Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Engenharia Elétrica Máquinas e Acionamentos Professor Haroldo Santa Cruz 2016 Faculdade Estácio de Sá Transformadores Fabrício Valentim dos Santos Dias 201201455677 Santa Cruz 2016 Faculdade Estácio de Sá Sumário 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 5 2. NORMAS DE REFERÊNCIA ................................................................................. 5 3. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO ...................................................................... 5 3.1. PERDAS EM TRANSFORMADORES ............................................................ 7 3.1.1. Perdas Joule: ........................................................................................... 7 3.1.2. Perdas no Ferro: ...................................................................................... 7 4. ALGUNS TIPOS DE TRANSFORMADORES ........................................................ 8 4.1. TRANSFORMADOR AUTOPROTEGIDO ....................................................... 9 4.2. TRANSFORMADOR INDUSTRIAL ................................................................. 9 4.3. TRANSFORMADOR SUBTERRÂNEO ......................................................... 10 4.4. TRANSFORMADOR A SECO ...................................................................... 10 4.5. TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO ..................................................... 11 4.6. TRANSFORMADOR DE FORÇA.................................................................. 11 4.7. TRANSFORMADOR DE COMANDO ........................................................... 12 4.8. TRANSFORMADOR DE CORRENTE 4NC/4NF .......................................... 12 5. TRANSFORMADOR À ÓLEO .............................................................................. 13 5.1. EXPECTATIVA DE VIDA .............................................................................. 13 5.1.1. Temperatura ambiente .......................................................................... 14 5.1.2. Curto-circuito ......................................................................................... 15 5.1.3. Tensão .................................................................................................. 15 5.1.4. Ciclo de carga ........................................................................................ 15 5.1.5. Elevações de temperaturas do topo do óleo e do ponto mais quente do enrolamento ......................................................................................................... 16 5.1.6. Limitações ao carregamento .................................................................. 16 5.2. PRINCIPAIS COMPONENTES ..................................................................... 17 5.2.1. Enrolamento (Bobinas) .......................................................................... 17 5.2.2. Núcleo ................................................................................................... 18 5.2.3. Óleo Isolante ......................................................................................... 18 5.2.4. Tanque principal .................................................................................... 18 5.2.5. Radiador ................................................................................................ 18 5.2.6. Tanque de Expansão (Balonete) ........................................................... 19 5.2.7. Indicador de nível de óleo ...................................................................... 19 5.2.8. Secador de Ar (Tubo de Silica-Gel) ....................................................... 19 5.2.9. Termômetro ........................................................................................... 20 5.2.10. Imagem Térmica (Termômetro do Enrolamento) ................................... 20 5.2.11. Tubo de Explosão (Válvula de Alívio) .................................................... 21 5.2.12. Relé de Gás (Buchholz) ......................................................................... 22 5.2.13. Buchas (Isoladores) ............................................................................... 22 5.2.14. Sistema de Refrigeração ....................................................................... 22 5.3. FUNÇÕES DOS ÓLEOS ISOLANTES ......................................................... 23 5.3.1. Características e Estrutura .................................................................... 23 6. MANUTENÇÃO ................................................................................................... 24 6.1. PERIODICAMENTE...................................................................................... 24 6.1.1. Exame de carga .................................................................................... 24 7. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 26 8. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 26 1. INTRODUÇÃO Um transformador ou trafo é um dispositivo destinado a transmitir energia elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro, transformando tensões, correntes e ou de modificar os valores das impedâncias elétricas de um circuito elétrico. Inventado em 1831 por Michael Faraday, os transformadores são dispositivos que funcionam através da indução de corrente de acordo com os principios do eletromagnetismo, ou seja, ele funciona baseado nos princípios eletromagnéticos da Lei de Faraday-Neumann-Lenz e da Lei de Lenz, onde se afirma que é possível criar uma corrente elétrica em um circuito uma vez que esse seja submetido a um campo magnético variável, e é por necessitar dessa variação no fluxo magnético que os transformadores só funcionam em corrente alternada. Segundo NBR 5356-1/2008 o transformador é definido da seguinte forma: Transformador é um equipamento estático com dois ou mais enrolamentos que, por indução eletromagnética, transforma um sistema de tensão e corrente alternadas em outro sistema de tensão e corrente, de valores geralmente diferentes, mas à mesma freqüência, com o objetivo de transmitir potência elétrica. 2. NORMAS DE REFERÊNCIA NBR 5356 - Aplicável a transformadores imersos em óleo (inclusive autotransformadores), trifásicos ou monofásicos, excetuando-se certos transformadores pequenos e especiais, como definido na ABNT NBR 5356-1. NBR 7036 - Recebimento, instalação e manutenção de transformadores de distribuição imersos em líquido isolante. NBR 7037 - Recebimento, instalação e manutenção de transformadores de potência em óleo isolante mineral. NBR 5416 - Aplicação de cargas em transformadores de potência 3. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO Quando tem-se uma corrente elétrica circulando em uma bobina, um campo magnético é gerado. Se a corrente elétrica for variável o campo magnético também serávariável. Sendo assim, existe um movimento do campo magnético em relação ao condutor. Se próxima a esta bobina (primeira bobina ou bobina indutora) houver uma segundabobina, esta também será cortada pelas linhas de força. Em conseqüência surgirá nestasegunda bobina uma tensão (figura 2 e 3). Esta tensão é conhecida por tensão induzida, eseu valor depende de: Intensidade da tensão aplicada na bobina indutora; Número de espiras da bobina indutora (primeirabobina); Número de espiras da segunda bobina. Figura 1Indução Eletromagnética Figura 2Campo magnético devido a uma corrente elétrica Figura 3Indução de uma tensão na bobina secundária devido a estar próxima de uma bobina Um transformador consiste em duas (ou mais) bobinas enroladas sobre um núcleode material magnético ou, então, próximas de modo que as linhas de fluxo de uma bobina(bobina indutora ou bobina primária) cortem as espiras de outra bobina (bobina induzida oubobina secundária). Figura 4Ilustração de um transformador com núcleo de ferro 3.1. PERDAS EM TRANSFORMADORES As perdas presentes no transformador são: 3.1.1. Perdas Joule: Os enrolamentos do primário e do secundário são confeccionadoscom material condutor de boa qualidade, normalmente cobre, com condutividadefinita, o que lhes confere uma resistência própria não nula. O fluxo de correnteelétrica nestes condutores implica perdas de energia, denominada Perdas Joule, a qual é uma das responsáveis pelo aquecimento dos enrolamentos e do próprio transformador. 3.1.2. Perdas no Ferro: O fluxo magnético variável no tempo, presente no núcleoferromagnético, da origem a dois tipos de perdas no núcleo, são elas: Perdas por histerese: O estabelecimento de um campo magnético num material ferromagnético envolve sempre uma certa quantidade de energia elétrica, por exemplo, se o campo magnético é nulo e queremos levá-lo a um valor (B) qualquer diferente de zero, a fonte fornecerá uma quantidade de energia, necessária para tal. Suponhamos agora que, uma vez estabelecido este campo, vamos reduzi-lo a zero novamente. Ato contínuo, o núcleo devolverá energia para a fonte. Ocorre que a quantidade de energia devolvida na redução do campo de seu valor (B) a zero é menor que a quantidade de energia fornecida pela fonte quando campo foi aumentado de zero para (B). Esta diferença de energia é transformada em calor no núcleo ferromagnético. As perdas de energia associada a este fenômeno, denominada perdas por histerese, dependem do valor máximo do campo magnético, do material do núcleo, do tratamento térmico e mecânico dado à chapa, e da freqüência de operação do transformador. Ph=K1.Vol.f.B n máx Na qual: K 1:Coeficiente de histerese, o qual depende do material, do tratamento térmico e mecânico dado à chapa; Vol: Volume ativo do núcleo (m3); f :Freqüência de operação do transformador (Hz); Bmáx: Amplitude do campo magnético senoidal (Wb/m 2); n: Coeficiente que depende de Bmáx, atingindo valores de 1,6 a 1,7 para Bmáx de 1,2 a 1,4 Wb/m 2. Perdas Foucault: Este tipo de perdas no núcleo ferromagnético é oriundo do fato de que este material é também um bom condutor. Assim sendo, um campo magnético variável no tempo, presente neste meio condutor, induz correntes elétricas em forma de anéis, como mostra a Figura. Taiscorrentes elétricas dão origem a Perdas Joule no núcleo. Figura 5 Correntes Induzidas – Perdas Foucault Pode-se demonstrar do eletromagnetismo que as perdas Foucault são dadaspor: PF = K2.Vol(e.f.BMÁX) 2 na qual: K2: Coeficiente que depende da condutividade do material; Vol: Volume ativo do núcleo (m3); e : Espessura da chapa (m); f :Freqüência de operação do transformador; BMÁX : Amplitude do campo magnético senoidal (Wb/m 2). Perdas Adicionais: Perdas devido à circulação de correntes elétricas induzidas no tanque do transformador; perdas dielétricas no óleo refrigerante; etc. Essas perdas são de difícil determinação. 4. ALGUNS TIPOS DE TRANSFORMADORES 4.1. TRANSFORMADOR AUTOPROTEGIDO Este tipo de transformador incorpora componentes para proteção do sistema de distribuição contra sobrecargas,curto-circuito e dispositivos de falhas internas no transformador na sua rede secundária,possuindo para tanto fusíveis de Alta Tensão e disjuntor de Baixa Tensãomontados internamente ao tanque. Para proteção contra sobretensão, o transformador é provido de dispositivo para fixação de pára-raios externos ao tanque. Principais Características Potência: 45 a 150 kVA Alta Tensão: 15 ou 24,2 kV Baixa Tensão: 380/220 ou 220/127 V Normas: conforme ABNT/IEC. 4.2. TRANSFORMADOR INDUSTRIAL Normalmente utilizado em subestações de empresas, para redução de tensão primária para as tensões secundárias usadas industrialmente. Provido de caixa de acoplamento para proteção das conexões do primário e/ou secundário, quando solicitado pelo cliente. Principais Características Potência: 500 a 5.000 KVA Alta Tensão: 15; 24,2; 36,2 ou 72,5 KV Baixa Tensão: conforme especificações do cliente. Normas: conforme ABNT/IEC. 4.3. TRANSFORMADOR SUBTERRÂNEO Possui formato de construção adequado para ser instalado em câmaras nos mais diversos níveis, podendo ser prevista sua utilização onde haja possibilidade de submersão de qualquer natureza. Principais Características Potência: 150 a 2.000 KVA Alta Tensão: 15 ou 24,2 KV Baixa Tensão: 215/125; 220/127; 380/220; ou 400/231 V Normas: conforme NBR 9369/1986 ABNT. 4.4. TRANSFORMADOR A SECO Possui formato compacto e sem restrição ao meio ambiente, vasta diversidade de conexão e aumento da potência com o emprego de ventilação forçada, não necessita de manutenção. Normalmente utilizado em indústrias, prédioscomerciais, hospitais, shopping centers, centros de entretenimento, etc. Principais Características Potência: 300 a 15.000 KVA Alta Tensão: 15 ou 24,2 ou 36,2 kV Baixa Tensão: 4160/2402; 440/254; 380/220; 220/127 V ou conforme especificações docliente. Normas: conforme ABNT/IEC. 4.5. TRANSFORMADOR DE DISTRIBUIÇÃO Utilizado em distribuição de energia ao consumidor final (concessionárias de energia, cooperativas,e empresas de modo geral) Principais Características Potência: 30 a 300 KVA Alta Tensão: 15 ou 24,2 KV Baixa Tensão: 380/220 ou 220/127 V Normas: conforme ABNT/IEC. 4.6. TRANSFORMADOR DE FORÇA Utilizado para geração, transmissão e distribuição de energia emconcessionárias e subestações de grandes indústrias, incluindo aplicações especiais como fornosde indução e retificadores. Transformadores de Força Potência: acima de 5 até 300 MVA Alta Tensão: até 550 KV Normas: ANSI / IEEE, IEC e ABNT. Transformadores de Fornos Potência: até 160 MVA Alta Tensão: até 550 KV Normas: ANSI / IEEE, IEC e ABNT. Transformadores Retificadores Potência: até 80 MVA Corrente: até 150 KA Normas: ANSI / IEEE, IEC e ABNT. 4.7. TRANSFORMADOR DE COMANDO Possui uma faixa de potência de 50 a 5000VAreligável para tensões primárias 110/220VCA e 24VCA. Aplicado na alimentação decircuitos de comando, oferece isolação galvânica, limitação de capacidade de curto-circuito,redução de tensão em relação aos circuitos de potência e inclusive efeito desupressor em transitórios não lineares da instalação. Os terminais de ligação ficam em um bloco frontal com proteção aotoque acidental, proporciona uma montagem simples com fixação pela base em estruturametálica. 4.8. TRANSFORMADOR DE CORRENTE 4NC/4NF Conhecido como TC, é um dispositivo que reproduz no seucircuito secundário, uma amostra da corrente que circula no enrolamento primário. Estacorrente tem proporções definidas e conhecidas, sem alterar sua posição vetorial. As relações mais utilizadas no mercado são de xx/5A e xx/1A, ou seja, a corrente doprimário é amostrada e tem como saída no secundário 5A ou 1A. Por exemplo: 1000/5A –Uma corrente no primário de 0 a 1000A é amostrada e no secundário teremos 0 a 5A. Estaaplicação é largamente utilizada em circuitosde medição, onde seria economicamenteinviável medir utilizando equipamentos para altas correntes. 5. TRANSFORMADOR À ÓLEO Possui seu sistema isolante composto por uma parte sólida (papel isolante) e uma parte líquida (óleo isolante), com a função de garantir a rigidez dielétrica e mecânica do bobinado,é o mais comum, e utilizado amplamente em diversas áreas. Seu emprego é generalizado em sistemas de distribuição, transmissão e em plantas industriais. Existem três tipos de líquidos isolantes: Óleo mineral; Silicone, Ascarel, cuja utilização em território nacional é proibida por lei. Obs.: Experimentalmente aparece o óleo vegetal. 5.1. EXPECTATIVA DE VIDA O sistema papel isolante é submetido a um processo contínuo de degradação por ação da água, oxigênio eácidos presentes no óleo isolante. Mantendo-se sob controle a ação desses contaminantes, o envelhecimento dacelulose é predominantemente térmico e cumulativo. O envelhecimento estábaseado na vida esperada do transformador, sob efeito da temperatura de operação da isolação ao longo dotempo. A deterioração da isolação em função do tempo e da temperatura é fundamentada na teoria de Arrhenius,que estabelece que o logaritmo da vida da isolação é uma função do inverso da temperatura absoluta conforme a figura abaixo: Figura 6 Curva de expectativa de vida Log Vida (horas)=A+B/T onde: T = temperatura absoluta em graus Kelvin (θe + 273°C) θe = temperatura do ponto mais quente dos enrolamentos em °C A e B = constantes da curva de expectativa de vida. Não há um critério único para a avaliação do fim da vida do transformador. Entretanto, é possível fazer-seuma avaliação da velocidade do envelhecimento adicional a que está sendo submetido o equipamento,comparando a perda de vida com uma taxa de perda de vida média de referência. Calcula-se a perda de vida, ao longo de um período de tempo Δt (horas), em que a temperatura do ponto maisquente do enrolamento (θe) permanece constante, pela equação: 𝑃𝑉% = 10 − 𝐵 273 + 𝜃𝑒 + 𝐴 . 100Δ𝑡 onde: A = -14,133 (transformador de 55°C) A = -13,391 (transformador de 65°C) B = 6 972,15 O valor obtido representa a taxa de envelhecimento global a que é submetida a isolação sólida, no intervalo detempo Δt. 5.1.1. Temperatura ambiente A temperatura ambiente é um fator importante para a determinação da capacidade de carga do transformador,uma vez que a elevação de temperatura para qualquer carga deve ser acrescida à ambiente para se obter atemperatura de operação. Preferencialmente, utiliza-se a medição da temperatura ambiente real para se determinar a temperatura do pontomais quente do enrolamento e a capacidade de carga do transformador. Entretanto, quando a temperatura real não estiver disponível, utiliza-se o histórico da temperatura ambiente, paradeterminado mês, obtido dos relatórios do serviço de meteorologia do Ministério da Agricultura, os quais fornecem a temperatura média mensal e a média das máximas temperaturas diárias para as várias regiões do país: a) temperatura média: usa-se a média, para o mês em questão, das temperaturas médias mensais obtidas no decorrer de vários anos; b) média das temperaturas máximas diárias: usa-se a média, para o mês em questão, das médias mensais das temperaturas máximas diárias obtidas no decorrer de vários anos. Esses resultados devem ser usados como segue: para análise de carregamento em condição normal de operação, qualquer que seja o horizonte de análise,deve-se utilizar a alínea (a) como temperatura ambiente para o mês em questão; para análise de carregamento em outras condições de operação, deve- se utilizar a alínea (b) comotemperatura ambiente para o mês em questão. Para a determinação da temperatura provável (futura), onde as temperaturasmédia e/ou máxima possam sersuperiores às definidas em (a) e (b), essas temperaturas devem ser acrescidas de 5°C, uma vez que oenvelhecimento em temperaturas mais altas que a média nem sempre é compensado pelo menor envelhecimentoem temperaturas mais baixas que a média. Com essa margem, a temperatura obtida poderá ser excedida apenasem uns poucos dias por mês e, quando for excedida, a perda de vida adicional não será significativa. 5.1.2. Curto-circuito O fator determinante no envelhecimento térmico do transformador é a corrente de carga, não se levando em consideração as correntes de curto-circuito, às quais o transformador pode ser submetido. 5.1.3. Tensão Para os efeitos desta Norma, a tensão nos terminais do transformador nãoafeta os cálculos de elevação de temperatura nem os de expectativa de vida do equipamento, desde que respeitados os limites estabelecidos pela NBR 5356. 5.1.4. Ciclo de carga Os transformadores, usualmente, operam em um ciclo de carga que se repete a cada 24 horas. Este ciclo de carga pode ser constante ou pode ter um ou mais picos durante o período de 24 horas. O ciclo de carga real pode ser convertido para um ciclo de carga equivalente, de formato retangular,conforme definido na NBR-5416/97. 5.1.5. Elevações de temperaturas do topo do óleo e do ponto mais quente do enrolamento Quando aplicado um ciclo de carga ao transformador, as temperaturas do topo do óleo e do ponto mais quente do enrolamento crescem e decrescem exponencialmente, conforme mostrado na Figura 7. 5.1.6. Limitações ao carregamento Nesta Norma, são admitidas cargas limites para as quais não devem existir quaisquer outras limitações, além das capacidades térmicas dos enrolamentos e do sistema de resfriamento. (a) ciclo genérico com dois níveis de carga; (b) elevação de temperatura do ponto mais quente do enrolamento sobre o ambiente; (c) elevação de temperatura do ponto mais quente do enrolamento sobre a temperatura do topo do óleo; (d) elevação de temperatura do topo do óleo sobre a temperatura ambiente Figura 7 Ciclo genérico com dois níveis de carga e temperaturas resultantes 5.2. PRINCIPAIS COMPONENTES 5.2.1. Enrolamento (Bobinas) Primário e secundário é como são conhecidos os condutores elétricos enrolados ordenadamente sobre um núcleo de ferro. O enrolamento primário é aquele que está conectado a fonte de energia, e o enrolamento secundário é o que fica conectado a carga, sua fonte de energia é induzida do primário. Na prática a relação de transformação depende exclusivamente do número de espiras nas bobinas primária (N1) e secundária (N2). Figura 8 Transformador de Potência e Bobinas Figura 9 Isoladores e Bobinas Figura 10 Transformador em Partes 5.2.2. Núcleo É de grande importância, pois é através dele que flui o fluxo magnético do enrolamento primário para o secundário. Composto de chapas de ferro-silício isoladas e sobrepostas uma sobre a outra, formando um bloco de ferro concentrado. As bobinas e o núcleo devem estar isolados entre si e, para isto, são utilizados papel, papelão e verniz, e para sua sustentação, madeira. Todo este material deve esta bem fixo e prensado para evitar ruídos e vibração. 5.2.3. Óleo Isolante Em geral é imerso em óleo isolante, com a finalidade de proporcionar um meio isolante entre as partes energizadas, e a transferência de calor do núcleo para o exterior do tanque. Os principais líquidos usados como meio isolante são: o ascarel (hoje proibido seu uso, devido à agressão que o mesmo provoca ao meio ambiente), o silicone e o óleo isolante mineral (derivado do petróleo). 5.2.4. Tanque principal É onde o calor transferido do núcleo e do enrolamento através do óleo isolante é liberado. Confeccionado em chapas de ferro reforçados, também possui afunção de sustentara parte ativa do transformador. 5.2.5. Radiador Fixado na parte externa do tanque, tem como finalidade ajudar na refrigeração do óleo isolante, transferindo o calor para fora do tanque. Confeccionado em chapas, com paletas abertas em suas extremidades para possibilitar o movimento do óleo em seu interior, recebendo o óleo com temperatura mais elevada na parte superior e retornando o óleo com temperatura menor pela parte inferior. 5.2.6. Tanque de Expansão (Balonete) Utilizado com a finalidade de compensar as variações do volume do óleo no tanque em função da mudança de temperatura no interior do transformador com carga e da temperatura ambiente. Instalado na parte externa no ponto mais alto do transformador, recebe o volume de óleo após sua dilatação e o libera após sua contração ajudado pelo deslocamento do óleo, para o tanque, através de gravidade (geralmente o volume do óleo deve ficar em torno de 25 a 50% de sua capacidade). 5.2.7. Indicador de nível de óleo Serve para indicar o volume de óleo no interior do tanque. Sua instalação pode ser realizada na extremidade do balonete ou no próprio tanque (quando não possuir balonete). Quando o transformador possuirbalonete, o nível do óleo vem acompanhado de um contato (tipo micro-chave) que serve para sinalizar através de um alarme caso o volume do óleo atinja ponto crítico para a operação do transformador. Figura 11 Indicador de Nível de Óleo – Mecanismo Interno Figura 12 Indicadores de Nível de Óleo – Visão Externa 5.2.8. Secador de Ar (Tubo de Silica-Gel) No momento em que o ar entra e sai do balonete, acompanhando as variações do volume de óleo o mesmo passa pelo secador de ar, deixando nele a umidade. O ar que entra vem do meio ambiente e traz consigo umidade e sujeira que não pode chegar até o óleo para não contaminá-lo, o que fará diminuir sua propriedade dielétrica. Possui o formato de um tubo que vai até a parte superior do balonete, sendo seu interior preenchido com cristais de silica- gel, cuja propriedade é absorver a umidade. Em condições normais a cor da silica-gel é azul, e após sua saturação que ocorre pela absorção da umidade, ela muda de cor, adquirindo a tonalidade rosa, que pode ser recuperada após ser aquecida em estufas. A sujeira fica retida em um recipiente com óleo, localizado na parte inferior do tubo. Figura 13 Secador de ar (tubo de sílica-gel) 5.2.9. Termômetro O transformador normalmente tende a sofrer aquecimento durante seu funcionamento, e esta temperatura necessita monitoramento e controle para que não provoque um desgaste maior nas partes internas do mesmo. Como o óleo tem a função de retirar a temperatura no interior do transformador, este controle é feito através de um termômetro de óleo. Consiste basicamente em um bulbo de mercúrio, que ao sofrer aquecimento se expande através de um tubo capilar pressionando os ponteiros que registram a temperatura. Normalmente, possui um ponteiro para registrar a temperatura e outros com contatos que servem para sinalização de alarme e acionamentodos ventiladores (caso o transformador tenha refrigeração forçada). Figura 14 Indicador de Temperatura do Óleo 5.2.10. Imagem Térmica (Termômetro do Enrolamento) É uma proteção contra alta temperatura nos enrolamentos do transformador, pois é nele que o processo de transformação da tensão acontece, e por consequencialá fica o ponto mais quente e o que mais rápido aquece (temperatura esta que é relacionada à carga do transformador). Desta forma é de extrema importância o controle desta temperatura, uma vez que quando ela atinge valores elevados ocorre o desgastedo material isolante. O termômetro do enrolamento, da mesma forma que o bulbo e o tubo capilar, são idênticos ao termômetro de óleo. A diferença fundamental é baseada no processo de medição desta temperatura, que ocorre de forma indireta em função do alto custo para uma leitura direta, através da instalação de um transformador de corrente (TC), ligado em série com o enrolamento principal do transformador, e seus terminais secundários estão ligados, também em série, com uma resistência, queé instalada dentro de uma cuba com óleo. Com o aumento da carga no transformadora corrente elétrica que circula no enrolamento, tende a aumentar, aumentando também a corrente no TC, que por sua, vez aquece a resistência e o óleo da cuba, dilatando o mercúrio do tubo capilar, provocando o deslocamento do ponteiro no termômetro, quando a temperatura atinge valores elevados é acionado um contato que emite alarmes, e caso a temperatura persista em aumentar, o transformador é desligado através de outro contato que aciona o sistema de proteção desligando o disjuntor. Figura 15 Termômetro de Imagem térmica 5.2.11. Tubo de Explosão (Válvula de Alívio) O tubo de explosão tem como finalidade proteger o transformador contra pressões excessivas que possam ocorrer no seu interior, devido à formação de um arco elétrico ou queima de isolante. O tipo mais simples e mais utilizado consiste de um tubo curvado, montado na tampa superior do transformador que ao sofrer a pressão interna, rompe uma membrana de vidro vindo a despressurizar o tanque. Atualmente nos transformadores de alta tensão estes tubos estão sendo substituídos por válvulas de segurança (válvula de alivio). Figura 16 Válvula de alívio 5.2.12. Relé de Gás (Buchholz) Tem a finalidade de proteger transformadores imersos em óleo com balonete, contra defeitos internos, que cause um movimento brusco do óleo ou curto- circuito, pois no momento do curto-circuito ocorreuma queima do material isolante dentro do transformador que gera bolhas de gases (algumas vezes inflamável). Localizado entre o tanque e o balonete, ele possui duas bóias (balancim), uma com a funçãode registrar um baixo e passageiro fluxo de gases ou ar, que aciona um alarme sonoro ou luminoso, e a outra bóia, que quando acionada pelo alto e constante fluxo de gases ou ar, desliga o transformador, isolando e evitando sua queima. Figura 17 Relé de Gás (Buchholz) 5.2.13. Buchas (Isoladores) Sua função básica é proporcionar um isolamento elétrico entre o condutor energizado e a carcaça do equipamento. Os materiais mais empregados na sua construção são a porcelana e o vidro, podem ser rígidos ou de suspensão e possuir as formas de pino, pedestal, suporte ou passagem. Figura 18 Isoladores e Buchas 5.2.14. Sistema de Refrigeração Serve para evitar que a temperatura atinja valores elevados, que podem ser perigosos aos isolamentos. Utilizam-se nos transformadores sistemas de refrigeração em que os processos de resfriamento podem ser: refrigeração natural (ONAN), ventilação forçada (ONAF), circulação forçada do óleo (OFAF) e refrigeração à água (OFWF). Nos transformadores de média tensão, os sistemas, mais usados são: o de refrigeração natural (ONAN), em que é feita a circulação natural do óleo, que retira o calor do conjunto núcleo-bobina transferindo-o ao meio ambiente, onde o transformador é classificado como transformador a banho de óleo, ou auto- refrigeração; eo outro sistema é a ventilação forçada (ONAF), onde nestes casos existem ventiladores fixos nos radiadores com a finalidade de aumentar a circulação do ar, aumentando a transferência do calor do óleo para o exterior do tanque, onde o transformador é classificado como transformador a banho de óleo com resfriamento por ventilação. 5.3. FUNÇÕES DOS ÓLEOS ISOLANTES O isolamento elétrico entre as espiras das bobinas de enrolamento é feito por meio de papel ou outro isolante sólido (como os vernizes), colocado sobre a superfície do condutor. No momento de passagem de correnteelétrica nos condutores das bobinas de enrolamento ocorre um aquecimento, onde o calor gerado irá causar a degradação térmica do material isolante. Desta forma, é possível observar que a principal função dos isolantes fluidos é a refrigeração das espiras das bobinas de enrolamento, e, além disso, que quanto melhores forem as características isolantes do fluido utilizado mais econômico será o projeto do sistema de refrigeração em função da redução da quantidade do isolante sólido e diminuição das distâncias entre espiras, entre bobinas e núcleo e entre estes e as partes aterradas. Portanto, vemos que os líquidos isolantes devem cumprir duas funções principais no transformador, que são a de refrigeração e a de isolamento elétrico 5.3.1. Características e Estrutura Os óleos para transformadores devem possuir: Boa Condutibilidade Térmica: onde o material a ser empregado deve atender a duas exigências opostas, isto é, servir como isolante elétrico e também como isolante térmico. Baixa Viscosidade: de forma a compensar a deficiência natural de isolar elétrica e termicamente, conforme mostrado acima é necessário que o líquido possua uma viscosidade tal que permita a sua rápida circulação entre as fontes de calor e o meio externo. Boa Estabilidade Térmica: sabendo que uma das principais funções dos óleos isolantes é a refrigeração das bobinas, é fácil deduzir que estes materiais não devem sofrer a ação da temperatura. Baixa Reatividade Química: durante a operação dos transformadores os isolantes líquidos, por circularem em todo o sistema, estarão em contato com todos os demais materiais presentes nos equipamentos, desta forma, o liquido isolante necessita possuir baixa reatividade química para não causar um sofrer ataque químico nos equipamentos. Em resumo, os óleos isolantes apresentar as seguintes características fundamentais: - Boa Condutibilidade Térmica; - Boas Características de Isolamento Elétrico; - Baixa Viscosidade; - Boa Estabilidade Térmica; - Baixa Reatividade Química; - Resistência ao fogo. Em locais onde a instalação do transformador sofrer o risco de incêndios e explosões, o óleo isolante deve possuir uma característica especial: a propriedade de resistência ao fogo. 6. MANUTENÇÃO 6.1. PERIODICAMENTE 6.1.1. Exame de carga Verificar que a corrente nas horas de carga máxima não exceda seu valor nominal, para evitar que o transformador ultrapasse a elevação da temperatura especificada pelas normas. 6.2. SEMESTRALMENTE 6.2.1. Verificação do nível do líquido isolante Verificar a altura correta do nível do líquido isolante no seu respectivo indicador. Nostransformadores desprovidos de indicador externo, a indicação é marcada no interior dotanque, no lado dos isoladores de baixa tensão. Examina-se através da tampa auxiliar. A marca existente refere-se ao nível do líquido isolante a 25ºC. 6.2.2. Análise do líquido isolante. A retirada de amostra deverá ser executada somente em dias de pouco vento e baixaumidade. Na parte inferior do tanque existe uma válvula (registro) para colher a amostra, emtransformadores sem esta válvula a amostra poderá ser retirada pela tampa de inspeção. 6.2.3. Características do óleo isolante. Para início de controle (óleos novos em equipamentos novos) • Rigidez Dielétrica (NBR-6869): ≥ 30kV; • Aparência: claro e isento de materiais em suspensão; • Teor de água(NBR 5755): ≤ 25 ppm. Em uso (para continuar em operação) • Rigidez Dielétrica (NBR-6869):≥ 25kV; • Aparência: claro, isento de materiais em suspensão; • Teor de água (NBR 5755): ≤ 40 ppm. 6.2.4. Exame de isoladores Verificar que os mesmos estejam intactos, que não existam fissuras, lascas, ou outrasavarias, causadas eventualmente durante o transporte. Remover as impurezas da superfíciedos isoladores. 6.2.5. Exame de estanqueidade Verificar em geral o aperto dos parafusos da tampa, da tampa auxiliar e das garras dosisoladores.Um eventual vazamento nas juntas pode ser eliminado por simples reaperto nos parafusos.Se persistir o vazamento, a respectiva junta deve ser trocada. O aperto dos parafusos deve ser igual e sem esforçodemasiado. 6.2.6. Exame do termômetro Ao montar o termômetro, colocar na respectiva bolsa a quantidade de óleo necessária e evitarqualquer choque mecânico no bulbo. No caso de termômetro com contatos elétricos, deve ser verificado o funcionamento dosmesmos. Os ponteiros dos contatos devem ser regulados para as temperaturas desejadas para alarmeou desligamento. Manter o ponteiro de arrasto ( indicador de temperaturas máximas ) junto ao ponteiroindicador. 6.2.7. Exame do respirador Retirar o secador de ar e abrir o registro (quando existir) entre o conservador de óleo e osecador de ar para drenagem do óleo da tubulação. Reinstalar novamente o secadorno lugar e colocar óleo no recipiente inferior do secador de ar até completar o nível, e verificar a alteração da cor original da sílica gel 6.2.8. Análise do gás Após a operação do relê de gás é aconselhável analisar por meio de um aparelho de teste o gás formado. A presença de gás combustível indica a possibilidade de defeito elétrico. Nestes casos rogamos comunicar o defeito. No caso de presença de gás incombustível deve-se verificar o nível de óleo do conservador e a possibilidade de vazamento no transformador. Após Ter-se tomado as respectivas providências e antes de ligar novamente o transformador,deve-se retirar o ar pelo parafuso de drenagem superior. 6.2.9. Ligações à terra Certificar-se que esta ligação sempre esteja perfeita. 6.2.10. Proteção contra sobretensões e sobrecarga Verificar o bom funcionamento dessas proteções, cuja instalação é recomendada. 7. CONCLUSÃO Dependendo da necessidade, podemos observar que existem restrições, quando da escolha do tipo e potência de transformadores, relativas à custos e segurança. Portanto, é de fundamental importância a análise dos seguintes fatores relacionados às cargas que serão atendidas: Demanda; Curva de carga; Fator de utilização; Fator de demanda; Fator de diversidade; Fator de carga; Potência nominal e fator de potência; Conservação e uso racional da energia elétrica; Escolha dos níveis de tensão; Lay-out da planta (indústrias). Destra forma é indispensável a avaliação destes fatores para que exista um projeto eficiente, de menor custo, seguro e que atenda as necessidades do usuário, bem como a legislação e normas vigentes. Relações Aplicações: Aumentar e diminuir o valor de tensões e corrente , casamento de impedância , Isolar circuitos 8. BIBLIOGRAFIA - OLIVEIRA, José Carlos de; COGO, João Roberto; ABREU, José Policarpo G. de Transformadores: Teoria e Ensaios - 1ª Edição. São Paulo: Ed. Blucher, 1984; - KOSOW, Irving Máquinas Elétricas e Transformadores. São Paulo: Ed. Globo, 1985; - GUSSOW, MILTON, Eletricidade Básica, 1ª edição, São Paulo, Editora Mc Graw-Hill, 1985; - COTRIM, ADEMARO A. M. B., Instalações Elétricas, 4ª edição, São Paulo, Editora Pearson Prentice Hall, 2006; - http://catalogo.weg.com.br; - http://www.bdtd.ufu.br; - http://www.eletrica.ufpr.br; - http://www.aneel.gov.br; - http://www.contrafo.com.br.
Compartilhar