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Professor Doutor Flávio Galvão 1 PROGRAMA DE AULAS CRÉDITO TRIBUTÁRIO E LANÇAMENTO Crédito Tributário e Lançamento Tributário. Conceito Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. O Crédito Tributário corresponde ao valor que se é obrigado a pagar em relação a ocorrência da obrigação tributária, trata-se do aspecto quantitativo do tributo. A obrigação tributária surge no mundo jurídico no exato momento em que o contribuinte realiza o comportamento descrito hipoteticamente descrito na lei tributária, surge, então, a vinculação ao dever de pagar o tributo, em face de ser o sujeito passivo, por exemplo, proprietário de veículo automotor, de ser proprietário de imóvel urbano, auferir renda, etc. O crédito tributário, a seu turno, identifica o montante do tributo a pagar, o crédito tributário aponta o quanto efetivamente de dinheiro vai ter o sujeito passivo de pagar para cumprir com a obrigação tributária. A incidência do IPVA previsto em Lei se dá a partir do momento que você é proprietário de veículo automotor. A concessionária emite a nota Fiscal de compra e venda a você e, ato contínuo, efetua a tradição (entrega) do veículo. Você já é o proprietário, mas qual o montante de IPVA a pagar? A obrigação tributária está perfeita e acabada, você é proprietário do veículo automotor, mas qual é o IPVA a pagar? O imposto, a obrigação tributária, surge em decorrência dessa sua condição de ser proprietário. Contudo, em que momento surge o crédito tributário? O crédito tributário que decorre da obrigação tributária principal do IPVA surgirá no mundo jurídico, quando formalizado pelo lançamento do tributo, o lançamento dá conta da existência do crédito tributário; determina o quanto do tributo a pagar e estabelece o procedimento que o contribuinte ou a Fazenda Pública tem que realizar para que ocorra o pagamento do tributo. Professor Doutor Flávio Galvão 2 Tanto é assim, por exemplo, que você se torna proprietário de veículo automotor e, por meio do despachante, recorre a Fazenda Pública, tendo a grata surpresa de no dia seguinte receber a guia de IPVA para recolher. O crédito tributário surge em momento posterior à ocorrência da obrigação tributária. A obrigação tributária é pré-existente ao nascimento do crédito tributário. O crédito tributário surge por conta do consequente da obrigação tributária, a obrigação tributária, a seu turno, é o antecedente da norma jurídica tributária, porque estabelece o comportamento possível para sofrer a incidência da lei tributária, impondo o dever de pagar o tributo. Existe na norma jurídica tributária a chamada obrigação principal e obrigação acessória, exemplo de obrigação tributária principal é a conduta descrita hipoteticamente na lei, que se e quando ocorrida faz nascer o vínculo do dever de recolher tributos aos cofres públicos. As obrigações acessórias têm relação com as obrigações de fazer ou não fazer, no interesse da arrecadação e fiscalização dos tributos. Como surge o crédito tributário? Pela formalização do lançamento, este determina o valor do tributo, condição “sine qua non” para que o contribuinte possa pagá-lo, então, o crédito tributário pode decorrer da obrigação tributária principal, se conecta com o dever de pagar o tributo, mas nasce em momento distinto da ocorrência da obrigação tributária. A obrigação e o crédito tributário se conectam em razão do dever de recolher dinheiro aos cofres públicos, mas surgem no mundo jurídico e tem efeitos jurídicos distintos um relação ao outro. Devemos frisar uma questão importante a confirmar a dissociação entre a obrigação tributária e o crédito tributário. O crédito tributário delineia a provável existência de uma obrigação tributaria. Provável, porque ele pode surgir no mundo jurídico independentemente da ocorrência da obrigação tributária principal. Pode existir um crédito tributário que não esteja relacionado com a obrigação tributária. Professor Doutor Flávio Galvão 3 O descumprimento da obrigação tributária acessória faz surgir o lançamento do crédito tributário relativo a penalidade tributária, por isso, podemos afirmar, que o crédito tributário pode surgir no mundo jurídico independentemente da obrigação principal prevista em lei. Por exemplo. Em relação ao ICMS, o contribuinte está obrigado a dar comprimento a uma série de procedimentos para confirmar a circulação da mercadoria, terá que preencher a nota fiscal de saída da mercadoria; o livro de entrada das mercadorias; o livro de saída de mercadorias; o livro de apuração, ou seja, uma série de requisitos procedimentais (obrigações acessórias), para confirmar a circulação da mercadoria enquanto hipótese de incidência da lei tributária do ICMS. Se o contribuinte simplesmente errou no cumprimento da obrigação acessória (obrigação de fazer) em prol da fiscalização, ou seja, quando o contribuinte descumpre uma obrigação acessória, ela se converte em principal e se converte porque ela não é principal, se converte em principal para ser cobrada, cobrada por meio da formalização do crédito pelo lançamento. O momento de ocorrência da obrigação principal tributaria é um e o momento da ocorrência do crédito tributário é outro, que se conectam pelo mesmo dever, mas são institutos jurídicos distintos, possuem regimes jurídicos distintos, conforme o CTN. Inclusive, pode existir até crédito tributário que não decorra da obrigação tributária principal. O crédito tributário pode surgir independentemente da ocorrência da obrigação principal, basta que as obrigações acessórias sejam descumpridas. Nós vamos perceber daqui para frente que o CTN estabelece uma série de efeitos jurídicos inerentes ao crédito tributário dando-lhe contornos jurídicos, que em muitos casos não vão afetar a existência da obrigação tributária. Porém, pode existir a circunstância jurídica, um determinado instituto jurídico tributário que vai fulminar a existência do crédito tributário; estabeleça com que o lançamento suma do mundo jurídico e a obrigação tributária estará intacta, permitindo-se ao Fisco efetuar novo lançamento. Professor Doutor Flávio Galvão 4 EXEMPLO para entendimento: No ICMS, sou comerciante e a Fazenda Pública fiscalizando minhas atividades mercantis conclui que devo ICMS, confirmando o débito tributário por meio do lançamento em Auto de Infração e Imposição de Multa. Com a lavratura do auto de infração, posso defender-me questionando a obrigação tributária que não cumpri, abre-se, então, a fase de discussão do lançamento em AIIM, entre mim e a fazenda pública. Eu impugno o auto de infração e faço tudo para desconstituí-lo, apresentando provas e requeiro no pedido de impugnação, que uma nova diligência deve ser feita para comprovar o erro da Fazenda nos documentos apresentados. Porém, a Fazenda mantém o auto de infração, não permitindo o contraditório e ampla defesa, inclusive, em fase recursal pelo Tribunal Administrativo de Segunda Instância. Socorrendo-me do Poder Judiciário, após a análise do meu pedido na ação competente, o Juiz conclui que o meu direito de defesa foi prejudicado, por conta da ausência de contraditório, quando da recusa do órgão judicante da administração fazendária negou o direito a novas diligências nos documentos contábeis apresentados. O órgão do poder judiciário cancela o auto de infração, porque existiu ofensa aos princípios inerentes ao processo administrativo; vícios formais no processo administrativo originados pela ofensa ao direito de defesa e ao contraditório. Assim, poderá o contribuinte estar sujeito a nova fiscalização e a novo lançamento? Sim, porque a obrigação tributária permanece intacta, ainda que a Fazendatenha sido fulminada no julgamento do auto de infração (lançamento de ofício), em face do vício formal do crédito tributário. O julgamento administrativo pode prejudicar a validade do crédito tributário por existência de vício formal no processo administrativo, mas em momento algum a obrigação tributária foi atingida. A decisão do Poder Judiciário afeta o crédito, entretanto, a obrigação está intacta, podendo gerar novo lançamento tributário. Que é crédito tributário? É um instituto jurídico tributário correlato ao dever de pagar tributo (dinheiro aos cofres públicos) e que constitui o momento do montante do tributo a ser pago para Fazenda Pública que é formalizado por meio de lançamento. Crédito e Obrigação são institutos jurídicos correlatos, mas Professor Doutor Flávio Galvão 5 distintos, nascem em momentos jurídicos distintos e tem efeitos jurídicos distintos em razão de sua ocorrência. Qual a natureza jurídica do crédito tributário? A natureza jurídica do crédito tributário é tributária, que declara a ocorrência da obrigação tributária e é constituído pelo lançamento. É o instituto jurídico que surge por conta do dever de recolher dinheiro aos cofres públicos, formalizado pelo lançamento e identificando o montante do tributo a pagar e será regido pelo conjunto de normas específicas contidas no Código Tributário Nacional. Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. Art. 140 do CTN, apresenta a distinção entre Obrigação Tributária e Crédito Tributário. Obrigação tributária: é a norma jurídica estabelecendo o dever de pagar o tributo. O Crédito tributário: é o valor propriamente dito do montante do tributo a ser pago devido a ocorrência de uma conduta prevista em lei, que se formaliza no momento de seu lançamento. O lançamento é constitutivo de crédito tributário, e apenas declaratório da obrigação correspondente. Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Nesse sentido, o Art. 141 do CTN demonstra que as causas que definem a exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário, ou seja, os institutos jurídicos que determinam o regime jurídico do crédito tributário são unicamente estipulados pelo Código Tributário Nacional, enquanto norma jurídica de status de Lei Complementar. Lançamento Tributário Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato Professor Doutor Flávio Galvão 6 gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. O art. 142 do CTN trata do conceito de lançamento e o seu parágrafo único determina a vinculação da administração pública no que tange a sua efetivação. O que a norma determina é a obrigatoriedade da Fazenda Pública em cobrar do contribuinte o montante do tributo devido pelo lançamento em caráter obrigatório, não existindo nesse momento margem para uma decisão discricionária do agente público. Não é um mero poder da autoridade administrativa lançar o tributo, é um “dever” lançar o tributo. O lançamento tributário tem natureza jurídica mista ou dúplice. Ele pode ser ato declaratório, por meio do qual se declara a obrigação tributária nascida do fato gerador e opera efeitos ex tunc. Por outro lado, a parte inicial do art. 142 refere-se a natureza constitutiva do lançamento, que opera efeitos ex nunc ao criar direitos e deveres do contribuinte. Compete a autoridade administrativa efetivar o lançamento tributário, sendo assim, há presunção de legitimidade dos atos da Administração, bem como é proibido a delegação desta competência aos particulares. A autoridade competente no âmbito da União é o Auditor Fiscal da Receita Federal; nos Estados e Distrito Federal é o Agente-Fiscal de Rendas ou denominação equivalente, por fim, nos Municípios e Distrito Federal é o Auditor Fiscal do Município ou denominação equivalente. Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação. Trata-se de norma jurídica que se aplica aos chamados tributos aduaneiros, que por consequência da operação de comércio exterior, o preço das mercadorias e produtos são expressos em moeda estrangeira, então, portanto, o lançamento deverá levar em consideração a conversão da moeda estrangeira em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação, ou seja, o câmbio do dia da ocorrência do desembaraço aduaneiro. Professor Doutor Flávio Galvão 7 Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege- se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. A Lei Tributária em relação a constituição do lançamento será aquela aplicável à data da ocorrência do fato gerador. O lançamento quando declara a ocorrência da hipótese de incidência está relacionado com os elementos da Regra Matriz de Incidência tributária, que são: a) H. I.; b) Base de Cálculo; c) Sujeito Ativo; d) Sujeito Passivo; e) Aspecto Temporal e Espacial e f) Alíquota. Nesse sentido, a lei aplicável que regerá a feitura do lançamento tributário é aquela que está ou esteve em vigor na data da ocorrência da hipótese de incidência tributária, espelhando os elementos que compunham a Regra Matriz de Incidência. No entanto, se a lei tributária não fizer referência a nenhum destes elementos, aplicar-se-á a regra do §1º, do Art. 144 CTN. Novos critérios de apuração, fiscalização e garantias e privilégios em relação ao lançamento são mecanismos de aferição e cálculo do montante do tributo a pagar, que não se relacionam intrínseca e diretamente com algum dos elementos da regra matriz de incidência tributária. Atenção para o fato da lei nova, posterior a ocorrência do fato gerador disciplinar responsabilidade tributária de terceiros. Eis que se trata de alteração da sujeição passiva do tributo, não poderá ser aplicada na data do lançamento, valendo a regra geral estipulada no caput do art. 144. Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I - impugnação do sujeito passivo; II - recurso de ofício; Professor Doutor Flávio Galvão 8 III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. A revisão do lançamentosó é possível nos casos previstos do artigo 145 do CTN. Com a notificação do lançamento ao contribuinte, ou seja, quando o lançamento se torna conhecido e existente para o seu pagamento pelo contribuinte, o lançamento se presume definitivo. Somente será possível a modificação do lançamento, após a notificação ao contribuinte, conforme a previsão do Art. 145 do CTN: a) quando o sujeito passivo não concorda com o lançamento e o impugna, tanto na esfera judicial, como administrativa; b) quando a Fazenda Pública recorre de ofício (reexame necessário) nos Tribunais Administrativos, que julgam as lides tributárias; c) por iniciativa de ofício da autoridade administrativa, na previsão do art. 149, do CTN. Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Por sua vez, o CTN trata agora de disciplinar a aplicação no tempo das modificações efetuadas no lançamento, informando que tais modificações só poderão ser introduzidas em relação a fatos geradores ocorridos após a decisão judicial e administrativa, ou da iniciativa de ofício da Autoridade Fazendária. Essas modificações correspondem ao chamado critério interpretativo adotado pela Fazenda Pública para aplicar a norma jurídica em face do lançamento tributário, que se opera ex nunc. Ou seja, o CTN proíbe terminantemente que se adote a revisão do lançamento na suposta existência de erro de direito, alterando-se critério jurídico na interpretação da norma jurídica por outra para a realização do lançamento em relação a fatos geradores pretéritos. O erro de direito não se confunde com o erro de fato. Este é desconhecido pela Autoridade Fazendária, ou seja, lhe é completamente inexistente. Professor Doutor Flávio Galvão 9 No erro de direito, o fisco tem conhecimento sobre o fato, mas, erra na interpretação jurídica da norma; erra na aplicação da norma ao fato concreto. Como exemplo, podemos citar o erro de direito na aplicação da norma sobre a classificação de mercadorias ou produtos para a incidência do imposto de importação, que pode culminar no pagamento de imposto a menor na declaração de importação. Se após o desembaraço aduaneiro, a Autoridade Fazendária reputa que ocorrera erro de direito na aplicação da norma, somente poderá aplicar o novo critério interpretativo a fatos geradores futuros. Tipos de Lançamento: A) De Ofício (Art. 149, CTN): É o lançamento em que toda atividade de apuração, cálculo e determinação do tributo a pagar é realizado exclusivamente pelo fisco. Ex: IPVA; IPTU; Auto de Infração e Imposição de Multa; Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; Professor Doutor Flávio Galvão 10 VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública O Art. 149 do CTN apresenta o lançamento de ofício e as modalidades de revisão de qualquer modalidade de lançamento. Ou seja, o lançamento é aquele que toda a apuração, cálculo e determinação do montante do tributo a pagar é atividade preponderante do Fisco. Pois bem, além dessa perspectiva a Fazenda Pública poderá de ofício efetuar a revisão de qualquer modalidade de lançamento, desde que presentes às hipóteses elencadas no inciso do mesmo artigo. Uma condição importante para que o Fisco efetue a revisão de ofício do lançamento está relacionada com o direito de lançar que a Fazenda Pública deve exercer dentro do prazo determinado pela lei tributária. A Fazenda Pública tem contra si a fluência do prazo decadencial, para exercer o direito de constituir o crédito tributário, caso em que poderá ocorrer a sua extinção do mundo jurídico. A decadência do crédito tributário extingue definitivamente a relação jurídico- tributária e nesse contexto impede que o Fisco pratique qualquer iniciativa de rever de ofício o lançamento anteriormente efetuado. B) Por Declaração ou Misto (Art. 147, CTN): É o lançamento realizado por ação conjunta, tanto do fisco, como do contribuinte, ou seja, o sujeito passivo presta a declaração ou a informação e a Fazenda Pública efetua o pagamento e só então após o lançamento efetuado pela Fazenda Pública o Contribuinte realiza o pagamento. Ex: Imposto de Importação; ITBI. Outro exemplo: Você viaja e traz no retorno da viagem uma série de equipamentos eletrônicos. Na alfândega você tem que apresentar tudo e declarar a autoridade aduaneira. Se passar da cota permitida, então, será tributado, conforme as informações prestadas no formulário. Professor Doutor Flávio Galvão 11 Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. O Lançamento por Declaração está previsto no art. 147 do CTN e a legislação permite que o contribuinte ao errar em suas declarações possa retificá-las. O contribuinte tem o direito de retificar as declarações fornecidas, mas, em duas condições tão somente: i) provando a existência do ERRO e ii) antes do recebimento da notificação do lançamento. Esse procedimento ocorre, porque se o lançamento foi feito e o FISCO percebeu o ERRO, ele procede a NOTIFICAÇÃO para que o contribuinte venha se explicar, porém, não mais será considerada a iniciativa do contribuinte e a conseqüência disso será o fato de estar sujeito à MULTA, aplicando-se, por conseguinte, o § 2º do mesmo artigo 147 do CTN. C) Por Homologação (Art. 150 e seu §4º): É aquele lançamento realizado pelo contribuinte onde toda apuração, cálculo e montante do tributo a pagar e o próprio pagamento antecipado é realizado pelo contribuinte, sob condição homologatória a serrealizada posteriormente pelo fisco, em face do pagamento antecipado. Ex: ICMS, IPI, IR. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. Professor Doutor Flávio Galvão 12 § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 150 do CTN apresenta o lançamento por homologação. Trata-se de uma modalidade de lançamento em que toda a apuração, cálculo e determinação do montante do tributo é atividade preponderante do contribuinte, ficando ao Fisco o dever de homologar ou não, dentro do prazo de cinco anos da data da ocorrência do fato gerador, as informações e declarações prestadas pelo contribuinte. Um dado importantíssimo para a caracterização do lançamento por homologação é que o contribuinte efetua o pagamento antecipado do tributo. O prazo que a Fazenda Pública tem para homologar o lançamento e o pagamento efetuado se dá em cinco da data da ocorrência do fato gerador, que varia conforme o aspecto temporal de cada tributo previsto na legislação específica. Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Art. 148 do CTN apresenta um procedimento do fisco em relação a qualquer modalidade de lançamento. É o chamado lançamento por arbitragem. Não se trata de mais uma modalidade de lançamento, mas sim de procedimento para apuração do montante devido do tributo, quando as declarações e informações prestadas pelo contribuinte ou pelo terceiro não mereçam credibilidade. Professor Doutor Flávio Galvão 1 PROGRAMA DE AULAS SUSPENSÃO DO CRÉDIO TRIBUTÁRIO Suspensão do Crédito Tributário Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes. O artigo 151 do CTN apresenta as causas que impedem a Fazenda Pública de efetivar a cobrança do crédito tributário. Vamos estudar as causas que, quando previstas na legislação e aplicadas pela Fazenda Pública, fazem com que o Fisco não proceda a cobrança do crédito tributário. Uma vez lançado o tributo, seja de ofício, por declaração ou por homologação, o passo subseqüente é o dever da fazenda pública de exigir o montante do tributo. Nesse momento, pode ocorrer a suspensão do crédito tributário como se fosse uma parede a impedir a Fazenda Pública de dar continuidade a cobrança do crédito tributário. Então, vamos interpretar as duas causas de suspensão da exigibilidade do crédito que se assemelham e estão submetidas ao mesmo regime jurídico, são elas: a moratória e o parcelamento, por força da previsão do §2º, do art. 155-A, do CTN. Moratória e Parcelamento Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm Professor Doutor Flávio Galvão 2 § 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 2 o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) § 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) O regime jurídico da Moratória está contida nos artigos 152 à 155 do CTN e o parcelamento está contido no artigo 155-A. A moratória e o parcelamento significam dilação de prazo do pagamento do crédito tributário, concedida pela Fazenda Pública em favor do sujeito passivo. A moratória é gênero e o parcelamento é espécie, mas ambos significam prazo dilargado do pagamento do crédito tributário, em favor do sujeito passivo, concedido pela Fazenda Pública A moratória, geralmente é concedida uma só vez. Suponha que vc tenha um prazo definido na legislação para pagamento do tributo, a Fazenda Pública pode pela moratória conceder dilação desse prazo uma única vez. Ao invés de contribuinte pagar o IPTU do exercício financeiro de 2014, por exemplo, no dia 10 de março de 2014, a prefeitura de São Paulo poderá conceder uma moratória para que contribuinte pague este crédito tributário do IPTU de 2014, no dia 10/03/2016. O parcelamento é a dilação de prazo fracionada no tempo para o pagamento do crédito tributário, inclusive, decomposto no tempo em relação ao seu valor. A moratória e o parcelamento serão sempre concedidos por meio de lei específica da Pessoa Política competente para criar o tributo, então, somente aquela entidade de direito público interno (União, Estado-Membro, Distrito Federal e Município), que tem a competência para criar o tributo, tem competência para conceder a moratória e o parcelamento Ou seja, a União não vai dar moratória ou parcelamento de tributos estaduais e municipal e vice-versa, só a lei concede moratória e parcelamento, lei esta específica da entidade de direito público interno competente para criar o tributo. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp118.htm#art155a https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp118.htm#art155a https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp118.htm#art155aProfessor Doutor Flávio Galvão 3 Nesse sentido, está derrogada pela Constituição Federal de 1988, a norma contida na alínea “b”, do inciso I, do art. 152, do CTN. A previsão em abstrato da moratória e do parcelamento na lei tributária se perfaz, enquanto, ato individual e concreto ao sujeito passivo, para a fruição do benefício, por meio de despacho concessivo da autoridade fazendária competente, conforme a previsão do inciso II, do art. 152, do CTN. Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. A moratória e o parcelamento poderão ser concedidos de maneira restrita a determinada região do território do Município, do Estado Membro, da União, ou a determinada classe ou categoria de sujeito, mas a Lei que vai estipular este critério. No art. 153 do CTN vamos encontrar os requisitos e as condições necessárias para a adesão ao regime jurídico da moratória e do parcelamento, que a lei impõe. Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I - o prazo de duração do favor; II - as condições da concessão do favor em caráter individual; III - sendo caso: a) os tributos a que se aplica; b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual; c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual. Professor Doutor Flávio Galvão 4 A moratória e o parcelamento têm como regra geral abranger o crédito tributário: a) definitivamente constituídos pelo lançamento até a data da publicação da lei; b) créditos definitivamente constituídos pelo lançamento até a data do despacho administrativo que conceder a moratória e ou parcelamento e; c) créditos definitivamente constituídos pelo lançamento até a data da publicação da lei, com a notificação ao sujeito passivo do lançamento. Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele. O CTN traz essa regra informando ao intérprete que será impossível a concessão de moratória e parcelamento de créditos futuros e incertos, não se parcela, não se dá moratória em relação a créditos tributários que no futuro poderão ser constituídos pelo lançamento, só terão abrangência os créditos tributários que já estão devidamente constituídos pelo lançamento, seja em definitivo ou de acordo com a notificação do lançamento feita pela Fazenda Pública. OBS: essas regras são válidas, caso a lei não disponha contrariamente, caso em que o contribuinte confessará a ocorrência da obrigação tributária com o correlato crédito tributário que a quantifica, principalmente, nos chamados tributos lançados por homologação. A moratória e o parcelamento não podem ser concedidos em razão de fraude praticada pelo contribuinte no que tange as condições previstas em Lei para sua concessão. A moratória e o parcelamento para serem concedidos precisam preencher as condições estipuladas em Lei. Se o contribuinte frauda tais condições os benefícios serão revogados. Revogação da Moratória e Parcelamento A concessão de moratória e parcelamento não geram direito adquirido, ou seja, podem ser revogados no interesse da Fazenda Pública. Professor Doutor Flávio Galvão 5 Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. Dessa forma, como é que fica se a Fazenda Pública concede moratória e o parcelamento e depois os revoga? Com a revogação da moratória e do parcelamento o crédito tributário será cobrado da seguinte forma: a) será cobrado com juros de mora e imposição de penalidade pecuniária (multa de ofício), no caso de fraude praticada contra a Fazenda Pública no preenchimento das condições a concessão da moratória e do parcelamento; b) com os juros de mora, mas sem aplicação de penalidades (multa de ofício), nos demais casos, ou seja, nos casos de boa-fé do contribuinte, ocasionado unicamente na premissa da mera inadimplência. A seu turno, nos casos de revogação do benefício por força da fraude praticada pelo contribuinte no preenchimento das condições para a fruição do benefício, o prazo entre a concessão do benefício e sua revogação não se computado para a contagem do prazo prescricional para a cobrança do tributo. Essa regra não valera, nos casos de revogação do benefício, quando não fundado em fraude (mera inadimplência). No parcelamento, salvo disposição de lei em contrário, não estarão excluídos os juros e multa. Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) § 1 o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) § 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) § 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp118.htm#art1 Professor Doutor Flávio Galvão 6 § 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) O Depósito do Montante Integral do Tributo É mais uma forma de se suspender o crédito tributário. É um direito do contribuinte. Conceito: Significa o direito do contribuinte de efetuar o depósito do valor integral do tributo devidoseja em procedimento de jurisdição administrativa, no processo administrativo fiscal ou em procedimento judicial tributário. O depósito do montante integral tem a finalidade de evitar a correção monetária do crédito bem como a fluência dos juros de mora. O depósito integral do montante do tributo inclui o tributo, juros e multas. Súmula 112 do STJ: o depósito somente suspende a exigibilidade do crédito se for integral e em dinheiro. Súmula Vinculante 28 do STF: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Os Recursos e Reclamações no Processo Administrativo Em todo o lançamento, seja ele de ofício, declaração ou homologação, o contribuinte tem o direito de questioná-lo perante a própria Fazenda Pública, abrindo-se a fase do contencioso tributário no âmbito da administração fazendária. O contribuinte não concorda com o lançamento do IPTU deste ano, relativamente ao valor venal, ou seja, a base de cálculo está acima do que determina a Lei, acima do valor de mercado, o contribuinte poderá, então, impugnar o lançamento conforme as leis administrativas respectivas. Impugnações e recursos na órbita da administração fazendária do processo administrativo fazendário suspendem a exigibilidade do crédito, bem como todos os atos executórios objetivando a cobrança judicial do tributo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp118.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp118.htm#art1 Professor Doutor Flávio Galvão 7 No mesmo sentido, os recursos e reclamações (impugnações), na jurisdição administrativa impedem a inscrição do débito em dívida ativa e tem o contribuinte, enquanto perdurar a discussão do débito na jurisdição administrativa, direito a certidão positiva com efeitos de negativa, não correndo, inclusive, o prazo prescricional para a cobrança do débito tributário. Temos Súmula Vinculante nº 21, do STF: é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. A concessão de medida liminar em mandado de segurança ou de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ações judiciais Quando o sujeito passivo busca o judiciário para pleitear em medida liminar, a suspensão de exigibilidade do crédito ou tutela antecipada, seja em mandado de segurança ou outras ações judiciais, a cobrança do crédito tributário ficará suspensa. A medida liminar em mandado de segurança se fundamenta no Inciso III, do Art. 7º, da Lei nº 12.016/2009, no contexto do relevante fundamento do pedido, conhecido pela expressão fumus boni juris e na ineficácia da medida, caso não seja deferida de imediato, conhecida pela expressão periculum in mora. A tutela antecipada, a seu turno, fundamenta-se no Art. 294, do NCPC, possui os requisitos: a) verossimilhança da alegação, em face de uma prova inequívoca; b) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; c) caracterização do abuso do direito de defesa ou do manifesto propósito protelatório do réu. Ainda, que por ventura esteja suspensa a exigibilidade do crédito, o contribuinte tem que cumprir com todas as obrigações acessórias, dar conta de todas as informações necessárias ao fisco em relação à ocorrência da obrigação tributária. Professor Doutor Flávio Galvão 1 PROGRAMA DE AULAS EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Exclusão do Crédito Tributário Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente. Isenção A isenção significa a supressão de um ou mais elementos da regra matriz de incidência tributária, fazendo com que a norma jurídica tributária não produza seus efeitos jurídicos, dispensando o contribuinte do pagamento do tributo. Só concede isenção o ente federativo que tem competência para criá-lo. A isenção suprime um dos elementos da regra matriz, fazendo com que a norma jurídica que institui a obrigação tributária seja remodelada, dispensando o dever do contribuinte de pagar o tributo, restando, contudo, intacto o dever de cumprimento das obrigações acessórias. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. A isenção está vinculada ao Princípio da Legalidade (sempre será concedida por meio de lei ordinária ou complementar, quando esta última veicular a instituição do tributo). Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. A Isenção não se aplica aos casos: a) taxas e contribuições de melhoria; b) aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão. Ou seja, as isenções Professor Doutor Flávio Galvão 2 concedidas por lei não se projetam para o futuro em relação a tributos que forem criados após a sua publicação, caso não haja estipulação da própria em lei contrário. Por outro lado, as isenções deverão atingir somente os tributos já existentes, cujos fatos geradores ocorrem no futuro, que ainda estão para ocorrer. Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 7.1.1975) Pode a ISENÇÃO ser revogada? SIM. Como? Por meio de lei. A qualquer tempo? Depende: a) se a lei que instituiu a Isenção foi por prazo certo e sob condições, seguirá a regra da anterioridade e só poderá ter eficácia no exercício seguinte (Princípio Constitucional da Anterioridade); OBS: Súmula 544 do STF: Isenção tributária concedida sob condição onerosa não pode ser livremente suprimida. b) se a lei que instituiu a Isenção não foi por certo prazo, o contribuinte volta a pagar o tributo no dia seguinte a revogação da lei isentiva. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. O Art. 179 do CTN estabelece a sistemática de concessão da isenção pela autoridade administrativa fazendária, quando estabelece o prazo e as condições para a fruição do benefício. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp24.htm#art13 Professor Doutor Flávio Galvão 3 Salientamos, que a concessão de isenção por período certo de tempo e sob condições não gera direito adquirido, ou seja, comprovando-se que o contribuinte fraudou os requisitos exigidos, poderá a Fazenda Pública revogar o benefício, aplicando-se integralmente os juros de mora e multas. OBS: No quetange ao ICMS, as isenções somente poderão ser concedidas por meio de Convênios do CONFAZ e não pelo legislador ordinário estadual, na conformidade do Art. 155, §2º, XII, “g” c.c. o Art. 150, §6º, ambos da CF. OBS: A União é proibida de conceder isenções de tributos que estejam fora de sua competência tributária. É a proibição a União de conceder isenções heterônomas. A exceção a essa regra só é possível num único caso, para a concessões de isenções de ISS nas exportações de serviços para o exterior, conforme a previsão do Art. 156, §3º, II, da CF. Anistia Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando: I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. É causa de exclusão do crédito tributário. Consiste na supressão da aplicação da penalidade tributária. A Anistia consiste no perdão da Multa. O perdão da Multa não exclui o pagamento da obrigação principal/acessória, logo não atinge o Crédito, nem as obrigações acessórias. A Anistia concedida por lei só atinge às penalidades tributárias aplicadas em relação as infrações tributárias cometidas ANTES da vigência da lei que a concede. A Anistia somente pode ser concedida após o cometimento da infração e antes da constituição do lançamento da penalidade pecuniária, eis que para este último caso, resta o instituto da remissão tributária. O contribuinte anistiado da penalidade tributária continua obrigado ao pagamento do tributo. Professor Doutor Flávio Galvão 4 A anistia não implica no perdão da prática da conduta qualificada como crime ou contravenção, ou quanto às infrações a legislação tributária que tenham sido praticadas com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo. Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral; II - limitadamente: a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. O CTN explica os critérios de concessão da anistia pela lei especifica de cada entidade tributante. Ressalvamos que a anistia não gera direito adquirido, no tocante ao cumprimento dos requisitos necessários à fruição do benefício. Professor Doutor Flávio Galvão 1 PROGRAMA DE AULAS EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Extinção do Crédito Tributário Com a extinção do crédito tributário a relação jurídica tributária se completa e acaba. O crédito tributário se extingue e o dever de pagar o tributo obviamente está cumprido. Ex: Se eu pago o CRÉDITO TRIBUTÁRIO eu automaticamente EXTINGO a relação jurídica tributária. Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. Pagamento Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário. Se a penalidade pelo descumprimento da lei tributária for cobrada junto com o crédito, no lançamento, ou seja, no mesmo momento, não significa que o seu https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm Professor Doutor Flávio Galvão 2 pagamento possa ser oponível ao pagamento do crédito tributário, ou seja, não descaracteriza o lançamento. E se você pagar o valor do crédito tributário e não pagar a penalidade, isso não quer dizer que já está extinto o crédito tributário, porque o crédito tributário constituído pelo lançamento também engloba a penalidade tributária aplicada. Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Trata-se de regra jurídica que determina que a presunção de pagamento de parte do crédito tributário seja em parcelas, ou de crédito tributário vencido ou vincendo relativo a mesmo ou a outro tributo, não comprova o cumprimento da obrigação tributária na sua integralidade. Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo. Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça. Regra geral para o pagamento do crédito tributário o será no domicílio do sujeito passivo, quando a lei não dispuser a respeito. O art. 160 dispõe da regra a respeito do prazo do vencimento do crédito tributário: 30 dias após a notificação do lançamento, desde que a legislação tributária pertinente não disponha em contrário. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. O crédito tributário não pago na data do vencimento será acrescido de juros de mora, salvo lei em contrário, será de 1% ao mês, além da correção monetária, que Professor Doutor Flávio Galvão 3 se considera unicamente para recomposição do valor do tributo pelo tempo decorrido entre a data de pagamento e a sua quitação. No âmbito dos tributos federais a taxa de juros é mensurada pelo índice da SELIC, acumulada mensalmente, conforme o Art. 13, da Lei nº 9.065/1995. NÃO SE APLICA OS JUROS DE MORA E MULTA, quando o contribuinte, dentro do prazo para o pagamento, faz uma consulta sobre a aplicação da legislação tributária. O importante é que ocontribuinte faça a consulta dentro do seu prazo para pagamento do crédito, INCIDINDO UNICAMENTE A CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE O VENCIMENTO. Art. 162. O pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. § 1º A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente. § 2º O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado. § 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no artigo 150. § 4º A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade, não dão direito a restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naquelas em que o erro seja imputável à autoridade administrativa. § 5º O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento em estampilha. Tratam-se das modalidades de pagamento do crédito tributário. A modalidade mais usual é o pagamento feito por meio de cheque, que evidentemente só será considerado como pago depois de devidamente compensado. O pagamento do crédito tributário por meio de estampilha e selo postal não são mais utilizados pela legislação tributária específica de cada tributo. Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas: Professor Doutor Flávio Galvão 4 I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; III - na ordem crescente dos prazos de prescrição; IV - na ordem decrescente dos montantes. Em relação ao pagamento como causa de extinção do crédito tributário temos a chamada imputação do pagamento, está no art.163 do CTN. Significa a ordem cronológica de pagamento de um ou mais créditos tributários devidos pelo contribuinte para com a Fazenda Pública. O contribuinte deve, por exemplo, para União Federal, imposto de renda de pessoa jurídica, IPI, Contribuição Social Sobre Lucro, Confins, etc. O contribuinte pessoa jurídica deve todos esses impostos, como será feito o pagamento? Na forma estabelecida pelo art.163, deverá ser obedecida a imputação de pagamento e na ordem que estabelece. Lembre-se, que devem ser pagos os créditos tributários com os prazos maiores de prescrição do débito, ou seja, cuja prescrição está na iminência de operar a extinção do crédito tributário, quando se considera a premissa a respeito da ordem crescente dos prazos de prescrição, bem como na ordem decrescente dos valores, ou seja, devem ser pagos em primeiro lugar os maiores débitos para em sequência serem pagos os valores menores. Do Pagamento Indevido Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. Neste momento o CTN achou por bem disciplinar as situações em que o contribuinte paga indevidamente o crédito tributário e, desse modo, o CTN define o modo de ressarcimento do pagamento indevido. Professor Doutor Flávio Galvão 5 Salientamos, que a disciplina do pagamento indevido não corresponde a modalidade de extinção do crédito tributário, mas sim de modalidade de ressarcimento do contribuinte pelo pagamento indevido. O contribuinte terá direito ao ressarcimento do pagamento indevido no caso de pagamento espontâneo de tributo devido ou maior que o devido. Terá igualmente o direito ao ressarcimento no caso de erro na aplicação da legislação tributária, no tocante a qualquer um dos elementos da regra matriz de incidência. Por último, o contribuinte beneficiado por declaração judicial ou de jurisdição administrativa, relativamente a relação jurídica tributária considerada como inexistente ou que declare o pagamento indevido do tributo acarretará o direito ao ressarcimento do tributo. Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição. Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar. O intérprete tem que tomar muito cuidado com a regra prevista no art. 166 do CTN, pois, trata-se de requisito a impedir o ressarcimento de tributo pago indevidamente nos casos de impostos indiretos. Com efeito, em se tratando de pagamento indevido de ICMS ou IPI, em que o contribuinte faz repercutir o encargo econômico do referido imposto na cadeia produtiva, terá este que provar que não se beneficiou da regra da não- cumulatividade, assumindo o encargo do tributo como despesa ou se transferiu o encargo a terceiro, estar por esse autorizado a pleitear o ressarcimento. Seria o equivalente a solicitar autorização a cada consumidor final ou contribuinte nas operações de circulação de mercadoria ou de produção de produtos industrializados. Conforme observamos, o art. 166 do CTN praticamente inviabiliza o ressarcimento do pagamento indevido de tributos indiretos, pois todos os tributos repercutem na cadeia econômica, já que não há na atividade econômica cálculo Professor Doutor Flávio Galvão 6 de preço de mercadorias ou produtos que não leve em consideração o montante do tributo a ser pago. E por outra, a regra do princípio da não-cumulatividade previsto na Constituição de 88 impõe o dever de creditamento e abatimento de todo o ICMS e IPI pago pelos contribuintes nas operações antecedentes. Apesar das críticas esta regra é vigente e válida, devendo o intérprete tomar muito cuidado para não solicitar o pagamento indevido de ICMS e IPI sem considerar este obstáculo do art. 166 do CTN. A restituição de tributos pagos indevidamente também comporta na devolução dos juros de mora e penalidades pagas em decorrência do crédito tributário. Além disso, a restituição comporta aplicação de juros de mora a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar. Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; (Vide art 3 da LCp nº 118, de 2005) II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisãoadministrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. Trata-se do prazo que o contribuinte tem que exercer o seu direito de reaver de volta o que pagou indevidamente de tributo. O prazo de cinco anos será contado, nos casos de pagamento espontâneo maior que o devido ou indevido, a partir da data do pagamento, ocorrendo a devolução do tributo com incidência da taxa SELIC, acumulada mensalmente, mais um 1% no mês em que for efetivada, conforme a Lei nº 9.250/95, Art. 39, §4º, para os tributos federais. Para os tributos estaduais temos a aplicação da Súmula 523, do STJ: a taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais deve corresponder à utilizada para cobrança de tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada a sua cumulação com quaisquer outros índices. E, nos casos de decisão judicial ou administrativa favorável ao contribuinte em cinco anos da decisão transitada em julgado. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp118.htm#art3 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp118.htm#art3 Professor Doutor Flávio Galvão 7 Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada. O contribuinte entrou com um procedimento administrativo fiscal requerendo a restituição do pagamento indevido. A decisão no âmbito administrativo negou a restituição a contribuinte. Com efeito, o contribuinte poderá ingressar com a ação de repetição de indébito tributário, no âmbito do Poder Judiciário, em face desta decisão administrativa em até dois anos da decisão definitiva proferida no processo administrativo fiscal, considerando-se a regra de causa de interrupção da prescrição a previsão do parágrafo único, com a distribuição da ação, recomeçando a nova contagem, pela metade (um ano), a partir da intimação válida ao representante judicial da Fazenda Pública. Compensação Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) A compensação tributária significa que o sujeito passivo ocupa ao mesmo tempo a posição de credor e devedor em relação à fazenda Pública. A compensação será sempre prevista em lei tributária competente. A compensação somente poderá ser feita em relação à créditos líquidos e certos, vencidos e vincendos (que estão para vencer) do sujeito passivo com a Fazenda Pública, então, poderá ser compensado crédito tributário oriundo de pagamento https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp104.htm Professor Doutor Flávio Galvão 8 indevido com crédito tributário líquido e certo, vencido ou vincendo que se tenha perante a Fazenda Publica. No âmbito da fazenda pública federal é permitida a auto-compensação (prevista em lei), sob a condição de homologação por parte do fisco, mas o contribuinte terá que informar a Fazenda Pública que está efetuando a compensação e ela vai tomar as medidas necessárias de fiscalização à respeito dessa compensação de tributo. INFORMAÇÃO IMPORTANTE: no âmbito da administração fazendária federal a compensação de créditos de tributos de titularidade do sujeito passivo se dá desde que eles sejam líquidos e certos, vencidos e vincendos e, desde que tenham a mesma espécie (destinação constitucional). Lembramos, que a compensação de tributos requerida no Poder Judiciário não poderá ser realizada enquanto pendente decisão judicial sobre o assunto, devendo-se aguardar o trânsito em julgado da mesma, na esteira do Art. 170-A, do CTN. Súmula 212 do STJ: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar. Súmula 213 do STJ: O mandado de segurança constitui-se ação adequada para à declaração do direito à compensação tributária. Súmula 460 do STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte. Transação Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito tributário. Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso. Significa o estabelecimento de concessões mútuas entre o sujeito ativo e sujeito passivo da obrigação com o objetivo de por término, por fim a litígio, seja no âmbito administrativo ou judicial. São por concessões mútuas que o sujeito passivo e ativo chegam num acordo para por fim ao litígio administrativo ou judicial. Professor Doutor Flávio Galvão 9 O caso mais comum por litígio de transação existente se dá quando a Fazenda Pública concede ao sujeito passivo desconto no pagamento da multa, desde que o sujeito passivo arque com a quitação do crédito tributário. A transação tem uma objetivo: acabar com o litígio do contribuinte com a Fazenda Pública. A transação será sempre concedida por lei que determinará os limites e condições para sua aplicação. Remissão Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito passivo; II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. Significa o perdão total ou parcial das dividas do débito tributário. A remissão será sempre autorizada por lei e concedida pela autoridade administrativa, atendida as condições e os critérios estabelecidos no art.172 do CTN. A concessão de remissão não gera direito adquirido na hipótese de fraude do contribuinte, em face da Fazenda Pública. Uma vez cometida à fraude pelo contribuinte em relação as condições, a Fazenda Pública pode revogar a concessão da remissão. Decadência Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto,contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Professor Doutor Flávio Galvão 10 É a perda do direito que o FISCO tem de LANÇAR o tributo, ou seja, o direito que o FISCO tem de CONSTITUIR o crédito tributário. O prazo para a constituição do crédito tributário será de 5 anos a contar: A) nos casos de lançamento de Ofício ou por Declaração – o prazo decadencial será contado do 1º dia do exercício seguinte à aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; B) no caso de DECISÃO DEFINITIVA no âmbito do processo administrativo ou judicial tributário – o prazo será contado a partir da data do trânsito em julgado da decisão que anular por vício formal o lançamento anterior; C) nos tributos lançados por HOMOLOGAÇÃO, conforme a previsão do §4º, do Art. 150, do CTN, o prazo de decadência começa a ser contado da data da ocorrência do fato gerador do tributo, quando ocorrer o pagamento antecipado do tributo. D) nos tributos lançados por homologação, quando não ocorre o pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência passa a ser contado na conformidade do Inciso I, do Art. 173, do CTN, ou seja, do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Registre-se que a previsão do Inciso I, do Art.173, do CTN, também é aplicável aos casos em que ocorre a conduta do contribuinte em relação ao lançamento do crédito tributário com o intuito de fraudar o fisco no cumprimento da obrigação tributária. Ou seja, a conduta dolosa, intencional do sujeito passivo da obrigação tributária, com a finalidade de fraudar ou simular a inexistência da ocorrência do fato gerador do tributo, faz com que o prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário seja regido pelo Inciso I, do Art. 173, do CTN. Professor Doutor Flávio Galvão 11 O vício formal apontado no Inciso II, do Art. 173, do CTN, são os vícios que prejudicam a validade e eficácia do lançamento em seus aspectos de constituição e procedimento. Ou seja, o lançamento válido e eficaz requer que seja feito em obediência a requisitos mínimos de constituição, como por exemplo, assinado por servidor competente; indicação e fundamentação legal da ocorrência do fato gerador. Em relação ao procedimento, podemos afirmar que no curso do processo administrativo ou judicial tributário devem ser obedecidos todas as normas pertinentes ao respeito do princípio de ampla defesa e contraditório, qualquer ofensa a estes princípios processuais, sendo declarados por meio de decisão definitiva transitada em julgada, permite o início da contagem do prazo decadencial para extinguir a relação jurídico tributária. A previsão do parágrafo único do Art. 173, do CTN, não pode ser entendida como modalidade de suspensão ou de interrupção do prazo decadencial. Trata-se de mera indicação a respeito de antecipação da contagem do prazo decadencial, na previsão do Inciso I, do Art. 173, quando ocorre a notificação do contribuinte dando conta do início de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Nesse sentido, diante dos lançamentos de ofício e declaração, quando o Fisco notifica o contribuinte de que se inicia procedimento de lançamento do crédito tributário. Será desta data que se inicia o prazo decadencial de cinco anos e não do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado. Prescrição Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp118.htm#art174 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp118.htm#art174 Professor Doutor Flávio Galvão 12 É o prazo para exercer o direito de cobrar o crédito tributário. A prescrição terá o seu início em 05 anos a partir da data de constituição definitiva do lançamento, de acordo com a modalidade de lançamento. Nos casos de lançamento de ofício e por declaração, o prazo prescricional começa a ser contado em duas modalidades possíveis: a) A partir do 31º dia da Notificação de Lançamento, no caso do contribuinte não efetuar a impugnação do lançamento, dando início ao procedimento contencioso do processo administrativo fiscal; b) Caso ocorra a utilização do processo administrativo fiscal pelo contribuinte, o prazo prescricional será contado a partir da data do trânsito em julgado da decisão definitiva proferida nos autos do processo administrativo fiscal. Isto porque, enquanto perdurar o processo administrativo fiscal está suspensa a exigibilidade do crédito tributário, não podendo o Fisco realizar qualquer ato administrativo ou judicial relativo a cobrança do crédito tributário e, nesse caso, não podendo fluir o prazo prescricional nesse período. No caso de lançamento por homologação, quando ocorre a declaração do contribuinte no tocante ao montante do tributo, o prazo prescricional começa a ser contado da declaração realizada pelo contribuinte, na conformidade da Súmula 436 do STJ: A entrega da declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. A prescrição se interrompe pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal. (I, do Parágrafo Único, do Art. 174) Professor Doutor Flávio Galvão 13 A fluência do prazo prescricional se interrompe com esse fato, e o prazo prescricional passa a ser contado novamente para que a Fazenda Pública não veja prescrito o seu direito de ação. A prescrição se interrompe pelo protesto judicial, justificada no caso de não ter a Fazenda Pública condições de proceder a execução fiscal, diante da possibilidade de fluir o prazo prescricional. O protesto judicial é procedimento estabelecido pelo CPC, nos Arts. 867 a 873, que não tem correspondência no atual e novo CPC, eis que esse não limita o uso de cautelares e de urgência a procedimentos típicos. (II, do Parágrafo Único, do Art. 174). No inciso III, do Parágrafo Único, do Art. 174, vamos encontrar a possibilidade de qualquer ato judicial de constitua em mora o devedor, tais como as notificações ou intimações judiciais, que se caracterizam como meio processual para que o credor possa receber o crédito. No inciso IV, do Parágrafo Único, do Art. 174, temos as iniciativas do devedor, para a interrupção da prescrição, como pedidos de compensação, de parcelamento do débito. OBS: No caso de exclusão de parcelamento do contribuinte que não cumpriu as condições necessárias ou que deixou de pagar as parcelas, o prazo prescricional começa a fluir da data da publicação do ato administrativo excludente. OBS: As declarações retificadoras quando tratam de alterar o montante do tributo devido, ou seja, tem nítida correspondência com os aspectos quantitativos da obrigação tributária, ocasionam a interrupção da prescrição, na conformidade do entendimento jurisprudencial do STJ. Temos também a chamada prescrição intercorrente no processo de execução fiscal, na precisão do §4º, do art. 40, da Lei de Execuções Fiscais. Desse modo, passados mais de um ano sem a possibilidade de localização do devedor ou de bem passíveis de execução, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
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