Buscar

Direito Empresarial

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO
VIRGINIA DE faTIMA DIAS
EMPRESARIAL
E
M
P
R
E
S
A
R
IA
L
D
IR
E
IT
O
V
IR
G
IN
IA
 D
E
 f
a
T
IM
A
 D
IA
S
O Direito é uma área bastante ampla em suas 
aplicações sociais, sendo o direito empresarial, 
ainda que extremamente importante, apenas um 
de seus ramos. As noções acerca do direito em-
presarial são necessárias na medida em que pos-
sibilitam uma melhor compreensão das normas 
jurídicas que regulam a atividade empresarial, 
segmento tão importante para a sociedade em 
geral por movimentar a economia dos países. De 
modo mais específico, esse ramo jurídico regula 
as atividades dos empresários e das sociedades 
empresárias e dispõe acerca das formalidades 
que envolvem a abertura de uma empresa e das 
regras para sua continuidade e extinção, embasa-
das na Constituição Federal, no Código Civil e na 
Lei de Falências e Recuperação de Empresas.
Sendo assim, a presente obra traz conhecimentos 
básicos e de reflexão a respeito do direito empre-
sarial, destinados a auxiliar o acadêmico na sua 
formação profissional.
Código Logístico
58709
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6501-1
9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 0 1 1
Direito Empresarial 
Virgínia de Fátima Dias
IESDE
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: ImageFlow/Shutterstock
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D536d
Dias, Virgínia de Fátima
Direito empresarial / Virgínia de Fátima Dias. - 1. ed. - Curitiba [PR] : 
IESDE, 2020. 
112 p. .
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6501-1
1. Direito empresarial - Brasil. I. Título.
19-61462 CDU: 347.7(81)
Virgínia de Fátima 
Dias
Mestre em Educação e especialista em Metodologia 
do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná (PUCPR). Bacharel em Direito pela 
Faculdade de Direito de Curitiba (FDC). Graduada em 
Letras Português-Inglês pela PUCPR. Atua na área da 
educação há mais de 30 anos, é advogada e professora 
de graduação e pós-graduação. Autora de livros 
didáticos para ensino a distância. 
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Noções gerais de direito empresarial 9
1.1 O direito empresarial e os outros ramos do Direito 9
1.2 Teoria jurídica da empresa e a figura do empresário 12
1.3 Capacidade para empresariar 16
2 Elementos da atividade empresarial 20
2.1 Registro da empresa 20
2.2 Nome empresarial 23
2.3 Estabelecimento empresarial 26
3 Teoria geral das sociedades 32
3.1 Constituição da sociedade e elementos essenciais 32
3.2 Administração societária 36
3.3 Desconsideração da personalidade jurídica 40
4 Classificações das sociedades 46
4.1 Responsabilidade dos sócios 46
4.2 Personificação 51
4.3 Regime de dissolução e liquidação 53
5 Tipos empresariais mais utilizados no Brasil 58
5.1 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 58
5.2 Sociedade limitada 61
5.3 Sociedade anônima 64
6 Direito falimentar 72
6.1 Noções básicas da legislação reguladora do direito falimentar 72
6.2 Recuperação de empresa 74
6.3 Falência 79
7 Noções gerais de propriedade industrial 86
7.1 Propriedade industrial e sua importância ao empresário 86
7.2 Marca e sua proteção legal 89
7.3 Patente e suas características 93
8 Títulos de crédito 99
8.1 Conceito, características e importância para a economia 99
8.2 Princípios e atributos 102
8.3 Os títulos em espécie 107
APRESENTAÇÃO
A presente obra traz conhecimentos básicos e de reflexão a respeito do 
direito empresarial, que são destinados a auxiliar você, acadêmico e estudioso 
desta disciplina, na sua formação profissional.
As noções acerca do direito empresarial são necessárias na medida em 
que possibilitam uma melhor compreensão das normas jurídicas que regulam 
a atividade empresarial, segmento tão importante para a sociedade em geral 
por movimentar a economia dos países. 
A Constituição Federal de 1988, lei mais importante do país, determina que 
é de atribuição da iniciativa privada a exploração de atividades econômicas. 
Nesse sentido, o direito empresarial, que é um ramo do direito privado, está 
entre as áreas jurídicas que normatizam a relação entre os particulares. Mais 
especificamente, esse ramo jurídico regula as atividades dos empresários e 
das sociedades empresárias e dispõe acerca das formalidades que envolvem 
a abertura de uma empresa e das regras para sua continuidade e extinção. 
Há várias leis que o regulam, sendo a principal delas o Código Civil, que é 
responsável por normatizar a maioria das relações privadas e traz, a partir do 
artigo 966, as diretrizes jurídicas do direito de empresa.
Considerando que o Direito é bastante amplo em suas aplicações sociais 
e o direito empresarial, ainda que extremamente importante, é apenas um de 
seus ramos, no Capítulo 1, para sua maior compreensão, apresentaremos os 
seguintes assuntos: definição e características das normas jurídicas; relação do 
direito empresarial com outros ramos do Direito; teoria jurídica da empresa, 
adotada pelo Código Civil; e capacidade para empresariar como noções gerais 
do direito empresarial.
Já adentrando exclusivamente nos temas atinentes à seara do direito 
empresarial, trataremos, no Capítulo 2, do registro de empresa, do nome 
empresarial e do estabelecimento empresarial, elementos essenciais ao 
exercício da atividade econômica organizada.
No Capítulo 3, veremos mais um dos objetos de estudo do direito 
empresarial: a teoria geral das sociedades, porque, assim como existem as 
sociedades simples, há também diversos tipos de sociedades empresárias, 
sobre as quais aprenderemos no Capítulo 4.
As sociedades tiveram origem no século XII e, com a evolução social 
e econômica, foram demandando regulamentação legal cada vez mais 
aprimorada. Atualmente, existem aquelas sociedades que, por suas 
características, são as mais utilizadas no Brasil; sendo assim, discutiremos 
esse assunto no Capítulo 5.
Na sequência, faremos a análise da Lei de Falências e Recuperação 
de Empresas, utilizada em situações de crise econômico-financeira das 
organizações. Trabalharemos esse tema no Capítulo 6, uma vez que o 
cenário econômico de um país, por não ter estabilidade, gera tribulações 
ao administrador de empresas, o qual se vê obrigado a recorrer aos 
mecanismos legais existentes para garantir a manutenção da atividade 
econômica. O assunto abordado é instigante porque, de maneira recorrente, 
temos notícias de grandes empresas que pedem recuperação judicial. 
No Capítulo 7, aprenderemos que a compreensão do direito empresarial 
envolve, ainda, o estudo de temas como direito de propriedade, pois as ideias 
utilizadas pelos empresários são protegidas por lei como bens intangíveis.
Por fim, no Capítulo 8, trataremos dos títulos de crédito, os quais são 
importantes por permitirem que o capital circule de maneira segura e rápida 
no mercado. 
Boa leitura!
9Noções gerais de direito empresarial
1
Noções gerais de 
direito empresarial
O direito empresarial é uma área jurídica de grande relevân-
cia dentre as áreas do Direito, porque ao regular a organização 
da atividade empresária, determinando como devem proceder os 
empresários individuais e a sociedade empresária, busca garan-
tir maior segurança jurídica a todos que comeles se relacionam, 
bem como resguardar as atividades econômicas realizadas pelas 
empresas.
Nesse sentido, é importante compreender o objeto de estu-
do do direito empresarial e como ele interage com outras áreas 
jurídicas, como o direito constitucional, o direito penal e o direito 
administrativo.
Esses conhecimentos auxiliam na compreensão da relevância 
da aplicação correta das normas jurídicas de direito empresarial. 
Afinal, é evidente a importância econômico-social que a atividade 
empresária possui no contexto financeiro de um país, por gerar 
empregos, garantir uma concorrência saudável ao mercado, ren-
der pagamento de tributos ao Estado e proporcionar responsabili-
dade ambiental e social.
1.1 O direito empresarial e os 
outros ramos do Direito Vídeo
Direito é uma palavra que pode ser utilizada em vários sentidos, 
conforme o contexto em que é apresentada. Pode significar ciência ju-
rídica, justiça ou norma jurídica.
Norma jurídica, segundo Nader (2015, p. 83), “é a conduta exigida 
ou o modelo imposto de organização social”. O autor assim a concebe 
10 Direito Empresarial
por tratar-se de regras instituídas pelo Estado para que a sociedade se 
desenvolva em harmonia.
O direito como norma jurídica surge, ainda que de maneira costu-
meira, no momento em que o ser humano passa a viver em socieda-
de, como um meio de regular e assegurar o convívio social harmônico 
diante de tantas possibilidades de competição e conflitos decorrentes 
da vida social.
A norma jurídica tem como característica ser bilateral, pois vincula 
duas ou mais pessoas, estabelecendo poder e dever a elas; abstrata, 
regulando as situações como normalmente ocorrem; geral, por ser 
aplicada a todos os indivíduos; imperativa, por determinar exigências 
e, por fim, coercitiva, ou seja, existe nela a possibilidade do uso da coer-
ção, a fim de que seja respeitada.
Cada uma das áreas do Direito é regulada por normas jurídicas am-
plas, advindas especialmente do direito constitucional e outras especí-
ficas às suas áreas.
Quando, por exemplo, dois indivíduos decidem associar-se para 
abrir um estabelecimento comercial e empreender, devem obedecer a 
algumas regras denominadas normas jurídicas e, por serem voltadas a 
uma sociedade empresária comercial, tais normas compõem o direito 
empresarial.
O direito empresarial surgiu em 2002 como um "ramo do Direito 
que regula as relações provenientes da atividade particular de produ-
ção e circulação de bens e serviços, exercida com habitualidade e com 
o intuito de lucro, bem como as relações que lhes sejam conexas e 
derivadas” (BRUSCATO, 2011, p. 55).
Portanto, o objeto do direito empresarial é a regulamentação da 
atividade empresarial e todas as relações com ela conexas, como as 
exigências para ser empresário, os tipos e características das socieda-
des empresariais, as exigências legais relativas ao registro e ao estabe-
lecimento empresarial.
O direito empresarial é um ramo relativamente recente, uma vez 
que surgiu a partir do Código Civil de 2002, porém, suas raízes estão 
no direito comercial, área bastante antiga do Direito, que remonta às 
operações mercantis ocorridas na Idade Média.
O direito empresarial é uma área 
jurídica que regula o quê?
Atividade 1
11Noções gerais de direito empresarial
O direito empresarial não é composto de um conjunto de normas jurí-
dicas isoladas das demais áreas do Direito. Ao contrário, em seu exercício 
é possível perceber que, embora seja um ramo autônomo, com normas e 
princípios próprios, está estreitamente ligado a outras áreas jurídicas que 
ora lhe dão suporte, ora se utilizam dele em suas aplicações.
Considerando as relações do direito empresarial com as outras 
áreas jurídicas, Bruscato (2011, p. 47) alerta que:
os ramos do direito empresarial, civil, trabalhista, consumeris-
ta, econômico, administrativo, tributário e ambiental estão inti-
mamente interligados, num equilíbrio nem sempre fácil entre 
princípios de direito público e direito privado, para o exercício da 
atividade econômica, que, em seu conjunto, deveria ser capaz de 
assegurar existência digna a todos e promover a justiça social.
Na esteira do que defende Bruscato, o exercício da atividade econô-
mica não deve apenas estar voltado ao lucro das empresas, mas, sim, 
à concretização do princípio da dignidade humana, considerado como 
princípio norteador do ordenamento jurídico no Brasil.
O direito constitucional, ao tratar da ordem econômica e financeira 
e trazer os valores sociais da propriedade, sustenta a necessidade de 
que o exercício da atividade empresarial precisa se basear no compro-
misso social, seja nas relações trabalhistas, consumeristas ou com o 
meio ambiente.
No que se refere a sua relação com o direito civil, o Direito empre-
sarial utiliza-se de conceitos regulados por tal área do direito, como 
pessoa física e pessoa jurídica, domicílio, negócio jurídico, prescrição 
e decadência, entre outras. Além disso, é no Código Civil brasileiro de 
2002, na sua parte especial, que se encontram as normas basilares do 
direito empresarial.
O direito empresarial relaciona-se também com o direito tributário, 
ramo do direito público responsável por regular, por meio de suas nor-
mas jurídicas, a criação, a arrecadação e a aplicação dos tributos, uma 
vez que toda pessoa física e jurídica submete-se à vontade do Estado 
ao pagar tributos e resignar-se a sua fiscalização, garantindo o custeio 
das atividades que ele desempenha.
Ao tratarmos do direito penal, geralmente, imagina-se que tal ramo 
do direito se aplica apenas em situações de latrocínio, roubo, estelionato. 
12 Direito Empresarial
Mas é preciso considerar que o regramento jurídico penal também 
possui leis voltadas ao combate de condutas empresariais lesivas à 
população e ao Estado, como a Lei n. 9.613, de 1998, que trata da La-
vagem de Capitais e a Lei n. 6.385/1986, a qual regula os crimes contra 
o mercado de capitais.
A relação do direito empresarial com o direito administrativo acon-
tece, embora o primeiro seja um ramo do direito privado, e o segun-
do esteja entre os ramos do direito público, porque as sociedades 
empresariais e os empresários atuam dentro de determinadas limi-
tações impostas pelo direito administrativo, em especial as empresas 
públicas e sociedades de economia mista que compõem as empresas 
estatais.
A aplicação do direito ambiental exige uma abordagem interdis-
ciplinar das normas relativas à proteção, recuperação e melhoria 
do meio ambiente entre os vários ramos do Direito. Nesse sentido, 
o direito empresarial envolve-se com o direito ambiental, seja pelo 
crescente interesse na proteção ambiental (que atinge inegavelmen-
te a imagem da empresa), seja para evitar sanções, uma vez que as 
empresas que exerçam atividades poluidoras sujeitam-se ao licencia-
mento ambiental.
O direito empresarial guarda também relação com o direito do tra-
balho, pois aborda temas voltados à responsabilidade dos gestores, 
acionistas e controladores, como também da empresa propriamente 
dita, envolvendo, assim, a proteção dos empregados, cujos contratos 
são regulados pelas normas de direito do trabalho.
1.2 Teoria jurídica da empresa 
e a figura do empresárioVídeo
Com as relações mercantis na Idade Média, surgiu o direito co-
mercial. Em seu início, esse ramo do direito tinha como objetivo dis-
ciplinar as atividades desenvolvidas pelos comerciantes reunidos em 
corporações.
Sobre esse momento histórico do direito comercial, Coelho (2010, 
p. 12-13) explica que:
a partir da segunda metade do século XII, com os comerciantes e 
artesãos se reunindo em corporações de artes e ofícios, inicia-se 
13Noções gerais de direito empresarial
o primeiro período histórico do direito comercial. Nele, as cor-
porações de comerciantes constituem jurisdições próprias cujas 
decisões eram fundamentadas principalmente nos usos e costu-
mes praticados por seus membros.
Considerando o ensinamento de Coelho, o direito comercial 
caracterizou-se como uma área jurídicacorporativista em seu 
surgimento, restrita apenas aos comerciantes matriculados nas 
corporações de mercadores.
Mas, assim como todas as demais áreas do Direito, o direito comer-
cial ampliou-se com a evolução das relações sociais e econômicas.
Historicamente, o direito comercial pode ser dividido em três fases: 
a primeira voltada aos que praticavam o comércio, tendo como núcleo 
o comerciante matriculado na corporação, denominou-se de fase sub-
jetiva; a segunda iniciou-se com o Código de Comércio Napoleônico, 
de 1807, baseou-se nos atos de comércio, originou-se na França e foi 
chamada de fase objetiva; e a terceira fase, criada a partir do Código 
Civil italiano, de 1942, fundamentou-se na teoria jurídica da empresa e 
é a fase atual (TADDEI, 2002).
Em sua fase subjetiva, o direito comercial era autônomo em rela-
ção ao direito civil e era elaborado pelos comerciantes reunidos nas 
corporações, para disciplinar suas atividades profissionais. Com o tem-
po, ocorreu um enfraquecimento das corporações de mercadores. 
Enquanto isso, surgiram na França as primeiras codificações das nor-
mas comerciais, e o direito comercial baseou-se nas práticas de atos 
de comércio enumerados na lei conforme critérios históricos. Com o 
desenvolvimento das atividades econômicas, a relação de atos comer-
ciais existentes na lei não mais atendia à necessidade de normatização 
das relações comerciais e, assim, surgiu na Itália a nova teoria, adotada 
pelo legislador brasileiro em 2001, a teoria jurídica da empresa.
Conforme explica Coelho (2010, p. 25),
apesar da vigência de um Código Comercial ainda inspirado na 
teoria dos atos de comércio, a doutrina, a jurisprudência e a pró-
pria legislação esparsa cuidaram de ajustar o direito comercial, 
para que pudesse cumprir sua função de solucionar conflitos de 
interesses entre os empresários por critérios mais adequados à 
realidade econômica do último quarto do século XX.
O vídeo Dicas de Direito 
Fases do Direito Comercial, 
publicado pelo canal Leo-
nardo Rafful, explica por 
quais fases passou o di-
reito comercial de forma 
clara e sucinta.
Disponível em: https://www.youtu-
be.com/watch?v=iB94wGUcOSs. 
Acesso em: 1 out. 2019.
Vídeo
Quais são as fases históricas do 
direito comercial?
Atividade 2
14 Direito Empresarial
A teoria jurídica da empresa ampliou o campo de abrangência do 
direito comercial, pois alcançou atividades econômicas até então consi-
deradas civis. Sobre tal fato, Bruscato (2011, p. 38) leciona:
com a regulamentação do direito de empresa pelo Livro II do Có-
digo Civil, que abandonou a teoria dos atos de comércio, revo-
gando a primeira parte do Código Comercial de 1850, o antigo 
comerciante evoluiu para empresário, envolvido com todo tipo 
de atividade econômica.
No Brasil, em decorrência das transformações e avanços ocorridos 
nas últimas décadas, o Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 
1850, foi revogado pelo Código Civil, de 2002, e atualmente só está em 
vigor em matérias que se referem ao direito comercial marítimo, dan-
do espaço ao direito empresarial, o qual traz a figura do empresário, 
uma vez que é ele quem exerce a atividade empresária. O Código Civil, 
de 2002, no artigo 966, determina que se considera “empresário quem 
exerce profissionalmente atividade econômica e organizada voltada 
para a produção ou circulação de bens ou serviços” (BRASIL, 2002).
Assim, há propensão para que as normas de direito empresarial se 
baseiem em atividade profissional econômica de conteúdo empresa-
rial, o que acontece sempre por meio de uma empresa, seja ela coletiva 
ou individual.
Entretanto, não há na legislação brasileira atual a definição de em-
presa. A lei define apenas o empresário que, segundo ela, organiza a ati-
vidade econômica, recaindo sobre ele as normas jurídicas reguladoras 
dessa atividade.
Da definição de empresário apresentada pelo Código Civil é possí-
vel destacar elementos caracterizadores da atividade empresária, tais 
como o profissionalismo, a atividade econômica organizada e a produção 
ou circulação de bens e serviços (BRASIL, 2002).
Quando a norma jurídica determina que o empresário é quem exer-
ce profissionalmente uma atividade, traz a necessidade de existir uma 
sucessão contínua de ações para alcançar o exercício da atividade em-
presária e não apenas um ou alguns atos.
Conforme menciona Bruscato (2011, p. 62), empresa é um conjunto 
“de atos organizados e encadeados, praticados pelo comerciante ou 
empresário, na atividade”. Exemplificando: o fato de você vender seu 
carro não o torna um empresário. Entretanto, se você formaliza um 
15Noções gerais de direito empresarial
estabelecimento comercial que tem por objeto social a comercialização 
de veículos, organiza a atividade com base em tal objeto social e sobre-
vive economicamente de tal atividade, você pode ser considerado um 
empresário.
Além da habitualidade no exercício da atividade, existem também 
os requisitos da pessoalidade (voltados ao modo como a atividade é 
exercida; é o empresário que desenvolve sua atividade, sozinho ou 
com empregados) e do monopólio das informações (relaciona-se à for-
ma como a atividade acontece, por exemplo, qual é a metodologia de 
vendas adotada pelo empresário).
O termo atividade econômica organizada refere-se à estruturação 
de bens materiais e imateriais organizados pelo empresário para a 
busca do lucro. Tais bens são constituídos a partir de um capital inves-
tido na empresa. Importante lembrar que, além do capital, existem a 
mão de obra, os insumos e a tecnologia formando a atividade econô-
mica organizada.
Por fim, ao trazer produção e circulação de bens e serviços, o le-
gislador explicita as atividades econômicas desenvolvidas pelo empre-
sário, que são a fabricação de produtos ou mercadorias, bem como o 
comércio e a intermediação da prestação de serviços.
Não são empresários, segundo o parágrafo único do artigo 966 do 
Código Civil, aqueles que exercem “profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa” (BRASIL, 2002). Excluíram-se, portanto, os profissionais libe-
rais do conceito de empresários. Entretanto, quando a atividade inte-
lectual integrar uma organização maior, torna-se elemento da empresa 
e, assim, enquadra-se na definição de empresário. Um exemplo disso 
é quando um médico deixa de atender em seu consultório, que teve 
grande expansão, inclusive passando a realizar exames para adminis-
trar a clínica em que o consultório se transformou. Nesse caso, o exer-
cício da profissão constituiu elemento de empresa.
É importante compreender que a figura do empresário não se con-
funde com a pessoa do sócio. Conforme explica Mamede (2012, p. 5),
o sócio, no entanto, não é, juridicamente, um empresário; é ape-
nas o titular de um direito pessoal com expressão patrimonial 
econômica: uma ou mais frações ideais do patrimônio social, 
16 Direito Empresarial
frações essas que são chamadas de quotas, nas sociedades con-
tratuais e na sociedade cooperativa, de ações, nas sociedades 
anônimas e nas sociedades em comandita por ações.
Assim, como ensinado por Mamede, o sócio é aquele que detém 
uma parte – chamada tecnicamente de fração – de qualquer sociedade, 
participando do contrato da sociedade empresarial. Já o empresário é 
uma pessoa jurídica ou física que organiza a atividade econômica.
Também é necessário distinguir o empresário da figura da empresa, 
uma vez que a última não é um sujeito da relação jurídica, mas, sim, um 
objeto de tal relação, diferente do que ocorre com o empresário e com 
o sócio, que são pessoas detentoras de direitos e obrigações.
Sobre tal distinção, Bruscato (2011, p. 86) leciona que: “considerar 
a empresa como sujeito de direito parece esbarrar em questões de or-
dem prática. Ela não é dotada de capacidade negocial nem processual. 
Os titulares da aptidão legal para adquirir e exercer direitose contrair 
obrigações são o empresário individual ou a sociedade empresária”.
Depreende-se de tal ensinamento que a empresa não pode ser con-
fundida com o empresário, o qual é sujeito de direitos e obrigações e 
responde pelos atos praticados em sua constituição, bem como duran-
te toda a sua existência.
1.3 Capacidade para empresariar
Vídeo Para ser empresário é preciso que a pessoa que pretende empreen-
der se encontre em pleno gozo da capacidade civil e não esteja impedi-
da por lei. Entenda-se por capacidade civil a aptidão para ser titular de 
direitos e de contrair obrigações.
É no Código Civil brasileiro que se encontra a normatização acerca 
da capacidade civil. Ele determina quem são os absolutamente inca-
pazes, ou seja, quais os indivíduos que possuem direitos, porém não 
detém nenhum discernimento para a prática dos atos civis e, por isso, 
precisam ser representados em seus atos por seus responsáveis le-
gais. São eles os menores de 16 anos, os que não tiverem o necessá-
rio discernimento para a prática desses atos por possuírem alguma 
enfermidade ou deficiência mental e, por fim, aqueles indivíduos que 
não podem exprimir a vontade, ainda que por motivo transitório (por 
17Noções gerais de direito empresarial
exemplo, uma pessoa que se encontra internada em estado de coma 
em um hospital).
Ressaltamos que para a caracterização de uma pessoa com deficiên-
cia mental ou de anomalia psíquica é necessária a declaração judicial 
de sua incapacidade, por meio de propositura de ação de interdição. 
Na sentença que decreta a interdição, o juiz nomeia um curador ao 
interditado, que se torna seu representante legal.
Para a legislação civil brasileira, são considerados relativamente 
incapazes (pessoas que possuem algum discernimento para praticar 
atos da vida civil, mas que precisam ser assistidos por representantes 
legais para fazê-lo) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos; os 
alcoólatras e os dependentes químicos; os que tenham discernimento 
reduzido por deficiência mental; os excepcionais e os pródigos (pes-
soas que gastam desordenadamente seus bens, ameaçando a estabi-
lidade de seus patrimônios). Os atos civis praticados por tais pessoas 
podem ser anulados, isto é, se o relativamente incapaz praticar um ne-
gócio jurídico sem a assistência de seu representante legal, tal ato terá 
validade no momento da sua execução, mas poderá ser anulado por 
meio de uma ação judicial (BRASIL, 2002).
Portanto, no que se refere à capacidade, o indivíduo pode ser em-
presário se, ao iniciar tal atividade, estiver em pleno gozo da capaci-
dade civil, o que ocorre aos 18 anos ou com a emancipação que, no 
Direito brasileiro, pode ocorrer aos 16 anos de idade.
No caso do empresário capaz que, posteriormente, perdeu a capa-
cidade civil, ele deve ser representado ou assistido, com averbação no 
registro público de empresas mercantis acerca de tal situação. A ativi-
dade econômica pode ter continuidade por meio da condução de um 
ou mais gerentes, sempre por escolha do juiz, caso o representante 
legal seja impedido por lei.
Acerca da autorização para continuidade da empresa, encontramos 
em Mamede (2012, p. 20) que:
essa posição reflete o princípio da preservação da empresa, fun-
dado na constatação de sua função social, ou seja, do benefício 
econômico de mantê-la. Para tanto, exige-se prévia autorização 
do Judiciário, ouvido o Ministério Público, devendo ser examina-
das as circunstâncias e os riscos da empresa, bem como a conve-
niência em continuá-la.
No vídeo Você sabe quem 
pode exercer atividade em-
presarial?, publicado pelo 
canal Franco Maziero // 
Canal Mais Direito, o autor 
leciona sobre a capacida-
de para ser empresário, 
conforme determina a le-
gislação empresarial bra-
sileira, usando exemplos 
esclarecedores.
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=1LoKc83Mij0. 
Acesso em: 1 out. 2019.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=1LoKc83Mij0
https://www.youtube.com/watch?v=1LoKc83Mij0
18 Direito Empresarial
Portanto, deve existir autorização judicial, a qual se condiciona à 
persuasão do juiz no que se refere à conveniência ou não de autorizar, 
conforme as normas jurídicas, a continuidade da atividade empresária.
Além da capacidade para ser empresário, outra condição é que a 
pessoa não esteja impedida por lei. Então, embora seja capaz, não pode 
ser empresário ou mesmo atuar como administrador de sociedade em-
presarial aquele que em virtude da natureza da atividade exercida for 
considerado impedido pela legislação, tais como governadores de es-
tado; funcionários públicos federais, estaduais ou municipais; militares 
da ativa do Exército, da Aeronáutica ou Marinha; magistrados, os cor-
retores e leiloeiros; cônsules; médicos em farmácias, drogarias ou la-
boratórios farmacêuticos; estrangeiros com visto temporário (BRASIL, 
2002). Assim, um profissional que é contador de uma prefeitura (fun-
cionário público municipal), por exemplo, não pode ser empresário.
Alguns empresários realizam pessoalmente a gestão de sua em-
presa, enquanto outros optam por contratar administradores para tal 
função.
De qualquer maneira, conforme previsões legais, não podem ser ad-
ministradores de empresas os condenados a alguma pena que proíba, 
mesmo que por tempo determinado, o acesso a cargos públicos; que 
tenham praticado crime contra a economia popular; contra as normas 
de defesa e da concorrência; contra as relações de consumo; contra o 
sistema financeiro nacional, a fé púbica ou a propriedade.
O impedido, ao exercer atividade exclusiva de empresário, respon-
de pessoalmente pelas obrigações que contrair.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O direito perpassa todas as relações sociais, com o objetivo de organi-
zar a sociedade e garantir o desenvolvimento social.
Por isso, existem normas jurídicas aplicadas a diversas áreas, e os inú-
meros ramos do direito se relacionam entre si, uma vez que nas situações 
cotidianas reguladas pelas normas jurídicas, podem estar envolvidos vá-
rios aspectos jurídicos, sejam de direito constitucional, direito civil, direito 
penal, direito empresarial, entre outros.
Nesse contexto, o direito empresarial surge a partir da evolução do 
direito comercial. Se antes existiu um Código Comercial, instrumento de 
normatização das atividades comerciais por um longo período da história, 
Liste três situações que 
impedem o indivíduo de ser um 
empresário.
Atividade 3
19Noções gerais de direito empresarial
tal codificação foi revogada em grande parte pelo Código Civil, de 2002, 
surgindo a figura extremamente importante do empresário no contexto 
econômico dos países.
A legislação reguladora do direito empresarial não conceitua empresa, 
mas denomina quem é o empresário – quem pode exercer tão relevan-
te atividade econômica para a sociedade – uma vez que gera empregos, 
possibilita a competitividade econômica, paga tributos ao Estado e possui 
responsabilidade social.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 6385, de 7 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 9 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.
htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011.
COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2010. v. 1. 
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
NADER, P. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
TADDEI, M. G. O Direito Comercial e o novo Código Civil brasileiro. Revista Jus Navigandi, v. 
7, n. 57, jul. 2002. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/3004. Acesso em: 4 set. 2019.
GABARITO
1. O direito empresarial regula a atividade da empresa e todas as relações com ela 
conexas.
2. As fases históricas do direitoempresarial são a fase do comerciante matriculado na 
corporação (fase subjetiva), a fase dos atos e comércio (surgida na França) e a fase da 
teoria jurídica da empresa (italiana).
3. Governadores de estado; funcionários públicos; militares da ativa do Exército, da 
Aeronáutica ou Marinha; magistrados; corretores e leiloeiros; cônsules; médicos em 
farmácias, drogarias ou laboratórios farmacêuticos; bem como estrangeiros com visto 
temporário não podem ser empresários.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6385.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
20 Direito Empresarial
Neste capítulo, apresentaremos algumas das obrigações do 
empresário, bem como alguns dos elementos que compõem a 
atividade empresarial, considerando a importância econômica 
e social que as empresas possuem no contexto de um país. 
Para tanto, serão abordados os temas registro da empresa, nome 
empresarial e estabelecimento empresarial. Os conhecimentos acerca 
desses temas são relevantes porque oportunizam o entendimento 
da aplicação prática que envolve a legislação empresarial.
2.1 Registro da empresa 
Como uma maneira de dar publicidade, bem como autenticidade 
aos atos jurídicos praticados pelas empresas mercantis, a legislação 
brasileira exige que o empresário realize o registro comercial de sua 
atividade empresarial no Registro Público de Empresas Mercantis. 
Também as empresas estrangeiras em funcionamento no país de-
vem ter seu cadastramento em tal órgão e manter atualizadas suas 
informações, seja qual for o seu objeto.
Afinal, todas as sociedades empresariais, independentemente do 
objeto a que se dedicam, devem ser registradas na Junta Comercial do 
estado em que estão sediadas (COELHO, 2010). Os documentos que são 
utilizados para o registro, segundo a Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 
1994, são o ato constitutivo (estatuto ou contrato social) e as alterações.
A partir do registro, as empresas nacionais e estrangeiras recebem 
o Número de Identificação do Registro de Empresas (NIRE), o qual se re-
fere ao registro de legalidade da empresa na Junta Comercial, ou seja, é 
como se fosse a certidão de nascimento da empresa. Ele é compatibili-
Onde é feito o registro das 
empresas e das sociedades 
empresariais?
Atividade 1
2
Elementos da atividade 
empresarial
Vídeo
21Elementos da atividade empresarial
zado com os demais cadastros federais (tal como o do Instituto Nacio-
nal de Seguridade Social, por exemplo) e permite às empresas realizar 
o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) na Receita Federal.
Existe uma Junta Comercial em cada unidade federativa, com compe-
tência para matrícula, arquivamento, autenticação de livros e cancelamen-
to de registro, segundo estabelece a Lei n. 8.934/1994.
O ato de registro da empresa na Junta Comercial tem caráter formal, 
ou seja, atende às formalidades exigidas pela Lei n. 8.934/1994 para a 
constituição, alteração, dissolução e extinção das sociedades empre-
sariais, assim como para o arquivamento da firma individual, os atos 
relativos a consórcio e grupo de sociedades, a autorização de funciona-
mento de empresas estrangeiras e as declarações de microempresas.
O não cumprimento da lei quanto ao registro da atividade empresa-
rial na Junta Comercial do estado em que está situada acarreta sanções 
legais. Por exemplo, no caso da sociedade empresarial, os sócios pode-
rão responder com seu próprio patrimônio por todas as obrigações da 
sociedade, além de que tal sociedade (chamada de irregular) não pode 
requerer recuperação judicial para si ou pedido de falência de outro 
empresário, conforme previsto na Lei n. 10.101/2005.
Ainda acerca do não registro da atividade empresarial nos moldes 
legais, Bruscato (2011, p. 118) adverte que:
aquele que exerce a empresa de modo clandestino desafia a le-
gislação fiscal previdenciária e trabalhista, sujeitando-se a conse-
quências administrativas, civis e penais. O risco de apreensão de 
mercadoria, interdição do local de trabalho, incidência de multas 
e imposição de impedimentos é grande. Caso seja surpreendido, 
pode perder tudo aquilo que estruturou.
Ao optar por manter a empresa irregular, ou seja, sem o devido 
registro, conforme explicado por Bruscato (2011), o empresário corre 
sérios riscos em seu negócio, além de sofrer desvantagens, como ficar 
impedido de participar de licitações ou conseguir financiamentos públi-
cos para investir em seus negócios.
É necessário ressaltar que a existência da atividade empresarial, 
realizada pelo empresário individual ou pela sociedade empresarial, 
não depende do registro, por isso existem sociedades irregulares. En-
tretanto, a lei determina a obrigatoriedade de sua inscrição no Registro 
Público de Empresas Mercantis (BRASIL, 2002).
22 Direito Empresarial
O empresário individual realiza seu cadastro na Junta Comercial, as-
sim como a sociedade empresarial tem o registro de seu ato constituti-
vo no Registro de Empresas Mercantis. Exemplificando, uma sociedade 
empresarial que tenha por objeto a comercialização de roupas terá seu 
ato constitutivo registrado na Junta Comercial.
 No caso da sociedade simples, ou seja, aquela desenvolvida para 
realizar atividades intelectuais, artísticas, científicas e literárias, confor-
me menciona o parágrafo único do artigo 966, da Lei 10.406, há exigên-
cia de registro do ato constitutivo no cartório de registro de pessoas 
jurídicas, desde que não adote o regime de sociedade limitada. Ado-
tado o regime de sociedade limitada, o registro da sociedade simples 
deve ocorrer na Junta Comercial do estado em que atua. Por exemplo, 
uma sociedade de médicos faz o registro de seu ato constitutivo no 
cartório de registro de pessoas jurídicas, mas se os sócios optarem por 
realizar uma sociedade limitada, em que a responsabilidade dos sócios 
em relação às obrigações sociais restringe-se ao número de cotas que 
eles têm na sociedade, o registro do contrato social deve ser feito na 
Junta Comercial.
Há duas espécies de tramitação dos processos de registro de em-
presas. A primeira é o regime de decisão singular, que é o mais utili-
zado, ocorrendo, por exemplo, na alteração de contrato de sociedade 
limitada, quando a análise do cumprimento das exigências legais por 
parte do empresário é feita por apenas um vogal 1Vogal, do latim vocalis (que tem 
voz), designa a pessoa que per-
tence ou faz parte de qualquer 
corporação ou órgão, tendo voto 
ou deliberando sobre os casos 
submetidos à apreciação das 
mesmas instituições (SILVA, 
2004).
1
, pessoa nomeada 
em âmbito estadual pelo governo do estado ou por um funcionário da 
Junta designado pelo presidente da Junta Comercial.
Já no caso de maior complexidade das análises e decisões, como 
ocorre no arquivamento de atos referentes a sociedades anônimas, o 
regime adotado pelas Juntas Comerciais é o de decisão colegiada. O co-
légio de vogais é composto de pessoas nomeadas por decreto do gover-
nador do estado.
Além do registro do ato constitutivo no órgão competente, cabe ao 
empresário manter a escrituração regular de seus negócios e realizar 
demonstrações contábeis periódicas, uma vez que ele precisa ter con-
trole da própria atividade.
No que se refere ao registro na Junta Comercial, há duas exceções 
legais de atividades empresariais que são dos pequenos empresários 
e dos empresários rurais.
23Elementos da atividade empresarial
Conforme previsão legal (artigo 971 do Código Civil), o trabalha-
dor rural – o qual realiza profissionalmente atividades econômicas, 
como de plantação de vegetais destinados a alimentos – está dis-
pensado de realizar inscrição na Junta Comercial, mas pode fazê-lo 
se assim desejar. Entretanto, ao optar pelo registro de sua atividade 
econômica, o exercente da atividade rural passa a ser considerado 
empresário e submete-se a todas as exigências legais voltadas a essa 
categoriaprofissional (BRASIL, 2002).
Por determinação do texto constitucional, a segunda exceção no que-
sito de obrigatoriedade de registro da atividade econômica na Junta Co-
mercial volta-se ao microempresário e ao empresário de pequeno porte.
O artigo 179 da Constituição Federal prevê que:
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensa-
rão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim 
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a in-
centivá-las pela simplificação de suas obrigações administrati-
vas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação 
ou redução destas por meio de lei. (BRASIL, 1988)
Respeitando o texto da Lei Maior, o Código Civil brasileiro dispensa 
do registro do ato constitutivo o microempresário e o empresário de 
pequeno porte.
O vídeo Registro e Averba-
ção (Empresa e Sociedade 
Simples), publicado pelo 
canal Hebert V. Durães, 
explica os significados 
de registro e averbação 
da sociedade empresária 
e da sociedade simples, 
indicando qual legislação 
regula a matéria.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=CN57ekpsK8A. 
Acesso em: 21 nov. 2019.
Vídeo
2.2 Nome empresarial 
Vídeo Assim como a pessoa física necessita de um nome para sua identifi-
cação, também é exigido à pessoa jurídica que adote um nome, o qual 
vai constar em seu ato constitutivo e pelo qual será reconhecida no 
meio empresarial.
O nome empresarial é extremamente importante, não só pelos mo-
tivos expostos, mas também porque nos elementos que o compõem 
podem existir características da atividade empresarial. Por exemplo, o 
nome Comercial AutoCar Ltda. é uma denominação que indica que o 
negócio se trata de comércio de peças para automóveis e que a respon-
sabilidade dos sócios pelas obrigações sociais é limitada.
A legislação empresarial brasileira apresenta algumas regras para 
a adoção do nome empresarial. Primeiramente, deve-se obedecer aos 
princípios da novidade, da veracidade e da unidade.
https://www.youtube.com/watch?v=CN57ekpsK8A
https://www.youtube.com/watch?v=CN57ekpsK8A
24 Direito Empresarial
O princípio da veracidade, também denominado princípio da verdade, 
indica que o nome empresarial não pode conter informações falsas.
Bruscato (2011, p. 127), citando Leonardos (1994), afirma que o 
nome empresarial, devido ao princípio da veracidade, é obrigado a:
Corresponder à situação real do comerciante a quem pertence, 
não podendo conter elementos suscetíveis de falsear ou de pro-
vocar confusão, quer quanto à identidade do comerciante em 
nome individual e ao objeto de seu comércio, quer, no tocante 
às sociedades, quanto à identificação dos sócios, ao tipo e natu-
reza da sociedade, à atividade objeto de seu comércio e outros 
aspectos a ele relativos.
Exemplificando: uma sociedade não pode manter em seu nome 
empresarial o nome de batismo de um sócio que já não faz mais parte 
dela ou utilizar o termo Comércio de Produtos Alimentícios para uma 
empresa cujo objeto é a venda de brinquedos.
Já o princípio da novidade determina que não podem coexistir na 
mesma unidade federativa dois nomes empresariais idênticos em um 
mesmo segmento econômico. Ocorrendo tal situação, o nome empre-
sarial que foi registrado primeiro no ato constitutivo, na Junta Comer-
cial, é o que prevalece. Nesse sentido, por exemplo, não é permitido 
que dois restaurantes da mesma cidade adotem o nome empresarial 
de Carmem Silva Restaurante, se forem de proprietários diferentes.
Para que seja respeitado o princípio da novidade, deve-se providen-
ciar, antes do registro do nome empresarial, uma pesquisa na Junta 
Comercial. Se for encontrado nome similar, é necessário inserir um pe-
queno diferencial ou modificar o nome empresarial escolhido.
O princípio da unidade determina que o empresário ou a sociedade 
empresarial só tem a possibilidade de utilizar um único nome empre-
sarial para sua atividade econômica, considerando as previsões legais 
quanto aos tipos de nomes empresariais existentes.
A proteção do nome empresarial ocorre apenas no estado em que 
foi arquivado seu ato constitutivo. Se desejar proteção em todo o terri-
tório nacional, a empresa precisa arquivar seu ato constitutivo em to-
das as Juntas Comerciais da federação.
É compreensível que haja proteção ao nome empresarial, uma vez 
que existe grande esforço por parte do empresário para conquistar a 
confiança do consumidor em relação aos produtos ou serviços que for-
Cite os princípios que regulam o 
nome empresarial.
Atividade 2
25Elementos da atividade empresarial
nece, gerando a reputação da sua empresa, sendo que essa reputação 
passa a ter valor patrimonial.
No campo do direito penal, a legislação define a usurpação do nome 
empresarial como crime de concorrência desleal, previsto no artigo 
195, V, da Lei de Propriedade Industrial, com pena de detenção de três 
meses a um ano ou multa (BRASIL, 1996).
O nome empresarial possui duas características importantes: é ina-
lienável e imprescritível. A primeira significa que o nome empresarial 
não pode ser vendido, uma vez que tal situação acarretaria confusão 
para as pessoas que se relacionam com a atividade empresarial, como 
consumidores e fornecedores.
A segunda quer dizer que sua não utilização não implica sua perda. 
Apenas após o encerramento formal da atividade empresária, o nome 
empresarial deixa de existir e pode ser utilizado por outros empresá-
rios do mesmo estado da federação em que foi registrado.
Existem dois tipos de nome empresarial: a firma e a denominação. A 
firma pode ser individual e social. A firma individual é adotada pelo em-
presário individual, ou seja, pela pessoa que exerce sozinha a atividade 
empresarial, e é formada pelo seu nome civil ou pode incluir o ramo de 
atividade econômica explorada. Por exemplo: João da Silva ou João da 
Silva Distribuição de Bebidas.
A firma ou razão social é adotada pelas sociedades de pessoas em 
que existam sócios de responsabilidade ilimitada em relação às obriga-
ções sociais e, facultativamente, pelas sociedades limitadas, desde que 
conste de maneira expressa o termo limitada, por extenso ou abrevia-
do, no nome empresarial.
A razão social é composta da combinação dos nomes de todos os 
sócios, de alguns ou, ainda, de apenas um sócio, caso em que deverá 
ser acrescida ao final do nome a expressão & Cia, que significa a exis-
tência de outros sócios. Por exemplo: Antônio Silva & Cia. Ltda.
Outra especificidade da firma é que, além de ser a identidade do 
empresário, é também a sua assinatura. Por exemplo: a firma Maria 
Ribeiro Livros Técnicos deve ter a assinatura Maria Ribeiro Livros Técnicos 
em todos os instrumentos obrigacionais (contrato social e outros).
A denominação é o outro tipo de nome empresarial, o qual deve ser 
utilizado por sociedades formadas por ações e, também, de maneira 
26 Direito Empresarial
optativa, pela sociedade limitada. É estruturado por qualquer expres-
são de fantasia e, facultativamente, pelo uso de expressão que carac-
terize o objeto da sociedade, por exemplo, Natura Cosméticos S.A., em 
que foi utilizado o nome fantasia Natura, a expressão que caracteriza o 
objeto da sociedade, Cosméticos, e, por fim, o S.A., sigla que indica o tipo 
de sociedade (sociedade anônima, a qual só pode usar denominação 
em seu nome empresarial).
O título do estabelecimento é o nome adotado na fachada dos 
estabelecimentos empresariais e nos letreiros que fazem com que a 
atividade econômica se torne conhecida, por exemplo, Restaurante 
Madalosso. Também é conhecido como nome fantasia e não precisa 
coincidir com o nome empresarial.
Ainda, é importante destacar a diferença entre nome empre-
sarial e marca, pois são amplamente utilizados no exercício da 
atividade empresarial. “O primeiro identifica o sujeito de direito (o 
empresário, pessoa física ou jurídica), enquanto a marca identifica, di-
reta ou indiretamente, produtos ou serviços” (COELHO, 2010, p. 186). 
Exemplificando: Ferrari, Apple, Amazon, IBM, Google, entreoutras, são 
marcas.
Outras diferenças entre marca e nome empresarial podem ser 
apontadas: enquanto a marca tem sua proteção após o registro no 
Instituto Nacional de Propriedade Industrial, o nome empresarial deve 
ser registrado na Junta Comercial do estado em que se estabelece; o 
nome empresarial tem proteção apenas estadual (no estado em que 
o empresário tem sede ou filial), ao passo que a marca tem proteção 
nacional; o período de proteção da marca, após o registro no órgão 
competente, é de dez anos, enquanto o nome empresarial tem prote-
ção até que a atividade empresarial seja encerrada.
2.3 Estabelecimento empresarial 
Vídeo O empresário precisa reunir um conjunto de bens para a exploração 
de sua atividade econômica, tais como máquinas, veículos, mercado-
rias, tecnologia, marcas, entre outros. Tal conjunto de bens é deno-
minado, juridicamente, estabelecimento empresarial. O artigo 1.142 do 
Código Civil brasileiro prevê que se considera “estabelecimento todo 
complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empre-
sário, ou por sociedade empresária” (BRASIL, 2002).
27Elementos da atividade empresarial
O estabelecimento empresarial não deve ser confundido, portanto, 
com o imóvel onde se desenvolve a atividade empresária, pois é ape-
nas um de seus elementos.
Bruscato (2011, p. 121, grifos do original) esclarece o tema, ao afir-
mar que se percebe:
Percebe-se, desde logo, que não se trata dos bens corpóreos ou 
incorpóreos, considerados individualmente, tampouco de sua 
consideração em conjunto, mas de todos os elementos que con-
tribuem para o desempenho e o sucesso da atividade, conside-
rando-se aí a coordenação, a organização, os métodos e práticas 
na utilização dos bens, por isso, complexo organizado de bens.
Depreende-se de tal afirmação que o estabelecimento empresarial 
nada mais é do que a reunião deliberada e organizada de bens que 
têm existência material, os chamados bens corpóreos (como livros, joias 
e terrenos), e de bens imateriais, também conhecidos como bens incor-
póreos (como o direito de crédito, o direito de uso da marca e o ponto, 
que são bens que possuem apenas uma existência jurídica), realizada 
pelo empresário para obtenção do lucro.
Por isso, o direito empresarial brasileiro trata o estabelecimento 
empresarial como uma universalidade de fato, ou seja, a organização 
de bens utilizados não decorre da lei (o que geraria a universalidade 
de direito, como é o caso da massa falida, declarada pela vontade do 
legislador, por exemplo), mas, sim, da vontade do empresário, o qual 
articula os fatores de produção para a exploração da atividade econô-
mica. Exemplificando: uma padaria é uma universalidade de fato, pois 
tem reunidos todos os bens necessários para sua atividade comercial.
Ressaltamos que o estabelecimento não é sujeito de direito, porque 
sujeito de direito é o empresário e a sociedade empresarial. O estabele-
cimento empresarial é objeto unitário de direito, conforme determina 
o artigo 1.143 do Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002). Isso significa 
que as obrigações e direitos decorrentes da atividade empresária re-
caem sobre o empresário e/ou a sociedade empresária.
Outro aspecto é a distinção entre estabelecimento empresarial, so-
ciedade empresarial e empresa.
A empresa e a sociedade empresária não são o mesmo que estabe-
lecimento, pois a primeira é compreendida como a atividade economi-
camente organizada que utiliza o estabelecimento para seu exercício, 
O vídeo AGU Explica – Es-
tabelecimento Empresarial, 
publicado pelo canal Ad-
vocacia-Geral da União 
– AGU, apresenta uma 
explanação bastante asser-
tiva acerca do que é esta-
belecimento empresarial.
Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=PjZg7AVyWAI. 
Acesso em: 21 nov. 2019.
Vídeo
O que é estabelecimento 
empresarial? Exemplifique.
Atividade 3
https://www.youtube.com/watch?v=PjZg7AVyWAI
https://www.youtube.com/watch?v=PjZg7AVyWAI
28 Direito Empresarial
ao passo que a segunda, conforme elucidado por Bruscato (2011, p. 165), 
“é aquela que se dedica a explorar, de modo organizado, a atividade 
econômica, para a produção ou circulação de bens ou de serviços, ex-
ceto de natureza intelectual e rural puramente prestadas”.
Assim, podemos concluir que o empresário, ou a sociedade 
empresarial, somado ao estabelecimento formam a empresa, 
determinando-se a diferença entre os três termos, muito comumente 
utilizados como sinônimos. O autor, ainda, distingue em sua afirmação 
a sociedade empresarial da sociedade simples, ao mencionar a 
exploração de atividade de natureza intelectual.
2.3.1 Aviamento e trespasse do estabelecimento 
empresarial
A capacidade ou aptidão que um estabelecimento empresarial pos-
sui para gerar lucros é chamada de aviamento.
A existência do aviamento depende da boa organização dos fatores 
de produção atribuídos pelo empresário ao estabelecimento, de saber 
administrar bem a empresa e da capacidade de produzir lucros. “É a 
consequência do capital intelectual investido pelo empresário em seu 
negócio” (MAMEDE, 2012, p. 255).
Por exemplo, o valor na compra de um restaurante é mensurado 
não só a partir do cálculo dos bens materiais e imateriais investidos 
que o integram, pois a maneira como esse restaurante é administrado 
gera o valor que fatura com a clientela mensalmente. Assim, o inves-
timento básico em sua estruturação pode ter sido de R$ 30 mil (com 
cardápio simples), mas ele pode ser avaliado, depois de algum tempo 
do efetivo atendimento a sua clientela, por valor bem mais alto.
Cabe aqui diferenciar clientela e freguesia, visto que são elementos 
importantes para o aviamento empresarial, pois representam o 
mercado consumidor. Enquanto clientela tem uma relação pessoal 
com o estabelecimento empresarial, freguesia é formada por indivíduos 
que passam diante do estabelecimento e podem se tornar clientes, 
caso negociam com o empresário ou com a sociedade empresarial 
(MAMEDE, 2012).
29Elementos da atividade empresarial
Nesse contexto, o aviamento como atributo do estabelecimento 
empresarial deve ser considerado para fins de sua avaliação econômi-
ca e, também, nas operações de trespasse, ou seja, na sua alienação.
O estabelecimento empresarial pode ser vendido pelo empresário 
e o contrato de compra e venda relativo a tal negócio jurídico é deno-
minado trespasse.
O contrato de trespasse só gera efeitos jurídicos após ser averbado 
na Junta Comercial da localidade do estabelecimento empresarial, sen-
do também necessária a publicação na imprensa oficial. Assim, aqueles 
que se sentirem prejudicados com o negócio jurídico praticado têm o 
direito de rescindir eventuais contratos mantidos antes da transferên-
cia, respeitando o prazo de 90 dias da data da publicação, conforme 
previsão do artigo 1.148 do Código Civil (BRASIL, 2002).
O contrato de trespasse gera outras obrigações ao alienante, como 
é chamado o empresário que vende seu estabelecimento empresarial.
O alienante tem a obrigação de comunicar aos credores, quando 
não tiver bens suficientes para saldar suas dívidas, a sua intenção de 
alienar o estabelecimento empresarial. Caso não cumpra tal obrigação 
legal ou os credores não concordem com a alienação, poderá ser de-
cretada por sentença judicial a falência da atividade empresarial.
Outra obrigação do empresário que aliena seu estabelecimento é a 
de não se estabelecer, por cinco anos, com o mesmo ramo de negócio 
na mesma localidade onde mantinha seu empreendimento que foi alie-
nado. Se o fizer, estará praticando concorrência desleal.
Já no que se refere ao passivo deixado pelo empresário, a legisla-
ção empresarial determina que a responsabilidade é do adquirente, 
sendo que o alienante tem responsabilidade solidária pelas dívidas 
pelo prazo de um ano, contando a partir da publicação da transferên-
cia do estabelecimento ou do vencimento, no caso das dívidas que es-
tão para vencer. Caso exista alguma cláusula no contrato de trespasse 
que determine prazos diferentes dos estabelecidosem lei, serão válidos 
apenas entre os contratantes, a fim de que o comprador possa ajuizar 
ação regressiva contra o alienante. Por exemplo, no contrato de tres-
passe realizado em 2019, os contratantes optaram por redigir cláusula 
que prevê a obrigação do alienante em pagar até 2022 os fornecedores 
com quem tinha relações comerciais. Caso o alienante concorde com a 
cláusula e não cumpra posteriormente com tal obrigação, o comprador 
pode quitar a dívida com os fornecedores e ajuizar ação regressiva con-
tra o alienante.
30 Direito Empresarial
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O exercício da atividade empresária exige o cumprimento de algumas 
formalidades por parte daqueles que vão empreender, bem como a orga-
nização dos bens que serão utilizados.
Essas formalidades possuem um custo ao empresário, porém são 
importantes à medida que a obediência às determinações legais para a 
formalização da atividade não interessa apenas ao empresário e aos seus 
sócios (se existirem), mas também aos credores, ao fisco, aos funcionários 
e também à sociedade, pois um empreendimento regularizado gera com-
petitividade (permitindo preços justos de produtos e serviços), pagamen-
to de tributos, empregos e, muitas vezes, desenvolvimento econômico do 
local onde está situado o estabelecimento empresarial.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituicão Federal 1988. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 5 
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 20 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 9.276, de 14 de maio de 1996. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasí-
lia, DF, 15 mai. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm. 
Acesso em: 28 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 20 nov. 2019.
BRASIL. Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 
nov. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934.htm. Acesso em: 
20 nov. 2019.
BRUSCATO, W. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2011. 
COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
LEONARDOS, G. F. A proteção jurídica ao nome empresarial, ao título do estabelecimento 
e a insígnia no Brasil – regime jurídico e novos desenvolvimentos na jurisprudência. Revis-
ta de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo: RT, ano XXXIII (nova 
série), n. 95, p. 25-56, jul/set. 1994. 
MAMEDE, G. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.
SILVA, D. P. e. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934.htm
31Elementos da atividade empresarial
GABARITO
1. O registro das empresas e das sociedades empresariais é realizado nas Juntas 
Comerciais dos locais onde estão estabelecidas.
2. Os princípios que regulam o nome empresarial são o princípio da veracidade (ou 
verdade), o princípio da novidade e o princípio da unicidade.
3. Estabelecimento empresarial é todo o complexo de bens organizado, para exercício 
da empresa, por empresário ou por sociedade empresária. Por exemplo: uma livraria 
é composta de ponto comercial, nome empresarial, livros, tecnologia e prateleiras; 
todos esses bens formam o estabelecimento empresarial.
32 Direito Empresarial
3.1 Constituição da sociedade e 
elementos essenciais Vídeo
Cotidianamente as pessoas, tanto físicas quanto jurídicas, estabe-
lecem relações jurídicas, devido às necessidades da convivência social. 
Tais relações geram direitos e obrigações aos sujeitos envolvidos. A 
concretização dessas relações jurídicas se dá por meio de contratos 
(escritos ou não). Exemplificando, temos contratos como o de compras 
de alimentos, de telefonia, de transporte etc.
Quando a relação jurídica surge com a intenção de realização da 
atividade econômica empresarial, pode ter como sujeitos o empresá-
rio individual, como também a sociedade unipessoal ou pluripessoal 
(quando praticada por duas ou mais pessoas).
Neste capítulo, daremos início aos estudos sobre a sociedade 
empresarial, tema que compõe o direito societário brasileiro.
De maneira bastante objetiva, este capítulo proporciona co-
nhecimentos que vão desde o conceito de sociedade empresarial, 
os elementos fundamentais para constituição de uma sociedade, 
até as determinações legais acerca de sua administração e, por 
fim, discorre sobre o que é a desconsideração da personalidade 
jurídica e suas consequências.
A abordagem de tais temas é importante na medida em que 
possibilita uma visão, ainda que abrangente, de como deve ser a 
aplicação prática do direito societário brasileiro.
Teoria geral das 
sociedades
3
33Teoria geral das sociedades
Sociedade é entendida como a instituição, a entidade, a pessoa jurí-
dica, que se instituiu ou se originou a partir de um contrato, documento 
no qual os responsáveis por ela descrevem os requisitos fundamentais 
para sua existência (PLACIDO; SILVA, 2010).
 É relevante compreender que a contratação da sociedade é ante-
rior ao seu registro no órgão competente, ou seja, na Junta Comercial ou 
no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. A partir do momento em 
que as pessoas combinam entre si a constituição de uma pessoa jurídica 
para realizar negócios, passa a existir o contrato da denominada socieda-
de em comum. Ao formalizarem a instituição da sociedade com o registro 
do ato constitutivo no órgão competente, deixa de existir a sociedade em 
comum e cria-se a pessoa jurídica.
Para a legislação empresarial brasileira, o contrato de sociedade é 
realizado por pessoas que “reciprocamente se obrigam a contribuir, 
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a par-
tilha, entre si, dos resultados” (BRASIL, 2002).
Extrai-se de tal previsão legal que para existir uma sociedade é possí-
vel a pluralidade de pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas (em regra). Os 
sócios contribuem de alguma maneira (com bens ou serviços) e, diferen-
temente das associações, tal união de pessoas visa ao lucro (mesmo que 
ele não seja obtido, continua caracterizando a sociedade). A partilha entre 
os sócios, ou seja, a divisão não é apenas dos lucros, como o conceito legal 
pode levar a crer, mas também dos prejuízos que venham a ocorrer.
A pluralidade de pessoas que compõem a sociedade empresarial 
ocorre a partir da vontade de se associar e, assim, permanecer na ex-
ploração da atividade econômica empresarial. Essa situação, a doutri-
na convencionou chamar de affectio societatis, sobre a qual Bruscato 
(2011, p. 190) assevera que
dentre os elementos que são considerados essenciais à forma-
ção de uma sociedade empresária, entendemos que o primeiro 
deles é a intenção de se associar. É claro que essa vontade de se 
unir a outras pessoas para perseguir o lucro pode se concretizar 
de algumas formas variadas. Mas sempre existe, e não só no mo-
mento da constituição da sociedade: deve durar por todo o seu 
tempo de vida.
Nesse sentido, embora a vontade livre e consciente deva ser ele-
mento essencial de qualquer tipo de contrato, no caso da constituição 
da sociedade empresária, ela é anterior à sua própria manifestação. 
O que é sociedade empresária?
Atividade 1
34 Direito Empresarial
Uma vez que se trata do ânimo de lucrar por meio da exploração da 
atividade econômica, muitas vezes em companhia de outras pessoas, 
os doutrinadores a compreendem como uma vontade qualificada.
Assim, existem algumas particularidades que identificam a 
affectio societatis, tais como a colaboração ativa, consciente e iguali-
tária dos envolvidos na sociedade, bem como a busca do lucro que 
desejam partilhar.
Acerca de tal partilha de lucros, nos contratosde sociedade, Mamede 
(2012, p. 31) esclarece que:
o fim econômico é próprio do contrato de sociedade. Seu objeti-
vo é produzir vantagens que, partilhadas entre os contratantes, 
serão por eles apropriadas. Para tanto, será desenvolvida uma 
ou mais atividades específicas, lícitas e morais, que são o objeto 
do contrato de sociedade. Assim, há contrato de sociedade quan-
do na atuação conjunta de músicos, dividindo o cachê, e mesmo 
quando colegas organizam uma festa e repartem entre si o saldo 
positivo do evento.
O ilustre doutrinador traz duas reflexões importantes ao tratar do 
tema contrato de sociedade, indo além da vontade de partilhar os lucros: 
o seu objetivo e o objeto que desenvolverá.
O primeiro refere-se ao intento da obtenção de lucro a partir da 
união de esforços, para reparti-los, conforme já explicado no conceito 
legal de sociedade.
O segundo, que Mamede (2012) traz à reflexão, deve ser determi-
nado. Isso quer dizer que os sócios devem saber precisar e descrever 
no contrato social qual é o produto ou serviço que será ofertado no 
exercício da atividade econômica. Inclusive, há no Brasil um serviço de 
pesquisa de classificação econômica ofertado pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE). Ele designa uma tabela que é utiliza-
da para a classificação da atividade no Cadastro Nacional das Pessoas 
Jurídicas. Essa classificação nacional de atividades econômicas (CNAE) 
também é útil à Receita Federal quando da escolha do regime tributá-
rio pela sociedade, o qual determina as obrigações principais e acessó-
rias da atividade econômica junto ao fisco. Por exemplo, as sociedades 
empresariais que têm por objeto social a fabricação de automóveis ou 
motocicletas não podem adotar o sistema tributário do Simples Nacio-
nal (BRASIL, 2006).
35Teoria geral das sociedades
Além disso, tal objeto deve estar de acordo com a lei e a moral. 
Exemplificando: duas ou mais pessoas que estão se unindo para reali-
zar o comércio de remédios não autorizados pela Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (Anvisa) estarão constituindo sociedade empresa-
rial cujo objeto é ilegal.
Atendidos os requisitos da existência de uma ou mais pessoas para 
a sua formação e da definição de um objeto dentro da lei, outro ele-
mento extremamente importante para a constituição da sociedade 
empresarial é o seu patrimônio inicial, denominado capital social.
A formação do capital social é feita por meio da contribuição reali-
zada por cada sócio, que pode ser por bens ou dinheiro. Essa contri-
buição é uma obrigação legal dos sócios e consta no contrato social. 
Compreende-se que na sociedade simples é possível também que um 
dos sócios contribua com serviços (art. 997, V, do Código Civil), uma vez 
que a atividade é predominantemente intelectual.
O capital social tem a função de formar o acervo financeiro inicial 
para que a atividade empresarial seja estruturada. Ele também ser-
ve para fixar a medida da participação de cada sócio, pois, ao fazer a 
transferência de algum bem para a sociedade, ele passa a ter direito 
a ações ou cotas (dependendo do tipo societário), as quais integrarão 
seu patrimônio pessoal, bem como determina a participação do sócio 
na sociedade, pois seus lucros e suas perdas ocorrem na proporção 
das ações ou cotas adquiridas.
Outro aspecto importante do capital social é que ele serve de ga-
rantia mínima aos credores. Isso porque no caso de inadimplência das 
obrigações assumidas pela sociedade, em última instância, os recursos 
aportados são utilizados para o cumprimento de tais obrigações. Por 
esse motivo, quando o capital social é elevado, insinua-se que a socie-
dade empresarial tem solidez.
Os sócios podem integralizar ou subscrever o capital social. Integra-
lizar significa entregar sua parte em dinheiro, bens ou créditos possuí-
dos por você, na data estipulada entre os sócios, mediante recibo.
Quando o sócio integraliza o capital social com bens, é necessário 
avaliá-los. A legislação empresarial brasileira prevê que o sócio respon-
de de forma solidária, durante cinco anos, pelo valor que foi atribuído 
ao bem que integra o capital social (BRASIL, 2002).
O vídeo Fundamentos do 
Direito Societário – Capi-
tal Social, publicado pelo 
canal Trilhante, explica 
a importância do capital 
social para a sociedade 
empresária, diferindo-a 
de patrimônio da socie-
dade da empresária.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=cgLuQsRlvdM. 
Acesso em: 14 out. 2019.
Vídeo
36 Direito Empresarial
Subscrever o capital social significa que o sócio se compromete a in-
tegralizar, na data estipulada na Assembleia Geral Extraordinária (no 
caso das sociedades anônimas) ou no ato constitutivo da sociedade 
(nas demais sociedades), o valor decidido entre os sócios. A subscrição 
do capital social é um ato jurídico formal. Exemplificando: um sócio 
comprometeu-se a entregar um de seus imóveis para a sociedade e 
deverá fazê-lo no prazo de 20 dias, conforme consta no contrato social.
 O capital social está sujeito a alterações, que devem ser averbadas 
no ato constitutivo da sociedade. Seu aumento pode ser feito pela uti-
lização de parte dos resultados obtidos pela própria sociedade, sem 
necessidade de utilizar os bens pessoais dos sócios para tanto. Já quan-
do se trata de diminuição do capital social integralizado, cada situação 
depende de previsão legal, uma vez que a regra geral está baseada no 
princípio da intangibilidade do capital social, o qual significa que os só-
cios, em regra, não podem retirar da sociedade o valor investido. Isso 
ocorre com o intuito de proteger os direitos e interesses dos credores, 
excetuando-se o caso de dissolução da sociedade, quando é permitida 
a distribuição do capital entre os sócios.
3.2 Administração societária 
Vídeo Segundo o Código Civil brasileiro, a sociedade é uma pessoa jurídi-
ca. Uma vez que a legislação brasileira não conceitua pessoa jurídica, 
a doutrina a define. Assim, Nader (2010, p. 287) explica que: “pessoa 
jurídica é uma construção elaborada pela Ciência do Direito, em decor-
rência da necessidade social de criação de entidades capazes de reali-
zarem determinados fins, que não são alcançados normalmente pela 
atividade individual isolada”.
O doutrinador esclarece que a pessoa jurídica nada mais é do que o 
resultado da necessidade de criação, por parte da lei, de entidade que 
realize atividades mais complexas, uma vez que possui personalidade 
jurídica diferenciada.
 A sociedade empresarial, como pessoa jurídica que é, contrai obri-
gações e adquire direitos na consecução de sua atividade econômica. 
Para tanto, tem suas ações condicionadas às decisões de pessoas físi-
cas. Então, a sua administração, segundo a legislação empresarial bra-
37Teoria geral das sociedades
sileira, deve ser feita por pessoas naturais brasileiras ou estrangeiras 
(desde que tenham visto permanente e residam no Brasil).
 Espera-se da pessoa natural que administra uma sociedade que, ao 
gerir a atividade econômica empresarial, tenha a mesma dedicação e 
cuidado com os quais conduz seu patrimônio pessoal.
O ato constitutivo pode conter quem vai administrar a sociedade 
empresarial e ir além, determinando quem vai gerir a sociedade, como 
também distribuir os poderes e as áreas de competência entre os só-
cios. Caso não conste no ato constitutivo, é de responsabilidade de to-
dos os sócios praticarem os atos de gestão.
É possível também que os sócios decidam não administrar o negó-
cio. Eles podem contratar um administrador, que é a pessoa que irá 
responder pela sociedade perante terceiros, bem como assinar pela 
empresa. Exemplificando: se a sociedade empresarial estiver locando 
um imóvel, o administrador será o responsável por assinar tal contrato 
de locação.
Existe a possibilidade de contratar quantos administradores forem 
necessários, mas é essencial estipular seus poderes. Isso se faz no ato 
constitutivo da sociedade ou em um documento separado. De qual-
quer forma, cabe ao administrador, ouaos administradores, averba-
rem tal instrumento na Junta Comercial do local onde a sociedade se 
estabelece.
 Uma vez determinado quem é o administrador e documentada 
a escolha, ele não pode se fazer substituir em sua atividade por ou-
tra pessoa, devido ao princípio da pessoalidade, posto que foi ele o 
escolhido pelos sócios para gerir seus negócios. A legislação permite 
apenas ao administrador que emita procuração quando tal situação 
não implique transferência da competência a ele conferida, mas para 
situações bem específicas. Por exemplo, o administrador pode emitir 
uma procuração para que um supervisor de área o represente em 
uma audiência.
 A legislação empresarial não descreve as atribuições conferidas ao 
administrador das sociedades em geral, deixando a cargo dos sócios 
determinarem tais tarefas, a não ser no caso das sociedades anônimas, 
cuja lei apresenta um rol de tarefas ao conselho de administração, tais 
como fixar a orientação geral dos negócios da companhia, fiscalizar a 
O administrador pode se fazer 
substituir na administração da 
sociedade empresária? Explique.
Atividade 2
38 Direito Empresarial
gestão dos diretores, examinar os livros e papéis da companhia, entre 
outras (BRASIL, 1976).
Entre as obrigações do administrador, o Código Civil proíbe que faça 
concorrência com a sociedade que administra, o que deriva de ques-
tões não somente legais, como também éticas.
 Outro dever decorrente de seu cargo é prestar contas e apresentar 
o balanço anual da sociedade aos sócios, sendo que os sócios podem 
examinar os documentos em qualquer momento, uma vez que estarão 
exercendo seu direito de fiscalizar a administração.
Cabe ressaltar que o administrador responde por seus atos que 
venham a causar prejuízos à sociedade, como bem assevera Bruscato 
(2011, p. 239):
o administrador responderá por perdas e danos perante a socie-
dade se agir em desacordo com a maioria e se aplicar créditos ou 
bens sociais em proveito próprio ou de terceiro sem o consen-
timento escrito dos sócios. Em qualquer caso, o administrador 
responderá, solidário à sociedade, por culpa no desempenho de 
suas funções.
Com isso, fica evidente que ao administrador é concedida deter-
minada liberdade de agir conforme os poderes de gestão que lhe são 
conferidos. Entretanto, ele deve respeitar as decisões da maioria dos 
sócios, bem como o ato constitutivo e a lei. Assim, não pode utilizar-se 
de sua atividade de gestão para atender interesses privados, estranhos 
à sociedade. E, uma vez que age em nome da sociedade, o administra-
dor responde pelas obrigações ou prejuízos causados a terceiros quan-
do age em desacordo com a lei ou com o ato constitutivo. A falta de 
cuidado e de diligência exigida por lei na administração da sociedade 
traz consequências diretas ao administrador, uma vez que caracteriza-
rá sua culpa.
 Por outro lado, ao administrador são conferidos também alguns 
direitos. Há o direito ao recebimento de remuneração, a qual é estabe-
lecida pelos sócios no ato constitutivo da sociedade ou posteriormente, 
em outro documento apartado. Essa remuneração pode ser constituí-
da por valor fixo ou de outra maneira: uma parte fixa e outra que varia 
conforme o lucro líquido da sociedade. A segunda forma de pagamen-
to da remuneração está diretamente voltada à ideia de incentivo ao 
administrador no exercício da gestão.
39Teoria geral das sociedades
 A remuneração variável revela-se interessante tanto para os sócios, 
que conseguem melhores resultados advindos do bom desempenho 
do administrador, como ao gestor contratado, que se sente estimulado 
a atingir os objetivos da sociedade de maneira eficiente.
 A legislação empresarial brasileira prevê as seguintes modalidades 
de término da administração societária: pela revogação de poderes e 
renúncia; pelo falecimento de uma das partes ou interdição; devido à 
mudança de estado que inabilite o mandante a conferir poderes ou o 
mandatário para os exercer; pelo término do prazo ou conclusão do 
negócio (BRASIL, 2002).
 O término por revogação de poderes ocorre quando os sócios, de 
maneira motivada, revogam os poderes concedidos ao administrador. 
O gestor tem direito de renunciar aos poderes que lhe foram outorga-
dos, ainda que tal situação possa obrigá-lo a responder pelos prejuízos 
contratuais ou extracontratuais decorrentes do inadimplemento.
 A extinção da administração societária por interdição do adminis-
trador decorrerá de ação judicial específica para tanto, em que haja 
sentença judicial baseada em laudos psicológicos. Quando a legisla-
ção traz a mudança de estado que inabilite uma das partes (mandan-
te ou mandatário) para justificar o término da administração, pode-se 
exemplificar tal fato com um acidente de trânsito que venha a tornar o 
administrador de uma sociedade empresarial absolutamente incapaz 
devido aos ferimentos sofridos, o que não lhe permitiria continuar na 
gestão dos negócios.
 Por fim, uma maneira bastante comum de extinção da administra-
ção é o término do período para o qual o administrador foi contratado 
(pois o seu contrato de trabalho pode ser estabelecido por prazo de-
terminado) ou pela conclusão da atividade empresarial, a qual pode 
ocorrer por motivos diversos, tais como dissolução da sociedade ou 
decretação judicial de falência.
Uma questão recorrente em relação à gestão da sociedade em-
presarial é se ela pode ser administrada por outra pessoa jurídica. 
Muito embora o Código Civil brasileiro, que trata das regras gerais 
das sociedades, nada disponha a respeito de tal assunto, o Departa-
mento Nacional de Registro Empresarial e Integração (DREI) deter-
mina que uma pessoa jurídica não pode administrar outra pessoa 
jurídica (BRASIL, 2017).
40 Direito Empresarial
A mesma instrução normativa determina que estão impedidos de 
ser administradores de sociedade limitada o menor de 16 anos e o re-
lativamente incapaz. Além destes:
§ 1º Não podem ser administradores, além das pessoas impedi-
das por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que 
temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime fali-
mentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; 
ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro na-
cional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as 
relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto 
perdurarem os efeitos da condenação. (BRASIL, 2002)
Ainda, estende-se a pessoas impedidas por norma constitucional 
ou por lei especial, com destaque para: brasileiro naturalizado há me-
nos de dez anos, em empresa jornalística e de radiodifusão sonora e 
radiodifusão de sons e imagens; estrangeiro sem visto permanente; 
funcionário de empresa jornalística de qualquer espécie, de radiodi-
fusão sonora e de sons e imagens; quem trabalha em pessoa jurídica 
que seja titular de direito real sobre imóvel rural na Faixa de Frontei-
ra (150 km de largura ao longo das fronteiras terrestres), salvo com 
assentimento prévio do órgão competente; o cônsul, no seu distrito, 
salvo o não remunerado; o funcionário público federal civil ou militar 
da ativa; o falido, enquanto não for legalmente reabilitado; os leiloei-
ros, entre outros (BRASIL, 2002).
A gestão de uma sociedade empresarial, em especial das médias e 
grandes, é uma atividade de extrema importância, porque o sucesso 
delas impacta diretamente a economia. Deste modo, há a legislação 
para determinar como ela deve ser conduzida, ainda que exista mar-
gem de liberdade de atuação ao administrador.
3.3 Desconsideração da personalidade jurídica 
Vídeo A pessoa jurídica é o grupo de pessoas criado na forma da lei que 
se une para atingir determinado fim, sendo assim, é sujeito a direitos e 
obrigações ao possuir personalidade jurídica.
 A personalidade jurídica foi criada para incentivar a atividade eco-
nômica, porque as pessoas sentem-se mais seguras para empreender 
quando têm ciência da separação entre o patrimônio da pessoa jurídi-
41Teoria geral das sociedades

Outros materiais