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Geologia Ambiental

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Observando a figura a seguir, qual(is) das definições de 
Geologia Ambiental você considera correta ? 
 
 
a) Geologia Ambiental é o ramo da Geologia que aplica os conhecimentos 
geológicos para a resolução de problemas ambientais decorrentes da interação 
entre o meio físico e o Homem. 
b) Geologia Ambiental é o ramo da ciência que se dedica unicamente à 
adequada exploração de recursos florestais no planeta. 
c) Geologia Ambiental é a ciência que se dedica exclusivamente à exploração 
dos recursos naturais pelo Homem, sem considerar as limitações ambientais. 
 
Como você poderá verificar nas páginas a seguir (e ao longo do curso), a 
alternativa a é a única que conceitua corretamente a Geologia Ambiental. 
Vamos conferir ???!!!! 
 
Considerações Iniciais 
A Geologia Ambiental é um ramo da Geologia que atualmente apresenta um 
grande desenvolvimento graças às preocupações em relação ao meio ambiente 
e às legislações cada vez mais exigentes e restritivas. 
Neste curso, a Geologia Ambiental é abordada como uma disciplina que 
estuda e analisa as interações entre o ser humano e o meio físico, dando 
grande ênfase para os estudos ambientais (EIA-RIMA, ISO 14.000, etc), a 
cartografia geológico-geotécnica (planejamento urbano), os riscos geológicos 
(terremotos, deslizamentos, etc) e a disposição de resíduos (lixo), sendo todos 
esses temas integrados principalmente aos processos geológicos. 
Portanto, de uma forma ampla e geral podemos considerar inicialmente a 
Geologia Ambiental como o estudo da interação dos processos do meio físico 
com o Homem, no intuito de avaliar como esta interação se reflete no meio 
ambiente. Esta interação é ilustrada na figura a seguir - note que é a mesma 
figura apresentada anteriormente. 
 
(figura modificada de Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
Década 70 
FLAWN (1970) 
"Geologia Ambiental é o ramo da Ecologia que trata das relações entre o 
homem e seu habitat geológico; ela se ocupa dos problemas do homem com o 
uso da terra - e a reação da terra a este uso". 
"Geologia Ambiental inclui os ramos tradicionais da Geologia de Engenharia 
e da Geologia Econômica, ou uma pequena parte desta última, referente aos 
recursos minerais". 
 
HOWARD & REMSON (1978) 
"A inter-relação entre o Homem e o ambiente geológico considerada em 
escala local e global, sendo que o ambiente geológico inclui a topografia, o 
manto de cobertura de solo e de outros materiais desagregados, o substrato 
rochoso, os processos naturais que modificam a paisagem e os fatores que 
influenciam os processos em atividade, tais como vegetação ou subsolo 
congelado permanentemente." 
 
 
 
Década 80 
COATES (1981) 
"Aplicação prática de princípios geológicos na solução de problemas 
ambientais" (GLOSSÁRIO). 
"Geologia é a ciência da terra. Geologia Ambiental é a área que estuda a 
relação daquela ciência com as atividades humanas" (PREFÁCIO). 
 
KELLER (1982) 
"Geologia Ambiental é geologia aplicada abrangendo um amplo espectro de 
interações prováveis entre o Homem e o ambiente físico. Especificamente, é a 
aplicação da informação geológica para resolver conflitos, minimizando a 
possibilidade de degradação ambiental, ou maximizando a possibilidade de 
adequado uso do ambiente natural ou modificado". 
 
CARVALHO (1982) 
"Geologia Ambiental é o domínio da geologia que aproveita os respectivos 
conteúdos e dados analíticos das várias ciências da terra para a proteção e 
melhor aproveitamento dos recursos naturais, de modo que a qualidade de 
vida da humanidade seja protegida e melhorada". 
 
SBG (1983) 
"Geologia Ambiental é o campo do conhecimento geológico que estuda as 
variações (melhor: transformações) do meio físico decorrentes da interação 
entre os processos naturais e a ocupação humana. Inclui o estudo das noções 
fundamentais sobre o meio físico e o equilíbrio ecológico. Abrange o estudo 
de conservação e reciclagem de recursos naturais; a valorização econômica 
dos jazimentos incluindo os parâmetros ambiental e social, como os efeitos da 
mineração. Engloba também o estudo da conservação de solos, das 
alterações (ou transformações) devidas a seus diversos usos, das boçorocas e 
da desertificação". 
 
BATES & JACKSON (1987) 
"A Geologia Ambiental preocupa-se essencialmente com a aplicação prática 
das informações geológicas na resolução de problemas geológicos, 
naturalmente existentes ou artificialmente criados, durante a ocupação e 
exploração do meio físico pelo Homem". 
 
AYALA CARCEDO (1988) 
"Geologia Ambiental é a ciência geológica fronteira com as ciências 
ambientais, cujo objetivo é o conhecimento dos sistemas ambientais, terras e 
águas continentais, com vista à compreensão do meio ambiente e, em 
cooperação com a geologia de engenharia e as ciências e tecnologias 
ambientais, ao seu aproveitamento racional e conservação. 
 
LEINZ & AMARAL (1989) 
"A Geologia Ambiental consiste no estudo dos problemas geológicos 
decorrentes da relação que existe entre o homem e a superfície terrestre." 
 
 
 
Década 90 
MONTGOMERY (1992) 
" O termo Geologia Ambiental é usualmente empregado para se referir 
particularmente às relações diretas da Geologia com as atividades humanas 
.... Geologia Ambiental é geologia aplicada à vida" (PREFÁCIO). 
 
PROIN/CAPES e UNESP/IGCE (1999) 
"Os processos do meio físico são aqueles que atuam na atmosfera, na 
hidrosfera e na litosfera. Geologia Ambiental aborda os processos da 
hidrosfera e da litosfera". 
 
 
Nas definições acima, podemos observar que o conceito de Geologia 
Ambiental sofreu poucas mudanças na sua concepção ao longo das três 
últimas décadas. Note que em todos os conceitos o estudo das interações entre 
o meio físico e o Homem é enfatizado. 
Nos livros textos mais antigos era dada muita ênfase aos processos 
geológicos, centrando as discussões na sua caracterização. Atualmente, os 
referidos processos ainda tem grande importância nos livros, porém vem 
ganhando bastante espaço, as discussões sobre as conseqüências econômicas e 
sociais da interação inadequada do ser humano com o meio físico. Alguns 
autores tratam de temas absolutamente novos no meio geológico, como é o 
caso de Montgomery (1992) e Aswathanarayana (1995), que dedicam um 
capítulo à Geologia Médica (Para Saber Mais sobre Geologia Médica, clique 
aqui). 
Um dos mais famosos autores da Geologia Ambiental é Edward A. Keller, 
que já publicou uma considerável quantidade de textos e livros sobre o tema, 
seja como títulos inéditos seja como reedição. 
Desta forma, o conceito de Geologia Ambiental a ser adotado neste curso é o 
de Keller (1982), qual seja: "Geologia Ambiental é geologia aplicada 
abrangendo um amplo espectro de interações prováveis entre o Homem e o 
ambiente físico. Especificamente, é a aplicação da informação geológica para 
resolver conflitos, minimizando a possibilidade de degradação ambiental, ou 
maximizando a possibilidade de adequado uso do ambiente natural ou 
modificado". 
Relações Interdisciplinares 
 
O TERMO GEOLOGIA 
AMBIENTAL 
Existe muita controvérsia a respeito da denominação Geologia Ambiental. 
Segundo d' Orsi (1992) apud Sobreira & Castro (s.d.), é redundante utilizar o 
termo Geologia Ambiental, pois o termo Geologia por si só já indica o estudo 
do meio ambiente terrestre. Coates (1981) coloca que a referida terminologia 
foi usada pela primeira vez por Betz, em 1962. 
Keller (1982) considera que o termo Geologia Aplicada é equivalente ao 
termo Geologia Ambiental. Porém, a partir da análise de conceitos de vários 
autores, pode-se observar que a designação de GeologiaAplicada também é 
utilizado para outras disciplinas, como por exemplo Geologia de Engenharia. 
Segundo Suguio (1999), no Brasil também existe uma discussão muito 
acirrada sobre a utilização da terminologia Geologia Ambiental. Enquanto 
Prandini et al. (1974) propuseram a substituição do termo por Geologia de 
Planejamento, Siegnemartin (1979) enfatiza que os objetivos da Geologia de 
Planejamento são mais específicos, e nem sempre coincidem com o enfoque 
mais amplo da Geologia Ambiental. Este último autor propõe o uso da 
designação Geologia Ambiental e a criação da Geologia de Áreas Urbanas, 
que teria a finalidade de estudar os problemas geológicos relacionados ao 
planejamento de cidades. 
Para a Sociedade Brasileira de Geologia (SBG, 1983 apud Suguio, 1999), a 
Geologia Ambiental e a Geologia de Planejamento apresentam enfoques 
diferentes, sendo a primeira o campo do conhecimento geológico que estuda 
as transformações do meio físico decorrentes da interação entre os processos 
naturais e a ocupação humana. Já a Geologia de Planejamento corresponde ao 
campo de aplicação do conhecimento geológico em obras de engenharia, 
análise ambiental, planejamento urbano e regional e recuperação do meio 
ambiente. A este respeito, nota-se que não é comum, entre vários autores, 
utilizar o conceito de Geologia de Planejamento nos moldes definidos pela 
SBG. 
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT (1995), 
emprega a terminologia Geologia Aplicada ao Meio Ambiente. 
No presente curso é adotado o termo Geologia Ambiental devido, 
principalmente, a sua consolidação no meio geológico como um todo. 
Destaca-se, que a grande maioria das disciplinas de conteúdo ambiental 
oferecidas nos cursos de graduação em Geologia no Brasil são denominadas 
de Geologia Ambiental (Para Saber Mais sobre este assunto, consulte os 
currículos dos cursos de Geologia do Brasil na página inicial do CD ou no site 
da ABGE-www.abge.com.br). Também nos eventos técnico-científicos 
realizados no âmbito das Geociências predomina o uso do termo Geologia 
Ambiental. 
É interessante observar que a Internacional Association of Engineering 
Geology (IAEG) e a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia 
(ABGE), recentemente incorporaram o termo Ambiental aos seus nomes. 
A figura a seguir situa o tema Geologia Ambiental dentro da Geologia 
(modificada de Oliveira, Bitar & Fornasari Filho, 1995; Ayala Carcedo, 1988; 
organizada por Fábio Reis). 
 
Levando em conta as discussões sobre a designação de Geologia Ambiental e 
a figura acima pode-se concluir o seguinte: 
 Geologia Ambiental está englobada pelo tema Geologia Aplicada; 
 Dentro da Geologia Aplicada existem dois ramos distintos: o ramo que 
estuda o aproveitamento sócio-econômico dos recursos naturais 
(Geologia Econômica) e o que trata do equilíbrio no uso dos referidos 
recursos (Geologia de Engenharia e Geologia Ambiental); 
 A diferença entre a Geologia de Engenharia e a Ambiental está nas 
soluções predominantemente estruturais que a primeira fornece, através 
da análise de parâmetros geotécnicos, enquanto que na Geologia 
Ambiental o enfoque predominante é para soluções não estruturais, a 
partir da análise de parâmetros ambientais. Isso para a aplicação em 
obras de engenharia, conservação de recursos naturais, riscos 
geológicos, impactos ambientais, ocupação do solo, entre outras áreas 
que necessitam de estudos geológicos aplicados. 
 No Brasil não é tarefa fácil diferenciar a atuação dos profissionais da 
Geologia de Engenharia e da Geologia Ambiental. Para melhor 
entendimento, podemos exemplificar da seguinte maneira: se 
indagarmos diferentes profissionais envolvidos em estudo de 
escorregamentos, não seria surpresa se alguns deles respondessem estar 
atuando no campo da Geologia de Engenharia, enquanto outros 
classificariam o mesmo estudo no campo da Geologia Ambiental. 
Relações Interdisciplinares 
 
O CONTEXTO DA GEOLOGIA 
AMBIENTAL 
 Os livros didáticos que tratam a Geologia Ambiental consideram-na 
como uma disciplina muito ampla, com conteúdo muito semelhante ao 
da disciplina Geologia Geral, como vimos na página de "Definições da 
Geologia Ambiental ao Longo do Tempo". 
 Coates (1981) entende que a Geologia Ambiental pode ser definida a 
partir da integração de três ramos da Geologia, que são: a Geologia de 
Engenharia, a Geologia Econômica (aproveitamento dos recursos 
naturais) e a Geologia Geral (estudo dos processos geológicos). 
 Para entendermos como a Geologia Ambiental está inserida neste 
contexto, primeiramente precisamos conhecer os conceitos desses três 
ramos geológicos. 
 A Geologia de Engenharia pode ser definida como "a ciência dedicada 
à investigação, estudo e solução de problemas de engenharia e meio 
ambiente, decorrentes da interação entre a Geologia e os trabalhos e 
atividades do homem, bem como à previsão e desenvolvimento de 
medidas preventivas ou reparadoras de acidentes geológicos" (IAEG, 
1992 apud Ruiz & Guidicini, 1998). 
 A Geologia Econômica é definida como "a geologia aplicada aos 
problemas econômicos, sendo o ramo que estuda as matérias-primas 
do reino mineral que o homem extrai para suas necessidades e 
comodidades" (Guerra, 1975). 
 A Geologia Geral é o "estudo da composição, da estrutura e dos 
fenômenos genéticos formadores da crosta terrestre, assim como do 
conjunto geral de fenômenos que agem não somente sobre a superfície, 
como também em todo o interior do nosso planeta" (Leinz & Amaral, 
1989). 
 Portanto, a partir da análise desses conceitos a Geologia Ambiental 
apresenta uma relação bem estreita com a Geologia de Engenharia, 
sendo difícil delinear onde começa uma e termina a outra. 
 Já com referência à Geologia Geral e Econômica, nota-se que esta 
relação não é tão estreita. A relação com a Geologia Geral se dá a partir 
do entendimento dos processos geológicos, sejam eles superficiais ou 
internos, entre eles podemos citar: escorregamentos, erosão, terremotos, 
etc. Na Geologia Econômica a relação é representada pela resolução de 
problemas ambientais decorrentes da exploração mineral. 
 Além dos ramos geológicos citados acima, a Geologia Ambiental 
apresenta ligações com diversas áreas, tais como: Biologia, Ecologia, 
Direito, Geografia, Engenharias, Economia, Sociologia, Medicina, 
entre outras. 
 A figura abaixo resume as relações interdisciplinares da Geologia 
Ambiental (modificada de Coates, 1981). 
 
 
Geologia Ambiental: Objetivos 
Principais 
 
 Segundo Suguio (1999) "as tarefas inerentes à Geologia Ambiental 
podem incluir, desde a avaliação de riscos naturais como enchentes, 
deslizamentos, terremotos e atividades vulcânicas, na tentativa de 
mitigar as perdas de vidas humanas e as danificações de propriedades; 
avaliação da paisagem para a ocupação planejada do espaço com 
mínimo possível de impacto ambiental, até a avaliação das 
potencialidades dos recursos naturais (minerais, rochas, solos e água), 
bem como atuando na seleção de sítios mais adequados para deposição 
de rejeitos sem causar efeitos danosos à saúde humana" 
 Neste contexto, pode-se enumerar os objetivos principais da Geologia 
Ambiental da seguinte forma: (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
 Reconhecer e caracterizar as feições e os processos que 
correspondem à contínua transformação do Planeta, considerando o 
Homem como um dos principais agentes dessa transformação; 
 
 Realizar diagnósticos geológicos das relações de causa e efeito dos 
processos atuais, desencadeados no meio geológico pelas atividades 
humanas; 
 
 Contribuir e participar da elaboração de instrumentos de gestãoambiental, como os estudos de impacto ambiental e inúmeros outros. 
 
 Em complemento aos objetivos principais descritos acima, Heling 
(1994) apud Suguio (1999) coloca de maneira mais abrangente, que a 
"Geologia Ambiental deve realizar prognósticos sobre o futuro da 
geosfera, com abordagens quantitativa e interdisciplinar incluindo, 
além das ciências naturais, as ciências humanas (sociologia e 
economia), oferecendo alternativas integradas aos tomadores-de-
decisão. Para tanto, a abordagem de um fenômeno pela Geologia 
Ambiental, deve levar em conta aspectos como características gerais, 
abrangências temporal e espacial, além da ciclicidade, resistência e 
elasticidade do fenômeno". 
 Suguio (1999) coloca que um dos objetivos mais importantes da 
Geologia Ambiental consiste em aperfeiçoar as atividades antrópicas 
para que os ambientes naturais possam suportar as comunidades 
humanas. Já outros autores ressaltam que a Geologia Ambiental busca 
estudar os ambientes naturais para definir suas limitações, buscando a 
melhor forma de uso e ocupação deste pelo Homem. 
Fundamentos Básicos 
 
MEIO AMBIENTE 
 "Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas" (Política Nacional de Meio Ambiente – Lei Federal 6.938/81). 
 "Determinado espaço onde ocorre a interação dos componentes bióticos 
(fauna e flora), abióticos (água, rocha e ar) e biótico-abiótico (solo). Em 
decorrência da ação humana, caracteriza-se também o componente 
cultural" (ABNT, 1989). 
 No presente curso é adotado o conceito de meio ambiente proposto pela 
ABNT (1989), conforme ilustrado na figura a seguir (modificada de 
Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
 
 
 
 
GEOLOGIA AMBIENTAL: 
REFLEXÕES 
 Montgomery (1992) e Keller (1982) fazem algumas reflexões 
relacionadas ao meio ambiente em seus livros sobre Geologia 
Ambiental, que servem para refletirmos melhor sobre o tema, que são 
(PROIN/CAPES & UNESP/IGCE, 1999): 
 "As decisões que envolvem aspectos ambientais invariavelmente 
contemplam e produzem conflitos". 
 "A maioria das decisões que envolvem aspectos ambientais são 
baseadas em análises de custo-benefício". 
 "Gerenciar o ambiente é um pré-requisito para a compatibilidade 
entre o homem e a natureza". 
 "A deterioração ambiental apresenta crescimento exponencial". 
 "Os processos físicos diariamente modificam a paisagem e vêm 
atuando ao longo do tempo geológico. Entretanto, a magnitude e a 
freqüência destes processos estão sujeitas a alterações naturais e 
induzidas". 
 "Sempre há processos terrestres que são perigosos para o homem. 
Estes riscos naturais devem ser reconhecidos e evitados, quando 
possível. A ameaça à vida do homem e suas propriedades também 
devem ser minimizadas". 
 "As modificações impostas pelo homem no solo e na água 
invariavelmente produzem alterações nos sistemas ambientais. As 
respostas do ambiente às alterações humanas variam em intensidade, 
velocidade e escala". 
 "Os efeitos do uso do solo tendem a ser cumulativos e, desta forma, 
temos a obrigação de acompanhá-los". 
 "Complexidade é a norma nos sistemas físicos: lei das variáveis 
(múltiplos fatores intervenientes – ex. escorregamentos; 
condicionantes: diferentes intensidades de chuva deflagrando 
diferentes processos); lei da eqüifinalidade (feições similares podem 
ser causadas por processos totalmente diferentes – ex. erosão natural e 
depósitos tecnogênicos)". 
 
Fundamentos Básicos 
 
CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 Keller (1988) apresenta algumas afirmações em seu livro, que segundo 
Suguio (1999) podem ser entendidas como conceitos fundamentais da 
Geologia Ambiental. As referidas afirmações são reproduzidas a seguir, 
porém deve-se levar em conta, que as mesmas não são consensuais. 
 "A Terra constitui um "sistema natural essencialmente fechado", 
sendo necessário um conhecimento mais perfeito possível das taxas de 
mudanças nos processos de retroalimentação, antes de se tentar 
resolver (prevenir ou remediar) os problemas ambientais". 
 "A Terra, até o presente momento, constitui o único planeta a 
apresentar hábitats apropriados às vidas animal e vegetal, incluindo a 
humana, mas os seus recursos são reconhecidamente finitos". 
 "Os processos físicos atuantes estão modificando a paisagem 
terrestre, analogamente ao que aconteceu em tempos geológicos 
passados e, além disso, as intensidades e as freqüências de ocorrência 
desses processos são modificados por processos naturais e também 
artificiais induzidos ou exacerbados". 
 "Nas transformações que ocorreram na Terra através dos tempos 
geológicos, sempre houve atuação de processos geodinâmicos 
perigosos ao Homem e, deste modo, esses riscos devem ser 
identificados e, na medida do possível, evitados ou os seus efeitos 
minimizados como ameaças às vidas humanas ou às propriedades". 
 "Nas atividades de planejamento de usos dos solos e da água, por 
exemplo, deve-se ter em mente a preocupação em se obter o equilíbrio 
entre os custos econômicos, incluindo qualidade e quantidade, além de 
aspectos menos quantificáveis, como a estética". 
 "Os efeitos dos usos do solo, incluindo os recursos renováveis (fauna 
e flora) e não renováveis (minérios e combustíveis fósseis) são 
cumulativos e irreversíveis e, deste modo, deve haver um firme 
compromisso da sociedade humana atual com as gerações futuras no 
sentido de não extingüí-los". 
 "O cenário natural ("pano de fundo") do ambiente da vida humana 
mais ou menos transformado por fatores antrópicos, é comumente 
condicionado por fatores geológicos, de modo que existe a necessidade 
de ampla compreensão dos processos geológicos e dos conhecimentos 
científicos afins". 
 "O principal problema ambiental é o incremento da população 
humana e, neste contexto, são cada vez mais freqüentes as situações em 
que se torna bastante complicado discernir as causas sócio-
econômicas das ambientais". 
 
 Oliveira (1990) apud Suguio (1999) considera o Homem como "o mais 
novo e agressivo agente geológico", devendo ser entendido como um 
fator importante de dinâmica externa, causando impactos locais e 
globais. Neste contexto, pode-se fazer as seguintes afirmações: 
 "O campo de investigação dos fenômenos ligados à dinâmica externa 
não pode restringir-se às pesquisas dos processos naturais, pois, as 
atividades humanas interferem nos cenários geológicos e climáticos da 
Terra". Essa afirmação traduz a época denominada de Quinário ou 
Tecnógeno, definida por geólogos russos. 
 "A geologia, que nos seus aspectos de aplicação, esteve ligada à 
prospecção e exploração de recursos minerais e combustíveis fósseis 
para suprir a sociedade industrial, passa agora a ter que se preocupar 
também com os efeitos e os impactos comumente danosos dos seus usos 
sobre os ambientes naturais terrestres". 
 "As mudanças químicas qualitativas e quantitativas, por conta desses 
efeitos e impactos podem ser comprovadas sobre os fenômenos 
geológicos e geodinâmicos externos, em escala global, pela 
exacerbação do "efeito estufa", pela depleção da camada de ozônio na 
estratosfera, pela ocorrência de chuvas ácidas, etc". 
Ensino da Geologia Ambiental e Campos de 
Atuação 
 
SITUAÇÃO NO BRASIL 
O tema Geologia Ambiental no Brasil tem tido um grande desenvolvimento e 
uma divulgação considerável, tanto no meio acadêmico como no meio 
profissional. Essa afirmação pode ser comprovada pelo crescimento de 
disciplinas que tratam o referido tema nos cursos de Geologia nas 
universidades brasileiras. Segundo SBG (1980), dentre os 19 cursos 
brasileiros deGraduação em Geologia em 1980, apenas em 2 havia o 
oferecimento da disciplina Geologia Ambiental. Atualmente (ainda de um 
total de 19 cursos) são 17 cursos que ministram a disciplina, seja como 
obrigatória ou optativa (Reis, Cerri & Rodrigues, 1999). 
Outro fator que indica esse crescimento é a consolidação da Geologia 
Ambiental na área profissional, sendo atualmente um importante campo de 
contratação de mão-de-obra técnica e especializada. Além disso, pode-se notar 
no país e no exterior, principalmente no Estados Unidos da América, a grande 
quantidade de livros-texto publicados recentemente, com o título de Geologia 
Ambiental. 
 
ÁREAS DE ATUAÇÃO 
Há áreas de atuação da Geologia Ambiental que apresentam uma maior 
quantidade de estudos e trabalhos. Como principais exemplos dessas áreas 
temos: 
 Os estudos de impacto ambiental (EIA-RIMA, PRAD, RCA, PCA), 
sistemas de gestão ambiental, levantamento de passivos ambientais; 
 Elaboração de cartas geotécnicas e outros instrumentos de apoio ao 
planejamento urbano e regional; 
 Estudos dos processos de dinâmica interna (terremotos, vulcanismo, 
etc) e externa (escorregamentos, erosão, subsidências, assoreamento, 
inundações, entre outros); 
 Recuperação de áreas degradadas, especialmente aquelas relacionadas à 
mineração. 
Segundo Suguio (1999) "o estudo das complexas interações físicas, químicas 
e biológicas dos ambientes naturais, que afetam ou são influenciados pelos 
processos físicos da Terra constitui um campo relativamente novo da 
Geologia Ambiental". 
Os estudos relacionados aos riscos geológicos, a disposição de resíduos e a 
contaminação do subsolo por poluentes (principalmente associada à postos de 
gasolina) são os campos de atuação profissional relacionados à Geologia 
Ambiental que mais se desenvolveram recentemente no Brasil. Essa afirmação 
pode ser constatada pela quantidade de trabalhos nas áreas em questão 
apresentados nos eventos técnicos-científicos, principalmente nos Congressos 
Brasileiros de Geologia de Engenharia. 
Com esse tema, terminamos a parte teórica do do módulo 1 (tópico Conceitos 
Básicos). 
LEITURAS RECOMENDADAS - MÓDULO 
1 
 
Abaixo é apresentada uma listagem de textos cuja leitura é recomendada para 
melhor entendimento dos temas tratados no módulo 1 (tópico Conceitos 
Básicos) do curso de Geologia Ambiental. 
Esses textos são de grande divulgação nas Geociências, podendo ser 
encontrados nas principais bibliotecas que contém temas geológicos. Os textos 
publicados pelo IPT e pela ABGE podem ser consultados e até adquiridos, 
dependendo da disponibilidade de exemplares, nas bibliotecas desses órgãos. 
Nas bibliotecas da USP-capital e da Unesp-Rio Claro também pode ser 
encontrada a maioria dos textos citados a seguir. 
Na próxima página são apresentados os exercícios do módulo 1. 
Recomenda-se que primeiro sejam lidos os textos indicados, para 
posteriormente fazer os exercícios. 
 
 Boas Leituras !!!!!!!!!!!! 
 
CAPÍTULOS DE LIVROS: 
 BITAR, O.Y. (Coord.). Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. São 
Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE) e Instituto 
de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 1995. Capítulo 2 "Geologia de 
Engenharia e Meio Ambiente", páginas 5 a 15. 
 
SUGUIO, K. Geologia do Quaternário e Mudanças Ambientais: passado + 
presente = futuro?. São Paulo: Paulo´s Comunicação e Artes Gráficas, 1999. 
Capítulo XIII "As Pesquisas Aplicadas do Quaternário", sub-capítulos 1 
e 2, páginas 319 a 326. 
 
ARTIGO: 
SANTOS, A.R.; PRANDINI, F.L.; OLIVEIRA, A.M.S. . Limites 
ambientais do desenvolvimento: geociências aplicadas, uma abordagem 
tecnológica da biosfera. São Paulo: Artigo técnico da Associação Brasileira 
de Geologia de Engenharia (ABGE), 1990. 20p. 
 
EXERCÍCIOS - MÓDULO 1 
 
Esses exercícios tem objetivo de fixar os conhecimentos apresentados no 
módulo 1 (tópico Conceitos Básicos) do curso de Geologia Ambiental. 
 
 Bom trabalho !!!!!!!!!!! 
 
 
 
1 - Após obter informações nas páginas do módulo Conceitos Básicos e por 
meio das leituras dos textos indicados, como você a definiria Geologia 
Ambiental ? 
 
2 - Como você define Geologia de Engenharia e Geologia Ambiental ? Há 
diferenças e/ou semelhanças entre as duas áreas ? Explique. 
 
3 - Quais são os objetivos principais da Geologia Ambiental ? 
 
4 - O que você entende por meio ambiente ? Qual é a área de atuação da 
Geologia Ambiental nos estudos que envolvem o meio ambiente ? 
 
MÓDULO 2 
Estamos iniciando o módulo 2 (tópico Interação Homem-Ambiente), que 
aborda Alguns Conceitos Geológicos e a Geodinâmica Interna. No final 
encontram-se as Leituras Recomendadas e os Exercícios Propostos. 
Bom Estudo !!!!!!!!! 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
A história geológica mostra que a evolução da Terra é resultado das relações 
entre as forças da natureza, sejam elas destrutivas ou criativas, que se 
manifestam tanto na dinâmica interna (vulcões, terremotos, etc), como na 
dinâmica externa (erosão, sedimentação, etc) (Almeida & Ribeiro, 1998). 
As relações entre as forças da natureza produzem transformações que 
deixaram registros no decorrer da história terrestre, mostrando-nos que muitas 
das transformações que ocorrem atualmente, e que o Homem muitas vezes 
computa para si, como agente causador, já vem ocorrendo no decorrer da 
evolução do planeta (Sobreira & Castro, s.d.). 
Porém, é inquestionável que com o surgimento do Homem, principalmente 
com a constituição dos processos de civilização, e suas relações com o meio 
ambiente terrestre, os processos de transformações do planeta sofreram um 
incremento considerável nas suas velocidades e intensidades de ocorrência, 
além de interferências e mudanças nas suas dinâmicas. 
Neste contexto, alguns autores consideram o Homem como um "poderoso 
agente geológico" (Dott Jr. & Batten, 1988 apud Suguio, 1999), outros como 
"o mais novo e agressivo agente geológico" (Oliveira, 1990), ou seja, o 
Homem deve ser entendido no ambiente terrestre como mais um importante 
agente transformador da dinâmica do planeta, dentre outros agentes. 
Portanto, para entendermos melhor como o ser humano age sobre o ambiente 
terrestre, precisamos conhecer os principais processos geológicos e suas 
relações com a sociedade, o que será abordado de forma geral no tópico 
denominado Interação Homem-Ambiente, módulos 2 e 3. 
ALGUNS CONCEITOS 
GEOLÓGICOS 
 
TEMPO 
GEOLÓGICO 
O tempo geológico é uma escala obtida a partir da datação relativa das rochas, 
seja pela observação das marcas dos eventos nelas registrados, seja pela 
ordem de superposição das camadas sedimentares ou pelos fósseis que ela 
contêm, ou ainda pela datação absoluta das rochas, por meio do cálculo da 
taxa de desintegração de um isótopo radioativo. Pela datação radiométrica de 
rochas provenientes da Lua e de meteoritos obteve-se uma idade aproximada 
do planeta Terra em 4,5 bilhões de anos (Almeida & Ribeiro, 1998). 
A tabela a seguir (modificada de Almeida & Ribeiro, 1998; e de Leinz & 
Amaral, 1989) apresenta a escala de tempo geológico simplificada, dividida 
em eons, eras, períodos, épocas, além de algumas características. A divisão 
em épocas somente está representada na era Cenozóica devido sua maior 
importância para a Geologia Ambiental. 
EON ERA PERÍODO ÉPOCA 
TEMPO 
(milhões 
de ano) 
CARACTERÍSTICAS 
FANEROZÓICO 
Cenozóico 
Quaternário 
Holoceno 
1,6 
Homem. Glaciação no 
hemisfério norte Pleistoceno 
Terciário 
Plioceno 
 
64,4 
Mamíferos e fanerógamas 
Mioceno 
Oligoceno 
Eoceno 
PaleocenoMesozóico 
Cretáceo ........ 
 
140 
Répteis gigantescos e 
coníferas 
Jurássico ........ 
 
205 
Triássico ........ 
 
250 
Paleozóico 
Permiano ........ 
 
290 
Anfíbios e criptógamas 
Carbonífero ........ 
 
355 
Devoniano ........ 
 
410 
Peixes, vegetação nos 
continentes 
Siluriano ........ 
 
438 
Invertebrados e grande 
número de fósseis, vida 
aquática 
Ordoviciano ........ 
 
510 
Cambriano ........ 
 
540(570) 
PROTEROZÓICO 
Neoproterozóico ........ ........ 
 
1.000 
Restos raros de bactérias, 
fungos, algas, esponjas, 
crutáceos e celenterados 
Mesoproterozóico ........ ........ 
 
1.600 Evidências fossilíferas raras 
de bactérias e fungos (?) 
Paleoproterozóico ........ ........ 
 
2.500 
ARQUEANO 
 
 
........ ........ 
4.500 
Associações de granito-
greenstone, associações de 
alto grau metamórfico e 
associações de bacias 
cratônicas. Evidências da 
presença de vida 
(associações de 
microfósseis, certos 
compostos carbonosos e 
estruturas esferoidais) 
 
ALGUNS CONCEITOS 
GEOLÓGICOS 
 
ANTROPÓGENO ou PERÍODO 
ANTROPOGÊNICO 
Termo proposto por Pavlov em 1922, comumente usado na Rússia, em 
substituição ao termo Quaternário, para identificar o período geológico mais 
recente, marcado pela evolução do Homem, desde a família Hominidae até o 
moderno Homo sapiens (Gerasimov, 1979 apud Oliveira, 1995). 
 
QUINÁRIO ou TECNÓGENO 
Termo proposto por Ter-Stepanian, em 1988, para substituição da época 
Holoceno, sendo "período em que a atividade humana passa a ser 
qualitativamente diferenciada da atividade biológica na modelagem da 
Biosfera, desencadeando processos (tecnogênicos) cujas intensidades 
superam em muito os processos naturais". Esse período teria iniciado há 
10.000 anos, correspondendo à revolução neolítica, isto é, quando o Homem 
conquista as primeiras técnicas de produção de alimentos, deixando sua fase 
de coletor, durante a qual não se destacava do conjunto de atividades 
biológicas nas suas relações com a natureza (Oliveira, 1995). 
 
DEPÓSITOS TECNOGÊNICOS 
Termo usado para representar depósitos formados como resultados da 
atividade humana (Gerasimov, 1982 apud Oliveira, 1995). Oliveira (1994) 
coloca que esse conceito abrange depósitos construídos (aterros de diversos 
tipos) e depósitos induzidos (corpos aluvionares resultantes de processos 
erosivos, desencadeados pelo uso do solo). 
Os depósitos tecnogênicos são exemplos bem marcantes da interferência do 
Homem nos processos naturais, correspondendo a registros do 
desenvolvimento humano no planeta, principalmente quando são formados 
depósitos contendo artefatos ou fragmentos que refletem os estágios desse 
desenvolvimento. 
Oliveira (1994) coloca que "o termo tecnogênico, além de traduzir fenômenos 
provocados pelo Homem, traz implícito a idéia de que tais fenômenos são 
qualitativa e quantitativamente diferentes ao longo da história evolutiva 
humana". 
Veja um exemplo desses depósitos, observando as conclusões de estudo 
realizado pelo Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) no Planalto Ocidental 
Paulista, (Clique aqui ). 
 
DEPÓSITOS TECNOGÊNICOS 
Os exemplos que veremos a seguir fazem parte dos trabalhos realizados pelo 
DAEE e IPT, no Programa "Orientações para o combate à erosão no Estado 
de São Paulo", desenvolvidos no Planalto Ocidental Paulista (Oliveira, 1995). 
Os depósitos tecnogênicos encontrados foram considerados como "resultantes 
da ocupação do solo que alterou, de forma drástica, o quadro de equilíbrio 
dinâmico dos processos até então atuantes na paisagem do Planalto 
Ocidental Paulista" (Oliveira, 1995). 
Foram elaboradas hipóteses para a formação e evolução de depósitos 
tecnogênicos relacionados ao uso urbano do solo no Planalto Ocidental 
Paulista, sendo esquematizadas em 3 fases, para o caso de assentamento 
urbano, reproduzidas e ilustradas a seguir (Oliveira, 1995): 
1ª Fase: 
 Cobertura vegetal original existente, ocorrência de erosão geológica 
natural, em taxas de equilíbrio dinâmico, como pode ser observado na 
figura a seguir. 
 
 
 
2ª Fase: 
 "O primeiro grande impacto da ocupação foi proporcionado pelo 
desmatamento realizado por extensas queimadas nas primeiras décadas 
deste século" (Oliveira, 1995); 
 "A primeira e mais significativa alteração, conseqüência deste impacto, 
se deu no quadro hidrológico, ou seja, desequilíbrio do balanço hídrico, 
resultante da perda de um dos componentes fundamentais da paisagem: 
a cobertura vegetal" ; 
 "Esta perda resultou na cessação imediata dos efeitos de interceptação, 
retenção e evapotranspiração proporcionada pelas partes aéreas das 
matas" ; 
 "Em seguida, perdeu-se a camada superficial de detritos orgânicos, 
decompostos ou não, deixando o solo submetido ao impacto direto das 
chuvas e dos raios solares, incrementando o escoamento superficial" 
(Prandini et al, 1976 apud Oliveira, 1995); 
 Esse incremento causou elevação da taxa de erosão (muito mais 
acelerada que as taxas de erosão natural); 
 Posteriormente, com a construção de vias de penetração, ferrovias e dos 
primeiros núcleos urbanos ocorreu também elevação da taxa de erosão, 
dada pelo aumento do escoamento concentrado de água pluvial, já que 
a ocupação foi implantada em grande parte ao longo dos espigões, ou 
seja, próximo dos divisores de água; 
 "O intenso processo erosivo que se instalou, responsável por grandes 
perdas de solos, resultando em sedimentos que, transportados para as 
drenagens, passaram a assorear antigas várzeas. Os episódios de chuvas 
mais intensos, combinados às condições propícias à erosão (solo 
descoberto, cultivo morro abaixo, etc) proporcionaram verdadeiras 
torrentes que arrastaram, além dos sedimentos, outros materiais. Entre 
um e outro episódio, os períodos foram marcados pela presença de 
sedimentos finos, correspondendo a escoamentos menos intensos"; 
 "A sucessão destes episódios ao longo dos anos resultou na formação 
de depósitos tecnogênicos", como está ilustrado na figura a seguir. 
 
 
 
3ª Fase: 
 Em seguida, com o contínuo avanço da ocupação (calçamento de ruas, 
instalação de bueiros, etc), aumento do escoamento superficial e ação 
da água de subsuperfície ("piping"), os depósitos tecnogênicos passam 
a ser retrabalhados; 
 Assim, os sedimentos produzidos a montante não são mais depositados 
nos locais onde foram formados os primeiros depósitos tecnogênicos 
mas, somados aos sedimentos dos próprios depósitos (retrabalhados), 
são transportados para jusante, para drenagens de segunda, terceira 
ordem, etc, formando novos depósitos tecnogênicos. A figura abaixo 
ilustra essa terceira fase. 
 
 
 
 
Oliveira (1994), discorrendo sobre mapeamentos geológicos convencionais, 
afirma que é provável que os depósitos tecnogênicos tenham sido, pelo menos 
em um primeiro momento, classificados como sedimentos terciários ou 
cenozóicos. Comentando esse fato, o autor citado descreve que a constatação 
da presença de artefatos humanos em sedimentos, denunciando forte 
componente artificial na sua origem, "tenham sido excluídos dos 
levantamentos voltados especificamente à caracterização de formações 
geológicas ou coberturas pedológicas, cujas idades não poderiam admitir 
vestígios da ordem de dezenas de anos". 
Nos trabalhos realizados pelo DAEE e IPT, no Projeto "Orientações para o 
combate à erosão no Estado de São Paulo", foram encontrados em geral 
depósitos tecnogênicos sobre solos hidromórficos, que representavam a antiga 
várzea. Essesdepósitos apresentavam cores claras, vermelhas e amarelas, 
sendo predominantemente arenosos e com estratificação plano-paralela, 
conferida pela intercalação de camadas arenosas e argilosas. Nessas camadas 
arenosas foram encontradas estratificações cruzadas e restos de artefatos de 
origem humana, tais como: pedaços centimétricos de tijolos, de telhas, de 
vidros, plásticos, etc (Oliveira, 1994). 
Como podemos concluir, os depósitos tecnogênicos revelam características de 
transporte e sedimentação iguais às encontradas nos depósitos formados 
exclusivamente por processos naturais, ou seja, a interferência humana altera e 
intensifica os processos naturais, porém, as leis que regem os processos de 
erosão, transporte e sedimentação de materiais se mantém as mesmas. 
Neste contexto, podemos concluir que em regiões urbanas (que apresentam 
processos de enchente, erosão e assoreamento constantes) temos grande 
possibilidade de encontrar depósitos tecnogênicos, com a presença de 
artefatos de origem humana. Porém, como afirma Oliveira (1994) não existe 
atualmente mapeamentos sistemáticos desses depósitos. 
 
 
 
Os eventos antropogênicos são associados ao período geológico de sua 
ocorrência, podendo ou não estar relacionados às atividades humanas. Os 
eventos que apresentam sua origem ligada à atividade humana são 
denominados de tecnogênicos. Portanto, todo evento tecnogênico (origem) 
seria antropogênico (período), sendo que o contrário não necessariamento é 
verdadeiro (Oliveira, 1995). 
Neste contexto, o termo tecnogênico é mais apropriado para referir-se a 
eventos relacionados às atividades humanas, devido associar-se à idéia de 
desenvolvimento da técnica, que é o aspecto que mais reflete o avanço do 
homem sobre a natureza, ou seja, o estágio evolutivo da técnica corresponde a 
formas e intensidades diferentes da ação do Homem no meio ambiente. 
Portanto, o termo tecnogênico traz implícito que os eventos provocados pelo 
Homem são qualitativa e quantitativamente diferentes ao longo da história do 
Homem (Oliveira, 1995). 
Oliveira (1995) coloca que atualmente não existem mais processos 
exclusivamente naturais na Biosfera, ou seja, "de acordo com as atuais formas 
de uso e ocupação do solo e seus impactos não será mais possível estudar os 
processos geológicos recentes sem considerar as profundas modificações que 
vêm sendo causadas pelo Homem" . 
Suguio (1999) coloca que "como um agente geológico muito ativo, o Homem 
tende a deixar com freqüência crescente vestígios de sua presença em 
sedimentos, na geomorfologia e nos ambientes em geral". Na tabela a seguir é 
apresentado a cronologia simplificada da cultura humana no mundo 
(Yamaguchi, 1978 apud Suguio, 1999). 
 
IDADES 
(anosAP) 
TEMPOS GEOLÓGICOS CULTURAS 
ESPÉCIES 
HUMANAS 
 
Quaternário 
Holoceno 
Neolítica 
Homo sapiens 
sapiens 
10.000 Mesolítica 
Pleistoceno 
Superior 
50.000 Paleolítica sup. 
500.000 Paleolítica méd. 
Homo sapiens 
neanderthalensis 
1.000.000 Médio Paleolítica inf. Homo erectus 
1.800.000 Inferior Protopaleolítica Australopithecus 
 Terciário 
 
GEODINÂMICA INTERNA 
Este capítulo revisa alguns tópicos principais da dinâmica interna do planeta 
Terra, objetivando mostrar que os processos endógenos modificam a 
superfície terrestre e interagem com o ser humano e com os processos de 
dinâmica externa, muitas vezes de forma prejudicial à sociedade, como ocorre 
em certos casos de terremotos, vulcanismos, entre outros. 
Para iniciarmos nossos estudos, vamos primeiramente revisar as divisões 
internas do globo terrestre. 
 
DIVISÃO INTERNA DA TERRA 
O planeta Terra apresenta forma aproximada de uma esfera, tendo cerca 6.370 
km de raio na linha do Equador. Seu interior é dividido em esferas 
concêntricas, que possuem características de composição e parâmetros físicos 
diferentes (Almeida & Ribeiro, 1998). 
Essas esferas são separadas por descontinuidades, identificadas pela análise da 
propagação das ondas sísmicas naturais e artificiais, principalmente das ondas 
sísmicas primárias (P), ou de compressão, que se propagam tanto nos meios 
sólidos, como nos líquidos, e das ondas sísmicas secundárias (S), ou 
transversais, que se propagam somente nos meios sólidos. Portanto, a partir 
dos estudos das ondas sísmicas pôde-se estabelecer as seguintes divisões 
(Almeida & Ribeiro, 1998). 
LITOSFERA: zona constituída na sua porção inferior por material mantélico 
e na superior pela crosta. Sua ductilidade aumenta com a profundidade, se 
deformando menos que Astenosfera. 
ASTENOSFERA: zona situada abaixo da litosfera, constituindo a parte do 
manto que se apresenta mais dúctil, possuindo baixa velocidade sísmica. As 
profundidades limites não são bem definidas, mas estão entre 60-70 até 
200kms (sob os oceanos) e de 80-120 a 300kms (sob os continentes). 
DESCONTINUIDADE DE MOHOROVICIC ou MOHO: denominação 
para descontinuidade que separa a crosta do manto, estando entre 30 a 40 kms 
da superfície dos continentes, chegando há 70 kms em algumas cadeias de 
montanhas. 
DESCONTINUIDADE DE GUTENBERG-WIECHERT: denominação 
para a descontinuidade que separa o núcleo externo líquido do manto sólido. 
A figura a seguir ilustra as divisões do planeta Terra (modificado de Almeida 
& Ribeiro, 1998). 
 
 
 
GEODINÂMICA INTERNA 
 
PLACAS TECTÔNICAS 
Uma parte importante da geodinâmica interna trata dos aspectos relacionados 
à deriva dos continentes e à expansão do assoalho oceânico. A teoria mais 
aceita atualmente e que aborda esses temas é a Teoria da Tectônica das Placas. 
A Teoria da Tectônica das Placas foi estabelecida a partir de 1967/1968, e 
abrange um grupo de conceitos para explicar as complexidades da crosta 
terrestre através das interações de placas litosféricas em movimento (Loczy & 
Ladeira, 1981). 
As porções sólidas da crosta terrestre e do manto superior (litosfera) são 
formadas por grandes placas litosféricas mais ou menos rígidas (incluindo 
tanto a crosta continental quanto a oceânica), que se movem relativamente 
entre si sobre a astenosfera (menos viscosa). Essas placas são delimitadas 
entre si por: dorsais meso-oceânicas, falhas transformantes, trincheiras 
oceânicas e cinturões orogênicos de montanhas (Loczy & Ladeira, 1981). 
A figura a seguir apresenta as principais placas tectônicas, mostrando os locais 
de subducção e as dorsais, além do movimento relativo das mesmas 
(modificada de Montgomery, 1992; organizada por Fábio Reis). 
 
A figura a seguir ilustra a topografia dos continentes e do fundo oceânico, 
pode-se observar as principais estruturas do assoalho oceânico (Murk, Skinner 
& Porter, 1996). 
 
 
GEODINÂMICA INTERNA 
 
MOVIMENTAÇÃO DAS PLACAS 
TECTÔNICAS 
Segundo Leinz & Amaral (1989), a dinâmica interna é estudada sob dois 
aspectos: o magmático e o tectônico. O primeiro tratando o magma em termos 
químicos, físicos, físico-químicos e do seu movimento no interior e exterior 
da crosta sólida, além das relações com as rochas adjacentes a ele. Já a 
tectônica aborda as conseqüências dos diversos tipos de esforços internos que 
deixam marcas e feições reconhecíveis nas rochas da superfície terrestre, ou 
seja, dobras, falhas, diáclases (fraturas), entre outras. 
Neste contexto, os processos de dinâmica interna originam novos relevos e 
depressões, com a formação de cadeias orogênicas, planaltos, fossas 
tectônicas e cadeias vulcânicas, ou seja modificaram e modificam 
continuamente as paisagens do globo terrestre (Almeida & Ribeiro, 1998). 
Essas modificações se dão principalmente pela movimentação das placas da 
litosfera, impulsionadas pelaatuação de forças das células de convecção 
provenientes do manto, que transportam material dúctil do mesmo para zonas 
litosféricas. Esse material rompe a litosfera e extravasa pelas dorsais 
oceânicas, empurrando as rochas já existentes e movimentando a litosfera para 
lados opostos (Almeida & Ribeiro, 1998). 
Existem 3 tipos de bordas de placas tectônicas, que são as seguintes (Keller, 
2000): 
Borda Divergente: localizam-se em geral nas dorsais meso-oceânicas, sendo 
caracterizadas pela movimentação das placas em direções opostas, devido à 
formação de novas rochas litosféricas que empurram as antigas, em processo 
denominado de expansão do assoalho oceânico. 
Borda Convergente: ocorre quando existe a colisão de placas. Se a colisão for 
entre uma placa oceânica e uma continental, a oceânica (devido a sua maior 
densidade) afunda sob a continental, ocorrendo em geral nas zonas de 
subducção, com formação de cadeias de montanhas (Cadeia do Andes, Alpes, 
etc). Quando há a colisão de duas placas continentais, a subducção é mais 
difícil de acontecer devido a densidade das placas serem semelhantes, 
portanto neste caso temos a colisão continental, formando também grandes 
sistemas de cadeias de montanhas (Cadeia do Himalaia, entre outras). 
Borda Transformante: ocorre quando duas porções em uma mesma placa 
movimentam-se com velocidades diferentes, formando uma falha 
transfomante. Esse tipo de borda é mais comum nas placas oceânicas, porém 
existem algumas em placas continentais, sendo a mais conhecida a existente 
ao longo da Falha de San Andreas, na California. 
A figura a seguir ilustra a formação de rochas litosféricas nas cadeias meso-
oceânicas, a movimentação das placas tectônicas e as zonas de subducção 
(modificado de Montgomery, 1992; organizada por Fábio Reis). 
 
 
GEODINÂMICA INTERNA 
 
TERREMOTOS 
Terremotos são eventos de curta duração que geralmente ocorrem sem aviso 
prévio, sendo capazes de ocasionar em minutos, mais danos e perdas de vidas 
humanas do que qualquer outro evento catastrófico (Lundgren, 1999). 
Segundo Lundgren (1999) "os terremotos são gerados pela liberação de 
energia elástica armazenada em um volume de rocha. Essa liberação de 
energia origina-se no instante em que maciços rochosos adjacentes movem-se 
repentinamente um em relação ao outro, ao longo de uma superfície de 
ruptura denominada de falha". O mesmo autor destaca ainda, que o 
movimento ao longo de uma falha ocorre quando as forças de tensão 
(incidentes sobre e paralelamente ao plano de falha) excedem as forças de 
resistências. 
Como podemos notar nas fotos a seguir (retiradas após o terremoto ocorrido 
na região da cidade de São Francisco, em 18 de abril de 1906, onde morreram 
milhares de pessoas), essa movimentação entre os maciços rochosos descrita 
anteriormente pode ser identificada na superfície pela presença de fendas no 
terreno ou por deslocamento de objetos (desalinhamento), tais como cercas, 
estradas de ferro, árvores, entre outros (www.eas.slu.edu, 2000). 
 
 
Todos os anos muitas centenas de milhares de terremotos ocorrem pelo 
mundo, porém somente um ou dois são fortes demais ou perto demais de 
grandes centros urbanos para causar perdas de vidas humanas (Murk, Skinner 
& Porter, 1996). 
Mesmo com essa baixa incidência de terremotos perto de grandes 
concentrações humanas, em relação ao total das ocorrências de terremotos por 
ano, Lundgren (1999) coloca que devido ao seu poder altamente destrutivo, 
substanciais esforços vêm sendo realizados para o desenvolvimento de 
métodos de predição de terremotos, porém sem grandes sucessos. 
Em complemento a esses esforços, várias iniciativas vêm sendo atualmente 
colocadas em prática, como o desenvolvimento de novos códigos de 
construção e planos de emergência, com a finalidade de diminuir as perdas 
econômicas e mortes associadas à terremotos. 
A tabela a seguir apresenta os terremotos que ocorreram nos últimos 800 anos 
e que causaram 50.000 mortes ou mais (Murk, Skinner & Porter, 1996). 
LOCAL ANO 
ESTIMATIVA DO NÚMERO DE 
MORTES 
Sicília, Turquia 1.268 60.000 
Chihli, China 1.290 100.000 
Nápoles, Itália 1.456 60.000 
Shaanxi, China 1.556 830.000 
Shemaka, USSR 1.667 80.000 
Nápoles, Itália 1.693 93.000 
Catalina, Itália 1.693 60.000 
Beijing, China 1.731 100.000 
Calcutá, Índia 1.737 300.000 
Lisboa, Portugal 1.755 60.000 
Calabria, Itália 1.783 50.000 
Messina, Itália 1.908 160.000 
Gansu, China 1.920 180.000 
Tóquio e Yokohama, 
Japão 
1.923 143.000 
Gansu, China 1.932 70.000 
Quetta, Pasquitão 1.935 60.000 
T'ang Shan, China 1.976 240.000 
Iran 1.990 52.000 
Como podemos observar na tabela, somente na China nos últimos 800 anos 
morreram no mínimo 1,52 milhão de pessoas devido a ocorrência de 
terremotos. Já na Itália só considerando os terremotos descritos anteriormente, 
ocorreram 430.000 mortes. 
Em 1989, o Comitê para Pesquisa de Desastres do Conselho de Ciência do 
Japão apresentou uma estimativa de cerca de 2,07 milhões de mortes causados 
por terremotos no século XX (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
As fotos a seguir mostram algumas conseqüências do terremoto que atingiu as 
cidades de Tóquio e Yokohama no Japão em 1 de setembro de 1923, onde 
cerca 100.000 pessoas morreram e mais 40.000 desapareceram. Como 
conseqüência do terremoto, um incêndio de grandes proporções destruiu o 
distrito industrial de Kyohash (www.eas.slu.edu, 2000). 
 
Incêndio no Departamento de Polícia, Distrito 
de Kyohash. 
 
Incêndio perto da ponte Yamashita, Distrito de 
Kyohash. 
 
Estação de trem Shimbashi, antes e 
depois do terremoto. 
Como vimos, os terremotos muitas vezes desencadeiam outros eventos 
catastróficos, tais como: movimentação do solo devido ao movimento das 
ondas sísmicas; fissuras e rupturas no terreno; incêndios; escorregamentos; 
liquefação do solo; tsunamis; mudanças no nível do terreno afetando muitas 
vezes grandes áreas; enchentes; entre outros (Murk, Skinner & Porter, 1996). 
As fotos a seguir ilustram alguns eventos catastróficos desencadeados por 
terremotos (Murk, Skinner & Porter, 1996). 
 
Liquefação de camadas de argila, como 
resultado do terremoto de 27 de março 
de 1964, no Alasca. 
 
Enchente ocasionada pela subsidência do 
terreno, como conseqüência do terremoto 
de 27 de março de 1964, no Alasca. 
 
 
Incêndio causado pelo rompimento de dutos de gás, como resultado do terremoto 
em Loma Prieta, São Francisco, em 1989. 
 
Contudo, Murk, Skinner & Porter (1996) destacam que os terremotos não são 
de todo ruins para o Homem, pois, eles nos ajudam a entender melhor o 
interior do planeta, através do estudo das ondas sísmicas, chegando a afirmar 
que "as vibrações dos terremotos são equivalentes aos raios-x, que os 
médicos utilizam para estudar o interior do corpo humano". 
GEODINÂMICA INTERNA 
 
VULCÕES 
Segundo Murk, Skinner & Porter (1996) o termo vulcão tem origem no deus 
Romano do fogo chamado de Vulcan. Os autores citados colocam que os 
vulcões podem ser entendidos como estruturas na crosta terrestre por onde são 
expelidos magma, fragmentos de rocha sólida e gases. 
Murk, Skinner & Porter (1996) afirmam ainda que é impossível elaborar uma 
classificação exata sobre erupções vulcânicas, pois, os tipos de atividade e a 
natureza dos materiais expelidos mudam ao longo dos eventos vulcânicos, as 
vezes de forma gradual (algumas semanas, meses ou anos), ou de maneira 
abrupta (de um dia para outro, ou na hora seguinte). 
Neste contexto, os estudos geológicos sobre vulcões tem sido realizados 
através da análise dos processos de diferentes erupções vulcânicas,pois, cada 
vulcão apresenta histórias e modo de funcionamento distintos (Lundgren 
1999). 
Entretanto, é possível classificar erupções vulcânicas com base no estilo de 
erupção, nos tipos de materiais expelidos e pelas formas dos edifícios 
vulcânicos (Murk, Skinner & Porter, 1996). 
Lundgren (1999) afirma que existe uma relação muito estreita entre as placas 
tectônicas e os diferentes tipos de vulcões. Murk, Skinner & Porter (1996) 
destacam que a compreensão dos processos vulcânicos, no contexto das placas 
tectônicas, é importante não somente para melhorar nosso conhecimento 
científico sobre esse processos, como também para desenvolver nossa 
capacidade em determinar acidentes associados à vulcões e predizer futuras 
erupções. 
O círculo de vulcões que circundam o Oceano Pacífico formam o denominado 
Cinturão de Fogo (Ring of Fire), sendo exatamente paralelo as margens de 
subducção da Placa do Pacífico. Nesse cinturão localizam-se os mais ativos e 
explosivos vulcões do mundo, incluindo o Monte Pinatubo (Filipinas), o 
Monte Unzen e o Monte Fuji (Japão), o Krakatau e o Tambora (Indonésia) e o 
Monte Spurr (Alasca) (Murk, Skinner & Porter, 1996). 
A figura a seguir ilustra as principais regiões do mundo que apresentam 
atividades vulcânicas, mostrando o Cinturão de Fogo em torno da Placa do 
Pacífico (modificado de Montgomery, 1992; organizada por Fábio Reis). 
 
 
Técnicas de 
sensoriamento remoto 
vem sendo utilizadas 
para detectar súbitas 
mudanças de 
temperatura nas 
regiões próximas de 
vulcões ativos. A 
figura ao lado ilustra a 
Baia de Nápoles, na 
Itália, onde pode ser 
observado na sua 
porção centro-direita o 
Vulcão Vesúvio. 
 Trata-se de uma 
imagem de satélite em 
falsa cor (infra-
vermelho), na qual as 
porções de coloração 
vermelha nas encostas 
do vulcão representam 
lavas expelidas pelo 
mesmo há 300 anos, 
constituindo rochas 
pouco intemperizadas. 
Já as cores amarelas e 
alaranjadas indicam 
lavas antigas e cinzas 
vulcânicas que 
soterraram a cidade 
romana de Pompéia, 
em 79 D.C (Murk, 
Skinner & Porter, 
1996). 
 
 
LEITURAS RECOMENDADAS - 
MÓDULO 2 
 
A seguir é apresentada uma listagem de textos cuja leitura é recomendada para 
melhor entendimento dos temas tratados no módulo 2 (tópico Interação 
Homem-Ambiente) do Curso de Geologia Ambiental. 
Esses textos são de grande divulgação nas Geociências, podendo ser 
encontrados nas principais bibliotecas que contém temas geológicos. Os textos 
publicados pelo IPT e pela ABGE podem ser consultados e até adquiridos nas 
bibliotecas desses órgãos, dependendo da disponibilidade de exemplares. Nas 
bibliotecas da USP-capital e da Unesp-Rio Claro também pode ser encontrada 
a maioria dos textos citados a seguir. 
Na próxima página são apresentados os exercícios propostos do módulo 2. 
Recomenda-se que primeiro sejam lidos os textos indicados, para 
posteriormente fazer os exercícios. 
 
 Boas Leituras !!!!!!!!!!!! 
 
 
 
OLIVEIRA, A.M.S. & BRITO, S.N.A (Eds.). Geologia de Engenharia. São 
Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), 1998. 
Capítulo 01 "A Terra em Transformação", páginas 07 a 13. 
 
SUGUIO, K. Geologia do Quaternário e Mudanças Ambientais: passado + 
presente = futuro?. São Paulo: Paulo´s Comunicação e Artes Gráficas, 1999. 
Capítulo XIII "As Pesquisas Aplicadas do Quaternário", sub-capítulos 3, 
páginas 326 a 341. 
 
LEINZ, V. & AMARAL, S.E. Geologia Geral. 11ª ed. São Paulo: Editora 
Nacional, 1989. 
Capítulo I "A Terra em Conjunto e a Litosfera", páginas 11 a 31. 
Capítulo XI "Vulcanismo", páginas 251 a 291. 
Capítulo XIII "Terremotos", páginas 305 a 333. 
Capítulo XVI "A Origem das Montanhas e Teorias Geotectônicas", 
páginas 367 a 393. 
 
KELLER, E.A. Environmental geology. 8ª ed. Upper Saddle River: 
Prentice-Hall, Inc, 2000. 562p. 
Capítulo 02 "Earth Materials and Processes", páginas 24 a 55. 
Capítulo 07 "Earthquakes and Related Phenomena", páginas 161 a 204. 
Capítulo 08 "Volcanic Activity", páginas 205 a 231. 
 
EXERCÍCIOS - MÓDULO 2 
 
Esses exercícios tem o objetivo de fixar os conhecimentos apresentados no 
módulo 2 (tópicos Interação Homem-Ambiente) do Curso de Geologia 
Ambiental. 
 
 
 
1) O que você entende pelos seguintes termos: 
 Antropógeno/Período Antropogênico ? 
 Depósitos Tecnogênicos ? 
 Quinário/Tecnógeno ? 
 
2) Descreva como podem ser formados os depósitos tecnogênicos. 
 
3) Explique com suas palavras a Teoria da Tectônica das Placas. 
 
4) O que você entende por borda divergente, convergente e transformante ? 
 
5) Existe alguma relação entre a ocorência de terremotos e a formação de 
vulcões ? Explique sua resposta. 
 
MÓDULO 3 
Estamos iniciando o módulo 3 (tópico Interação Homem-Ambiente), que 
aborda assuntos da Geodinâmica Externa (erosão, movimentos de massa e 
blocos, assoreamento, inundação, subsidências/colapsos e processos costeiros) 
e das Conseqüências Negativas ocasionadas por acidentes geológicos. No 
final encontram-se as Leituras Recomendadas e os Exercícios Propostos. 
Bom Estudo !!!!!!!!! 
 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 
CONCEITOS BÁSICOS 
A seguir são apresentados alguns conceitos fundamentais relacionados à 
geodinâmica externa, que serão citados ao longo do curso. 
HIDROSFERA: camada descontínua de água que se encontra na superfície 
da crosta no estado líquido ou sólido, ocorrendo em bacias e cadeias 
oceânicas, plataformas e taludes continentais, além de ocorrer na forma de 
geleiras continentais e de montanhas, em rios, lagos e preenchendo fendas e 
poros dos solos e das rochas (Almeida & Ribeiro, 1998). 
ATMOSFERA: camada contínua que envolve o globo terrestre, formada por 
gases e vapor d´água. Sua principal divisão é denominada de troposfera, sendo 
onde se realizam os processos atmosféricos mais importantes para a dinâmica 
externa. A troposfera está a 9 kms de altitude nos pólos e 18 kms do Equador, 
compondo 95% da massa da atmosfera (Almeida & Ribeiro, 1998). 
BIOSFERA: porção do planeta onde se desenvolve a vida, compreendendo 
cerca de 5 kms da troposfera, a hidrosfera até grandes profundidades 
oceânicas e uma fina camada superficial da crosta (Almeida & Ribeiro, 1998). 
INTEMPERISMO: alteração física e/ou química das rochas, que em geral, é 
acompanhada pelo transporte e sedimentação dos materiais intemperizados 
(Salomão & Antunes, 1998). 
PROCESSO: em geral conceituado como resultante da ação de um 
determinado tipo de energia sobre algum componente material. Em 
Geomorfologia, segundo Embleton e Thornes (1979) apud Infanti Jr. & 
Fornasari Filho (1998), é definido como ações dinâmicas ou eventos que 
envolvem a aplicação de forças sobre certo gradiente, sendo provocadas por 
agentes como: chuva, vento, ondas, marés, rios, gelo, etc. 
TEMPO: seqüência cumulativa de eventos, medida em incrementos iguais, 
através de instrumentos ou manifestação de fenômenos naturais, movendo-se 
somente em uma direção, o que implica na não reversibilidade dos eventos 
(Infanti Jr. & Fornasari Filho, 1998). 
TAXA: indica a intensidade com que ocorrem mudanças de um certo 
parâmetro em um determinado intervalo de tempo, sendo que se deve levar 
em consideração se o processo estudado é contínuo ou discreto, ou seja, um 
processo contínuo é aquele que sempre é ativo mesmo quando observado em 
intervalos de tempos muito pequenos, em relação ao tempo total de interesse; 
já no processo discreto há uma interrupção da atividade (Infanti Jr. & 
Fornasari Filho, 1998). 
INCLINAÇÃO: ângulo formadoentre um plano inclinado e a horizontal, 
medido a partir da base. Já a declividade é o ângulo de inclinação expresso em 
porcentagem, a partir da relação entre o desnível vertical e o comprimento na 
horizontal. 
EQUILÍBRIO ESTÁTICO: situação na qual a variável não se altera ou 
quando as modificações estão exatamente balanceadas (entradas - saídas = 
zero) (Infanti Jr. & Fornasari Filho, 1998). 
EQUILÍBRIO DINÂMICO: situação na qual ocorre uma mudança uniforme 
ao longo do tempo (entradas - saídas = constante) (Infanti Jr. &Fornasari 
Filho, 1998). 
 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 
PROCESSOS DE DINÂMICA 
SUPERFICIAL 
Nas próximas páginas veremos os principais processos de dinâmica 
superficial, com ênfase aos que mais ocorrem no Brasil, que são: erosão, 
movimentos gravitacionais de massa (rastejos, escorregamentos, movimentos 
de blocos e corridas), assoreamento, inundação e subsidências/colapsos. 
Também destacamos alguns processos relacionados aos ambientes costeiros. 
 
EROSÃO 
IPT (1986) apud Salomão & Iwasa (1995), define erosão como a 
"desagregação e remoção de partículas do solo e/ou fragmentos e partículas 
das rochas, devido a ação combinada da gravidade com a água, vento, gelo e 
organismos (plantas e animais)". 
Os processos erosivos podem ser divididos em 2 grupos principais 
(Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999): 
EROSÃO NATURAL, GEOLÓGICA ou NORMAL: processo natural de 
denudação e evolução da superfície dos terrenos, desenvolvendo-se de forma 
lenta e contínua, de acordo com as condições de equilíbrio de formação do 
solo. 
EROSÃO ACELERADA ou ANTRÓPICA: processo induzido pela 
intervenção humana, altamente destrutivo, desenvolvendo-se rapidamente, 
sendo sua intensidade superior à formação do solo, não permitindo, desta 
forma, sua recuperação natural. 
Considerando as atuais condições climáticas do Brasil, os processos erosivos 
também podem ser divididos em 3 diferentes grupos (Infanti Jr & Fornasari 
Filho 1998): 
Erosão Hídrica: processo erosivo geralmente envolvendo o solo, deflagrado 
pela ação de chuvas, compreendendo as seguintes etapas: impacto da chuva, 
provocando desagregação das partículas; remoção e transporte pelo 
escoamento superficial; e deposição do material formando depósitos de 
assoreamento. Apresenta 2 tipos de processos (clique nas palavras 
sublinhadas para obter maiores informações): 
 Laminar (em lençol ou superficial): processo de remoção de uma delgada e 
uniforme camada do solo superficial, provocada por fluxo hídrico não 
concentrado. 
 Linear: decorrente da ação do escoamento hídrico superficial concentrado, 
desenvolvendo-se em três tipos diferentes: Sulcos, Ravinas e Boçorocas. 
Erosão Eólica: consiste na ação combinada do vento e gravidade na 
desagregação e remoção de partículas de solo e rocha, ou seja, o processo 
ocorre pelo impacto das partículas sólidas carregadas pelo vento desgastando 
outros materiais e/ou pelo transporte de partículas desagregadas. 
Erosão de Leitos Rochosos: consiste na remoção de blocos rochosos pelas 
flutuações de pressões durante a dissipação de energia das quedas d´água, em 
cachoeiras, corredeiras e falésias. 
 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 
PROCESSOS DE DINÂMICA 
SUPERFICIAL 
 
MOVIMENTOS DE 
MASSA 
Movimentos de massa ocorrem basicamente quando as forças de tração, dadas 
pela gravidade atuando na declividade do terreno, superam as forças de 
resistências, principalmente as forças de atrito. A principal força de tração que 
causa movimentos de massas é a força de cisalhamento, quando esta supera o 
atrito, ocorre o movimento (Montgomery, 1992). 
Os principais movimentos de massa existentes no Brasil são: rastejos, 
escorregamentos, movimento de blocos e corridas. Os referidos tipos de 
movimentos são definidos a seguir segundo Infanti Jr & Fornasari Filho 
(1998). 
OBS: clique nas palavras sublinhadas para obter maiores informações. 
RASTEJOS (Creep): movimento descendente, lento e contínuo da massa de 
solo de um talude, caracterizando uma deformação plástica, sem geometria e 
superfície de ruptura definidas. Ocorrem geralmente em horizontes 
superficiais de solo e de transição solo/rocha, como também em rochas 
alteradas e fraturadas. 
 
ESCORREGAMENTOS (Slides): movimento rápido de massas do solo e/ou 
rocha, com volume bem definido, sendo que o centro de gravidade do material 
se desloca para baixo e para fora do talude, seja ele natural, de corte ou aterro. 
Esse processo está associado a ruptura de cisalhamento, devido ao aumento 
das forças de tensões ou a queda de resistência, em períodos relativamente 
curtos, podendo ser classificados de acordo com sua geometria e a natureza do 
material, da seguinte forma (clique nas palavras sublinhadas para obter 
maiores informações): 
Escorregamentos Planares (Translacionais): em maciços rochosos o 
movimento é condicionado por estruturas geológicas planares, tais como: 
xistosidade, fraturamento, foliação, etc. Nas encostas serranas brasileiras são 
comuns escorregamentos planares de solo, com ruptura podendo ocorrer no 
contato com a rocha subjacente. 
Escorregamentos Circulares (Rotacionais): apresenta superfície de 
deslizamento encurvada, correspondendo a movimento rotacional, segundo 
um eixo. Ocorre geralmente em aterros, pacotes de solo ou depósitos mais 
espessos, rochas sedimentares ou cristalinas intensamente fraturadas. 
Escorregamentos em cunha: movimento ao longo de um eixo formado pela 
intersecção de estruturas planares em maciços rochosos, que desloca o 
material na forma de um prisma. São comuns em taludes de corte ou encostas 
que sofreram algum tipo de desconfinamento, natural ou antrópico. 
 
MOVIMENTO DE BLOCOS: deslocamentos, por gravidade, de blocos de 
rocha, sendo divididos em 4 tipos básicos (clique nas palavras sublinhadas 
para obter maiores informações): 
 Queda de Blocos: blocos de rochas que se desprendem do maciço e se 
deslocam em queda livre encosta abaixo, podendo ocorrer em volumes e 
litologias diversas. 
 Tombamento de Blocos: movimento de rotação de blocos rochosos, 
condicionado por estruturas geológicas no maciço rochoso sub-verticais. 
 Rolamento de Blocos: movimento de blocos rochosos ao longo de encostas, 
que ocorre geralmente pela perda de apoio (descalçamento). 
 Desplacamento: movimento em queda livre ou por deslizamento de blocos 
rochosos, ao longo de superfícies estruturais (xistosidade, acamamento), que 
ocorre devido às variações térmicas ou por alívio de pressão. 
 
CORRIDAS (Flow): movimentos gravitacionais na forma de escoamento 
rápido, envolvendo grandes volumes de materiais. Caracterizados pelas 
dinâmicas da mecânica dos sólidos e dos fluidos, pelo volume de material 
envolvido e pelo extenso raio de alcance que possuem, chegando até alguns 
quilômetros, apresentando alto potencial destrutivo. 
Os mecanismos de geração de corridas de massa podem ser classificados 
quanto a origem da seguinte forma: 
 Primária: corresponde as corridas de massa envolvendo somente os 
materiais provenientes das encostas. 
 Secundária: corridas de massa nas drenagens principais, formadas pela 
remobilização de detritos acumulados no leito e por barramentos 
naturais, envolvendo ainda o material de escorregamentos das encostas 
e grandes volumes de água das cheias das drenagens. 
Considerando as características do material mobilizado, as corridas podem ser 
classificadas em 3 tipos básicos: 
Corrida de Terra (earth flow): fluxo de solo com baixa quantidade de água, 
apresentando baixa velocidade relativa. 
Corrida de Lama (mud flow): fluxo de solo com alto teor de água, 
apresentandomédia velocidade relativa e com alto poder destrutivo. 
Corrida de Detritos (debris flow): material predominantemente grosseiro, 
constituído por blocos de rocha de vários tamanhos, apresentando um maior 
poder destrutivo. 
 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 
PROCESSOS DE DINÂMICA 
SUPERFICIAL 
 
ASSOREAMENTO 
Assoreamento pode ser conceituado da seguinte forma: "processos de 
acumulação de partículas sólidas (sedimentos) em meio aquoso ou aéreo, 
ocorrendo quando a força do agente transportador natural (curso d´água, 
vento) é sobrepujada pela força da gravidade ou quando a supersaturação 
das águas ou ar permite a deposição de partículas sólidas" (Infanti Jr & 
Fornasari Filho, 1998). 
Os sedimentos podem ser transportados em suspensão (partículas mais finas), 
por tração/rolamento (partículas mais pesadas) ou saltação (partículas 
intermediárias), isso para uma mesma velocidade. A deposição ocorre quando 
a energia de fluxo não suporta mais transportar o sedimento, partícula ou 
fragmento de rocha. 
A atuação antrópica vem intensificando e acelerando os processos de 
assoreamento, não só pela modificação da velocidade dos cursos d´água 
devido à implantação de barramentos, como também pelo aumento da erosão 
hídrica, em conseqüência de práticas agrícolas inadequadas, de obras de infra-
estrutura insuficientes, entre outros aspectos (Infanti Jr & Fornasari Filho, 
1998). 
A foto a seguir ilustra uma situação ocorrida em município do interior 
paulista, em que o processo de assoreamento soterrou parcialmente uma casa, 
em curto período de tempo (alguns dias) (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
Destaca-se que, em geral, o assoreamento de uma determinada área se dá 
gradativamente. 
 
O processo de assoreamento é cada vez mais comum no Brasil, afetando 
corpos d´água, devido principalmente, a intensificação dos processos de 
erosão, pela ação antrópica. 
As fotos a seguir ilustram o assoreamento ocorrido no mesmo local da foto 
anterior (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
ANTES 
 
 
DEPOIS 
 
 
Os processos de assoreamento acarretam nos seguintes problemas (Oliveira, 
1995): 
 perda de volume de reservatório; 
 redução da profundidade de canais; 
 perda de eficiência de obras hidráulicas; 
 produção de cheias; 
 deterioração da qualidade da água; 
 alteração e morte da vida aquática; 
 prejuízos ao lazer. 
Segundo Infanti Jr & Fornasari Filho (1998) existem duas situações típicas de 
abordagem de assoreamento, em: 
Regiões de Solos Arenosos Finos: processos em regiões que apresentam 
solos arenosos finos, podemos citar a região noroeste do Paraná (cidade de 
Caiuá) e Oeste Paulista (cidades de Presidente Prudente, Bauru, Marília, São 
José do Rio Preto, entre outras). 
Assoreamento de Reservatórios: umas das causas de assoreamento 
associado a obras de reservatórios é a modificação do perfil de equilíbrio do 
rio, ou seja, a alteração na forma do canal e na capacidade de transporte de 
sólidos, devido à elevação do nível de base a montante da barragem. Isto 
ocasiona a redução do tempo de vida útil do mesmo. 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 
PROCESSOS DE DINÂMICA 
SUPERFICIAL 
 
INUNDAÇÃO 
A inundação constitui-se em um processo de extravasamento das águas de um 
curso d´água para áreas marginais, ou seja, ocorre quando o fluxo d´água é 
superior à capacidade de descarga do canal. Já a enchente refere-se ao 
acréscimo na descarga d´água por um determinado período (Infanti Jr & 
Fornasari Filho, 1998). 
Um dos fatores que mais interferem na ocorrência de inundação é a 
quantidade e o tipo de vegetação existente na bacia de captação da drenagem. 
A vegetação apresenta o caráter de facilitar a infiltração das águas pluviais 
para o solo e diminuir a velocidade de escoamento superficial, reduzindo a 
quantidade de água no canal em um mesmo momento, e por conseqüência, 
diminuindo a possibilidade de ocorrência da inundação. Já a interferência 
antrópica através de obras que impermeabilização do solo e aumento da 
velocidade de escoamento, contribui para a ocorrência cada vez mais intensa 
de inundações (Infanti Jr & Fornasari Filho, 1998). 
Para entendermos melhor o fenômeno das inundações é necessário conhecer a 
dinâmica fluvial. Neste contexto, são apresentadas algumas definições 
(Tricart, 1966 apud Infanti Jr & Fornasari Filho, 1998): 
CHEIA: constitui as maiores vazões diárias ocorridas em cada ano, sem levar 
em consideração se causaram ou não inundação. 
LEITO MENOR: leito definido pelos diques marginais, sendo que o 
escoamento de água é constante, impedindo o crescimento de vegetação. 
LEITO DE VAZANTE: está encaixado no leito menor, acompanhando a 
linha de maior profundidade do leito (talvegue), sendo responsável pelo 
escoamento das águas na época de estiagem. 
LEITO MAIOR: corresponde ao leito menor mais a planície de inundação, 
sendo ocupado nas épocas de inundações. 
DIQUES MARGINAIS: constituem depósitos de crista baixas e alongadas 
acumulados ao longo das margens dos rios (Mendes, 1984). 
TERRAÇO: superfície horizontal ou levemente inclinada limitada por 
declives no mesmo sentido, constituindo patamar de depósito sedimentar, 
modelado pela erosão fluvial, marinha ou lacustre (Guerra, 1975). 
A figura a seguir ilustra as formas fluviais descritas. 
 
 
Um outro conceito fundamental em estudos de inundação é o balanço hídrico. 
Tal conceito corresponde à análise comparativa entre as quantidades de águas 
que entram (precipitação) e saem (escoamento superficial, infiltração e 
evapotranspiração) do sistema escolhido (bacia ou micro-bacia hidrográfica), 
levando-se em conta as variações das reservas hídricas superficiais e 
subterrâneas, durante um determinado período de tempo, sendo usado 
freqüentemente o anual (Jorge & Uehara, 1998). 
O termo vazão também é bastante usado nos estudo de inundação, sendo 
definido por Jorge & Uehara (1998) como "o volume de água escoado na 
unidade de tempo, em uma determinada seção do curso d´água, geralmente 
expressa em metros cúbicos por segundo (m³/s) ou em litros por segundo 
(l/s)". 
A seguir podemos observar algumas fotos de inundações no Brasil, causando 
problemas sociais e econômicos (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 
 
 
 
 
GEODINÂMICA EXTERNA 
 
PROCESSOS DE DINÂMICA 
SUPERFICIAL 
 
SUBSIDÊNCIAS E 
COLAPSOS 
O processo de subsidência corresponde ao movimento, relativamente lento, de 
afundamento de terrenos, devido à deformação ou deslocamento de direção, 
essencialmente, vertical descendente. O colapso apresenta a mesma definição, 
porém apresenta-se como um movimento brusco do terreno (Infanti Jr & 
Fornasari Filho 1998). 
Os colapsos de terrenos são considerados os principais causadores de 
acidentes sérios em regiões cársticas, ocasionando mortes até pelo 
desaparecimento súbito de pessoas tragadas pelo afundamento. Porém, a 
subsidência também causa prejuízos econômicos e mortes pelo 
desmoronamento total ou parcial de construções (Nakazawa, Prandini & 
Diniz, 1995). 
Os processos de subsidência podem ser divididos em 2 tipos, considerando 
suas causas, que são (Infanti Jr & Fornasari Filho 1998): 
PROCESSOS NATURAIS: são causados principalmente pela dissolução de 
rochas (carstificação) como calcários, dolomitos, gipsita e sal; pela 
acomodação de camadas no substrato, devido ao seu peso ou a deslocamentos 
segundo planos de falhas. 
PROCESSOS ACELERADOS POR AÇÃO ANTRÓPICA: são 
ocasionados pelo bombeamento de águas subterrâneas, por recalques por 
acréscimo de peso devido a obras e estruturas e por galerias de mineração 
subterrâneas, principalmente em minas

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