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Direito como Fenômeno Normativo

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1. O DIREITO COMO FENÔMENO NORMATIVO 
 
Anotações e Elementos da Teoria Geral do Direito R. Maurício 
O termo direito se comporta em diversos sentidos. 
- Direito subjetivo — faculdade do indivíduo agir dentro das regras do direito (facultas 
aqendi). 
- Direito natural — realização de uma ideia universal e absoluta de justiça. 
- Direito positivo — conjunto de normas que obrigam a pessoa a um comportamento 
consentâneo com a ordem social. 
- Ciência do direito —forma de conhecimento do fenômeno jurídico. 
 
Para se aproximar do fenômeno jurídico, consideramos o direito como um conjunto de 
normas de conduta, uma vez que, ao nascer o homem se envolve em uma rede espessa de 
regras de conduta que o direcionam durante toda a sua vida. Seguindo então a luz dessa 
premissa, o fenômeno jurídico seria uma experiência normativa de orientação do 
comportamento humano na sociedade. “Ubi societas, ib jus.” 
 
As sociedades existentes no planeta Terra podem ser subdividias em humanas e não-humanas 
— ou sub-humanas, nas quais a primeira não é regida pelo determinismo biológico, mas a 
segunda sim. Por não ser ter a sua essência determinada antes da sua existência, isto é, por 
não nascerem com uma finalidade imutável guiada por instintos, os humanos precisaram então 
criar um sistema de controle social para harmonizar as liberdades individuais e regular as suas 
interações. O homem nasce tendo conhecimento da sua característica inerente de liberdade. E 
onde há liberdade, há a necessidade de um controle social. Esse sistema de 
domesticação civil inicia-se desde os primeiros momentos de convencia em sociedade. 
Instituições, tais como, família, escola, igreja e ESTADO, possuem papeis significativos para o 
aprendizado da conivência, da educação e da socialização. Como coexistiríamos em um 
mundo no qual cada um faz o que quer? Assinala então Bobbio: todos almejam objetivos, e 
para alcançá-los é usado o processo meio/fim. Subsequente a afirmativa, há então o 
estabelecimento do conceito de normatividade social: conjunto de estruturas de deve-ser 
que orientam o comportamento humano. 
 
Por necessidade de controlar essa máquina viva de transformação, as normas são criadas, 
justamente com o intuito de conduzir o homem, esclarecendo o que é certo ou errado em uma 
sociedade, e criando sanções para o descumprimento dos preceitos normativos que são 
estabelecidos. Podemos classificar as normas em dois subgrupos —as normas éticas e as 
técnicas. Começando por esta última, pode-se considerar que as normas técnicas são 
aquelas que seguem o processo de fim/meio, ou seja, que seguem o sentindo oposto ao 
temporal. As técnicas descrevem e regulam o comportamento humano de forma 
axiologicamente neutra, priorizando a eficiência dos resultados, não variando em tempo 
1. O DIREITO COMO FENÔMENO NORMATIVO 
 
Anotações e Elementos da Teoria Geral do Direito R. Maurício 
e espaço, sendo, portanto, imutáveis. Elas não observam a legitimidade dos caminhos que 
levou até o produto. Em contradição, tem-se as normas éticas, que além de serem ditas 
temporais, seguindo o processo ético de meio/fim (fins não justificam os meios), são 
também variáveis. Toda norma ética é aquela que busca regular a conduta humana de 
modo a preservar os valores justos. Vale salientar que, para as normas técnicas 
conseguirem coexistir nas regras da convivência social, tais devem ser iluminadas pelas éticas. 
Por conseguinte, conclui-se que ambas podem viver harmoniosamente entre si, ainda que 
seja considerada uma relação de grande tensão. 
 
Ainda dentro da normatividade ética, três divisões são encontradas — normas de etiqueta, 
morais e jurídicas. 
 
As normas de etiqueta são aquelas que regulam hábitos de decoro ou polidez no 
tratamento com pessoas ou coisas, sendo consideradas como as de menor relevância 
no campo ético. O descumprimento de uma etiqueta é chamado de descortesia. Essa 
por sua vez, é acompanhada por uma sanção publica difusa. Qualquer um pode aplica-
la, sendo manifestada de forma espontânea. 
 
As normas morais são os cânones de comportamento que disciplinam aspectos éticos 
mais relevantes para o convívio grupai. Em outras palavras, as normas morais são 
regras de convivências social ou guias de ação, uma vez que dizem o que devemos ou 
não e como o fazer. O descumprimento desse tipo de norma denomina-se imoralidade, e 
é punido por sanções de natureza difusas e "severas" (mais contundente do que a 
oriunda de uma descortesia). A sanção social mais grave seria o linchamento — 
primitivo, espontânea e irrefletida de vingança. 
 
Vale salientar que a sanção difusa, tanto das normas morais quanto das de etiqueta, não é 
segura de êxito, uma vez que não são fixas nem institucionalizadas. 
 
Seguindo para a terminativa divisão das normas éticas, tem-se as normas jurídicas. Estas 
constituem a ú ltima barreira do sistema de controle social, perfazendo o mínimo-ético. 
Consistem em normas que disciplinam o comportamento humano, estabelecendo 
padrões de conduta e valores imprescindíveis para a arquitetação do convívio social. O 
descumprimento das normas jurídicas configura ilicitude, a forma mais grave de 
infração ética. A ilicitude suscita uma sanção jurídica que já foi previamente organizada 
e determinada — diferentemente da sanção difusa decorrente da descortesia e imoralidade - 
no sistema jurídico-normativo. Ademais a divergência citada, apresenta-se também como 
1. O DIREITO COMO FENÔMENO NORMATIVO 
 
Anotações e Elementos da Teoria Geral do Direito R. Maurício 
discrepância, o monopó lio do Estado quanto a aplicação das diretrizes judiciais. 
Incomumente, agentes sociais — cidadãos — podem aplicar sanções autorizadas pelo 
Direito. Esse é o caso da legitima defesa no âmbito do Direito Penal. 
 
Sabe-se que as normas éticas variam em tempo e espaço, portanto possuem diversidade 
histórico e cultural. Tal afirmativa também vale para as de etiqueta, morais e jurídicas, 
visto que todas estão envoltas na rede normativa da ética. Salienta-se também que estas não 
vivem em campos isolados, isto é, uma atitude de um sujeito qualquer pode violar duas ou 
mais ao mesmo tempo. Ao contrário do que muitos pensam, a maioria dos 
comportamentos humanos são lícitos, e apenas uma pequena parcela encontra-se na 
zona da ilicitude. É essencial lembrar que “tudo que não está juridicamente proibido”1, 
está juridicamente permitido. Na grande maioria das vezes, a descortesia e imoralidade são 
comportamentos lícitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1a ausência da lei não é a ausência de direito, até porque o direito é maior que a lei. Tudo 
aquilo que não estiver definido como proibido pela lei, é permitido “nessa” sociedade.

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