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Aula 1: Direito Penal – Definição. Finalidades do Direito Penal: • Primária: Protege os bens jurídicos mais importantes para a sociedade. Ex : Honra vida, patrimônio e etc. • Secundária: Preventiva: Prever os crimes e estabelecer as penas, evitando assim que os delitos aconteçam. Retributiva: Retribuir por meio da aplicação de pen a o mal provocado pelo infrator a sociedade. Aula 2: Fontes Do Direito Penal Fontes: • Direta: É a lei penal, ou seja, como assevera o art. 1° do C .P e o 22° d a C.F, compete privativamente à união legislar matéria penal, sendo essa a principal fonte de toda a aplicação do Direito Penal. • Indireta: Os costumes (Hábitos socialmente aceitos reiterados no comportamento coletivo social), a jurisprudência, a doutrina a e os princípios gerais d o Direito (Premissas éticas que servem de base para a elaboração da lei penal. Regras de Integração e aplicação da lei penal: • Analogia: Utilização de determinado instituto penal em que se assemelha com situação fática a qual não regula, podendo ser essa aplicação a favor do réu (In Bonam Partem) ou contra (In Malam Partem), sendo certo que a lei penal só admite a analogia a favor do réu ( In Bonam Parte) haja vista que o contrário feriria o princípio da legalidade. Aula 3: A Norma Penal. Conceito: Pode ela definir crimes, fixar penas e delimitar critérios para aplicação da lei penal. • Norma incriminadora: Define o crime e fixa a pena (Preceito + Sanção). • Norma Não Incriminadora: Estabelecem a licitude e a impunidade de determinados comportamentos permitidos pela lei penal, podendo ainda: a) Esclarecer determinados conceitos; b) Fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal; c) Fornecer princípios gerais para aplicação da lei penal. d) Tornar lícitas determinadas condutas; Afastar a culpabilidade do agente. Pode ainda a norma penal não incri minadora, se configurar sob três espécies: a) Norma Permissiva b) Norma Explicativa c) Norma penal complementar. • Norma penal em Branco: Necessita para sua aplicação de outro dispositivo legal, complementar, a fim de satisfazer a lacuna da abrangência de seus preceitos. Ex: Lei de Drogas. Conflito Aparente de Normas: • Conceito: Ocorre quando mais de um tipo penal se adéqua a conduta criminosa, sendo necessário a fim de evitar-se o bis in idem, a aplicação de um critério para a escolha do tipo penal, seja ele, a especialidade, a absorção ou consunção, ou ainda sim, a subsidiariedade. - Especialidade: Lex Especialis Derrogat Lex Generalis - Absorção e consunção: Nessa hipótese o crime fim absorve o crime meio. - Subsidiariedade: Se o crime fim não ocorreu, punir-se-á somente o crime meio. Aula 4: Princípios Fundamentais Do Direito Penal. 1) Humanidade Das Penas: As penas aplicadas a os agentes criminosos deverão sempre respeitar os Direitos Básicos do cidadão, garantindo-se a todos a dignidade da pessoa humana (Direitos Humanos). 2) Personalidade da Pena: A pena não deverá ultrapassar a pessoa do condenado. 3) Legalidade: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 4) Irretroatividade da lei penal: A lei penal é feita para o futuro, em regra, pois essa ap enas retroagirá quando for a favor do réu, ou seja, benéfica com relação à lei anterior que regulou o fato ocorrido na sua vigência. 5) Anterioridade: Assim como o princípio da legalidade prediz, a lei deve ser anterior ao fato criminoso. 6) Intervenção Mínima: Não deve o Direito Penal criminalizar toda conduta antiética, também não ser esse utilizado como primeiro sumariamente como primeiro recurso a depender do ilícito, haja vista que é uma das áreas mais cinzentas do Direito, segundo a doutrina, cuja restrição chega incidir no Direito de liberdade dos cidadãos, deve ser esse, portanto a ultima ratio do Direito. 7) Princípio d a Fragmentariedade: O Direito penal se preocupa tão somente com as lesões mais graves aos bens jurídico s mais importantes, logo, constata-se que esse não se reserva a resguardar todo os bens jurídicos tutelados pelo ordenamento jurídico, muito menos todas as possíveis lesões a esses bens, portanto está ai o seu caráter fragmentário, se limitando a uma parcela restrita de ilicitude. 8) Princípio da Lesividade: O fato somente se entende como criminoso quando esse importa em lesão considerável à bem tutelado pelo Direito Penal. 9) Princípio da Culpabilidade (Reprovabilidade Penal): Deve a conduta criminosa ser reprovável, reprovação essa legal, oposição real ao ordenamento jurídico vigente. 10) Princípio da Proporcionalidade: A pena deverá obter aplicação proporcional ao mal cometido pelo agente contra a vítima e consequentemente à sociedade. 11) Individualização da pena: Trata-se de relevar os aspectos pessoais de cada autor no momento da aplicação de sua pena, pois assim preleciona a constituição federal, punindo -se conforme as individualidades do agente criminoso. 12) Insignificância (Bagatela): Tem decidido em se de jurisprudencial, que certas condutas, ainda que Típicas, ilícitas, e culpáveis, não serão criminalizadas e punidas pelo simples fato de oferecerem ínfima e irrelevante lesão ao bem jurídico tutela pelo Direito Penal. 13) Princípio d a Adequação Social: Concebida por Hanz Welzel, preleciona que a conduta não s erá típica, ou seja, criminosa, se aceita e aderida pela massa coletiva que é a sociedade, será sim, concebida como um fato normal, social, comum e aceito. Aula 5: Lei Penal No Tempo e Espaço • Retroatividade: Segundo a ressalva do par ágrafo único do A rt. 2°, C.P, deverá sim a lei penal retroagir nos casos em que favorecer o réu. • Ultratividade: É a possibilidade de lei penal revogada regular os crimes que ocorreram durante a sua vigência, não se aplicando a nova lei p elo motivo dessa ser mais severa. Obs. A lei temporária, ainda que extinta pelo decurso de seu prazo, valerá sim para aplicação legal aos casos ocorridos durante sua vigência “CRIME É FATO TÍPICO(X), ILICITO(Y) E CULPAVÉL(Z)” X - FATO TIPICO E SEUS ELEMENTOS (TIPICIDADE) DOLOSOS CULPOSOS 1º Conduta dolosa Conduta Voluntária 2º Resultado (nos crimes materiais) Resultado Involuntário 3º Nexo Causal (nos crimes materiais) Nexo Causal 4º Tipicidade Tipicidade 5º Relação de Imputação Objetiva Relação de Imputação Objetiva - 6º Quebra do Dever de Cuidado - 7º Previsibilidade Objetiva 1º - DA CONDUTA – TODA AÇÃO E OMISSÃO DOLOSA OU CULPOSA DIRIGIDA A UMA FINALIDADE. 1) Ação é a conduta positiva, que se manifesta por um movimento corpóreo. A maioria dos tipos penais descreve condutas positivas (“matar”, “subtrair”, “constranger”, “falsificar”, “apropriar-se” etc.). A norma penal nesses crimes, chamados comissivos, é proibitiva (ex.: “não matarás”, “não furtarás” etc.). Teorias: Causalista: ação é a inervação muscular que, produzida por energias de um impulso cerebral, provoca modificações no mundo exterior, admite dolo e culpa como integrantes da culpabilidade Finalista: ação é a conduta humana consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. O dolo e culpa estão dentro da conduta, ou seja no Direito Penal a responsabilidade é subjetiva. (TEORIA USADA PELA MAIORIA) Sujeito Passivo Constante = Estado | Sujeito Passivo Eventual = Titular dos Bens Jurídicos Lesados. Objeto Jurídico = é o bem jurídico tutelado pela norma penal incriminadora. Assim, nos exemplos acima, os objetos jurídicos seriam, respectivamente: a vida humana, o patrimônio e a incolumidade pública. | Objeto Material = é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta. Assim, o objeto material do homicídio é a vítima; do furto, a coisa subtraída; do tráfico ilícito de entorpecentes, a droga 2) Omissão é a conduta negativa, que consiste na indevida abstenção de um movimento. Nos crimes omissivos, a norma penal é mandamental ou imperativa: em vez de proibiralguma conduta, determina uma ação, punindo aquele que se omite. Omissivos próprios (ou puros): são aqueles em que o próprio tipo penal descreve uma conduta omissiva (ex.: arts. 135, 244 e 269 do CP). Em outras palavras: o verbo nuclear contém um não fazer. Tais crimes são crimes de mera conduta (não importa o resultado). Omissivos impróprios, impuros ou comissivos por omissão: o tipo penal incriminador descreve uma conduta positiva, é dizer, uma ação. O sujeito, no entanto, responde pelo crime porque estava juridicamente obrigado a impedir a ocorrência do resultado e, mesmo podendo fazê- lo, omitiu-se. Há, todavia, três elementos que se mostram presentes em praticamente todos os sistemas penais, desde o clássico até o funcionalista. São eles: ■ exteriorização do pensamento; ■ consciência; ■ voluntariedade. Só haverá conduta se ocorrer a exteriorização do pensamento, mediante um movimento corpóreo ou abstenção indevida de um movimento. DOLO E CULPA (CONDUTA) PRINCINPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – Ninguém pode ser punido sem dolo ou culpa. (NULLUM CRIMEN SINE CULPA) ART. 19 – pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que houver causado ao menos culposamente. TODO TIPO INCRIMINADOR É À PRINCIPIO DOLOSO, PORQUE O DOLO ESTÁ IMPLICITO EM TODO TIPO INCRIMINADOR. EX: MATAR ALGUÉM (É IMPLICITO QUE HÁ DOLO EM MATAR). A CULPA TEM QUE ESTAR EXPRESSA, ESCRITO NA LEI SE O TIPO DO CRIME É PRATICADO POR CULPA, SE ELE É CULPOSO. SE NÃO HÁ PREVISÃO EXPRESSA DA RELEVÂNCIA CULPOSA É PORQUE O CRIME EM QUESTÃO NÃO TEM RELEVÂNCIA NA FORMA CULPOSA. A MAIORIA DOS CRIMES NÃO TEM PREVISÃO NA FORMA CULPOSA. CRIMES CULPOSOS SÃO UMA EXCESSÃO. DOLO Consciência e consentimento. A) Teoria da vontade (Dolo Direto) : Dolo é a vontade dirigida ao resultado (Carrara). Age dolosamente a pessoa que, tendo consciência do resultado, pratica sua conduta com a intenção de produzi-lo. B) Teoria do consentimento ou do assentimento (Dolo Eventual): Consentir na produção do resultado é o mesmo que o querer. Aquele que, prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo, age dolosamente. Nosso Código Penal adotou a teoria da vontade (DOLO DIRETO) e a do consentimento (DOLO EVENTUAL). Espécies de Dolo: 1) DOLO DIRETO: direto ou imediato: dá-se quando o sujeito quer produzir o resultado (subdivide-se em dolo de primeiro e segundo grau) dolo natural ou neutro: é aquele que possui somente dois elementos: consciência e vontade (é a concepção dominante); 2) DOLO EVENTUAL: dolo indireto ou mediato: subdivide-se em EVENTUAL (o agente não quer produzir o resultado, mas, com sua conduta, assume o risco de fazê-lo e não se importa) e ALTERNATIVO (o agente quer produzir um ou outro resultado, p. ex., matar ou ferir). Dolo eventual, portanto, ocorre quando o agente age ou deixa de agir, conhece do risco de produzir um resultado danoso a um bem jurídico penalmente tutelado através de sua conduta e se conforma caso este venha a acontecer. O dolo eventual não se consubstancia apenas em o agente, conhecendo do risco, não se abstém de agir, pois isso pode configurar culpa consciente. Não basta, pois, apenas o agir quando não deveria – pois isso caracteriza a imprudência –, é imprescindível o conformismo sobre a possibilidade da ocorrência do resultado danoso. • Elementos do Dolo: a) Cognitivo e Intelectual – a consciência que a conduta vai ou pode gerar o resultado b) Volitivo – vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (Não está presente no Dolo Eventual) CULPA Diz- se crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Quando o agente não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe erroneamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo. (É a quebra de um dever geral de cuidado) Para determinar quando surge a imprudência, negligência ou imperícia, é necessária a noção de Dever de Cuidado Objetivo e de Previsibilidade Objetiva. A quebra desses dois é o que chamamos de Culpa. Dever de Cuidado Objetivo: Este corresponde ao dever, que a todos se impõe, de praticar os atos da vida com as cautelas necessárias, para que do seu atuar não decorram danos a bens alheios. Esse dever se apura objetivamente, ou seja, segundo um padrão mediano, baseado naquilo que se esperaria de uma pessoa de mediana prudência e discernimento. Previsibilidade Objetiva: Se o resultado da ação era previsível ou não. Se o caso for imprevisível é considerado caso fortuito ou de força maior. Ex: Se um carro atropela uma pessoa em uma curva que há um ponto cego e esse atropelamento não seria evitado mesmo que o veiculo estivesse em na velocidade da pista. A) Imprudência - significa a culpa manifestada de forma ativa, que se dá com a quebra de regras de conduta ensinadas pela experiência; consiste no agir sem precaução, precipitado, imponderado. Exemplo: uma pessoa que não sabe lidar com arma de fogo a manuseia e provoca o disparo, matando outrem; alguém dirige um veículo automotor em alta velocidade e ultrapassa o farol vermelho, atropelando outrem. B) Negligência - ocorre quando o sujeito se porta sem a devida cautela. É a culpa que se manifesta na forma omissiva. Note-se que a omissão da cautela ocorre antes do resultado, que é sempre posterior. Exemplo: mãe não guarda um veneno perigoso, deixando-o à mesa e, com isso, possibilitando que seu filho pequeno, posteriormente, o ingira e morra. C) Imperícia - é a falta de aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício. Deriva da prática de certa atividade, omissiva ou comissiva, por alguém incapacitado a tanto, por falta de conhecimento ou inexperiência. Exemplo: engenheiro que projeta casa sem alicerces suficientes e provoca a morte do morador. A distinção entre culpa consciente e inconsciente tem relevo no peso da pena 1) Culpa Consciente - é a culpa com previsão do resultado. O agente pratica o fato, prevê a possibilidade de ocorrer o evento, porém, levianamente, confia na sua habilidade, e o produz por imprudência, negligência ou imperícia 2) Culpa Inconsciente - é a culpa sem previsão. O sujeito age sem prever que o resultado possa ocorrer. Essa possibilidade nem sequer passa pela sua cabeça, e ele dá causa ao resultado por imprudência etc. O resultado, porém, era objetiva e subjetivamente previsível. • Elementos da Culpa: a) Conduta humana voluntária . A voluntariedade está relacionada à ação, e não ao resultado. b) Violação de um dever de cuidado objetivo . O agente atua em desacordo com o que é esperado pela lei e pela sociedade. São formas de violação do dever de cuidado, ou mais conhecidas como modalidades de culpa, a imprudência, a negligência e a imperícia. c) Resultado naturalístico . Não haverá crime culposo se, mesmo havendo falta de cuidado por parte do agente, não ocorrer o resultado lesivo a um bem jurídico tutelado. Assim, em regra, todo crime culposo é um crime material. d) Nexo causal . e) Previsibilidade . É a possibilidade de conhecer o perigo. Na culpa consciente, mais do que a previsibilidade, o agente tem a previsão (efetivo conhecimento do perigo). f) Tipicidade . CP, Art. 18 - Diz-se o crime: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. ATENÇÃO: Não se pode confundir culpa consciente com dolo eventual. Em ambos, o autor prevê o resultado, mas não deseja que ele ocorra; porém, na culpa consciente, ele tenta evitá-lo; enquanto no dolo eventual, mostra-se indiferente quanto à sua ocorrência. PRETERDOLO O resultado vai além da intenção do agente. Este deseja um resultado e o atinge, mas sua conduta enseja outro evento, por ele não querido (e decorrente de culpa). O sujeito atua com dolo no movimento inicial, havendo culpa no resultado agravador (alémdo pretendido). Diz-se tradicionalmente que existe “dolo no antecedente e culpa no consequente”. 2º - RESULTADO Há duas teorias que se debatem na conceituação do resultado para fins penais: 1ª) teoria naturalística: resultado é a modificação no mundo exterior provocada pela ação ou omissão; 2ª) teoria jurídica: resultado é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. (A doutrina moderna dá preferência a este) De acordo com a teoria naturalística, crimes sem resultados ocorrem nos crimes de mera conduta. Para a teoria jurídica, não há crime sem resultado jurídico, de modo que, se a ação ou omissão não provocou uma afetação (lesão ou ameaça de lesão) a algum bem jurídico penalmente tutelado, não houve crime. Crimes Materiais – A lei descreve a conduta e um resultado material, exigindo-o para fins de consumação (sem consumação é tentativa). São crimes de resultado. Ex: Homicídio, Furto, Roubo... Crimes Formais – Crimes em que a lei prevê um resultado, mas não o exige para que haja a consumação do crime. Tem uma finalidade, mas a finalidade não precisa ocorrer. Ex: Extorsão. Crimes Mera Conduta – Crimes totalmente sem resultado. Ex: Violação de Domicilio. 3º NEXO CAUSAL Iter Criminis Desde os momentos iniciais, quando o delito está apenas na mente do sujeito, até sua consumação, quando o crime se concretiza inteiramente, passa-se por todo um caminho, por um itinerário, composto de várias etapas ou fases é o Iter Criminis ou Caminho do Crime. 1) Cogitação (Fase Interna) -Trata-se do momento interno da infração. Só há crime na esfera psíquica, na mente do sujeito, que ainda não exteriorizou nenhum ato. Essa fase é totalmente irrelevante para o Direito Penal, uma vez que cogitationis poenam nemo patitur (Ninguém pode sofrer pena pelo pensamento) 2) Preparação (Fase Externa) - verificam-se quando a ideia extravasa a esfera mental e se materializa mediante condutas voltadas ao cometimento do crime. Este, portanto, sai da mente do sujeito, que começa a exteriorizar atos tendentes à sua futura execução. Nessa etapa, como regra, o Direito Penal não atua. Atos considerados meramente preparatórios não são punidos criminalmente. A não ser que descumpra a lei, como possuir uma arma sem ter porte de armas. Punição de atos preparatórios só se dá mediante expressa tipificação. Ex: Formação de quadrilha, art. 291 3) Execução (Fase Externa) - a) Critério Material – A execução se incia quando a conduta do sujeito passa a colocar em risco o bem jurídico tutelado pelo delito (Hungria); b) Critério Formal-Objetivo – só há início de execução se o agente praticou alguma conduta que se amolda ao verbo núcleo do tipo. Teoria individual-objetiva (de Hans Welzel), pela qual o início da execução abarca todos os atos que, de acordo com a intenção do sujeito, sejam imediatamente anteriores ao início do cometimento da conduta típica. Exemplos de atos executórios: disparar o tiro em direção à vítima; ministrar veneno no alimento do ofendido; sacar a faca e correr em direção à vítima; apoderar-se da coisa que pretende furtar[3]; anunciar o roubo; agarrar a vítima do estupro A) Tentativa - constitui a realização imperfeita do tipo penal. Dá-se quando o agente põe em pratica ato executório, porém não o completa por fatores alheios a sua vontade (Art. 14, II CP/40) Do ponto de vista da teoria da pena, a tentativa é uma causa de diminuição obrigatória, que será levada em consideração na terceira fase de dosimetria (aplicação da pena), provocando uma redução da sanção imposta, de um a dois terços. É considerada a proximidade da consumação como critério para estabelecer a fração pertinente, peso da pena. Espécies de tentativa: • perfeita (crime falho): o agente percorre todo o iter criminis que estava à sua disposição, mas, ainda assim, por circunstâncias, alheias à sua vontade, não consuma o crime (ex.: o sujeito descarrega a arma na vítima, que sobrevive e é socorrida a tempo por terceiros). Apesar de ter esgotado a fase executória, não alcança o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade; • imperfeita: o agente não consegue, por circunstâncias alheias à sua vontade, prosseguir na execução do crime (ex.: o sujeito entra na residência da vítima e, quando começa a se apoderar dos bens, ouve um barulho que o assusta, fazendo-o fugir); • branca/incruenta: quando o objeto material não é atingido (o bem jurídico não chega a ser lesionado); • cruenta: o oposto da tentativa branca, ou seja, o objeto material é atingido; B) Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz - A desistência pressupõe tenha o agente meios para prosseguir na execução, ou seja, ele ainda não esgotou o iter criminis posto à sua disposição (ex.: sua arma possui outros projéteis, mas ele desiste de dispará-los). No arrependimento, subentende-se que o sujeito já tenha esgotado todos os meios disponíveis e que, após terminar todos os atos executórios (mas sem consumar o fato) pratica alguma conduta positiva, tendente a evitar a consumação (ex.: o sujeito descarregou sua arma e, diante da vítima agonizando, arrepende-se e a socorre, evitando a morte). REQUISITOS: • Voluntariedade – Por vontade própria (Pouco importa as razões internas que o motivaram a mudar seu propósito: súplica da vítima, arrependimento interno, aconselhamento de comparsas, remorso, piedade etc. Basta que sua atitude decorra de um ato de vontade) • Eficiência - Significa que a consumação deve ter sido efetivamente evitada, caso contrário não incide. (A vítima não morreu, não se consumou o resultado) Na tentativa o autor quer, mas não pode, ao passo que, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, ele pode, mas não quer. D) Crime Impossível – Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. No crime impossível a consumação é completamente irrealizável. O meio executório da infração. Por exemplo: tentar matar alguém disparando tiros com pistola d’água. Absoluta impropriedade do objeto: Disparar contra alguém que já morreu. 4) Consumação – É a definição legal do delito (Crime consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal). Em outras palavras: total subsunção da conduta do sujeito com o modelo legal abstrato. Pode-se dizer, ainda, que essa fase final do iter criminis é atingida com a produção da lesão ao bem jurídico protegido. A) Arrependimento Posterior - De acordo com o art. 16 do CP: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. Requisitos: Reparação integral ou restituição da coisa, Ato Voluntário do Sujeito, Crime sem Violência, reparação antes do recebimento da queixa. 4º - Tipicidade É o enquadramento da conduta praticada pelo agente ao tipo penal Ex: “A dá um tiro em B” onde posso enquadrar isso? Art. 121 “Matar alguém” Adequação típica por subordinação imediata ou direta: quando a adequação entre o fato e a norma penal incriminadora é imediata, direta; não é preciso que se recorra a nenhuma norma de extensão do tipo Adequação típica por subordinação mediata ou indireta: o enquadramento fato/norma não ocorre diretamente, exigindo-se o recurso a uma norma de extensão para haver subsunção total entre fato concreto e lei penal. Exemplo: Sujeito tenta matar alguém, porém não logra exito (a vítima é socorrida) é enquadrado como tentativa de homicídio art. 14 II 1) Tipicidade Formal – É o enquadramento da conduta no tipo penal. 2) Tipicidade Conglobante – Não é necessário somente o enquadramento, é composta, também, de dois elementos: a) conduta tem que ser antinormativa – conduta contraria ao direito b) tipicidade material – quetenha relevância para o direito, em caso de insignificância e bagatela se exclui a tipicidade material. Y – ILICITUDE É a contradição entre a conduta praticada e o ordenamento jurídico. Quando a uma contradição entre eles, existe ilicitude. Todo fato típico é ilícito. Cuida-se a antijuridicidade ou ilicitude da contrariedade do fato com o ordenamento jurídico (enfoque puramente formal ou “ilicitude formal”), por meio da exposição a perigo de dano ou da lesão a um bem jurídico tutelado (enfoque material ou “ilicitude material”). A doutrina classifica a ilicitude em genérica e específica. A genérica corresponde à contradição do fato com a norma abstrata, por meio da afetação a algum bem jurídico. A específica consiste na ilicitude presente em determinados tipos penais, os quais empregam termos como “sem justa causa”. Excludentes de Ilicitude: REQUISITOS: 1) PROPORCIONABILIDADE 2) RAZOABILIDADE 3) BOM SENSO A) Estado de Necessidade: A situação de necessidade pressupõe, ant es de tudo, a existência de um perigo (atual) que ponha em conflito dois ou mais interesses legítimos, que, pelas circunstâncias, não podem ser todos salvos (na legítima defesa, como se verá adiante, só existe um interesse legítimo). Um deles, pelo menos, terá de perecer em favor dos demais. O exemplo característico é o da “tábua de salvação”: após um naufrágio, duas pessoas se veem obrigadas a dividir uma mesma tábua, que somente suporta o peso de uma delas. Nesse contexto, o direito autoriza um deles a matar o outro, se isso for preciso para salvar sua própria vida. Requisitos. - Situação de Perigo Atual: Perigo que está acontecendo no momento. - Ameaça a direito próprio ou alheio: Estado de Necessidade alheio sempre existe quando se trata de um bem jurídico indisponível como a vida, se for disponível necessita da autorização do títular. - O perigo não pode ser causado por dolo do agente. - Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo. Ex: Policia, Bombeiro, Salva-vidas, etc. (Ex: Bombeiro por a vida em risco por um patrimônio, mas se disputar uma vida, não pode alegar) - Inevitabilidade do comportamento: Somente se admite o sacrifício do bem quando não há outro meio de salvá-lo. - Razoabilidade do Sacrifício: Se não der pra salvar todos os bens em perigo, sacrifica-se um deles. B) Legítima Defesa: Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem (Art. 25 CP) Requisitos: - A agressão tem que ser atual ou eminente - Agressão ao seu direito ou direito de terceiro - Usando meio necessário: meio menos lesivo para repelir a agressão. - Moderação: se no meio necessário está o uso de uma arma, moderação é quantos tiros vou dar. - Conhecimento da situação justificante: Matar alguém e perceber que durante isso ocorria um estupro, só pode alegar legítima defesa se a pessoa soubesse da situação justificante. C) Estrito Cumprimento do Dever Legal e Exercício Regular de Direito: Os elementos objetivos não estão previstos na Lei Penal, mas sim na Doutrina. No estrito cumprimento do dever legal, só pode atuar ou agente públicos ou particulares que exercem função pública. Enquanto que no Exercício Regular de Direito podem participar os particulares de maneira geral. Ex: Arame farpado para defender a propriedade. D) Inexibilidade da Conduta Diversa: Não é esperado conduta diferente do agente. Ex: Mulher estuprada por medo acaba matando o agente do crime. (Excesso Exculpante) E) O Consentimento Do Ofendido – Só vale para bens disponíveis. EXCESSO: É a intensificação desnecessária de uma situação inicialmente justificada. Há excesso doloso, excesso culposo, excesso por caso fortuito ou força maior e excesso exculpante (a pessoa se excede por medo). Diferenças entre legítima defesa e estado de necessidade Pode-se dizer, em síntese, que as principais excludentes de ilicitude (legítima defesa e estado de necessidade) diferem nos seguintes aspectos: ■ a legítima defesa pressupõe agressão, e o estado de necessidade, perigo; ■ nela, só há uma pessoa com razão; no estado de necessidade, todos têm razão, pois seus interesses ou bens são legítimos; ■ há legítima defesa ainda quando evitável a agressão, mas só há estado de necessidade se o perigo for inevitável; ■ não ocorre legítima defesa contra ataque de animal (salvo quando ele foi instrumento de uma agressão humana), mas existe estado de necessidade nessa situação Z – CULPABILIDADE A culpabilidade é entendida, pela maioria da doutrina nacional, como o juízo de reprovação que recai sobre o autor culpado por um fato típico e antijurídico. A culpabilidade, de acordo com nosso Estatuto Penal, resulta da soma dos seguintes elementos: 1 - Imputabilidade:Trata-se da capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato. consiste no conjunto de condições de maturidade e sanidade mental, a ponto de permitir ao sujeito a capacidade de compreensão e de autodeterminação. Exclusão de Imputabilidade (inimputáveis): a) doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado. b) embriaguez completa e involuntária. c) dependência ou intoxicação involuntária. d) menoridade 2 - Potencial Consciente da Ilicitude: Deve-se alertar que a falta de consciência da ilicitude não se confunde com o desconhecimento da lei, que é inescusável (ignorantia legis neminem excusat). A primeira constitui o desconhecimento profano do injusto ou, em outras palavras, a insciência de que o agir é proibido. A outra significa tão somente a carência da compreensão do texto legal, o desconhecimento de seus detalhes, de seus meandros 3 - Exigibilidade de Conduta Diversa: Para dizer que alguém praticou uma conduta reprovável, é preciso que se possa exigir dessa pessoa, na situação em que ela se encontrava, uma conduta diversa. Muitas vezes, as pessoas se veem em situações nas quais não têm escolha: ou agem de tal forma, ou um mal muito maior lhes acontecerá. ERRO DE TIPO É a única excludente legal prevista de tipicidade. No erro de tipo, a falsa percepção do agente recai sobre a realidade que o circunda; vale dizer, ele não capta corretamente os eventos que ocorrem ao seu redor. O sujeito se confunde, trocando um fato por outro. Assim, por exemplo, age em erro de tipo a pessoa que, ao sair de um grande supermercado, dirige-se ao estacionamento e, diante de um automóvel idêntico ao seu (mesma cor e modelo), nele ingressa e, com sua chave, o aciona e deixa o local. Note-se que a pessoa não captou com precisão a realidade que está diante de seus olhos, pois, sem perceber, está levando embora coisa alheia móvel. A) ERRO DE TIPO ESSENCIAL - É o que retira do agente a capacidade de perceber que pratica determinado crime. Pode ser inevitável ou evitável. Em função dele, o sujeito crê não cometer ilícito algum (como no exemplo da pessoa que guarda cocaína em casa acreditando tratar- se de açúcar) ou, ao menos, que comete outro crime, diverso do que efetivamente pratica. Tal erro ocorre quando o equívoco (ex., a falsa percepção da realidade) no qual o agente incorreu seria cometido por qualquer pessoa de mediana prudência e discernimento, na situação em que ele se encontrava. • Erro de tipo sobre elementar (incriminador) [TIPICIDADE]: Por equivocada percepção da realidade, o sujeito não sabe que realiza as elementares de um tipo. Ex: Subtrair coisa móvel alheia, achando que é sua, por confusão. Excludente de erro sobre elementar: Consciência * Elementar: (o que constitui o tipo ex: matar alguém é elementar, por motivo torpe é eliminante) Consequência do erro sobre elementar: Sempre exclui o Dolo Classificações: Erro Inevitável (escusável) – É aquele que o cuidado comum não evitaria. Então não há culpa, pois não houve quebra de dever de cuidado. Não há erro tipico, o fato é atípico (não a crime).Erro Evitável (inexcusável) – É aquele que o cuidado comum evitaria. Então há culpa (imprudência, negligência, imperícia). Consequência: Será possível a punição por culpa se for previsto (se houver forma culposa). • Erro de tipo sobre descriminante (permissivo) [ILICITUDE] : Porque equivocada compreensão da situação fática, o sujeito imagina estar em circunstâncias que, se fossem reais, tornariam sua conduta acobertada por uma excludente de antijuridicidade/tipo. Erro sobre descriminante é sinônimo de excludente de antijuridicidade/tipicidade (excludente de ilicitude) – estado de necessidade, legitima defesa, exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal. Mesma coisa que descriminante putativa (putativa = erro de julgamento), Ex: Legítima defesa putativa = Legitima defesa por erro (essencial) descriminante Consequência e Classificações iguais a do Elementar. B) ERRO DE TIPO ACIDENTAL - • Erro sobre a pessoa – O sujeito por uma imprecisa identificação da vítima, atinge pessoa diferente da pretendida. Consequência: Respondera como se tivesse atingido a pessoa querida, se tiver agravante e atenuante continua tendo. Ex: Pretende matar o pai, mas mata o vizinho achando que é o pai. Responderá como se tivesse matado o pai. • Erro na execução – Pela imprecisa realização do crime, pelo impreciso golpe, o sujeito atinge pessoa diferente da pretendida. Ex: Miro no meu pai e acerto o vizinho. Consequência: Se o resultado é único (se acertei só o vizinho) respondo como se tivesse atingido a vítima pretendida. Se o resultado for duplo (acertei meu pai e o vizinho) respondo como doloso no crime pretendido e como culposo no crime acidental. ERRO DE PROIBIÇÃO [CULPABILIDADE] No erro de proibição a pessoa tem plena noção da realidade que se passa ao seu redor. Não há confusão mental sobre o que está acontecendo diante de seus olhos. O sujeito, portanto, sabe exatamente o que faz. Seu equívoco recai sobre a compreensão acerca de uma regra de conduta. Com seu comportamento, o agente viola alguma proibição contida em norma penal que desconhece por absoluto. Em outras palavras, ele sabe o que faz, só não sabe que o que faz é proibido. t Erro Inevitável (escusável) – É aquele que o cuidado comum não evitaria. Então não há culpa, pois não houve quebra de dever de cuidado. Não há erro tipico, o fato é atípico (não a crime). Não conheço a ilicitude e nem podia conhecer. Erro Evitável (inexcusável) – É aquele que o cuidado comum evitaria. Então há culpa (imprudência, negligência, imperícia). Consequência: Será possível a punição por culpa se for previsto (se houver forma culposa). Diferenças entre legítima defesa e estado de necessidade
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