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. ⁄ . ⁄ . ●  ●  , º  ● -  387
Reabilitação cardiovascular em pacientes cardiopatas
 *
fernanda dultra dias**
Resumo ● A prática de exercícios físicos em pacientes portadores de cardiopatias tem sido descrita como 
essencial para um melhor controle e tratamento de diversas situações clínicas que, potencialmente, podem 
comprometer a sobrevida dessa população. Programas de reabilitação cardiovascular têm sido criados 
em todo o país, demonstrando de maneira defi nitiva que a prática regular de atividade física serve não 
só como um meio de proteção contra a ocorrência de doenças cardiovasculares, mas também contra a 
ocorrência de quaisquer doenças. O objetivo deste artigo é discutir as repercussões físicas dos diversos 
tipos de exercício em indivíduos participantes de programas de reabilitação cardiovascular.
Palavras-chave ● Exercício. Cardiopatia. Reabilitação
Title ● Cardiovascular Recovering in Patients with Cardiopathy
Abstract ● The practice of physical exercises in patients with heart diseases has been described as essential 
for a better control and treatment of several clinical situations that might compromise the extension of 
life in such population. Cardiovascular programs have been created all over the country, thus showing 
– in a defi nitive way – that the regular practice of physical activity acts not only as a way to protect 
oneself against cardiovascular diseases, but also against the appearance of any other diseases. This article 
aims at discussing the physical repercussion of several kinds of exercises in individuals in cardiovascular 
recovering programs.
Keywords ● Eexercise. Cardiopathy. Recovering.
Data de recebimento: 09/02/2004.
Data de aceitação: 27/02/2004.
* Doutor em Ciências pela FM-USP, líder do Núcleo de Pesquisa 
em Fisioterapia da USJT, professor da disciplina de Fisioterapia 
Cardiorrespiratória da USJT. E-mail: prof.giulliano@usjt.br.
** Ex-aluna do curso de Fisioterapia da USJT, residente do curso 
de Aprimoramento Profi ssional em Fisioterapia Hospitalar do 
Hospital e Maternidade São Cristóvão, na Mooca (São Paulo, SP).
1. introdução
O primeiro estudo brasileiro sobre risco cardio-
vascular, realizado em 1990, demonstrou que na 
cidade de São Paulo 69,3% dos indivíduos acome-
tidos por doenças cardiovasculares eram sedentá-
rios (Rego, 1990). No decorrer dos anos, a prática de 
exercícios físicos foi vista ora como aliada, ora como 
deletéria no controle e tratamento de pacientes 
cardiopatas. Isso se deve, em parte, à falta de escla-
recimento de alguns profi ssionais, que ainda nos dias 
de hoje resistem a prescrever exercícios físicos a 
pacientes portadores de cardiopatias, com receio 
de agravamento do quadro. O fato é que apenas por 
volta da segunda metade do século XX grupos de 
reabilitação cardíaca começaram a ser implemen-
tados, marcando uma nova era no tratamento de 
pacientes cardíacos (Kavanaugh, 2000).
2. exercício físico e doença 
cardiovascular
O exercício físico, juntamente com outras mudan-
ças no estilo de vida, como a melhora da dieta, tem 
se mostrado benéfi co em diversas circunstâncias 
relacionadas à doença cardiovascular. Recentemen-
te, o Lifestyle Heart Trial demonstrou, por meio 
de estudo clínico randomizado, regressão das pla-
cas de aterosclerose em pacientes seguidos por 05 
anos fora do ambiente hospitalar (Ornish, 1990). 
Esse estudo evidenciou diminuição da estenose 
coronária no grupo experimental, submetido a 
exercício físico, enquanto o grupo de controle 
apresentou progressão da placa aterosclerótica. De 
fato, em 05 anos, o grupo de controle apresentou 
o dobro de eventos cardiovasculares, quando com-
parado ao grupo experimental. Niebauer e colabo-
radores (1997) mostraram que grupos submetidos 
à reabilitação cardiovascular também tiveram 
evolução benéfi ca das placas de ateroma, princi-
palmente quando os praticantes de exercício apre-
sentavam gasto energético maior que 2.200 kcal/ 
semana, o que equivalia a 5-6 horas de exercício 
regular por semana.
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388     ● Reabilitação cardiovascular
Schuler e colaboradores (1992) verifi caram que 
pacientes com angina estável, submetidos a 12 
semanas de exercício físico e dieta, apresentaram 
melhora na perfusão miocárdica, mesmo em situa-
ções nas quais não ocorreu diminuição das placas 
ateroscleróticas, sugerindo que esse aumento da 
perfusão coronariana não é apenas dependente da 
regressão da placa, mas também pode ocorrer por 
aumento da circulação colateral coronária, prote-
gendo o coração de eventos isquêmicos. Essa hipó-
tese é corroborada por diversos estudos experimentais, 
que evidenciaram aumento importante da circu-
lação colateral coronária em animais submetidos 
a treinamento físico regular (Scheel, 1981; Hea-
ton, 1978).
Outro potencial malefício envolvido com a 
presença de doenças cardíacas é a disfunção endo-
telial, caracterizada pela perda primária da capa-
cidade do óxido nítrico de exercer seus efeitos 
fi siológicos sobre o vaso, como a vasodilatação, por 
exemplo. Sabe-se também que a menor produção 
de óxido nítrico atua como adjuvante na gênese 
das placas de ateroma e nos fenômenos de reeste-
nose. Isso se deve à interação de diversos fatores, 
como geração de ânions superóxidos, aderência de 
miócitos, agregação plaquetária e proliferação da 
musculatura vascular. O exercício físico atua como 
estimulante para uma maior produção de óxido 
nítrico, por meio de um fenômeno denominado 
“shear stress”. A maior velocidade do fl uxo sanguí-
neo, em contato com o endotélio vascular, estimula 
não só a liberação, mas também a expressão do RNA 
mensageiro, responsável pela síntese de óxido nítri-
co (Sessa, 1994).
3. programas de reabilitação 
cardiovascular
A reabilitação cardiovascular deve ser iniciada ain-
da dentro do ambiente hospitalar, da maneira mais 
precoce possível, visando a recuperação da capaci-
dade funcional dos indivíduos acometidos. Esses 
programas são divididos em fases:
 Fase I: A fase I dos programas de reabilitação 
tem início ainda dentro da unidade corona-
riana, assim que a compensação clínica do 
paciente seja atingida. Ela é composta por 
atividades de baixa intensidade, limitadas a 
um gasto de no máximo 02 METS (unidades 
metabólicas). Normalmente esse tipo de 
exercício é orientado por fi sioterapeutas. Vale 
ressaltar que, além da orientação ao exercício, 
cabe aos profi ssionais envolvidos nessa fase 
do processo de reabilitação, a orientação quan-
to aos fatores de risco cardiovascular e tam-
bém quanto às mudanças no estilo de vida. 
Pacientes que respondam de maneira favorá-
vel a essa primeira fase dos programas de 
reabilitação devem ter sua intensidade de 
exercício aumentada, sempre levando em 
conta a individualização da prescrição da 
atividade física. Respostas inadequadas nessa 
fase, que demandam atenção da equipe mul-
tidisciplinar, são, por exemplo, angina, hipo-
tensão durante a realização dos exercícios 
(queda de 15 mmHg da pressão arterial sistó-
lica) e arritmias cardíacas. Sempre se devem 
levar em conta fatores como extensão do in-
farto e função ventricular esquerda, conside-
rando sinais clínicos de insufi ciência cardíaca.
 Fase II: Essa fase deve também ser realizada, 
preferencialmente,em ambiente hospitalar e 
sob supervisão médica, como ato contínuo à 
fase I. Esse período de exercícios pode ser 
iniciado 24 horas após o período de alta hos-
pitalar, sempre considerando o estado clínico 
do paciente. Outro importante fator que me-
rece atenção nessa fase deve ser a ênfase à 
automonitoração do paciente, fator consi-
derado eletivo para a promoção desse pacien-
te à fase III dos programas de reabilitação 
cardíaca. Dentro dessa automonitoração, ao 
paciente cabe interpretar suas respostas de 
freqüência cardíaca, percepção do nível de 
esforço e demais sintomas clínicos.
 Fase III: Na terceira fase do processo de rea-
bilitação, o exercício pode ser realizado fora 
do ambiente hospitalar, objetivando evitar a 
evolução da doença e também novos episó-
dios de doença cardiovascular. Essa fase tem 
início após cerca de dois meses do acometi-
mento cardíaco. O indivíduo participante 
dessa fase de reabilitação não precisa neces-
sariamente ter passado pela fase II.
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 Fase IV: Caracterizada por pacientes que 
optem por realizar sua automonitoração em 
ambiente externo, até mesmo domiciliar. O 
programa de exercícios deve ser prescrito por 
profi ssional especializado (médico, fi siotera-
peuta, educador físico), com a fi nalidade de 
obter-se o benefício clínico e uma melhora 
contínua da função cardiorrespiratória. Reco-
menda-se que os pacientes nessa fase possam 
passar por reavaliações periódicas (em perío-
dos de quatro a seis meses), para uma efetiva 
atualização da prescrição de exercício.
4. prescrição de exercícios 
em um programa de reabilitação 
cardíaca
Avaliação física
A avaliação do estado geral e funcional de um 
paciente cardiopata deve ser simples e rápida, ini-
cialmente contendo a história pregressa. Entre os 
tópicos que devem ser abordados encontra-se a 
determinação de fatores de risco como tabagismo, 
história familiar de doença coronariana, diabetes, 
obesidade mórbida, dislipidemia, insufi ciência 
renal, hipertensão arterial sistêmica, acidente vas-
cular cerebral, doença obstrutiva crônica, idade e 
sexo. Informações de intervenções cardiovasculares 
prévias, cirúrgicas ou não cirúrgicas, também devem 
ser coletadas.
Além dos antecedentes, o exame físico também 
deve ser realizado. Na avaliação músculo-esquelé-
tica é importante observar se há presença de defor-
midades, limitações articulares, de marcha, de força 
muscular ou postura (cifose, escoliose e inclinação 
anterior), pois adaptações e modifi cações no pro-
grama de reabilitação podem ser necessárias. A 
avaliação da cor da pele, do tônus cutâneo, e a pal-
pação de pulso femoral e periférico podem forne-
cer indícios de resposta circulatória insufi ciente ao 
exercício, uma vez que grande parte dos pacientes 
com doenças coronarianas apresenta doença vas-
cular periférica concomitante.
Deve também ser realizada a avaliação do apa-
relho respiratório. Nesta é importante observar o tipo 
de tórax do paciente, a presença de dispnéia, tosse, 
dor torácica e cianose. A ausculta e a oximetria de 
pulso também devem ser observadas, visando a 
identifi car eventual necessidade de oxigenoterapia.
Durante o exame físico também devem ser 
coletados dados referentes ao peso, altura, índice 
de massa corpórea (IMC), diâmetro da circunfe-
rência abdominal e presença de edema. Uma 
avaliação diária da pressão arterial, da freqüência 
cardíaca e uma verifi cação periódica da concen-
tração sérica de lípides, como HDL, LDL, VLDL, e 
da glicemia também são de suma importância para 
averiguar e acompanhar a efi ciência do treinamen-
to físico do paciente (Umeda, 2005; Pulz, 2006).
Testes para os membros superiores
Esses testes têm a fi nalidade de determinar a 
capacidade de exercício a ser utilizada no programa 
de treinamento do paciente.
O teste incremental de membros superiores pode 
ser feito de forma máxima, sendo defi nido como a 
maior carga movida por uma amplitude específi ca 
de movimento, uma única vez e com execução cor-
reta, ou na forma de resistência muscular, na qual 
são realizadas diversas contrações com uma carga 
submáxima.
Basicamente, o teste é feito com a elevação de 
pesos realizando um movimento de fl exão de om-
bro de 90 graus ou na diagonal de Kabat, executa-
do com o membro dominante, por um tempo 
predeterminado, seguido de um mesmo período de 
descanso. A carga inicial deve ser de 0,5 kg, deven-
do ser aumentada progressivamente a cada nova 
série de repetições. O limite de tolerância para deter-
minar a carga a ser utilizada para treinamento será 
a incapacidade do paciente em realizar o movi-
mento de forma coordenada ou pela impossibili-
dade física de fi nalizar a seqüência iniciada dentro 
do limite de tempo estabelecido. A carga com a qual 
o paciente conseguiu realizar a última seqüência 
completa de repetições deverá ser a escolhida para 
o treinamento (Pereira, 2003).
Teste de esforço (ergometria e ergoespiro-
metria)
Uma vez que o exercício é um esforço fi sioló-
gico, ele é comumente utilizado para a avaliação 
cardiovascular. O objetivo do teste de esforço é sub-
meter o paciente a um estresse físico programado, 
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390     ● Reabilitação cardiovascular
com a fi nalidade de avaliar a resposta clínica, o esta-
do hemodinâmico, eletrocardiográfi co e metabó-
lico ao esforço, além de ser útil na prescrição de 
exercícios personalizados e na posterior avaliação 
dessa intervenção terapêutica. Esse teste pode ser 
feito isoladamente, porém ele ganha uma utilida-
de especial quando realizado simultaneamente com 
a análise dos gases expirados na ergoespirometria, 
o que permite uma avaliação mais objetiva da 
capacidade funcional do paciente. Embora o teste 
de esforço seja notavelmente seguro, em algumas 
situações especiais consideradas de alto risco, como 
angina instável e infarto agudo do miocárdio não 
complicado, encontra-se a necessidade da realiza-
ção do teste sob cuidados especiais, levando sempre 
em consideração a relação de custo e benefício.
Para a realização dos testes de esforço, são empre-
gados alguns tipos de ergômetros, que são instru-
mentos que permitem mensurar a potência e o 
trabalho realizados durante o teste. Um dos tipos 
de ergômetro mais utilizados é a esteira rolante, pois 
esta simula a maioria das atividades físicas, sendo, 
em seu emprego, mais fi dedigna à condição aeróbia 
do indivíduo. A bicicleta ergométrica também pode 
ser utilizada, porém essa tem a desvantagem de pro-
mover exaustão mais rápida na musculatura dos 
membros inferiores, o que pode levar a uma inter-
rupção do teste antes de atingir-se o objetivo prin-
cipal, ou seja, a freqüência cardíaca máxima.
Diversos tipos de protocolos podem ser utiliza-
dos para a realização do teste de esforço. O proto-
colo de Bruce é o mais comum para a esteira rolante, 
e nele se determinam aumentos progressivos da 
velocidade e da inclinação da esteira, promovendo 
um grande incremento de carga de trabalho a cada 
estágio. Um protocolo individualizado também 
pode ser adotado quando o paciente não atinge seu 
melhor desempenho durante o exame com outros 
protocolos estabelecidos.Já o teste ergoespirométrico tem grande impor-
tância clínica na análise de indivíduos com com-
prometimento cardiovascular, pois, além de avaliar 
a capacidade de reserva funcional do sistema car-
diovascular e respiratório, fornece dados como o 
consumo de pico de oxigênio, produção de dióxi-
do de carbono, ventilação pulmonar, pressão ex-
pirada de oxigênio e de dióxido de carbono, entre 
outros dados, o que possibilita a prescrição mais 
precisa e segura de treinamento físico para pacien-
tes cardiopatas. Este tipo de teste também possui 
diversos protocolos de procedimentos que devem 
ser escolhidos de acordo com o tipo de população 
avaliada (Negrão, 2001; Kawamura, 2001).
 
Shuttle walk test (teste de caminhada com 
carga progressiva)
É considerado um teste incremental máximo, 
consistindo numa caminhada em velocidade cres-
cente até a exaustão. É um teste simples, de fácil 
reprodução, e seu resultado também é muito se-
melhante ao teste de esforço em esteira.
O teste de caminhada com carga progressiva 
requer que o paciente caminhe num corredor 
plano, com 10 metros de ida (um shuttle) e 10 me-
tros de volta (outro shuttle). A distância é identifi -
cada com dois cones, a meio metro antes do fi nal 
de cada percurso, para evitar que o paciente pre-
cise fazer trocas abruptas de direção. A velocidade 
em que o paciente caminha é determinada pela 
emissão de um sinal sonoro, que indica quando o 
paciente deve estar no cone e trocar de direção, alte-
rando assim o ritmo da caminhada. Para a reali-
zação do teste, o paciente é instruído a caminhar em 
um passo constante, objetivando estar em um dos 
cones para trocar de direção quando ouvir o sinal; 
devendo continuar a caminhada até sentir incapa-
cidade de manter a velocidade requerida.
O teste deve ser fi nalizado quando o paciente 
apresentar dispnéia e/ou fadiga para manter a velo-
cidade exigida e/ou fi car a uma distância igual ou 
superior a 3 metros do cone, quando soar o sinal 
sonoro indicando troca de direção (Rosa, 2006).
Teste de caminhada de 6 minutos (TC6M)
O teste de caminhada de 6 minutos vem sendo 
cada vez mais utilizado de forma coadjuvante ou al-
ternativa para a avaliação de pacientes cardiopatas.
É um teste bem aceito pelos pacientes, mesmo nos 
que tenham um comprometimento mais grave. 
Seu objetivo é avaliar a capacidade física do pacien-
te. Os resultados obtidos assemelham-se aos do 
teste de esforço clássico.
Como qualquer protocolo de avaliação, o 
TC6M inicia-se com uma investigação geral sobre 
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o quadro do paciente, avaliando se este atende aos 
critérios mínimos de segurança para a realização 
do teste, prevenindo riscos.
Para a realização do teste, o paciente deve ser 
orientado e dirigido para um corredor que tenha 
entre 20 e 30 metros, e, ao comando do examinador, 
deverá andar o mais rápido que puder, indo e vol-
tando por esta pista durante 6 minutos. Se o pacien-
te sentir-se cansado poderá parar e sentar-se, porém 
o tempo do teste continuará em andamento. Pala-
vras de incentivo devem ser ditas a cada 2 minutos, 
pois diversos estudos comprovam que o incentivo 
verbal promove uma melhora nos resultados em 
até 30%. Quando o tempo do teste se esgotar, deve 
ser dada uma ordem “pare onde está” para ser con-
tabilizada a distância percorrida no teste.
Fatores como idade, comprimento das pernas, 
peso, entre outros, podem levar a uma menor 
distância percorrida.
Para a análise do resultado, deve-se calcular a 
distância prevista da caminhada, baseando-se em 
fórmulas específi cas, e comparar este valor com o 
obtido no teste de caminhada (Enright, 2003; 
Oliveira, 1996; Pulz, 2006).
4. intensidade do exercício
Os exercícios, para que sejam benéfi cos ao pacien-
te, devem ser prescritos de forma individualizada, 
seguindo critérios corretos. A prescrição da inten-
sidade do exercício pode ser feita de diversas formas, 
como, por exemplo, por meio da tabela de Fox, da 
escala de Borg e do teste ergométrico ou ergoespi-
rométrico, sendo este o mais utilizado.
O limiar superior da intensidade do exercício, 
nesta população de pacientes, deve ser menor que 
10% do valor registrado no ponto de compensação 
respiratória obtido pelo teste ergoespirométrico.
Na falta de uma avaliação ergoespirométrica, a 
intensidade do exercício deve ser baseada na fre-
qüência cardíaca de treinamento (FCT) do pacien-
te. A FCT pode ser obtida pela fórmula de Karvonen, 
baseando-se na freqüência cardíaca máxima (Fc-
máx), obtida pelo teste ergométrico ou pelo cal-
culo de 220 – idade, na freqüência cardíaca de 
repouso (FCrep) do paciente e no percentual da 
freqüência cardíaca desejado para o treinamento, 
variando este entre 50% e 80%, de acordo com a 
gravidade e o condicionamento físico do paciente 
(FCT = FCrep + % [FCmáx – FCrep]). 
Em condições normais, a observação da pre-
sença de dispnéia induzida pelo esforço é útil para 
ajustes na prescrição do exercício nesse grupo de 
pacientes.
Essas recomendações devem ser seguidas prin-
cipalmente para aqueles que fazem uso de beta-
bloqueadores ou anti-hipertensivos, pois estes 
promovem alterações na freqüência cardíaca e na 
pressão arte-rial durante o teste. 
Em pacientes cujo teste seja positivo para isque-
mia deve-se considerar a freqüência cardíaca 
máxima como o valor registrado no estágio de 
positivação, evitando assim que este indivíduo seja 
treinado em condições acima do seu limiar de is-
quemia (Umeda, 2005; Castro, 1995).
5. tipo e freqüência de exercício
O exercício físico em programas de reabilitação car-
diovascular deve privilegiar o uso de grandes grupos 
musculares, escolhendo-se atividades que possam 
ser mantidas por período de tempo prolongado, de 
forma rítmica. Nesse grupo de exercícios enqua-
dram-se atividades como caminhada, corrida, nata-
ção e ciclismo.
O uso de exercício resistido de baixa a mode-
rada intensidade deve também ser estimulado (até 
60% da contração voluntária máxima). O exercício 
com pesos deve ter algumas particularidades, 
quando utilizado num programa de reabilitação 
cardiovascular. Intervalos maiores entre as séries, 
evitando-se aumentos exacerbados da pressão 
arterial, e, conseqüentemente, maior trabalho mio-
cárdico, devem ser observados.
Outra particularidade deve ser o uso de séries 
com cerca de dez a quinze repetições, características 
de exercícios utilizados para o desenvolvimento 
de resistência muscular localizada, importantes para 
facilitar a realização de atividades de vida diária e 
profi ssional.
Com relação à freqüência de realização, o ideal 
é que sejam realizadas de 03 a 05 sessões semanais, 
sempre se preferindo dias alternados. Cada sessão 
deve durar de 30 a 60 minutos, em média.
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392     ● Reabilitação cardiovascular
6. segurança em programas de 
reabilitação cardiovascular
O índice de complicações durante programas 
de reabilitação cardíaca é baixo. Estudo elegante, 
realizado com 51.303 pacientes, evidenciou uma 
freqüência de paradas cardíacas de 01 para 111.996 
participantes/hora aula. Também demonstrou uma 
freqüência de 01 para 783.972 pacientes/hora aula, 
quandoconsiderando a ocorrência de infarto 
agudo do miocárdio (Van Camp & Peterson, 
1986). Cabe ressaltar a importância do treinamen-
to dos profi ssionais da saúde envolvidos em pro-
gramas de reabilitação, quanto às manobras de 
reanimação cardíaca (suporte básico de vida), 
disponibilidade de material para atendimento de 
emergência e, acima de tudo, prévia avaliação 
médica, preferencialmente por médico cardiolo-
gista, liberando o paciente para a prática de ativi-
dades físicas.
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