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Inflação Prof. Luiz Marques 1 - Definição Inflação é a perda do poder de compra da moeda, isto é, a desvalorização da moeda. Quanto mais alta a inflação, menor será o valor da moeda. 2 - Mensuração Os índices que calculam a inflação são computados, primordialmente, a partir da definição do espaço geográfico e espectro social para acompanhamento. Em segundo lugar no processo, tem-se a definição da cesta de consumo. inflação = [(custo posterior/custo anterior) -1] x 100 >> média ponderada IGP-M (RJ e SP). 3 - Impactos Para 95% dos economistas, a inflação é um problema grave. 3.1 A inflação é concentradora de renda pelos seguintes motivos: a diminuição da capacidade de compra por parte daqueles que possuem salário fixo (os preços sobem, mas o salário continua o mesmo); a rigidez dos salários frente à inflação (não-variação salarial); e a bancarização da classe média e a não-bancarização da "classe C". Quem é mais rico fica mais rico em relação a quem é pobre, e quem já é pobre fica mais pobre ainda em relação a quem é rico. 3.2 A inflação distorce preços, criando uma forte dificuldade para o planejamento econômico no médio e longo prazo. Se você vive em um país que a sociedade não consegue planejar devido a podridão da sua moeda, a sociedade se torna ineficiente. 3.3 Na maioria das vezes, o governo, para curar a inflação, aplica uma política de recessão - uma política para desaquecer a economia. Esta política consequentemente gera o aumento do desemprego com o intuito de estabilizar a economia. 3.4 Na maioria das vezes, a inflação acontece no momento econômico bom, otimista. Isso seria um dos poucos reflexos favoráveis da inflação. Vale salientar que nunca houve, e provavelmente, nunca haverá inflação = 0. Inflação Prof. Luiz Marques 4 - Tipos ou Origens 4.1 Inflação de Demanda (ESTUDAR COM O GRÁFICO DE PHILIPS). u1 É a mais constante, a mais corriqueira. Explicada pela Curva de Phillips (slide). Refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produção disponível de bens e serviços na economia. É causada pelo crescimento da demanda, que não é acompanhado pelo crescimento da produção. A demanda é alta, mas a oferta não. Ocorre apenas quando a economia está com próximo ao pleno-emprego, em cenário otimista. Em outras palavras é o aumento na procura de um determinado bem, sem que exista uma resposta compatível da oferta, sendo assim havendo o aumento do valor desse bem. Para solucionar a inflação de demanda, o governo faria uso das políticas tradicionais de contenção de demanda - aumento das taxas de juros ou aumento de tributação com redução de gastos públicos ou valorização da taxa de câmbio. Quando a demanda é maior, a inflação aumenta. Quando a demanda é menor, a inflação diminui. u2 Devido as políticas tradicionais de contenção de demanda, o desemprego aumenta. Tal aumento causa receio de compra naqueles que estão empregados, e diminuição de poder econômico naqueles que estão desempregados. Subsequentemente, a demanda baixa e desaquecida, causada por esse temor e carência de capacidade financeira, promove um “stop” na economia nacional. Para reverter esse quadro, o governo utiliza políticas tradicionais de estímulo da demanda - redução da taxa de juros ou redução da tributação com aumento de gastos ou desvalorização da taxa de câmbio, com o intuito de reaquecer a economia. Inflação Prof. Luiz Marques Philips pode ser entendido em 4 quadrantes. - O quadrante I é o desemprego baixo, portanto, o emprego alto, com a inflação acima da média. Recebe o nome de EXPLÍCITA INFLAÇÃO DE DEMANDA. - O quadrante III você possui o desemprego alto, a inflação baixa, denominado CONTROLE DE INFLAÇÃO DE DEMANDA. Este seria oposto ao I, onde não há inflação de demanda. - O quadrante II é chamado de ESTAGFLAÇÃO – pode ser causada por guerra, por choque de oferta, por um radical no poder, etc. Tal momento econômico é o pior que um país pode chegar. É um momento anormal, fora da curva, com alto desemprego e alta inflação. - O quadrante IV é o sonho de qualquer país. É o ponto ideal anormal, no qual a inflação está abaixo da média, bem como o desemprego. Inflação Prof. Luiz Marques 4.2 Inflação de Custos “ou” Choque de Oferta É mais ou menos comum. Inflação de custos é quando uma matéria-prima - insumo - fundamental (ex. petróleo) na cadeia produtiva tem o seu preço abruptamente elevado, contaminando assim todo ciclo de produção, chegando finalmente ao consumidor final. Citando caso análogo, o Brasil atual. O choque de oferta, por sua vez, ocorre quando uma matéria-prima - insumo - fundamental na cadeia produtiva tem a sua produção abruptamente reduzida, aumentando assim seu preço. Exemplifica-se a partir do caso do Choque de Petróleo na década de 70, que posteriormente causou uma inflação de custos. O comum é o choque de ofertas causar a inflação de custos. Para resolver tais inflações, existem dois caminhos. O primeiro poderia ser a troca da origem do ou o produto que está contaminando o ciclo de produção, o que na maioria das vezes não é possível. Já o segundo caminho, o mais provável dentre os dois, fundamenta-se no uso pelo governo dos subsídios com o intuito de reduzir o preço da matéria-prima que subiu. Os subsídios consistem em tributos indiretos - são tributos que atingem a circulação de bens e serviços - ao contrário. Isto é, é um tributo indireto ao contrário tem a finalidade de reduzir o preço de bens e serviços. Tributos direitos são tributos que atingem o patrimônio e a renda das pessoas físicas e jurídicas. A título de exemplo, o imposto de renda (federal), IPVA (estadual), IPTU (municipal), outros. Tributos indiretos - exemplos - IPI (federal), ICMS - maior arrecadador de impostos no BR (estadual), ISS (municipal), outros. Ressalta-se que os subsídios tratados em questão não possuem relação com os subsídios agrícolas e geopolíticos. Inflação Prof. Luiz Marques (x+y)% = taxa que o banco cobra sobre empréstimo 4.3 Inflação Inercial Março de 1962 - após o governo de JK (desenvolvimentista; construção de Brasília, portos e aeroportos; eixo do desenvolvimento para o centro-oeste) - crescimento do Brasil baseado na Inflação, já que o excesso de gastos públicos gerou um déficit publico, financiado via emissão de moeda, o que originou, portanto, um aumento inflacionário na economia. Em 1962, o Brasil entra em um momento de recessão. Rangel, economista brasileiro CULT (referência cultural que poucos tem acesso), lançou um livro, em 1962, chamado a Inflação Brasileira. Para Rangel, a Inflação brasileira possui várias origens e depende de diversas variáveis. Uma das origens, que não da inflação inercial, mas ajuda a entender, é ainda que a sociedade brasileira saiba que tem inflação na economia pátria, ninguém sabe quanto será para o mês. Os superavitários têm receio em aplicar o seu patrimônio monetário no banco, devido ao descontrole e variações da inflação. Devido a tal temor, eles entesouram (aplicar em ativos reais que terão valorização posterior) 70% do dinheiro ou compram bens que poderão valer depois, e apenas 30% é aplicado no mercado bancário. Observa-se, então, o fato de que são pequenas as quantias captadas pelo banco. Se estes tinham poucos para capitar, ao emprestar para os deficitários, os bancos aumentavam os juros da cobrança (lei da oferta e da procura - pouco dinheiro para emprestar, altos juros). Rangel diz que, x% = taxa que o banco paga na captação y% = diferença entre as taxas ativas e passivas Inflação Prof. Luiz Marques além disso, os bancos também têm medo da inflação, e em virtude disso, o y cresce assombrosamente.A opção que o governo Federal tem é a monetização do déficit, o que provoca o aumento da inflação. Concomitantemente a esse crescimento, têm-se também o dos preços. Para Rangel, a inflação se perpetua por efeito de problemas no sistema bancário. A inflação de ontem cria esse cenário que, por sua vez, cria uma inflação nova. A inflação de hoje, cria a inflação de amanhã , e assim sucessivamente. A Inflação, portanto, se mantém e se reproduz. 1. A sociedade conhece a inflação, mas não suas oscilações. 2. Os superavitários entesouram 70% do seu patrimônio monetário, e aplica 30%. 3. Os bancos recebem apenas 30% dos superavitários (poucas quantias). 4. Ao emprestar, os bancos cobram altas taxas [(x+y)%] devido as pequenas quantidades depositadas. 5. Os bancos têm receio da inflação, e o y cresce assombrosamente. 6. O governo Federal, para financiar o déficit publico, emite mais moedas (monetização do déficit), o que gera um crescimento inflacionário. 7. As grandes empresas tentam fazer empréstimos para superar a “crise” interna, mas não têm sucesso, e aumentam seus preços (mais crescimento inflacionário). 8. A inflação de hoje cria um cenário conveniente para a inflação de amanhã, e assim sucessivamente. 9. A inflação se auto-perpetua. De acordo com Rangel, essa não é a única causa da inflação, mas é uma importante fonte inflacionária que o governo deve atuar sobre para buscar sua resolução. 1964 - O Golpe Militar acontece, e Rangel (esquerdista, socialista) é exilado. Ainda que desprezado pelos militares, estes leram “Rangel” e entenderam seu recado sobre a inflação. Cria-se o OTN (título da dívida público denominado Obrigação do Tesouro Nacional). O OTN garantiu ao superavitários que eles poderiam depositar no sistema bancário, pois o banco iria pagar o x% + correção inflacionária. Os superavitários, portanto, confiaram no governo e passaram a depositar grandes quantias. Ao mesmo tempo que Inflação Prof. Luiz Marques o dinheiro começava a circular nas operações passivas, o governo assegurou, bem como, aos bancos que estes poderiam emprestar para os agentes deficitários, cobrando (x+y)% + correção inflacionária, para que pudesse equilibrar com as operações de captação. O banco, então, perde o medo desse crescimento inflacionário. A OTN CORRIGIU OS ATIVOS E PASSIVOS BANCARIOS, E CRIOU A CORREÇÃO MONETÁRIA DO BRASIL. 2. OTN garante aos superavitários o pagamento pelos bancos de x% + correção inflacionária. 3. Os superavitários passam a depositar grandes quantias, e as operações passivas são corrigidas. 4. OTN permite os bancos emprestar o dinheiro para os deficitários sob a cobrança de (x+y)% + correção inflacionária. 5. Os bancos passam a emprestar constantemente, e as operações ativas são corrigidas. 6. Com as operações de captação e de crédito reparadas e uma estabilidade econômica sólida, cria-se a Correção Monetária Brasileira. A economia se aquece e, em 1967, o Brasil vive o Milagre Econômico (uma das causas foi o fortalecimento do mercado bancário). Aos poucos a Correção Monetária foi viralizando, e a sociedade foi usando cada vez mais esse “instrumento”. 1985 - Tancredo Neves (contrário light a ditadura) é eleito indiretamente, e era a esperança do ressurgimento da democracia. Morre antes da posse, e Sarney (apoiador da ditadura) assume o poder. Quando Sarney assume, o Brasil se encontrava em um estado de estagflação. Os economistas que “assumiram” com Sarney eram heterodoxos. Ademais, afirmaram que a inflação brasileira não era comum e era necessário que fosse estudada. Observaram que Brasil, Argentina, Bolivia e Israel viviam a mesma realidade econômica. Pesquisaram, portanto, o que havia em comum entre os quatro países, e acharam como característica comum o excesso de indexação (é a correção dos preços de “hoje” AUTOMATICAMENTE em função de um indicador de preços do passado recente, de maneira formal [através de normas jurídicas] e informal, ou seja, a correção monetária utilizada pelos militares para resolver o problema identificado por Rangel no sistema bancário se generalizou [todos os países estavam aplicando em basicamente todos os setores do país], os preços se corrigiam automaticamente, e subiam pelo excesso de Inflação Prof. Luiz Marques correção monetária). Os economistas concluíram então que aquela inflação se diferenciavam das outras, pois os preços eram corrigidos automaticamente (tudo estava indexado - salários, preços, custos, gastos, etc), e subiam, não por demanda excessiva ou choque de oferta, mas sim pelo excesso de correção monetária, por inércia, por uma falta de “atrito”, uma vez que a sociedade aceitava tal realidade. A inflação inercial nasce nos anos 80. Inflação inercial é uma inflação causada pelo excesso de correção monetária, ou seja, excesso de indexação em uma sociedade. Os preços são corrigidos automaticamente, não há pressão ou aceleração (demanda excessiva ou choque de oferta), de tal forma que os valores entram em estado de inércia (movimento constante). 1986 - Sarney criou o Plano Cruzado - primeiro plano econômico que tentou dar fim a inflação inercial brasileira. O Plano Cruzado foi a tentativa de controlar o crescimento inflacionário a partir do congelamento de preços e aumento do salário de 8%. Como consequência, temos também o aumento da demanda. A sociedade, nesse período, viveu melhor, e o presidente da época ganhou popularidade. Um outro economista brasileiro conhecido é Delfin Neto (ortodoxo). Criticou severamente a intervenção estatal - Plano Cruzado - (congelamento dos preços), devido a sua defesa ao princípio “radical” liberal. Delfin afirmava que a sociedade esqueceu o verdadeiro conceito de inflação, e o substituiu pelo “aumento de preços”. Congelar os preços é mexer na consequência do aumento de inflação, mas não nela em si. A moeda, portanto, continua podre, ainda que os preços sejam controlados. Os economistas alertaram Sarney sobre o grande período de tempo que os preços estavam congelados, e aconselharam o descongelamento. O presidente, por sua vez, entrou em controvérsia com os especialistas, pois afirmava que poderiam esperar um pouco mais, uma vez que seu interesse estava no aumento da sua popularidade (apoio popular). Em novembro de 1986, Sarney descongelou os preços, e subsequente a isso, a inflação pipoca, já que a moeda continuava podre. A falha do Plano Cruzado é que fora heterodoxo em excesso. INFLAÇÃO INERCIAL E RANGEL: Rangel identificou o problema. O governo militar cria a solução. A solução se vitaliza e fica fora de controle. Surge a inflação inercial.
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