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UNIDADE VI – OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS E FACULTATIVAS

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UNIDADE VI – OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS E FACULTATIVAS 
 
1. OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS E ALTERNATIVAS 
 Levando em consideração os elementos obrigacionais (sujeito ativo, sujeito passivo, 
prestação e vínculo jurídico) as obrigações se classificam em simples e compostas 
(complexas). 
 As simples são as obrigações que são formadas por um sujeito ativo, um sujeito passivo 
e uma prestação. Já as compostas, também denominadas de complexas, são as obrigações 
formadas pela multiplicidade de sujeitos e/ou objetos. No entanto, esta unidade se dedicará ao 
estudo das obrigações complexas quanto a pluralidade de objetos. 
 As obrigações complexas por pluralidade de prestações apresentam-se nas seguintes 
modalidades: obrigações cumulativas, obrigações alternativas e obrigações facultativas. Cabe 
inicialmente diferenciar as obrigações cumulativas das obrigações alternativas. 
 Nas obrigações cumulativas ou conjuntivas, há uma pluralidade de prestações e todas 
devem ser cumpridas pelo devedor, sem exclusão de qualquer delas, sob pena de haver por 
não cumprida. Nestas as obrigações estão ligadas pela conjunção aditiva “e”. Ex: João se 
obriga a construir a casa e a pintá-la. Caso apenas construa a casa haverá inadimplemento 
obrigacional. 
 Diferentemente ocorre nas obrigações alternativas, também denominadas de disjuntivas. 
Nesta há duas ou mais prestações, ligadas pela partícula “ou”, das quais o devedor se exonera 
cumprindo apenas uma delas. Ex: João se obriga a pintar a casa já construída ou a construir a 
casa. As prestações são múltiplas, mas, efetuada a escolha, pelo devedor ou pelo credor 
individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas, como a escolhida fosse o único 
objeto da obrigação desde o início (Gonçalves, 2016, p.101). 
 As obrigações alternativas diferem-se das obrigações genéricas ou de dar coisa incerta. 
Nas primeiras, há vários objetos, devendo a escolha recair apenas em um deles; Já, nas de dar 
coisa incerta, o objeto é um só, porém, indeterminado quanto a qualidade. Porém, pode haver 
uma conjunção entre estas duas obrigações. Ex: a obrigação de dar cem sacas de arroz ou de 
dar cem sacas de café. 
 
1.1. Direito de escolha 
 Conforme se afirmou anteriormente, a obrigação alternativa compõe-se por várias 
prestações, mas que, no entanto, o seu adimplemento se dará pelo cumprimento de apenas 
uma delas. Dessa forma se há várias prestações e o cumprimento de apenas uma delas libera o 
devedor, de quem caberá a escolha da prestação a ser realizada? 
 Pelo princípio da autonomia das vontades, as partes podem determinar que o direito de 
escolha seja do devedor, do credor ou de um terceiro de confiança de ambos. Porém, na falta 
de estipulação, a escolha caberá ao devedor (princípio do favor debitoris), haja vista ser 
considerado o mais fraco da relação obrigacional, art.252 do CC. Logo se “A” se obrigou a 
dar um automóvel ou R$10.000,00 a “B”, a escolha caberá ao devedor “A”, se o contrário não 
fora estipulado no contrato. 
 Entretanto, o direito de escolha não é irrestrito, como estabelece os §§§§1º, 2º, 3º e 4º do 
art.252 do CC. Da análise destes tem-se que: 
 a) Embora a escolha caiba ao devedor, o credor não está obrigado a receber parte em 
uma prestação e parte em outra (princípio da indivisibilidade do objeto), uma vez que deve 
uma ou outra. Ex: João se obriga a Maria a entregar cem sacas de arroz ou cem sacas de 
feijão. Sendo a escolha feita por João, não pode este querer que Maria aceite cinquenta sacas 
de arroz e cinquenta sacas de feijão. 
 b) Se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de escolha poderá ser exercido 
em cada período. Ex: João se obrigou a Maria a lhe entregar por cinco anos duzentas sacas de 
arroz ou duzentas sacas de feijão. Sendo a escolha feita por João, poderá este no primeiro ano 
dar cem sacas de arroz. No segundo ano dar cem sacas de feijão e assim sucessivamente 
(Gonçalves, 2016, p.104). 
 c) Havendo pluralidade de optantes (por exemplo, um grupo de devedores com direito 
de escolha), não tendo havido acordo unânime entre estes, de qual prestação será cumprida, a 
decisão caberá ao juiz, após expirar o prazo judicial assinado para que chegassem a um 
entendimento (suprimento judicial da manifestação da vontade) (Gagliano e Pamplona, 2014, 
p.122). 
 d) Também caberá ao juiz escolher a prestação a ser cumprida, se o titular da obrigação 
houver deferido esse encargo a um terceiro (mandatário), e este não quiser ou não poder 
exercê-lo. 
 Cientificada a escolha, dá-se a concentração, ficando determinado de modo definitivo, 
sem possibilidade de retratação unilateral, o objeto da obrigação. Dessa forma só será devido 
o objeto escolhido, como se ele fosse o único, desde o início da obrigação (Gonçalves, 2016, 
p.105). 
 O ideal é que o contrato estipule o prazo para o exercício de escolha. Se no prazo 
determinado o devedor não escolher será notificado e constituído em mora. Constituído o 
devedor em mora, o credor poderá ajuizar ação para obter sentença judicial alternativa, cuja 
execução far-se-á pelo art.800 do NCPC, que assim dispõe: “Nas obrigações alternativas, 
quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a 
prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe for determinado em lei ou em 
contrato”. 
 Completa os §§ 1º e 2º do art.800 do NCPC: §1º devolver-se-á ao credor a opção, se o 
devedor não a exercer no prazo marcado. §2º A escolha será indicada na petição inicial da 
execução quando couber ao credor exercê-la. 
 
1.2. Impossibilidade de cumprimento das obrigações alternativas. 
 A impossibilidade de cumprimento das obrigações alternativas pode se dá de forma 
parcial ou total e ainda com ou sem culpa do devedor, o que ocasionará consequências 
jurídicas diferentes. 
 
1.2.1. Impossibilidade parcial de cumprimento de uma das prestações alternativas. 
a) Impossibilidade parcial de cumprimento da prestação sem culpa do devedor, nem do 
credor, art.253 do CC: haverá a concentração do débito na prestação subsistente, deixando a 
obrigação de ser complexa para ser simples. A hipótese refere-se tanto a impossibilidade 
originária, como a superveniente, de uma das prestações, por causa não imputável a nenhuma 
das partes. Se uma das obrigações, desde o momento da celebração da avença, não puder ser 
comprida em razão da impossibilidade física do objeto, será a obrigação alternativa apenas na 
aparência, constituindo, na verdade, uma obrigação simples. Ex: uma das obrigações do 
devedor é dar um perfume que não é mais fabricado, logo a obrigação se concentrará na outra 
prestação. Se a impossibilidade de uma das obrigações é superveniente e sem culpa do 
devedor, dá-se a concentração da dívida na outra, ou nas outras. Ex: João obriga-se a dar a 
Maria um cavalo ou um carro; ocorre que o cavalo é atingindo por um raio e morre, de modo 
que a obrigação se concentrará totalmente no carro. 
b) Impossibilidade parcial de cumprimento da prestação com culpa do devedor: há duas 
determinações legais: 
b.1.) Impossibilidade parcial de cumprimento da prestação com culpa do devedor, quando a 
escolha couber a este: haverá a concentração do débito na prestação subsistente, art.253 do 
CC; 
b.2.) Impossibilidade parcial de cumprimento da prestação com culpa do devedor, quando a 
escolha couber ao credor: poderá o credor exigir a prestação remanescente ou o valor da que 
se impossibilitou, mais perdas e danos (primeira parte do art.255 do CC). 
 
1.2.2. Impossibilidade total de cumprimento de todas as prestações. 
a) Impossibilidadetotal de cumprimento de todas as prestações sem culpa do devedor: 
extingue-se a obrigação, art.256 do CC. Ex: João obrigou-se a dar a Maria um carro ou um 
cavalo. Ocorre que um dia antes da escolha, a sua fazenda é acometida por um furação terrível 
que acaba destruindo o carro e matando o cavalo. Neste caso como não houve culpa do 
devedor, da impossibilidade de todas as prestações, a obrigação será extinta. 
b) Impossibilidade total de cumprimento de todas as prestações com culpa do devedor: deverá 
inicialmente ser analisado a quem caberá a escolha. 
b.1) Impossibilidade total de cumprimento de todas as prestações com culpa do devedor, se a 
escolha cabe ao próprio devedor: deverá o devedor pagar o valor da prestação que se 
impossibilitou por último, mais perdas e danos, art.254 do CC. Ex: João se obriga a dar a 
Maria um cavalo ou uma vaca. Ocorre que João não vacinou a vaca e esta contraiu uma 
doença e morreu, ficando tão somente o cavalo, porém este, ao ser colocado juntamente com 
outros animais que estavam doentes, acaba contraindo uma doença e morre. Logo João vai ser 
obrigado a pagar o valor do cavalo e mais perdas e danos. 
b.2) Impossibilidade total de cumprimento de todas as prestações com culpa do devedor, se a 
escolha cabe ao credor: poderá o credor exigir o valor de qualquer das prestações, mais perdas 
e danos, art.255 do CC. 
 
2. OBRIGAÇÃO FACULTATIVA 
 Segundo Gonçalves (2016, p.108), a obrigação facultativa é aquela em que há por objeto 
uma só prestação, mas que, no entanto, é facultado ao devedor e somente a este substituí-la 
por outra. Ex: João se obriga a Maria a dar-lhe um veículo, ficando-lhe facultado substituí-lo 
por prestação do equivalente em dinheiro. 
 O Código Civil não disciplina a obrigação facultativa, uma vez que esta vista sobre o 
prisma do credor, que pode tão somente exigir o objeto da prestação obrigatória, seria 
simples. Porém, para o devedor que pode optar entre o objeto da prestação principal ou do 
facultativo, mostra-se como uma obrigação alternativa sui generis. Dessa forma a cláusula 
que determina a faculdade de escolha do devedor lhe confere um direito potestativo. 
 Não obstante haver essa semelhança entre a obrigação alternativa e a obrigação 
facultativa, estas diferem-se quanto: 
a) a escolha da prestação: na obrigação alternativa, não obstante a regra é o devedor escolher 
qual das obrigações irá cumprir, nada obsta que as partes convencionem que a escolha seja 
feita pelo credor. De forma diversa ocorre na obrigação facultativa, pois, cabe tão somente ao 
devedor escolher se irá cumprir a prestação principal ou a facultativa. 
b) os efeitos da impossibilidade da prestação: se a prestação devida for originariamente 
impossível, o que enseja na sua nulidade, não se concentrará a obrigação na facultativa. A 
obrigação nesse caso será nula, por nula ser a única prestação debitória. Da mesma forma se o 
objeto da prestação se tornou impossível por causa superveniente, sem culpa do devedor, 
resolve-se a obrigação, não podendo o credor exigir a prestação acessória. Ex: João fica 
obrigado a entregar um cavalo a Maria, porém fica-lhe facultado substituí-lo por um veículo. 
Ocorre que o cavalo é atingindo por um raio e morre, o que ocasiona a extinção da obrigação, 
haja vista o credor não poder exigir a entrega do veículo.

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