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1 01. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Definição: é um fato que uma vez ocorrido, impede o Fisco de iniciar atos de cobrança do crédito tributário. O que se suspende é o dever de cumprir a obrigação tributária, ficando, portanto, o sujeito ativo impedido de exercitar atos de cobrança. O tributo por sua vez continua devido. Formas de Suspensão do Crédito Tributário: I - moratória. II - o depósito do seu montante integral. III - as reclamações e os recursos nos processos tributários administrativos. IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V - o parcelamento. A suspensão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso. I. MORATÓRIA Moratória é a prorrogação do prazo para o pagamento de um tributo, ou seja, é a dilação do prazo de vencimento do tributo, que se pode dar tanto antes do decurso do prazo originalmente previsto como depois. A moratória tributária para ser concedia depende de lei. Espécies de Moratória: Moratória geral: aquela diretamente concedida pela lei, não sendo necessário, para sua fruição, reconhecimento por ato de autoridade administrativa. Ou seja, a lei objetivamente dilata o prazo para o pagamento do tributo, beneficiando a generalidade dos sujeitos passivos, sem necessidades da comprovação por parte destes de alguma característica pessoal especial. Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira. b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado. Moratória individual: o CTN denomina moratória individual aquela concedida, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei. Ou seja, a lei restringe a abrangência do benefício às pessoas que preencham determinados requisitos, de forma que o gozo dependerá de requerimento formulado à Administração Tributária no qual se comprove o cumprimento dos pressupostos legais. DIREITO TRIBUTÁRIO Código Tributário Nacional - Lei nº 5.172 de 1966. - Aula 03 - 2 Moratória autônoma: ocorre quando o ente competente para a instituição do tributo dilata o prazo do tributo de sua competência. Moratória heterônoma: ocorre quando a União concede moratória de tributo de competência alheia. Moratória Nacional: abrangendo todo o território nacional. Moratória Regional: abrange apenas uma parte do território nacional ou ainda ser circunscrita a categoria ou classe de sujeito passivo. Regras da Moratória: Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I - o prazo de duração do favor. II - as condições da concessão do favor em caráter individual. III - sendo caso: a) os tributos a que se aplica. b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual. c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual. OBS: Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. II. DEPÓSITO DO SEU MONTANTE INTEGRAL O depósito do montante integral do crédito exigido pela fazenda obrigatoriamente pressupõe a existência de um litígio, já instaurado ou na iminência de ser. Esse litígio tanto pode ser judicial como administrativo. Se for proposta contra a Fazenda Pública uma ação judicial anulatória de débito fiscal sem depósito, poderá ingressar o Fisco com a execução fiscal, garantida pela penhora dos bens ao devedor. Efetuado o depósito, fica ele cumprindo função de garantia do pagamento do tributo, com destino vinculado à decisão final, após o seu trânsito em julgado. Note-se que, com o depósito, o próprio contribuinte formaliza a existência do crédito e, já tendo o contribuinte apurado o montante devido e o vinculado ao resultado da demanda mediante o depósito, não há que se exigir lançamento, salvo para constituição de eventual diferença por montante superior ao que foi depositado. III. RECLAMAÇÕES E RECURSOS NOS PROCESSOS TRIBUTÁRIOS ADMINISTRATIVOS De acordo com a legislação reguladora do processo administrativo relativo a cada tributo, o sujeito passivo tem todo o direito de contestar lançamento que julgue manifestamente irregular ou abusivo ou da não homologação de compensação que deixe em aberto o crédito que se pretendia tivesse sido extinto, bem como, ao constatar ser desfavorável a decisão da autoridade lançadora no julgamento administrativo de processo fiscal, cabe-lhe o direito de interpor à instância administrativa superior. Em ambas as situações, a exigibilidade do crédito tributário fica suspensa até que seja emitida decisão relativa á reclamação ou ao recurso. Por isso, o sujeito passivo, mesmo tendo optado pela via administrativa, possui o direito de abandoná-la a qualquer tempo, em qualquer etapa do Processo Administrativo Fiscal, e ingressar com uma ação judicial com idêntico objeto, desde que não tenha ocorrido a prescrição do seu 3 direito de ação, evidentemente. A opção pela via judicial, entretanto, implica desistência tácita do processo administrativo. IV. PARCELAMENTOS Art. 155-A do CTN - O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1º - Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. § 2º - Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. § 3º - Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. § 4º - A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. Via de regra, os parcelamentos são concedidos mediante confissão dos débitos e pagamento da primeira parcela ou 20% do débito em caso de reparcelamento, com prazo total de sessenta meses, conforme redação do art. 38 da Lei 8.212/91 e o art. 10 da Lei 10.522/02, com redação da Lei 10.637/02. 02. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Modalidades de Extinção: I - o pagamento. II - a compensação. III - a transação. IV - remissão. V - a prescrição e a decadência. VI - a conversão de depósito em renda. VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento. VIII - a consignação em pagamento. IX - a decisão administrativa irreformável. X - a decisão judicial passada em julgado. XI - a dação em pagamento em bens imóveis. I. PAGAMENTO Art. 158 do CTN - O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se decomponha. II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimentodo crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça. Art. 161 do CTN - O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. 4 Formas de pagamento: Art. 162 do CTN - O pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal. II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. Meios atuais de pagamento: moeda corrente, cheque ou vale postal. Vale postal é uma espécie de ordem de pagamento, procedida através da empresa de correios. A estampilha e o papel selado (espécies de selo) são adquiridos pelo contribuinte, mediante entrega de dinheiro ao Fisco, e são utilizados pelo contribuinte, dando conta da quitação do tributo. Pagamento Indevido O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos e prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. II. COMPENSAÇÃO Opera-se a compensação quando duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra. A consequência é que as duas obrigações extinguem-se até onde compensarem. III. TRANSAÇÃO Na linguagem jurídica, transação significa acordo que se realiza entre duas ou mais pessoas visando a por termo num litígio instaurado ou, ainda, evitar que ele se instaure. No campo do Direito Tributário, a transação só pode ocorrer para pôr fim a litígio já iniciado. Art. 171 do CTN - A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção de crédito tributário. Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso. A finalidade básica da transação é evitar que os litígios tributários se protelem indefinidamente, principalmente na esfera judiciária, sob o prisma da celeridade. Nesse contexto, surge a necessidade de se buscarem formas alternativas de solução dos conflitos. Uma delas é a transação. Na esfera judicial, realizada a transação e homologada pelo juiz, tem ela força de julgamento definitivo. Como sempre ocorre em qualquer caso em que possa haver diminuição do patrimônio público, a transação somente pode ser celebrada com base em lei autorizativa, editada pelo ente competente pela instituição do tributo de que se tratar. Não há livre manifestação de vontade por parte da autoridade fiscal, pois esta não a possui, devido ao princípio da vinculabilidade da tributação. IV. REMISSÃO Remissão é a dispensa gratuita da dívida, feita pelo credor em benefício do devedor, sendo, pois, verdadeiro ato de perdão da dívida. Não se deve confundir remissão como remição, sendo esta última o ato de resgatar uma dívida. O CTN permite a concessão da remissão, mas determina que o despacho da autoridade que a conceder não gera direito adquirido. 5 A remissão, devido ao seu caráter liberatório do tributo, deve ser estabelecida por lei da Fazenda competente para instituir o tributo a que se refira. Quanto a isso, a Constituição Federal (art. 150, §6º), determina que a remissão deve ser concedida por lei específica. V. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Art. 173 do CTN - O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. VI. CONVERSÃO DE DEPÓSITO EM RENDA Conforme já analisado, o sujeito passivo que discorda do lançamento efetuado pode decidir por contestá-lo judicial ou administrativamente. Nessa hipótese, para a suspensão do crédito tributário pode realizar o depósito do montante integral. Após a decisão judicial, o depósito deverá ter um destino. Se a decisão favorece ao contribuinte, está extinto o crédito tributário e a quantia em discussão será revertida ao patrimônio deste contribuinte. Se a decisão favorece ao Estado, a quantia depositada reverterá para a Administração Pública. A retirada do depósito do tributo em discussão pela Fazenda Pública recebe a denominação e conversão do depósito em renda. VII. DAÇÃO EM PAGAMENTO EM BENS IMÓVEIS A dação em pagamento é a forma de extinção das obrigações em que o credor consente em receber do devedor prestação diversa da que lhe é devida. Ocorre dação em pagamento quando o credor aceita receber algo diferente, em lugar da quantia que lhe é devida. É o pagamento efetuado mediante a entrega de algum bem ou direito, que não seja dinheiro em espécie. Em direito tributário, a prestação devida pelo sujeito passivo é pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir de forma que haverá dação em pagamento quando o Estado consentir em extinguir o crédito tributário mediante o recebimento de algo que não seja dinheiro. Como forma de extinção do crédito tributário, tal modalidade se restringe à entrega de bens imóveis e depende de lei autorizativa da respectiva esfera de governo.
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