabelecimento empresarial. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituicão Federal 1988. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao. htm. Acesso em: 20 nov. 2019. BRASIL. Lei n. 9.276, de 14 de maio de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasí- lia, DF, 15 mai. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm. Acesso em: 28 nov. 2019. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10406.htm. Acesso em: 20 nov. 2019. BRASIL. Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 nov. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934.htm. Acesso em: 20 nov. 2019. BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011. COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1. LEONARDOS, G. F. A proteção jurídica ao nome empresarial, ao título do estabelecimento e a insígnia no Brasil – regime jurídico e novos desenvolvimentos na jurisprudência. Revis- ta de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo: RT, ano XXXIII (nova série), n. 95, p. 25-56, jul/set. 1994. MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012. SILVA, D. P. e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934.htm 31Elementos da atividade empresarial GABARITO 1. O registro das empresas e das sociedades empresariais é realizado nas Juntas Comerciais dos locais onde estão estabelecidas. 2. Os princípios que regulam o nome empresarial são o princípio da veracidade (ou verdade), o princípio da novidade e o princípio da unicidade. 3. Estabelecimento empresarial é todo o complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. Por exemplo: uma livraria é composta de ponto comercial, nome empresarial, livros, tecnologia e prateleiras; todos esses bens formam o estabelecimento empresarial. 32 Direito Empresarial 3.1 Constituição da sociedade e elementos essenciais Vídeo Cotidianamente as pessoas, tanto físicas quanto jurídicas, estabe- lecem relações jurídicas, devido às necessidades da convivência social. Tais relações geram direitos e obrigações aos sujeitos envolvidos. A concretização dessas relações jurídicas se dá por meio de contratos (escritos ou não). Exemplificando, temos contratos como o de compras de alimentos, de telefonia, de transporte etc. Quando a relação jurídica surge com a intenção de realização da atividade econômica empresarial, pode ter como sujeitos o empresá- rio individual, como também a sociedade unipessoal ou pluripessoal (quando praticada por duas ou mais pessoas). Neste capítulo, daremos início aos estudos sobre a sociedade empresarial, tema que compõe o direito societário brasileiro. De maneira bastante objetiva, este capítulo proporciona co- nhecimentos que vão desde o conceito de sociedade empresarial, os elementos fundamentais para constituição de uma sociedade, até as determinações legais acerca de sua administração e, por fim, discorre sobre o que é a desconsideração da personalidade jurídica e suas consequências. A abordagem de tais temas é importante na medida em que possibilita uma visão, ainda que abrangente, de como deve ser a aplicação prática do direito societário brasileiro. Teoria geral das sociedades 3 33Teoria geral das sociedades Sociedade é entendida como a instituição, a entidade, a pessoa jurí- dica, que se instituiu ou se originou a partir de um contrato, documento no qual os responsáveis por ela descrevem os requisitos fundamentais para sua existência (PLACIDO; SILVA, 2010). É relevante compreender que a contratação da sociedade é ante- rior ao seu registro no órgão competente, ou seja, na Junta Comercial ou no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. A partir do momento em que as pessoas combinam entre si a constituição de uma pessoa jurídica para realizar negócios, passa a existir o contrato da denominada socieda- de em comum. Ao formalizarem a instituição da sociedade com o registro do ato constitutivo no órgão competente, deixa de existir a sociedade em comum e cria-se a pessoa jurídica. Para a legislação empresarial brasileira, o contrato de sociedade é realizado por pessoas que “reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a par- tilha, entre si, dos resultados” (BRASIL, 2002). Extrai-se de tal previsão legal que para existir uma sociedade é possí- vel a pluralidade de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas (em regra). Os sócios contribuem de alguma maneira (com bens ou serviços) e, diferen- temente das associações, tal união de pessoas visa ao lucro (mesmo que ele não seja obtido, continua caracterizando a sociedade). A partilha entre os sócios, ou seja, a divisão não é apenas dos lucros, como o conceito legal pode levar a crer, mas também dos prejuízos que venham a ocorrer. A pluralidade de pessoas que compõem a sociedade empresarial ocorre a partir da vontade de se associar e, assim, permanecer na ex- ploração da atividade econômica empresarial. Essa situação, a doutri- na convencionou chamar de affectio societatis, sobre a qual Bruscato (2011, p. 190) assevera que dentre os elementos que são considerados essenciais à forma- ção de uma sociedade empresária, entendemos que o primeiro deles é a intenção de se associar. É claro que essa vontade de se unir a outras pessoas para perseguir o lucro pode se concretizar de algumas formas variadas. Mas sempre existe, e não só no mo- mento da constituição da sociedade: deve durar por todo o seu tempo de vida. Nesse sentido, embora a vontade livre e consciente deva ser ele- mento essencial de qualquer tipo de contrato, no caso da constituição da sociedade empresária, ela é anterior à sua própria manifestação. O que é sociedade empresária? Atividade 1 34 Direito Empresarial Uma vez que se trata do ânimo de lucrar por meio da exploração da atividade econômica, muitas vezes em companhia de outras pessoas, os doutrinadores a compreendem como uma vontade qualificada. Assim, existem algumas particularidades que identificam a affectio societatis, tais como a colaboração ativa, consciente e iguali- tária dos envolvidos na sociedade, bem como a busca do lucro que desejam partilhar. Acerca de tal partilha de lucros, nos contratosde sociedade, Mamede (2012, p. 31) esclarece que: o fim econômico é próprio do contrato de sociedade. Seu objeti- vo é produzir vantagens que, partilhadas entre os contratantes, serão por eles apropriadas. Para tanto, será desenvolvida uma ou mais atividades específicas, lícitas e morais, que são o objeto do contrato de sociedade. Assim, há contrato de sociedade quan- do na atuação conjunta de músicos, dividindo o cachê, e mesmo quando colegas organizam uma festa e repartem entre si o saldo positivo do evento. O ilustre doutrinador traz duas reflexões importantes ao tratar do tema contrato de sociedade, indo além da vontade de partilhar os lucros: o seu objetivo e o objeto que desenvolverá. O primeiro refere-se ao intento da obtenção de lucro a partir da união de esforços, para reparti-los, conforme já explicado no conceito legal de sociedade. O segundo, que Mamede (2012) traz à reflexão, deve ser determi- nado. Isso quer dizer que os sócios devem saber precisar e descrever no contrato social qual é o produto ou serviço que será ofertado no exercício da atividade econômica. Inclusive, há no Brasil um serviço de pesquisa de classificação econômica ofertado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele designa uma tabela que é utiliza- da para a classificação da atividade no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas. Essa classificação nacional de atividades econômicas (CNAE) também é útil à Receita Federal quando da escolha do regime tributá- rio pela sociedade, o qual determina as obrigações principais e acessó- rias da atividade econômica junto ao fisco. Por exemplo, as sociedades empresariais que têm por objeto social a fabricação de automóveis ou motocicletas não podem adotar o sistema tributário do Simples Nacio- nal (BRASIL, 2006). 35Teoria geral das sociedades Além disso, tal objeto deve estar de acordo com a lei e a moral. Exemplificando: duas ou mais pessoas que estão se unindo para reali- zar o comércio de remédios não autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estarão constituindo sociedade empresa- rial cujo objeto é ilegal. Atendidos os requisitos da existência de uma ou mais pessoas para a sua formação e da definição de um objeto dentro da lei, outro ele- mento extremamente importante para a constituição da sociedade empresarial é o seu patrimônio inicial, denominado capital social. A formação do capital social é feita por meio da contribuição reali- zada por cada sócio, que pode ser por bens ou dinheiro. Essa contri- buição é uma obrigação legal dos sócios e consta no contrato social. Compreende-se que na sociedade simples é possível também que um dos sócios contribua com serviços (art. 997, V, do Código Civil), uma vez que a atividade é predominantemente intelectual. O capital social tem a função de formar o acervo financeiro inicial para que a atividade empresarial seja estruturada. Ele também ser- ve para fixar a medida da participação de cada sócio, pois, ao fazer a transferência de algum bem para a sociedade, ele passa a ter direito a ações ou cotas (dependendo do tipo societário), as quais integrarão seu patrimônio pessoal, bem como determina a participação do sócio na sociedade, pois seus lucros e suas perdas ocorrem na proporção das ações ou cotas adquiridas. Outro aspecto importante do capital social é que ele serve de ga- rantia mínima aos credores. Isso porque no caso de inadimplência das obrigações assumidas pela sociedade, em última instância, os recursos aportados são utilizados para o cumprimento de tais obrigações. Por esse motivo, quando o capital social é elevado, insinua-se que a socie- dade empresarial tem solidez. Os sócios podem integralizar ou subscrever o capital social. Integra- lizar significa entregar sua parte em dinheiro, bens ou créditos possuí- dos por você, na data estipulada entre os sócios, mediante recibo. Quando o sócio integraliza o capital social com bens, é necessário avaliá-los. A legislação empresarial brasileira prevê que o sócio respon- de de forma solidária, durante cinco anos, pelo valor que foi atribuído ao bem que integra o capital social (BRASIL, 2002). O vídeo Fundamentos do Direito Societário – Capi- tal Social, publicado pelo canal Trilhante, explica a importância do capital social para a sociedade empresária, diferindo-a de patrimônio da socie- dade da empresária. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=cgLuQsRlvdM. Acesso em: 14 out. 2019. Vídeo 36 Direito Empresarial Subscrever o capital social significa que o sócio se compromete a in- tegralizar, na data estipulada na Assembleia Geral Extraordinária (no caso das sociedades anônimas) ou no ato constitutivo da sociedade (nas demais sociedades), o valor decidido entre os sócios. A subscrição do capital social é um ato jurídico formal. Exemplificando: um sócio comprometeu-se a entregar um de seus imóveis para a sociedade e deverá fazê-lo no prazo de 20 dias, conforme consta no contrato social. O capital social está sujeito a alterações, que devem ser averbadas no ato constitutivo da sociedade. Seu aumento pode ser feito pela uti- lização de parte dos resultados obtidos pela própria sociedade, sem necessidade de utilizar os bens pessoais dos sócios para tanto. Já quan- do se trata de diminuição do capital social integralizado, cada situação depende de previsão legal, uma vez que a regra geral está baseada no princípio da intangibilidade do capital social, o qual significa que os só- cios, em regra, não podem retirar da sociedade o valor investido. Isso ocorre com o intuito de proteger os direitos e interesses dos credores, excetuando-se o caso de dissolução da sociedade, quando é permitida a distribuição do capital entre os sócios. 3.2 Administração societária Vídeo Segundo o Código Civil brasileiro, a sociedade é uma pessoa jurídi- ca. Uma vez que a legislação brasileira não conceitua pessoa jurídica, a doutrina a define. Assim, Nader (2010, p. 287) explica que: “pessoa jurídica é uma construção elaborada pela Ciência do Direito, em decor- rência da necessidade social de criação de entidades capazes de reali- zarem determinados fins, que não são alcançados normalmente pela atividade individual isolada”. O doutrinador esclarece que a pessoa jurídica nada mais é do que o resultado da necessidade de criação, por parte da lei, de entidade que realize atividades mais complexas, uma vez que possui personalidade jurídica diferenciada. A sociedade empresarial, como pessoa jurídica que é, contrai obri- gações e adquire direitos na consecução de sua atividade econômica. Para tanto, tem suas ações condicionadas às decisões de pessoas físi- cas. Então, a sua administração, segundo a legislação empresarial bra- 37Teoria geral das sociedades sileira, deve ser feita por pessoas naturais brasileiras ou estrangeiras (desde que tenham visto permanente e residam no Brasil). Espera-se da pessoa natural que administra uma sociedade que, ao gerir a atividade econômica empresarial, tenha a mesma dedicação e cuidado com os quais conduz seu patrimônio pessoal. O ato constitutivo pode conter quem vai administrar a sociedade empresarial e ir além, determinando quem vai gerir a sociedade, como também distribuir os poderes e as áreas de competência entre os só- cios. Caso não conste no ato constitutivo, é de responsabilidade de to- dos os sócios praticarem os atos de gestão. É possível também que os sócios decidam não administrar o negó- cio. Eles podem contratar um administrador, que é a pessoa que irá responder pela sociedade perante terceiros, bem como assinar pela empresa. Exemplificando: se a sociedade empresarial estiver locando um imóvel, o administrador será o responsável por assinar tal contrato de locação. Existe a possibilidade de contratar quantos administradores forem necessários, mas é essencial estipular seus poderes. Isso se faz no ato constitutivo da sociedade ou em um documento separado. De qual- quer forma, cabe ao administrador, ouaos administradores, averba- rem tal instrumento na Junta Comercial do local onde a sociedade se estabelece. Uma vez determinado quem é o administrador e documentada a escolha, ele não pode se fazer substituir em sua atividade por ou- tra pessoa, devido ao princípio da pessoalidade, posto que foi ele o escolhido pelos sócios para gerir seus negócios. A legislação permite apenas ao administrador que emita procuração quando tal situação não implique transferência da competência a ele conferida, mas para situações bem específicas. Por exemplo, o administrador pode emitir uma procuração para que um supervisor de área o represente em uma audiência. A legislação empresarial não descreve as atribuições conferidas ao administrador das sociedades em geral, deixando a cargo dos sócios determinarem tais tarefas, a não ser no caso das sociedades anônimas, cuja lei apresenta um rol de tarefas ao conselho de administração, tais como fixar a orientação geral dos negócios da companhia, fiscalizar a O administrador pode se fazer substituir na administração da sociedade empresária? Explique. Atividade 2 38 Direito Empresarial gestão dos diretores, examinar os livros e papéis da companhia, entre outras (BRASIL, 1976). Entre as obrigações do administrador, o Código Civil proíbe que faça concorrência com a sociedade que administra, o que deriva de ques- tões não somente legais, como também éticas. Outro dever decorrente de seu cargo é prestar contas e apresentar o balanço anual da sociedade aos sócios, sendo que os sócios podem examinar os documentos em qualquer momento, uma vez que estarão exercendo seu direito de fiscalizar a administração. Cabe ressaltar que o administrador responde por seus atos que venham a causar prejuízos à sociedade, como bem assevera Bruscato (2011, p. 239): o administrador responderá por perdas e danos perante a socie- dade se agir em desacordo com a maioria e se aplicar créditos ou bens sociais em proveito próprio ou de terceiro sem o consen- timento escrito dos sócios. Em qualquer caso, o administrador responderá, solidário à sociedade, por culpa no desempenho de suas funções. Com isso, fica evidente que ao administrador é concedida deter- minada liberdade de agir conforme os poderes de gestão que lhe são conferidos. Entretanto, ele deve respeitar as decisões da maioria dos sócios, bem como o ato constitutivo e a lei. Assim, não pode utilizar-se de sua atividade de gestão para atender interesses privados, estranhos à sociedade. E, uma vez que age em nome da sociedade, o administra- dor responde pelas obrigações ou prejuízos causados a terceiros quan- do age em desacordo com a lei ou com o ato constitutivo. A falta de cuidado e de diligência exigida por lei na administração da sociedade traz consequências diretas ao administrador, uma vez que caracteriza- rá sua culpa. Por outro lado, ao administrador são conferidos também alguns direitos. Há o direito ao recebimento de remuneração, a qual é estabe- lecida pelos sócios no ato constitutivo da sociedade ou posteriormente, em outro documento apartado. Essa remuneração pode ser constituí- da por valor fixo ou de outra maneira: uma parte fixa e outra que varia conforme o lucro líquido da sociedade. A segunda forma de pagamen- to da remuneração está diretamente voltada à ideia de incentivo ao administrador no exercício da gestão. 39Teoria geral das sociedades A remuneração variável revela-se interessante tanto para os sócios, que conseguem melhores resultados advindos do bom desempenho do administrador, como ao gestor contratado, que se sente estimulado a atingir os objetivos da sociedade de maneira eficiente. A legislação empresarial brasileira prevê as seguintes modalidades de término da administração societária: pela revogação de poderes e renúncia; pelo falecimento de uma das partes ou interdição; devido à mudança de estado que inabilite o mandante a conferir poderes ou o mandatário para os exercer; pelo término do prazo ou conclusão do negócio (BRASIL, 2002). O término por revogação de poderes ocorre quando os sócios, de maneira motivada, revogam os poderes concedidos ao administrador. O gestor tem direito de renunciar aos poderes que lhe foram outorga- dos, ainda que tal situação possa obrigá-lo a responder pelos prejuízos contratuais ou extracontratuais decorrentes do inadimplemento. A extinção da administração societária por interdição do adminis- trador decorrerá de ação judicial específica para tanto, em que haja sentença judicial baseada em laudos psicológicos. Quando a legisla- ção traz a mudança de estado que inabilite uma das partes (mandan- te ou mandatário) para justificar o término da administração, pode-se exemplificar tal fato com um acidente de trânsito que venha a tornar o administrador de uma sociedade empresarial absolutamente incapaz devido aos ferimentos sofridos, o que não lhe permitiria continuar na gestão dos negócios. Por fim, uma maneira bastante comum de extinção da administra- ção é o término do período para o qual o administrador foi contratado (pois o seu contrato de trabalho pode ser estabelecido por prazo de- terminado) ou pela conclusão da atividade empresarial, a qual pode ocorrer por motivos diversos, tais como dissolução da sociedade ou decretação judicial de falência. Uma questão recorrente em relação à gestão da sociedade em- presarial é se ela pode ser administrada por outra pessoa jurídica. Muito embora o Código Civil brasileiro, que trata das regras gerais das sociedades, nada disponha a respeito de tal assunto, o Departa- mento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI) deter- mina que uma pessoa jurídica não pode administrar outra pessoa jurídica (BRASIL, 2017). 40 Direito Empresarial A mesma instrução normativa determina que estão impedidos de ser administradores de sociedade limitada o menor de 16 anos e o re- lativamente incapaz. Além destes: § 1º Não podem ser administradores, além das pessoas impedi- das por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime fali- mentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro na- cional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. (BRASIL, 2002) Ainda, estende-se a pessoas impedidas por norma constitucional ou por lei especial, com destaque para: brasileiro naturalizado há me- nos de dez anos, em empresa jornalística e de radiodifusão sonora e radiodifusão de sons e imagens; estrangeiro sem visto permanente; funcionário de empresa jornalística de qualquer espécie, de radiodi- fusão sonora e de sons e imagens; quem trabalha em pessoa jurídica que seja titular de direito real sobre imóvel rural na Faixa de Frontei- ra (150 km de largura ao longo das fronteiras terrestres), salvo com assentimento prévio do órgão competente; o cônsul, no seu distrito, salvo o não remunerado; o funcionário público federal civil ou militar da ativa; o falido, enquanto não for legalmente reabilitado; os leiloei- ros, entre outros (BRASIL, 2002). A gestão de uma sociedade empresarial, em especial das médias e grandes, é uma atividade de extrema importância, porque o sucesso delas impacta diretamente a economia. Deste modo, há a legislação para determinar como ela deve ser conduzida, ainda que exista mar- gem de liberdade de atuação ao administrador. 3.3 Desconsideração da personalidade jurídica Vídeo A pessoa jurídica é o grupo de pessoas criado na forma da lei que se une para atingir determinado fim, sendo assim, é sujeito a direitos e obrigações ao possuir personalidade jurídica. A personalidade jurídica foi criada para incentivar a atividade eco- nômica, porque as pessoas sentem-se mais seguras para empreender quando têm ciência da separação entre o patrimônio da pessoa jurídi- 41Teoria geral das sociedades
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