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ATIVIDADE ESTRUTURADA PROCESSO DE TRABALHO INSTRUMENTALIDADE E SERVIÇO SOCIAL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
ATIVIDADE ESTRUTURADA
DISCIPLINA: PROCESSOS DE TRABALHO EM SERVIÇO SOCIAL II 
CÓDIGO – SDE0654
“Instrumentalidade e Serviço Social”
PROFESSOR(A): JULIANA DESIDERIO LOBO PRUDENCIO
ALUNA: RAIMUNDA RODRIGUES DE SOUZA
MATRÍCULA 20160415196-1
Novembro de 2016
INSTRUMENTALIDADE E SERVIÇO SOCIAL
Ao se falar em instrumentalidade, uma das primeiras ideias que vem à cabeça, são os instrumentos utilizados pelo assistente social e a forma com que são realizados os trabalhos. Isso não está errado, pois é uma parte dos estudos acerca da categoria instrumentalidade, já que a abordagem vai muito além da realização dos atendimentos e de toda a dinâmica prática da profissão.
Instrumentalidade é uma categoria densa, profunda e extremamente importante para a realização de uma prática socioprofissional consciente e comprometida.
A instrumentalidade do Serviço social é a capacidade de articulação e mobilização dos instrumentos norteados pela técnica em um movimento dialético e as novas demandas como síntese de novas relações sociais inerentes aos desdobramentos do processo econômico que exige de criatividade e flexibilidade para neles intervir. 
O instrumento é considerado como algo objetivo, inerente ao assistente social, antecedendo-o na formação profissional, “repetindo-se na história, sendo o elemento mais importante o significado que vão tomando em cada período histórico e nas posições teleológicas dos agentes profissionais” (TRINDADE,2001). Esse significado que vai assumindo na categoria tempo/espaço é resultado de um conhecimento, algo subjetivo, que emerge do capital cultural e da atividade mental que cerca o indivíduo. 
A técnica como a mobilização dos instrumentos e os instrumentos como a ação de pôr em prática a técnica remetendo uma análise conjunta dos aspectos que se completam: não há como lidar com os instrumentos sem um conhecimento prévio ou ao menos uma finalidade, um propósito,
O instrumento é uma ferramenta que como qualquer outra exige técnica para manuseá-la. O que seria de um médico que não soubesse lhe dar com um estetoscópio? Como também o que seria dele se soubesse manusear o estetoscópio mais não tivesse um? Ao mesmo tempo que é necessário o instrumento é imprescindível ao domínio deles. A essa ação conjunta denomina-se instrumentalidade entendida como: 
A capacidade de mobilização e articulação dos instrumentos necessários à consecução das respostas às demandas postas pela sociedade, composta por um conjunto de referências teóricas metodológicas, valores e princípios, instrumentos, técnicas e estratégias que deem contada totalidade da profissão e da realidade social, mesmo de forma parcial, mas com sucessivas aproximações.(COSTA, 2008 p.43) 
Para se compreender a instrumentalidade do Serviço Social deve-se distinguir claramente instrumentos de instrumentalidade. Esta “[...] no exercício profissional refere-se, não ao conjunto de instrumentos e técnicas (neste caso, a instrumentação técnica), mas a uma determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construído e reconstruída no processo sócio-histórico” (GUERRA, 2007, p.1).
A instrumentalidade na perspectiva de Yolanda Guerra é compreendida como o modo de ser que caracteriza o fazer profissional que é moldado a partir das relações sociais que são estabelecidas no bojo das condições objetivas e subjetivas em que se desenvolve o exercício profissional. E, na medida em que, possibilita o alcance dos objetivos a que se propõe a profissão constitui-se como “[...] condição concreta de reconhecimento social da profissão” (GUERRA, 2007, p.2).
Se assim não fosse a atuação profissional do assistente social cairia no tecnicismo burocrático, deslocado do contexto social e, consequentemente sem nenhuma eficácia.
São as necessidades das classes sociais que ditam as utilidades sociais das práticas profissionais, as quais vão se transformando por meio de mediações, até que se transfiguram em demandas profissionais. De outra forma, os espaços sócio-ocupacionais do Serviço Social são criados pelas necessidades sociais traduzidas em demandas, o que, historicamente, se dá quando o Estado passa a interferir na questão social, por meio das políticas sociais, as quais encerram uma modalidade de atendimento.
Segundo Yolanda Guerra (2000), as propriedades ou capacidades da instrumentalidade se apresentam em três níveis. 
1- Aspecto da funcionalidade do projeto da reforma conservadora da burguesia, ou seja, o sistema capitalista concede algumas reformas, mas conserva a essência estrutural intacta. Aqui a instrumentalidade revela um caráter de instrumento de controle, servindo à manutenção da produção material e reprodução ideológica da força de trabalho, com função interventiva no sentido de planejar, executar e avaliar no âmbito das mazelas da questão social, por meio de políticas e/ou serviços sociais. Nesse sentido, corrobora para a reprodução ideológica burguesa, contribuindo na reprodução da racionalidade capitalista, instrumental.
2- A peculiaridade operatória ou aspecto instrumental-operativo das respostas profissionais, ou seja, o nível de competências adquirido pela profissão frente às demandas das classes, sendo determinante para a sua legitimidade. Aqui a instrumentalidade se localiza no patamar das repostas às demandas, as quais se configuram como operativo-instrumentais, de caráter manipulatório, com necessidade de mudar o imediatamente dado. Essa ação instrumental, que visa ao imediato, subordina os meios aos fins. Por seu caráter imediatista, impede que os sujeitos alcancem o atendimento das finalidades da sociedade, permanecendo no âmbito das finalidades particulares. Na imediaticidade dos fatos, na urgência de atender a finalidades imediatas, os sujeitos não superam o nível do particular, em geral por não terem como realizar escolhas que possibilitem elevar os interesse e finalidades do particular para o genérico, para o humano-genérico, permanecendo no campo da singularidade.
3- Mediação que permite a passagem das análises genéricas, macroscópicas, de caráter universalista, para as singularidades da intervenção profissional em contextos, conjunturas e espaços historicamente determinados.
Nessa perspectiva, a instrumentalidade é vista como categoria ligada às três competências do assistente social, quais sejam, competência teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política. Essas competências, mesmo ligadas aos indicativos teórico-práticos da intervenção, vinculam-se aos objetivos, finalidades e valores profissionais e humano-genéricos, permitindo acionar e potencializar os diversos elementos componentes da cultura da profissão.
Se, no metodologismo, a razão e a vontade dos sujeitos (assistentes sociais) colocam as propriedades dos objetos como suas subordinadas, apenas como meios ou instrumentos, negando a sua subjetividade, o seu em si, no instrumentalismo, ao contrário, são as propriedades dos meios e instrumentos que se elevam a tal nível de objetividade, que subordinam a razão e a vontade dos sujeitos.
Essa tendência abriga em seu interior, o entendimento de competência profissional como resultado do domínio do instrumental técnico, sendo o saber convertido em técnica.
A instrumentalidade profissional serve de vetor para a transmissão de elementos progressistas, que buscam rever os fundamentos e as legitimidades. Serve também para questionar a funcionalidade e a instrumentalidade do atendimento profissional, para permitir a ampliação da funcionalidade e das bases em que a instrumentalidade se desenvolve.
A instrumentalidade é a categoria operativa que permite a ultrapassagem do campo do imediato e possibilita as conexões com o mediato, ou seja, permite estabelecer vínculos com o projeto ético-político da profissão, ‘em defesa dos direitos sociais e das políticas públicas’. Assim as alterações ocorridas no mundo do trabalho, na esfera estatal, nas políticas públicas sociais, no próprio perfil dos trabalhadores, dão
origem ao estabelecimento de novas mediações expressas nas condições materiais e espirituais, sobre as quais a instrumentalidade profissional é desenvolvida e dá condições de ser das respostas profissionais.
Na medida em que se compreende que a instrumentalidade diz respeito a uma capacidade que se constitui a partir do exercício profissional, é possível perceber que é essa capacidade que possibilita que o profissional transforme as condições objetivas de trabalho que lhe são postas em instrumentos e meios que lhe possibilitem o alcance dos objetivos do seu trabalho.
É válido ressaltar que apesar das demandas apresentarem-se com a necessidade de respostas imediatas de caráter instrumental, a ação do profissional não deve ficar restrito a elas. Seguindo essa lógica o profissional corre o risco de transformar-se num mero instrumento para o alcance de finalidades imediatas, e as demandas limitadas a óticas mercadológicas. A ação do profissional deve assim ser mediatizada por referenciais teórico-metodológicos e princípios ético-políticos.
O diálogo entre teoria e prática deve estar presente em nosso cotidiano acadêmico promovendo a compreensão dos instrumentos e ações da prática profissional, pois a formação acadêmica não pode ser descontextualizada, fragmentada e atomizada. Conclui-se que é necessário promover o conhecimento profissional com base teórico-metodológica e na interpretação da realidade cotidiana, buscando através da universidade, inserir o acadêmico em espaços de enfrentamento das expressões da questão social. Desta forma a universidade constitui-se como um lugar privilegiado para potencializar o saber sobre as demandas sociais e as formas de direitos na sociedade contemporânea.
Há necessidade de aproximar teoria e prática com a finalidade de apreender a realidade concreta, promovendo a apropriação da instrumentalidade no processo de formação profissional, e assim fortalecer a construção e utilização de instrumentos necessários ao processo de intervenção do Serviço Social, bem como possibilitar o entendimento de seu uso.
Desse modo, a instrumentalidade, deve ultrapassar a razão instrumental que preocupa-se com ações de caráter manipulatório, segmentado e descontextualizado, agindo, assim, para a manutenção da ordem burguesa, alcançando a razão dialética que apresenta-se como o mais alto nível do pensamento crítico. O profissional deve aperfeiçoar a sua instrumentalidade alçando uma nova legitimidade ao seu fazer profissional, sem perder, no entanto, a capacidade para responder as demandas concretas dos sujeitos sociais, podendo ainda nesse movimento encontrar respostas alternativas a sociedade do capital.
REFERÊNCIAS
GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade no trabalho do assistente social. Disponível em http://www.cress-mg.org.br. Acessado em 26/11/2016.
COSTA, Francilene S. d. M. Instrumentalidade do Serviço social: dimensão teórico-metodológica, ético-político e técnico-operativa e exercício profissional. Dissertação 
(Mestrado), 2008. 
TONIOLO, Charles de Sousa. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional. Disponível em http://www.uepg.br/emancipacao. Acessado em 24/11/2016.

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