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Gilberto Lopes Filho Hugo Emerenciano Santos Desenvolvimento de um Gerador Síncrono de Ímãs Permanentes sobre a Estrutura de uma Bicicleta Goiânia 2016 Gilberto Lopes Filho Hugo Emerenciano Santos Desenvolvimento de um Gerador Síncrono de Ímãs Permanentes sobre a Estrutura de uma Bicicleta Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do diploma no curso de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Goiás Universidade Federal de Goiás Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação Trabalho de Conclusão de Curso Orientador: Prof. Dr. Igor Kopcak Goiânia 2016 Gilberto Lopes Filho Hugo Emerenciano Santos Desenvolvimento de um Gerador Síncrono de Ímãs Permanentes sobre a Estrutura de uma Bicicleta/ Gilberto Lopes Filho Hugo Emerenciano Santos. – Goiânia, 2016- 112 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Igor Kopcak TCC – Universidade Federal de Goiás Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação Trabalho de Conclusão de Curso, 2016. 1. Ímã. 2. Bicicleta. 2. Neodímio. I. Prof. Dr. Igor Kopcak. II. Universidade Federal de Goiás. III. Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação. IV. Desenvolvimento de um Gerador Síncrono de Ímãs Permanentes sobre a Estrutura de uma Bicicleta Gilberto Lopes Filho Hugo Emerenciano Santos Desenvolvimento de um Gerador Síncrono de Ímãs Permanentes sobre a Estrutura de uma Bicicleta Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do diploma no curso de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Goiás Trabalho aprovado. Goiânia, 08 de dezembro de 2016: Prof. Dr. Igor Kopcak Orientador Prof. Dr. Gelson Antônio A. Brigatto EMC/UFG Prof. Dr. Geyverson Teixeira de Paula EMC/UFG Goiânia 2016 “Vá embora criança humana pelas águas e montanhas de mãos dadas com uma fada azul, pois o mundo é mais cheio de dor do que possa imaginar, sua busca é perigosa mas a recompensa é valiosa. Este trabalho é dedicado às crianças adultas que, quando pequenas, sonharam em se tornar cientistas." (A.I. – Inteligência Artificial) e (Autor Desconhecido) Agradecimentos Agradecemos primeiramente a Deus que nos deu o dom de pensar e esteve presente em todos os momentos das nossas vidas. Sem Ele nada disso seria possível. Aos nossos pais que nos educaram e nos possibilitaram chegar até aqui, nos incentivando e dando forças nos momentos difíceis. Ao Prof. Dr. Igor Kopcak que nos orientou pacientemente buscando sempre o melhor do Trabalho. Ao Prof. Dr. José Wilson Lima Nerys que gentilmente cedeu o espaço de seu laboratório na primeira etapa desse projeto. Ao Gustavo de Castro Lopes que nos auxiliou, usando a ferramenta SolidWorks, na elaboração de alguns desenhos utilizados ao longo deste trabalho. Ao nosso grande amigo Gustavo Souza, fonte de inspiração para nós e exemplo de humildade. Aos demais professores, colegas e funcionários da Universidade que incentivaram e contribuíram direta ou indiretamente com este trabalho. Resumo Neste trabalho de conclusão de curso foi projetado, construído e testado o desempenho de um Gerador Síncrono de Ímãs Permanentes. A premissa do projeto foi desenvolver em uma bicicleta, utilizando de sua própria estrutura, um gerador de eletricidade. A energia cinética desenvolvida pelo ciclista é convertida em energia elétrica. O rotor do gerador é constituído de ímãs de neodímio que são fixados entre os raios da roda traseira da bicicleta, e o estator é uma única bobina em forma de U fixada ao quadro da bicicleta. Foi estudada a melhor forma de distribuição dos ímãs ao longo do rotor. Foram realizados ensaios afim de se obter os parâmetros elétricos do gerador, tais como corrente, tensão e potência em função da velocidade e impedância interna. Desejava-se ainda obter o modelo do circuito magnético e a distribuição magnética dos ímãs no espaço por meio das linhas de campo. Obteve-se a relação entre a forma de onda induzida no estator e a forma de onda do fluxo magnético. A tensão de saída do gerador é retificada, filtrada e regulada para que se obtenha uma fonte de tensão de 5 Vdc. É possível com esse gerador alimentar um conjunto de LEDs brancos que funcionam como faróis dianteiro e traseiro, e carregar a bateria de um celular. O protótipo servirá para auxiliar o entendimento do funcionamento de máquinas síncronas de ímãs permanentes no Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia. Palavras-chave: bicicleta, gerador, ímã, neodímio. Lista de ilustrações Figura 2.1 – Exemplo de um núcleo ferromagnético. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 2.2 – Circuito magnético equivalente da Figura 2.1. . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 2.3 – Ímã de Neodímio utilizado neste trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Figura 2.4 – Símbolo do diodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Figura 2.5 – Curva de Operação do Diodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Figura 2.6 – Diodo 1N4007. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 2.7 – Simbologias de Capacitores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 2.8 – Capacitor de 4700 µF, 25V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 2.9 – Circuito Retificador de Tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 2.10–Saida Retificada Filtrada com o Capacitor . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 2.11–Símbolo do regulador de tensão 7805. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Figura 2.12–CI Regulador de Tensão 7805. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 Figura 2.13–Exemplo de EcoBikes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Figura 2.14–Dispositivo Rolo de Treino em funcionamento. . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 3.1 – Primeiros testes da estrutura do rotor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Figura 3.2 – Ideia para o núcleo ferromagnético para compor o estator da máquina. 38 Figura 3.3 – Primeira versão do estator. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Figura 3.4 – Versão final do rotor no primeiro protótipo. . . . . . . . . . . . . . . . 40 Figura 3.5 – Disposição 1 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Figura 3.6 – Forma de onda de tensão para primeira disposição dos ímãs. . . . . . . 42 Figura 3.7 – Disposição 2 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Figura 3.8 – Forma de onda de tensão para segunda disposição dos ímãs. . . . . . . 43 Figura 3.9 – Disposição 3 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Figura 3.10–Forma de onda de tensão para terceira disposição dos ímãs. . . . . . . 44 Figura 3.11–Disposição 4 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 3.12–Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 4. . . . . . 45 Figura 3.13–Disposição 5 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Figura 3.14–Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 5. . . . . . 46 Figura 3.15–Disposição 6 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Figura 3.16–Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 6. . . . . . 47 Figura 3.17–Disposição 7 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Figura 3.18–Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 7. . . . . . 48 Figura 3.19–Disposição 8 meramente ilustrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Figura 3.20–Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 8. . . . . . 49 Figura 3.21–Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 1. 50 Figura 3.22–Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 2. 51 Figura 3.23–Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 3. 51 Figura 3.24–Forma de onda de tensãoretificada para disposição dos ímãs número 4. 52 Figura 3.25–Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 5. 52 Figura 3.26–Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 6. 53 Figura 3.27–Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 7. 53 Figura 3.28–Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 8. 54 Figura 3.29–Dimensões em mm do núcleo ferromagnético do segundo protótipo. . . 56 Figura 3.30–Dimensão em mm da espessura do núcleo ferromagnético do segundo protótipo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Figura 3.31–Ideia para o núcleo ferromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 3.32–Disposição 1 das camadas do núcleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 3.33–Disposição 2 das camadas do núcleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Figura 3.34–Vista isométrica do núcleo ferromagnético do segundo protótipo. . . . . 59 Figura 3.35–Estator do protótipo 2 fixado na bicicleta. . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Figura 3.36–Vista Isométrica 1 da estrutura do rotor do protótipo 2. . . . . . . . . 61 Figura 3.37–Vista Isométrica 2 da estrutura do rotor do protótipo 2. . . . . . . . . 62 Figura 3.38–Vista Isométrica 3 da estrutura do rotor do protótipo 2. . . . . . . . . 62 Figura 3.39–Motor de indução utilizado no ensaio para fornecer a energia cinética do gerador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Figura 3.40–Coroa de bicicleta a ser fixada no motor de indução. . . . . . . . . . . 65 Figura 3.41–Motor de indução com a coroa na corrente da bicicleta. . . . . . . . . . 65 Figura 3.42–Motor de indução com a coroa na corrente da bicicleta. . . . . . . . . . 66 Figura 3.43–Arranjo montado para os ensaios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Figura 3.44–Ímãs de neodímio passando no entreferro. . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 3.45–Arranjo montado para os ensaios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Figura 3.46–Inversor de frequência para controlar o motor de indução. . . . . . . . 68 Figura 3.47–Inversor encapado com papel alumínio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Figura 3.48–Inversor encapado com papel alumínio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Figura 3.49–Materiais utilizados nos ensaios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Figura 3.50–Circuito Modelado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 3.51–Circuito equivalente utilizado no ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Figura 3.52–Forma de onda da tensão induzida (amarela) e do fluxo magnético (rosa). 73 Figura 3.53–Diagrama esquemático do circuito projetado para retificação e estabili- zação da tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Figura 3.54–Circuito na placa perfurada da ponte retificadora não controlada. . . . 74 Figura 4.1 – Curva de Corrente por Tensão em 59 rpm. . . . . . . . . . . . . . . . . 78 Figura 4.2 – Curva de Corrente por Tensão em 144 rpm. . . . . . . . . . . . . . . . 78 Figura 4.3 – Curva de Corrente por Tensão em 209 rpm. . . . . . . . . . . . . . . . 79 Figura 4.4 – Curva de Potência por Tensão em 59 rpm . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Figura 4.5 – Curva de Potência por Tensão em 144 rpm . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Figura 4.6 – Curva de Potência por Tensão em 209 rpm . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Figura 4.7 – Curva de Potência por Resistência em 59rpm . . . . . . . . . . . . . . 81 Figura 4.8 – Curva de Potência por Resistência em 144 rpm . . . . . . . . . . . . . 82 Figura 4.9 – Curva de Potência por Resistência em 209 rpm . . . . . . . . . . . . . 82 Figura 4.10–Curva de Tensão por Velocidade a vazio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Figura 4.11–Curva de Tensão por Velocidade com carga de 300 Ω. . . . . . . . . . . 85 Figura 4.12–Curva de Tensão por Velocidade com carga de 400 Ω. . . . . . . . . . . 86 Figura 4.13–Versão Final do Projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Figura 4.14–Versão Final do Projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Figura 4.15–Ímãs de neodímio presos em palitos de picolé fixados nos raios da bicicleta. 91 Figura 4.16–Ímã de neodímio em detalhe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Figura 4.17–Circuito retificador soldado em placa perfurada. . . . . . . . . . . . . . 92 Figura 4.18–Chaves para acionar os farois dianteiro e traseiro e saída USB com 5 V 92 Figura 4.19–Farol dianteiro da bicicleta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Figura 4.20–Farol traseiro da bicicleta aceso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Figura 4.21–Lanterna dianteiro da bicicleta aceso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Figura 4.22–Tela de um celular ao se tentar carregá-lo na saída USB. . . . . . . . . 96 Lista de tabelas Tabela 2.1 – Correlação entre parâmetros dos circuitos elétricos e magnéticos. . . . 26 Tabela 4.1 – Ensaio em Vazio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Tabela 4.2 – Ensaio para carga de 300 Ω. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Tabela 4.3 – Ensaio para carga de 400 Ω. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Tabela 4.4 – Luminosidade do farol dianteiro de acordo o luxímetro LD-209. . . . . 87 Tabela 4.5 – Luminosidade do farol traseiro de acordo o luxímetro LD-209. . . . . . 87 Tabela 4.6 – Luminosidade do farol traseiro de acordo o luxímetro LX-107. . . . . . 87 Tabela 4.7 – Luminosidade do farol dianteiro de acordo o luxímetro LX-107. . . . . 87 Tabela 4.8 – Tabela de Custos deste projeto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Tabela A.1–Ensaio Com Rotação de 59rpm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Tabela B.1 –Ensaio Com Rotação de 144rpm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Tabela C.1 –Ensaio Com Rotação de 209rpm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Tabela D.1–Tabela para Obtenção da Indutância Interna do Gerador . . . . . . . . 109 Sumário 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.1 Princípios Eletromagnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.2 Máquinas Elétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.2.1 Máquinas com ímãs permanentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.2.2 Ímãs permanentes de neodímio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 2.3 Eletrônica de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.3.1 Diodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.3.2 Capacitor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.3.3 Regulador de Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.4 Trabalhos Similares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.4.1 Trabalhos envolvendo bicicletas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.4.1.1 EcoBike . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.4.1.2 Bicicleta Recarregável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.4.1.3 Dispositivo Rolo de Treino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.4.2 Trabalho envolvendo geradores de ímã de neodímio . . . . . . . . . . . . . 34 2.4.2.1 Gerador Magnético de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.4.2.2 Desenvolvimento e aplicação de uma turbina eólica . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.4.2.3 Gerador hidroelétrico de neodímio em uma roda d’água . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.4.2.4 Gerador de ímãs permanentes de fluxo axial para turbinaeólica . . . . . . . . . . . . 35 2.4.2.5 Análise de uma máquina síncrona de ímã permanente com tensão não-senoidal . . . . 36 2.4.2.6 Análise da variação da tensão gerada e do estado de magnetização em um gerador com ímãs permanentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.1 Primeiro protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.1.1 Confecção do estator da máquina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.1.2 Confecção do rotor da máquina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.1.3 Ensaios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3.1.3.1 Ensaios com carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.1.3.2 Formas de onda retificadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 3.1.4 Conclusões acerca do primeiro protótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.2 Protótipo Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.2.1 Considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3.2.2 Estator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.2.2.1 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.2.3 Rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 3.2.3.1 Material e estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 3.2.4 Ensaios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 3.2.4.1 Velocidade fixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 3.2.4.2 Carga fixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 3.2.4.3 Obtenção da indutância e resistência do gerador . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 3.2.5 Forma de onda da tensão induzida e do fluxo magnético . . . . . . . . . . 72 3.2.6 Tratamento da tensão e alimentação de uma carga CC . . . . . . . . . . . 73 3.2.7 Elaboração de um roteiro de experimento para o Laboratório de Conversão . 75 4 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 4.1 Discussão dos Ensaios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 4.1.1 Ensaios com velocidade fixa (7 km/h , 17 km/h e 25 km/h) variando-se a carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 4.1.2 Ensaios com carga fixa (a vazio, 300Ω e 400Ω) variando-se a velocidade . . 83 4.1.3 Medição da luminosidade dos faróis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 4.2 Aspectos Construtivos do Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 4.3 Custos do Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 4.4 Fotos da Versão Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 5.1 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 5.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 APÊNDICES 101 APÊNDICE A – ENSAIO EM BAIXA ROTAÇÃO . . . . . . . . . . 103 APÊNDICE B – ENSAIO EM MÉDIA ROTAÇÃO . . . . . . . . . . 105 APÊNDICE C – ENSAIO EM ALTA ROTAÇÃO . . . . . . . . . . . 107 APÊNDICE D – OBTENÇÃO DA INDUTÂNCIA INTERNA DO GERADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 APÊNDICE E – ROTEIRO DE EXPERIMENTO PARA O LABO- RATÓRIO DE CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 E.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 E.2 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 E.3 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 E.3.1 Ensaio a vazio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 E.3.2 Ensaio com carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 E.3.3 Variação da carga para uma velocidade fixa . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 E.3.4 Discussões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 21 1 Introdução 1.1 Motivação Nos últimos anos no Brasil e no mundo o número de ciclistas vem crescendo cada vez mais (BAPTISTA, 2016; BLONDIAU; ZEEBROECK, 2016). Os motivos que incentivam cada vez mais pessoas a pegarem suas bicicletas e saírem às ruas são diversos, como atividades de lazer, saúde, ou mesmo como meio de transporte. Um desafio enfrentado pelos ciclistas vem junto com o pôr do sol. Ao contrário dos veículos automobilísticos, uma bicicleta não possui faróis de forma nativa, o que torna impraticável o percurso em regiões sem iluminação artificial. O problema se torna mais acentuado quando se divide espaço entre veículos motorizados, seja em zona urbana ou em rodovias. Assim sendo, enxergar e se fazer enxergar torna-se fundamental para a segurança e integridade dos praticantes de ciclismos durante a noite. Antigamente, por volta da década de 1990, utilizava-se um sistema composto por um dínamo, acoplado mecanicamente a roda da bicicleta que fornecia a energia para alimentar uma pequena lâmpada incandescente, ou mesmo uma de LED (light emissor diode) (METSELAAR, 1997). Uma das vantagens dessa abordagem era o não uso de baterias, já que a energia mecânica do movimento do ciclista era em parte convertida para a iluminação, proporcionando assim uma autonomia praticamente ilimitada. Contudo uma das principais desvantagens é que devido ao acoplamento direto com a roda, havia um esforço considerável incrementado ao pedalar. Hoje em dia, embora ainda se encontre no mercado, pouco se utiliza desse equipamento. Atualmente existem algumas soluções para esses problema como por exemplo faróis de led, alimentados por bateria. Esses conjuntos podem ser encontrados, no sítio Mercado Livre R©, com preços que variam entre R$ 50,00 a R$ 300,00, podendo ultrapassar e muito esse valor caso se busque um produto de altíssimo desempenho. Uma das vantagem é a alta capacidade luminosa. Entretanto, como desvantagens pode-se apontar o uso de baterias e o preço elevado do conjunto. Tendo em vista esses fatores, e munidos de uma curiosidade e empenho em aplicar os conhecimentos teóricos aprendidos em sala de aula, propões-se neste trabalho projetar e implementar um gerador elétrico síncrono numa bicicleta, utilizando a roda como rotor e ímãs de neodímio para produzir o campo magnético. Com o devido tratamento eletrônico das formas de onda produzidas por este gerador, objetiva-se alimentar cargas como os faróis e também aproveitar o uso da energia produzida para carregar um celular, num percurso durante o dia, por exemplo. 22 Capítulo 1. Introdução 1.2 Objetivo Os objetivos deste projeto são: 1. Desenvolver e implementar o projeto de uma máquina síncrona de ímãs permanentes; 2. Levantar os parâmetros da máquina elétrica; 3. Verificar o comportamento do gerador elétrico para diferentes valores de carga e diferentes velocidades; 4. Correlacionar a tensão induzida e o fluxo magnético no estator por meio de suas formas de onda; 5. Obter o circuito elétrico e magnético equivalente do gerador; 6. Retificar, filtrar e regular a tensão de saída do gerador; 7. Usar o gerador para alimentar um conjunto de LEDs e carregar um celular; 8. Fazer a correlação com Máquinas Síncronas de Ímã permanentes utilizadas em aerogeradores. 23 2 Fundamentação Teórica 2.1 Princípios Eletromagnéticos O princípio de funcionamento dos motores e posteriormente geradores tiveram início nas pesquisas de Faraday. Ele constatou que um campo magnético variante no tempo (Φ(t)) em um enrolamento de n espiras resultava nos terminais desta uma força eletromotriz (fem) que é expressa pelaEquação (2.1) a seguir: fem = −dΦdt (2.1) O sinal negativo na Equação (2.1) indica que a fem é tal que produz uma corrente cujo o fluxo produzido reduziria a intensidade da fem. Essa afirmação de que a tensão induzida age de forma a produzir um fluxo oposto é conhecida como Lei de Lenz. A Lei de Ampère e a Lei de Gauss mostradas nas Equações (2.2) e (2.3), respectiva- mente, são muito importantes para o entendimento do comportamento do fluxo magnético dentro das máquinas elétricas. ∮ C H.dl = ∫ S J.da (2.2) ∮ S B.da = 0 (2.3) Na Equação (2.2) tem-se que a corrente total que passa por uma superfície S, em função da densidade de corrente J em uma certa área, é igual a somatória das componentes tangenciais da intensidade do campo magnético H em um caminho fechado C em torno dessa superfície. Já na Equação (2.3) percebe-se que a densidade de fluxo magnético B é conservativa, ou seja, todo o fluxo que entra numa superfície sai por ela. Isso equivale a dizer que não existe mono-pólos magnéticos (SILVA, 2014). O fluxo magnético φ, conforme a Equação (2.4), que atravessa uma superfície S é a integral de superfície da componente normal de B. Em unidades SI, a unidade de φ é o Weber (Wb). φ = ∫ S B.da (2.4) O conceito de circuito magnético é uma suposição que produz simplificações na resolução das Equações (2.2) e (2.3). Encontrar a solução geral dessas equações em 24 Capítulo 2. Fundamentação Teórica geometrias complexas é extremamente difícil, portanto o conceito de circuito magnético é um modelo que trata um problema de campo magnético tridimensional em um circuito equivalente unidimensional, com resultados aceitáveis na engenharia (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006). Um circuito magnético consiste em uma estrutura em que grande parte é composta por material magnético de alta permeabilidade. Isso tende a fazer com que o fluxo magnético fique confinado apenas no interior do circuito magnético. A Figura 2.1 apresenta um exemplo de um núcleo ferromagnético e a Figura 2.2 apresenta o circuito magnético equivalente. Figura 2.1 – Exemplo de um núcleo ferromagnético. Fonte: (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006) Figura 2.2 – Circuito magnético equivalente da Figura 2.1. Fonte: (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006) A permeabilidade (µ) de um material é a capacidade de facilitar a passagem de fluxo magnético por meio deste. Uma forma de se comparar a magnitude dessa grandeza é fazendo-se a razão do µ de um material em relação a permeabilidade do vácuo (µ0), obtendo-se assim a permeabilidade relativa (µr) dada pela Equação (2.5). 2.1. Princípios Eletromagnéticos 25 µr = µ µ0 (2.5) Conforme os valores de µr, os materiais são classificados como diamagnético, paramagnético ou ferromagnético. O µr dos materiais ferromagnéticos é elevado, fazendo com que o fluxo tenha uma tendência a passar por esse material, como mencionado anteriormente. A Equação (2.6) é uma simplificação da Equação (2.4) e pode ser usada para seções retas de um circuito magnético, pois se assume que a densidade de fluxo magnético é uniforme nesta seção. φ = B.A (2.6) Da Equação (2.1), a relação entre a força magnetomotriz fmm que atua em um circuito magnético e a intensidade do campo magnético naquele circuito é descrita pela Equação 2.7, onde N é o número de espiras e i é a corrente elétrica. fmm = N.i = ∮ C H.dl (2.7) As dimensões do núcleo são tais que o comprimento do caminho magnético de qualquer linha de fluxo é aproximadamente igual ao comprimento médio do núcleo (FITZ- GERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006). Desse modo a relação entre a fem e intensidade do campo magnético pode ser descrita conforme a Equação (2.8). fmm = N.i = H.l (2.8) A relação entre intensidade de campo magnético H e a densidade de fluxo magnético B é uma propriedade do material em que se encontra o campo magnético, conforme Equação (2.9). B = µ.H (2.9) Os transformadores são enrolados em núcleo fechado. No entanto, os dispositivos de conversão eletromecânica de energia que contêm um elemento móvel incluem entreferros em seus circuitos magnéticos. É interessante se projetar o entreferro muito menor do que as dimensões das faces adjacentes do núcleo, pois o fluxo magnético tenderá a seguir o caminho definido pelo núcleo e pelo entreferro. Quando o comprimento do entreferro torna-se excessivamente grande, o fluxo tende a se dispersar pelos lados do entreferro. 26 Capítulo 2. Fundamentação Teórica É possível fazer uma analogia entre circuitos magnético e elétricos. A comparação chega a ser tão perfeita que até as Leis de Kirchhoff para circuitos elétricos possuem equivalentes no modelo de circuito magnético, conforme a Tabela 2.1. Tabela 2.1 – Correlação entre parâmetros dos circuitos elétricos e magnéticos. Circuito Elétrico Circuito Magnético I: Corrente Elétrica(A) Φ: Fluxo Magnético(Wb) fem: Força Eletromotriz(V ) fmm = N.i: Força Magnetomotriz(Ae) J = I A : Densidade de Corrente Elétrica (A/m2) B =Φ A : Densidade de Fluxo Magnético(Wb/m2) σ: Condutividade (S/m) µ : Permeabilidade (H/m) R = 1 σ . l A : Resistência(Ω) R = 1µ . lA : Relutância (Ae/Wb) G = 1 R : Condutância (S) P = 1 R : Permeância (Wb/Ae) Fonte: (BIM, 2009) 2.2 Máquinas Elétricas As máquinas elétricas são conversores eletromecânicos rotativos de energia que funcionam baseados na produção de campos magnéticos variantes no tempo. Nas máquinas síncronas, operando como motor, o estator é alimentado em corrente alternada e o rotor em corrente contínua. O rotor da máquina síncrona pode ser de polos lisos ou de polos salientes: no primeiro os enrolamentos são distribuídos e no segundo os enrolamentos são concentrados. Esses polos podem ser estabelecidos por meio de uma fonte externa de corrente contínua ou por meio de ímãs permanentes fixados na estrutura do rotor. Utilizando a configuração de ímãs permanentes não há necessidade da fonte externa (BIM, 2009). A distribuição de fluxo magnético de rotor é estacionária em relação ao rotor, mas a medida que o rotor gira o fluxo concatenado no enrolamento do estator irá variar. Desse 2.2. Máquinas Elétricas 27 modo, se a máquina estiver funcionando como gerador, ao se aplicar uma energia mecânica no rotor de modo que este gire, parte dessa energia será convertida em energia elétrica por meio da indução de corrente no estator. 2.2.1 Máquinas com ímãs permanentes Quando os polos gerados são estabelecidos por ímãs permanentes as máquinas são denominadas máquinas de ímãs permanentes. (BIM, 2009). As principais vantagens do uso de ímãs em máquinas elétricas para produzir o campo magnético são: 1. eliminação de fontes externas para gerar o campo; 2. eliminação de escovas e anéis; 3. máquinas menores e mais leves; 4. geometrias mais flexíveis como uma forma de diminuir custos de fabricação; 5. simplicidade na construção dos rotores. Dentre as desvantagens estão: 1. a perda do controle do campo; 2. a desmagnetização dos ímãs permanentes devido à temperaturas excessivas, reação de armadura elevada ou impactos mecânicos; 3. o aumento da complexidade dos controladores eletrônicos. 2.2.2 Ímãs permanentes de neodímio O ímã de neodímio é um dos materiais magnéticos mais fortes disponíveis comerci- almente no mundo (DBS, 2015). Ele oferece um nível de magnetismo e uma resistência a desmagnetização muito superior aos ímãs de ferrite, alnico e samário-cobalto. Isso os torna muito úteis em diversos tipos de aplicações industriais. Outro atributo importante de ímãs de neodímio que contribuiu para sua popularidade é o fator preço. Ímãs de neodímio são relativamente baratos e acessíveis a professores, alunos e curiosos em geral. Os ímãs de neodímio foram desenvolvidos em 1982 pela General Motors e Sumitomo Metais Especiais tendo como base o neodímio, ferro e boro (DBS, 2015). Os ímãs de neodímioinicialmente foram desenvolvidos em alternativa ao alto preço dos ímã de samário- cobalto, pois era necessário se obter ímãs com alto desempenho e menor custo. 28 Capítulo 2. Fundamentação Teórica Algumas das desvantagens dos ímãs de neodímio é que são bastante frágeis me- canicamente, sua camada protetora de níquel pode se desfazer com o impacto ou com determinados atritos, oxidam facilmente quando sua camada protetora é rompida, e por terem fortes campos magnéticos requerem cuidado com seu manuseio. Existe uma código que classifica os ímãs de acordo com a intensidade do campo magnético que este produz e do limite de temperatura suportado sem que haja dano ao componente. Neste trabalho foi utilizado o ímã de neodímio N35. Ele possui o formato cilíndrico, com 5mm de altura e 13mm de diâmetro. De acordo com o fabricante ele possui densidade de campo magnética de 3800 Gauss, que corresponde à 380 mWb/m2 ou 0,38 Teslas. A Figura 2.3 apresenta o ímã de neodímio utilizado para o desenvolvimento deste trabalho (DBS, 2015). Figura 2.3 – Ímã de Neodímio utilizado neste trabalho. Fonte: (DBS, 2015) 2.3 Eletrônica de Potência O desenvolvimento de chaves de potência utilizando os semicondutores fez com que a eletrônica de potência se desenvolvesse muito nas últimas décadas. Atualmente é possível controlar com precisão a tensão, corrente e a frequência em uma máquina elétrica CA (FITZGERALD; KINGSLEY; UMANS, 2006). Neste trabalho foi projetado e confeccionado um circuito que realiza a retificação, filtragem e estabilização da forma de onda de tensão de saída do gerador síncrono de ímãs permanentes. Para isso foram utilizados alguns componentes eletrônicos doravantes descritos. 2.3.1 Diodo Os diodos constituem as mais simples das chaves de potência. Eles permitem que a corrente elétrica flua apenas em um sentindo, ou seja, o diodo idealmente bloqueia o 2.3. Eletrônica de Potência 29 fluxo de corrente quando há polarização reversa e deixa passar corrente para polarização direta. Quando o diodo está conduzindo diz-se que ele está diretamente polarizado, e isso ocorre quando é aplicada no terminal ânodo uma tensão maior que no terminal cátodo. Na prática, essa diferença deve ser maior que 0,7 V (BOYLESTAD; NASHELESKY, 1994). O símbolo usado para representar o diodo está mostrado na Figura 2.4. A curva característica do diodo é mostrada na Figura 2.5 Figura 2.4 – Símbolo do diodo. Fonte: (BOYLESTAD; NASHELESKY, 1994) Figura 2.5 – Curva de Operação do Diodo. Fonte: (BOYLESTAD; NASHELESKY, 1994) Apesar desse comportamento simplista, o diodo é usado em uma ampla variedade de aplicações, sendo a mais comum o retificador na conversão CA em CC (que é a utilizada neste trabalho). A Figura 2.6 mostra o diodo 1N4007, componente utilizado neste trabalho. 2.3.2 Capacitor Capacitores são componentes eletrônicos que possuem a capacidade de armazenar energia através de um campo elétrico. Eles são basicamente constituídos de dois materiais condutores separados por um material isolante. Quando os terminais de um capacitor são submetidos a uma tensão este começa seu processo de carregamento, as cargas se 30 Capítulo 2. Fundamentação Teórica Figura 2.6 – Diodo 1N4007. Fonte: (MALVINO, 1997) acumulando nos condutores isolados entre si. A corrente elétrica que passa pelo capacitor decresce, durante o carregamento até que a tensão do capacitor se torne igual a fornecida (quantidade de cargas acumuladas atingem o equilíbrio). No processo inverso, no qual o capacitor começa a fornecer corrente ao circuito, o capacitor descarrega as cargas acumuladas até que se atinja a tensão aplicada em seus terminais chegando assim a um novo equilíbrio. Os capacitores possuem duas informações importantes que são: sua tensão limite de operação e a sua capacitância, que nada mais é do que a carga que ele pode armazenar em relação a ddp aplicada. Na Figura 2.7 temos o exemplo de duas representações de tipos de capacitores, um de cerâmica (sem polaridade) e outro eletrolítico (com polaridade). Na Figura 2.8 é apresentada uma foto de um capacitor eletrolítico. Figura 2.7 – Simbologias de Capacitores Fonte:(MALVINO, 1997) Aproveitando-se dessa propriedade dos capacitores de se acumular energia, estes são amplamente utilizados em eletrônica. Uma aplicação bastante importante de capacitores é 2.3. Eletrônica de Potência 31 Figura 2.8 – Capacitor de 4700 µF, 25V Fonte:(MALVINO, 1997) em circuitos retificadores de tensão. O circuito retificador apresentado na Figura 2.9 tem o capacitor C1 com a função de tornar mais constante a saída da tensão, diminuindo a ondulação de tensão (ripple) mostrado na Figura 2.10. Figura 2.9 – Circuito Retificador de Tensão. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 2.10 – Saida Retificada Filtrada com o Capacitor Fonte: (BOYLESTAD; NASHELESKY, 1994) 2.3.3 Regulador de Tensão O regulador de tensão é um dispositivo capaz de manter a tensão de saída constante (estabilizada) em um circuito elétrico mesmo havendo variações na tensão de entrada. Geralmente é formado por resistores e elementos semicondutores como diodos zener e 32 Capítulo 2. Fundamentação Teórica transistores. Para esse dispositivo funcionar adequadamente é importante ressaltar que a tensão de entrada deve ser pelo menos maior que a tensão de saída. Os reguladores podem ser implementados usando componentes discretos ou podem ser adquiridos na forma de circuito integrado (CI). Existem vários tipos de CIs reguladores de tensão, e os mais comuns são da série 78XX. Neste trabalho foi utilizado o CI 7805 para regular a tensão de saída retificada do gerador para 5V, possibilitando o carregamento do celular e o acendimento dos LEDs sem danificá-los. A Figura 2.11 mostra o símbolo do regulador de tensão 7805, e a Figura 2.12 mostra o CI 7805. Figura 2.11 – Símbolo do regulador de tensão 7805. Fonte: (BOYLESTAD; NASHELESKY, 1994) Figura 2.12 – CI Regulador de Tensão 7805. Fonte: (BOYLESTAD; NASHELESKY, 1994) 2.4. Trabalhos Similares 33 2.4 Trabalhos Similares Investigaram-se alguns trabalhos similares que envolvessem projetos de geradores síncronos de ímãs permanentes e bicicletas que produzem energia elétrica a partir da energia mecânica desenvolvida pelo ciclista. Esses trabalhos estão descritos nas seções a seguir. 2.4.1 Trabalhos envolvendo bicicletas 2.4.1.1 EcoBike A EcoBike é uma bicicleta que gera energia elétrica sem emissão de gases poluentes. Ela é estacionária, ou seja, fica fixa no local enquanto as pessoas pedalam. Foi a primeira Solução Sustentável criada pela EcoGreen. Cada EcoBike é acompanhada de uma bateria que acumula toda a energia excedente gerada, ou seja, nenhuma energia é desperdiçada. Elas podem ser interligadas entre si, para que, por exemplo, toda a energia gerada por diversas EcoBikes, sejam destinadas para o mesmo aparelho eletrônico. Também acompanham as EcoBikes, carregadores universais de celulares, para que a pessoa que pedalou possa se beneficiar da sua própria energia. A Figura 2.13 mostra algumas EcoBikes (ECOGREENS SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS, 2013). Figura 2.13 – Exemplo de EcoBikes. Fonte: (ECOGREENS SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS, 2013) 34 Capítulo 2. Fundamentação Teórica Figura 2.14 – Dispositivo Rolo de Treino em funcionamento. Fonte: (ARMELIN, 2013) 2.4.1.2 Bicicleta Recarregável Esse foi um projeto desenvolvido por Gustavo Soares Tonucci, estudante de enge- nharia de produção da PUC-MG. Ele desenvolveu um protótipo de bicicleta estacionária, que gera eletricidade. Ele utiliza uma bateria veicular instalada num suporte dianteiro da bicicleta, um alternador para converter a energia mecânica em energia elétrica. O alternador utilizado foi o da Autopec polia dupla 14V/90A, de potência(PUC-MG, 2015). 2.4.1.3 Dispositivo Rolo de Treino O Engenheiro José Carlos Armelin desenvolveu um sistemacapaz de converter a energia mecânica desenvolvida ao pedalar em eletricidade. A tensão gerada pelo sistema é de 14,5 V, que, ao passar por um inversor de tensão, é transformada em 115 V. A potência do sistema depende da velocidade do pedalar, e pode chegar a até 150 W. A energia pode ser utilizada instantaneamente ou ser armazenada em baterias (ARMELIN, 2013). Esse produto custa em média R$1800,00, de acordo com o web site Pedal Sustentável. A Figura 2.14 apresenta esse dispositivo. 2.4.2 Trabalho envolvendo geradores de ímã de neodímio 2.4.2.1 Gerador Magnético de Energia Esse foi um projeto final desenvolvido por estudantes do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, no estado de São Paulo. Ele consiste em um gerador que funciona pelo princípio da repulsão magnética dos ímãs. Ele foi construído com um 2.4. Trabalhos Similares 35 anel externo e um interno, onde há vários imãs com o mesmo polo virado para o mesmo lado, de tal forma que dado a impulsão inicial o eixo que sustenta os anéis começa a girar. Enrolou-se então uma bobina para se constituir um solenoide normal a superfície dos ímãs, de tal modo que a variação do campo magnético dos ímãs induza uma tensão na bobina. O projeto foi executado porém não obteve-se resultados satisfatórios. De acordo com os autores do projeto, a maior dificuldade foi a montagem mecânica do gerador (EUGENIO et al., 2013). 2.4.2.2 Desenvolvimento e aplicação de uma turbina eólica O trabalho de Cnop e Pereira (2002) detalha o desenvolvimento de um projeto de turbina eólica e apresenta os fundamentos que orientaram as decisões quanto a potência, aerodinâmica, arranjo físico e topologia de gerador. Descreve o trabalho de pesquisa e construção de protótipos e descreve os resultados alcançados. O desenvolvimento de um gerador eólico pode ser dividido, de acordo com Cnop e Pereira (2002), em três áreas: aerodinâmica, máquinas elétricas e eletrônica de potência. Os tópicos referentes a máquinas elétricas foram fundamentais para o desenvolvimento do gerador elétrico de ímãs permanentes sob a estrutura de uma bicicleta proposto neste trabalho, principalmente no que diz respeito aos detalhes mecânicos e aspectos construtivos de uma máquina desse tipo. No trabalho de Cnop e Pereira (2002) implementaram-se algumas turbinas eólicas e são apresentadas as características de cada uma. Um dos fatores significativos foi a relação potência do gerador e peso deste. Essa relação se torna ainda mais crítica quando o projeto é em uma estrutura móvel (em uma bicicleta, por exemplo) e que a energia mecânica que fará com que o rotor da máquina gire seja proveniente de um ser humano (e não do vento, como é o caso de uma turbina eólica). 2.4.2.3 Gerador hidroelétrico de neodímio em uma roda d’água Esse trabalho, que foi desenvolvido por estudantes da USP, consiste em utilizar peças de computador queimadas (HDs) como peças de reaproveitamento para construção de fontes de energia elétrica. Apesar de ser bastante rústico, o experimento obtém energia elétrica a partir de corrente induzida magneticamente, gerada por energia cinética (ITALPRO, 2015). 2.4.2.4 Gerador de ímãs permanentes de fluxo axial para turbina eólica Esse trabalho apresenta o desenvolvimento do projeto e a construção de um gerador eólico de fluxo axial de ímãs permanentes de baixa potência, a ser acionado por uma turbina eólica. Nesse trabalho foram utilizados equacionamentos e estes foram validados com o auxílio de softwares de cálculo de elementos finitos. É salientado que a modelagem 36 Capítulo 2. Fundamentação Teórica mecânica , assim como as considerações sobre o projeto estrutural e os procedimentos de montagem são apresentados de forma a representar a interdependência desses processos no projeto de uma máquina elétrica (MAIA, 2011). 2.4.2.5 Análise de uma máquina síncrona de ímã permanente com tensão não-senoidal Nesse trabalho são mostrados os fatores construtivos que influenciam na forma da tensão gerada bem como o ganho de potência obtido na utilização de máquinas com tensões não senoidais ao invés da geração senoidal padrão. Para isso o autor utilizou os softwares RMXprt, o Maxwell 2D e o Maxwell Circuit Editor (CAETANO, 2013). 2.4.2.6 Análise da variação da tensão gerada e do estado de magnetização em um gerador com ímãs permanentes Esse trabalho analisou o comportamento de um gerador de ímãs permanentes a partir de diferentes pontos de carga aplicada. Quantificando a magnetização dos ímãs presentes o autor desenvolveu um protótipo com desenho propício à adaptação para geradores eólicos (MATHIAZZI, 2007). 37 3 Materiais e Métodos Neste capítulo é descrita a metodologia do projeto e da montagem deste trabalho. São descritos todos os testes e protótipos que foram feitos, bem como os ensaios realizados em cada um, suas vantagens e desvantagens. É descrito ainda todo o desenvolvimento do projeto até se chegar na versão final. 3.1 Primeiro protótipo 3.1.1 Confecção do estator da máquina Foram feitos alguns testes preliminares antes da confecção do primeiro protótipo a fim de se investigar o comportamento da indução eletromagnética. Foram utilizadas tiras retangulares de papelão e estas foram fixadas nos raios da roda, onde posteriormente seriam presos os ímãs. Foram utilizados algumas bobinas apoiadas em suportes próximas à roda e a bicicleta foi colocada de ponta-cabeça. Ao se girar a roda percebeu-se uma forma de onda de tensão com pequena amplitude (ordem de mV) no osciloscópio. A Figura 3.1 apresenta o arranjo feito para esses testes. Figura 3.1 – Primeiros testes da estrutura do rotor. Fonte: Produção dos próprios autores 38 Capítulo 3. Materiais e Métodos A ideia inicial para o primeiro protótipo foi pensar em como seria a estrutura do estator da máquina. Inicialmente havia se pensado em confeccionar várias bobinas e fixá-las próximas a cada ímã, de modo que o número de polos do estator fosse igual ao número de polos do rotor. No entanto isso se mostrou inviável uma vez que a estrutura para fixar as bobinas e mantê-las próximas aos ímãs sem tocar nos raios das rodas era muito complexa de ser feita e não apresentaria uma boa robustez. Além disso, seria necessário espaçar as bobinas corretamente para que a onda de tensão resultante fosse a soma de cada bobina (assumindo que o gerador fosse monofásico). Devido a essas dificuldades essa ideia foi descartada. Por meio dos trabalho estudados, decidiu-se confeccionar o estator em formato de "U". O núcleo ferromagnético abraçaria a roda da bicicleta, com um entreferro suficiente apenas para que a roda girasse. A Figura 3.2 apresenta a proposta dessa peça. Iniciou-se a etapa de escolha do melhor material para compor o estator. Basicamente, era necessário pensar no material do núcleo, que obviamente deveria ser ferromagnético, e do fio que iria constituir a bobina. Para a confecção da bobina optou-se por utilizar fio de cobre esmaltado, pois havia disponibilidade desse material no Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia da EMC/UFG. Além disso, decidiu-se seguir o padrão de máquinas elétricas e transformadores, em que a grande maioria utiliza esse tipo de fio. A utilização do cobre foi devido ao equilíbrio entre o baixo volume e boa condu- tividade de corrente elétrica. O esmalte em torno do fio tem como finalidade garantir a isolação elétrica, pois caso contrário a bobina se tornaria um grande curto-circuito. Figura 3.2 – Ideia para o núcleo ferromagnético para compor o estator da máquina. Fonte: Produção dos próprios autores. Apesar de se saber que os núcleos das máquinas elétricas são constituídos de chapas metálicas laminadas, foram investigadas outras formas de se confeccionar esse núcleo visando diminuir o custo do protótipo. O material alternativo escolhido para a confecção 3.1. Primeiro protótipo 39 do núcleo do primeiro estator foi um vergalhãoutilizado em construção civil. Ele foi escolhido devido ao baixo preço e por possuir uma certa flexibilidade, facilitando um pouco o manuseio. Ele foi cortado em tiras de mesmo tamanho e dobrado de acordo com o formato pretendido do núcleo. A Figura 3.3 apresenta como ficou a bobina composta pelos vergalhões e pelos fios de cobre, constituindo o estator da máquina. A bobina enrolada possuía 314 voltas, com 6 vergalhões, pesando menos de 500g. O estator foi fixado na estrutura da bicicleta por meio de fitas adesivas. O entreferro resultante foi o menor possível de modo que a bobina ainda passasse pela roda. Mesmo sendo o menor entreferro possível para essa topologia, é perceptível na Figura 3.3 que há uma distância considerável entre a bobina e o ímã de neodímio. Figura 3.3 – Primeira versão do estator. Fonte: Produção dos próprios autores 3.1.2 Confecção do rotor da máquina Para confecção do rotor da máquina era necessário decidir qual seria o material que prenderia os ímãs aos raios. Entre vários materiais cogitados optou-se pela estrutura feita a partir de papéis mais rígidos, tais como os de capa de agendas e cadernos. Foram recortadas tiras retangulares e estas foram presas aos raios da roda traseira. 40 Capítulo 3. Materiais e Métodos Em cada tira retangular foi possível colocar 2 ímãs de cada lado, conforme mostra a Figura 3.4. Os ímãs estão sempre aos pares, sendo que entre eles há a estrutura que os prende ao raio da bicicleta. Desse modo, em cada tira são presos 4 ímãs. Optou-se por não fixar os ímãs as tiras pois ainda não se sabia qual seria a melhor disposição destes. Desse modo, os ímãs se auto-sustentam e comprimem a tira entre eles. Figura 3.4 – Versão final do rotor no primeiro protótipo. Fonte: Produção dos próprios autores 3.1.3 Ensaios Foram realizados diversos ensaios com o intuito de se investigar como a disposição dos ímãs afetam a forma de onda da tensão induzida. Doravante são descritas a disposição dos ímãs por meio textual e por meio de imagem, e é apresentada a forma de onda de tensão resultante medida no osciloscópio. Devido aos problemas técnicos do equipamento não foi possível gravar a imagem em um pen-drive e inseri-la no texto. Ao invés disso fotografou-se a tela do osciloscópio. Além do osciloscópio foi colocado também uma voltímetro na saída do gerador. Nos primeiros testes com esse protótipo, mesmo usando um núcleo ferromagnético na bobina do estator, a tensão induzida ainda foi muito baixa. Desse modo, pequenos ruídos e interferências já comprometiam a visualização da forma de onda da tensão induzida. Para mitigar esse problema utilizou-se na saída do gerador um transformador de 12V/220V. Com isso a tensão de saída foi elevada em aproximadamente 3.1. Primeiro protótipo 41 18 vezes e foi possível uma melhor visualização da forma de onda, com tensões de pico de 5V a 10V. Nos itens a seguir são descritas as diversas disposições ensaiadas para os ímãs de neodímio: 1. Foram utilizados 18 pontos de ímãs. A cada dois pontos de ímãs inverteu-se a polaridade dos mesmos, ou seja, olhando de frente tem-se: NORTE-NORTE, SUL- SUL, NORTE-NORTE, SUL-SUL etc. Esses dois pontos de ímãs estão preso na mesma estrutura. Neste caso duas tiras seguidas foram NORTE-NORTE pois o número de tiras é ímpar. A Figura 3.5 apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição está mostrada Figura 3.6. 2. Foram colocados 9 pontos de ímãs, igualmente espaçados entre si ao longo da roda. Alternou-se a polaridade para cada ponto: NORTE-SUL, NORTE-SUL etc. A Figura 3.7 apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição está mostrada na Figura 3.8. 3. Foram colocadas 9 pontos de ímãs, igualmente espaçados entre si ao longo da roda. Foram utilizados todos os ímãs com a mesma polaridade: NORTE, NORTE, NORTE, NORTE. A Figura 3.9 apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição é a Figura 3.10 4. Foram colocados 18 pontos de ímãs. Todos os ímãs estavam com a mesma polaridade e estavam igualmente espaçados. A Figura 3.11 apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição é a Figura 3.12. 5. Foram colocados 18 pontos de ímãs. As polaridades estão alternadas: NORTE-SUL, NORTE-SUL etc. Os ímãs não estão igualmente espaçados. A Figura 3.15 apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição é a Figura 3.16 6. Esse ensaio é semelhante ao anterior, porém os pontos em que os ímãs estão presos na estrutura estão mais próximos. Os ímãs não estão igualmente espaçados. A Figura 3.17 apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição é a Figura 3.18 7. Foram utilizados 18 pontos de ímãs. A polaridade ficou: NORTE-SUL, SUL-NORTE, NORTE-SUL etc. A Figura 3.13 apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição é a Figura 3.14. 8. Foram colocados 18 pontos de ímãs. As polaridades foram alternadas: NORTE-SUL, NORTE-SUL etc. Todos os imãs estavam igualmente espaçados. A Figura 3.19 42 Capítulo 3. Materiais e Métodos apresenta uma ilustração dessa disposição dos ímãs. A forma de onda correspondente a esta disposição é a Figura 3.20. Figura 3.5 – Disposição 1 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores Figura 3.6 – Forma de onda de tensão para primeira disposição dos ímãs. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.1. Primeiro protótipo 43 Figura 3.7 – Disposição 2 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.8 – Forma de onda de tensão para segunda disposição dos ímãs. Fonte: Produção dos próprios autores. 44 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.9 – Disposição 3 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.10 – Forma de onda de tensão para terceira disposição dos ímãs. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.1. Primeiro protótipo 45 Figura 3.11 – Disposição 4 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.12 – Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 4. Fonte: Produção dos próprios autores. 46 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.13 – Disposição 5 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.14 – Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 5. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.1. Primeiro protótipo 47 Figura 3.15 – Disposição 6 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.16 – Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 6. Fonte: Produção dos próprios autores. 48 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.17 – Disposição 7 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.18 – Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 7. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.1. Primeiro protótipo 49 Figura 3.19 – Disposição 8 meramente ilustrativa. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.20 – Forma de onda de tensão para disposição dos ímãs número 8. Fonte: Produção dos próprios autores. 50 Capítulo 3. Materiais e Métodos 3.1.3.1 Ensaios com carga Após a realização dos testes em vazio para cada forma de onda, foi colocado uma carga resistiva. No entanto a potência fornecida pelo gerador era muito pequena, não conseguindo prover o suficiente para alimentar a carga resistiva. Desse modo não foi possível visualizar a forma de onda de tensão com carga no osciloscópio. Tentou-se aumentar a velocidade de giro da roda, e consequentemente aumentar a variação do fluxo magnético, aumentando a tensão e também a frequência da onda induzida, porém ainda assim os resultados não foram satisfatórios.3.1.3.2 Formas de onda retificadas Foi montada uma ponte de diodos de onda completa em uma matriz de contato e a saída do transformador foi ligada na entrada CA da ponte. Mediu-se com osciloscópio as formas de onda CC retificadas. Todas as formas ondas das disposições dos ímãs descritas anteriormente foram retificadas. As Figuras 3.21, 3.22, 3.23, 3.24, 3.25, 3.26, 3.27 e 3.28, respectivamente, apresentam essas formas de onda. Figura 3.21 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 1. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.1. Primeiro protótipo 51 Figura 3.22 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 2. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.23 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 3. Fonte: Produção dos próprios autores. 52 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.24 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 4. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.25 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 5. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.1. Primeiro protótipo 53 Figura 3.26 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 6. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.27 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 7. Fonte: Produção dos próprios autores. 54 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.28 – Forma de onda de tensão retificada para disposição dos ímãs número 8. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.2. Protótipo Final 55 3.1.4 Conclusões acerca do primeiro protótipo Ao término dos ensaios foi possível concluir alguns pontos referentes ao primeiro protótipo do projeto: 1. A tensão induzida foi muito pequena e não foi possível visualizar sua forma de onda sem a utilização de um transformador elevador; 2. A potência fornecida pelo gerador era muito pequena e logo inviável para alimentar uma carga por menor que fosse; 3. De todas as disposições ensaiadas dos ímãs, as que apresentaram o maior valor rms foram as disposições número 6 e 8; 4. Com uma maior quantidade de polos, maior era a tensão induzida; 5. O entreferro da máquina ainda era demasiadamente grande e portanto era necessário diminuí-lo; 6. A quantidade de voltas da bobina foi pequena e era necessário aumentá-la; 7. A manipulação do vergalhão foi muito trabalhosa e o resultado final não foi o esperado, sendo que o núcleo ferromagnético ficou assimétrico e o entreferro não estava perfeitamente alinhado com os ímãs. É importante salientar que para se concluir que a disposição 6 e 8 apresentam os maiores valores de tensão rms, ajustou-se a mesma frequência para todas as ondas e comparou-se uma a uma. 3.2 Protótipo Final 3.2.1 Considerações Diante dos problemas apresentados pelo primeiro protótipo buscaram-se formas de extingui-los ou minimizá-los. O objetivo era de alguma forma aumentar a potência elétrica gerada. Para isso decidiu-se diminuir o entreferro, aumentar o número de espiras da bobina e modificar a estrutura do rotor de modo que esta fique mais firme e, com isso, mais robusta. Por fim, foi decidido que o melhor era refazer tanto o estator quanto o rotor da máquina para se obter o desempenho esperado. 56 Capítulo 3. Materiais e Métodos 3.2.2 Estator 3.2.2.1 Metodologia O ponto mais crítico do projeto estava no estator da máquina, dessa forma foi decidido primeiramente refazê-lo e posteriormente refazer o rotor, uma vez que este aparentava estar mais robusto. Esse segundo estator foi elaborado inicialmente tomando as medidas das dimensões da roda e do garfo da bicicleta com um maior cuidado. Era necessário considerar que as dimensões do núcleo iriam aumentar uma vez que este seria envolvido pelo fio de cobre. O grande desafio foi balancear o desempenho sem apresentar riscos de danos aos equipamentos, pois uma vez que o entreferro fosse diminuído corria-se o risco dos ímãs grudarem no núcleo em uma eventual vibração da roda, e aumentando-se demasiadamente a área efetiva do núcleo o tornaria muito pesado. Dessa forma foi decidido que as dimensões adequadas do núcleo para o melhor desempenho e robustez são as que estão ilustradas na Figura 3.29 e 3.30. Todas as medidas estão em mm. Figura 3.29 – Dimensões em mm do núcleo ferromagnético do segundo protótipo. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.2. Protótipo Final 57 Figura 3.30 – Dimensão em mm da espessura do núcleo ferromagnético do segundo protó- tipo. Fonte: Produção dos próprios autores. O vergalhão usado para compor o núcleo ferromagnético do primeiro estator se mostrou ineficiente nos resultados finais. A manipulação dos vergalhões de modo a deixá-los na forma desejada era muito trabalhosa e o resultado final não era interessante, o que já era de certa forma esperado devido as suas características magnéticas e a sua topologia não laminada. Diante desses problemas optou-se por trocar este material e substituí-lo por um núcleo composto de chapas laminadas de ferro empregado na construção de núcleos de transformadores. No Laboratório de Microcontroladores da EMC/UFG havia chapas metálicas disponíveis para uso. A primeira ideia foi cortar várias peças laminadas, de modo que forme uma peça maciça no formato desejado. A Figura 3.31 apresenta essa ideia. Essa topologia se mostrou inviável pela dificuldade do processo de corte devido à falta de equipamentos apropriados. Além disso, o entreferro novamente seria limitado pela largura da roda, voltando ao problema do primeiro protótipo. Buscando soluções para contornar esse problema pensou-se em dividir o núcleo em vários retângulos. No entanto, era necessário que as camadas tivessem divisões distintas a fim de que as chapas permanecessem juntas. As Figura 3.32 e 3.33 mostram os tipos de camadas que compuseram o núcleo ferromagnético. A Figura 3.34 apresenta uma vista isométrica, meramente ilustrativa, do 58 Capítulo 3. Materiais e Métodos resultado da alternância das camadas entre a disposição 1 e 2. Figura 3.31 – Ideia para o núcleo ferromagnético Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.32 – Disposição 1 das camadas do núcleo. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.2. Protótipo Final 59 Figura 3.33 – Disposição 2 das camadas do núcleo. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.34 – Vista isométrica do núcleo ferromagnético do segundo protótipo. Fonte: Produção dos próprios autores. Seguindo a proposta da Figura 3.34, o estator foi montado ao redor da roda, abraçando-a a medida que a montagem foi sendo concluída. Com isso não haveria o problema do entreferro ter uma espessura menor que a largura da roda. Foram utilizadas 18 camadas, sendo 9 seguindo a disposição da Figura 3.32 e 9 seguindo a disposição da 60 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.33. Foi se enrolando o fio de cobre no núcleo concomitante a montagem deste ao redor da bicicleta. Um ponto importante para ser ressaltado é que do protótipo 1 para o protótipo 2 ocorreu uma mudança no ponto de fixação do núcleo ferromagnético, conforme mostra a Figura 3.35. Isso foi motivado pelo fato de que o grande número de voltas da bobina tornou-a muito espessa, e o pedal da bicicleta estava resvalando nela a cada pedalada completa. Isso poderia, a longo prazo, danificar os fios de cobre da bobina e comprometer o gerador. Devido a esse fato o estator foi colocado mais acima, abaixo do banco da bicicleta. Figura 3.35 – Estator do protótipo 2 fixado na bicicleta. Fonte: Produção dos próprios autores. A versão final da bobina ficou com 3155 voltas, sem nenhuma volta em paralelo, com uma resistência de 18Ω. A indutância, calculada doravante, é 1, 36H. A bobina possui uma massa total de 3,850 kg, sendo que a massa do cobre é de 2,755kg e do núcleo é de 3.2. Protótipo Final 61 1,095kg. De acordo com as dimensões do núcleo, a área efetiva do núcleo é de 2,85 cm2. Calculando-se a relutância por meio da Equação 3.1 tem-se: R = N 2 L = 3155 2 1, 36 = 7, 32MAe (3.1) 3.2.3 Rotor 3.2.3.1 Material e estrutura O rotor no primeiro protótipo estava relativamente atendendo as necessidades. Porém com a confecção de um novo estator, bem mais robusto e planejado, era necessário fazer também um novo rotor. A estrutura composta de papéis rígidos flambavam ligei- ramente na direção da bobina quanto o ímã passava pelo entreferro, e isso não poderia mais acontecer uma vez que o entreferro foi diminuído com o novo estator. Para isso era necessário mudar o material que prenderia os ímãs nos raios da bicicleta. Após se cogitar vários materiais, decidiu-se usar palitos de picolé, uma vez que estes eram resistentes e com baixo custo. A disposição dos ímãs adotada foi de alternância entre os polos, espaçando-os igualmente, conforme disposição 8 apresentada da Figura 3.19. O objetivo era confeccionar uma estrutura que envolvesse o par de ímãs, de modo que eles não ficassem salientes. Nas pontas da estrutura haveria uma pequena depressão em formato semicircular onde os raios passariam, encaixando a estrutura na roda da bicicleta. As Figuras 3.36, 3.37 e 3.38 apresentam uma ilustração dessa estrutura, com 3 vistas isométricas distintas. Figura 3.36 – Vista Isométrica 1 da estrutura do rotor do protótipo 2. Fonte: Produção dos próprios autores. 62 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.37 – Vista Isométrica 2 da estrutura do rotor do protótipo 2. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.38 – Vista Isométrica 3 da estrutura do rotor do protótipo 2. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.2. Protótipo Final 63 Na prática não foi obtido o grau de perfeição apresentado pelas Figuras 3.36, 3.37 e 3.38. Foram utilizado vários palitos de picolé, fazendo 3 camadas e colando-os entre si por meio de cianoacrilato (cola Super Bonder R©). O ideal teria sido usar uma impressora 3d para imprimir toda a peça. Porém a estrutura final ficou suficientemente robusta, atingindo assim seu objetivo. 3.2.4 Ensaios Com o intuito de se investigar o comportamento da máquina em diferentes situações, foram realizados alguns ensaios em laboratório. Para realização destes era necessário fixar uma velocidade de rotação, pois qualquer variação influenciaria nas medidas. Impor uma velocidade constante manualmente seria algo inviável. Decidiu-se usar uma motor de indução para acionar o gerador, conforme apresenta a Figura 3.39. Para controlar a velocidade do motor de indução foi utilizado um inversor de frequência. Fixou-se uma coroa de bicicleta no eixo do motor de indução, apresentada na Figura 3.40, e essa coroa movimentava a corrente da bicicleta, conforme mostra a Figura 3.41 e 3.42. A velocidade era determinada pelo inversor mostrado na Figura 3.46. A bicicleta estava de ponta-cabeça, com o banco apoiado no chão. Foram colocados alguns equipamentos ao seu lado como um calço a fim de se evitar que a bicicleta vibrasse muito e ocorresse algum acidente, conforme mostram as Figuras 3.43, 3.44 e 3.45. Nas primeiras medições notou-se que havia um ruído muito grande nas medições de tensão do gerador, tanto no multímetro quanto no osciloscópio. O resultado no multímetro era que as medidas estavam absurdas e nos osciloscópio era impossível visualizar a forma de onda. Investigando esse fato concluiu-se que ele ocorria todas as vezes que o inversor era ligado. A hipótese é que os chaveamentos dos semicondutores internos do equipamento estavam gerando alguma interferência eletromagnética nos equipamentos eletrônicos próximos. Para mitigar esse problema foi criado uma Gaiola de Faraday envolvendo o inversor, utilizando papel alumínio. Feito isso aterrou-se a gaiola ligando um condutor terra em sua carcaça. Com isso esperava-se que o problema fosse extinto. As Figuras 3.47 e 3.48 apresentam esse arranjo técnico. Ao ligar novamente o inversor e medir a tensão de saída do gerador percebeu-se que as medidas do multímetro estavam mais condizentes, porém ainda estavam um pouco acima comparado com quando o inversor estava desligado. Durante as medições percebeu-se que havia uma diferença de potencial entre a carcaça do inversor e a bicicleta, e isso estava alterando os valores de tensão medidos. Para se resolver isso ligou-se um fio condutor entre a bicicleta e a carcaça do inversor, que estava aterrada. Dessa forma tanto a bicicleta quanto o inversor de frequência estavam no mesmo potencial. Após isso as medições com 64 Capítulo 3. Materiais e Métodos o multímetro ficaram rigorosamente iguais tanto com o inversor desligado quanto com o inversor ligado. Mesmo com todos esses arranjos as medidas do osciloscópio ainda estavam com muito ruído. Uma das hipóteses levantadas foi que o ruído do inversor estava se propagando através da rede elétrica. Como era inviável ligar o osciloscópio em outro circuito, optou-se por pensar em soluções que filtrassem esse ruído. Uma das alternativas foi a utilização de uma isolação galvânica, ou seja, a utilização de um transformador com relação de espiras 1:1 para ligar o osciloscópio na rede. Após isso as medidas do osciloscópio ficaram condizentes, se aproximando das medidas do multímetro. Para a realização dos ensaios foi utilizado uma matriz de contato e alguns componen- tes como resistores e potênciômetros. A Figura 3.49 apresenta esses componentes dispostos na bancada. Foram realizados dois tipos de ensaios: velocidade fixa, onde variou-se a carga para uma velocidade constante; carga fixa onde variou-se a velocidade para uma carga constante. Esses ensaios foram feitos na saída do gerador, antes da retificação da forma de onda da tensão. As discussões e resultados destes ensaios são apresentadas no Capítulo 4. Figura 3.39 – Motor de indução utilizado no ensaio para fornecer a energia cinética do gerador. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.2.4.1 Velocidade fixa Os primeiros ensaios foram para velocidades fixas. Para realização do primeiro ensaio ajustou-se a velocidade do motor de indução de modo que a velocidade de rotação 3.2. Protótipo Final 65 Figura 3.40 – Coroa de bicicleta a ser fixada no motor de indução. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.41 – Motor de indução com a coroa na corrente da bicicleta. Fonte: Produção dos próprios autores. da roda estivesse aproximadamente a 59 rpm, que equivale a um ciclista pedalando a aproximadamente 7 km/h. Essa velocidade foi medida com o auxílio de um tacômetro. As grandezas elétricas medidas foram tensão e corrente, e a potência desenvolvida 66 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.42 – Motor de indução com a coroa na corrente da bicicleta. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.43 – Arranjo montado para os ensaios. Fonte: Produção dos próprios autores. foi calculada pelo produto dessas duas grandezas. Foram usados 3 potenciômetros como carga resistiva, de 100 kΩ, 10 kΩ e de 1 kΩ. O motivo de se usar 3 potenciômetros é que para valores muito baixos o potenciômetro é muito sensível, perdendo sua precisão e variando muito. Portanto o potenciômetro de 100 kΩ foi substituído pelo de 10 kΩ quando 3.2. Protótipo Final 67 Figura 3.44 – Ímãs de neodímio passando no entreferro. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.45 – Arranjo montado para os ensaios. Fonte: Produção dos próprios autores. a resistência estava próxima deste valor, e o de 10 kΩ foi substituído pelo de 1 kΩ quando a resistência diminuiu abaixo de 1 kΩ. O ensaio consistiu em verificar as variações de tensão, corrente e potência para dife- rentes valores de resistência. Iniciou-se o ensaio a vazio, depois ajustou-se o potenciômetro 68 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.46 – Inversor de frequência para controlar o motor deindução. Fonte: Produção dos próprios autores. de maior resistência para seu valor máximo, 130 kΩ e diminuiu-se gradativamente esse valor de resistência até próximo ao curto-circuito. A Tabela A.1 no Apêndice A apresenta essas medidas. Repetiu-se o processo para outras duas velocidades, 144 rpm (17 km/h) e 209 rpm (25 km/h). As Tabelas B.1 e C.1 no Apêndice B e C, respectivamente, apresentam essas medidas. 3.2. Protótipo Final 69 Figura 3.47 – Inversor encapado com papel alumínio. Fonte: Produção dos próprios autores. Figura 3.48 – Inversor encapado com papel alumínio. Fonte: Produção dos próprios autores. 3.2.4.2 Carga fixa O segundo tipo de ensaio realizado foi com uma carga fixa. Em um primeiro momento colocou-se o gerador sem carga. A velocidade inicial, de rotação, medida com 70 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.49 – Materiais utilizados nos ensaios. Fonte: Produção dos próprios autores. um tacômetro, foi 59 rpm e a final de 220 rpm. A velocidade foi sendo gradativamente aumentada e a tensão foi sendo medida. Repetiu-se o procedimento com o gerador ali- mentando uma carga resistiva de 300 Ω e 400 Ω. Esse valor foi escolhido pois de acordo com as Tabelas A.1, B.1 e C.1, foi o valor de resistência que apresentou uma das maiores potências para as os três ensaios de velocidade. As Tabelas 4.1, 4.2 e 4.3 no Capítulo 4, apresentam essas medidas. 3.2.4.3 Obtenção da indutância e resistência do gerador Com o auxílio de um multímetro, fora medida a resistência do enrolamento do estator do gerador, obtendo-se assim a resistência Rin igual a 18 Ω. Esse valor é proveniente do fio de cobre que apesar de ser um bom condutor e apresentar uma baixa resistividade, o grande comprimento deste fio usado na bobina resultou nessa resistência. Para se obter a indutância interna do gerador, injetou-se uma tensão senoidal, por meio de uma fonte de sinal, nos terminais do gerador desligado, que segundo a modelagem mostrada na Figura 3.50 resulta no circuito ilustrado na Figura 3.51, onde a tensão Vf é a da fonte de sinal, e Rext uma resistência conhecida e Zin a impedância interna do Gerador. A resistência Rin da Figura 3.50 representa a resistência do fio de cobre no en- rolamento da bobina, e a indutância Lin é a indutância interna do gerador. A carga Rl representa uma carga qualquer que o gerador está alimentando. Quando o gerador não está em operação, a fonte de tensão V assume valor zero, ou seja, atua como um curto 3.2. Protótipo Final 71 circuito. Logo, aplicando uma tensão alternada nos terminais do gerador seguido por uma resistência externa de valor conhecido, resulta no circuito apresentado na Figura 3.51. Figura 3.50 – Circuito Modelado Fonte: Produção dos próprios autores Figura 3.51 – Circuito equivalente utilizado no ensaio Fonte: Produção dos próprios autores Conforme a Figura 3.50, para obter a tensão Vext sobre o resistor Rext aplica-se um divisor de tensão e tem-se as Equação 3.2: Vext = Vf .Rext Rext + Zin (3.2) Isolando Zin da Equação 3.2 obtém-se a Equação 3.3: 72 Capítulo 3. Materiais e Métodos Zin = Vf .Rext Vext −Rext (3.3) A partir de Zin obtém-se a indutância Lin pela Equação 3.4, levando em consideração a frequência f da fonte de sinal. Lin = √ Z2in −R2in 2.pi.f (3.4) Foi escolhido um Rext de 12, 41Ω, resultado da associação de vários resistores. Esse valor foi escolhido pois era necessário adotar uma resistência com a mesma ordem de grandeza da resistência interna do gerador. Caso contrário, as variações de tensão de Vext ficariam imperceptíveis e difíceis de se medir devido a sensibilidade dos equipamentos. De posse de Rin, já medido, aplicou-se um sinal de entrada no gerador projetado inicialmente com frequência de 10 Hz e tensão Vf de 1,55 V. Medindo-se a tensão sobre Rext calculou-se o Lin a partir da Equação 3.4. Repetiu-se o processo para outros 5 valores de tensão e frequência conforme a Tabela D.1 no Apêndice D. Realizando a média das indutâncias calculadas obtidas mostradas na Tabela D.1 obteve-se Lin = 1, 363H. 3.2.5 Forma de onda da tensão induzida e do fluxo magnético Devido à disposição dos ímãs escolhida no segundo protótipo (alternância entre polos espaçados igualmente) esperava-se que a forma de onda de tensão fosse similar à Figura 3.20. Desejava-se saber ainda como seria a forma de onda do fluxo magnético, uma vez que, de acordo com a Equação 2.1, a tensão induzida é a derivada do fluxo magnético ou, de um outro ponto de vista, o fluxo magnético é a integral da tensão induzida. Por meio de um multímetro ou osciloscópio é possível medir a tensão, portanto integrando esta forma de onda é possível se obter o fluxo magnético que passa no interior da bobina. Utilizando um osciloscópio mais sofisticado foi possível fazer a aquisição da forma de onda de tensão e integrá-la em tempo real para se obter o fluxo magnético. A Figura 3.52 apresenta as duas formas de onda. A forma de onda superior é a de tensão e forma de onda inferior é a do fluxo magnético. É interessante notar que como a tensão é a derivada do fluxo, nos pontos onde esta derivada é positiva a tensão também é positiva, e nos pontos onde esta derivada é negativa a tensão também é negativa, o que condiz com o esperado. Outra observação é que nos pontos críticos (máximos e mínimos) do fluxo magnético a derivada desta onda é zero, ou seja, a tensão é zero, como mostrado pela Figura 3.52. Observa-se ainda que a forma de onda do fluxo magnético apresenta uma inclinação. Acredita-se que isso seja devido ao fato de que no processo de integração do 3.2. Protótipo Final 73 osciloscópio este esteja somando à função integrada alguma constante na forma de onda de tensão. Figura 3.52 – Forma de onda da tensão induzida (amarela) e do fluxo magnético (rosa). Fonte: Produção dos próprios autores 3.2.6 Tratamento da tensão e alimentação de uma carga CC Como já mencionado anteriormente, a tensão de saída do gerador implementado neste trabalho é alternada. Portanto para se carregar um celular e ligar os LEDs dos faróis seria necessário retificar essa tensão. Foi projetado um retificador em ponte não controlado ligado a um regulador de tensão de 5V. Deste modo, a tensão é ceifada em 5V e é possível carregar um celular e acender os LEDs sem queimá-los por sobretensões. Foi utilizada uma placa perfurada para confeccionar o circuito. A Figura 3.53 apresenta o diagrama esquemático do circuito e a Figura 3.54 apresenta o circuito confeccionado. Foi medida a quantidade de lúmens que os faróis estavam emitindo. Para isso foram utilizados dois luxímetros, um digital e um analógico, para 3 distâncias distintas. A 74 Capítulo 3. Materiais e Métodos Figura 3.53 – Diagrama esquemático do circuito projetado para retificação e estabilização da tensão. Fonte: Produção dos próprios autores Figura 3.54 – Circuito na placa perfurada da ponte retificadora não controlada. Fonte: Produção dos próprios autores velocidade de rotação da roda foi de aproximadamente 144 rpm (15 km/h). Os resultado e discussões dessas medidas são apresentadas no Capítulo 4. 3.2. Protótipo Final 75 3.2.7 Elaboração de um roteiro de experimento para o Laboratório de Con- versão Foi elaborado um roteiro de experimento para a disciplina de Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia visando motivar os alunos nos estudos de máquinas elétricas. O intuito é instigar os estudantes sobre os fenômenos eletromagnéticos e mostrar que é possível projetar e implementar uma máquina elétrica simples de uma forma não industrial. O roteiro propõe que sejam feitos alguns ensaios como neste trabalho. Ele contém ainda questionamentos para que os alunos discutam e levantem hipóteses sobre as medições realizadas, se estão dentro do esperado e o que mudaria caso algum elemento da máquina fosse alterado. O roteiro proposto se
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