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Peca 11 PS V ACP

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PRÁTICA SIMULADA V - CCJ0049
Semana Aula: 11
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...VARA CÍVEL DE PATOS DE MINAS – MINAS GERAIS
 
 
ASSOCIAÇÃO AMIGA DOS AMIGOS, inscrita no CNPJ sob nº..., com sede... (endereço completo), representada por..., vem, por seu advogado infra-assinado, com escritório... (endereço completo), que indica para fins do artigo 106, do CPC/2015, com fulcro no artigo 81, parágrafo único, incisos I, II e III, da Lei nº 8.078/90, e no artigo 1º, II, da Lei nº 7.347/85, propor 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR
em face de ESCOLA DOS JOVENS LTDA, inscrita no CNPJ sob o nº..., com sede à rua 000000000, nº 000, bairro..., na cidade de Patos de Minas/MG, CEP 00000, e SEGURADORA DE SEGUROS, inscrita no CGC sob nº 00000, com sede à rua 0000000, nº 00, bairro..., na cidade de Patos de Minas/MG, CEP 0000, com fundamento no Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos:
 
DA LEGITIMIDADE ATIVA
 Amparada pelo artigo 5º, V, “a” e “b”, da Lei nº 7.347/85, a Autora é entidade civil sem fins lucrativos, constituída há mais de um ano, conforme cópia da certidão inclusa, e tem como finalidade estatutária amparar e defender os direitos e interesses do consumidor, em conformidade com os parâmetros da Lei. A Autora postula prestação jurisdicional, pela via da Ação Civil Pública, com amparo nos dispositivos legais previstos na Lei. 7.347/85 e no Código de Defesa do Consumidor.
 
DA LEGITIMIDADE PASSIVA E DO INTERESSE PROCESSUAL
 As empresas Rés são entidades definidas como fornecedoras pela lei 8.078/90, artigo 3º e seus parágrafos, portanto, sujeitas às regras da relação de consumo. 
 As empresas Rés respondem a presente demanda em face de impor adesão a contrato de seguro em forma coletiva, denominado “Seguro Norte”, aos consumidores clientes da primeira Ré, independente de prévia solicitação. 
Portanto, inegável a legitimidade da associação frente à defesa de interesses protegidos na presente ação, como também inegável a natureza transindividual do bem a ser tutelado no presente caso.
 
 DA COMPETÊNCIA 
A matéria em questão versa sobre relação de consumo entre as empresas Rés e os consumidores alunos e pais de alunos da primeira Ré, em várias cidades do Estado de Minas Gerais. Portanto, o foro da demanda deverá ser o da Capital do Estado, conforme preceitua o artigo 2º da Lei nº 7.347/85 c/c o art. 93 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90)
 
DOS FATOS E FUNDAMENTOS
 Alguns milhares de consumidores, atraídos pelo bom conceito que goza a Ré no ramo da prestação de serviços de educação, matricularam seus filhos naquele estabelecimento educacional mediante contrato de adesão que estabelecia valores e forma de pagamento da prestação de serviços.
 As Rés, aproveitando da clientela formada pela primeira ré, resolveram criar uma modalidade de Seguro Educacional, na forma coletiva, que custará para cada aluno a importância de R$ 20,00 (vinte reais) ao mês.
 A primeira Ré comunicou, registre-se, apenas comunicou, aos seus alunos e pais de alunos que o valor do seguro passaria a ser incluído no carnê de pagamento da mensalidade escolar, a partir de primeiro de janeiro de 2005, durante doze meses.
 Portanto, o valor do contrato de seguro a que cada um dos alunos estará submetido é de (12 x 20,00) R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais).
 Foi expedida para os alunos e pais de alunos uma comunicação com informações que destacam o seguinte:
 
“ATENÇÃO: O valor de R$ 20,00 por aluno, será incluído no campo denominado “acréscimo” do carnê de pagamento da mensalidade escolar, a partir de 01 de janeiro de 2005, portanto, os pais ou responsáveis que não optarem pelo seguro, deverão se manifestar, por escrito na secretaria da escola até o dia 15 de janeiro de 2015. A não manifestação implica na adesão automática do seguro, o qual será incluído já na boleta de janeiro/2015.
 
É certo que a Lei 8.078/90 em seu artigo 39, III e parágrafo único, veda o fornecimento de produtos ou serviços ao consumidor sem sua prévia solicitação, definindo esta prática na relação de consumo como abusiva, inclusive estabelecendo que os serviços ou produtos fornecidos desta forma são equiparados à amostra grátis, e não podem ser cobrados.
No entanto, os consumidores de serviços educacionais da primeira Ré foram surpreendidos com o novo serviço criado, todavia, ainda que fossem condições preestabelecidas no corpo do contrato de serviços educacionais, desde antes do início do ano letivo, não haveriam de prosperar em razão da vedação que também estabelece o Código de Defesa do Consumidor:
 
Lei 8.078/90 - art. 39 - É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços:
 I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
 
É de ser destacado ainda que os eventuais contratos de seguro não poderão ser simplesmente colocados à disposição dos consumidores para que dele tomem conhecimento em determinado local e horário. O Código de Defesa do Consumidor, com o intuito de coibir esta prática, estabeleceu que o consumidor deverá ter conhecimento prévio do seu conteúdo, sob pena de não obrigá-lo, conforme dispõe o artigo 46 do CDC. 
A Primeira Ré informou que irá cobrar dos consumidores, responsáveis dos alunos de seus cursos, a parcela relativa ao denominado “Seguro Norte” já a partir de 01 de janeiro de 2005. 
Ocorre que, a forma de comunicação expedida aos consumidores, somada ao fato de que os responsáveis pelos alunos deverão se MANIFESTAR POR ESCRITO NA SECRETARIA DA ESCOLA NA HIPÓTESE DE NÃO ACEITAR O SEGURO, além da vedação legal, se materializa em atitude excepcionalmente constrangedora e, apenas por isso, já é capaz de induzir o consumidor a suportar passivamente a imposição deste serviço suplementar. 
Neste sentido segue a jurisprudência abaixo:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - NULIDADE DA SENTENÇA - OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E JULGAMENTO EXTRA PETITA - CARTÃO DE CRÉDITO/DÉBITO - SEGURO CONTRA FURTO, ROUBO E EXTRAVIO - VENDA CASADA - ADEQUAÇÃO DE CONTRATOS - REPETIÇÃO EM DOBRO - CUMPRIMENTO DA SENTENÇA - RESPONSABILIDADE DO BANCO - ABRANGÊNCIA. 1) "Na interpretação da parte dispositiva da sentença, deve-se levar em consideração todo o contexto delineado na fundamentação do julgado". Se a sentença recorrida não solucionou causa diversa da que foi proposta e não se afastou do pedido, não se reconhece nulidade do julgamento. 2) A venda casada é considerada prática abusiva (CDC, art. 39), pois implica a contratação de determinado produto ou serviço condicionada à aquisição, pelo consumidor, de outro que não seja de seu interesse ou não tenha sido solicitado, por abuso ou por falta de opção. 3) O consumidor deve ter a liberdade de contratar apenas o cartão de crédito. Contratos acessórios, como o seguro para o caso de perda, roubo ou extravio do cartão, devem ser oferecidos como opção, mas não como condição para a contratação do produto principal. 4) Deve ser rejeitado o pedido de que seja aplicada a repetição em dobro de indébito sobre as quantias pagas pelos consumidores a título de premio do seguro contra roubos, furtos e extravios, pois a cobrança desses valores não é abusiva ou ilegal, correspondendo, efetivamente, a um serviço colocado a disposição. 5) Não há que se falar em termo inicial para definir quais contratos devem sofrer alteração, pois os efeitos da sentença atingem todos os contratos em vigência em que houve a contratação dos cartões com venda casada do seguro. 6) É de responsabilidade do banco a notificação dos clientes que contrataram o cartão com venda casada de seguro, em atenção aos princípios da informação e da transparência, bem como da boa-fé objetiva que devem nortear os contratos. 7) "A sentença proferida em ação civil pública fa rá coisa julgada ergaomnes nos limites da competência do órgão prolator da decisão, nos termos do art. 16 da Lei n. 7.347/85, alterado pela Lei n. 9.494/97". (TJ-MG - AC: 10024100406479001 MG , Relator: José Flávio de Almeida, Data de Julgamento: 13/04/0015, Câmaras Cíveis / 12ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 22/04/2015). (grifo nosso)
A vulnerabilidade do Consumidor não é somente o primeiro dos princípios consagrados pelo Código de Defesa do Consumidor, na espécie é fato notório. 
Destarte, está fartamente demonstrada a clara violação, pelas Rés, dos artigos do Código de Defesa do Consumidor, ao impor, em detrimento dos responsáveis pelos alunos da primeira Ré, adesão automática a um pretenso contrato de seguros firmado entre elas. 
O agravamento se aflora quando o consumidor está obrigado a manifestar negativamente como única forma de excluir este serviço, além de sujeitar-se ao constrangimento de ter de registrar, por escrito e perante a secretaria da escola, seu desinteresse pelo seguro. 
Também e ainda, a falta de tempo dos pais de alunos para procurar a secretaria da escola, entre outras hipóteses, resultará no débito indevido de parcelas sob o título de seguros, nos seus carnês de pagamentos de serviços educacionais. 
Na hipótese das rés receberem dos consumidores qualquer valor a título de seguro, sem suas respectivas, prévias e formais autorizações, os valores deverão ser restituídos em dobro, em sintonia do que estabelece o art. 42, p.ú., do Código de Defesa do Consumidor. 
 DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR
Torna-se imprescindível, in casu, a concessão de medida liminar com fulcro no artigo 12 da Lei nº 7.347/85, determinando que a parte ré se abstenha de efetuar a cobrança da taxa de seguro nas mensalidades escolares, sob pena de multa a ser arbitrada por V.Exª., pois preenchidos os requisitos para a concessão da medida liminar, uma vez que o periculum in mora mostra-se presente diante da produção de lesão grave e de difícil reparação aos consumidores. Já o fumus boni iuris resta atestado diante do aviso enviado por parte da 1ª ré de que o valor do seguro será embutido no preço da mensalidade já no próximo mês.
DO PEDIDO
Diante do exposto, vem requerer a V.Exª:
a concessão de liminar inaudita altera pars no sentido de ordenar a parte ré a abster-se de efetuar a cobrança do seguro, sob pena de multa diária no valor de R$... (...);
oitiva do Ministério Público na forma do artigo 5º, § 1º, da Lei nº 7.347/85
 a citação dos réus para, requerendo, contestem a presente ação, no prazo legal, sob pena de sofrerem os efeitos da revelia;
que seja julgado procedente o pedido para:
4.1. condenar as Rés, na obrigação de não fazer, consistente em se absterem de cobrar dos alunos da primeira Ré qualquer modalidade de seguros sem prévia e formal solicitação de seus responsáveis legais, tornando definitiva a liminar concedida;
 4.2. condenar as Rés na repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que eventualmente tenham recebido de cada aluno da primeira Ré, a título de pagamento do “Seguro Norte”, até o desfecho desta demanda, tudo acrescido de correção monetária e juros legais, que poderão ser creditados nos respectivos carnês dos alunos que ainda se encontrarem matriculados nos cursos da primeira Ré.
5) Caso não haja o cumprimento da liminar e da sentença por parte das rés, requer-se a cominação de multa no valor de R$... (...) por dia de descumprimento, como dispõe o artigo 11 da Lei nº 7.347/85, em favor do Fundo Estadual do Meio Ambiente.
6) a condenação do réu nos ônus da sucumbência.
DAS PROVAS
Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal, a testemunhal e documental superveniente.
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (valor por extenso) 
Nestes termos, pede deferimento.
Local..., data...
Advogado...
 OAB/UF n.º...

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